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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CAMPUS IV - CCHLA

CURSO DE HISTÓRIA – LICENCIATURA PLENA

PEDRO TIAGO DE SOUZA COSTA

11013811

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE DISCIPLINA HISTÓRIA E MEMÓRIA

O PAPEL DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA NA MEMÓRIA COLETIVA E A


AÇÃO DO IPHAEP NO ESTAD DA PARAÍBA

PROF. ORIENTADOR: SALLES GAUDÊNCIO

JOÃO PESSOA - PB

2015
No presente texto pretendo descrever o papel da importância do órgão do
IPHAEP para a questão da preservação da memória coletiva. Para isto se
faz necessário também a participação da História para discernir a
importância do preservar e seu contexto social e cultural com a sociedade
do tempo presente.

O Iphaep (Instituído do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba), órgão


ligado à Secretaria da Educação e Cultura tem por objetivo o cadastramento
e preservação dos bens tombados do Estado para assim instituir um diálogo
com a sociedade na educação sobre seu patrimônio cultural de diversos
segmentos: artístico, arquitetônico, ambiental, arqueológico, etc. O lugar
físico localiza-se no bairro de Jaguaribe, na cidade de João pessoa e possui
hoje uma lista de bens tombados atingindo regiões da capital e seus
municípios e brejos, para além do seu interior.
Do decreto nº 7.819 de 1978 instituiu-se, através do governo de Dorgival
Terceiro Neto as formas de cadastramento do tombamento sendo
responsável o órgão do IPHAEP e as leis de tombamento, de diferentes
responsabilidades do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico
Nacional), este no que pertence os modos de fazer e os saber fazer da arte e
cultura nacional, o IPHAEP pertence ao patrimônio do Estado, para a
conservação de interesse público, por seu valor histórico, arqueológico,
etnográfico, bibliográfico, artístico e ecológico, a saber, em ato
administrativo que perpassa de dentro do instituto, administrações
municipais e tem intermédio do próprio IPHAN.
O tombamento como medida serve para a preservação de bens culturais,
buscando também impedir sua destruição (ou esquecimento). O principal
problema enfrentado hoje pelo instituto é no caso a preservação do órgão
tombado, visto que é de responsabilidade do proprietário conservar e
manter intacto a estrutura do bem material tanto para a preservação de sua
identidade. Há casos que se movem na justiça sobre a forma como estes
preservam o lugar que cabem a própria degradação do local, por parte dos
próprio proprietário que tentam ‘’ desfazer-se’’ por busco de lucro com o
processo de expropriação urbana que as empresas imobiliárias fazem com
nossos espaços sociais. Entretanto, este processo de homogeneização do
espaço, sua padronização silencia movimentos internos que neles
coexistem, ao mesmo que perturba a própria memória viva do lugar.
E o que é memória coletiva? Me valendo da ideia de Maurice Halbawachs
sobre a memória coletiva, ela é o conjunto de pensamentos de cada
indivíduo sobre um evento que ocorreu que nos dará a lembrança do tempo,
este no presente pois cada indivíduo está em constante mudança, mesmo
que se tenha estado no lugar do fato ocorrido, nossa lembrança não trará a
completude de tudo que ocorreu, mas cada pessoa que também estava lá
será testemunha do mesmo evento e cada lembrança se unirá formando
assim uma totalidade.
Para o autor: Todavia, ainda que esse fato possa ser localizado do tempo e
no espaço, mesmo que parentes ou amigos disso me fizessem uma
descrição exata, acho-me em presença de um dado abstrato, para o qual me
é impossível fazer corresponder qualquer recordação viva: lembro de nada.
E não reconheceria mais tal lugar pelo qual passei certamente uma ou
várias vezes, nem tal pessoa que certamente encontrei. Contudo, as
testemunhas estão lá. (HALBAWACHS, 1968).
Também, haverá a importância sobre qual pensamento se quer evocar, e
este se há interesse partindo do tempo presente, coexistindo com seus
membros e testemunhas, com o coletivo partirá o interesse do indivíduo
seja para sua lembrança ou seu esquecimento.
A importância da História do tempo presente já vem apontada por Le Goff,
sobre a História e a Memória. A História do tempo presente é de
fundamental importância para se estudar História, desvinculando-se de um
passado morto para contextualizar e criticar o homem do seu tempo
presente para ‘’ a relação do passado com o presente é uma relação
histórica; como porém, o presente se liga ao futuro, a relação histórica
passado-presente-futuro se torna existencial’’ (LE GOFF, 1966). O
compreender os fluxos é importante, mas antes ao invés de corresponde-los
com seus oficialismos, é de importante discussão para o historiador que se
confronta com a dita historiografia oficial que é apresentada pelos poderes
oficiais nega a capacidade subjetiva dos sujeitos a quem nelas são
representados.
A discussão de patrimônio cultural ganhou corpo maior com a participação
dos antropólogos no contexto dos chamados movimentos étnicos para se
pensar na relação moderna de nação como ‘’coleção de indivíduos’’, dando
crítica ao conceito de objeto preservado, em que um patrimônio cultural
podem ser interpretados como coleções de objetos móveis e imóveis,
através dos quais é definida a identidade das pessoas e de coletividades
como a nação, o grupo étnico, etc. (GONÇALVES, 1988). Com isto,
retomando a ideia de Hobsbawn sobre ‘’Tradições Inventadas’’, com um
vasto conjunto de tradições inventadas para o objetivo de comunicar cada
identidade nacionais.
Me deterei por aqui para questionar que, o papel da historiador para a
formação educativas destas identidades é imprescindível, pois o historiador
deve preocupar-se com as relações humanas no processo histórico e a
consciência crítica do que se é lembrado e o que se busca esquecer. O papel
do órgão fiscalizador do IPHAEP para a preservação dos bens culturais
precisam também de uma maior participação da população nos seus
reconhecimentos simbólicos e existências sobre suas memórias e isto, para
além de um interesse político deve-se perceber a importância do estudo da
formação em educação patrimonial no currículo de licenciatura de História,
pois para além das páginas ósseas do conhecimento presente também há
vida fora dos campos acadêmicos, e ‘’Henri Pirenne e Lucian Febvre
amavam a vida e ensinaram por todo e qualquer aspecto da vida’’ (LE
GOFF, pg. 31).

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