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A banca considerou correta a alternativa B, enquadrando conduta do policial Jorge como típica
e ilícita, e considerou que não deveria ser aplicada pena em razão da inexigibilidade de
conduta diversa. Entretanto, a situação apresentada enquadra-se como erro de tipo
permissivo, conforme será demonstrado.
Na situação narrada, Jorge supôs situação de fato que, na realidade, não existia, acreditando
estar agindo em legítima defesa. Essa crença de Jorge se devia ao fato de ele já ter sido
ameaçado por lideranças do tráfico na região do seu bairro, que era violento. Trata-se,
portanto, de erro quanto aos pressupostos fáticos do evento.
Conforme o item 19 da Exposição de Motivos do Código Penal (CP) brasileiro, tal legislação
adotou a teoria limitada da culpabilidade em relação às descriminantes putativas:
Nesse sentido, é a lição de Juarez Cirino dos Santos (Direito Penal – parte geral. 3 ed. Curitiba:
Lumen Iuris, 2008. p. 309 apud NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal – parte
geral. 10 ed., rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 315):
Conforme será demonstrado a seguir, a questão número 7 possui duas alternativas corretas,
quais sejam, as alternativas A e C. Portanto, solicita-se a anulação da referida questão.
O texto a que se refere a questão trata-se de um excerto da obra de Pierre Clastres, intitulada
“A Sociedade contra o Estado”. No trecho, há referência à obra de Claude Lévi-Strauss, autor
conhecido por recusar-se a empregar termos como “primitivo” e “selvagem” em seu sentido
pejorativo, como são usados geralmente para referir-se a tais povos como atrasados ou
inferiores aos europeus. Nesse sentido, conforme Claude Lévi-Strauss (Lévi-Strauss nos 90
voltas ao passado. Mana, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 105-117, out. 1998. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
93131998000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 12 jun. 2018.)
“No mesmo ano, em um artigo intitulado "A Noção de Arcaísmo em Etnologia", recusei o
emprego do termo "primitivo" para designar povos aos quais se concederia, dizia eu, "o
exorbitante privilégio de ter durado e de não ter história". Acrescentei: "Um povo primitivo
não é um povo atrasado ou retardado [...] tampouco um povo sem história, embora o
desenrolar desta nos escape" [...]”
Diante disso, percebe-se que o autor do texto utilizado como base para a questão, ciente do
posicionamento de Lévi-Strauss, utilizou tais termos no texto entre aspas, recurso comum
quando se deseja imprimir destaque, ironia ou um significado contextual ao termo. Conforme
Evanildo Bechara (Moderna gramática portuguesa. 37. ed. rev., ampl. e atual. conforme o novo
Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. p. 521):
“As aspas também são empregadas para dar a certa expressão sentido particular (na
linguagem falada é em geral proferida com entoação especial) para ressaltar uma expressão
dentro do contexto ou para apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria [...]”
Considerando-se o exposto, a letra A está correta, tendo em vista que, de fato, o autor buscou
imprimir ironia ao termo “primitivos”. Contudo, verifica-se que o termo “selvagens” é usado
no texto também entre aspas, objetivando conferir o mesmo sentido irônico ao termo, o que
revela a sinonímia entre os termos “primitivos” e “selvagens”. Essa sinonímia é verificada a
partir do contexto, conforme determina o enunciado da questão.
“É o fato de haver mais de uma palavra com semelhante significação, podendo uma estar em
lugar da outra em determinado contexto, apesar dos diferentes matizes de sentido ou de carga
estilística. [...] Um exame detido nos mostrará que a identidade dos sinônimos é muito
relativa; no uso(quer literário, quer popular), eles assumem sentidos “ocasionais” que no
contexto um não pode ser empregado pelo outro sem que se quebre um pouco o matiz da
expressão.”
Diante do exposto, verifica-se que as alternativas A e C estão corretas, motivo pelo qual
requer-se a anulação da questão.