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APOSTILA DE GEOLOGIA Rochas PDF
APOSTILA DE GEOLOGIA Rochas PDF
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
APOSTILA DE GEOLOGIA:
ROCHAS
ÍNDICE
2 ROCHAS.............................................................................................................................................................17
2.1 Ciclo das rochas...........................................................................................................................................17
2.2 Rochas ígneas ou magmáticas....................................................................................................................18
2.2.1 Condições de formação das rochas ígneas ...............................................................................19
2.2.1.1 Rochas plutônicas...........................................................................................................................19
2.2.1.2 Rochas hipoabissais .......................................................................................................................19
2.2.1.3 Rochas extrusivas (ou vulcânicas ou efusivas) ..............................................................................19
2.2.2 Forma de ocorrência das rochas ígneas ...................................................................................20
2.2.2.1 Formas extrusivas ..........................................................................................................................20
2.2.2.2 Formas intrusivas............................................................................................................................21
2.2.3 Estrutura das rochas ígneas ....................................................................................................23
2.2.4 Texturas das rochas ígneas ....................................................................................................24
2.2.5 Classificação das rochas ígneas ..............................................................................................25
2.2.5.1 Classificações mineralógicas..........................................................................................................25
2.2.6 Principais rochas ígneas .........................................................................................................26
a) Granito ................................................................................................................................................26
b) Riolito ..................................................................................................................................................26
c) Granodiorito.........................................................................................................................................26
d) Pegmatitos ..........................................................................................................................................26
e) Aplito ...................................................................................................................................................26
f) Sienitos ................................................................................................................................................27
g) Dioritos ................................................................................................................................................27
h) Gabro ..................................................................................................................................................27
i) Diabásio ...............................................................................................................................................27
j) Basalto .................................................................................................................................................27
k) Peridotito .............................................................................................................................................28
l) Piroxenito .............................................................................................................................................28
2.3 Rochas sedimentares ..................................................................................................................................28
2.3.1 Gênese .................................................................................................................................29
2.3.2 Texturas sedimentares ...........................................................................................................29
2.3.2.1 Texturas clásticas ...........................................................................................................................29
2.3.2.2 Texturas não clásticas ....................................................................................................................31
2.3.3 Estruturas sedimentares .........................................................................................................31
2.3.3 1 Classificação das estruturas sedimentares ....................................................................................32
2.3.3.1.1 Estruturas sedimentares primárias (singenéticas) ...................................................................32
2.3.3.1.2 Estruturas secundárias (epigenéticas) .....................................................................................34
2.3.4 Classificação das rochas sedimentares ....................................................................................35
2.3.4.1 Rochas sedimentares detríticas .....................................................................................................35
2.3.4.2 Rochas sedimentares químicas......................................................................................................37
2.3.4.3 Rochas sedimentares orgânicas ....................................................................................................37
2.4 Rochas metamórficas ..................................................................................................................................40
2.4.1 Ambiente metamórfico ............................................................................................................40
2.4.2 Agentes do metamorfismo ......................................................................................................40
2.4.2.1 Temperatura ...................................................................................................................................40
2.4.2.2 Pressão...........................................................................................................................................40
2.4.2.3 Fluidos quimicamente ativos...........................................................................................................40
2.4.3 Texturas e estruturas metamórficas .........................................................................................41
2.4.4 Tipos de metamorfismo ..........................................................................................................41
2.4.5 Principais rochas metamórficas ...............................................................................................42
17
2 ROCHAS
Rochas são agregados formados por um ou mais minerais (podendo incluir vidro vulcânico, matéria
orgânica e precipitados químicos), de ocorrência naturalmente na litosfera, e que mantêm certa uniformidade de
composição e de características.
Segundo os processos genéticos envolvidos na sua formação, as rochas classificam-se em três
grandes grupos principais: ígneas, sedimentares e metamórficas. Existem também rochas
ultrametamórficas, envolvendo fusão parcial, que se confundem com as rochas ígneas.
Energia solar
Intemperismo
ROCHA ÍGNEA (fragmentação, Erosão, transporte
EXTRUSIVA decomposição e sedimentação
e dissolução)
Diagênese
e litificação
Exposição através
ROCHA ÍGNEA de levantamento
INTRUSIVA
crustal e denudação
ROCHA
SEDIMENTAR
ROCHA Metamorfismo
Metamorfismo METAMÓRFICA
Desintegração radioativa
Regime de Tipos de
Temperatura SÉRIE DE CRISTALIZAÇÃO DE BOWEN rochas ígneas
Alta
temperatura Ultramáficas
(início da Olivina Ca (peridotito,
cristalização) komatito)
n tín SI O S
Piroxênio Ca-Na Máficas
(basalto,
ua
Á
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diabásio,
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gabro)
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de
Anfibólio Na-Ca
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Sé
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Intermediárias
ua
Biotita (andesitos,
dioritos)
Na
A) Stock
B) Batólito
C) Lacólito
D) Batólito (magma)
E) Dique
F) Soleira (sill)
G) Conduto vulcânico
H) Edifício vulcânico
I) Lava vulcânica
J) Cone de cinzas
K) Neck
Fig. 10
- Bloco
diagra
ma
mostra
ndo as
relaçõe
s
estruturais de vários corpos ígneos intrusivos e
extrusivos, e as rochas encaixantes.
b) Vulcanismo do tipo central (erupção central): volumes menores de lava extravasadas de um conduto
central constroem cones (edifícios) vulcânicos de dois tipos:
• Vulcões em escudo: edifícios com flanco suave, resultantes de extrusão periódica de lavas fluidas,
subsilicosas (vulcões havaianos - Fig. 12B);
• Estrato-vulcões: cones com flancos mais abruptos, resultantes da sucessão de extrusões de lavas mais
viscosas (ricas em sílica) e extrusões explosivas de materiais piroclásticos (cinzas, lapili). Constituem
evidências de vulcanismo desse tipo os riolitos de Castro, no Paraná, e de Campo Alegre, em Santa
Catarina, com idade de 450 Ma (Fig. 10 e 12C).
A B
C D
Figura 12 – Principais tipos de vulcões: (A) fissural, (B) havaiano, (C) estrato vulcão, (D) estromboliano.
a) Formas concordantes
• Soleira (ou sill): corpos extensos e pouco espessos, de forma tabular (magma subsilicoso pouco viscoso)
(Fig. 11, 13 e 14);
• Lacólito: corpos intrusivos lenticulares plano-convexos, formando-se cúpula na capa (magma enriquecido
em sílica, mais viscoso) (Fig. 10 e 14);
• Lopólito: corpos lenticulares de grandes dimensões, côncavo-convexos, deprimidos na parte central
(encaixados em sinclinais) (Fig. 14);
• Facólito: corpos lenticulares convexo-côncavos, alçados na parte central (encaixados em anticlinais).
b) Formas discordantes
• Dique: corpos tabulares extensos de possança variável (cm até km) preenchendo fraturas formadas por
esforços distensivos; existem grupos de diques radiais (disposição radial em relação a um centro), anelares
(concêntricos) e em enxames (paralelos) (Fig. 10, 13, 14 e 15);
• Chaminé (neck): formas cilíndricas verticais (diâmetro de metros a pouco mais de 1 km), correspondendo à
exumação, pela erosão, de antigos condutos vulcânicos (Fig. 10 e 16);
• Apófise: formas ramificadas irregulares derivadas de corpos maiores (lacólitos, batólitos);
• Batólito: grande massa contínua de rocha magmática muito antiga, cortando discordantemente as rochas
2
encaixantes, apresentando mais de 100 km de superfície (Fig. 10 e 11);
2
• Stock: menor que o batólito (menos de 100 km de superfície) (Fig. 11).
22
Soleira
Dique
Quanto às relações geométricas entre os constituintes das rochas ígneas, os cristais podem ser:
a) Euédricos (ou idiomórficos ou automórficos): quando os cristais apresentam formas características,
completamente limitadas por faces;
b) Subédricos (ou hipidiomóficos): cristais apenas parcialmente limitados por faces;
c) Anédricos (ou alotriomórficos ou xenomórficos): cristais desprovidos de faces.
Quanto ao tamanho relativo dos cristais constituintes de uma rocha ígnea, a textura pode ser:
a) Equigranular: quando os minerais da rocha ígnea possuem aproximadamente o mesmo tamanho;
b) Inequigranular: quando ocorrem diferenças pronunciadas no tamanho dos minerais que formam a rocha.
Neste caso, grandes cristais (pórfiros ou fenocristais) acham-se envolvidos por uma matriz de granulação
fina, refletindo, em alguns casos, mudanças abruptas de temperatura durante a cristalização. Quando a
rocha é inequigranular a mesma apresenta textura porfirítica.
c) Textura gráfica ou micrografia: intercrescimentos de quartzo e feldspato alcalino, por cristalização
simultânea ou substituição; o quartzo é comumente cuneiforme, assemelhando-se a inscrições rúnicas;
d) Textura ofítica: ripas de plagioclásio são parcial ou totalmente envolvidas por cristais maiores (normalmente
de piroxênio); comum em gabros, diabásios e basaltos;
d.1) Textura subofítica: as ripas de plagioclásio são maiores que os cristais de piroxênio, e são só
parcialmente envolvidas por estes;
d.2) Textura hialofítica: o vidro substitui o piroxênio na textura ofítica;
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Outras formas de classificação referem-se ao teor em sílica, índice de cor das rochas ígneas.
O teor de sílica reflete a quantidade total de sílica (SiO2) presente na rocha ígnea, tanto na forma de
quartzo (sílica livre), quanto combinado com outros elementos químicos, formando silicatos diversos. De uma
forma geral, a quantidade total de sílica nas rochas ígneas varia de 30 a 80%.
Quanto ao teor em sílica as rochas ígneas podem ser:
a) Ácidas: mais de 65% de SiO2; apresentam quartzo (mais de 10%) e feldspatos, os feldspatóides estão
ausentes (granitos);
b) Intermediárias: 52% < SiO2 < 65%; apresentam feldspatos (plagioclásio andesina), podem apresentar
feldspatóides, quartzo em pequena quantidade (dioritos, sienitos);
c) Básicas: 45% < SiO2 < 52%; Plagioclásio (labradorita e bitownita) e piroxênio (hiperstênio e augita), quartzo
ausente (gabros, basaltos);
d) Ultrabásicas: menos de 45% de SiO2; apresentam olivina e piroxênio. Os feldspatos e o quartzo estão
ausentes ou são raros (dunitos e piroxenitos).
a) Granito
O granito é uma rocha de coloração clara, composta essencialmente de quartzo e feldspato, com
pequenas quantidades de outros minerais, principalmente mica (moscovita e/ou biotita) e anfibólio (em geral
hornblenda). Podem ser encontrados ainda, disseminados na rocha, minerais acessórios como magnetita,
ilmenita, apatita, zircão, esfênio, topázio, fluorita, granada, etc. A coloração clara dos granitos (acinzentada,
rósea, avermelhada, esverdeada ou amarelada) é determinada pela cor do feldspato.
Os granitos são classificados em quatro tipos, de acordo com o teor relativo de feldspatos: a) granito
alcalino; b) granito normal; c) adamelito; d) granodiorito. A cada um desses tipos plutônicos correspondem
rochas hipoabissais e efusivas de composição mineral similar, porém de textura diferente.
No granito normal, mais de 66% do conteúdo dos feldspatos é formado de feldspato alcalino, e menos
de 34%, de plagioclásio, geralmente oligoclásio.
Com o aumento do teor de plagioclásio, o granito normal passa a adamelito e a granodiorito. Quando
o teor de feldspato alcalino predomina e o plagioclásio desaparece, o granito normal passa a granito alcalino.
Neste caso, os minerais máficos também mudam, sendo substituídos por variedades alcalinas.
b) Riolito
O riolito corresponde à forma efusiva do granito, porém ocorre igualmente na forma de diques e plugs
vulcânicos. O magma que dá origem ao riolito é altamente viscoso, originando depósitos de lavas muito
espessos em relação à extensão do derrame. Sua ocorrência restringe-se, freqüentemente, à chaminé
vulcânica.
Contêm os mesmos minerais do granito disseminados numa matriz vítrea ou criptocristalina, onde
podem ocorrer fenocristais de quartzo, feldspato, hornblenda ou mica. De maneira geral, os riolitos possuem
granulação que varia de fina a muito fina. Sua coloração é clara, esbranquiçada, cinzenta, esverdeada,
avermelhada ou castanha. A cor pode ser uniforme ou apresentar-se com faixas de tonalidades diversas,
devido a diferenças texturais entre as várias camadas.
Geralmente apresentam vesículas ou amídalas. O púmice ou pedra-pomes constitui uma variedade de
riolito altamente vesicular. A textura fluidal é comum nos riolitos, sendo algumas vezes muito evidente devido a
diferenças de granulação e coloração.
c) Granodiorito
O granodiorito forma intrusões plutônicas similares às do granito, diferenciando-se deste na
composição dos feldspatos. Nos granodioritos, os plagioclásios (oligoclásio até andesina) predominam sobre os
feldspatos alcalinos. O teor destes últimos não deve ultrapassar um terço do total dos minerais feldspáticos.
Quando o teor de plagioclásio é máximo no granodiorito, este recebe o nome de tonalito.
Os equivalentes hipabissal e efusivo do granodiorito são representados pelo microgranodiorito e pelo
dacito, respectivamente.
d) Pegmatitos
Os pegmatitos são rochas de granulação muito grossa, consideradas, pela maioria dos geólogos, como
produtos finais de uma seqüência de eventos que ocorrem durante o resfriamento e diferenciação de um
magma ácido a subácido.
Com o progresso da cristalização de um magma granítico ou sienitico, os elementos mais raros
concentram-se no líquido residual, formado pela água e produtos voláteis. Neste liquido residual concentram-se
elementos mais leves (boro, lítio e berilo, entre outros), como também elementos mais pesados (wolfrâmio,
estanho, nióbio, tântalo etc.), cujos átomos são, respectivamente, muito pequenos ou muito grandes para
serem incorporados na estrutura cristalina dos principais minerais formadores de rocha,
Os pegmatitos formam depósitos de grande interesse econômico e constituem a fonte de numerosos
minerais raros, como turmalina, berilo e topázio, entre muitos outros.
e) Aplito
Os aplitos são rochas eqüigranulares de granulação fina, que ocorrem como veios e diques no interior
dos corpos plutônicos e encaixantes. Embora possam derivar de diversos magmas, ocorrem mais intimamente
ligados aos magmas graníticos.
Originam-se no estágio final da evolução magmática de uma rocha plutônica. A composição
mineralógica é ligeiramente mais ácida do que a da rocha magmática, a que estão associadas. Os
aplitogranitos são formados essencialmente de feldspatos alcalinos, quartzo e, eventualmente, pequenas
quantidades de moscovita, turmalina, fluorita, topázio etc.
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f) Sienitos
Os sienitos são rochas ígneas intermediárias, de composição semelhante à do granito, porém sem ou
com muito pouco quartzo. São rochas leucocráticas de coloração branca, cinza, rosa ou vermelha, e de
granulação variando de média a grosseira e textura holocristalina. A forma hipabissal é representada por diques
e sills de microssienito de granulação média e textura holocristalina, ocasionalmente porfirítica. O equivalente
efusivo, denominado traquito, é finamente granulado e de textura hialocristalina.
Esta rocha é constituída principalmente de feldspato alcalino e/ou plagioclásio sódico (albita ou
oligoclásio), associados com minerais escuros, freqüentemente biotita, hornblenda e piroxênio.
O monzonito é um sienito em que o teor de feldspato alcalino é aproximadamente igual ao conteúdo
de plagioclásio.
g) Dioritos
Os dioritos constituem rochas intermediárias formadas essencialmente por plagioclásio (oligoclásio ou
andesina) com um ou mais minerais máficos, como biotita, hornblenda, augita ou hiperstênio. Juntamente com
plagioclásio pode ocorrer feldspato alcalino até um terço do conteúdo feldspático. O quartzo pode atingir até
10% no quartzodiorito. Entre os minerais acessórios mais comuns ocorrem pequenos cristais de esfênio,
magnetita, ilmenita e apatita.
A forma plutônica, conhecida pela designação de diorito, possui textura holocristalina, eqüigranular e
granulação grossa, embora às vezes exiba textura porfirítica, com fenocristais de feldspatos ou hornblenda. Os
minerais máficos são responsáveis pela coloração escura e pelo caráter mesocrático da rocha.
A forma hipabissal, também mesocrática, possui textura holocristalina e granulação média, sendo
frequentemente porfirítica, com fenocristais de feldspato (hornblenda ou augita). É conhecida pela designação
de microdiorito, diferindo do diorito pela sua granulação mais fina.
A forma efusiva correspondente ao diorito é denominada andesito. Trata-se de uma rocha de textura
hialocristalina, de granulação fina, em parte vítrea, muitas vezes porfirítica, contendo fenocristais de plagioclásio
(oligoclásio/andesina), hornblenda, augita ou placas de biotita.
h) Gabro
É uma rocha ígnea cujo teor de sílica varia entre 45 e 55%. Compõe-se principalmente de: plagioclásio
(geralmente labradorita), piroxênio (augita e/ou hiperstênio) e freqüentemente olivina. O quartzo pode estar
ausente ou presente em pequenas quantidades como mineral acessório, ao lado de hornblenda, biotita,
magnetita e ilmenita.
A família dos gabros é representada por formas intrusivas (plutônicas ou hipoabissais) e formas
efusivas.
A forma plutônica holocristalina, eqüigranular de granulação grossa, recebe ó nome de gabro. Além de
formar stocks, o gabro ocorre em diques, sills e, mais raramente, em lopólito. A textura ofítica é comum,
enquanto que a porfirítica é rara. Apresenta coloração acinzentada, variando do cinza-claro ao cinza-escuro, ou
preta, com eventual tonalidade azulada ou esverdeada (melanocrática). Com a diminuição ou o aumento de
minerais escuros, o gabro passa, aos poucos, a anortosito ou peridotito, respectivamente. Quando o gabro
contém sílica livre na forma de quartzo (no máximo até 10%), a rocha recebe o nome de quartzo-gabro.
Quando a composição mineralógica é formada por mais de 90% de plagioclásios (oligoclásio, andesina
até bitownita), a rocha é referida como anortosito. Esta é leucocrática de coloração variando do cinza ao
branco. Entre os minerais acessórios citam-se piroxênio, olivina e óxidos de ferro. O anortosito possui textura
granular. Ás vezes apresenta acamamento similar ao apresentado pelo gabro.
i) Diabásio
O diabásio é uma rocha escura (melanocrática), podendo apresentar, porém, coloração cinzenta ou
esverdeada e às vezes mosqueada de preto e branco. Mineralogicamente apresenta composição similar à do
gabro, isto é, constituído de plagioclásio (labradorita), augita e óxidos de ferro. Alguns diabásios podem conter
quartzo (quartzo-diabásio), hornblenda ou biotita. O quartzo-diabásio é o equivalente hipabissal do quartzo-
gabro.
Os diabásios apresentam granulação média com textura ofítica e eventualmente porfirítica. Os
ocasionais fenocristais podem ser de olivina (olivina-diabásio) e/ou piroxênio ou plagioclásio. Em alguns
diabásios são encontradas vesículas e amídalas geralmente preenchidas com minerais secundários.
j) Basalto
Os basaltos representam os equivalentes efusivos dos gabros e diabásios. Constituem as rochas
efusivas mais freqüentemente encontradas na parte superior da crosta terrestre: formam o fundo dos oceanos e
ocorrem nos continentes, originando extensos planaltos basálticos. No Brasil, ocorrem extensivamente nas
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bacias do Paraná e do Parnaíba. A quantidade de lavas basálticas supera em muito o conjunto de todos os
outros tipos de lavas.
O basalto, normalmente, constitui uma rocha melanocrática, densa, finamente granulada, holocristalina
ou hialocristalina. Ás vezes se apresenta porfirítica, com fenocristais tabulares branco-cinzentos de plagioclásio,
lustrosos de piroxênio ou esverdeados e com brilho vítreo, de olivina. A massa fundamental consiste em
plagioclásio (geralmente labradorita), piroxênio, olivina e magnetita, além de diversos minerais acessórios.
k) Peridotito
O peridotito é uma rocha ígnea ultramáfica composta de olivina, piroxênio e/ou hornblenda, sem ou
com pouco feldspato, onde o mineral essencial é a olivina, ocorrendo, às vezes como acessórios a cromita e a
granada. A designação dunito refere-se à rocha formada exclusivamente de olivina.
A coloração do peridotito varia de verde fosco a preto, e a do dunito de verde-clara até escura, com
manchas amareladas a castanhas.
O peridotito possui textura granular (média a grosseira). A textura poiquilítica ocorre freqüentemente,
enquanto que a porfirítica é muito rara. Ocorre em diques, sills e pequenos stocks.
l) Piroxenito
O piroxenito é constituído predominantemente por clinopiroxênios ou ortopiroxênios. Entre os minerais
associados podem ocorrer: olivina, hornblenda, óxidos de ferro, cromita ou biotita. Os feldspatos podem
aparecer em pequenas quantidades ou estão ausentes. É uma rocha de coloração verde, verde-escura até
preta. A textura é granular (média a grosseira).
Ocorre na forma de pequenas intrusões (stocks ou diques) e como camadas individuais dentro de
seqüências diferenciadas do gabro.
As rochas ultramáficas (peridotitos, piroxenitos), via de regra, são de origem plutônica profunda.
Aquelas que se formaram na superfície foram extrudidas juntamente com magmas basálticos.
intempéricos, bem como da deposição de qualquer material proveniente da atividade orgânica (animal ou
vegetal) ou precipitação de soluções químicas.
Elas representam a ação dos processos geológicos naturais através dos tempos, e seu estudo permite
reconstituir os eventos da história geológica da Terra como, por exemplo, determinar quais foram as condições
paleoambientais, paleoclimáticas ou paleogeográficas em que se deu a deposição das diversas seqüências de
sedimentos.
2.3.1 Gênese
Para a formação das rochas sedimentares, geralmente são necessárias quatro etapas: destruição das
rochas preexistentes; transporte dos produtos resultantes dessa destruição; deposição desses produtos numa
bacia de sedimentação; transformação dos sedimentos soltos em rocha compacta (diagênese).
a) Destruição das rochas preexistentes: essa destruição será efetuada através da ação conjunta do
intemperismo e da erosão;
b) Transporte dos produtos originados pelo intemperismo: os produtos originados pela fragmentação e
decomposição intempérica das rochas (fragmentos de rochas ou minerais e compostos solúveis), bem como
fragmentos de organismos mortos ou produtos de origem orgânica, serão transportados pelos agentes
externos como a água, o vento, as geleiras e a gravidade;
c) Sedimentação: as partículas que foram transportadas mecanicamente sofrerão decantação e serão
acumuladas quando a velocidade do agente transportador diminuir, originando, inicialmente, os depósitos
sedimentares inconsolidados. Os compostos solúveis, transportados em solução, sofrerão precipitação
química, como conseqüência direta de alterações físico-químicas do meio, ou indiretamente, através da
atividade de organismos;
d) Diagênese: conjunto de processos que atuam após a deposição das partículas, transformando-as em
agregados naturais, denominados rochas sedimentares. Durante a diagênese os principais processos que
atual são a compactação e a cimentação.
d.1) Compactação: é a consolidação provocada pela pressão das camadas superiores, ocasionando uma
diminuição dos espaços vazios nos sedimentos.
d.2) Cimentação: é a percolação de soluções nos interstícios dos fragmentos e deposição da substância
que estava dissolvida, aglutinando (cimentando) as partículas. Nem sempre o material cimentante
provém da própria rocha. Os principais materiais cimentantes são: carbonatos, sílica, óxido de ferro
(limonita) e argila.
O material clástico procede diretamente do transporte dos produtos sólidos do intemperismo das rochas
preexistentes. Nas bacias de sedimentação, os depósitos químicos formam-se pela evaporação ou precipitação
dos sais solúveis provenientes da alteração química das rochas da área-fonte. Os sedimentos orgânicos, por
sua vez, derivam direta ou indiretamente das atividades vitais dos animais ou plantas. Geneticamente, as
rochas sedimentares podem ser: residuais, detríticas, químicas ou orgânicas. Os sedimentos apresentam-se,
inicialmente, como rochas incoerentes que se consolidam com o tempo, pela ação de material cimentante.
turbidez) formam depósitos de maior irregularidade textural no que diz respeito à distribuição do tamanho dos
grãos.
A dimensão das partículas constitui igualmente um critério para avaliar a distância do transporte ou a
energia ambiental. As rochas mais grosseiras indicam geralmente maior proximidade da área-fonte, enquanto
que as mais finas sugerem maior distância.
Dependendo da quantidade de abrasão, os fragmentos de rochas e as partículas minerais podem ser
arredondados, subarredondados, subangulares ou angulares. Os sedimentos derivados da ação glacial ou da
ação direta da gravidade são, via de regra, angulares, enquanto que as partículas movidas pela água ou ventos
se apresentam mais arredondadas.
A morfoscopia (arredondamento, esfericidade e textura superficial) é empregada juntamente com
outros caracteres de textura na descrição das rochas sedimentares, bem como no estudo dos agentes
geológicos e dos processos operantes no ambiente de sedimentação. Os dados morfoscópicos constituem
informações complementares que, isoladamente, não resolvem os problemas genéticos das rochas
sedimentares. Entretanto, quando utilizados em conjunto com outros elementos texturais, estruturais e
estratigráficos, permitem melhor compreensão do ambiente de sedimentação e dos processos operantes na
área-fonte.
ri
∑ N
P=
R
Fig. 21 – Grau de arredondamento de partículas
O grau de esfericidade indica quanto a forma de uma partícula aproxima-se de uma esfera. A
comparação visual é a forma mais simples e rápida para a determinação desta grandeza (Fig. 22). O grau de
esfericidade pode ser expresso pela seguinte fórmula:
Volume da partícula
G.e = 3
Volume da esfera que circunscre ve a partícula
ALTA
ESFERICIDADE
BAIXA
ESFERICIDADE
densos (corrida de lama). A ação glacial é igualmente incapaz de selecionar os diferentes materiais,
depositando simultaneamente partículas grosseiras e finas.
Uma rocha sedimentar possui textura oolítica quando é constituída, em grande parte, por oólitos.
Estes são formas esféricas ou subesféricas, com diâmetro variando de 0,25 a 2 mm, de natureza
acrescionária. Quando estas formas esféricas ou subesféricas possuem diâmetro superior a 2 mm, são
denominadas pisólitos e a textura é pisolítica.
Quanto ao tempo em que foram formadas, elas podem ser singenéticas ou primárias e
epigenéticas ou secundárias. As primeiras são formadas durante a deposição ou pouco tempo após a
deposição do sedimento. As epigenéticas são formadas muito depois da sedimentação.
Chama-se interface a superfície sobre a qual está se processando a sedimentação. Uma rocha
sedimentar possui, portanto, muitas interfaces que correspondem ás diversas fases em que esteve exposta
antes de ser recoberta por camadas sucessivas de sedimentos. Muitas das estruturas singenéticas formam-
se sobre as interfaces de deposição.
A situação de tais estruturas em relação aos corpos litológicos pode ser interna ou externa, segundo
se localizem dentro da unidade litológica ou entre as unidades litológicas. Finalmente, quanto á origem, elas
podem ser classificadas em físicas, químicas ou orgânicas.
a.1) Estratificação - um dos aspectos mais característicos das rochas sedimentares é sua deposição em
estratos ou camadas, umas sobre as outras. A estratificação é salientada pelas diferenças de
composição, textura, dureza, coesão ou cor, dispostas em faixas aproximadamente paralelas. Algumas
camadas não apresentam estratificação nítida. Ela pode estar oculta e vir a ser realçada pelo
intemperismo ou percebida pelo exame com raios X. Outras vezes a estratificação está completamente
ausente (estrutura maciça).
a.3) Estrutura gradacional - Na estrutura gradacional verifica-se, numa mesma camada, uma mudança
progressiva da granulação do sedimento, de sorte que o tamanho do grão diminui de baixo para cima
até aumentar abruptamente na camada seguinte. Esta, por sua vez, apresenta a mesma característica
em relação à que se segue (Fig. 25 e 26).
a.4) Imbricação - Nos depósitos rudáceos, com freqüência os seixos apresentarem imbricação, isto é,
orientarem-se com o eixo longo inclinando no sentido de onde vem a corrente. O estudo estatístico da
imbricação permite determinar o sentido do transporte (Fig. 27).
a.5) Marcas ondulares - As marcas ondulares são produzidas por correntes (fluxos) de água ou ar.
Encontram-se principalmente em sedimentos arenosos e menos freqüentemente em siltitos. Existem
diversas formas de marcas ondulares, que estão condicionadas a vários fatores, como velocidade das
correntes, movimentos das ondas, suprimento e granulação dos sedimentos e profundidade da água.
Prestam-se para determinação da direção da corrente. Podem ser simétricas (geralmente causadas
por oscilação), ou assimétricas (correntes) (fig. 14).
a.6) Gretas de contração - As gretas de contração são abundantes em algumas seqüências geológicas,
como, por exemplo, nos siltitos da Formação Teresina. São freqüentes nos depósitos síltico-argilosos
e nos calcários e praticamente ausentes nos sedimentos arenosos. A origem das gretas está ligada à
perda de água pelo sedimento, o que ocasiona sua contração. Elas são limitadas por polígonos
irregulares (Fig. 29).
b.2) Diques clásticos - são corpos tabulares de material clástico, que cortam discordantemente as
camadas. Geralmente são constituídos de arenito. Como exemplo pode-se citar os diques de arenito
(Arenito Botucatu) cortando os basaltos do Grupo São Bento. A areia, neste caso, veio de baixo para
cima, tendo sido empurrada (injetada) através de diáclases do basalto. Esses arenitos normalmente
estão silicificados.
c) Estruturas Químicas
As estruturas deste tipo são freqüentes praticamente em toda seqüência paleozóica do Brasil, onde
ocorrem sob os mais diversos aspectos. De modo geral, são consideradas epigenéticas ou secundárias,
desenvolvidas, portanto, após a sedimentação. Entre elas podem ser citados os nódulos e as concreções.
c.1) Nódulos - Os nódulos ocorrem em grandes quantidades em vários horizontes dos folhelhos
carbonosos e pirobetuminosos da Formação lrati. São irregulares e de tamanho variado, sendo os
mais comuns de 2 a 10 mm. Geralmente ocorrem paralelos à estratificação. Os nódulos da Formação
lrati são constituídos de sílex (Fig. 30).
c.2) Concreções - Diferem dos nódulos pelo seu tamanho (dimensões maiores) e pela presença de
estrutura interna. Suas formas são variadas, sendo mais comuns as esferoidais, embora ocorram com
relativa freqüência formas discóides. Os tamanhos também variam, tendo sido observadas concreções
na Formação lrati com até 50 a 60 cm de diâmetro. A maioria das concreções possui estrutura interna
concêntrica (Fig. 31).
Entre as estruturas de origem orgânica citam-se: perfurações por animais, pegadas, pistas,
coprólitos, várias modalidades de fósseis, bioturbações (estratificação irregular).
As rochas sedimentares detríticas ou clásticas são formadas por fragmentos de minerais e/ou
rochas, provenientes da fragmentação e decomposição de rochas preexistentes. De acordo com os
intervalos granulométricos, são divididas em três grupos: rudáceas (grosseiras), arenosas e
síltico/argilosas.
As rochas sedimentares constituídas por fragmentos grosseiros, de tamanho maior do que areia
(>2mm), isto é, compostos de seixos ou blocos, são referidas como rochas rudáceas. Nela os constituintes
grosseiros são denominados fenoclastos. De acordo com o grau de arredondamento destes, os depósitos
rudáceos subdividem-se em:
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a.1.1) Brechas - rocha sedimentar rudácea com predomínio de fragmentos angulosos. Nas brechas, o
transporte foi pequeno ou praticamente inexistente. As acumulações de cascalho residual nas
vertentes ou os depósitos de talus no sopé dos terrenos íngremes, quando litificados, constituem as
brechas sedimentares, caracterizadas pela angulosidade dos fragmentos constituintes. Os depósitos
de cascalho residual ou de talus são característicos de clima semi-árido, das regiões desérticas ou
polares. As brechas também podem ser formadas nos movimentos de massa causados pelos
desmoronamentos subaéreos ou escorregamentos subaquáticos em ambiente lacustre ou fluvial.
As rochas arenáceas são constituídas principalmente por material clástico de tamanho "areia", entre
0,062 e 2 mm. Sua composição é variada, indo desde os arenitos limpos (compostos de areia quartzosa) até
os impuros (wacke), nos quais a areia se encontra misturada com silte e argila. Os arenitos limpos são, em
geral, bem selecionados, podendo conter pequena quantidade de argila. Por outro lado, os arenitos impuros,
via de regra, são menos selecionados e constituem misturas de material detrítico, muitas vezes de natureza
heterogênea, envolvidos numa matriz de silte e argila.
Os arenitos são formados em numerosos ambientes de sedimentação: marinho, lacustre, praial,
estuarino, fluvial, eólico e periglacial. Quando, durante o transporte, as areias são bem lavadas e
selecionadas pelas correntes, formam-se arenitos limpos.
a.2.1) Arenitos - possuem coloração variada: geralmente são amarelados, avermelhados, cinzentos,
castanhos ou brancos. A granulação média constitui textura comum. Via de regra, são bem
selecionados e apresentam-se bem estratificados, muitas vezes com estratificação cruzada, marcas
de ondulação, concreções ou fósseis. O quartzo constitui o mineral principal, podendo ocorrer,
igualmente, feldspato, mica ou outros minerais. Os grãos podem estar cimentados por uma matriz
argilosa ou por sílica, calcita ou óxido de ferro.
a.2.2) Arcósios - possuem granulação que varia de média a grosseira. São de coloração branca, cinzenta,
rosada ou avermelhada. Sua textura mostra abundantes grãos angulares a subangulares. Alguns se
apresentam estratificados. Contêm quartzo com 25 a 50% de feldspato, além de biotita ou moscovita,
entre outros minerais. Os arcósios originaram-se da desintegração dos granitos e gnaisse-granitos e
foram depositados durante períodos de clima semi-árido.
a.2.3) Grauvaca - Constitui uma rocha de coloração cinza até cinza-escura, formada por grãos angulares.
Apresenta com freqüência estrutura gradacional. Os grãos grosseiros consistem em quartzo,
feldspato e fragmentos de rocha. A matriz é muito fina.
a.3.1) Siltitos - os siltitos são rochas clásticas finas, com pelo menos 50% de partículas de silte (0,004 a
0,062 mm). Apresentam-se, em geral, finamente estratificados, porém os fenômenos de bioturbação
podem obscurecer ou destruir a estratificação. Sua coloração pode ser cinza, negra, castanha ou
amarela. Devido à sua granulação fina, os minerais são dificilmente percebidos. A mica pode estar
presente em alguns estratos. É comum, nos siltitos, a presença de nódulos, concreções ou fósseis.
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a.3.2) Argilitos e folhelhos - são rochas clásticas de granulação muito fina, formadas de partículas
menores do que 0,004 mm de diâmetro. Os folhelhos apresentam-se finamente laminados, enquanto
que os argilitos mostram um aspecto maciço. Essas rochas consistem numa mistura de minerais
argilosos com grãos de quartzo, feldspato e mica. A coloração é variável, branca, cinzenta,
amarelada, avermelhada ou preta. Os folhelhos pretos são ricos em material carbonoso ou
betuminoso, e neles também é comum a ocorrência de pirita e gipso. No Brasil, os folhelhos
pirobetuminosos da Formação lrati representam uma reserva considerável de combustíveis minerais.
a.1) Rochas silicosas - O sílex constitui um depósito de sílica finamente cristalizada ou criptocristalina.
Ocorre freqüentemente em nódulos ou concreções em rochas calcárias ou dentro de outras
formações. A origem da maioria das ocorrências de sílex é, sem dúvida, a substituição de carbonato
de cálcio por sílica.
a.3) Rochas ferruginosas - O ferro é o quarto elemento mais abundante na crosta terrestre e muitas
rochas sedimentares terrígenas contêm substancial quantidade de óxidos e silicatos de ferro. Os
sedimentos ferruginosos podem apresentar-se sob a forma de quatro tipos principais de minerais:
óxidos ou hidróxidos (goethita, hematita e magnetita), carbonatos (siderita), silicatos (chamosita,
greenalita, glauconita, estilpnomelano) e sulfetos (pirita e marcassita). Mais de uma variedade de
minerais podem ocorrer dentro de um único depósito, podendo estar repetidas na seqüência
estratigráfica ou mostrar mudanças laterais de um tipo para outro.
a.4) Depósitos evaporíticos - os evaporitos são depósitos salinos formados principalmente a partir da
evaporação da água do mar em salinas marinhas, lagunas e mares reliquiares. As condições mais
propícias para sua formação são encontradas em locais com limitada circulação de água e clima
seco, onde a evaporação é maior que a precipitação. Os depósitos sedimentares assim formados,
denominados evaporitos, constituem cerca de 3% do total das rochas sedimentares. A água do mar
contém aproximadamente 34,5 gramas por litro de sais dissolvidos. Esses compostos dissolvidos
vão ser precipitados na ordem aproximadamente inversa da solubilidade dos sais a serem formados.
Quando a água normal do mar é concentrada por evaporação a aproximadamente 3,35 vezes a
salinidade original (a 30°C), a gipsita (CaSO4.2 H2O) começa a se precipitar. A halita (NaCl), que é
um sal muito mais solúvel, inicia sua precipitação quando a água atinge cerca de 1/10 do volume
original. Os minerais menos solúveis são os primeiros a ser precipitados, formando-se então os
vários tipos de evaporitos. São formados principalmente depósitos de carbonato, sulfatos, cloretos,
boratos e fluoretos.
a.1) Calcários - os calcários são rochas sedimentares que contêm mais de 50% de carbonato de cálcio.
As impurezas incluem quartzo, argila, óxido de ferro e fragmentos de rochas, entre outros materiais.
Os vários tipos de calcários são classificados tendo por base a textura ou qualquer outra propriedade
significativa; por exemplo: calcário cristalino, calcário microcristalino, calcário oolítico, calcário
fossilífero, coquina etc. A coloração é variável: branca, cinzenta, creme, amarelada, avermelhada,
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castanha ou preta. A textura pode variar de granulação muito fina até grosseira, de aspecto
sacaróide. Freqüentemente há estratificação, bem como numerosos fósseis. O calcário é formado
essencialmente por calcita. A sílica está presente em forma de sílex finamente cristalizado, formando
estratos ou massas nodulares. O quartzo, silte ou argila ocorrem em quantidades variáveis.
a.2) Silicosas - são rochas sedimentares formadas por restos ou fragmentos de organismos que
apresentam esqueleto ou carapaça silicosa. Como exemplos citam-se os diatomitos, formados por
carapaças de diatomáceas; espongólitos ou espongiolitos, formados pelo acúmulo de espículas
silicosas de esponjas;
a.4) Rochas sedimentares carbonosas - são rochas ricas em carvão, divididas em dois grupos
principais: 1) grupo húmico (série do carvão) e 2) grupo sapropelítico (rochas oleígenas). O carvão é
uma rocha sedimentar formada integralmente por processos bioquímicos. Ele é originado por
acumulação de detritos vegetais, sob condições anaeróbicas, em regiões pantanosas. Os principais
tipos de rochas carbonosas da série do carvão são: turfa, linhito, hulha e antracito.
a.4.1) Turfa - é um sedimento de origem vegetal que se encontra nas formações sedimentares de idade
recente e continua em formação nos dias atuais. As turfas são sempre formadas de plantas
herbáceas (principalmente musgos e ciperáceas), mas também, às vezes, são constituídas
predominantemente de plantas lenhosas arborescentes, como acontece nos pântanos da costa
oriental dos Estados Unidos. As propriedades físicas e químicas das turfas são muito variáveis. A
densidade em geral é muito baixa (em torno de 1 g/cm3), e o teor em carbono total varia entre 55% e
65% do peso seco. O teor de umidade varia de 65% a 90%. O poder calorífico é baixo, sendo de
3.000 a 5.000 calorias/grama em estado seco.
a.4.3) Hulha - A hulha constitui o carvão negro encontrado em sedimentos do Paleozóico e do Mesozóico
Inferior. Ela é formada também por restos vegetais, cujas estruturas são observáveis ao microscópio
em pequenas partes em meio a um fundo desprovido de estruturas reconhecíveis. A densidade da
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hulha é da ordem de 1,2 a 1,5 g/cm . Seu teor em carbono total varia de 75% a 90% com teores
variáveis de matéria mineral. O conteúdo de água é da ordem de 2% a 7%. No Brasil, a hulha é
encontrada nos Estados sulinos, abrangendo principalmente Rio Grande do Sul e Santa Catarina,
embora pequenas quantidades ocorram também no Paraná e em São Paulo. O poder calorífico dos
carvões brasileiros é da ordem de soco a 6800 calorias/grama.
a.4.4) Antracito - Normalmente, a hulha e o antracito formam, em conjunto, o que é conhecido sob o
nome de carvão mineral. O antracito é um carvão com densidade entre 1,4 a1,7 g/cm3, com aspecto
vítreo, de fratura brilhante e conchoidal, e com 90% a 93% de carbono. Este carvão é pobre em
voláteis e de poder calorífico superior a 8.000 calorias/grama. São raras as ocorrências de antracito
no Brasil e provem em geral da destilação da hulha do sul do país, devido a intrusões de diques e
sills de diabásio.
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2.4.2.1 Temperatura
Os principais agentes do metamorfismo são as altas temperaturas, grandes pressões e ambiente
químico reinante em grandes profundidades da crosta terrestre.
Quando uma rocha é submetida a mudanças por um ou mais de um desses fatores, sobrevêm
perturbações no equilíbrio físico e químico de sua associação mineral. O estabelecimento de novo equilíbrio
resulta no metamorfismo da rocha. Através deste, os constituintes minerais são transformados em outros
mais estáveis sob as novas condições.
A temperatura constitui, provavelmente, um dos fatores mais importantes nos processos
metamórficos. Abaixo de 200° C, as reações são muito lentas; acima de 800 a 1.000° C, a rocha funde.
Desse modo, o metamorfismo tem lugar entre as temperaturas de 200 e 1.000° C.
O calor pode ser fornecido pelo aumento natural de temperatura com a profundidade (grau
geotérmico) ou por câmaras magmáticas adjacentes às áreas de metamorfismo.
2.4.2.2 Pressão
Quanto à pressão, dois tipos devem ser considerados. O primeiro deve-se ao próprio peso do
material sobrejacente, o qual, naturalmente, aumenta com a profundidade. A maioria das rochas
metamórficas forma-se a menos de 20 km de profundidade, isto é, a menos de 6.000 atmosferas de
pressão. A ação do peso do material sobrejacente constitui a pressão uniforme ou litostática.
O segundo tipo de pressão, denominado pressão dirigida (stress), deve-se aos esforços tectônicos
relacionados aos movimentos da crosta terrestre.
a) Metamorfismo de contato
Ocorre no contato entre grandes massas ígneas intrusivas e rochas encaixantes, geralmente
sedimentares. Há uma acentuada ação do calor sobre a rocha encaixante (sedimentar) que, em
conseqüência, recristaliza-se, exibindo novos minerais. O amplo gradiente de temperatura, decrescente do
contato intrusivo em direção à encaixante não afetada pelo calor, origina uma auréola de rochas
metamórficas ao redor do corpo intrusivo, ou seja, o metamorfismo é mais intenso na zona de contato entre
o magma e a rocha encaixante, diminuindo com a distância do corpo ígneo. Os derrames de lavas
produzem ação de cozimento na parte superficial das rochas subjacentes. Por exemplo, o Arenito Botucatu
encontra-se cozido no contato com o derrame de lavas basálticas da Bacia do Paraná.
b) Metamorfismo dinâmico
Ocorre ao longo de planos de falhas, em ambiente de profundidade moderada, sob condições de
alta pressão e baixa temperatura, onde as rochas sofrem deslocamentos devidos aos poderosos
movimentos da crosta.
As tensões devidas às pressões direcionais constituem os principais fatores que causam o
fraturamento e a fragmentação mecânica das rochas (cataclase), reduzindo-as, freqüentemente, a pó
(milonito).
42
c) Metamorfismo regional
É o metamorfismo que se processa em grandes profundidades da crosta abrangendo grandes
extensões, ao contrário dos metamorfismos de contato e dinâmico que se restringem a áreas relativamente
pequenas. Formam grande parte dos escudos cristalinos.
O processo desenvolve-se numa faixa de temperatura de 200oC a 1.000o C e pressões de até
10.000 Bars. Relaciona-se aos movimentos da crosta terrestre. Parte da pressão envolvida no processo
resulta de esforços direcionais (pressão dirigida).
A ação conjugada da temperatura e da pressão resultantes dos movimentos tectônicos dá origem
ao metamorfismo dinamotermal, característico das regiões dobradas dos grandes cinturões orogênicos,
onde se formam os xistos e gnaisses.
Filito - os filitos formam-se sob condições de baixo grau de metamorfismo, porém mais intensas do
que aquelas que dão origem às ardósias. Possuem granulação fina ou média e coloração geralmente
acinzentada ou esverdeada, com brilho prateado (acetinado). São compostos essencialmente de clorita e/ou
moscovita. Com o aparecimento de finas camadas quartzo-feldspáticas, os filitos passam gradualmente a
xistos (micaxistos).
A xistosidade encontra-se bem desenvolvida devido à orientação paralela das pequenas placas
minerais. Freqüentemente ocorrem pequenas dobras ou corrugações.
Xistos - resultam de um grau pouco mais elevado de metamorfismo do que o dos filitos. São
formados a maiores temperaturas, a partir de diversos tipos de rochas originais, sedimentares ou ígneas.
Caracterizam-se pelo arranjo paralelo dos constituintes minerais e pela esfoliação pronunciada. Diferenciam-
se dos filitos pela textura mais grosseira e pela tendência a apresentar clivagem ondulada. As placas dos
minerais micáceos mostram nítido alinhamento ao longo da superfície de xistosidade. Os xistos das regiões
intensamente deformadas apresentam várias direções de xistosidade, sendo que a mais nítida delas se
relaciona ao último episódio de metamorfismo regional.
A clorita-xisto possui, geralmente, coloração esverdeada, às vezes acinzentada. Trata-se de uma
rocha de granulação fina a média, com xistosidade bem desenvolvida. A clorita constitui o mineral essencial.
Ocasionalmente, ocorrem porfiroblastos de albita.
O sericita-xisto e o moscovita-xisto constituem tipos de rochas de coloração cinzenta ou
esbranquiçada, de granulação fina, média ou grosseira. Ambos apresentam xistosidade bem desenvolvida.
O mineral dominante é a mica branca. Quando ela se apresenta finamente granulada, denomina-se sericita,
e a rocha, sericita-xisto. Quando a mica é mais grosseira, a rocha é conhecida como moscovita-xisto.
A biotita-xisto é uma rocha de granulação fina, média e grosseira, geralmente de coloração castanha
ou preta. A xistosidade, bem desenvolvida, é o resultante da orientação paralela ou subparalela das palhetas
de mica. A biotita constitui o mineral predominante, sendo facilmente reconhecida pelo seu aspecto
característico. A clorita, a moscovita, o quartzo e o feldspato podem ocorrer em proporções variáveis. O
biotita-xisto origina-se de sedimentos argilosos (pelíticos) metamorfisados, constituindo rochas comuns na
maioria dos terrenos cristalinos.
Migmatitos - são rochas mistas constituídas por um componente antigo (hospedeiro), geralmente
xisto ou gnaisse, e um componente granítico. Este forma camadas, bolsões ou veios, ou então se encontra
distribuído uniformemente nas rochas como porfiroblastos de feldspato ou agrupamentos de feldspato e
quartzo (granitização).
Se a granitização é muito intensa, a rocha pode assemelhar-se a um granito em sua composição,
porém as estruturas originais, como camadas, dobras etc., podem ainda ser percebidas (estruturas-
fantasma).
Os quartzitos, anfibolitos e rochas calcárias resistem à granitização e formam massas isoladas no
interior do migmatito. Os veios ptigmáticos constituem prova de que a rocha, durante o processo
metamórfico, possuía certa plasticidade.
O componente xistoso ou gnáissico dos migmatitos possui coloração escura, enquanto que a parte
granítica é de cor esbranquiçada, rosada ou cinzenta. Os migmatitos apresentam granulação média a
grosseira, possuem xistosidade e textura gnáissica.
A porção escura dos migmatitos é formada por minerais próprios dos xistos e gnaisses. A parte
clara é composta essencialmente por feldspatos alcalinos e quartzo.