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FASB - FACULDADE DO SUL DA BAHIA

COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

BRENO AMARAL SANTOS


DAVID FERNANDES CLÁUS NETO

Tijolo Ecológico Proveniente de Resíduos de Marmorarias da Cidade de


Teixeira de Freitas

TEIXEIRA DE FREITAS – BAHIA


2018
BRENO AMARAL SANTOS
DAVID FERNANDES CLÁUS NETO

Tijolo Ecológico Proveniente de Resíduos de Marmorarias da Cidade de


Teixeira de Freitas

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para


a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil, Faculdade do Sul da
Bahia.

Orientadora: Prof. Esp. Janine Patrícia Ribeiro Gomes Silotti

TEIXEIRA DE FREITAS – BAHIA


2018
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
BRENO AMARAL SANTOS
DAVID FERNANDES CLÁUS NETO

TIJOLO ECOLÓGICO PROVENIENTE DE RESÍDUOS DE MARMORARIAS DA


CIDADE DE TEIXEIRA DE FREITAS – BA

Banca Examinadora Julgamento

Prof. _________________________ _________________________


Faculdade do Sul da Bahia - FASB

Prof. _________________________ _________________________


Faculdade do Sul da Bahia - FASB

Prof. _________________________ _________________________


Faculdade do Sul da Bahia - FASB

Teixeira de Freitas, BA _____/_____/_____


Dedicamos este trabalho a ti ó Deus, que sempre nos fortaleceu,
para não desistirmos dos nossos sonhos. A nossa família que
sempre nos apoiou nas horas mais difíceis. E a todos aqueles
que nos ajudaram direta ou indiretamente.
Agradecemos primeiramente à Deus.
Aos professores Janine Patrícia Ribeiro Gomes Silotti e Cosme
Andrade de Almeida, que foram nossos orientadores neste
trabalho.
À empresa Cimagran Design Marmoraria, que nos forneceu a
lama abrasiva, o material de estudo para a confecção dos tijolos
ecológicos.
E, por último e não menos importante, ao Sr. Sérgio de Oliveira
Lima, que nos ajudou na confecção dos tijolos e na realização
dos ensaios de compressão deles.
“A competitividade de um país não começa nas indústrias ou nos
laboratórios de engenharia. Ela começa na sala de aula”.
Lee Iacocca
RESUMO

SANTOS, Breno Amaral; CLÁUS NETO, David Fernandes. (2018). Tijolo Ecológico
Proveniente de Resíduos de Marmorarias da Cidade de Teixeira de Freitas – Ba. 57
f. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Faculdade do Sul da Bahia – FASB,
2018.

Desde que a grande demanda foi colocada na indústria de materiais de construção,


especialmente na última década, devido ao aumento da população que causa uma
escassez crônica de materiais de construção, os engenheiros civis foram desafiados
a converter resíduos em materiais úteis de construção. A reciclagem de resíduos como
alternativas de matérias-primas pode contribuir para acabar com o esgotamento dos
recursos naturais, a conservação de recursos não renováveis, melhoria da
preocupação de saúde e segurança da população com questões ambientais e
redução nos custos de descarte de resíduos. A grande parte dos resíduos produzidos
no decorrer do processo de beneficiação das rochas graníticas é motivo de atenção e
preocupação para os ambientalistas, este resíduo, conhecido como lama abrasiva, é
frequentemente, jogados em locais inapropriados como aterros, margens de rodovias
e rios provocando grandes impactos ambientais. O presente trabalho tem como
objetivo principal avaliar o reaproveitamento e incorporação da lama abrasiva na
produção de tijolo ecológico. Os efeitos desses resíduos sobre as propriedades dos
tijolos como propriedades físicas e mecânicas serão revisados e recomendações para
futuras pesquisas, à medida que surgirem as consequências desta revisão. Essa
abordagem revisada sobre a fabricação de tijolos a partir da lama abrasiva é útil para
fornecer uma solução potencial e sustentável.

Palavras-chave: Reciclagem; Lama abrasiva; Tijolo ecológico.


ABSTRACT

SANTOS, Breno Amaral; CLÁUS NETO, David Fernandes. (2018). Ecological Brick
from Residues of Marmoraria of the City of Teixeira de Freitas - Ba. 57 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (graduação) – Faculdade do Sul da Bahia – FASB, 2018.

Since the great demand has been placed on the building materials industry, especially
in the last decade, due to the population increase that causes a chronic shortage of
building materials, civil engineers have been challenged to convert waste into useful
building materials. Recycling of waste as a raw material alternative can help to end the
depletion of natural resources, conservation of non-renewable resources,
improvement of public health and safety concerns with environmental issues and
reduction of waste disposal costs. Much of the waste produced during the process of
granite rock reclamation is a source of concern and concern for environmentalists. This
waste, known as abrasive sludge, is often dumped in inappropriate places such as
landfills, road margins and rivers causing large environmental impacts. The present
work has as main objective to evaluate the reuse and incorporation of the abrasive
sludge in the production of ecological brick. The effects of these residues on the
properties of the bricks as physical and mechanical properties will be reviewed and
recommendations for future research, as the consequences of this review arise. This
revised approach to making bricks from abrasive slurry is useful to provide a potential
and sustainable solution.

Keywords: Recycling. Abrasive sludge. Ecologic brick.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma de processo de fabricação de tijolos ............................... 21


Figura 2: Pulverizador de Solo ............................................................................... 22
Figura 3: Peneira Elétrica ....................................................................................... 23
Figura 4: Prensa Hidráulica .................................................................................... 23
Figura 5: Produção de Rochas Ornamentais ........................................................ 26
Figura 6: Esquema da Produção do Resíduo Gerado no Beneficiamento do
Granito ..................................................................................................................... 27
Figura 7: Depósito da lama abrasiva. .................................................................... 27
Figura 8: Separação da metade do material e Pesagem ...................................... 32
Figura 9: Revolvendo a amostra ............................................................................ 32
Figura 10: Processo de colocação do material na concha .................................. 33
Figura 11: Separação da amostra com o cinzel .................................................... 33
Figura 12: Aplicação de golpes no aparelho de Casagrande .............................. 34
Figura 13: Pesagem da amostra ensaiada ............................................................ 34
Figura 14: Colocação do material na estufa ......................................................... 35
Figura 15: Placa de vidro de superfície esmerilhada e cilindro de comparação de
3 mm de diâmetro e cerca de 10 cm de comprimento ......................................... 36
Figura 16: Medindo a largura do tijolo................................................................... 45
Figura 17: Medindo a espessura do tijolo ............................................................. 45
Figura 19: Processo de Fabricação dos Tijolos ................................................... 55
Figura 20: Processo de Medição dos Tijolos ........................................................ 56
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores de resistência à compressão e absorção de água para ........ 22


Tabela 2: Principais países produtores de matéria-prima, fabricantes de
produtos beneficiados e consumidores de rochas ornamentais – 2015. .......... 25
Tabela 3: Limite de Liquidez................................................................................... 40
Tabela 4: Dados para o gráfico de LL. ................................................................... 41
Tabela 5: Limite de Plasticidade. ........................................................................... 42
Tabela 6: Índice de Plasticidade. ........................................................................... 42
Tabela 7: Classificação no HRB. ............................................................................ 43
Tabela 8: Índice de Grupo (IG). .............................................................................. 43
Tabela 9: tabela de classificação de solos no HRB. ............................................ 44
Tabela 10: Valores das dimensões dos tijolos de referência .............................. 45
Tabela 11: Valores das dimensões dos tijolos da mistura. ................................. 46
Tabela 12: Tipos e dimensões nominais de tijolo solo-cimento ......................... 46
Tabela 13: Valores das resistências à compressão dos tijolos de referência ... 47
Tabela 14: Valores das resistências à compressão dos tijolos da mistura com
lama abrasiva........................................................................................................... 47
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
IP – Índice de Plasticidade
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
LL – Limite de Liquidez
LP – Limite de Plasticidade
PCA – Portland Cement Association
SETUR/ES – Secretaria de Estado do Turismo
UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14
OBJETIVOS...................................................... Error! Bookmark not defined.

Objetivos Gerais ................................................. Error! Bookmark not defined.

Objetivos Específicos......................................... Error! Bookmark not defined.

JUSTIFICATIVA ................................................ Error! Bookmark not defined.


2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 17
A CONSTRUÇÃO CIVIL E A SUSTENTABILIDADE ...................................... 17
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO TIJOLO ................................................. 18
TIJOLO DE SOLO-CIMENTO......................................................................... 19

Histórico e Definição .................................................................................... 19

Fabricação ..................................................................................................... 20

Vantagens...................................................................................................... 24

ROCHAS ORNAMENTAIS ............................................................................. 24

Geração de Resíduo Durante o Beneficiamento de Rochas


Ornamentais ............................................................................................................ 26

Reutilização e Caracterização do Resíduo de Rocha Ornamental ........... 28

3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 30


MATERIAIS .................................................................................................... 30
MÉTODOS...................................................................................................... 30
LIMITES DE CONSISTÊNCIA ........................................................................ 31

Ensaio de Limite de Liquidez ....................................................................... 31

Ensaio de Limite de Plasticidade ................................................................ 36

AMOSTRAGEM .............................................................................................. 38
ENSAIO RELATIVO ÀS DIMENSÕES DOS TIJOLOS ECOLÓGICOS .......... 38
ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES DOS TIJOLOS
ECOLÓGICOS .......................................................................................................... 38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 40
CARACTERIZAÇÃO DO SOLO ..................................................................... 40
DIMENSÕES .................................................................................................. 45
ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES ........................... 46
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 50
APÊNDICE ................................................................................................................ 55
APÊNDICE A – PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS TIJOLOS.............................. 55
APÊNDICE B – PROCESSO DE MEDIÇÃO DOS TIJOLOS .................................... 56
14

1 INTRODUÇÃO

O aumento na popularidade do uso de materiais de construção ecologicamente


corretos na construção civil, alinhado ao custo acessível e baixo peso específico,
trouxe a necessidade da investigação, da maneira que isso é conveniente de ser
alcançado, proporcionando a qualidade determinada por norma e, simultaneamente,
beneficiando o meio ambiente. Atualmente, o ramo da construção civil é um dos
setores que mais afetam o meio ambiente em consequência do amplo volume de
resíduos por ela gerados sem a orientação final correta.

No setor de rochas ornamentais não é diferente. Para o processo de serragem


e polimento dos blocos, utiliza-se água para resfriamento dos equipamentos, o que
gera a lama abrasiva durante este processo. Esta lama é composta basicamente de
sílica (resíduo de rochas), alumina, óxidos de ferro e óxido de cálcio. Como pode ser
observado, estes resíduos não possuem agentes tóxicos, porém seu descarte
impróprio pode trazer malefícios tanto ao meio ambiente quanto à saúde dos seres
vivos. (BARBOSA; COSTA; LIMA, 2013).
Sendo assim, a incorporação da lama abrasiva aos tijolos ecológicos visa dar
uma finalidade a este passivo ambiental. Os tijolos são um dos materiais mais
importantes para a indústria da construção. O método convencional de produção de
tijolos trouxe falhas inegáveis. O consumo de materiais baseados na terra como argila,
xisto e areia na produção de tijolos, resultou em esgotamento de recursos,
degradação ambiental e consumo de energia. Os recursos virgens são extraídos de
leitos de rios e encostas para atender à indústria de tijolos, deixando as áreas de
minas sem recuperação. A degradação ambiental acompanha essas atividades de
mineração com a poluição do ar e permanece após as operações de cessação das
minas, deixando cicatrizes na paisagem.
A indústria de tijolos é o setor de atividade tecnológica mais indicado para
absorver resíduos sólidos devido à grande quantidade de matéria-prima utilizada pelo
setor e ao grande volume de produtos finais em construção. Neste projeto de pesquisa
delimitou-se em montar corpos de provas de tijolos ecológicos com o uso da lama
abrasiva, verificando suas benfeitorias se tratando de uma região como Teixeira de
Freitas BA, onde a mesma é uma cidade com clima quente e tendo como seu principal
15

método, investigar se este tipo de material será bem aceito pelos habitantes da cidade.
Para desenvolvimento deste trabalho a principal parceira foi a empresa CIMAGRAN
Design Marmoraria.
O objetivo desse trabalho, não é somente o público nobre por ser um tijolo com
uma elegante estética, mas também visa passar para as marmorarias da cidade, que
os resíduos gerados no polimento de peças, podem ser empregados em outras áreas,
contribuindo para o meio ambiente e tendo um ganho econômico considerável.
Da parte do mercado que utiliza tijolos estruturais, a mais forte tendência são
os tijolos ecológicos, produzidos pela técnica conhecida como solo-cimento.
Resistentes o suficiente para aguentar um peso de duas toneladas, em média, quase
dez vezes mais do que suportam os blocos cerâmicos, eles podem ser usados na
fabricação de casas inteiras (ALENCAR, 2011).
Neste texto, tem-se como objetivo geral avaliar o reaproveitamento e
incorporação da lama abrasiva na produção de tijolo ecológico. Para alcançar este
objetivo faça-se necessário a defensão dos seguintes objetivos específicos.
 Caracterizar a lama abrasiva e o solo utilizado na confecção dos tijolos;
 Avaliar características físico-mecânicas dos tijolos produzidos;
 Analisar o processo de fabricação dos tijolos de solo-cimento.
Neste projeto de pesquisa, pretende-se promover uma destinação dos resíduos
de marmoraria utilizando a lama abrasiva para a confecção de tijolo ecológico. Através
de pesquisas iniciais, observou-se que as marmorarias da cidade de Teixeira de
Freitas geram uma grande quantidade de lama abrasiva durante o processo de
produção. Algumas empresas pagam para que terceiros possam coletar esses
resíduos ou até mesmo deixam o material em sua própria fábrica, causando assim um
mal-estar nos funcionários, pois com um tempo a lama seca até que se transforma em
pó, causando assim doenças ocupacionais.
Com a grande geração de resíduos nas marmorarias da cidade de Teixeira de
Freitas, é de grande importância a inclusão da lama abrasiva na confecção do tijolo,
o que contribuirá diretamente na economia da cidade, além de trazer benefícios para
o meio ambiente. Vale salientar que para o processo de cura, o tijolo ecológico não
necessita da queima de biomassa, ou seja, não há queima de madeira. Deste modo,
não há liberação de fumaça para a atmosfera.
16

Assim como outros materiais empregados na construção civil, o tijolo ecológico,


deve proporcionar sempre praticidade e segurança para a obra, atendendo assim as
demandas exigidas. O tijolo tem como principal característica a economia no seu
processo de fabricação, além disso é um ótimo isolante térmico, deixando assim o
ambiente bem mais agradável, além de ter uma grande durabilidade e manutenção
reduzida, pois o mesmo apresenta elevada resistência e boa impermeabilidade,
tornando assim, durável as construções executadas com esse material.
17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A CONSTRUÇÃO CIVIL E A SUSTENTABILIDADE

A sustentabilidade na construção é um assunto vasto e complexo que deve ser


considerado desde os primeiros estágios, uma vez que os possíveis impactos
ambientais são muito significativos. Desse modo, Cordeiro e Machado (2017)
argumenta, para que uma empresa seja classificada socialmente e ambientalmente
sustentável, ela deve aderir comportamentos morais e hábitos que visem seu
crescimento econômico, visto que sem isso ela não sobrevive, sem agredir o meio
ambiente, e contribuindo para o desenvolvimento da sociedade.
O setor de construção é indiscutivelmente uma das indústrias mais intensivas
em recursos. Em comparação com outras indústrias, a indústria da construção civil
cresce rapidamente e o uso de recursos finitos de combustíveis fósseis já levantou
preocupações sobre as dificuldades de suprimento, exaustão de recursos energéticos
e impactos ambientais pesados , redução da camada de ozônio, emissões de dióxido
de carbono, aquecimento global.
Além do consumo de energia, a indústria da construção civil é considerada um
dos principais contribuintes para a poluição ambiental. Com isso, Motta et al. (2014)
ressalta que a sustentabilidade na Construção civil deve buscar o desenvolvimento de
modelos para desafiar e apresentar resultados aos principais problemas ambientais
atuais, sem rejeitar à avançada tecnologia e a criação de edificações que atendam às
necessidades da população em geral.
John (2004) descreve que a primeira definição de desenvolvimento sustentável
foi cunhada por Brundtland Report, em 1987, afirmando que desenvolvimento
sustentável é aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer o
atendimento às necessidades das gerações futuras. O mesmo autor menciona
também que foi nas décadas subsequentes que grandes conferências mundiais foram
realizadas, conforme a Rio’92, no Rio de Janeiro, em 1992, e a Rio+10, em
Johannesburgo, em 2002. Nessas conferências, regulamentos e protocolos
internacionais vieram fixados a fim de analisar as metas e elaborar mecanismos para
o desenvolvimento sustentável. O desafio global de melhorar e beneficiar a qualidade
18

de vida da população mais carente e baixar a degradação ambiental no planeta foi o


grande tema em debate.
A abordagem de construção sustentável é considerada como uma forma de a
indústria da construção avançar para alcançar o desenvolvimento sustentável,
levando em consideração questões ambientais, sociais e econômicas. Portanto, no
final da década de 1980 e início da década de 1990, as questões de sustentabilidade
chegaram à agenda da arquitetura e do urbanismo de forma incisiva, trazendo novos
paradigmas (SILVA, 2001).
Uma possível solução para os problemas ambientais seria a fabricação e uso
do tijolo Solo-Cimento nas construções. A fim de alcançar um futuro sustentável na
indústria da construção civil, Grande (2003) salienta que esses materiais representam
uma alternativa plena em relação ao desenvolvimento sustentável, onde, esse produto
polui menos o meio ambiente, pois não precisa ser cozido em fornos, reduz a emissão
de gases no meio ambiente e dispensam o método da queima do tijolo como nos
tijolos convencionais, não colaborando assim com os cortes de desmatamentos, gera
pouco entulho, entre outras vantagens que será discutida adiante.

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO TIJOLO

A história das invenções esconde um grande injustiçado, o tijolo. Artefato tão


importante quanto a roda e o arado, ele pouco aparece nos livros escolares. No
entanto, tornou possível a existência das primeiras cidades (RIZZO, 2016). Os tijolos
conquistaram o mundo por milhares de anos. Conforme a história do tijolo, destacada
na própria Bíblia, Petrucci (1982, p. 1) ressalta:
A própria Bíblia registra o uso de tijolos na construção da Torre de Babel. No
livro de Genesis, capitulo 11, versículos 2 a 4, lê-se: “E disseram uns aos
outros, ‘Vamos, façamos tijolos e cozamo-los ao fogo’, serviram-se de tijolos
em vez de pedras e de betume em lugar de argamassa. Depois disseram
“Vamos, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo atinja os céus”.

O homem usou o tijolo para construir o propósito por milhares de anos, não se
sabe a data exata da criação dos tijolos, mas os modelos mais antigos que se tem
registro datam de pelo menos 7.000 anos a.c., o que os torna um dos mais antigos
19

materiais de construção conhecidos. Eles foram descobertos no sul da Turquia no


local de um antigo assentamento ao redor da cidade de Jericó (GEOTESC, 2016).
De acordo Petrucci (1982), na Caldéia foi muito utilizado o tijolo cozido. O
mesmo aconteceu com os assírios, que com tijolos, construíram os palácios de
Khorsabad e Sargão. É famosa a grande biblioteca de tabuinhas de barro, de Nínive.
O tijolo cozido foi a matéria-prima dos zigurates, templos que apareceram na
Mesopotâmia por volta do ano 3000 a.C., e também das casas que abrigavam seus
sacerdotes e servidores (RIZZO, 2016).
Um dos primeiros materiais de construção eram tijolos de barro, moldados à
mão e secos ao sol durante dias. Mais tarde, tijolos foram feitos de argila e queimados
em fornos para criar um material forte e duradouro, sendo tão resistentes que foram
usados por um período muito longo (SOUSA, 2002).

TIJOLO DE SOLO-CIMENTO

Histórico e Definição

As primeiras pesquisas apontadas sobre o aproveitamento do tijolo Solo-


Cimento são datadas de 1935, feitas junto a Portland Cement Association (PCA),
contudo, nos Estados Unidos, a partir do início do século XX, esse material apresenta
ampla utilização na área da construção civil, sem uma pesquisa ainda precisa sobre
a utilização e aplicação deste material, até então (SILVA et al., 2017).
De acordo os mesmos autores, no Brasil, a partir de 1960, o solo-cimento
passou a ser estudado com mais abrangência, iniciando uma grande quantidade de
pesquisas e estudos científicos. Como principais instituições responsáveis pelo
incentivo e divulgação dessas pesquisas, podemos citar: Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) – e a Associação Brasileira de Cimento
Portland (ABCP).
No Brasil, somente depois da década de 70 é que se passou a produzir tijolos
de baixo custo utilizando processos de fabricação mais ecológicos, os tijolos solo-
20

cimento (FACCAMP, 2012). Conforme Silva et al. (2017), o solo-cimento só foi


amplamente aplicado em moradias por volta de 1978, quando o antigo Banco Nacional
de Habitação (BNH) aprovou a técnica para construções de habitações populares.
O tijolo modular de Solo-Cimento consiste em utilizar uma mistura de cimento,
solo e água no traço de 1:10 e a água deve ser colocada até a mistura atingir a
consistência ideal (CUNHA, 2007). A falta de confiança no uso do tijolo ecológico no
passar do tempo era devida a baixa qualidade do produto ofertado no mercado,
consecutivo de carência e ausência do controle de qualidade, fábricas com
equipamentos muito além das carências básicas para a produção, aproximadamente
produzida em prensas manuais (GRANDE, 2003).
Os tijolos são blocos vazados de Solo-Cimento, prensados mecanicamente,
cuja cura é feita em uma semana, molhando-os constantemente para ganharem
resistência (RIBEIRO FILHO et al., 2006). O solo-cimento refere-se de um material,
da qual suas características técnicas respondem aos quesitos de esforços para o
emprego em diversos tipos de serviços, como base para pavimentos rodoviários e
aeroportuários, fabricação de tijolos e paredes maciças, blocos para alvenaria,
proteção de taludes de barragens de terra, entre outros (NASCIMENTO, 1994).
Os tijolos por apresentarem planeza, e regularidade de medidas, requerem uma
quantidade mínima de revestimento. Por empregar um sistema de produção modular,
podem ser manuseados por mão de obra não especializada (CUNHA, 2007).

Fabricação

O processo de fabricação de tijolos é inteiramente verde. Não precisa de forno


para processar os tijolos ao contrário do processo convencional. Os tijolos precisam
de água como um ingrediente, bem como para cura. O método de fabricação dos
tijolos compõe-se na homogeneização, prensagem e endurecimento das matérias-
primas, previamente determinadas quantitativamente (SILVA, 2005).
A sua fabricação muda conforme com os objetivos de sua aplicação
(revestimentos, resistência, aparente, etc) e de acordo com a maneira a ser
empregado (manual, mecânico ou híbrido) (PISANI, 2005). No processo de fabricação
21

de tijolos de solo-cimento várias etapas são seguidas como mostrado o Fluxograma


de processo de fabricação de tijolos de solo-cimento na Figura 1 abaixo:

Figura 1: Fluxograma de processo de fabricação de tijolos


de solo-cimento

Fonte: Pisani (2005).

Conforme a ABCP (2000), a fabricação de tijolos de solo-cimento começa na


etapa de elaboração do solo com a aplicação de prensas manuais, em que o solo
contendo baixa umidade é separado da jazida e conduzido para um depósito.
Transforma-se o destorroamento do material, continuado com o peneiramento,
através de uma peneira ABNT 4,8mm com a eliminação do que ficar retido.
Em seguida é adicionado cimento ao solo e preparada a combinação da mistura
e homogeneização dos produtos secos. Por fim é inserida água à mistura até alcançar
a mesma umidade em toda a massa, fechando desta forma o método de elaboração
da mistura (SILVA, 2011).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece em sua norma
NBR 10836 (1994) – “Bloco de solo-cimento sem função estrutural – Análise
dimensional, determinação da resistência à compressão e da absorção de água –
Método de ensaio”, os valores que têm de ser atingidos depois dos ensaios de
22

resistência à compressão e absorção de água, para os tijolos de solo-cimento exibidos


na Tabela 1.

Tabela 1: Valores de resistência à compressão e absorção de água para


tijolo de solo-cimento
Valores limites (após 28 dias de cura) Média Requisito (%)
Resistência à compressão (MPa) ≥ 2,0 ≥ 1,7
Absorção de água (%) ≤ 20 ≤ 22
Fonte: ABNT; NBR 10836, 1994.

Os equipamentos utilizados no processo de produção e fabricação dos tijolos


podem ser desde um simples instrumento de prensagem até unidades de produção
compostas de pulverizador de solo (Figura 2), peneirador (Figura 3), misturador,
dosador, prensa (Figura 4) e outros acessórios (MOTTA et al., 2014).

Figura 2: Pulverizador de Solo

Fonte: ECO MAQUINAS, 2013.


23

Figura 3: Peneira Elétrica

Fonte: MECAMIG, S.D.

Figura 4: Prensa Hidráulica

Fonte: SAHARA, 2015.

Durante a cura, os tijolos têm de ser molhados durante o período de sete dias
para que os próprios se mantenham úmidos. O procedimento de cura do tijolo de solo
cimento tem por objetivos: evitar que a água de amassamento e hidratação do
cimento, localizada na exterioridade do tijolo, se dissipe, manter um controle da
temperatura do material até que o mesmo tenha o nível de resistência desejado e
abastecer com mais água ao longo das reações de hidratação no qual for necessário
(RIBEIRO, 2013).
24

Vantagens

O solo é o material mais comumente disponível. É o material básico para a


produção de tijolos. O tijolo queimado tem sido considerado um material satisfatório
para a construção de alvenaria durante muito tempo, porém são produzidos
empregando um processo de queima e, portanto, consomem uma quantidade
considerável de energia térmica durante a produção. Além disso, muitos deles são
transportados por grandes distâncias. Já os tijolos de solo-cimento, a retirada do solo
para utilização se realiza em lugares próximos ou no próprio local da obra reduzindo
os custos com extração e transporte do mesmo (RIBEIRO, 2013).
Os blocos de solo-cimento são materiais alternativos eficazes em termos de
custos e eficientes em termos de energia para os tijolos de argila queimados normais
utilizados na construção de edifícios. Conforme estudos realizados em todo o Brasil,
o método produtivo dos tijolos ecológicos oferece para a obra, de 20 até 40% de
economia em correlação ao método produtivo convencional. Uma das razoes é que
não há desperdício, como neste último. “Hoje em uma obra convencional cerca de 1/3
do material vai para o lixo” (CAMPOS NETO, 2010).
O tijolo de solo-cimento é uma alternativa aos tijolos queimados. Esses tijolos
podem ser produzidos de forma descentralizada, empregando prensas simples
operadas manualmente ou semi-mecanizadas, utilizando solo local. Além disso, eles
são econômicos e consomem menos energia térmica durante a produção. Existe
ainda a possibilidade de aproveitamento de mão-de-obra não qualificada, o que reduz
ainda mais os custos envolvidos (CORDEIRO; CONCEIÇÃO; LIMA, 2006).

ROCHAS ORNAMENTAIS

Com o início da década de 1990, o Brasil passou por um importante e


inesquecível aprimoramento de atividades em todos os segmentos da cadeia
produtiva do setor de rochas ornamentais e de revestimento. Os grandes e notáveis
avanços foram resultantes do aumento das exportações, que expressaram um forte
progresso qualitativa e quantitativa (CHIODI FILHO; CHIODI, 2014).
25

Os mesmos autores mencionam também que no ano de 2006, o Brasil chegou


ao quarto maior produtor e exportador mundial de rochas ornamentais e de
revestimento, ultrapassando vários players europeus tradicionais e notabilizando-se
pela excepcional geodiversidade de suas matérias-primas. O progresso brasileiro foi
agradável a uma significativa deslocação mundial do setor, apontada pelo
deslocamento de atividades de lavra e beneficiamento para países extra europeus,
como China, Índia, Turquia, Irã e o próprio Brasil.

Tabela 2: Principais países produtores de matéria-prima, fabricantes de produtos beneficiados


e consumidores de rochas ornamentais – 2015.

Fonte: BEZERRA, 2017.

Bezerra (2017) destaca que o método produtivo no setor de rochas ornamentais


apresenta três fases diversas que apresentam particularidades peculiares e que
requerem tratamentos diferenciadas. São elas:
a) Mineração: realizada por empresas de lavra, que consiste na exploração da
rocha, normalmente realizada na forma de blocos (FIGURA 5);
b) Serraria: que compreende o desdobramento dos blocos em chapas; e
c) Marmoraria: etapa que compreende o polimento e o corte de chapas e a
fabricação de produtos acabados. Ressalte-se que o polimento e a fabricação de
ladrilhos e peças especiais são, por vezes, realizados nas serrarias como extensão à
etapa de desdobramento dos blocos.
26

Figura 5: Produção de Rochas Ornamentais

Fonte: SETUR-ES, 2016

Conforme Menezes et al. (2002) com os grandiosos índices de produção de


rochas ornamentais no Brasil e no mundo, vem crescendo do mesmo modo os
resíduos gerados no processamento desta fabricação, já que o desaproveitamento
pode chegar a 50 % em massa do total de rochas produzidas.
Ribeiro (2013) sustenta, que a maior parte dos resíduos gerados hoje em dia
está sendo despejada em rios, lagos e diretamente nos solos, infectando e
contaminando o meio ambiente e provocando do mesmo modo riscos à saúde da
população, que entram em contato direto e indireto com estes materiais.

Geração de Resíduo Durante o Beneficiamento de Rochas Ornamentais

Indústria de pedra natural e artificial gera grande volume de resíduos. Ele é


classificado para várias formas, tais como pó, agregados, pedaços de pedra, blocos
danificados ou lajes e lamas de pedra. As atividades de extração e beneficiamento
das rochas ornamentais começam nas lavras, em que há a remoção dos blocos,
sendo estes encaminhados para o beneficiamento nas serrarias que abrangem a
serragem dos blocos em chapas, o polimento das chapas e o corte em ladrilhos com
medidas de comprimentos comerciais (REIS; ALVAREZ, 2007). Todos estes estágios
do processo existe a geração de resíduo (Figura 6).
27

Figura 6: Esquema da Produção do Resíduo Gerado no Beneficiamento do Granito

Fonte: GOMES et al., (2004, p.15, apud REIS; ALVAREZ, 2007, p. 514).

Destefani (2009) salienta que a geração de resíduos durante o período de


beneficiamento de rochas ornamentais é produzida em grandes quantidades em
forma de lama formada por pó de pedra, cal, água e granalha metálica e pó de pedra
com restos de rochas.
A lama abrasiva (FIGURA 7) aparece devido à água que é utilizada para a
refrigeração das máquinas, em conjunto com o pó consequente dos procedimentos
de corte e polimento, ela é composta por uma mistura de água, granalha metálica de
ferro e/ou aço, cal e rocha moída (LIMA; NEVES; CARVALHO, 2010).

Figura 7: Depósito da lama abrasiva.

Fonte: MARBRASA, 2018.


28

Ribeiro (2013) ressalta que a lama é jogada inúmeras vezes a céu aberto em
áreas de aterros, e em seguida sofrer evaporação transforma-se em pó. Em alguns
casos são jogadas diretamente em rios e lagos sem verificar antes por nenhuma
análise, contaminando as águas de nascentes e córregos, além de poluir o ar e o solo.
Essa lama também é descartada em aterros sanitários ou lagoas de decantação. Seu
teor de água é drasticamente reduzido e o pó de pedra resultante disso, apresenta
vários impactos ambientais. O pó de pedra oscila no ar, voa e deposita na vegetação
e na colheita. Tudo isso afeta significativamente o ambiente e os sistemas locais.
(MOTHÉ FILHO; POLIVANOV; MOTHÉ, 2005).

Reutilização e Caracterização do Resíduo de Rocha Ornamental

Atualmente, grandes quantidades de resíduos artificiais e naturais em


diferentes formas são geradas em todo o mundo. A preservação ambiental é um ato
de grande importância nos tempos modernos, perante desse fato é visível o crescente
impacto dos resíduos industriais no meio ambiente, com isso também cresce o
interesse de aprimoramento de algumas soluções viáveis tanto econômica quanto
ambientalmente (MENDONÇA et al., 2017).
O desenvolvimento sustentável tornou-se uma preocupação global, e tem
havido um esforço coletivo para a melhoria de processos e produtos, buscando a
otimização do uso dos recursos naturais no contexto da sustentabilidade. Com isso,
um grande desafio na atualidade é o aproveitamento de forma racional de resíduos
provenientes de processos industriais, operações de lavra e beneficiamento de rochas
ornamentais (PONTES; STELLIN JÚNIOR, 2005).
Ribeiro (2013) sustenta ao ressaltar que com a intolerância das leis que
preservam o meio ambiente, as empresas geradoras de rochas ornamentais, se veem
obrigadas a dar um destino mais adequado para os resíduos produzidos durante o
processo de beneficiamento das rochas.
Segundo estudos, outros autores referem-se à possibilidade de aplicar esses
resíduos em tijolo solo-cimento, isolante térmico, materiais de revestimentos,
argamassas, entre outros. Em conclusão, as opções não se esgotam, uma vez que
29

se percebe que a possibilidade de utilizar este resíduo, pode ser uma oportunidade
de negócio.
De acordo Pontes e Stellin Júnior (2005), os minerais constituintes do resíduo
(pó de serraria) podem ser usados para fins mais nobres, na indústria cerâmica, e de
construção civil (argamassa de assentamentos, argamassa de revestimento interno e
externo etc.).
Em relação aos métodos de gerenciamento de resíduos, esses tipos de
resíduos precisam ser tratados com soluções sólidas como reutilização, redução e
reciclagem, em vez de serem acumulados em aterros sanitários, ou dispostos em
cursos d'água e em torno das instalações de produção, causando problemas
ambientais e de saúde. Neste contexto, a industrialização de rochas ornamentais
necessita se conscientizar da responsabilidade de fazer mineração autossustentável,
ou seja, com respeito ao meio ambiente e à comunidade (PONTES; STELLIN
JÚNIOR, 2005).
A pasta de pedra é uma substância semilíquida que consiste em partículas
originadas dos processos de corte, composta de quatro elementos: água, cal, pó de
pedra e granalha usada para resfriar e lubrificar as máquinas de corte e polimento,
onde as proporções variam dentro de amplos limites em função da experiência e
peculiaridades dos serradores. Esses resíduos gerados causam desvantagens
ambientais, de saúde e econômicas (AGUIAR, 2012).
A utilização da lama abrasiva na fabricação de tijolos ecológicos é uma das
maneiras de reciclá-la, proporcionando assim o propósito dos processos da
construção de um conhecimento científico, associando as aplicações tecnológicas e
suas questões ambientais (MOTA et al., 2011). Os mesmos autores salientam que a
adição dos resíduos para a fabricação de tijolos ecológicos é uma excelente
possibilidade para o aproveitamento desses resíduos, sendo uma nova proposta para
combater o déficit habitacional.
30

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo são apresentados os materiais e métodos aplicados neste


trabalho, que envolvem diversas etapas relacionadas às matérias-primas, a confecção
dos tijolos, o processamento e os ensaios que foram utilizados.

MATERIAIS

Os materiais utilizados para a confecção dos tijolos de solo-cimento-lama


abrasiva são:
 Água Potável fornecida pela rede de distribuição de água pública;
 Lama Abrasiva fornecida para empresa CIMAGRAN Design Marmoraria;
 Cimento CP ll da marca Liz;
 Solo arenoso adquirida do terreno em Teixeira de Freitas.
Para o preparo do traço e dos tijolos, os seguintes equipamentos foram
necessários:
 Carrinho de mão.
 Betoneira.
 Peneira.
 Balde.
 Prensa manual com forma fôrma do tijolo.
 Pá.

Imagens da fabricação dos tijolos podem ser vistas no Apêndice A.

MÉTODOS

A caracterização dos materiais empregados nos tijolos-ecológicos e avaliação


do produto final, foram baseadas nos ensaios estabelecidos pelas seguintes Normas
31

Brasileiras (NBR): NBR 6459 (ABNT, 2016), NBR 7180 (ABNT, 1984), NBR 6457:
(ABNT, 2016), NBR 8491 (ABNT, 2012), NBR 8492 (ABNT, 2012) apresentados a
seguir.

LIMITES DE CONSISTÊNCIA

Também conhecido como Limites de Atterberg, estes ensaios visam determinar


características físicas do solo, isto é, os limites de consistência do solo. A
caracterização física determina o grau de ligação entre as partículas das substâncias
“quando aplicado aos solos finos ou coesivos, a consistência está ligada à quantidade
de água existente no solo, ou seja, ao teor de umidade” (SUPORTE SOLOS, 2015).

Ensaio de Limite de Liquidez

Este ensaio baseia-se na NBR 6459. Nela é especificado que antes de iniciar
o ensaio, deve-se realizar a inspeção do Aparelho de Casagrande:

 O pino que conecta a concha estava firme, de modo a não se deslocando


lateralmente;
 Os parafusos que conectam a concha foram apertados;
 Os pontos de contato, tanto da base quanto da concha, não estavam
gastos;
 A concha não apresentou ranhuras perceptíveis ao tato; e
 O cinzel estava em perfeito estado.
De acordo com a NBR 6459 (ABNT, 2016), os ensaios para o Limite de Liquidez
foram executados da seguinte maneira:

1. Coloca-se a amostra na bacia de porcelana, adicionando a água destilada


em pequenos incrementos, amassando e revolvendo vigorosa e
continuamente com auxílio da espátula, de forma a obter uma pasta
32

homogênea. O tempo desta primeira homogeneização foi entre 15 e 30


minutos sendo o maior intervalo de tempo para solos mais argilosos
(FIGURAS 8 E 9);

Figura 8: Separação da metade do material e Pesagem

Fonte: CAPTURADA

Figura 9: Revolvendo a amostra

Fonte: CAPTURADA
33

2. Após as etapas acima, foram transferidos parte da mistura para a concha


do aparelho de casa grande, moldando-a de forma que na parte central a
espessura foi da ordem de 10 mm, evitando que fiquem bolhas de ar no
interior da mistura (FIGURA 10);

Figura 10: Processo de colocação do material na concha

Fonte: CAPTURADA
3. Dividiu-se a massa de solo em duas partes, passando o cinzel através da
mesma, de modo a abrir uma ranhura em sua parte central, normal à
articulação da concha; O cinzel foi se deslocando perpendicularmente à
superfície da concha; As operações (2) e (3) foram feitas com a concha na
mão do operador (FIGURA 11).

Figura 11: Separação da amostra com o cinzel


34

Fonte: CAPTURADA

4. Recolocou-se cuidadosamente, a concha no aparelho e golpeá-la contra a


base, deixando-a cair em queda livre, girando a manivela à razão de duas
voltas por segundo. Anotou-se o número de golpes necessário para que
as bordas inferiores da ranhura se unam ao longo de 13 mm de
comprimento, aproximadamente (FIGURA 12);

Figura 12: Aplicação de golpes no aparelho de Casagrande

Fonte: CAPTURADA
5. Transferiu-se imediatamente uma pequena quantidade do material de junto
das bordas que se uniram para um recipiente adequado para determinação
da umidade, conforme a NBR 6457:2016 (FIGURAS 13 E 14);

Figura 13: Pesagem da amostra ensaiada


35

Fonte: CAPTURADA

Figura 14: Colocação do material na estufa

Fonte: CAPTURADA
1. Transferiu-se o restante da massa para a bacia de porcelana. Lavado e
enxugado (toalha de papel) a concha e o cinzel;
2. Adicionou-se água destilada a amostra e homogeneizar durante um a três
minutos, amassando e revolvendo vigorosa e continuamente com auxílio da
espátula;
36

3. Repetiu as operações apresentadas em (1) a (5), obtendo o segundo ponto


do ensaio;
4. Repetiu as operações (6) e (1) a (5) de modo a obter pelo menos mais três
pontos do ensaio, cobrindo o intervalo de 35 a 15 golpes de forma bem
distribuída.

O ensaio foi executado em condições ambientais que minimizem a perda de


umidade do material por evaporação, preferencialmente em recintos climatizados.

Ensaio de Limite de Plasticidade

De acordo com a NBR 7180 (ABNT, 2016), os ensaios para o Limite de


plasticidade foram executados da seguinte maneira:

1) Colocou a amostra na bacia de porcelana, adicionou água destilada com


pequenos incrementos, amassando e revolvendo, vigorosa e
continuamente, com a espátula, de forma a obter uma pasta
homogênea, de consistência plástica. O tempo de homogeneização
esteve entre 15 e 30 minutos, sendo o maior intervalo de tempo para
solos mais argilosos;
2) Tomou cerca de 10 g da amostra assim preparada e formou com os
dedos uma pequena bola, que foi se rolada sobre a placa de vidro com
pressão suficiente da palma da mão para lhe dar forma de cilindro
(melhor usar os dedos, posicionados de forma inclinada em relação à
direção de movimento da mão) (FIGURA 15);
Figura 15: Placa de vidro de superfície esmerilhada e cilindro de comparação de 3 mm de
diâmetro e cerca de 10 cm de comprimento
37

Fonte: CAPTURADA

3) Enquanto a amostra se fragmentou, antes de atingir o diâmetro de 3 mm,


retornou-a à bacia de porcelana, adicionando água destilada,
homogeneizar durante pelo menos 3 minutos, amassando e revolvendo
vigorosa e continuamente com auxílio da espátula e repetiu o
procedimento descrito em (2);
4) Quando a moldagem do cilindro com as dimensões mencionadas foram
conseguidas, foi caracterizado que o solo estava no estado plástico. Foi
refeito a esfera e repetiu a rolagem até que a fragmentação do cilindro
com dimensões próximas às do gabarito de comparação;
5) Transferiu-se imediatamente as partes fragmentadas para um recipiente
adequado, para determinação da umidade pelo método da estufa
(ABNT, NBR 6457, 2016);
6) Repetiu as operações (2) à (5) para obter pelo menos três valores de
umidade que difiram de sua respectiva média menos que cinco por cento
do valor dessa média. Na prática, foi obtido entre cinco ou seis valores,
para que haja boa probabilidade de que pelo menos três valores
satisfaçam à esta condição (os que não a satisfaçam são descartados).
O ensaio foi executado em condições ambientais que minimizem a perda de
umidade do material por evaporação, neste caso em recinto climatizado.
38

AMOSTRAGEM

Todas amostras foram coletadas de conforme a norma NBR 8491 (ABNT,


2012) – Tijolo de solo-cimento - Requisitos. O ensaio de resistência à compressão
simples é baseado pela NBR 8492 (ABN, 2012) – Tijolo de solo-cimento — Análise
dimensional, determinação da resistência à compressão e da absorção de água —
Método de ensaio. A norma técnica sugere a preparação de dez corpos de prova, por
meio do sistema de capeamento dos tijolos.
Outra atenção considerável para certificar a segurança dos resultados,
relacionou-se a identificação dos tijolos, utilizando técnica que proporcionou a fácil
visualização, garantindo-se a reprodutibilidade dos resultados. Foi constatado que as
amostras coletadas exibiam aparência homogêneo e compacto, bem como não foram
observadas fissuras ou outros defeitos que conseguissem comprometer a resistência
do corpo de prova ou enganar os resultados do ensaio de compressão.

ENSAIO RELATIVO ÀS DIMENSÕES DOS TIJOLOS ECOLÓGICOS

Em consonância com a NBR 8491/2012 foram identificadas as dimensões dos


tijolos em três posições diferentes, com 1 milímetro (mm) de precisão, verificando-se
ainda, a tolerância máxima de fabricação de 3 mm para cada uma das três dimensões
(APÊNDICE B).

ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES DOS TIJOLOS


ECOLÓGICOS

Para o ensaio de resistência à compressão simples foram utilizados cinco tijolos


de cada tipo de mistura. Seguindo a NBR 8492 (ABNT, 2012), para o ensaio de
resistência à compressão simples, o capeamento das faces de trabalho deve ser feito
39

com pasta de cimento Portland de aparência plástica, com espessura mínima


essencial para que se alcancem faces planas e paralelas.
Conforme a NBR 8492 (ABNT, 2012), para aquisição do paralelismo e
regularização das faces de trabalho dos corpos de prova, vários processos ou
materiais poderão ser usados, logo que, para os fins do ensaio, dotem efeitos
semelhantes ao da pasta.
40

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

CARACTERIZAÇÃO DO SOLO

Para o ensaio de limite de liquidez, foram separadas cinco cápsulas do material


ensaiado, fazendo a tara das cápsulas sem os materiais. No primeiro e no segundo
ensaio, foram necessários 21 golpes para fechar a ranhura, para os demais ensaios
foram necessários 23, 25 e 30 golpes para o terceiro, quarto e quinto ensaio,
respectivamente. Posteriormente, colocou-se o material de cada ensaio em 5
cápsulas e foram, então, pesadas. Feito isso, colocou-se os mesmos na estufa, e após
24 horas, foram retirados e pesadas as cápsulas.
Tendo o peso do material seco e úmido, obteve-se o peso de água existente
em cada amostra, fazendo a subtração da amostra úmida com a amostra seca. A
porcentagem de umidade é definida pela divisão do peso da água existente na
amostra e o peso do solo. (TABELA 3).

Tabela 3: Limite de Liquidez

Limite de Liquidez
Cápsula (g) 1 2 3 4 5
Tara (g) 6,81 6,96 7,01 6,04 6,09
Amostra Úmida + Tara (g) 54,47 52,71 52,60 53,61 43,98
Amostra seca + Tara (g) 40,87 39,47 42,4 42,96 39,8
Total de Golpes 21,00 21,00 23,00 25,00 30,00
Água (g) 13,60 13,24 10,20 10,65 4,18
Solo (g) 34,06 32,51 35,39 36,92 33,71
Umidade 39,93% 40,73% 28,82% 28,85% 12,40%
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA

Para fazer o gráfico de limite de liquidez (LL), separou-se o número de golpes


em uma coluna denominada como X e uma coluna Y, com a porcentagem de umidade
apresentado na amostra (TABELA 4). Feito isso, lançou-se os dados em um gráfico.
41

Tabela 4: Dados para o gráfico de LL.


DADOS PARA O GRÁFICO DE LL
N. DE GOLPES UMIDADE %
X Y
21,00 39,93
21,00 40,73
40,87 28,82
39,47 28,85
42,40 12,4
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA

Esboçando-se o gráfico entre o Teor de umidade X Número de golpes, verifica-


se sua alta precisão, atingindo 95%. Também verificou-se que a partir da Equação 1
– y = - 2,992*X + 101,95 – obteve-se o percentual de umidade para 25 golpes, que é
o estabelecido por norma (GRÁFICO 1).

Gráfico 1: Gráfico para determinação do limite de liquidez.


Y
45
44
43
42 40,73 y = -2,992x + 101,95
41 39,93
40 R² = 0,9529
39
38
37
36
35
34
33
32
31
30 28,85
UMIDADE %

29 28,82
28
27
26
25
24
23
22
21
20
19
18
17
16
15
14 12,4
13
12
11
10
20,00 25,00 30,00 35,00
NUMERO DE GOLPES

Fonte: AUTORIA PRÓPRIA

Partindo da Equação 1 e sabendo-se que x = 25 golpes, obtém-se, então, o


percentual de 27,15% como o Limite de Liquidez (LL).
De acordo com a norma NBR – 6457, toma-se a metade da amostra preparada,
e a coloca numa cápsula de porcelana, onde foi adicionada água destilada, sendo a
amostra revolvida e amassada vigorosamente com auxílio da espátula, de forma a
obter uma forma homogênea, de consistência plástica. O tempo foi compreendido
entre 15 e 30 minutos. Em seguida, separou-se cerca de 10 g, formando uma bola.
42

Esta foi rolada em cima da placa de vidro com pressão suficiente da palma,
transformando a bola em um cilindro.
Neste ensaio, observa-se a fragmentação da amostra. Se ela se fragmentar
antes do cilindro atingir os 3 mm, devolver a amostra para a capsula, acrescentar água
destilada e revolver vigorosamente durante 3 minutos, e repetir o processo
novamente. Se caso a amostra não se fragmentar antes dos 3 mm, leva-la a cápsula
de porcelana novamente, para também repetir o processo. Conforme orienta a norma,
este ensaio foi repetido no mínimo 3 vezes para se obter o valor da umidade. Os
resultados foram tabulados e lançados na Tabela 5 a seguir.

Tabela 5: Limite de Plasticidade.


Limite de Plasticidade
Cápsula (g) 1 2 3 4
Tara (g) 7,12 6,98 9,96 7,14
Amostra Úmida + Tara (g) 16,07 13,29 17,89 11,4
Amostra seca + Tara (g) 15,86 12,57 16,79 10,55
Água (g) 0,21 0,72 1,10 0,85
Solo (g) 8,74 5,59 6,83 3,41
Umidade 2,40% 12,88% 16,11% 24,93%
Mádia das Umidades 14,08%
Umidade + 5% 19,08%
Umidade -5% 9,08%
LP 14,08%
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA

Após o ensaio de Limite de Plasticidade, realizou-se o cálculo do Índice de


Plasticidade a partir da subtração do Limite de Liquidez pelo Limite de Plasticidade
(Equação 2 – IP = LL-LP). O resultado obtido encontra-se em porcentagem, o qual
será necessário para a classificação da amostra do solo (TABELA 6).

Tabela 6: Índice de Plasticidade.


INDICE DE PLASTICIDADE

IP LL - LP

IP 27,15%-14,08%

IP 13,07%
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA
43

Para a classificação do solo no HRB (Highway Research Board), tomou-se


1000 gramas do solo utilizado para a confecção dos tijolos após terem sido passados
nas peneiras P10, P40 e P200 (TABELA 7).

Tabela 7: Classificação no HRB.


CLASSIFICAÇÃO NO HRB
SOLO P10 P40 P200 LL LP
% que Passa 100,00 79,57 28,70 27,15% 14,08%
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA

Em seguida foram anotados os resultados dos grãos passantes em casa


peneira. Feito isso, calculou-se o Índice de Grupo a partir da Equação 3 – IG = (F 200
– 35) [0,2 + 0,005 (LL – 40)] + 0,01 (F 200 – 15) (IP – 10) – onde ‘F 200’ é a
porcentagem passante na peneira N° 200. Sendo assim obteve-se o Índice de Grupo
de resultado -0,43%, sendo o valor negativo, adotou-se IG igual a 0 (TABELA 8).

Tabela 8: Índice de Grupo (IG).

INDICE DE GRUPO ( IG)


IG (F 200 - 35) [ 0,2+0,005 (LL-40)] + 0,01 (F200 - 15) (IP - 10)

IG (28,7- 35) [ 0,2+0,005 (27,15-40)] + 0,01 (28,72 - 15) (13,07 - 10)

IG -0,43% ADOTAR IG = 0
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA

De acordo com a Tabela 9 de classificação de solos no HRB, e obtendo os


resultados do P 200, Limite de Liquidez, Limite de Plasticidade e o Índice de Grupo, e
verificando os valores na tabela, conclui-se que o solo escolhido para a confecção do
tijolo ecológico, trata-se de uma areia siltosa.
44

Tabela 9: tabela de classificação de solos no HRB.

Fonte: UDESC (S.D.)


45

DIMENSÕES

As dimensões dos tijolos produzidos foram medidas utilizando um paquímetro


metálico (FIGURAS 16 e 17) e estão representadas nas Tabelas 10 e 11.

Figura 16: Medindo a largura do tijolo

Fonte: CAPTURADA

Figura 17: Medindo a espessura do tijolo

Fonte: CAPTURADA

Tabela 10: Valores das dimensões dos tijolos de referência

Tijolo Comprimento (mm) Largura (mm) Altura (mm)


1 240 120 70
2 240 120 71
3 240 120 71
4 240 120 70
5 240 120 72
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA
46

Tabela 11: Valores das dimensões dos tijolos da mistura.


Tijolo Comprimento (mm) Largura (mm) Altura (mm)
1 240 120 70
2 240 120 73
3 240 120 72
4 240 120 70
5 240 120 71
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA

Conforme a norma NBR 8491 (ABNT, 2012) define o comprimento (C) como a
maior dimensão das faces de assentamento. A largura (L) como a menor dimensão
das faces de assentamento e a altura (H) como a distância entre as faces de
assentamento. As dimensões nominais que os tijolos precisam apresentar de acordo
a NBR 8491 (ABNT, 2012) são apresentadas na Tabela 12.

Tabela 12: Tipos e dimensões nominais de tijolo solo-cimento


Tijolo Comprimento (mm) Largura (mm) Altura (mm)
A 200 100 50
B 240 120 70
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA

Todas as dimensões nominais encontram-se entre as exigências definidos pela


norma NBR 8491:2012 para tijolos tipo B, isto é, tijolo do tipo vazado. A única
dimensão que passou modificação entre os tijolos foi a altura visto que ela se baseava
da força utilizada durante o momento de compactação, durante que o comprimento e
a largura necessitavam exclusivamente do molde. Entretanto, em conformidade com
a norma NBR 10833:2012 e a NBR 8491:2012, a altura pode ter variação logo que o
tijolo esteja com a altura menor que a largura.

ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES

Os primeiros corpos de prova a serem analisados e testados, foram dos tijolos


na qual a mistura solo-cimento não obteve nenhuma adição de lama abrasiva. Desta
47

forma, eles foram utilizados como corpos de prova de referência. Os resultados do


ensaio dos tijolos sem lama abrasiva estão expressos na Tabela 13.

Tabela 13: Valores das resistências à compressão dos tijolos de referência


Corpo de
Área (mm²) Resistência à compressão (MPa)
prova
1 14396 0,300
2 14396 0,900
3 14396 0,400
4 14396 0,700
5 14396 1,100
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA

Observando os valores encontrados, a média de resistência à compressão dos


tijolos de referência é de 0,680 MPa. Conforme com a norma 8491:2012, a média dos
valores de resistência à compressão tem que ser maior que 2 MPa e os valores
individuais não podem ser inferiores a 1,7 MPa, consequentemente, os de tijolos de
referência não respondeu as exigências de resistência à compressão necessários.
O ensaio se repetiu para o lote de tijolos onde ocorreu a modificação e
substituição parcial da terra por lama abrasiva. Os resultados adquiridos com o ensaio
à compressão dos tijolos referentes a mistura com lama abrasiva estão representados
na Tabela 14.

Tabela 14: Valores das resistências à compressão dos tijolos da mistura com lama abrasiva

Corpo de prova Área (mm²) Resistência à compressão (MPa)


1 14396 0,300
2 14396 0,200
3 14396 1,100
4 14396 0,500
5 14396 0,800
Fonte: AUTORIA PRÓPRIA

Os resultados alcançados com o ensaio de resistência à compressão do lote


de tijolos da mistura com lama abrasiva chegaram uma média de resistência de 0,580
MPa, portanto, não atendendo também aos requisitos da norma NBR 8491 (ABNT,
2012).
48

Como visto nos resultados, os tijolos produzidos lama abrasiva possuem


resistência a compressão inferior aos tijolos ecológicos convencionais. Um dos fatos
que pode ser apontado como causa da baixa resistência à compressão é a
compactação da mistura. Os tijolos foram produzidos em uma prensa manual e não
há como medir e padronizar a compressão feita na mistura a cada tijolo produzido no
decorrer do ensaio, distinguiu -se que os tijolos rompiam perto as bordas externas e
se mantiveram com menos rupturas próximas a área do furo.
Por essa razão, pode-se apontar que a compressão na máquina não era
realizada de forma semelhante e, consequentemente, a resistência do tijolo é maior
nas áreas com maior compactação.
Outro motivo pode ser devido ao aumento do teor de resíduo granítico nos
tijolos de solo-cimento evidenciou aumento na absorção de água e maior perda de
massa e variação de volume.
49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para ampla produção e aplicação de tijolos a partir de materiais residuais, mais


pesquisas e desenvolvimento são necessários, não apenas nos aspectos técnicos,
econômicos e ambientais, mas também na padronização, políticas governamentais e
educação pública relacionadas à reciclagem de lixo e desenvolvimento sustentável.
Trabalhos experimentais realizados neste projeto investigaram o efeito do
resíduo de granito (como substituição de cimento ou areia) nas propriedades
mecânicas do concreto verde produzido. A lama abrasiva foi adicionada com
porcentagens diferentes devido a sua alta finura que proporciona boa coesividade da
mistura. Não foram utilizadas misturas plastificantes em todas as idades de teste.
Embora vários pesquisadores tenham empreendido esforços para reutilizar a
lama abrasiva em concreto a partir de diferentes pontos de vista, pesquisas raras
foram conduzidas sobre resíduos de granito, seja no estágio da pedreira ou durante
as etapas de processamento, especialmente no Brasil. Portanto, recomenda-se fazer
mais esforços futuros para estudar as propriedades físicas e mecânicas do concreto
produzido usando resíduos de granito.
Apesar de que tanto os de tijolos de referência como tijolos da mistura com
lama abrasiva não responderam as exigências de resistência à compressão
necessárias e não chegaram uma média de resistência que atende também aos
requisitos da norma NBR 8491:2012, uma das possíveis razões estão relacionadas
aos métodos de produção de tijolos a partir de materiais residuais, à contaminação
potencial dos materiais residuais usados, à ausência de padrões relevantes e à lenta
aceitação de tijolos à base de materiais usados pela indústria e pelo público, e também
pelo uso de uma prensa manual, pois, não tem como medir e padronizar a compressão
feita na mistura a cada tijolo produzido no transcorrer do ensaio.
Este estudo deixou muitas perguntas não respondidas levantadas na
conclusão, assim o estudo não está em um fim em si mesmo e mais pesquisas sobre
os aspectos de durabilidade do uso da lama abrasiva em tijolos ecológicos precisam
ser feitas. Trabalhos futuros devem realizar mais estudos na produção de tijolos por
uma abordagem econômica e ambiental, nem consomem energia e nem emitem
gases poluentes.
50

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55

APÊNDICE

APÊNDICE A – PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS TIJOLOS

Figura 18: Processo de Fabricação dos Tijolos

Fonte: CAPTURADA
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APÊNDICE B – PROCESSO DE MEDIÇÃO DOS TIJOLOS

Figura 19: Processo de Medição dos Tijolos

Fonte: CAPTURADA

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