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Flotação PDF
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Dentre os diversos fatores que afetam a flotação, podem ser destacados: a hidrofobicidade da
partícula, a razão de tamanhos entre as bolhas de ar e as partículas, e o grau de turbulência na
suspensão. Somam-se a esses fatores todos os processos que antecedem a flotação
propriamente dita, ou seja, o condicionamento do meio.
Existe uma relação estreita entre os tamanhos das bolhas de gás e das partículas em
suspensão e o grau de turbulência no meio. O tamanho das bolhas de gás deve ser tal que
apenas algumas poucas bolhas sejam suficientes para tornar a densidade do floco inferior à
densidade do meio. Ao mesmo tempo, bolhas muito grandes causam turbulência no meio,
impedindo o seu contato com as partículas. De forma ideal, deve-se ter bolhas de gás com
tamanhos semelhantes aos das partículas, que variam entre 10 e 200 micra. Quando o
tamanho é inferior a 10 micra, a flotação é muito lenta e, devido à hidrodinâmica do líquido, o
contato entre bolhas e partículas é bastante dificultado. Acima de 200 micra, as bolhas se
tornam muito grandes, causando turbulência no meio.
2. ETAPAS DO PROCESSO
Por ser um processo de separação físico-químico, a flotação envolve uma série de etapas
distintas que devem ser realizadas em uma seqüência específica. Cada etapa e sua ordenação
no processo depende da aplicação em questão. Daí ser necessária a realização testes de
tratabilidade. De forma geral, um processo de flotação pode envolver as etapas de
condicionamento, ajuste de temperatura, introdução de ar (ou aeração), macrofloculação e
separação de fases.
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A separação das fases é realizada em um tanque flotador, onde as partículas ou flocos menos
densos que o líquido encontram condições favoráveis para se deslocarem em relação ao
líquido, acumulando na superfície do equipamento sob a forma de uma densa espuma (lodo). A
remoção dessa espuma é feita mecanicamente, e a fase líquida, isenta de partículas ou flocos,
e removida do flotador.
3. MECANISMO DE FLOTAÇÃO
A flotação das partículas em suspensão em um líquido pode ocorrer por um ou mais dos
seguintes mecanismos: adesão/adsorção, arraste, ou aprisionamento. Estes estão
representados esquematicamente na Fig. 1.
A flotação por arraste ocorre quando uma grande quantidade de bolhas de gás, ao se dirigir
para a superfície do meio, arrasta consigo as partículas que se encontram em suspensão.
Nesse caso, não existe qualquer força ou mecanismo de união entre as partículas e as bolhas
de ar, sendo a flotação extremamente instável. Uma vez que interrompida a geração de bolhas,
as partículas sedimentam imediatamente, cessando o processo de flotação.
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4. MÉTODOS DE AERAÇÃO
A etapa de aeração é vital para a garantia de uma boa eficiência ao processo de flotação.
Existem formas diferentes pelas quais as bolhas de ar podem ser introduzidas no processo,
sendo as mais usuais a dispersão mecânica do ar (flotação por ar disperso), a dissolução e
posterior nucleação do ar na suspensão (flotação por ar dissolvido), a geração de gases por
eletrólise (eletroflotação), e o turbilhonamento em cascata. Devido ao seu maior interesse,
somente os dois primeiros métodos serão aqui descritos.
O ar é introduzido
pela haste do rotor
O dispersor quebra
o ar em pequenas
bolhas de ar
O rotor impele o
líquido em direção
à entrada de ar
3
Contudo, a flotação com ar dissolvido apresenta como desvantagem a limitação prática da
quantidade de ar que pode ser adicionada ao processo, uma vez que esta depende da
diferença entre as solubilidades do ar no meio à alta e à baixa pressões. Ainda, uma vez que a
solubilidade do ar em soluções aquosas decresce em função do aumento da temperatura e
também do aumento do teor de sólidos dissolvidos no meio (brix) (ver Fig. 3), em processos
realizados à quente e/ou com elevado teor de sólidos dissolvidos, a quantidade de ar
disponível é reduzida sendo, em muitos casos, insuficiente para promover a flotação completa
das partículas em suspensão no líquido. Outra desvantagem da aeração por ar dissolvido
consiste no maior consumo de energia, bem como na necessidade de utilizar um compressor
para a adição do ar ao meio.
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Água
Solubilidade (litros Ar/m3 sol.)
30
Sol. a 15 Brix
25 Sol. a 60 Brix
20
15
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Temperatura (oC)
4
ar atm. cone difusor
zona de choque
entrada saída
atm
Existem vários modelos que buscam descrever a dinâmica (ou movimento) de uma partícula
em relação a um líquido quando ela se encontra em suspensão. Esses modelos levam em
consideração diversos fatores, que incluem as forças da gravidade e do empuxo, a resistência
mecânica que o líquido impõe ao movimento da partícula, a hidrodinâmica e o grau de
turbulência no meio, a esfericidade da partícula, a concentração de partículas no meio, a
rigidez das mesmas, etc.
Segundo um dos modelos mais simples que existem, o modelo de Stokes, que é aplicável para
partículas rígidas e esféricas em regime de escoamento laminar, a velocidade terminal com
que uma partícula se desloca em relação ao líquido em meio a um campo gravitacional é dada
pela expressão:
gD 2 ( ρ p − ρ l )
Decantação: vt =
18μ
gD 2 ( ρ l − ρ p )
Flotação: vt =
18μ
Por outro lado, a velocidade de separação de uma partícula também pode ser aumentada
através do aumento da diferença entre as densidades da partícula (floco) e do líquido.
Enquanto na flotação isso pode ser obtido com a adição de ar às partículas (flocos) (tornando-
as mais "leves" que o meio), na decantação isso só é possível com a adição de agentes de co-
floculação (mais pesados que o meio), o que na maioria dos casos práticos não é possível.
Essa característica confere à flotação uma grande vantagem em relação à decantação, uma
vez que em um processo de flotação a velocidade de separação de uma partícula (floco) pode
ser aumentada tanto pelo aumento do tamanho do floco quanto pela adição de ar à partícula
(floco). Importante salientar que a adesão de bolhas de ar a uma partícula (floco) atua de duas
maneiras, uma vez que além da reduzir a densidade da partícula (floco), ela também causa um
aumento no seu diâmetro, possibilitando a formação de flocos maiores do que em um processo
de decantação. Por esse motivo, uma separação por flotação pode ser até 20 vezes mais
rápida do que a mesma separação por decantação. Daí decorre os menores tamanhos dos
equipamentos de flotação em relação aos de decantação, pois exigem menores tempos de
retenção.
A Fig. 5 ilustra o que deve ser feito para separar partículas (flocos) quaisquer por meio de
flotação ou decantação. O gráfico da figura representa o que acontece com uma partícula
(floco) genérica após esta passar um determinado tempo (o tempo de residência ou retenção)
em suspensão em um dado líquido, em função do diâmetro e da densidade dessa partícula
(floco). As linhas sólidas mais grossas delimitam as regiões (I, II e III) que correspondem aos
três comportamentos distintos que essa partícula (floco) pode apresentar quando em
suspensão. Nesse sentido, uma partícula (floco) que possui uma combinação de diâmetro e
densidade tal que ela se encontra no interior da região I irá permanecer em suspensão no
líquido depois de transcorrido o tempo de residência (ou seja, a partícula não se separará
naturalmente nem por flotação nem por decantação). Por sua vez, uma partícula (floco) que
possui uma combinação de diâmetro e densidade tal que ela se encontra no interior da região II
irá se separar do líquido naturalmente por flotação, sem necessidade de qualquer ação externa
para promover seu aumento de diâmetro ou diminuição de densidade. Finalmente, uma
partícula (floco) que possui uma combinação de diâmetro e densidade tal que ela se encontra
no interior da região III irá se separar do líquido naturalmente por decantação, não
necessitando de qualquer ação externa para promover o seu aumento de diâmetro ou aumento
de densidade.
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Região I :
Suspensão Região III :
Decantação
A
Densidade
Região II :
Flotação
Diâmetro
Importante reiterar que na flotação ambos esses efeitos podem ser obtidos através da adição
de ar às partículas (flocos), caracterizando a maior flexibilidade da flotação e o menor custo
operacional.