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Curso Lei de Diretrizes Orçamentárias

para Municípios

Módulo - Introdutório
Conhecendo o Sistema Orçamentário

Brasília - 2017
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Dyogo Henrique de Oliveira

Secretario de Orçamento Federal:


George Alberto Aguiar Soares

Secretários-Adjuntos:
Bruno César Grossi De Souza
Geraldo Julião Júnior
Orlando Magalhães Da Cunha
Márcio Luiz de Albuquerque Oliveira

Diretores
Clayton Luiz Montes
Felipe Dariuch neto
Zarak de Oliveira Ferreira

Coordenador-Geral de Desenvolvimento Institucional


Marcos da Costa Avelar
Organização do Conteúdo
Munique Barros Carvalho

Revisão do Conteúdo
José Paulo de Araújo Mascarenhas
Karina Rocha Martins Volpe
Suzana Ferreira Guimarães

Revisão Pedagógica
Janiele Cardoso Godinho
Revisão Gramatical e Ortográfica
Renata Carlos da Silva

Projeto Gráfico e Diagramação


Tiago Ianuck Chaves

Colaboração
Rosana Lôrdelo de Santana Siqueira
Bruno Rodolfo Cupertino
Fernando César Rocha Machado
Francisca Belkenia Fernandes Sousa
Karen Evelyn Scaff

Informações:

www.orcamentofederal.gov.br
Secretaria de Orçamento Federal
SEPN 516, Bloco “D”, Lote 8,
70770-524, Brasília – DF, Tel.: (61) 2020-2329
escolavirtualsof@planejamento.gov.br
SUMÁRIO

Apresentação.................................................................................................. 5
1. Visão Geral do Sistema Orçamentário Brasileiro.......................................... 5
1.1 Plano Plurianual (PPA)..................................................................................... 8
1.2 Lei de Diretrizes (LDO)..................................................................................... 9
1.3 Lei Orçamentária Anual (LOA)....................................................................... 11

2. Ciclo Orçamentário.................................................................................... 14
2.1 Etapas do Ciclo Orçamentário....................................................................... 14

3. Leis Orçamentárias.................................................................................... 16
3.1 Prazo das Leis Orçamentárias........................................................................ 16
3.2 Vigência das Leis orçamentárias................................................................... 17

4. Conteúdo da LDO....................................................................................... 19
4.1 Texto da Lei.................................................................................................... 19
4.2 Anexos da LDO............................................................................................... 21

Revisão do Módulo........................................................................................ 22

Gabarito Dos Exercícios de Fixação................................................................ 23

Referencias Bibliográficas.............................................................................. 24
Módulo - Introdutório
Conhecendo o Sistema Orçamentário

Apresentação

Seja bem-vindo ao curso Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para Municípios da Escola
Virtual SOF. Temos o prazer em tê-lo como nosso aluno e auxiliá-lo na construção do seu
conhecimento acerca dessa lei que é tão importante para uma boa gestão das contas públicas
e para a priorização das demandas da sociedade.

O curso tem como objetivo contribuir para o aperfeiçoamento da elaboração da LDO municipal
por servidores púbicos e instrumentalizar os cidadãos para o acompanhamento deste
instrumento orçamentário. Para isso, aborda os principais conteúdos relacionados à Lei de
Diretrizes Orçamentárias no âmbito municipal, tendo como referência o modelo empregado
pela Administração Pública Federal.

A fim de atender o seu principal objetivo, a dinâmica do curso pode ser resumida da seguinte
forma:

• Apresentar o embasamento Constitucional e legal da LDO;


• Discutir os principais conteúdos tratados pela LDO Municipal;
• Apresentar trechos de LDO’s Municipais para exemplificar o assunto discutido.

Para facilitar sua aprendizagem, utilizaremos ainda, ao longo de todo curso, exemplos de um
Município fictício denominado Sofianópolis. É importante ressaltar que esses exemplos são
apenas ilustrativos, podendo ou não ser adequados à realidade do seu Município.

O participante deverá consultar a legislação municipal e estadual sobre este tema e considerar
as peculiaridades locais, tendo em vista aplicar os conhecimentos aprendidos com base nas
especificidades do seu respectivo Município.

1. Visão Geral do Sistema Orçamentário Brasileiro

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é uma lei orçamentária que compreende as metas
e prioridades da administração pública e tem como principais competências: estabelecer
metas e prioridades da administração pública; orientar a elaboração da LOA; dispor sobre as
alterações na legislação tributária; e estabelecer a política de aplicação das agências oficiais
de fomento.

Todavia, para que possamos explicar de forma detalhada a elaboração da LDO é importante
entendermos inicialmente o contexto em que ela se insere e sua vinculação com os outros
instrumentos normativos.

Nesta linha, não podemos deixar de abordar o Sistema Orçamentário Brasileiro. Assim, o
objetivo desta primeira unidade é apresentar ao leitor a composição do Sistema Orçamentário
Brasileiro, conceituando seus instrumentos: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

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Para começar nosso estudo a respeito desse assunto, convidamos você a refletir sobre as
seguintes questões:

• De quem é a competência para elaborar o orçamento do seu Município?


• Quais as consequências caso não houvesse a elaboração de um orçamento municipal?

O orçamento público é uma peça de planejamento por meio da qual o governo estima as
receitas que irá arrecadar e fixa as despesas que serão realizadas durante o exercício para
viabilizar as ações do governo.

Mas, o orçamento não é um simples instrumento de anotações de receitas e gastos do Governo:


é fundamentalmente um processo de planejamento (NASCIMENTO, 2001).

De maneira geral, as receitas do Município são obtidas por meio de impostos, taxas,
transferências da União e do Estado, enquanto as despesas são realizadas nas mais diversas
áreas como saúde, educação, segurança pública, de acordo com a competência legal de cada
ente.

As receitas e despesas são acompanhadas pelo Poder Legislativo, mas também devem ser
averiguadas pelos contribuintes, maiores interessados nesse processo de alocação de recursos
públicos.

Alocar recurso é destinar recursos a um fim específico ou a uma entidade. Para que se possa
administrar o Brasil, é necessário que o governo tenha dinheiro para cobrir todos os gastos
relacionados às suas atividades, como manter hospitais, construir ferrovias ou contratar
professores.

Esse dinheiro é obtido, em grande parte, pelos tributos pagos pela população e pelas
empresas. Quando alguém paga um imposto, uma taxa ou contribuição, automaticamente faz
um depósito em uma “conta bancária” do Governo Federal, chamada de conta única, na qual
os valores depositados serão utilizados pelo governo para cobrir tais despesas.

O dinheiro disponível para a realização das despesas é distribuído para os programas do


governo, que são partes da sua atuação, em um mesmo assunto, para alcançar um objetivo.

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Por exemplo, tudo o que o governo faz em saúde ou educação pode ser agrupado dentro de
um programa.

Dentro do programa, o dinheiro é distribuído para ações, que, como o nome indica, trata do
que será feito, ou seja, “Implantação de Unidades Básicas de Saúde em Brasília” ou “Ampliação
da Rede Federal de Ensino em Rondônia”. Esse processo de distribuição também é chamado
de alocação de recursos.

Assim, conhecer o orçamento do Município onde você mora é muito importante, pois é nele
que estão as receitas estimadas e todos os gastos autorizados para o ano.

O tema orçamentário vem ganhando cada vez mais espaço na mídia. Nesse mesmo sentido,
a Constituição de 1988 deu grande atenção à matéria, normatizando o orçamento nos artigos
165 a 169.

A Constituição de 1988 (CF/88) alterou o modelo de elaboração


orçamentária nas três esferas do governo, ou seja, no governo federal,
estadual e municipal, agregando novos conceitos e regras ao processo.
Também criou dois novos instrumentos: o Plano Plurianual e a Lei de
Diretrizes Orçamentárias. Com os novos instrumentos o planejamento foi
valorizado e as administrações obrigadas a elaborar planos de médio
prazo que mantém vínculos estreitos com os orçamentos anuais.
(GIACOMONI, 2010).

Assim, a partir de 1988 passou a ser obrigatório não apenas a elaboração de um orçamento
anual, mas um sistema orçamentário composto do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA) (GIACOMONI; PAGNUSSAT, 2007).

Apesar de algumas vezes se referirem à União, as disposições constitucionais sobre matéria


orçamentária têm caráter de norma geral, devendo, no que for aplicável, serem observadas
por todos os entes da Federação (GIACOMONI, 2010).

A iniciativa da elaboração dos projetos das leis orçamentárias é sempre do Poder Executivo.
Entes federativos de maior porte (União, Estados e Municípios maiores) geralmente têm
órgãos especificamente voltados para a elaboração orçamentária, numa assessoria ao Poder
Executivo (GIACOMONI, 2010).

No governo Federal, por exemplo, o órgão responsável pela elaboração dos três instrumentos
orçamentários é o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Entre as secretarias
que compõe este Ministério temos a Secretaria de Orçamento Federal (SOF), responsável
pela elaboração dos projetos de LDO e de LOA, e a Secretaria de Planejamento e Assuntos
Econômicos (SEPLAN), responsável pela elaboração do projeto de PPA.

Após a elaboração, cabe ao chefe do Poder Executivo encaminhar os projetos de leis


orçamentárias ao Legislativo para aprovação. Assim, no âmbito municipal, o Prefeito deve
encaminhar os projetos de PPA, LDO e LOA à Câmara de Vereadores para discussão e aprovação.

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Constituição Federal

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.

1.1 Plano Plurianual (PPA)

O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento novo, introduzido pela Constituição Federal de


1988. De acordo com a CF/88, o PPA estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os
objetivos e as metas da administração pública federal para as despesas de capital1 e outras
delas decorrentes e para as despesas relativas aos programas de duração continuada.

Segundo o Manual Técnico de Orçamento 2016 (MTO 2016), o PPA é o instrumento de


planejamento de médio prazo do Governo Federal. Nele estão estabelecidas as diretrizes,
objetivos e metas do governo para os projetos e programas de longa duração. É elaborado
pelo Poder Executivo a cada novo governo para o período de quatro anos.

A vigência do PPA compreende o período do mandato do Chefe do Poder Executivo, mas não
coincide com ele. Quando o Prefeito é eleito, ele elabora a proposta de PPA no primeiro ano
de mandato e encaminha à Câmara de Vereadores para aprovação. O PPA aprovado só passa a
valer no segundo ano do mandato do Chefe do Poder Executivo, tendo vigência até o primeiro
ano do mandato subsequente (GIACOMONI, 2010).

Assim, no primeiro ano do mandato do Prefeito, o PPA elaborado no mandato anterior ainda
está valendo. Vamos compreender melhor como esse processo funciona? Analise a figura:

FIGURA 1 | Vigência do PPA x Mandato do Chefe do Poder Executivo

1. Despesa de capital são despesas relacionadas com aquisição de máquinas equipamentos, realização de obras, aquisição
de participações acionárias de empresas, aquisição de imóveis, concessão de empréstimos para investimento. Normalmente,
uma despesa de capital concorre para a formação de um bem de capital, assim como para a expansão das atividades do órgão.
Fonte: Secretaria de Orçamento Federal.

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O PPA é o instrumento que dá suporte às Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e às Leis
Orçamentárias Anuais (LOA) subsequentes, que especificam onde e como os recursos do
Governo são aplicados a cada ano. A seguir uma figura para ilustrar a vinculação entre estes
três instrumentos. Nas próximas páginas falaremos melhor da LDO e da LOA.

FIGURA 2 | Processo Orçamentário – Instrumentos Legais

1.2 Lei de Diretrizes (LDO)

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é um instrumento


inovador, trazido pela Constituição Federal de 1988 para
ampliar a transparência do processo de elaboração do
orçamento e antecipar ao Legislativo a condução das finanças
públicas (NASCIMENTO, 2001).

Tradicionalmente, o Poder Legislativo participava do processo


orçamentário apenas para autorizar os gastos fixados pelo Poder
Executivo. Com a LDO, o Poder Legislativo tem participação
concreta na condução das finanças públicas, interferindo no
processo decisório que resulta na elaboração da LOA.

Isso ocorre porque com a LDO os parlamentares aprovam as normas para elaboração da LOA,
permitindo ou não atos que afetem diretamente o orçamento anual. (NASCIMENTO, 2001).

Suponhamos que no ano de 2017 os vereadores de


Sofianópolis desejem aprovar um projeto de lei que
aumente o salário dos professores da rede municipal.
Para ser adequado esse aumento precisa apresentar o
impacto no ano que entra em vigor e nos 2 seguintes.
Além disso, precisa antes constar da LDO prevendo o
aumento da remuneração para os professores, e só
assim o aumento poderá constar da LOA e ser executado.

Os parlamentares tomam nota de forma antecipada de atos que geram impacto nas receitas
e despesas descritas na LOA, ou seja, a LDO antecipa a condução das finanças públicas e
promove uma discussão mais ampla sobre o orçamento público.

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Segundo Giacomoni (2010), uma lei de diretrizes aprovada previamente composta de definições
sobre prioridades e metas, investimentos, metas fiscais, mudanças na legislação sobre tributos
e políticas de fomento a cargo de bancos oficiais, possibilita a compreensão partilhada entre
os Poderes Executivo e Legislativo sobre os vários aspectos da economia e da administração
do setor público, facilitando a elaboração da proposta orçamentária anual e sua discussão e
aprovação no âmbito Legislativo.

Desta forma, com a LDO, o papel dos vereadores no ciclo orçamentário foi ampliado, indo
além da mera estimativa de receitas e autorização de despesas. Eles passam a participar
da condução das finanças públicas, na medida em que orientam a elaboração da proposta
orçamentária.

Isso ocorre porque a LDO compreende as metas e prioridades da administração pública e tem
como principais competências orientar a elaboração da LOA, dispor sobre as alterações na
legislação tributária e estabelecer a política de aplicação das agências oficiais de fomento.

Constituição Federal

Art. 165 [...]

§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da


administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício
financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá
sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das
agências financeiras oficiais de fomento.

Conceitos como tributos, metas fiscais e agências oficiais de fomento serão vistos nos próximos
módulos, onde trataremos de forma mais aprofundada acerca de cada um desses temas que
são abordados na LDO.

Conforme já comentado, embora a constituição fale em “administração pública federal”, essas


diretrizes são aplicadas para os outros entes, incluindo os Municípios.
A cada exercício financeiro,2 a LDO busca compatibilizar a LOA com as diretrizes, os objetivos
e as metas da administração pública estabelecidos no PPA.

A LDO exerce então um papel intermediário entre o plano (PPA) e o orçamento (LOA),
adequando as estratégias traçadas no início de um governo às reais possibilidades que vão
se apresentando ao longo dos anos de implementação do PPA (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e
FEIJÓ, 2008).

O PPA estabelece diretrizes, objetivos e metas para 4 anos. A LDO então recorta dentro do
PPA o que é mais importante para um exercício – o subsequente, e direciona as prioridades da
Administração. (LEITE, 2014: 96).

2. Exercício financeiro é o período definido para fins de organização dos registros relativos à arrecadação de receitas, à
execução de despesas e aos atos gerais de administração financeira da administração pública. No Brasil, tendo em vista o
que estabelece o art. 34 da Lei nº4.320/64, o exercício financeiro tem duração de 12 meses e coincide com o ano civil (01 de
janeiro a 31 de dezembro). (SANCHES, 2004)

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A competência para elaborar a proposta de LDO é do Poder Executivo, que encaminha o Projeto
de Lei de Diretrizes Orçamentárias PLDO ao Poder Legislativo para aprovação. Assim, todo ano,
o prefeito encaminha à Câmara de Vereadores suas metas e prioridades para o ano seguinte.

Já que estamos frequentemente falando em projeto de LDO, você sabe qual a diferença entre
projeto de lei e lei? Pois bem, basicamente, um projeto de lei é um conjunto de normas que
deve submeter-se à tramitação num órgão legislativo com o objetivo de efetivar-se, após a
aprovação, através de uma lei.

Assim, ressalte-se que o projeto de LDO (PLDO) é um projeto3 de lei, ou seja, é um texto
elaborado pelo Poder Executivo que traz um conjunto de normas, que após aprovado pelo
Legislativo e sancionado pelo Chefe do Poder Executivo é denominado de LDO (a LDO é então
a lei, ou seja, o projeto de lei que foi aprovado pelo poder Legislativo).

Para entender melhor a função da LDO, assista ao vídeo “O que é a LDO”, disponível em
nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem.

1.3 Lei Orçamentária Anual (LOA)

A Lei Orçamentária Anual (LOA) estima as receitas que


o governo espera arrecadar durante o ano e fixa os
gastos a serem realizados com tais recursos, para
execução dos programas e ações governamentais. De
acordo com a Constituição Federal (art 165, §5º) a LOA
compreende: o orçamento fiscal, o orçamento da
seguridade social e o orçamento de investimento das
empresas estatais.

Aqui merece destaque o princípio da Unidade Orçamentária que diz que o orçamento é uno,
ou seja, todas as receitas e despesas devem estar contidas numa só lei orçamentária.

Isso não impede que coexistam peças orçamentárias, desde que sofram consolidação de forma
a permitir ao governo uma visão geral do conjunto das finanças públicas.

Este modelo segue a concepção da totalidade orçamentária, onde múltiplos orçamentos são
elaborados de forma independente, sofrendo consolidação que possibilita o conhecimento do
desempenho global das finanças públicas. (GIACOMONI, 2010).

Diante disso, fica mais fácil entender a LOA: é uma única Lei Orçamentária, composta de três
peças: o orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e o orçamento de investimento.

3. Projeto (sentido legislativo) é a designação que é dada às proposições – de iniciativa do Poder Executivo, Judiciário, de
membros e órgãos do Poder Legislativo ou da sociedade – orientadas para a criação de uma lei ou para alteração de textos
legais já existentes (SANCHES, 2004).

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FIGURA 3 | Lei Orçamentária Anual

Veja no quadro a seguir um breve resumo sobre cada um desses orçamentos

• Orçamento Fiscal: É o principal dos três orçamentos por sua abrangência e dimensão.
Refere-se aos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário, quando houver), seus
fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público;

• Orçamento da Seguridade Social: abrange todas as entidades e órgãos a ela


vinculados (saúde, previdência social e assistência social) da administração direta
ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder
Público. Trata-se de um orçamento de áreas funcionais, que cobre todas as despesas
classificadas como de seguridade social e não apenas as entidades e órgãos da
seguridade social. O § 2º do art. 195 da CF estabelece que a proposta de Orçamento
da Seguridade Social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis
pela saúde, previdência social e assistência social, assegurada a cada área a gestão
de seus recursos.

• Orçamento de Investimento: orçamento das empresas em que a União, direta ou


indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. Abrange
apenas os investimentos das empresas estatais. No caso dos municípios, abrange
somente as empresas municipais.
QUADRO 1 | Definição dos Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento

Após a edição da LRF, foi apreciada e publicada a Lei nº 10.028/2000, que alterou o Código
Penal Brasileiro, com o objetivo de estabelecer penas para os crimes contra as finanças
públicas. Como exemplo, “ordenar despesa não autorizada por lei”, que é autorizar despesa
não prevista na LOA. A pena para quem transgride a regra é de um a quatro anos de prisão!
Fonte: Câmara dos Deputados4

4. Disponível em >http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/orcamentobrasil/entenda/cartilha/cartilha.pdf>. Acesso


em janeiro de 2016

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Por fim, podemos resumir o sistema orçamentário da seguinte
maneira:

O PPA, com vigência de quatro anos, tem como função estabelecer


as diretrizes, objetivos e metas de médio prazo da administração
pública, enquanto a LOA fixa o planejamento de curto prazo,
ou seja, materializa anualmente as ações e programas a serem
executados.

À LDO por sua vez, cabe o papel de estabelecer a ligação entre esses
dois instrumentos, destacando do PPA as metas e prioridades que
deverão compor a LOA, e definir as regras e normas que orientam
a elaboração da lei orçamentária que irá vigorar no exercício
seguinte ao da edição da LDO.

FIGURA 4 | SistemaOrçamentário

Sugerimos que você assista ao vídeo “O Sistema Orçamentário Brasileiro”, disponível em


nosso AVA, para conhecer como essas três leis funcionam na prática.

Exercício de Fixação 1

Sobre o sistema orçamentário brasileiro, assinale a opção INCORRETA:

a) A Constituição Federal de 1988 alterou o modelo de elaboração orçamentário e


instituiu uma tríade de instrumentos orçamentários: PPA, LDO, LOA.

b) Tanto o PPA quanto a LDO são instrumentos orçamentários novos, introduzidos


pela Constituição de 1988.

c) O PPA estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas


da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as despesas relativas aos programas de duração continuada.

d) A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) compreende as metas e prioridades da


administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício
financeiro subsequente; orienta a elaboração da lei orçamentária anual; dispõe
sobre as alterações na legislação tributária; e estabelece a política de aplicação
das agências financeiras oficiais de fomento.

e) Quanto ao tema orçamentário, a Constituição Federal não obriga os Municípios,


mas apenas a União.

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2. Ciclo Orçamentário

O objetivo desta unidade é apresentar ao leitor as etapas do ciclo orçamentário, destacando a


fase de elaboração e votação das leis orçamentárias.

Como visto na unidade anterior, o sistema orçamentário brasileiro é composto por três
instrumentos: PPA, LDO e LOA. O ciclo orçamentário se renova periodicamente tendo como
principais etapas: elaboração, aprovação, execução, controle e avaliação do orçamento
(GIACOMONI, 2010).

FIGURA 5 | Ciclo orçamentário

2.1 Etapas do Ciclo Orçamentário

Castro (2000) define o processo orçamentário como um processo de caráter contínuo e


simultâneo, através do qual se elabora, aprova, executa, controla e avalia a programação de
dispêndios do setor público nos aspectos físicos e financeiros.

Assim, o ciclo orçamentário corresponde às etapas típicas do orçamento público, desde sua
elaboração até sua avaliação final (CASTRO, 2000). O ciclo orçamentário tem início com a fase
de elaboração das leis orçamentárias (todas essas leis são de iniciativa do Poder Executivo)
que as envia para o Poder Legislativo na forma de projeto de lei.

A fase de elaboração é a fase em que o Poder executivo confecciona os projetos de PPA, LDO
e LOA: envolve um conjunto de atividades compreendendo o diagnóstico de problemas, a
formulação de alternativas, a tomada de decisões, a fixação de metas e a definição de custos
a serem apresentadas ao Poder Legislativo.

Nesta fase os resultados dos orçamentos anteriores devem ser considerados para a preparação
do novo orçamento. Ocorrem estudos, discussões e então os projetos de lei são encaminhados
ao Legislativo para aprovação.

O foco do curso é nesta etapa, ou seja, na elaboração da LDO, que estudaremos de forma
aprofundada nos próximos módulos.

Já a fase de aprovação corresponde ao momento em que o projeto de lei (projeto de PPA,


LDO e LOA) chega ao Legislativo para apreciação, ou seja, discussão e votação. Na Câmara de
Vereadores, novos estudos são feitos e há muita discussão acerca da proposta. Os vereadores
então votam a proposta, aceitando ou rejeitando alguns dispositivos. Depois da aprovação, o
projeto retorna ao Prefeito para sanção.

No Poder Legislativo podem ocorrer mudanças nesses projetos por meio de emendas, mas
a Constituição traz limitações a essas alterações. Para o projeto de LDO, por exemplo, não

14
podem ser aprovadas emendas incompatíveis com o PPA; para LOA não podem ser aprovadas
emendas incompatíveis com o PPA e com a LDO (GIACOMONI, 2007).

Desta forma, quando o Prefeito encaminha o projeto de LDO à Câmara Municipal, os vereadores
podem propor alterações ao projeto, desde que compatíveis com o PPA.

A terceira fase é a etapa de execução, em que as decisões e as escolhas expressas na lei


orçamentária assumem natureza financeira, ou seja, as receitas são arrecadas e as despesas
realizadas. Aquilo que foi planejado é então colocado em prática.

A fase de controle e avaliação é dirigida à execução do orçamento. Compreende a verificação


da legalidade dos atos de arrecadação de receita e realização de despesa, cumprimento do
programa de trabalho5, fidelidade funcional daqueles responsáveis por bens e valores públicos
(GIACOMONI, 2010).

Os resultados da avaliação do orçamento devem fornecer informações para elaboração de


orçamentos futuros. Assim, o processo não termina com o controle, já que é um fluxo contínuo.

Em síntese, após elaborar e consolidar os projetos de leis


orçamentárias (PPA, LDO e LOA – cada uma no seu devido
prazo), o Prefeito encaminha esses projetos à Câmara de
Vereadores para aprovação. Uma vez aprovada, a lei é
executada e ao mesmo tempo controlada e avaliada
(GIACOMONI, 2010).

FIGURA 6 | Ciclo Orçamentário

Exercício de Fixação 2

Sobre o projeto de LDO indique a opção correta:

a) A competência para elaborar o projeto de LDO é do Poder Executivo, cabendo ao


Legislativo apenas tomar conhecimento do seu conteúdo, sem, contudo poder
alterá-lo.

b) A principal função da LDO é estimar receitas e despesas. Desta forma a LDO só


deve ser aprovada após apresentação da LOA.

c) O poder Legislativo pode fazer alterações no projeto de LDO, desde que essas
mudanças sejam compatíveis com o PPA.

d) A LDO só deve ser aprovada pelo Poder Legislativo após o recesso parlamentar.

e) As leis que tratam da matéria orçamentária devem ser promulgadas pelo Poder
Legislativo, sem a obrigação de serem encaminhadas para o Executivo a fim de
serem sancionadas.

5. Programa de trabalho é o elenco de projetos e/ou atividades que identificam as ações a serem realizadas pelos órgãos do
governo. Fonte: Câmara dos Deputados

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3. Leis Orçamentárias

Existem prazos tanto para os projetos de leis


orçamentárias serem encaminhados ao Poder Legislativo
quanto para serem devolvidos para a sanção. No
Governo Federal esses prazos estão estabelecidos na
Constituição Federal, art. 35, § 2º do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT)6.

O objetivo dessa unidade é apresentar ao leitor os prazos


de cada uma das leis orçamentárias, onde as discussões
iniciais serão norteadas por meio das seguintes reflexões:

• Você sabe qual é o prazo para o Prefeito do seu Município encaminhar o projeto de
LDO à Câmara de Vereadores?
• E o prazo para Câmara de Vereadores devolver o projeto de LDO à sanção do Prefeito?

3.1 Prazo das Leis Orçamentárias

Em relação à matéria orçamentária7, a União, os Estados e o Distrito Federal legislam de forma


concorrente,8 ou seja, cabe à União estabelecer normas gerais e aos Estados suplementar a
legislação.

Questões mais gerais estabelecidas na Constituição Federal devem ser seguidas pelos demais
entes; já questões mais específicas, como os prazos, podem ser definidas por cada ente.
Assim, os demais entes da Federação, e, portanto os Municípios, podem, por norma própria,
adotar diferentes prazos para a tramitação das peças orçamentárias (GIACOMONI, 2010).
De modo geral, os Municípios estabelecem os prazos de tramitação das leis orçamentárias em
suas Leis Orgânicas (NASCIMENTO, 2001).

Se esses prazos não estiverem estabelecidos na Lei Orgânica do Município nem na Constituição
Estadual, os prazos da Constituição Federal devem ser adotados.

Consulte a Lei Orgânica de seu Município e verifique os prazos das leis orçamentárias!

Para exemplificar, analise no quadro a seguir, os prazos das leis orçamentárias federais (também
adotado por muitos Estados e Municípios).

6. Ressalte-se que, no âmbito federal, as regras definitivas serão estabelecidas na Lei Complementar de que trata o art. 165,
§8º, da CF. Na falta daquela norma, vigora o estabelecido no ADCT. (GIACOMONI, 2010)
7. Matéria Orçamentária é tudo que diz respeito ao tema orçamento público.
8. Legislação concorrente. No âmbito da legislação concorrente a União limita-se a estabelecer normas gerais e os Estados,
normas específicas. Em caso de inércia legislativa da União, os Estados poderão suplementá-las, regulamentando as regras
gerais sobre o assunto. (LENZA, 2014, p. 513).

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Devolução Para Sanção do Chefe do
Encaminhamento ao Legislativo
Poder Executivo
Até 4 meses antes do encerramento
Até o encerramento da sessão
PPA do exercício do primeiro ano do
legislativa (22 de dezembro)
mandato (31 agosto)
Até 8 meses e meio antes do Até o encerramento do primeiro
LDO encerramento do exercício financeiro período da sessão legislativa
(15 de abril) (17 de julho)
Até 4 meses antes do encerramento
Até o encerramento da sessão
LOA do exercício do primeiro ano do
legislativa (22 de dezembro)
mandato (31 agosto)
QUADRO 2 | Prazo das Leis Orçamentárias Federais – art 35, § 2º da ADCT – CF/88

Note que, embora cada ente da Federação possa estabelecer, por norma própria, prazos
diferentes de tramitação, a aprovação da LDO deve ocorrer a tempo de cumprir sua principal
finalidade: orientar a elaboração da LOA (GIACOMONI, 2010).

A Constituição Federal estabelece ainda que a sessão legislativa não será interrompida sem a
aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. Assim, os parlamentares só saem de
recesso após a aprovação do projeto de LDO.

Sabe por que deputados e senadores só entram em recesso depois de discutir a LDO?
Porque é ela que estabelece quais serão as prioridades para o ano seguinte. Assim, tudo
que for aprovado na LDO deve ser considerado na elaboração e na execução da LOA – Lei
Orçamentária Anual (o orçamento). Será a LOA que revelará a origem, o montante e o destino
dos recursos a serem gastos no País.

Todo ano, até 15 de abril, o Prefeito de Sofianópolis


encaminha à Câmara Municipal o projeto de LDO. Na
Câmara Municipal os vereadores discutem e aprovam o
conteúdo do projeto, que, após sanção do Prefeito, se
transforma em uma lei, a LDO.

3.2 Vigência das Leis orçamentárias

Segundo Ferraz Júnior (2009), a vigência diz respeito ao tempo de validade, ao período que vai
do momento em que a lei entra em vigor (passa a ter força vinculante) até o momento em que
é revogada, ou em que se esgota o prazo prescrito para sua duração.

O PPA tem vigência quadrienal. Como comentado na unidade I, a vigência do PPA compreende
o período do mandato do Chefe do Poder Executivo, mas não coincide com ele.

A LOA tem vigência anual. Ano a ano é elaborada e aprovada a lei orçamentária do ano
seguinte, que terá vigência de 01 de janeiro a 31 de dezembro.

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Já a LDO, pelas funções que exerce, tem uma vigência diferenciada. Pelo entendimento da
maioria dos autores, entre eles Giacomoni, a vigência da LDO ultrapassa o exercício financeiro.
Isso porque, uma das principais funções da LDO é orientar a elaboração, execução e alteração
da LOA, estabelecendo parâmetros para alocação dos recursos (GONTIJO, 2009).

Vamos utilizar o exemplo do Município de Sofianópolis para que você possa compreender
melhor esses prazos. Suponhamos que a Lei Orgânica de Sofianópolis estabeleceu os seguintes
prazos para as leis orçamentárias:

FIGURA 7 | Interação entre os Poderes Executivo e Legislativo

Em 17 de julho de 2014 a LDO/2015 de Sofianópolis foi aprovada. A partir daí já tem vigência e
orienta a elaboração da LOA/2015. Em 22 de dezembro a LOA/2015 é aprovada e sua vigência
é de 01 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2015. Durante todo ano de 2015 tem vigência
também a LDO/2015, que agora orienta a execução e alteração da LOA/ 2015.

Percebe-se então que a LDO/2015 teve sua vigência iniciada logo após sua aprovação (17 de
julho de 2014) e se estendeu até o término de 2015, ou seja, ficou em vigor por quase um ano
e meio.

Ocorre que em 2015 há a aprovação da LDO/2016, que também passa a ter vigência tão logo
seja aprovada. Assim temos duas LDOs com vigência ao mesmo tempo. Mas, observe: no ano
de 2015 a LDO 2015 orienta a execução e alteração da LOA/2015 e a LDO/2016 orienta a
elaboração da LOA/2016.

Assim, embora tenhamos duas LDOs em vigência, elas orientam exercícios diferentes
(elaboração e execução da LOA) para exercícios diferentes. Agora, observe o esquema a seguir
que ilustra essa situação:

FIGURA 8 | Integração entre LDO e LOA

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Perceberam a integração entre a LDO e a LOA? Após a aprovação, a LDO já tem vigência e
começa a orientar a elaboração da LOA. No ano seguinte, a LDO continua a ter vigência, mas
agora para orientar a execução e alteração da LOA.

Note que ao longo de sua vigência, a LDO tem funções diferentes: no ano de sua aprovação,
a LDO tem função de orientar a elaboração da LOA; no ano seguinte, o papel da LDO é
orientar a execução e alteração da LOA. Então, podemos concluir que a LDO tem vigência de
aproximadamente dezoito meses.

Exercício de Fixação 3

Os prazos estabelecidos nos Atos das Disposições Constitucionais Transitórios (ADCT) da


Constituição de 1988 para encaminhamento ao Legislativo e devolução ao Executivo do projeto
de LDO são, respectivamente:

a) 15 de abril e 30 de junho.
b) 31 de agosto e 22 de dezembro.
c) 15 de abril e 17 de julho.
d) 30 de junho e 31 de agosto.
e) 30 de abril e 17 de julho.

4. Conteúdo da LDO

Nesta unidade apresentaremos uma visão geral dos conteúdos a serem tratados pela LDO, de
acordo com a exigência da Constituição Federal e da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Para
começar nossa discussão, convidamos você a refletir sobre os seguintes questionamentos:

Você sabe o que é a LRF? Qual a importância dessa lei para o sistema orçamentário brasileiro?

4.1 Texto da Lei

O conteúdo da LDO foi inicialmente estabelecido pela Constituição Federal, e posteriormente


teve sua competência ampliada pela Lei Complementar nº 101 do ano 2000, Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) que lhe incumbiu de disciplinar outros temas.

A LRF estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal
e obriga a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Após a aprovação da LRF o
escopo da LDO foi ampliado.

Desta forma, os Municípios, ao elaborarem a LDO devem observar as regras Constitucionais e


as obrigações introduzidas pela LRF. De acordo com a Constituição Federal cabe à LDO:

• Estabelecer metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as


despesas de capital para o exercício financeiro subsequente;
• Orientar a elaboração da LOA;
• Dispor sobre as alterações na legislação tributária;
• Estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento;
• Autorizar a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação
de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a
admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da
administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
poder público, ressalvadas as empresas públicas e sociedades de economia mista;

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• Parâmetros para iniciativa de lei de fixação das remunerações no âmbito do Poder
Legislativo;
• Limites para elaboração das propostas orçamentárias do Poder Judiciário.
• Por ora, estamos apenas apresentando os assuntos que são tratados pela LDO. Nos
próximos módulos abordaremos de forma mais aprofundada cada uma destas
competências.
• Agora, observe o mapa mental a seguir, ele resume as principais competências que
cabem à LDO, segundo a Constituição Federal.

FIGURA 9 | Competências da LDO

É importante ressaltar que não existe poder judiciário na esfera municipal. Existe poder
judiciário em cada cidade, mas a administração não cabe ao Município e sim ao Estado ou à
União.

Desta forma, o Município não vai prever na sua LDO limites para proposta do Poder Judiciário;
este tema é competência do governo estadual e federal.

Outros temas específicos tratados pela LDO foram definidos pela LRF. Assim, a partir do ano
2000 a LDO passou também a dispor sobre:

• Equilíbrio entre receitas e despesas;


• Critérios e formas de limitação de empenho, a serem efetivados nas hipóteses de
risco de não-cumprimento das metas fiscais ou de ultrapassagem do limite da dívida
consolidada;
• Normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas
financiados com recursos dos orçamentos;
• Condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e
privadas;
• Metas fiscais;
• Riscos fiscais;
• Montante e forma de utilização da reserva de contingência;
• Programação financeira e cronograma de execução mensal de desembolso, a serem
estabelecidos pelo Poder Executivo, trinta dias após a publicação da lei orçamentária.

Preste atenção no mapa mental a seguir, ele resume os temas específicos tratados pela LDO e
definidos pela LRF.

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FIGURA 10 | Conteúdo da LDO estabelecido pela LRF

Nas LDOs federais, a maior parte dos dispositivos é dedicada a orientar a organização e
estruturação da LOA, assim como para estabelecer diretrizes para elaboração e execução dos
orçamentos fiscal, da seguridade social e de investimento.

4.2 Anexos da LDO

A LDO é integrada pelo Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais. O Governo Federal
elabora também o anexo de Metas e Prioridades na LDO.

Embora a União e outros entes da Federação elaborem um anexo específico para Metas e
Prioridades, não há uma exigência Constitucional para construção de um anexo específico
para Metas e Prioridades (MAGALHÃES, 2010).

Estabelecer Metas e Prioridades é sim uma obrigação determinada pela Constituição Federal,
e um dos assuntos mais importantes da LDO, mas não precisa ser em um anexo específico,
pode ser no corpo da lei. Desta forma, neste momento, trataremos apenas dos anexos exigidos
por lei, ou seja, anexos de Metas Fiscais e Riscos Fiscais.

Anexo de Metas Fiscais: são estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes,
relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública,
para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.

O Anexo de Metas Fiscais conterá também:

• a avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;


• demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo
que justifique os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três
exercícios anteriores;
• evolução do patrimônio líquido e a aplicação dos recursos de alienação de ativos;
• avaliação da situação financeira e atuarial dos regimes da previdência social e de
outros fundos públicos ou programas de natureza atuarial;
• estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das
despesas obrigatórias de caráter continuado.9

Anexo de Riscos Fiscais: são avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de
afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.

9. Despesa Obrigatória de Caráter Continuado considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada
de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um
período superior a dois exercícios. Ex: despesa de pessoal. Fonte: Lei de Responsabilidade Fiscal, art. 17.

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Os anexos exigidos pela LRF (Metas Fiscais e Riscos Fiscais) têm o objetivo de garantir a
solvência10 do Município, por meio de medidas de controle do seu endividamento e outros
demonstrativos fiscais visando ao equilíbrio entre receitas e despesas e a transparência na
gestão fiscal (VICCARI JUNIOR, 2006).

Nos módulos IV e V do curso, analisaremos de forma aprofundada os anexos de Meta


Fiscal e Risco Fiscal. Por ora, a intenção é que você saiba da existência desses anexos.

Exercício de Fixação 4

Entre os temas específicos que devem ser tratados pela LDO, NÃO se inclui:

a) Equilíbrio entre receitas e despesas.


b) Condições e exigências para transferência de recursos a entidades públicas e
privadas.
c) Metas Fiscais.
d) Riscos Fiscais.
e) Estimativa de receita e fixação de despesa.

Exercício de Fixação 5

De acordo com a LRF, a LDO deve ser integrada por dois anexos:

a) Riscos Fiscais e Metas Fiscais.


b) Riscos Fiscais e Transparência Fiscal.
c) Investimento e Seguridade Social.
d) Limitação de empenho e Equilíbrio entre receita e despesa.
e) Controle de Custos e Evolução do Patrimônio Líquido

Revisão do Módulo

Neste módulo você viu que:

• O sistema orçamentário brasileiro é composto pelo Plano Plurianual (PPA), Lei de


Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). Todos esses
instrumentos orçamentários são elaborados pelo Poder Executivo e encaminhados
ao Legislativo para aprovação.
• O PPA estabelece as diretrizes, objetivos e metas do governo para um período de
quatro anos.
• A LOA estima as receitas que o governo espera arrecadar e fixa os gastos a serem
realizados para o período de um ano. Compreende o orçamento fiscal, da seguridade
social e de investimento.
• O ciclo orçamentário se renova periodicamente, tendo como principais etapas:
elaboração, aprovação, execução, controle e avaliação do orçamento.

10. Solvência em finanças públicas é quando o ente devedor possui ativo maior que o passivo. Garantir a solvência do
Município é garantir que o Município tenha capacidade de cumprir com os seus compromissos, ou seja, tenha patrimônio ou
ativos suficientes para arcar com as responsabilidades assumidas.

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• A fase de elaboração do orçamento é sempre de responsabilidade do Poder Executivo.
Cabe ao Legislativo apreciar as propostas orçamentárias. Os parlamentares podem
propor mudanças desde que a LDO mantenha a compatibilidade com o PPA, e que a
LOA mantenha a compatibilidade com a LDO e o PPA.
• As leis orçamentárias têm prazo tanto para elaboração como para aprovação. Em
geral os Municípios estabelecem os prazos em suas Leis Orgânicas. Se esses prazos
não estiverem estabelecidos na Lei Orgânica do Município ou na Constituição Estadual,
os prazos da Constituição Federal devem ser adotados.
• Prazos das leis orçamentárias federais:

Devolução Para Sanção do Chefe do


Encaminhamento ao Legislativo
Poder Executivo
PPA Até 31 agosto Até 22 de dezembro
LDO Até 15 de abril Até 17 de julho
LOA Até 31 agosto Até 22 de dezembro

• São competências da LDO:

Constituição Federal LRF


- Estabelecer metas e prioridades da admi- - Dispor sobre o equilíbrio entre receitas e
nistração pública; despesas;
- Definir critérios e formas de limitação de
- Orientar a elaboração da LOA;
empenho;
- Estabelecer normas sobre o controle de
- Dispor sobre as alterações na legislação custos e avaliação dos resultados dos pro-
tributária; gramas financiados com recursos dos orça-
mentos;
- Estabelecer a política de aplicação das - Estabelecer metas fiscais e dispor sobre
agências financeiras oficiais de fomento; riscos fiscais;
- Autorizar a concessão de qualquer vanta-
gem ou aumento de remuneração, a criação - Estabelecer condições e exigências para
de cargos, empregos e funções ou alteração transferências de recursos a entidades públi-
de estrutura de carreiras, bem como a ad- cas e privadas;
missão ou contratação de pessoal;
- Parâmetros para iniciativa de lei de fixa-
- Definir montante e forma de utilização da
ção das remunerações no âmbito do Poder
reserva de contingência.
Legislativo.

Agora que já relembramos o conteúdo, em nosso próximo módulo discutiremos de forma mais
aprofundada cada um dos conteúdos que a LDO deve abordar. Vamos prosseguir?

Gabarito Dos Exercícios de Fixação

1) E – Incorreto. Apesar de algumas vezes se referirem à União, as disposições constitucionais


sobre matéria orçamentária têm caráter de norma geral, devendo, no que for aplicável, serem
observadas por todos os entes da Federação.

2) C – Correta
a) O Poder Legislativo discute e aprova as leis orçamentárias. Assim, pode alterar o
projeto de LDO por meio de emendas.

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b) É papel da LOA estimar receitas e fixar despesas. Entre as funções da LDO está
a de estabelecer metas e prioridades para administração pública e orientar
a elaboração e execução da LOA. Assim, a LDO deve ser aprovada antes da
apresentação da LOA.
d) Cada ente pode estabelecer os prazos para envio e aprovação das leis orçamentárias.
No âmbito federal a LDO deve ser aprovada até 17 de julho. Se não for aprovada
o Congresso Nacional não entra em recesso.
e) As leis orçamentárias são aprovadas pelo Poder Legislativo e encaminhadas ao
Executivo para sanção.
3) C

4) E. A competência para estimar receita e fixar despesa é da LOA.

5) A. A LRF exige a elaboração de 2 anexos na LDO: anexo de metas fiscais e riscos fiscais.

Referencias Bibliográficas

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LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2014.

MAGALHÃES, Melissa Machado: Análise da Efetividade do Anexo de Prioridades e Metas da


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VICCARI JUNIOR, Adauto: Lei de responsabilidade fiscal comentada: Lei complementar nº


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