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Um romance que nasce feminista. A própria autora, na introdução ao livro em 1979, “se
defenda” do rótulo dizendo-se “protofeminista”. Muito da crítica sobre The Handmaid’s Tale recai
especificamente sobre o tema do feminismo e estudos de gênero. Segundo Coral Ann Howells (1996, p.
18), o livro traria uma visão histórica sobre o movimento feminista norte-americano, desenhando o
panorama desde como teria ocorrido a mudança dos clamores iniciais pela libertação feminina no pós-
guerra até apresentando um feminismo mais teórico e com sutilezas políticas dos anos 1980 e 1990.
Susan Willis, quando discute como Modleski trata a dimensão da espera e o gênero
televisivo, traz considerações que podem ser extrapoladas ao âmbito de HT:
Modleski compara habilmente a espera-componente-formal-da-telenovela
com a experiência vivida pela dona de casa. Sozinha em casa, seu marido no
trabalho, um ou todos os seus filhos na escola, a dona de casa desempenha as
tarefas cotidianas necessárias à manutenção do lar e da família num ambiente
em que tudo é espera. (...) Modleski conclui que o apelo das telenovelas reside
na maneira com que elas transformam a espera em um prazer – a telenovela
estetiza a espera e permite que a dona de casa transcenda sua experiência real
e frustrante da espera e a conceba como um prazer. (WILLIS, 1997, p. 16)
6. Sobre a obra
Alguns dados sobre a publicação: The handmaid’s tale figurou por 23 semanas na lista dos
best-sellers do The New York Times. É obra prestigiada pelo mercado editorial de língua inglesa,
recebedora do Governor General's (“for English language fiction”) em 1985, Prêmio Arthur C. Clarke em
1987 (“for best science fiction”) e menções no Prêmio Nébula, Brooker Prize (1986) e Prêmio
Prometheus (1987). A Associação de Bibliotecas Americanas (American Library Association – ALA)
considera o livro como um dos “100 most frequently challenged books of 1990–2000”.
O livro é leitura obrigatória em escolas públicas e privadas em países de língua inglesa.
Pelo seu caráter de “challenged book”, esta adoção é periodicamente questionada por conselhos de
pais, os quais se queixam de que o livro seria prejudicial aos filhos 2 – acabou acusado de ser tanto
anticristão quanto anti-islâmico. No Brasil, há 25 trabalhos de pós-graduação, 3 entre dissertações e
teses, que se dedicam à autora (com destaque à Universidade Federal de Minas Gerais), existindo um
mestrado a respeito de The handmaid’s tale de Marluce de Freitas Oliveira (OLIVEIRA, 2002). Sobre
Margaret Atwood, encontramos ainda dois livros publicados no mercado editorial brasileiro, 4 frutos de
duas teses de doutorado, de Eliane Campello (2003) e Andrea Saad Hossne.
7. Referências
Principais obras críticas a respeito de Margaret Atwood. COOKE, Nathalie. Margaret Atwood: A
Critical Companion, Greenwood Press, Westport, CN: 2004; HOWELLS, Coral Ann. The Cambridge
Companion to Margaret Atwood, Cambridge: Cambridge UP, 2006 e Margaret Atwood, Palgrave
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August. National Film Board of Canada, 1984. GORDON, Joel. Turning Pages: The Life and Literature
of Margaret Atwood. V-Formation Productions, 2007.
2
Segundo a reportagem: “Parent Robert Edwards lodged a formal complaint before the Christmas holidays, arguing
the book is inappropriate because it contains foul language, anti-Christian overtones, violence and sexual
degradation”. (RUSHOWY, 2009)
3
Portal de teses da CAPES consultado em novembro de 2011: http://capesdw.capes.gov.br.
4
Pesquisa feita no catálogo da Biblioteca Nacional por título em novembro de 2011.
Freitas, Unmasking The Tale: Margaret Atwood's The Handmaid's Tale. Dissertação defendida em
2002, UFMG. HOSSNE, Andrea Saad. Bovarismo e romance: Madame Bovary e Lady Oracle, São Paulo,
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