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Ángel Amor Ruibal sobre o milagre, o ato sobrenatural, a criação e a "potência obediencial"

A filosofia espanhola do século XX, cumpriu um papel notável: em diálogo com Miguel de
Unamuno, José Orrtega y Gasset inspirou a chamada, por Julián Marías, "Escola de Madrid":
Xavier Zubiri, o próprio Marías, Manuel García Morente, José Ferrater Mora, María Zambrano,
José Luís Aranguren, Pedro Laín Entralgo...

À parte deste grupo de tendência mais contemporânea, houve, na filosofia espanhola, um


autor menos conhecido e de tendência escolástica, o erudito sacerdote Ángel Amor Ruibal.
Nesta postagem traduzo alguns trechos do livro Cuatro manuscritos inéditos, que revelam seu
pensamento acerca de algumas questões situadas numa interface entre filosofia e teologia.

***

Excertos de AMOR RUIBAL, Ángel. Cuatro manuscritos inéditos: Los principios de donde recibe
el ente la existencia. Naturaleza y sobrenaturaleza. Existencia de Dios. Existencia de Dios según
mi exposición. Madrid: Gregos: 1964.

"O que constitui, pois, lei comum da natureza na ordem atual dela poderia muito bem haver
sido lei extraordinária em outra ordem possível, que, por seu turno, poderia constituir norma
comum das coisas. No exercício não relativo da potência passiva ou da potência ativa, ou de
ambas, mediante intervenção sobrenatural, está o fundamento da teoria dos milagres. Os
milagres, que costumam dizer-se super, praeter, contra naturam, não são sobre, nem fora,
nem contra a natureza considerada em absoluto, senão fora da ordem atual da natureza, e por
conseguinte, super, praeter, contra a ordem relativa que se nos oferece nela. Se assim não
fosse, a natureza não poderia ser jamais sujeito nem instrumento dos milagres, porque é
absurdo que uma natureza seja sujeito ou instrumento daquio que está em absoluto fora de
sua potencialidade, pois seria e não seria ao mesmo tempo instrumento e natureza. Deus não
pode elevar a natureza a nenhuma ordem que repugne à natureza mesma sem destruí-la e,
portanto, sem que deixe de ser instrumento de sua ação. Por conseguinte, toda elevação que
não destrói a natureza, não repugna a ela, e tudo o que não repugna à natureza está dentro de
suas leis absolutas ou possíveis..." (pp. 100-101).

***
"É necessário para o ato sobrenatural o concurso divino ordinário, a eficiência humana e a
divina especial da sobrenaturalidade do ato.

Se agora se formula a questão de se a natureza é causa parcial com a graça do ato


sobrenatural, é necessário distinguir. Comparando a natureza com a graça, a questão não tem
sentido, porque, como fica dito, a graça é uma modalidade do ato da natureza. Comparando o
ato da vontade humana com Deus, nesse caso é mister admitir que Deus e o homem são
causas parciais da ação, de tal sorte, sem embargo, que de um e outro é todo o efeito
totalitate sua. Nem Deus só nem o homem só poderiam produzir um ato sobrenatural
[realizado pelo homem]; por conseguinte, Deus e o homem não podem ser senão causas
parciais do ato sobrenatural. Mas, ao mesmo tempo, sendo um mesmo o ato vital e o ato
sobrenatural, todo o ato é ao mesmo tempo de Deus e da criatura, pelo qual, o efeito é total
de ambas causas, como se verifica frequentemente nos efeitos da causalidade na natureza.

Pode-se estabelecer comparação entre a vontade e Deus, tomando a primeira como faculdade
puramente natural a respeito do ato sobrenatural que mediante a elevação executa. Neste
caso, deve-se dizer que o ato sobrenatural é exclusivo em sua totalidade de Deus, porque
equivale a comparar um ato da natureza só com o ato da mesma enquanto elevada, ou seja,
com o que há de sobrenatural no ato natural, e é claro que o ato enquanto natural nada
significa na ordem sobrenatural que o informa; ou seja, a natureza, intervindo no ato
sobrenatural, não dá nada de sobrenatureza, que exclusivamente é obra de Deus" (pp. 106-
107).

***

"A potência passiva supõe um sujeito dela, e se a toda potência ativa correspondesse sua
potência passiva, a potência infinita não poderia exercer-se nunca como tal, ou seja, não
existiria potência infinita; porque o atuar sobre uma potência passiva não requer potência
infinita, senão que é próprio de toda potência finita. Portanto, toda criação, toda produção do
nada, seria impossível naquela hipótese. Dá-se, pois, potência ativa à qual não corresponde
potência passiva, senão a potência lógica ou de possibilidade pura. O lugar da potência passiva
é ocupado pelo termo passivo do possível, sem o qual seria absurda a potência ativa" (p. 108).

"[...] À potência ativa como tal, não lhe corresponde um ato que seja perfeição dela, senão
simplesmente um ato que dela procede, enquanto produz o efeito. Daqui que a potência ativa
não pode contrapor-se ao ato, pois a divisão de ato e potência ativa é, na realidade, uma
divisão do ato mesmo. Se é possível dividir a potência ativa e o ato é enquanto o ato significa o
efeito, que é termo da potência ativa, da qual depende e necessariamente se distingue [nota:
no caso da Ação criadora, este efeito é a criatura].

O ato próprio da potência ativa, enquanto cabe assinalar-lhe algum que não seja a potência
mesma, é a ação, mais não o efeito; porque é claro que o ato da potência há de ser algo
intrínseco a ela, e nenhum efeito constitui a potência ativa, senão que, enquanto é efeito a
supõe constituída. O oposto acontece com a potência passiva, cujo ato é sempre perfectivo da
potência, informando-a e atuando-a como tal potência" (p. 111).

"O antes e depois estão sempre dentro do tempo e das coisas temporais, mas não fora delas e
como medida exterior a que possam ajustar-se. Por isso, aumentar o antes ou o depois
indefinidamente não é mais que aumentar indefinidamente o tempo, sem sair jamais dele. Se
Deus pôde criar antes o mundo, e o mundo pôde preceder em sua existência àquela que tem,
tudo isto diz respeito à duração na coisa mesma, nunca diz respeito à eternidade de Deus, o
qual vê sua duração diversa nelas, mas sem que a tenham a respeito da eternidade [...]

[...] Não se pode dizer que Deus tenha podido criar o mundo desde a eternidade, nem
tampouco que desde a eternidade não tenha podido criá-lo, porque a eternidade não pode ser
tomada como ponto de partida para admitir maior ou menor duração nos seres criados sem
incorrer em contradição. Pôde Deus fazer que o mundo tivesse uma duração imensamente
maior, mas não que correspondesse mais à eternidade em si; de outra sorte, seria necessário
admitir graus de mais ou menos eterno.

O mundo, pois, é eterno atualmente com a mesma eternidade que podia ter em qualquer
outro ordem de Providência, porque não estaria nunca nem mais longe nem mais próximo de
toda eternidade em nenhuma hipótese possível que se imagine. E se ao remontar para atrás
séculos indefinidos a existência do mundo pode servir para algo, não é certamente para
aproximá-lo à eternidade, senão, de certo modo, para afastá-lo mais dela, pois, sendo o tempo
a antítese da eternidade, quanto mais se multiplique aquele tanto mais se realiza a afirmação
antitética desta ou exclusiva do eterno.

[...] "Não importa que a potência seja infinita ou eterna, se a natureza da coisa não permite
que esta seja eterna ou infinita; neste caso, a natureza será sempre finita ou temporal, sem
exceção possível. E, sendo a eternidade na potência um atributo essencialmente extrínseco ao
ato de todo ser contingente, não pode em nenhum caso convir intrinsecamente a este sem
deixar de ser o que é; desta sorte, o ato não pode menos que estar sempre em presença de
toda a eternidade que corresponde à potência da qual depende, sem embargo de distar tanto
de ser ato eterno como dista de ser a potência em ato que o produz" (pp. 118-119).
***

"A teoria da potência preternatural não pode se sustentar fixando um quadro das essências
das coisas como tipos imutáveis dentro dos quais se reproduz cada objeto da natureza. Neste
caso, ou a natureza não responde ao tipo de sua essência ou o tipo da essência não é imutável.
Por outra parte, tais essências, como vimos, não são coisa alguma sem relação à existência
real, senão a idealidade da existência, de sorte que aquelas só são imutáveis enquanto esta o
seja. Se uma causa natural pode ser elevada a produzir um efeito sobrenatural, a natureza da
causa se faz para aquele efeito verdadeiramente sobrenatural, porque nenhum efeito
propriamente dito de uma causa pode superar a natureza dela. Segundo isto, é necessário
concluir, ou que o efeito não é próprio da causa ou que natureza da causa não é imutável no
círculo natural em que nos figuramos encerrada e determinada.

Dado isto, o nome de sobrenatural não é denominação absoluta que exclua em absoluto a
natureza, senão simplesmente relativa, que exclui o tipo ou os tipos de atividade desenvolvida
segundo a vontade de Deus nas coisas. [...] Dado o caráter absoluto do tipo natural das coisas
e sua imutabilidade intrínseca, não há potência alguma extrínseca, sem excluir a de Deus, que
a modifique para produzir outros efeitos que os que naturalmente lhe correspondem. Suposto
o caráter obediencial da natureza, o tipo que a constituiu não depende das coisas, senão
daquele a cuja vontade aparece subordinado em obediência...

[...] Na ordem dos fatos, temos nós duas classes de limitações que nos impedem definir o tipo
das essências, que não é outra coisa que o tipo da ideia de uma existência realizada em toda
sua plenitude. A primeira é nossa imperfeição cognoscitiva, a qual, salvo em muito poucas
ocasiões, não nos permite dizer o que é a coisa, senão como é a coisa para nós, e isto num
tempo dado. [...] Só as verdades abstratas, que são variantes do princípio de contradição, o
que é, é, aparecem estáveis.

A segunda é o círculo da existência concreta da coisa, o qual, ainda que fosse conhecido em
toda sua plenitude, não equivaleria a conhecer a ideia da coisa em sua plenitude, existindo
outras múltiplas gradações possíveis de existência dentro do mesmo tipo que chamamos
essencial e que depende da divina determinação.

A potência obediencial pode admitir, segundo isso, tantas gradações como são os círculos
possíveis que podem constituir-se na natureza com subordinação à vontade que os determina"
(pp. 132-135).
[...] A potência obediencial das coisas é a respeito de Deus tão ampla como seja a possibilidade
de formas e relações em cada ente finito.

A potência obediencial, pois, é sempre natural nas coisas e não pode deixar de sê-lo sem que
se converta em absurda. A diferença entre a potência obediencial natural e sobrenatural está,
não em um tipo absoluto, senão na ordem respectiva do natural. Para o homem, o círculo
natural está determinado pela natureza a que ele pertence também e pelo que ele pode
transformar nela; para o espírito, o círculo natural abarca a ordem da natureza sensível, mais a
própria [ordem] dos espíritos, e seu poder de transformação está dentro da natureza em sua
categoria; para o Ente infinito, a natureza abarca as ordens existentes dos seres, mais as
ordens possíveis neles, e toda a atividade divina que se exerça é propriamente natural nas
coisas a respeito de Deus e em Deus a respeito das coisas. Resulta, pois, que o natural e o
sobrenatural na potência obediencial são termos relativos e não absolutos.

Daqui que a coisa em si mesma e numa ordem dada da natureza seja sempre a base do
sobrenatural que pode ser atuado na própria coisa. Por isso a potência obediencial passiva não
é mais que a potência passiva natural do ente enquanto é atuada, ou de um modo
sobrenatural, ainda que se trate de uma coisa natural (v.gr., quando um enfermo de gravidade
cura repentinamente), ou por virtude sobrenatural, cujo termo está também fora da natureza,
mas que necessita e exige a natureza como sujeito natural da potência que faz possível dita
sobrenatural atuação.

Diga-se o mesmo da potência obediencial ativa, a qual é a potência ativa da natureza,


exercendo-se em uma ordem de sobrenatureza, enquanto se translada a uma ordem que não
responde a sua natural exigência e se termina em um ato que não é sua natural perfeição. Mas
jamais poderia ser potência sobrenatural de um ente, sem que seja tão própria do ente qual o
é sua potência natural para os atos habitualmente próprios.

Esta relação essencial que a potência obediencial diz à potência natural, e a potência natural à
obediencial, não tem outro fundamento mais que o tratar-se de uma potência da própria
natureza, que se diferencia pelas categorias que a vontade divina quis estabelecer. De outra
sorte não seria possível relação alguma entre o natural e sobrenatural de parte da potência
entitativa" (pp. 136-137 ).
Ángel Amor Ruibal
Escrito por rgonzalo el 24-02-2009 en General.Comentarios (1)

Capítulo 122.- Ángel Amor Ruibal

El siglo XX filosófico español comenzó con Unamuno y Ortega,pero después no


hubo tiempo muerto,pues ya hemos hablado de Julián Marías,Manuel Granell,Paulino
Garagorri,María Zambrano,Antonio Rodríguez Huéscar,José Gaos,Eugenio
d´Ors,Jaume Serra Hunter,Tomàs y Joaquim Carreras Artau y ahora vamos a referirnos
a Ángel Amor Ruibal,filósofo solitario gallego,al que sólo se prestó atención nacional
después de su muerte,pero que ha demostrado encontrarse entre los más interesantes de
su época,siendo precursor del pensamiento lingüístico e instaurador de una metafísica
ontológica no escolástica e inclasificable.
Nacido en 1869 en el seno de una familia rural acomodada,en Porrones
(Pontevedra),y rodeado de la verde Galicia,Ángel Amor Ruibal (1869-1930) fue
educado en el Seminario de Santiago de Compostela,y obtuvo,siendo muy joven,un
premio de la Sociedad Oriental Germánica de Berlín,en un concurso de gramática
siriocaldea.Siendo sacerdote estudió en la Universidad Gregoriana de Roma (1895-
1896).Después fue nombrado profesor de teología fundamental en Santiago de
Compostela,al tiempo que enseñaba las lenguas aria y hebraica.En 1899 accedió a la
cátedra de derecho canónico,que conservó hasta su muerte accidental en 1930.Canónigo
de la Basílica de Santiago de Compostela,vivía en un universo de libros y rechazó el
episcopado porque no se puede escribir con las manos enguantadas.Apartado del ruido
mundano y ajeno a la generación del 98,a la que pertenecía,fue un sabio erudito e
irónico,soberanamente independiente.A despecho de su inmensa correspondencia
cotidiana y de sus actividades en el seno de diversas Academias,era sólo conocido en su
provincia.Pero tras cinco decenios su renombre ha crecido de manera notable.En
1969 la Sociedad Española de Filosofía le consagró toda una semana en Santiago de
Compostela,y se han escrito libros y artículos sobre él.Se ha visto en su persona a un
profeta del estructuralismo,que supo abrir el cristianismo a todas las corrientes
nuevas,rompiendo con la más rígida escolástica.
Entusiasta aficionado a la lingüística,Ángel Amor Ruibal se dio a conocer en
primer lugar como filólogo.En 1900 tradujo los Principios generales de la
lingüística indoeuropea de Paul Régnaud y les añadió una introducción extensa y muy
personal,que magnifica la ciencia de las lenguas con tal de que se emancipe del
positivismo estrecho.En 1904 publicó Los problemas fundamentales de la
filología comparada,donde en esta ocasión intentó una reorganización general de los
estudios filológicos y muestra su papel capital siguiendo su trayectoria desde la
prehistoria hasta nuestros días.Ve en la función del lenguaje un todo orgánico
compuesto de dos elementos:uno formal,el psicológico;otro natural,el fonético;e insiste
en la sintaxis histórica.Traducida al italiano,holandés,húngaro y alemán,esta obra
obtuvo un gran éxito;y aunque actualmente parece superada,conserva un valor de primer
orden,pues presenta diversos descubrimientos y leyes que se redescubrirán cincuenta
años más tarde.En su Himno a la palabra la considera la encarnación y la vida más
intensa del pensamiento humano;la luz que hace posible la oferta de la realidad
humana.Y como muy bien ha advertido Andrés Ortiz Osés,en Actas de la
X Semana Española de Filosofía (1973),Ángel Amor Ruibal arriba a la problemática
neohermenéutica,según la cual el lenguaje es el médium de la experiencia y su hilo
conductor;lleva pues a los confines del mundo sensible y del mundo inteligible.
No obstante el mensaje más original de Ángel Amor Ruibal no se encuentra en
su obra de filólogo ni de canonista,sino en su sistema filosófico,de proporciones
imponentes,que según sus deseos debía romper con la tradición.Los once tomos
de Problemas fundamentales de la filosofía y del dogma constituyen una verdadera
enciclopedia de la filosofía religiosa,a la que hay que añadir aún copiosos trabajos
inéditos.Los seis primeros volúmenes representan en su conjunto una historia de la
filosofía y una historia de la teología,centradas principalmente en la recepción de la
filosofía griega por parte del cristianismo.Después de haber planteado las bases de una
criteriología filosófica,aplicada a los dogmas de la revelación,Ángel Amor Ruibal
examina diversas criteriologías:las de los hindúes,los neoplatónicos,los judíos y los
árabes.Estudia igualmente la psicología de la oración a través de las diversas
religiones,y después la experiencia mística en sus vinculaciones con la conciencia
moral.Analiza ampliamente la parte recíproca de los elementos platónicos y de los
elementos aristotélicos en la escolástica,mostrando que esta adaptación de la filosofía
helénica a los dogmas fue más un sincretismo que un sistema homogéneo.Expone por
último las pruebas clásicas de la existencia de Dios en la edad media,subrayando todo lo
que éstas deben a los antiguos y sus debilidades intrínsecas.En cuanto a los cinco
volúmenes siguientes representan la aportación más constructiva del autor:una teoría de
la abstracción,otra de la correlación,una tercera de las nociones y de las ideas,etc.
Ángel Amor Ruibal le reprocha a la escolástica,en todas sus formas del tomismo
al escotismo,el haber adaptado artificialmente a la Revelación la filosofía griega
pagana,que le era fundamentalmente ajena,y haber forjado de este modo un sincretismo
muy frágil,viciado desde dentro y que enmascara muy mal sus contradicciones y sus
lagunas;de esta suerte el aristotelismo se encuentra deformado,al igual que el
platonismo,y se ha intentado hacerlos encajar a la fuerza entre sí,lo que es absurdo.
Después de esta larga polémica sin piedad contra una teología bimilenar,a la que
considera verbal y poco coherente,propone su propia visión del mundo,cuyo tema
central es el correlacionismo.Según él la interpretación adecuada del ser y del devenir
exige que la realidad del mundo sea considerada en sí misma.Hay una lógica universal
que responde a la contextura ontológica,gracias a la cual el universo es una realidad
esencialmente orgánica cuyos elementos son los nombres,más que las partes,relativos
unos en relación con los otros y ordenados según la armonía del todo.Se trata de una
unidad interna,cuya razón inmanente viene determinada por el funcionamiento de sus
elementos;y que también es un sintetismo ontológico,una coordinación superior,una
correspondencia universal,un haz global de convergencia,etc.
Los griegos y los escolásticos plantearon una metafísica de los tipos lógicos
absolutos,considerados como tipos óptimos;admitían de este modo una superposición de
los absolutos,las esencias,sostenidos por el absoluto divino.Ángel Amor Ruibal les
reprocha sin embargo favorecer el punto de vista estático,en detrimento del punto de
vista psicodinámico,y por otra parte descuidar lo individual,lo contingente,lo
evolutivo,en provecho de lo universal.Amor Ruibal propone por el contrario una visión
correlacionista de elementos mutuamente referentes entre sí,desde las unidades mínimas
hasta la unidad global.
En los escolásticos la relación se capta a partir de las unidades entre las que se
establece,por referencia a los seres;no es más que un predicamento,un accidente.Por el
contrario en Ángel Amor Ruibal es transcendental;constituye,en cierto modo,a los
seres,cuyos elementos estructura.Ad intra afecta a cada ser;ad extralos pone a todos en
una conexión unificante.Además,mientras Aristóteles se limita a admitir que la relación
puede ser dual (forma y materia,potencia y acto,esencia y existencia) Amor Ruibal la
concibe de forma muy amplia,como infinitamente plural;mientras que Aristóteles la
concibe entre principios metafísicos,Amor Ruibal la admite entre seres físicos.
De ello se infiere que la substancia creada no tiene de ningún modo una
prioridad de naturaleza con respecto a sus elementos,a diferencia de lo que cree la
escolástica;es simplemente la permanencia de relaciones objetivas en el ser.
Ángel Amor Ruibal transpone en el plano del conocer lo que él considera
adquirido en el plano del ser.Ya que la naturaleza es una inmensa disposición
de elementos en relación,el ser humano,que se encuentra incluido en el engranaje
común del universo en cuanto a su ser físico,recibe igualmente su engranaje
psíquico.René Descartes se equivocó pues al plantear el falso problema del criterio de la
verdad;por el contrario lo que está en cuestión es el problema del error:cómo puede
producirse la disociación entre el sujeto humano y el objeto.Por lo demás,la escolástica
había cometido otra equivocación:creer que el conocimiento es copia de lo real,pura
imitación.
No obstante el conocimiento se halla sometido a limitaciones inherentes a
nuestra naturaleza.Y Amor Ruibal distingue de este modo dos niveles de
conocimiento.Existe en primer lugar el conocimiento por naturaleza,que actúa por
medio de las nociones,que nos dan directamente el ser;pero de manera bastante vaga,a
través de las sensaciones;las nociones no aprehenden el contenido,sino únicamente la
forma;nos dicen que el ser es,pero son incapaces de precisar qué es.Son notificaciones
mentales del ser e incluso actuaciones mentales,en el sentido de que ponen en
funcionamiento la máquina psicológica de la base.Situada en el estadio de lo prelógico,y
enraizada en el instinto,la noción es un preconcepto del ser;es simple e
indivisible,universal;de los seres no expresa más que la existencia;es pues
trascendente;constata,aunque sin explicar,y es capaz de justificarse por el absurdo.
El segundo nivel es el del conocimiento individual,que actúa mediante
ideas,cuya causa es el juicio.La idea es la representación de la naturaleza del objeto,de
su contenido;tiene como objeto lo individual,lo verdaderamente real,lo concreto.
La mayoría de los comentaristas (Vicente Muñoz,Carlos Paris,Cirilo Flórez,etc)
subrayan la vehemencia con que Ángel Amor Ruibal se muestra antiescolástico;su
mérito es justamente haber limpiado el mensaje cristiano de su ganga heterogénea y
quizá caduca,en cualquier caso haberlo aligerado de todo lo que era para él un peso
pesado,para abrirlo generosamente a todas las aportaciones de la filosofía
contemporánea:estructuralismo,evolucionismo,pensamiento dialéctico (hegeliano o
marxista),relativismo,etc.Se trata de una neta llamada a nuevas formulaciones de los
dogmas y también de la antropología o de la cosmología.Anticipa muchas de la
conquistas de Teilhard de Chardin,aunque es contrario al inmanentismo y resuelto
partidario de la ontología espiritualista y dualista;algunos lo han comparado a Alfred
North Whitehead,otros a Nicolas Hartmann.Con toda su ciencia
exegética,filosófica,apologética,canónica y biológica,parece haber intentado liberar el
pensamiento católico español de su sometimiento a los antiguos moldes
doctrinales.Anuncia a Xavier Zubiri,quien por otra parte desarrollará su tema de la
substancia en Sobre la esencia.
Obras:Los problemas fundamentales de la filosofía y del dogma (Santiago de
Compostela,1914-1964);Los problemas fundamentales de la filología
comparada (Santiago de Compostela,1904-1905;Principios generales de
lingúística indoeuropea,Introducción y traducción de Paul
Régnaud (1900);Numerosos inéditos.
Resumiendo,Ángel Amor Ruibal fue un genio solitario,sin escuela y casi sin
continuidad,salvo un grupo limitado y regional de admiradores.Se reveló primero como
filólogo,y después afrontó el estudio del pensamiento escolástico,aparte de temas
jurídicos y canónicos.En Los problemas fundamentales de la filosofía y del
dogmarevisa todas las teorías filosóficas,especialmente las escolásticas.En él vuelve a
ser realidad la concepción unitaria de la ciencia,sin división temática entre filosofía y
teología.Ha de ser considerado fundamentalmente escolástico y medieval,aunque
conoce y analiza con soltura de estilo las filosofías modernas,especialmente las de
Leonard Cohen,Ernst Cassirer,James Balwin,Scott Bradley,Jean Bodin,Rudolf
Christoph Eucken,Benedetto Croce,Étienne Émile Marie Boutroux,Henri-Louis
Bergson,etc.Pero su desdén por la filosofía moderna en su conjunto es
sintomático,mientras defiende la excelencia y necesidad del método escolástico,los
grandes problemas platónicos,y teorías originales como la del juicio anterior a la idea,la
unidad dinámica del cosmos,la experiencia y contingencia del ser finito,la solidaridad
orgánica y jerárquica de la totalidad del universo,la relación entre el ser ontológico y el
conocimiento humano,la ontología fundamental de Martin Heidegger,etc

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