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DIREITOS REAIS (NOITE)

TÓPICOS DE CORRECÇÃO
Exame de 2 de Junho de 2010
I
A)
1. A declaração de nulidade, afectando a eficácia geral de todos os
contratos, impede a produção do efeito translativo real (transmissão da
propriedade) inerente a cada um deles (causalidade).
2. Em todo o caso, deve ser feita uma referência ao princípio geral de
consensualidade (art. 408.º, n.º 1 do CC), cuja aplicação seria suscitada por
cada um desses contratos.

B)
3. Em todos os contratos verifica-se a tradição simbólica da coisa, o que
determina a transmissão da posse nos termos da propriedade para os
adquirentes (art. 1263.º, alínea b) do Código Civil).
4. Caracterizar a posse de B, C e D. A posse de todos eles é formal,
titulada, de boa fé, pública e pacífica (fundamentar com as disposições legais
pertinentes).

C)
5. Nenhum dos contratos teve eficácia real, por força da eficácia
retroactiva da nulidade do primeiro contrato (entre António e Bento). Por
conseguinte, segundo o Direito substantivo, e a uma primeira observação, seria
António o proprietário do prédio.
6. Porém, há que contar com a protecção registal, neste caso, defronte
do art. 291.º do CC (explicar a sua eficácia e os pressupostos da sua
aplicação). Simplesmente, a hipótese não esclarece se Daniel registou, o que
deve levar a abrir duas sub-hipóteses:
- Se Daniel não registou, não tem protecção registal segundo o art. 291.º
do CC;
- Se Daniel registou antes do registo da acção de declaração de
nulidade, então pode beneficiar do art. 291.º do CC, contando que os
pressupostos respectivos se tenham verificado, o que é o caso.
7. Qualquer que seja o cenário, porém, Daniel pode sempre invocar a
usucapião e fazer prevalecer a sua posição sobre António.
8. Esclarecer o que é a usucapião, a sua eficácia e os seus requisitos.
9. No caso, havendo registo da aquisição o prazo de usucapião e de 15
anos; se não houver registo é de 20 anos (art. 1296.º do CC).
10. Daniel pode beneficiar da usucapião juntando o seu tempo de posso
ao dos seus antecessores (acessão na posse – art. 1256.º do CC).

II
11. Usufruto. Caracterização do tipo legal deste direito.
12. Apreciação da possibilidade de criação de usufruto em violação do
tipo legal. A resposta deve ser afirmativa (desrespeito do limite da preservação
da forma e substância): há violação da tipicidade legal de direitos reais.
13. Explicar em que consiste o princípio da tipicidade.
14. O contrato constitutivo do usufruto é nulo (por violação do princípio
da tipicidade. Hilário tem razão.
15. Possibilidade de transmissão contratual do usufruto (resposta
positiva – art. 1444.º do CC).
16. A existir usufruto constituído validamente (não foi o caso), a morte do
transmissário determinaria a sucessão do usufruto a favor dos herdeiros
daquele. Somente com a morte do usufrutuário originário se dá a extinção do
usufruto vitalício.

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