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- Análise da percepção ambiental dos moradores de área de várzea urbana de uma pequena
cidade do estuário do Rio Amazonas
Ivan Gomes Oliveira, Sandra Maria Fonseca da Costa
Espaços livres públicos: utilização de infraestrutura verde para otimizar a drenagem urbana nos
centros históricos tombados
Claudione Fernandes Medeiros, Sônia Afonso
As mudanças climáticas impactam a vida das cidades. Eventos extremos como o aumento da
temperatura, secas e enchentes ameaçam também o patrimônio cultural. Nos centros históricos
tombados, as enxurradas e alagamentos vêm provocando muitas patologias no casario e no
arruamento. O sistema de drenagem urbana tradicional tem se mostrado ineficiente, além das
dificuldades de ampliação desta rede diante de prerrogativas de respeito às preexistências. Este
estudo procura utilizar os espaços livres públicos das cidades tombadas como potencializadores da
drenagem urbana, através dos conceitos de infraestrutura verde. No primeiro momento é
apresentada a relação entre as mudanças climáticas e os transtornos à paisagem cultural e como
a infraestrutura verde pode contribuir para a resiliência dos centros urbanos tombados. Após são
analisados os sistemas de espaços livres públicos passíveis desta aplicação tendo como estudo de
caso a cidade de Laguna/SC. Como resultado observou-se que os espaços livres públicos devem
transmutar sua função meramente cênica para a função infraestrutural e, desta forma, serão vitais
para os centros urbanos, pois além de valorizar a paisagem, também aumentarão a eficácia da
drenagem sem impactar ou desconsiderar a geomorfologia e a morfologia urbana existentes.
Este artigo trata dos córregos ocultos em São Paulo, com ênfase em um caso particular: o córrego
Tiburtino. Pretende-se fazer emergir à consciência a existência de cursos d’água naturais vivos,
embora ocultados. Para isso, empregaram-se como métodos investigativos: pesquisa cartográfica,
visita a campo, consulta de jornais e crônicas de viagens, entre outras fontes, visando ao
reconhecimento de algum curso d’água suprimido da paisagem paulistana. Aplicando-se o método
mencionado, delimita-se o distrito da Lapa como recorte geográfico, região onde há grande
probabilidade de localizar nascentes e córregos. Posteriormente, uma vertente é identificada no
bairro conhecido como Vila Ipojuca. A investigação dessa nascente leva à detecção de uma rede
de córregos pertencentes a uma bacia hidrográfica que se encontra totalmente velada – a bacia do
córrego Tiburtino. Durante a investigação histórica, constata-se que o aproveitamento dos
córregos na paisagem foi suprimido em decorrência de processos que deterioraram os cursos
d´água, como a ineficiência do Estado em estabelecer uma rede eficaz de coleta e tratamento de
esgotos. Isso é um problema atual: os córregos estudados exalam forte odor, que denuncia o
despejo de esgoto em suas águas. Os trajetos descritos neste artigo remontam o curso que as
águas seguiam. Presenciam-se as marcas deixadas pelo córrego no ambiente urbano: vielas,
bueiros, odores e até o som do córrego fluindo podem ser notados. No entanto, em raros
momentos é possível observar as águas, que continuam correndo anônimas nas entranhas da
cidade.
Os córregos ocultos e seus resquícios nos espaços livres urbanos: os afluentes do córrego
Mandaqui
Arthur Simões Caetano Cabral
Este trabalho apresenta uma reflexão acerca dos valores atribuídos à paisagem dos rios
e manguezais da cidade do Recife, aqui representados pelo rio Capibaribe e pelo Manguezal do
Pina, da interpretação dos significados evocados por grupos humanos que vivenciam e mantêm
relação direta ou indiretamente com esses ambientes. Busca-se desenvolver subsídios para a
construção de instrumentos de avaliação da conservação patrimonial como diretrizes norteadoras
de políticas públicas de proteção do patrimônio natural e cultural. Parte-se do pressuposto que o
meio ambiente é constituído por bens naturais e culturais, que se expressa na paisagem.
Compreendendo que o sítio natural tem papel fundamental na formação fisiográfica, estruturação
urbana e no uso e ocupação da cidade, constitui-se como marco patrimonial representativo da
identidade sociocultural de sua paisagem. As paisagens podem ser interpretadas no tempo e no
espaço de formas distintas, ao serem representadas segundo os valores atribuídos pelos olhares e
pelas percepções, formados dentro de contextos socioeconômicos e culturais específicos. Na
análise, adotou-se como fundamentação teórica a abordagem da paisagem cultural sob a ótica da
Nova Geografia Cultural, e como resultados identificaram-se diferentes valores obtidos a partir da
interpretação das representações dos grupos humanos investigados.
Padrões e processos de ocupação das encostas em cinco cidades brasileiras: estudo comparativo
da morfologia da paisagem
Mônica Bahia Schlee
A pressão exercida pela ocupação das encostas urbanas brasileiras tem gerado
impactos cumulativos na paisagem. O presente artigo analisa os processos da ocupação de
encostas em cinco cidades brasileiras – Rio de Janeiro, Vitória, Belo Horizonte, São Paulo e
Florianópolis, localizadas nas regiões Sudeste e Sul do país – com o objetivo de analisar a
morfologia da paisagem nas encostas destas cidades e contextualizar conflitos e desafios gerados
pelas condições urbanísticas encontradas na resiliência da paisagem. As investigações
biofísicas, paisagísticas e urbanísticas foram elaboradas a partir de uma leitura da paisagem
apoiada em matrizes e mapas temáticos que possibilitaram o cruzamento e a correlação de
diversas categorias de análise, englobando características do suporte físico-ambiental e do
suporte sociocultural. O quadro abrangente de fatores que influenciam a capacidade de suporte e
de resiliência da paisagem nas encostas urbanas brasileiras exposto neste artigo indica
a necessidade do desenvolvimento e da aplicação de um urbanismo regenerador, apontando
a interface encosta-floresta-água-comunidade-cidade e o foco nos espaços livres como a base
física fundamental para a formação de uma rede de regeneração, um contraponto essencial
à forma construída, e uma fonte de suporte, convívio, inspiração e inclusão em direção à
justiça socioambiental nas cidades brasileiras.
Este trabalho apresenta os estudos do Núcleo de Estudos da Paisagem (NEP) desenvolvidos nas
áreas de importantes reservatórios de água utilizados para o abastecimento público: as represas
Billings e Guarapiranga. Os trabalhos são realizados em diferentes escalas de análise e estão
focados na necessidade de compreender os processos urbanos e ambientais, além de formas de
participação social. Os métodos utilizados são bastante diversos, incluindo trabalhos de campo,
mapeamentos temáticos, cartografia de atores, entrevistas e observação participante, a fim de
discutir as transformações da paisagem na escala regional e conflitos decorrentes,
correlacionando-as com as escalas locais no cotidiano da população. Os resultados de tais estudos
reforçam a urgência de ações voltadas à melhoria da qualidade socioambiental e urbana dessa
região, mas indicam a necessidade de ampliação da equipe para trabalhos colaborativos com
grupos locais, considerando a complexidade e a escala espacial dos fenômenos urbanos e
ambientais. Com isso, é possível trazer nova compreensão desses processos, bem como iluminar e
problematizar aspectos que contribuam para a análise das implicações das políticas públicas e dos
processos de construção do urbano, de seus contextos políticos, e esclarecer as atuais condições
para uma efetiva participação da população no planejamento e gestão das áreas de mananciais
intensamente urbanizados.
A presente pesquisa teve como objetivo analisar a situação atual e definir diretrizes de projeto
para a revitalização de um conjunto de cavas de areia situadas na bacia do rio Iguaçu da região
metropolitana de Curitiba (RMC). A localização em área de manancial da RMC implicou na análise
de fatores restritivos ambientais. Outro viés abordado foi o diagnóstico da RMC a partir de
aspectos socioeconômicos, em especial no que diz respeito ao processo de ocupação irregular. No
que concerne ao diagnóstico específico da área de estudo, a caracterização da água armazenada
nas cavas é crucial para a definição de diretrizes de revitalização. A proposta se baseou na
avaliação limnológica de nove coletas realizadas no período de abril de 2008 a novembro de 2009.
A análise considerou os parâmetros estabelecidos pela Resolução n. 357/2005 do Conselho
Nacional de Meio Ambiente. O cruzamento dessas informações resultou em uma proposta
organizada em seis setores principais: extração mineral controlada, amortecimento, recreação
pública, pesquisa e educação ambiental, recuperação da mata ciliar, wetlands construídas.
Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados de um exercício projetual, fruto de
atividades acadêmicas coordenadas pelo professor doutor Paulo Renato Mesquita Pellegrino, em
2007, no curso de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de
São Paulo. O tema central desse exercício foi o desenvolvimento de uma estratégia para
implantação de uma infra-estrutura verde para a bacia do córrego Poá, localizada no município de
Taboão da Serra, em São Paulo, que hoje se encontra em uma área intensamente transformada,
densamente construída e poluída. O trabalho foi elaborado em dois momentos, abrangendo uma
proposta para toda a bacia e outra para um recorte escolhido dessa bacia. As propostas surgiram
do cruzamento entre os mapas elaborados sobre os aspectos biofísicos e urbanos locais, a revisão
teórica e as análises realizadas em visitas a campo. Foram sugeridas novas formas de planejar-se
a paisagem a partir da qualificação e articulação dos espaços abertos vegetados e da criação de
formas de circulação para as pessoas, a fauna local e as águas. Contudo, para o sucesso da
aplicação desse conceito é necessária a reunião de esforços coordenados e multidisciplinares,
envolvendo instituições de pesquisa, comunidade, autoridades e lideranças locais.
Este artigo apresenta as diversas tipologias de espaços tratados paisagisticamente, as quais estão
sendo aplicadas como parte da infra-estrutura verde das principais cidades dos
estados americanos de Oregon e Washington, bem como na província canadense da Colúmbia
Britânica. Em cidades como Seattle e Portland, o paisagismo urbano está cada vez mais sendo
visto além de mero embelezamento das cidades, e, de forma pioneira, como parte de uma rede de
espaços abertos em que tecnologias de alto desempenho passam a contribuir decisivamente para
a solução dos problemas associados à água, ao clima e à ecologia urbana, bem como na
criação de uma imagem local e de espaços públicos mais estimulantes e sustentáveis.
O SIG como ferramenta de análise da paisagem: o caso do mangue no bairro de São Domingos
em Ilhéus-BA
Olga Maria Góes de Oliveira, Rita Dione Araújo Cunha
Dentre as paisagens naturais em regiões litorâneas, os mangues representam um tipo de
ecossistema freqüentemente invadido pelas ações antrópicas dentro de áreas urbanas. As técnicas
de SIG (Sistemas de Informações Geográficas) surgem como elementos importantes na detecção
de problemas e análise da ocupação do solo urbano bem como das transformações da paisagem.
Este artigo apresenta um exemplo de utilização de SIG em relação à ocupação de áreas verdes de
mangue em Ilhéus - BA, visando estudar um bairro específico da cidade, onde a transformação da
paisagem sofreu um forte impacto nas últimas décadas.
Este artigo foi baseado na dissertação de mestrado defendida na FAU-USP e busca a contribuição
do arquiteto paisagista na preservação das Paisagens Fluviais Urbanas. A metodologia adotada foi
a pesquisa-ação, a qual norteou um embasamento teórico e empírico que resultou na aplicação de
oficinas em representantes das comunidades envolvidas, além de representantes dos setores
públicos, privados, não-governamentais e instituições de ensino. Os produtos resultantes das
oficinas foram dois projetos de paisagismo em áreas públicas e um vídeo documentário com o
registro de todo o processo participativo de percepção e ação na preservação das paisagens
fluviais da nascente à foz do Rio Tamanduateí.
Recuperação paisagística e ambiental do Vale do Rio Paúba: estudos para um plano de espaços
livres
Fabio Robba
Uso de geotecnologias para mapeamento de áreas inundáveis em zonas urbanas: estudo de caso
da zona urbana de Pelotas/RS
Cláudio Santos da Silva, Sonia Afonso
Este trabalho tem como objeto de estudo a zona urbana do município de Pelotas-RS. Realiza a
organização de dados referentes ao relevo natural do município relacionando-os com a drenagem
urbana, a fim de identificar áreas de risco internas ao perímetro urbano suscetíveis a inundações.
Visa, com isso, minimizar a carência de informações referentes ao tema e subsidiar a construção
de um instrumento orientador para uso e ocupação do solo, além de utilidades educativas. Por
meio de recursos de sensoriamento remoto e geoprocessamento foram identificadas as áreas de
risco, constituindo importante instrumento para definição de áreas de expansão urbana,
localização de equipamentos e atividades poluentes. Os resultados apresentados com recursos de
simulação digital verificam que aproximadamente 37,5% do território urbano encontra-se em
cotas abaixo de 5 metros e próximos a cursos d’água, oferecendo risco de inundação. Isso vem
demonstrar a relevância de diagnósticos mais aprofundados sobre drenagem urbana
instrumentalizando melhor as atividades de planejamento de uso e ocupação do solo. A utilização
prática do método de identificação e mapeamento demonstra a sua aplicabilidade a outros
municípios.
A paisagem das águas: a percepção dos usuários como subsídios para a elaboração de diretrizes
urbanísticas para as margens dos rios Poti e Parnaíba e seu entorno (Teresina-PI)
Karenina Cardoso Matos, Maísa Dutra Veloso
Partindo do pressuposto de que as águas têm grande poder de atração sobre as cidades e seus
usuários, a pesquisa busca analisar as relações entre a paisagem das águas e
Teresina, considerando quatro eixos conceituais: a paisagem das águas, a percepção dos usuários,
os rios como linhas de força e a força de atração através dos elementos naturais, construídos
e simbólicos da paisagem. Os eixos estruturadores permitiram a leitura dos cenários, conforme a
área delimitada que compreende os dois núcleos originais da cidade: o bairro Poti Velho e o centro
de Teresina, de modo a descortinar aspectos visíveis e/ou não visíveis, valorizados ou não, com
vistas a proporcionar subsídios para a formulação de diretrizes e intervenções de planejamento
urbano de Teresina, especificamente na região ora em estudo. Os elementos foram revelados de
tal forma que caracterizam, hoje, a desvalorização dos rios diante das condições paisagísticas,
geográficas, econômicas, culturais e ambientais analisadas; potencialidades existem, entraves e
ameaças também são verificadas quanto à estrutura paisagística e à qualidade de vida da
população ribeirinha; encontros e desencontros são percebidos na paisagem das águas.
Entretanto, espera-se que este trabalho constitua um referencial a ser utilizado nas propostas de
políticas públicas de urbanização da cidade viabilizando o reencontro de Teresina com seus rios a
partir da percepção dos elementos que contextualizam a sustentabilidade adequada ao homem e
ao ambiente em toda a sua plenitude de viver.
Este texto enfoca a formação das paisagens do rio Capibaribe durante o século XIX, através das
representações feitas pelos viajantes nos seus relatos. Este período foi marcado por
grandes transformações nas paisagens do Recife e do rio Capibaribe, que aqui serão narradas de
forma conjunta, considerando que esse rio contribuiu como elemento marcante na construção e
estruturação dessa cidade. A inter-relação de ambos não ocorre apenas por serem uma unidade
geográfica, mas por estarem vinculados por fatores, histórico, econômico e social. As
transformações decorrentes da ação do homem ao longo desse período histórico, num processo de
construção social, resultaram em paisagens repletas de significados. É através das representações
retratadas nas iconografias e nos relatos desses viajantes, que se constituem produtos culturais,
que ficará evidenciado a formação destas paisagens e o seu significado para aqueles que a
construíram, vivenciaram e usufruíram neste período.
Diferentes dimensões de significação cultural devem ser consideradas para a identificação do valor
de um determinado bem patrimonial. A sua identidade é conseqüência de elementos tanto
materiais como imateriais. O objetivo deste artigo é estudar o processo de apropriação e a
identidade coletiva do patrimônio urbano representado pelo Parque do Aterro do Flamengo,
localizado na cidade do Rio de Janeiro.
A relação do homem com a paisagem está fortemente presente desde o início da história
registrada da cidade de Bauru. Os fundos de vale coincidiam com os limites das antigas fazendas
dos pioneiros da região. A posterior subdivisão em glebas e o loteamento destas áreas irão
influenciar na conformação urbana. A legislação urbanística implicará na formação da paisagem
que se desenha e se redesenha continuamente.
Esse artigo apresenta a proposta para o Parque da Orla do Fundão, elaborado pelo
Escritório Técnico da Universidade em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU
através de um projeto de extensão, a ser implantado no Campus da Universidade Federal do Rio
de Janeiro-UFRJ, localizado junto à Baía da Guanabara. São descritas a fundamentação teórica
e metodológica, utilizadas para o projeto, pautando-se em visões integradas: o aporte técnico,
o aporte acadêmico e o aporte da comunidade de usuários, através de uma leitura participativa, e
nos diversos níveis de análise espacial que permeia a intervenção: a escala metropolitana, a
escala urbana e a escala local. São também discutidos os métodos de capacitação,
análise,interpretação e desenvolvimento projetual do espaço proposto para o parque, destacando-
se o perfil de tratamento paisagístico e a forma de integração com os demais usos existentes
e previstos. O caráter diferencial desta experiência reside na possibilidade de conciliar as
atividades de ensino, pesquisa e extensão e de aplicar métodos de desenho participativo a um
projeto de importante significado na escala da cidade.
O presente texto vem contribuir para a interpretação do conteúdo da paisagem urbana através da
análise do traçado de Porto de Galinhas, região localizada no litoral de Pernambuco. O objetivo
principal é discutir a morfologia da paisagem através do traçado do loteamento Recanto de Porto
de Galinhas I, II e III, considerando principalmente como a forma do traçado repercutiu no uso
nos espaços públicos. Assim, essa análise focalizou o traçado deste loteamento
mostrando diferentes arranjos na relação dos traçados formadores dos principais espaços livres
públicos existentes: a faixa de praia e a praça.
CADERNOS METRÓPOLE
2015 v. 17, n. 33 (2015): águas urbanas
- Da lama ao caos: um estuário chamado Baía de Guanabara Maria Angélica Maciel Costa
2008 n. 20 (2008)
- Urbanização em áreas de mananciais hídricos: estudo de caso em Piraquara, Paraná Patrícia
Costa Pellizzaro, Letícia Peret Antunes Hardt, Harry Alberto Bollmann, Carlos Hardt
Diante da temática, cidade e meio ambiente, o trabalho integra aspectos relacionados ao uso do
solo e à qualidade hídrica, adotando o município de Piraquara, Paraná, como estudo de caso.
Partindo-se do estabelecimento do referencial teórico sobre o tema, é analisada a evolução do uso
e ocupação do solo e dos padrões qualitativos da água – por meio do Índice de Qualidade das
Águas (IQA), constatando-se que as sub-bacias com melhores resultados correspondem àquelas
com baixa interferência antrópica. Dessa forma, conclui-se que a adoção de critérios adequados
para o ordenamento territorial constitui importante ferramenta para o processo de planejamento e
gestão – urbana, regional e ambiental –, em especial para a conservação de áreas de mananciais
hídricos de abastecimento público.
Este artigo tem como objetivo analisar a percepção e a frequência de uso do Cais
Mauá, uma área portuária desativada, por parte de três grupos de usuários da cidade
de Porto Alegre, identificando os aspectos positivos e negativos percebidos por esses
grupos. Ainda, é investigada a relação entre a percepção desses usuários, as
diretrizes de intervenção para a orla elaboradas pela Prefeitura de Porto Alegre e
pelos pesquisadores, e o projeto de revitalização proposto para esse setor da orla do
Guaíba. A coleta de dados consistiu na aplicação de questionários via internet aos
três grupos de usuários, nomeadamente arquitetos, não arquitetos com formação
universitária e aqueles sem formação universitária. Os resultados possibilitam
verificar a importância dessa área urbana no contexto da cidade, confirmando a
relevância da percepção dos usuários da cidade na elaboração de diretrizes e no
desenvolvimento de projetos de intervenção urbana.
REVISTA PÓS-USP
v. 24, n. 43 (2017)
- Onde o mar se arrebenta nasce uma paisagem: Recife, a Calçada do Mar Fábio Christiano
Cavalcanti Gonçalves, Flora Oliveira de Souza Cardoso, Leonardo Brasil Mendes, Ana Rita Sá
Carneiro, Lúcia Maria de Siqueira Cavalcanti Veras
O presente artigo trata da paisagem da Calçada do Mar, referente ao alinhamento rochoso
sedimentológico denominado arrecifes, situado na costa marítima da cidade do Recife
(Pernambuco, Brasil). O propósito do estudo é compreender a significação sociocultural da
paisagem em questão, fortemente associada ao nascimento e crescimento desta urbe. A fim
alcançar tal objetivo, desenvolve-se uma análise reflexiva sobre a noção de paisagem a partir de
uma abordagem fenomenológica, associada à observação e à experiência direta no espaço. Nessa
perspectiva, também é discutida a relação entre natureza-sujeito e natureza-objeto da Calçada do
Mar, na forma como ela tem sido objetificada e subjetivada na cidade. A conclusão aponta que, na
história de formação do Recife, a Calçada do Mar se apresenta como um mito fundacional, no
duplo sentido de gênese topológica e referencial imagético e também que, atualmente, por meio
da experiência direta no espaço que a conforma, sua significação é potencialmente revelada na
paisagem.
v. 19, n. 31 (2012)