Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As instituições estão no centro da Teoria Crítica, já que seu objetivo é alterar o sistema
internacional de forma que os Estados deixem de pensar e agir de acordo com o realismo.
Segundo Mersheimer a Teoria Crítica é mais ambiciosa que a Segurança Coletiva, já que ela
busca criar um mundo em que todos os Estados consideram a guerra como algo inaceitável.
Neste mundo, não há nenhum Estado problemático.
A teoria questiona a ideia realista que fatores estruturais são o principal determinante
do comportamento dos Estados, para a teoria crítica, ideias e discurso são as forças que moldam
o mundo. Onde os realistas veem um mundo passível de ser descoberto objetivamente, os
teóricos críticos veem um mundo com infinitas possibilidades de interpretação.
Portanto, os defensores da teoria crítica acreditam que a razão pela qual as relações
internacionais são dominadas por disputas por poder é que a teoria realista tem sido o
pensamento dominante na disciplina. Só que apesar de a Teoria Crítica defender que quando o
discurso muda, o comportamento dos Estados muda, ela não diz nada sobre o que faz alguns
discursos se tornarem dominantes. Inclusive, quando os defensores da teoria crítica apontam
fatores que poderiam mudar o discurso dominante, eles assumem que a realidade é objetiva, o
que contradiz a própria teoria.
Portanto, instituições possuem influência mínima no comportamento do Estado. As três
teorias analisadas no qual a instituição se baseia são todas compostas de falhas Todas têm
problema em sua lógica e não se sustentam historicamente.
Robert Owen Keohane (nascido em 1941) é um cientista político, um professor de
Relações Internacionais. Formou-se pela Universidade de Harvard e se destaca por ser um dos
expoentes do Neoliberalismo Institucionalista, apresentando essa teoria como uma das vertentes
das RI, onde procura enfatizar o uso das instituições internacionais para o estabelecimento de
cooperação entre os Estados. O autor tem a obra “After Hegemony: cooperation and discord in
the world political economy” como um de seus principais trabalhos.
Em seu texto, Keohane levanta a seguinte questão, por que o Realismo, principalmente
o de Mersheimer, tem uma visão tão insípida das instituições internacionais?
Para responder tal questionamento, Keohane critica os assertos de Mearsheimer, pois
considera-o como capaz de privilegiar seus pontos de vista, mesmo quando não encontra
respostas na teoria Realista. Assim, o autor pontua os erros e contradições de Mearsheimer e
faz três proposições: A lógica falaciosa do Realismo, a política econômica frente a segurança e
questões de ganhos relativos e o impacto das instituições no trabalho empírico das relações
internacionais
4
institucionalista, mostra em seu excerto, que a importância das instituições nem sempre são
válidas ou se encaixam em todos os casos analisados, ou que elas operam sem respeitar o poder
e interesses dos Estados, mas que são mecanismos capazes de evitar um conflito ou, pelo menos,
de amenizar as probabilidades de uma guerra. Além do mais, Keohane critica a falta de
empirismo da teoria Realista, pois com isso, ela acaba por se tornar falha em construir
evidências convincentes sobre os efeitos das instituições internacionais.
Keohane e Mersheimer podem ser considerados “dois lados da mesma moeda”. Ambos
acreditam no papel das instituições e das premissas realistas, mas diferem quanto ao grau e
intensidade de influência. Mersheimer por ser um realista ofensivo acredita que as instituições
são atores de pouca importância. Ele ainda defende que os estados são atores centrais e que
grandes potências se utilizam das grandes instituições para transformarem sua vontade em
verdade. Keohane contra argumenta essa proposição mostrando que as instituições se importam
com questões de segurança e defesa.
Apesar de Mersheimer ter apresentados fatores empíricos das falhas de instituições (
como o famoso exemplo da Liga das Nações) Keohane apresenta outros mostrando o sucesso
delas ( como a União Européia). Keohane diz que a teoria realista é generalista demais para ter
o crédito merecido por excluir fatores que podem ser levados em consideração enquanto
Mersheimer diz que o poder da teoria realista é ser generalista e poder ser usada em vários
contextos. Keohane mostra como a paz pode ser atingida pelas instituições e minimizadas pelas
mesmas, enquanto Mersheimer aponta que a maioria das teorias liberais não apontam como se
dá esse processo, e as que apontam, como o institucionalismo liberal, não entram na questão de
segurança e da guerra.
O leitor acaba intencionalmente conflituado entre as duas questões. Afinal o leitor é
levado a se questionar do que é o certo ou errado e se a paz é ou não atingida. Ambos os autores
levantam questões muito interessantes, e nenhuma está completamente certa, nem errada.
A conclusão que se chega é que a verdade vai depender de como mais de como o leitor
coloca e enxerga o mundo e a utilidade das teorias. Por não se tratar de uma ciência exata e das
duas terem vindo de um mesmo lugar elas são muito parecidas, mas as divergências acerca das
questões internacionais ainda estão longe de serem respondidas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KEOHANE, R. O, MARTIN, L. L. The Promise of Institutionalist Theory, Itrnternational
Security, v. 20, n. 1, 1995. p. 39-51.
LIEPKALNIETIS, Arija. Bibliography: Mearsheimer. Uchicago, Chicago, 1 Mar. 2017.
Disponível em: http://mearsheimer.uchicago.edu/biography.html
MUNRO, André. Robert O. Keohane: American political scientist e educator. Britannica,
6