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16/04/2018

Direito Empresarial

Profª. Elisabete Vido

TEORIA GERAL DAS SOCIEDADES


SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA
SOCIEDADES MENORES
SOCIEDADES LIMITADAS
SOCIEDADES ANÔNIMAS
MODIFICAÇÃO DA ESTRUTURA SOCIETÁRIA
GRUPO ECONÔMICO
FALÊNCIA
RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS

SOCIEDADES

Características

1) Sociedades Unipessoais ou Pluripessoais

A regra é serem pluripessoais (art. 981 do CC), isto é, composta por pelo menos duas
partes. Assim, prevalece como regra geral a obrigatoriedade da existência de pelo menos dois
sócios para configurar uma sociedade.

Por unipessoal entende-se que há somente uma pessoa (empresário individual que
exerce a atividade sozinho); por pluripessoal entende-se que há de duas ou mais pessoas.

Código civil – Ocorrerá a dissolução da sociedade diante da falta de pluralidade de sócios,


não reconstituída em até 180 dias (art. 1.033, IV, do CC). Não é possível que a sociedade inicie
as suas atividades assim, mas é situação que pode ocorrer ao longo da existência. Ao final do
prazo, outro sócio deve integrá-la ou altera-se o tipo de sociedade.

“Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:


I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não
entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
II - o consenso unânime dos sócios;
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar”.

Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76)

Art. 207 – até um ano. Não pode surgir com somente um sócio.
Admite-se temporariamente a unipessoalidade das sociedades anônimas e nas demais
sociedades a fim de preservar a atividade que vinha sendo desenvolvida, evitando a extinção
da empresa e protegendo também os demais interesses envolvidos.

Art. 251 da Lei 6.404/76 – Sociedade subsidiária integral. É uma sociedade que tem por
única sócia uma sociedade brasileira. Existe um acionista, que deve ser pessoa jurídica
brasileira, e como a aquisição destas ações é diferenciada, devem ser adquiridas por escritura
pública, devendo sua aquisição ser assim documentada (exemplo: Banco do grupo Bovespa).
Pode existir a vida inteira desta forma (surgir com somente um sócio).

 Sociedade unipessoal de advocacia - Previsão nos arts. 15 a 17 da Lei 8.904/96;

É sociedade que possui somente um sócio; somente um advogado. É uma pessoa


jurídica constituída a partir do registro de seus atos constitutivos no Conselho Seccional da
OAB. Esta sociedade unipessoal de advocacia pode ser constituída originariamente ou em
razão da transformação de uma sociedade simples de advogados em que houve a
concentração de quotas nas mãos de um único sócio. Seguirá as regras da sociedade simples
normalmente, mas sua denominação será obrigatoriamente formada pelo nome do advogado
titular, completo ou parcial, com a expressão “Sociedade Individual de Advocacia”.

Obs.: EIRELI não é sociedade unipessoal. A EIRELI não representa uma sociedade.
Permite o exercício individual das atividades por meio de uma pessoa jurídica.

2) Sociedade Personificada/ Não-Personificada

Significa dizer que possui personalidade jurídica.

A personalidade jurídica, por seu turno, se inicia com o registro. Todavia, temos que não
é qualquer registro que é capaz de dar origem à personalidade. Ou se deu o registro por meio
de Junta Comercial, ou por meio de Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas; ou, ainda,
por meio da OAB.

A sociedade não personificada não possui personalidade jurídica e não foi registrada e
nenhum destes três locais mencionados anteriormente.

Sociedade Personificada Sociedade Não-Personificada


(arts. 997 a 1.141) (arts. 986 a 996)
Critério Existência de personalidade jurídica, Inexistência de personalidade jurídica.
que se inicia com o registro dos atos Não constitui sujeito de direitos
constitutivos no órgão competente. autônomo com aptidão para contrair
direitos e obrigações.
Espécies Sociedade em nome coletivo, em Sociedades em comum e em conta de
comandita simples, em comandita por participação.
ações, limitadas, cooperativas, simples,
anônimas que registraram seus atos
constitutivos.
Execução Credor – Pessoa Jurídica – Sócios Quando o credor vai cobrar uma
podem ser atingidos dívida, o legislador estabeleceu que
O primeiro foco na execução é o deverá ser atingido o instituto
patrimônio das pessoas jurídicas. Após, denominado patrimônio especial (art.
esgotadas as possibilidades, busca-se o 988 do CC). Após cobrado o
alcance do patrimônio dos sócios. patrimônio especial, é que os sócios
Patrimônio PJ –> Patrimônio sócios podem ser atingidos.
Patrimônio especial –> Patrimônio
sócios
Responsa Sócios respondem de forma subsidiária Sócios possuem responsabilidade
bilidade (há responsabilidade subsidiária em subsidiária e possuem benefício de
razão da personalização das sociedades ordem.
empresárias). Patrimônio especial significa dizer que
Sócios possuem benefício de ordem os bens do sócio foram colocados no
(legislador estabeleceu uma ordem de uso da atividade. São uma garantia
cobrança). para os credores e são a primeira
Vide arts. 45, 985 e 1024 do CC. figura a ser cobrada.

Sociedades Simples Sociedades Empresárias


Conceito e São aquelas destinadas ao exercício das Exercem atividade própria de
Objeto demais atividades, que não as de empresário (art. 982) que esteja
Social empresário, como de natureza sujeito a registro (atividade
intelectual, científica ou artística econômica organizada para a
(predomina caráter pessoal), salvo se produção ou circulação de bens ou
constituírem elemento de empresa. serviços com obrigatoriedade de
Atividades não empresariais registro).
(sociedades de dentistas, médicos, por Atividade empresarial (padarias,
exemplo). lanchonetes, por exemplo).
Imposição Cooperativas (são sempre simples); Sociedades por ações (há duas no
de Lei Sociedade de Advogados (qualquer); ordenamento):
(i) Sociedades anônimas (são sempre
empresárias);
(ii) Comandita por Ações. Parágrafo
único do art. 982 do CC c/c art. 16 Lei
8.906/94.
Registro Cartório de Registro Civil de Pessoas
Jurídicas; OAB; Junta Comercial. LTDA
pode ser tanto sociedade simples como
empresária.
Cooperativa e sociedade simples deve
ser registrada na Junta Comercial (arts.
1.150 do CC e art. 32 da Lei 8.934/94).

4) Sociedades dependentes de autorização


Precisam de autorização para exercer sua atividade. Não se pode ir direto na Junta
Comercial.

Instituições financeiras; atividade de mineração; atividade de jornalismo; sociedade


estrangeira (quando tem sede em outro país e abre uma filial).

O responsável por representação é o representante do Poder Executivo Federal.

Uma vez que ocorrer a publicação da autorização, a empresa que adquiriu autorização
possui 12 meses para efetivar o registro na Junta Comercial e também para iniciar suas
atividades.

Passados os 12 meses, a autorização irá caducar. Isto é, será necessário realizar o


procedimento novamente.

5) Sociedade Conjugal

É aquela composta por marido e mulher. A partir do CC de 2002, a sociedade conjugal é


permitida, salvo se eles forem casados no regime de comunhão universal, e se forem casados
no regime de separação obrigatória. Esta limitação possui previsão no art. 977 do CC/2002.

Discute-se se as sociedades constituídas antes dessa modificação legal deveriam ser


alteradas. A resposta é que não precisam ser alteradas, pois trata-se de ato jurídico perfeito.
Por outro lado, as sociedades que forem objeto de transformação devem ser incluídas nessa
limitação.

ESPÉCIES SOCIETÁRIAS

1) Sociedade em Comum (art. 986/ 990 do CC)

 Sociedade Não Personificada;


 Sociedade Simples ou Sociedade Empresária, a depender do objeto social;

A) Espécies

É classificação doutrinária de Rubens Requião. Segundo sua classificação, a sociedade


pode ser:

 De fato
 Irregular.

Na sociedade de fato, não existe um ato constitutivo.

Na sociedade irregular, por outro lado, existe um contrato social que, todavia, não foi
registrado ou que até pode ter se dado a entrada em seu registro, mas este não foi finalizado
(exemplo: vício sanável, sendo necessária a juntada de documentos).

Estas espécies são previstas pelo legislador? Não. Possuem previsão doutrinária.
B) Responsabilidade dos sócios

A responsabilidade pode ser ilimitada (será atingido inclusive o patrimônio pessoal, no


limite da dívida). Entre os sócios, a responsabilidade é solidária.

Todavia, quando uma sociedade é despersonificada, os sócios possuem benefício de


ordem. Significa dizer que o credor deve primeiramente atingir aquele que contratou (sócio
que contratou com terceiro), na sequência o patrimônio especial e, somente quando este
terminar, atingir os bens dos demais sócios.

Observação: Sócio que contratou – continua a existir a responsabilidade ilimitada/


solidária, com a ressalva de que este sócio é excluído do benefício de ordem. Exemplo:
lanchonete sem registro – sociedade em comum não personificada. O documento a ser
apresentado, por exemplo, se cobrado por um atacadista, será o documento do sócio que
contratou. Demais sócios podem ser atingidos se comprovada a responsabilidade (exemplo:
locação do espaço em conjunto; conta corrente; no caso de um terceiro, é aceito qualquer
meio de prova). Deverá, todavia, ser anteriormente buscado o patrimônio especial da
sociedade (bens sociais).

2) Sociedade em Conta de Participação

É uma sociedade oculta, que não aparece perante terceiros, sendo desprovida de
personalidade jurídica. Se caracteriza pelos dois tipos de sócios: o ostensivo (que aparece e
assume a responsabilidade perante terceiros) e o participante (ou oculto, que não aparece
perante terceiros e só tem responsabilidade perante o ostensivo, nos termos do ajuste entre
eles).

É sociedade não personificada. Significa dizer que não tem personalidade jurídica e que
não teve registro naqueles órgãos mencionados.

Sociedade pode ser simples ou empresária (depende do objeto social).

 Arts. 991 a 996 do CC/2002.

Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto


social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua
própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados
correspondentes.

Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e,


exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social.

Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer


formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito.

Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição
de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.
Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o
sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros,
sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier.

Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo,


patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais.

§ 1o A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios.

§ 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da


respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário.

§ 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os
efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido.

Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio
sem o consentimento expresso dos demais.

Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com


ela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas
normas relativas à prestação de contas, na forma da lei processual.

Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão


prestadas e julgadas no mesmo processo.

A) Sócios

Há duas categorias de sócios:

Sócio Ostensivo Sócio Participante (sócio oculto)

É quem realiza o objeto social. É alguém que não realiza o objeto social
(não faz parte da atividade contratada pelo
consumidor)
É quem contrata com terceiros no dia-a- Não contrata com terceiros.
dia.
Responde de forma ilimitada perante Não responde perante terceiros (não
terceiros. significa, todavia, que não tem prejuízos).
Entre ambos (sócio ostensivo e participante) existe patrimônio especial. O patrimônio
especial é atingido na falência, e constitui a principal garantia dos credores.

Obs.: Ter CNPJ não significa ter personalidade jurídica.

B) Dissolução da Sociedade

Normalmente, ocorre a dissolução e, em seguida, o procedimento de liquidação


(havendo o pagamento dos credores e dividindo-se o saldo remanescente entre os sócios).
Há, todavia, na sociedade em conta de participação, a dissolução por meio de ação de
exigir contas. Sua previsão é do art. 550 do CPC e 996 do CC. Não há, aqui, uma liquidação
tradicional.

23/04/2018

Sociedade em Conta de Participação (cont.) – Arts. 991 a 996 do CC

A sociedade em conta de participação não é lícita. Mas o que pode ser lícita é a origem
do dinheiro.

Observação:

Investidor Anjo – na lei, é instituto novo, mas sempre existiu. Art. 61-A da LC 123/06.
Investe em microempresa ou empresa de pequeno pote. Este investimento será devolvido no
intervalo máximo de sete anos. Neste contrato de investidor, é possível que se especifique a
participação nos lucros do negócio.

Investidor anjo não participa das decisões. Esta situação protege ainda mais quem
realiza a atividade empresária do que a sociedade em conta de participação.

C) Falência

Por algum motivo, o sócio ostensivo veio à falência. A atividade então se encerra (quem
faliu é quem exercia a atividade da sociedade – é quem exerce a atividade fim). Se o sócio
participante tiver algo a receber, ele irá realizar a sua habilitação. Passará, portanto, a ser um
credor quirografário. Não se trata de privilégio especial concedido por lei.

No que tange ao sócio participante, este também pode falir. Se por ventura o sócio
participante sofrer falência, a atividade da sociedade em conta de participação continua.
Falindo o sócio participante, fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos
contratos bilaterais.

Na falência, os contratos continuados são tratados como contratos bilaterais, e que


podem ou não prosseguir, a depender da decisão judicial (previsão do art. 994 do CC).

3) Sociedades Menores

Sociedade
Sociedade Pessoa Simples ou Responsabilidade dos Sócios
Jurídica Sociedade
Empresária
Sociedade em Nome Sim, possui. Pode ser tanto Sócios são necessariamente
Coletivo (arts. 1.039 e uma como pessoas físicas e respondem
ss do CC) outra. de forma ilimitada e solidária.
Sociedade em Sim, possui. Pode ser tanto Sócio comanditado é apenas
Comandita Simples uma como pessoa física (é quem
(art. 1.045 e ss do CC) outra. administra e responde
ilimitadamente*). Sócio
comanditário (que pode ser PF
ou PJ) não administra, e
responde limitadamente.
Acionista diretor (só pode ser
Sociedade em Sim, possui. É sociedade PF) responde ilimitadamente.
Comandita por Ações empresária. Acionistas respondem
(arts. 1.091 e 1.092 do limitadamente (podem no
CC) máximo fazer um conselho
consultivo; não tomam
decisões)

* O credor, todavia, tem que primeiro buscar a pessoa jurídica.

4) Cooperativa (arts. 1.093 e 1.094 do CC)

Para a cooperativa o capital social pode ser tanto inexistente como variável. Não conta o
lastro que a empresa possui. É a soma dos investimentos, mas como as pessoas podem
livremente sair, é este investimento também pode ser retirado.

Nos termos do art. 982 do CC, é necessariamente uma sociedade simples.

Deve ser registrada na Junta Comercial, na forma do art. 32 da Lei 8.934/94.

O voto é por cooperado (cada um tem um voto).

As quotas são intransferíveis (não podem ser alienadas, nem objeto de herança).

Não irá sofrer falência, tampouco poderá pedir recuperação judicial.

5) Sociedade Simples (“pura”)

Alteração do contrato social

É possível a existência de sócio que apenas preste serviços (art. 997, V, do CC).

Alteração do contrato social – Se forem as cláusulas do art. 997, só é possível a alteração


com a concordância unânime dos sócios.

Para demais assuntos, é necessário a maioria.

Sócio que presta serviços

Quando se fala a respeito do sócio que presta serviços, há um destaque importante: ele
participa dos lucros de acordo com a média dos demais.

Ele não possui quota, de modo que o critério para que ele participe dos lucros é com
base na média paga aos demais sócios. Ele não participa das perdas (arts. 1006 –
impossibilidade de atuar em outra atividade sem autorização da sociedade - e 1007 do CC).

A cessão de quotas depende da concordância unânime dos sócios (art. 1.003 do CC).
6) Sociedade Limitada

É uma sociedade personificada e pode ser tanto sociedade simples como empresária. É
preciso saber qual o objeto social da limitadamente. Isso define também aonde ela será
registrada.

A) Sociedade de Pessoas ou de Capital

 Sociedade de pessoas

Na sociedade de pessoas, além do lucro, ou seja, objetivo claro de auferir dinheiro, é


muito relevante a relação pessoal. Neste tipo societário, é indispensável a presença do
“affectio societatis”, uma vez que aqueles integrantes foram escolhidos de acordo com suas
habilidades especiais.

“Affectio societatis” - É o dever de colaboração que os sócios assumem ao constituir a


sociedade. É o querer que o negócio dê certo.

A quebra do affectio societatis permite a retirada do sócio.

Cláusulas de Controle com a Entrada de Terceiros

Na sociedade de pessoas, existem cláusulas de controle com a entrada de terceiro.

Este tipo de cláusula define a necessidade de concordância dos demais para que se
tenha a entrada de terceiros na sociedade (caso de morte ou de cessão). Haverá, aqui, o
estabelecimento de um determinado quórum.

 Sociedade de Capital

Para este tipo societário, a única coisa que interessa é o lucro. Não se fala em quebra de
“affectio societatis”. A entrada de terceiro é, portanto, livre.

Sociedade Híbrida

Sociedade híbrida é aquela que, a depender do texto do contrato social, é possível a


limitação ou a liberação da entrada de terceiros. É aquela que pode ser uma coisa ou outra (de
pessoas ou de capital).

Se existir uma cláusula de controle, tem-se uma sociedade de pessoas.

 Sociedade híbrida é, portanto, a sociedade em que é possível escolher se é de pessoas ou


de capital, a depender da existência ou não de cláusulas de controle para a entrada de
terceiros. A sociedade limitada é uma sociedade híbrida, pois é possível redigir o contrato
com cláusulas de controle (valorizando a “affectio societatis”) ou sem cláusulas de controle.

B) Fonte (art. 1.053 do CC)

Sociedade Limitada
Sempre deve ser utilizada como primeira fonte as regras da sociedade limitada que
estão no Código Civil.

No caso de omissão destas regras, usa-se subsidiariamente as regras de sociedade


simples.

Lei de S/A?

Atualmente, só se pode usar a Lei das Sociedades Anônimas se o Contrato Social


expressamente indicar. Só se aplicam se houver cláusula contratual neste sentido.

C) Capital Social

Para uma empresa, capital social é o lastro que a sociedade possui. Informa que existe
ao menos aquela quantia. Se houvesse, pôs exemplo, prejuízo, deve-se alterar tal informação.

No caso das EIRELI, há valor mínimo de 100 salários mínimos (única empresa em que há
valor mínimo). No caso das demais sociedades, não há valor fixado em lei.

Capital social é a soma do que os sócios se comprometeram a investir. Este investimento


pode ser expressado na forma de dinheiro ou em bens. Não é possível investir na sociedade na
forma de prestação de serviços (a única sociedade que admite essa forma de investimento é a
sociedade simples “pura”).

Toda vez que for necessária a avaliação (ou seja, toda vez que algum sócio disser que vai
investir algo que não seja dinheiro), temos que os sócios são solidariamente responsáveis pela
exata avaliação. Tal responsabilidade solidária dura 5 anos do registro.

Avaliação falsa/ imprecisa - A diferença do valor real para o valor avaliado pode ser
cobrado de todos os sócios, havendo a sua responsabilidade solidária.

Esta avaliação não caracteriza desvio de finalidade tampouco confusão. Pode ser
enquadrada no caso de responsabilidade do art. 1.080 do CC (quando sócio age contra a lei ou
contra ato constitutivo).

O prazo de 5 anos também implica que a discussão acerca da avaliação só pode se dar
neste período.

C.1) Alteração de Capital Social

Além de alterar, deve ser realizada uma averbação no órgão competente (não
necessariamente na Junta Comercial, uma vez que a sociedade empresária pode ser simples ou
comercial, de modo que irá interferir no local de registro).

Obs.: Redução do Capital Social

Art. 1.082 do CC trata de duas possibilidades: (i) a primeira por prejuízos reiterados e (ii)
porque aquele capital social é excessivo ao objeto social. Este é ato de vontade, de decisão dos
sócios.
Quando o motivo for prejuízos reiterados, deverá ser aplicada a regra geral de alteração.
Todavia, quando o motivo se der por ato de vontade para a diminuição do capital social, far-se-
á necessária a publicação no Diário Oficial do Estado de tal alteração.

O aumento de capital social está disciplinado no art. 1.081 do CC, as possibilidades de


alteração no art. 1.082 do CC e as demais formalidades estão no art. 1.083 e 1.084 do CC.

07/05/2018

Sociedade Limitada

1) Responsabilidade dos sócios

Subscrever não é o mesmo que pagar, não é o mesmo que colocar na sociedade. A
integralização pode ser ajustada internamente.

X LTDA Capital social - 100 Comprometeu Colocou Deve


(Subscreveu) (Integralizou)
A 90 50 40
B 10 10 ø

Art. 1052 do CC – Cada sócio responde pela integralização da cota que subscreveu (cada
sócio deve pagar a cota a que se comprometeu).

X LTDA – A = 40; B = ø

Sócio A – deve 40 —> É chamado de sócio remisso aquele sócio que não paga a sua
parte.

Todos os sócios são solidariamente responsáveis até o limite do que falta a integralizar.

Ex: Um credor qualquer pretende cobrar 2.000 da sociedade (pois esta está lhe devendo
esta quantia). Ele não pode cobrar diretamente os sócios. Quando cobrar a sociedade, mesmo
atingindo todos os bens, suponha-se que ainda remanesça 700. É possível, neste caso, que
este credor atinga os demais sócios A e B. A e B, neste caso, podem ser cobrados de 40 (só
pode ser cobrado do valor que faltou ser integralizado (caso da tabela). No caso, ambos
respondem pois há a sua responsabilidade solidária).

2) Responsabilidade Ilimitada

São aquelas nas quais todos os sócios respondem subsidiária e ilimitadamente pelas
obrigações da sociedade, vale dizer, se o patrimônio social não for suficiente, o patrimônio de
todos os sócios responde pelas obrigações da sociedade.

Se dá em duas situações:

A) Previsão no art. 1.080 do CC – Os sócios que agirem contra o contrato social ou


contra a lei respondem ilimitadamente.

Não tem relação com desconsideração, pois é uma penalidade à conduta dos sócios.
B) Desconsideração da Personalidade Jurídica

O empresário individual não tinha personalidade jurídica, e todos os seus bens eram
atingidos pelas dívidas. A desconsideração só se justifica quando há personalidade jurídica.

No caso, ao se falar em desconsideração, não se afirma que a personalidade jurídica


deixa de existir, e sim que ela é afastada temporariamente.

Hipóteses: (i) O credor da PJ atravessa por esta e atinge os sócios; (ii) o credor é credor
de determinado sócio, por obrigação por este assumida. É entao atravessada a personalidade
do sócio para atingir a personalidade jurídica. É a chamada desconsideração inversa.

Teoria Maior Teoria Menor


Art. 50 do CC; Art. 28 do CDC;
Art. 4º da Lei 9.605/98.

É aplicável para credores negociais. São Se aplica aos credores não negociais, isto é,
aqueles que, ao contratarem, podem se aqueles que não puderam se preservar
precaver diante do não pagamento (adquirir (adquirir garantia para evitar prejuízo maior).
garantias, como no caso de um banco: aval, São credores não negociais: o consumidor,
garantia real) quanto a eventuais vícios; o trabalhador,
quanto ao recebimento de sua
contraprestação; danos ambientais.
Requisitos para a desconsideração: (i) não O único requisito exigido é o não pagamento
pagamento pela pessoa jurídica pela pessoa jurídica. Afirma o legislador que
(amplamente falando); (ii) abuso da é suficiente o mero obstáculo ao pagamento.
personalidade jurídica.

 Abuso de personalidade jurídica

A personalidade jurídica foi criada a fim de viabilizar a atividade econômica, a aplicação


da teoria do risco integral.

Verifica-se o abuso da personalidade de acordo com a teoria que está sendo adotada:

1) Teoria Objetiva – se vê o abuso por meio de critério objetivo; olha-se somente se houve
confusão patrimonial (bens parecem ser da PJ, mas não estão em seu nome. Ex: Uma
transportadora com diversos caminhões, mas ao se tentar atingir o patrimônio, verifica-se
que tais veículos estavam em nome dos sócios).

A confusão patrimonial, isoladamente, não é suficiente para a desconsideração.

2) Teoria Subjetiva – Há, aqui, o que se entende por desvio de finalidade – é usar a pessoa
jurídica para fim diverso daquele a que se destina. Ex: cria-se uma padaria para lavar
dinheiro.

Recurso Especial nº 279.273 – Explica a desconsideração – Min. Nancy Andrighi.

 Procedimento no CPC – Arts. 133 e seguintes


A desconsideração possui procedimento próprio.

Ou a desconsideração é requerida na própria inicial (cobrança, execução, pedido de


falência), ou é pedida por meio de um incidente.

Os sócios da PJ são citados. Terão a oportunidade de defesa, haverá a produção de


provas e, somente após, irá se resolver se irá ou não ocorrer a desconsideração.

A desconsideração pode somente alcançar sócio. Se foi atingido um administrador, é


porque este era também sócio.

3) Administrador

A) Quem é o administrador?

Pode ser tanto um sócio como um terceiro. Não é necessário que seja sócio.

É possível, ainda, que haja uma declaração de que a administração caiba a todos os sócios. Se a
administração for assim fixada, esta cláusula não aproveita àqueles que sucederem aos sócios.

Ex: Sociedade com sócios A, B, C. Há cláusula dispondo que todos são administradores.

A é então substituído pelo E, passando a figurar como sócios, E, B e C, que passam a ser os
administradores.

B) Em qual documento irá constar a informação de quem é o administrador?

- Art. 1.060 do CC;

Pode ser tanto no contrato social, como em algum documento separado (ex: ata de
designação de administrador).

Importante que o referido documento seja registrado na Junta Comercial ou no Cartório


de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (a depender se a sociedade é simples ou empresária).

C) Quórum para que se escolha ou retire alguém da Administração

- Arts. 1.061 e 1.076 do CC;

Contrato social deve, para tanto, ser alterado. O quórum é de 3/4 do capital social. É
possível que seja fixado de maneira diversa pelo próprio Contrato Social.

Quórum para que se designe o administrador em documento separado:

Caso se queira designar um não sócio (terceiro), irá depender se o capital social estiver
100% integralizado, quando será necessária a concordância de 2/3 do capital social ou, ainda,
se o capital social não estiver integralizado, quando será necessária a concordância unânime.

D) Funções do Administrador
Possui, como função, a prática de atos de gestão (art. 1.015, “caput”, do CC). São atos
relacionados com o objeto social (ex: no caso de uma padaria, comprar e vender farinha de
trigo, fixar os preços, contratar funcionários, etc.)

O administrador é aquele que usa o nome empresarial (art. 1.064 do CC). Significa
assinar pela empresa.

É possível, ainda, que haja outros poderes, mas que irão depender de previsão expressa
ou no documento ou no contrato (ex: assinar como avalista).

E) Atuação em nome da sociedade

A regra é que a responsabilidade seja da sociedade quando o sócio agir em nome da sociedade.

Quando irá ocorrer a responsabilidade pessoal (por perdas e danos, pelos prejuízos causados)?
A previsão é a dos arts. 1.013 a 1.017 do CC – quando o sócio agir com culpa ou dolo, quando
usar bens sem autorização dos demais; agir em desacordo com os sócios (tem poder para a
prática do ato - por ato de gestão ou por concessão – mas em determinado momento os sócios
optaram por não permitir aquela determinada prática e, ainda assim, o sócio violou à
disposição conjunta dos demais sócios).

 Observação - Ato “ultra vires”

Administrador praticou ato “ultra vires” – quer dizer “além das forças”. Surgiu nos EUA e
foi previsto no CC de 2002, época em que já estava em desuso na legislação estrangeira.

Previsão: Art. 1.015, parágrafo único, inciso III

Excesso de poderes – ou porque agiu além dos poderes concedidos ou, ainda, porque
agiu além do objeto social (que estabelece as forças do administrador).

O que ocorre no ato “ultra vires” é a responsabilidade isolada do administrador.

F) Formalidades

 Documento separado

Previsão no art. 1.062 do CC;

Uma vez que seja designado o administrador, o escolhido possui o prazo de 10 dias para
assinar o termo de designação, que é ato que será arquivado no Livro da Limitada denominado
de Livro de Registro de Atas (é um livro obrigatório para as sociedades limitadas).

Uma vez assinado o termo, fixa-se o prazo de 30 dias para que este ato seja levado a
registro.

4) Cessão de Cotas

É livremente pactuada no Contrato Social.

Se omisso o contrato social, esta regra esta no art. 1.057 do CC:


“Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente,
a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver
oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.

Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os
fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento,
subscrito pelos sócios anuentes”.

Se a cessão for para terceiros —> Se não houver a oposição de sócios com mais de ¼ do
capital social.

Ex: A – 75%; B – 10%; C – 15%

A quer vender para B (C não pode impedir);

B quer vender para C (A não pode impedir)

B quer vender para terceiro. A pode impedir nesse caso

Se A quer vender para terceiro, B e C sozinhos não podem impedir (porque não possuem
mais de 25% juntos, uma vez que a lei afirma que deve ser + de ¼ do capital social).

5) Sócio Remisso

Art. 1.058 do CC: dispõe que a sociedade pode tomar duas atitudes diferentes.

A primeira delas é a que prevê a possiblidade de ingresso com ação de cobrança; a outra
possibilidade é a exclusão do sócio da sociedade, uma vez que houve a violação de dever por
parte deste sócio.

É indispensável que, para tanto, seja feita a apuração dos haveres (não é porque está o
sócio devendo, que pode haver a retenção do que ele pagou. Não se admite a retenção da
quantia como forma de penalidade).

6) Decisões tomadas na Limitada

Em regra, as decisões mais corriqueiras são tomadas unipessoalmente por aqueles que
tem poderes para administrar a sociedade. No entanto, aquelas decisões mais complexas
(alteração do contrato social, exclusão de sócio, ou fusão com outra sociedade, por ex.),
exigem uma deliberação colegiada.

Podem ser as decisões tomadas por reunião ou por assembleia, que é o órgão específico
responsável pela tomada de deliberações sociais . O critério é o de que, caso haja até 10 sócios,
as decisões se dão por meio de reunião (informalidade). O que é importante para ser
documentado a terceiros, pode se dar pela formalidade de convocação.

Quando uma sociedade limitada, todavia, possui mais de 10 sócios, faz-se necessária
uma assembleia, que significa uma formalidade de convocação (art. 1.072, §3º).
29/05/2018

7) Dissolução Parcial

Possibilidades:

a) Morte de sócio (art. 1.028, CC)

Em razão do princípio da preservação da empresa, entende-se que a morte do sócio


deve acarretar apenas a dissolução parcial da sociedade, com a liquidação da(s) quota(s) do
sócio falecido.

A regra da lei é que os herdeiros são ressarcidos, e não tomam o lugar do sócio. Os
herdeiros levam a certidão de óbito para a sociedade, em seguida a sociedade altera o
contrato social, faz a averbação (na Junta ou no cartório de registro civil) e, em seguida, faz o
ressarcimento. Pode, porém, haver previsão contratual para que os herdeiros assumam a(s)
quota(s) do sócio falecido.

b) Retirada de sócio (art. 1.077 do CC)

Deve ser motivada. Cabe essa retirada toda vez que o sócio não concordar com
alteração do contrato social.

Além da hipótese motivada, existe a retirada imotivada, ou seja, não há um motivo legal.
Constitucionalmente, a pessoa não é obrigada a se manter em uma sociedade. A alegação é a
quebra da “affectio societatis” e este rompimento pode existir por uma série de razões.

Em qualquer uma destas modalidades, é indispensável que se faça notificação aos


demais sócios. A partir dela, eles podem, inclusive, decidir se o melhor é a dissolução total da
sociedade (art. 1.029, p.ú.). Se aceitarem a dissolução parcial, a sequência é igual à que
acontecia na morte de um dos sócios, após a juntada do atestado de óbito: alteração do
contrato social, averbação e ressarcimento.

A fundamentação da retirada não motivada pode ser encontrada no art. 1.029 do CC.

c) Exclusão

Outra causa de dissolução parcial das sociedades é a exclusão de sócio. Há a liquidação


das quotas do sócio excluído, com a respectiva apuração de haveres.

A exclusão fora do Judiciário pode ser chamada também de exclusão extrajudicial. Ela é
apresentada no art. 1.085 do CC. Neste artigo, o legislador colocou requisitos para evitar a
exclusão de sócio por capricho. Se faltar um dos requisitos, a pessoa não pode ser expulsa
desta maneira.

Art. 1.085: “Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios,
representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão
pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá
excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a
exclusão por justa causa”.
Requisitos:

• Praticar falta grave, ou seja, ato contra a empresa (exemplos: desfalque e desvio de clientela).

• Previsão no contrato social.

• Concordância de sócios com mais de ½ capital social (é a exclusão extrajudicial do sócio, do


art. 1.085, que é diversa da exclusão judicial, do art. 1.030, que pode atingir inclusive o sócio
majoritário, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios).

Se todos os requisitos forem cumpridos, o art. 1.085 afirma ser necessário dar a
oportunidade de defesa. Marlon Tomazete afirma que o prazo de defesa deveria ser de 8 dias.

Após a decisão, deve haver alteração do contrato social, averbação e ressarcimento.

O procedimento de dissolução parcial no novo CPC

Para todas essas três formas de dissolução (morte, retirada ou exclusão de sócio), é
possível ingressar com ação de dissolução parcial, prevista nos arts. 599 a 609 do CPC (o nome
é o mesmo para as três formas; o que vai mudar é o motivo). Deve ser ajuizada toda vez que,
diante destes fatos, não se conseguir resolver a situação extrajudicialmente.

O CPC, no art. 599, I, faz menção às sociedades empresariais contratuais simples acerca
de sua dissolução parcial.

Hoje, esta ação conta com procedimento especial. Aborda-se a dissolução propriamente
dita, fixando-se a data da resolução (data da saída do sócio) e como o ressarcimento será
calculado. Havendo concordância expressa da dissolução na ação, o juiz a decretará, passando-
se à fase de liquidação.

O Novo CPC permitiu o uso da ação de dissolução parcial somente para (i) a resolução da
sociedade empresária em relação a um sócio (formas indicadas acima); (ii) ou somente para a
apuração de haveres de um sócio (pelos mesmos motivos).

Legitimados para ingressar com a ação: depende do motivo. Se o motivo for a morte, o
inventariante e os herdeiros podem ajuizá-la. No caso da retirada, o legitimado é o sócio que
deseja sair. Na exclusão, a legitimada é a sociedade. Art. 1.030 do CC: cabe a exclusão judicial
quando houver a concordância da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento
de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

Obs.: Cálculo do ressarcimento. Tecnicamente, trata-se de apuração dos haveres. O


critério para o cálculo está no art. 1.031 do CC. Deve ser verificado se o contrato social tem
alguma regra. No caso de omissão do contrato social, deve ser providenciado balanço especial,
para que se verifique qual é o patrimônio líquido da sociedade (o art. 606 chama de balanço de
determinação). Com tal análise, é possível descobrir qual parte realmente compete àquele
sócio. Na apuração de haveres, não só se calcula o que deve ser pago, mas também é possível
descontar os prejuízos causados – logo, pode ser que nada seja pago a este sócio que se retira
ou aos seus herdeiros.

SOCIEDADES ANÔNIMAS - LEI 6.404/76 (LSA)


1. Características

Em relação à sociedade limitada, a sociedade anônima possui origem muito mais remota
e configura espécie societária bastante atrativa para os grandes empreendimentos.

Dentre as características principais da sociedade anônima, podemos destacar quatro:


natureza capitalista (a participação societária – ação – é livremente negociável e pode ser
penhorada para a garantia de dívidas pessoais de seus titulares), sua essência empresarial (é
sociedade empresária independentemente do seu objeto social), sua identificação exclusiva
por denominação (que é designativa do seu objeto social, com as expressões ‘sociedade
anônima’ ou ‘companhia’, por extenso ou abreviadamente; não pode jamais adotar firma
social), a responsabilidade limitada dos seus sócios (cada qual responde apenas pela sua parte
no capital social – não há responsabilidade solidária quanto à integralização de todo o capital
social).

É sempre uma sociedade empresária (art. 982, p.u., CC). Ademais, o capital social, ou
seja, o lastro que a empresa tem, é formado do mesmo jeito que na limitada. Ou o sócio
contribui com dinheiro ou com bens (não é possível contribuir com trabalho).

A avaliação dos bens é feita por três peritos diferentes e a sociedade escolherá a que
achar melhor (art. 7 e 8 da Lei de SA).

As ações de uma sociedade anônima recebem tratamento diferente se a SA for aberta


ou fechada.

S.A. ABERTA x S.A. FECHADA

Art. 4º da Lei das S/A: “a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de
sua emissão estejam ou não sendo admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”.

S/A ABERTA S/A FECHADA

Tem autorização para negociar seus valores Não possui autorização para tanto.
mobiliários no mercado de capitais.

Títulos são negociados no mercado de Títulos são negociados na própria S/A. A CVM
valores mobiliários. A possibilidade de não interfere na S/A fechada, como o faz na
negociação de valores mobiliários é dada aberta. Há na S/A fechada uma liberdade de
pela CVM, autarquia federal ligada ao contratar semelhante às limitadas.
Ministério da Fazenda, que atua junto ao
Banco Central no controle e fiscalização das
operações realizadas no mercado de capitais.
Títulos são negociados no mercado de valores mobiliários (na bolsa de valores ou no
mercado de balcão – que compreende toda e qualquer operação do mercado de capitais
realizada fora da bolsa de valores).

Os títulos são negociados na própria S.A.

A CVM fiscaliza S.A. aberta, mas não interfere em S.A. fechada. Esta última tem
liberdade de contratar semelhante à limitada.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) é regida pela Lei 6.385/76. Ler art. 9 e 11. Ela é
autarquia federal ligada ao Ministério da Fazenda e não é subordinada ao Banco Central (eles
têm o mesmo lugar de hierarquia, mas com atribuições diferentes).

A CVM é ente estatal criado com a finalidade de assumir o controle e a fiscalização das
operações do mercado de capitais do Brasil. Possui qualidade de agência reguladora (autarquia
em regime especial). Possui personalidade jurídica e patrimônio próprios.

Atribuições da CVM:

• Fiscalizar – é a CVM que deve zelar pela lisura das operações realizadas no mercado de
capitais;

• Normatizar – competência regulamentar, a estabelecer regramento geral relativo a


funcionamento do mercado de capitais;

• Autorizar – uma vez que é a CVM que autoriza a constituição de companhias abertas e a
emissão e negociação de seus valores mobiliários;

• Punir – para fazer valer sua função fiscalizatória, possui, para tanto, poderes sancionatórios.
Por ex: acordo de leniência (firmado com pessoas físicas ou jurídicas que confessarem a prática
de infração às normas legais ou regulamentares) .

A CVM pode realizar todas estas atribuições em relação a S.A. aberta e a qualquer
pessoa que atue neste mercado (a própria bolsa de valores, os corretores, os distribuidores de
valores mobiliários). Seria possível a CVM alcançar uma pessoa física? Apenas se, de alguma
forma, ela manipular este mercado, como no caso de diretores e administradores de S.A.
aberta. A S.A. fechada não sofre nenhuma influência da CVM – a preocupação desta é se a
empresa está ou não na bolsa.

A responsabilidade do acionista é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou


adquiridas (art. 1º, 2ª parte, Lei 6.404/76). Não existe responsabilidade solidária pelo que os
outros não pagaram. O acionista que não paga é chamado de acionista remisso (é aquele que
não realizou ou que não integralizou o valor das ações que subscreveu). A saída para a S.A. no
caso de acionista que não pagou a sua parte se dá por dois caminhos simultâneos:

➔ A S.A. pode entrar com uma ação de execução. A própria lei de S.A. cria um título
executivo chamado boletim de subscrição (consta a quantidade de ações que foram
compradas e qual é o valor das ações adquiridas). Previsão no art. 106 e 107 da Lei de S.A.
➔ Tentativa de vender as ações.

A S.A. pode tentar as duas coisas. Conseguiu vender para alguém, desiste da execução.
Conseguiu o pagamento da dívida na execução, é cessado o ato de venda.

Obs.: A Assembleia Geral pode suspender os direitos dos acionistas. Art. 1.021 da Lei de S.A.

2. Ações

A ação é o principal valor mobiliário emitido pela companhia. Trata-se de valor


mobiliário que representa parcela do capital social. Confere ao seu titular o “status” de sócio, o
chamado acionista.

Direitos comuns e essenciais aos acionistas (art. 109 da Lei de S.A.):

• Direito de participação nos lucros sociais e na liquidação;

• Direito de fiscalização da gestão da sociedade;

• Direito de preferência na aquisição de ações, isto é, na subscrição de novos valores


mobiliários (na limitada, não existia este direito de preferência – se o contrato fosse omisso,
poderia vender pra qualquer pessoa, desde que os sócios com mais de ¼ não se opusessem);

• Direito de retirada.

Obs. 1: O direito de retirada é explicado no art. 137 da Lei de S.A. Ele cabe ao acionista
dissidente que não concorda com decisão que altere o estatuto social. O prazo é de 30 dias
após a publicação da decisão. Deve ser realizada a apuração dos haveres de acordo com o art.
45 da Lei de S.A. Deve ser providenciado um balanço especial, no qual será buscada a
informação do patrimônio líquido para ressarcir o acionista que saiu. Este valor é denominado
valor patrimonial.

Obs. 2: O voto não é direito comum. Depende do tipo de ação que foi comprada – há ações
que dão direito a voto, há ações que não dão.

Classificação quanto aos direitos (específicos) e obrigações:

Art. 15 da Lei de S.A.

As ações podem ser classificadas em:

 Ordinárias – art. 16 – conferem direitos normais ao seu titular, que não possui nenhuma
vantagem com relação aos demais sócios, mas também não se sujeita a nenhuma restrição;
 Preferenciais – art. 17 – conferem uma preferência ou vantagem ao seu titular. Há uma
vantagem em relação aos ordinarialistas;
 Gozo ou fruição – art. 44, §5º - conferem apenas direitos de gozo ao seu titular.

Classificação quando à forma de transferência:


 Nominativas – se transferem mediante registro levado a efeito em livro específico
escriturado pela S/A para tal finalidade;
 Escriturais – não possuem certificado (sequer se materializam num documento), nem
exigem muita solenidade para sua transferência.

Exercício do Direito de Voto

O direito de voto não é essencial. As ações preferenciais, em regra, não conferem tal
direito a seu titular. Em contrapartida, as ações ordinárias conferem tal direito a seu titular.

Na abordagem das ações preferenciais, destaca-se que elas, a despeito de conferirem


algumas preferências ou vantagens aos seus titulares, trazem também algumas restrições ao
exercício de certos direitos, inclusive o direito de voto.

Temos, assim, que as ações podem ser com ou sem direito de voto. Do total das ações
emitidas, no máximo 50% podem ser sem direito de voto.

É a ação usada pela S.A. quando antecipa o que o acionista teria direito se houvesse a
liquidação da empresa. A palavra-chave é “amortização”.

Podem ter classes diferentes apenas na S.A. fechada.

Sempre confere vantagem patrimonial e a lei é apenas exemplificativa (ex.: definir


participação mínima).

Golden Share

Trata-se de categoria especial de ação preferencial, acrescentada na LSA pela reforma


de 2001 e usada no processo de privatização das companhias estatais brasileiras.

É possível, assim, a criação de ação preferencial com direito de veto, denominada


“golden share”. Na lei, a “golden share” está prevista no art. 17, §7º. Ela existe nas companhias
que foram desestatizadas (privatizadas). O titular seria o ente público responsável por essa
privatização.

As preferenciais podem ter classes diferentes na S.A. aberta e na S.A. fechada.

05/06/2018

Lei das S.A. – Lei 6.404/76 (continuação)

VALOR DA AÇÃO

1. Valor Nominal – capital social dividido pelo número de ações. Pode ou não estar expresso
na ação.

Divide-se o capital social total da S/A – calculado em moeda corrente – pelo número
total de ações por ela emitidas.

Art. 14 da LSA – permite que as companhias emitam ações sem valor nominal.
A atribuição de valor nominal às ações possui uma finalidade específica, a de conferir
certa garantia aos acionistas contra a chamada diluição injustificada do valor patrimonial das
ações quando da emissão de novas ações.

2. Valor de Emissão

É aquele fixado pela S/A. É resultado de operações entre a própria companhia, que
emite novas ações (o que ocorre quando a mesma é constituída ou quando aumenta o seu
capital social).

O valor de emissão não pode ser inferior ao valor nominal. Atribui-se um valor mínimo
para o preço das novas ações que serão emitidas, preço esse nunca inferior ao valor nominal
das ações. Nada impede, porém, que o seu valor de emissão seja superior ao valor nominal (a
diferença de valores de emissão e nominal é chamada de ágio, destinado à reserva de capital –
nos termos do art. 13, §2º).

O valor de emissão é aquele usado quando o acionista compra as ações direitamente da


S/A. Nessas operações, paga-se pela ação o seu preço de emissão, o qual representa, pois, o
valor que o investidor entrega à sociedade a título de contribuição ao capital social.

Quando o acionista compra as ações da S/A.

Ex:

Valor nominal – 1,00 – 1,00 capital social.

Valor de emissão – 1,50 – 0,50 reserva legal.

Obs.: Se o valor de emissão for inferior ao valor nominal, temos que essa emissão de
ações irá sofrer nulidade (sendo nulas todas as ações), admitindo-se a cobrança de perdas e
danos dos responsáveis pela emissão.

Art. 13 da Lei das S/A: “É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor
nominal”.

3. Valor patrimonial

O valor patrimonial ou valor real da ação é calculado levando-se em conta o patrimônio


líquido da sociedade anônima. Divide-se o patrimônio liquido da companhia pelo nº de ações,
obtendo-se, assim, o valor patrimonial de cada uma delas. Na S/A, é utilizado quando há
direito de retirada.

Por sua vez, o patrimônio líquido é calculado pela diferença entre o seu ativo e passivo.

ÓRGÃOS (arts. 121, 132 e 135)

Assembleia Geral —> Eleger —> Conselho de Administração —> Diretoria

Conselho de fiscalização – quem escolhe os membros do conselho de fiscalização é a


Assembleia Geral.
Diretoria —> Prestação de contas —> Conselho de Administração —> Prestação de contas —>
Assembleia geral.

Principais atribuições de cada órgão:

 Função da Assembleia Geral – decisão; Há matérias de competência privativa da


assembleia;
 Conselho de Administração – decisão;
 Diretoria – representação/execução;
 Conselho de Fiscalização – fiscalização. Decisão sobre os demais assuntos de interesse
social.

A) Assembleia Geral

É o órgão máximo de deliberação da sociedade anônima. Possui competência para


tratar de todo e qualquer assunto relacionado ao objeto social.

Somente acionistas podem fazer parte (função de fiscalização). O direito de voto não
está necessariamente presente.

É por meio da assembleia que são tomadas as decisões. Trata-se de decisões acerca de
questões que a lei obrigue.

A Assembleia Geral é responsável: (I) pela aprovação de balanço (envolve inclusive a


distribuição de lucro); (II) eleição de administradores e fiscais da companhia, (III) eleição de
membros do conselho de fiscalização;

Somente a Assembleia geral pode (art. 122 da LSA):

i. Aprovar as contas dos administradores;


ii. Suspender direitos comuns;
iii. Emitir partes beneficiárias;
iv. Reformar/Alterar o Estatuto Social;

ASSEMBLEIA ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA

Irá ser ordinária ou extraordinária a depender do momento temporal que ocorra.

A Assembleia é Ordinária quando tem por objeto as matérias previstas no art. 132, e
extraordinária nos demais casos

Dentro dos quatro primeiros meses cabe a AGO. Se fora deste período, AGE.

Carvalho de Mendonça – Conteúdo:

 Aprovar balanço – AGO


 Eleger administradores e membros do conselho fiscal – é período, anual – AGO;
 Suspender direitos comuns – AGE;
 Emitir partes beneficiárias – AGO;
 Alterar o Estatuto Social – AGE.
• Direito de Voto

Pode ser: (i) presencial (pessoa ou procuração, válida por 1 ano); (ii) à distância (S/A aberta);
(iii) acordo de acionistas.

• Acordo de acionistas

Conteúdo (Art. 118 da LSA) – Os acordos de acionistas podem se referir aos seguintes assuntos:
(i) compra e venda de ações; (ii) preferência para aquisição de ações; (iii) exercício do direito
de voto (para a uniformização da política administrativa, desde que não tenha por objeto
“voto de verdade”); (iv) exercício do poder de controle da companhia.

O acordos de acionistas costumam ser divididos em três tipos:

- Acordos de Voto – acionistas signatários assumem a obrigação de exercer o seu direito de


voto nos termos do que acordaram, geralmente formando um bloco para atuação conjunta
(“pooling agreements”);

- Acordos de Controle;

- Acordos de Bloqueio – São os mais comuns, referindo-se à negociação de compra e venda de


ações ou ao exercício de direito de preferência. Ex: “lock up”, por meio do qual os acionistas
signatários ficam impedidos de negociar suas ações por um certo tempo.

Pode o voto ser arquivado na S/A.

Se um acionista faltar, o voto é computado.

Se um acionista votar contra o acordo, o seu voto é ignorado.

A existência do acordo não isenta de responsabilidade.

Obs.: Acionista Controlador

A doutrina costuma classificar os acionistas segundo os seus interesses, em


empreendedores (que são aqueles que têm interesse na gestão dos negócios da companhia,
sendo por isso titulares, em regra, do direito de voto) e investidores (que têm interesse apenas
em um bom retorno para o capital que investem na companhia – subdividem-se em rendeiros
– quando pensam em longo prazo – e especuladores – quando querem apenas ganhos
imediatos; estes, rendeiros ou especuladores, possuem ações preferenciais sem direito de
voto).

• Convocação da Assembleia Geral

Pág. 409, final

Edital – Na forma do art. 124 da LSA, tem-se que a convocação da assembleia geral far-se-á
mediante anúncio publicado por três vezes, no mínimo, contendo, além do local, data e hora
da assembleia, a ordem do dia, e, no caso da reforma do estatuto, a indicação da matéria.

Detalhando ainda mais as formalidades, tem-se:


A primeira convocação da assembleia geral deverá ser feita: I – na companhia fechada, com
antecedência mínima de 08 dias, contado o prazo da publicação do primeiro anúncio; não se
realizando a Assembleia, será publicado novo anúncio, de segunda convocação, com
antecedência mínima de 05 dias; II – na companhia aberta, o prazo de antecedência da
primeira convocação será de 15 dias , e o da segunda convocação de 08 dias.

• Conselho de Administração (p. 418)

Enquanto a Assembleia Geral possui competência privativa para deliberar sobre


questões de interesse geral da companhia, o Conselho de Administração é órgão também
deliberativo, que assume a incumbência básica de tratar das matérias especificamente
relacionadas à gestão de negócios da S/A.

- Eleição da Assembleia Geral

Composição - No mínimo de três administradores (art. 140 da LSA);

Requisitos para ser administrador: ser pessoa física e idônea.

A função do Conselho de Administração é a tomada de decisões. Trata-se daquelas decisões


que não eram privativas da assembleia.

Arts. 153 a 157 da LSA

Deveres

– Diligência – A violação pode se dar com culpa ou com dolo. A consequência é a


responsabilidade por perdas e danos.

– Lealdade – A violação pode se dar quando ocorrer atuação contrária ao Estatuto Social;
quando se agir em interesse próprio ou de terceiro. A consequência é a responsabilidade por
perdas e danos.

– Transparência (decisões) – Se dá no momento em que as decisões são tomadas (e não no


processo de decisão). Ex: no ato da compra é necessária a transparência, e não enquanto se
está cogitando de se comprar ou não determinada ação. Possível que ocorra a violação da
transparência com o chamado “Insider Trading”, isto é, com o uso de informação privilegiada,
interna, sigilosa, a fim de se obter vantagem. A consequência é a responsabilidade por perdas
e danos. (pág. 426)

Ação de Responsabilidade – Art. 159 da LSA (pág. 430)

Administração – Prestação de Contas – Aprovação de contas pela assembleia geral.

A S/A não pode ingressar com nenhuma ação, visto que seu órgão soberano entende que esta
tudo certo. Assim, a legitimidade processual é dos acionistas com pelo menos 5% do capital
social (esta é uma situação de legitimidade extraordinária, atuando os acionistas em nome da
S/A).
Se, por exemplo:

Prestação de Contas — Não aprovação das contas

Temos, assim, que a S/A ingressa com uma Ação de Responsabilidade.

Responsabilidade do Administrador – Art. 158

Obs.: Elas ganham, mas. Dinheiro vai para a S/A. Não se trata de reparação individual aqui.
Para que o acionista ingresse com acao de reparação de danos individuais, não existe
dependência sobre a decisao da assembleia geral.

Contudo, se a assembleia não aprovar as contas, a própria S/A pode ingressar com a ação. A
acao é proposta diretamente contra o administrador, trata-se de responsabilidade por ato
individual.

Existe uma responsabilidade solidária de todos que integram o órgão, salvo quando o
administrador sabia do ilícito e faz constar em ata sua divergência.

Sociedade de Capital Autorizado – Art. 138

É sociedade cujo estatuto contem uma cláusula de aumento de capital social.

06/06/2018

Diretoria (art. 143 da LSA)

A legislação acionária brasileira adota o modelo dualista de Administração para as


sociedades anônimas. Além do Conselho de Administração, o outro órgão encarregado da
administração da companhia é a diretoria, que corresponde, na verdade, ao órgão realmente
incumbido de desempenhar, de maneira efetiva, a gestão dos negócios sociais. Os diretores
são os verdadeiros executivos da sociedade anônima, sendo responsáveis pela sua direção e
representação legal.

É composta de, no mínimo, dois diretores.

Requisitos: Pessoa física, idônea e ser domiciliado no Brasil.

São pessoas eleitas pelo conselho de administração.

Funções: representação, execução.

A responsabilidade, deveres, violações dos administradores também se aplicam à


Diretoria.

Obs. 1: Quais são os órgãos responsáveis pela tomada de decisões?

Assembleia Geral, Conselho de Administração e Diretoria.

Conselho de Fiscalização – Arts. 161 e 162 da LSA (p. 436)

Se compõe de 3 a 5 pessoas.
É o órgão interno de fiscalização da gestão da administração da companhia e de
assessoramento da assembleia geral.

As pessoas são eleitas em assembleia geral.

Função de fiscalização dos livros e dos contratos da sociedade.

A sua existência é obrigatória, mas o seu funcionamento depende de convocação. Só


irão trabalhar se forem convocadas. Exceção: Sociedade de economia mista, cujo
funcionamento é permanente.

Todas as disposições relativas a responsabilidade, deveres, violação dos administradores


– funciona da mesma forma aos membros do Conselho de fiscalização.

Valores mobiliários (p. 401)

A S/A pode emitir outros papeis além das ações.

Ações
Valores Debêntures
Mobiliários Partes beneficiárias
Bônus de subscrição
Notas promissórias

- Debêntures, partes beneficiárias e bônus de subscrição

A) Debêntures (arts. 52 a 59 da LSA)

É um direito de crédito contra a S/A. A S/A irá vender no mercado um papel e aquele que
comprá-lo irá se tornar credor da S/A. A emissão dos debêntures se dá pela necessidade da
S/A de aumentar o seu capital de giro.

A debênture é considerada, pela legislação processual, como um título executivo extrajudicial.

Representam, a grosso modo, um contrato de mútuo/empréstimo firmado entre a companhia


e com os investidores adquirentes.

Este papel tem, normalmente, um vencimento certo, uma data para o título ser pago.

O assunto de emissão da debênture não é algo privativo da Assembleia Geral. Quem


normalmente decide sobre a emissão é o Conselho de Administração. Quem lavra, ou seja,
quem coloca no mercado a debênture, e a assina, é a Diretoria. O comprador pode esperar o
prazo para receber ou, antes disso, pode negociar a debênture no mercado.

Pagamento da debênture – pode ser feito em dinheiro; é possível também que a S/A pague a
debênture com ações.

A debênture, na falência, irá ficar em um local especifico, a depender do tipo de vantagem que
foi dado por ela.

Ações ≠ Debêntures (art. 109 e art. 15 da LSA)


Diferenças:

1. As ações concedem ao acionista direitos comuns e alguma vantagem, dependendo do tipo


de ação adquirida. Já os debenturistas somente possuem o direito de receber a quantia
emprestada nos termos do documento da debênture.

2. Se a empresa falir, os acionistas terão, normalmente, créditos subordinados, ao passo que


os debenturistas podem ser credores: com garantia real, quirografários ou subordinados, a
depender do que estiver escrito no corpo da debênture.

Partes Beneficiárias (arts. 46/7 da LSA) – pág. 405

É título que concede a participação nos lucros da S/A; conferem aos seus titulares um direito
de crédito eventual contra a companhia.

O seu vencimento é eventual, ou seja, irá depender da existência ou não de lucro. O direito de
credito que a parte beneficiaria confere ao seu titular é eventual: depende do resultado da
companhia, no respectivo exercício social, ter sido positivo, pois do contrário não haverá
lucros a serem partilhados.

A legislação impõe um limite de comprometimento da S/A com as partes beneficiárias, para se


evitar que o excessivo endividamento da S/A prejudique o legítimo direito dos acionistas de
receberem seus dividendos ao final do exercício social. De acordo com o §2º do art. 46 da LSA:
“a participação atribuída às partes beneficiárias, inclusive para a formação de reserva para
resgate, se houver, não ultrapassará 0,1 dos lucros”.

A S/A aberta não pode emitir partes beneficiárias. Somente as companhias fechadas podem
emitir partes beneficiárias (art. 47, p.u. da LSA).

Decisão para a emissão desse título era da Assembleia Geral, admitindo-se a possibilidade de
se lavrar o título por parte da Diretoria.

Bônus de Subscrição – art. 75 da LSA

É valor mobiliário menos conhecido que os demais.

Assegura ao seu titular o direito de preferência na subscrição (aquisição) de novas ações.

Está sempre atrelado o bônus de subscrição ao aumento do capital social da companhia.

Compra-se o bônus de subscrição para se ter acesso a um valor mais vantajoso das ações.

Faz-se uma primeira oferta com o valor de emissão aos acionistas. Se não for comprado nessa
primeira oferta, é oferecido ao público em geral, em uma segunda oferta, utilizando-se o valor
de mercado.

A S/A pode, todavia, emitir o bônus de subscrição, permitindo que aquele que o adquira tenha
uma vantagem, uma prioridade na ordem de compra. Assegura-se, assim, o direito de
participação desta primeira oferta inclusive a alguém do público em geral. A grosso modo,
pôde-se dizer que quem adquire um bônus de subscrição “compra” o direito de preferência,
tomando-o dos acionistas.

Capital autorizado – S/A com permissão de aumento no seu próprio estatuto. Só ira emitir,
todavia, a partir do momento em que publicados os documentos na CVM para a abertura do
capital, etc.

OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS

Modificação da Estrutura Societária (p. 453)

Os editais mencionam: fusão, incorporação, cisão e transformação.

1) Transformação – arts. 1.113 a 1.115 do CC e art. 220 da LSA

Consiste na mudança de um tipo empresarial em outro. Ex: Sociedade limitada que quer
se tornar um Eireli; uma sociedade limitada que quer se transformar em uma S/A.

Toda vez que houver uma transformação, é necessário que haja a decisão unânime dos
sócios, salvo se houver previsão diversa no Contrato Social (que pode estabelecer quórum
menor).

Com a operação da transformação não ocorre a dissolução ou a liquidação da empresa


anterior. Se isto ocorresse, seria necessário o pagamento de todos os credores, o que não é
exigido.

Conversão em S/A fechada em aberta não configura um transformação, visto que não se
altera o tipo societário, e somente uma de suas configurações.

2) Incorporação – art. 1.116 do CC e 227 da LSA

De acordo com o art. 227 da LSA, “a incorporação é a operação pela qual uma ou mais
sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações”.

Na incorporação, portanto, haverá a extinção da(s) sociedade(s) incorporada(s), mas não


surgirá uma nova sociedade.

Assim, tem-se que, na incorporação, apenas a empresa incorporada é extinta.

A empresa incorporada, precisa, para que se possibilite a operação: (i) se for uma
sociedade limitada, de sócios que representem 75% do capital social; (ii) se for uma S/A,
necessária a concordância de mais da metade do capital social com direito de voto.

3) Fusão – Art. 1.119 do CC e 228 da LSA

De acordo com o art. 228 da LSA, a fusão é “a operação pela qual unem duas ou mais
sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações”.
Tem-se, assim, que enquanto na incorporação não há o surgimento de uma nova
sociedade, na fusão há o surgimento, sim, de uma nova sociedade, resultado da união das
sociedades fundidas.

4) Cisão – Art. 229 da LSA

Nos termos do art. 229 da LSA, a “cisão é a operação pela qual a companhia transfere
parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já
existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver a versão de todo o seu patrimônio,
ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão”.

Existe a cisão total (quando há a transferência de todos os bens da sociedade cindida) ou


a parcial (se se transferem apenas alguns bens da sociedade cindida).

Temos, assim, que com a cisão total ocorre a extinção da sociedade cindida.

Obs.: Credores prejudicados

Os credores prejudicados possuem o prazo de 90 dias, contados da publicação da


decisao que envolveu cada uma das operações societárias, para ingressar com uma ação de
anulação, na forma do art. 1.122 do CC. Se consignado o pagamento dos credores, o objeto da
ação restará prejudicado.

12/06/2018

1) Grupo econômico:

 Grupo econômico de direito – existe um registro no Junta Comercial. Não vai constituir
uma nova pessoa jurídica, ou seja, o ativo e o passivo vai ser cobrado de cada pessoa
jurídica na medida em que foi assumido.

 Grupo econômico de fato – não possui registro na Junta Comercial.

 Holding – empresa criada para controlar as demais; ou é uma controladora pura ou é


controladora que também exerce atividade empresarial.

Com a Reforma Trabalhista, a configuração de grupo econômico depende dos seguintes


requisitos:

I – Atividade de Controle;

II – Que as empresas exerçam atividades compatíveis entre si; Se ficar configurado o grupo
econômico, haverá solidariedade em relação a obrigações trabalhistas.

FALÊNCIA – Lei nº 11.101/05

1) Introdução
Era utilizado o termo “quebra” para denominar a falência no Código Comercial de 1850.

Em 1945, surgiu o Decreto-Lei 7661, trazendo o termo “falência”. Posteriormente,


surgiu a Lei de Falência, nº 11.105/05.

Obs.: Cooperativa, sociedade simples, sociedade de advogados e profissional intelectual


exercem atividades não empresariais, logo, se ficarem devendo no mercado, o que restará
para elas é a insolvência civil.

Para haver falência, é pré-requisito que haja atividade empresarial.

É necessária a prova da insolvência econômica, ou seja, demonstrar que o ativo é menor


que o passivo? Não. Nos termos do Informativo 550 do STJ – a certeza da insolvência
econômica só se dá com a verificação do balanço, Livros da empresa. Nesse sentido, o
informativo acrescenta ser necessária a insolvência jurídica. Significa dizer que se houver
algum motivo legal, não importa se é insolvente economicamente ou não. A insolvência
econômica não é mais motivo para se pedir a falência.

2) Legitimidade passiva

Quem tem legitimidade passiva na falência, isto é, quem pode sofrer falência.

O devedor, o empresário que exerce atividade irregular pode sofrer falência (art. 1º da
Lei 11.101/05).

Exclusão total (art. 2º, I) – Empresa pública ou sociedade de economia mista.

Exclusão parcial – Quanto a algumas empresas, o legislador busca evitar ao máximo a


falência, evitando-se o problema social decorrente de sua eventual falência:

- Instituição financeira (Lei 6.024/74);

- Operadora de plano de saúde;

- Seguradora.

 Intervenção

Na intervenção, as agencias são fechadas. O prazo é de 6 meses, prorrogável uma única


vez por igual período.

Banco Central deverá nomear um Comitê interventor, produzindo, ao final da


intervenção, um relatório. Do relatório, é possivel: que seja reaberta a intervenção, que haja a
liquidação extrajudicial (do ativo – 50% são créditos quirografários) ou a decretação da falência.

Instituto para a intervenção – O Banco Central pode escolher o RAET (Regime de


Administração Especial Temporário). A previsão é no Decreto 2.321/87. Se for esta a escolha,
as agências permanecem abertas. A duração é de 180 dias. Ao invés de se ter um comitê
interventor, nomeia-se um Comitê Diretor. Possíveis consequências: (i) incorporação; (ii) fusão;
(iii) cisão da empresa; (iv) liquidação extrajudicial; (v) falência.
Observações

 Operadoras de planos de saúde e seguradoras se sujeitam aos procedimentos da Lei


6.024/74, ou seja, apenas a intervenção, liquidação extrajudicial e falência. Não há regime
de Administração temporário.
 Instituição financeira, operadora de plano de saúde e seguradora não têm direito de pedir
recuperação de empresas.

3) Legitimidade ativa – art. 97 da LRE

Art. 97: “Podem requerer a falência do devedor:

I – O próprio devedor, na forma do disposto no art. 105 a 107 desta Lei;

II – O cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiros do devedor ou o inventariante;

III – O cotista ou acionista do devedor na forma da lei ou o ato constitutivo da sociedade;

IV – Qualquer credor”.

O credor pode exercer ou não a atividade empresarial. Se, todavia, exercer a atividade
empresarial, esta deve ser regular, isto é, deve ter registro na Junta Comercial.

4) Juízo Competente

Art. 3º da LRE - O juízo competente é o local do principal estabelecimento do devedor.

5) Órgãos
A) Administrador Judicial (arts. 21 a 24 da Lei) – é nomeado pelo juiz (e não escolhido
pelos credores). O critério definido por lei é o de que a pessoa poderá ser física ou
jurídica e se for pessoa física, preferencialmente, será um advogado, administrador de
empresas, contador ou economista. O administrador judicial pode contratar pessoas
para auxiliá-lo. Ele possui as seguintes funções: é responsável por fazer a arrecadação
dos bens (procurar o que pode ser negociado , o que tem valor); é responsável pela
avaliação dos bens e pela venda dos mesmos (podendo sugerir a venda antecipada,
antes do momento oportuno), se o bem for perecível, por ex. Vai depender da
concordância dos credores (que representam 2/3 dos crédito); vai ter que produzir
relatórios ao longo da falência (como forma de se comunicar com o juiz); é ele quem
fará o quadro de credores, que é o documento que ordena os credores.

Quem irá fixar os honorários do administrador é o juiz. Há, todavia, um teto máximo,
que é de, no máximo, 5% do valor da venda dos bens. Em 2014, a lei foi alterada e o
teto será de 2% se a empresa falida for uma microempresa ou empresa de pequeno
porte.

Os honorários, na falência, serão créditos extraconcursais (possuem vantagem na hora


do recebimento).
B) Comitê de credores – art. 26 a 29 da Lei de Falência – é um órgão facultativo; não
possui existência obrigatória. A principal função das pessoas que compõem o órgão é a
de fiscalização. Ele não decide pelos credores. A composição se dá em quatro
categorias:
1- Crédito trabalhista e acidente de trabalho (pode escolher alguém de fora – ex:
sindicato);
2- Crédito em garantia real e privilégio especial;
3- Crédito quirografário e privilegio geral;
4- Microempresas e empresa de pequeno porte.

C) Assembleia de Credores

O voto é sempre proporcional ao crédito, portanto, o poder de voto de alguém depende da


quantidade de crédito que ele representa. O quórum normal é de mais da metade dos créditos
presentes.

 Art. 38, 41 e 46 da Lei de Falência

D) Atuação do Ministério Público dentro da falência

Art. 4º da Lei – foi vetado. Atualmente a atuação do MP é menor do que na Lei anterior. O MP
não é ouvido antes da decisão. Ele é intimado dela (o juiz não leva em conta a opinião do MP
para decidir). O MP pode ingressar com uma peça chamada “impugnação ao quadro de
credores”- art. 8º.

O Ministério Público pode ingressar com uma ação de retificação ao quadro de credores (art.
19).

Ação revocatória (130 e seguintes).

O Ministério Público pode impugnar a forma de alienação dos bens.

6) Motivos para a decretação da falência – Art. 94

A insolvência econômica não é motivo para se requerer a falência.

I – pode pedir a falência se tiver um título executivo (judicial ou extrajudicial), respeitando dois
requisitos: (i) precisa estar protestado; (ii) o valor dos créditos precisa ser superior a 40 salários
mínimos;

Informativo 547 do STJ – Um título executivo não precisa ser executado previamente.

II – Uma execução em andamento (está atrelado à execução e há quem acredite também que
se aplique ao cumprimento de sentença); o devedor foi regularmente citado e diante dessa
citação ele não pagou, não depositou o valor em juízo e não nomeou bens à penhora. Nessa
situação, não existe valor mínimo – necessário apenas uma certidão que prove o momento
processual;
III – É o motivo mais raro na prática – são os atos de falência. Todas as situações elencadas no
art. 94, inciso III, da Lei, são exemplificativas.

Falência

Credores

B) Natureza Salarial

Assim que exista dinheiro em caixa.

Quando requerer: 5 sm/trabalho e 3 meses antes da decretação da falência.

C) Pedido de Restituição (Art. 85 da LF)

Aquele que tem direito ao pedido de restituição é quem for proprietário de um bem
arrecadado pela massa (ex: cliente deixou carro para conserto e esta faliu).

Alienação fiduciária e arrendamento mercantil – são contratos nos quais o credor tem a
propriedade e o devedor tem a posse direta.

Devedor que entrega mercadorias nos 15 dias antecedentes ao pedido de falência.

Se o bem não mais existir, é possível se requerer a restituição em dinheiro. Todavia, quando
for quantia, esta será automaticamente habilitada para ser paga ao final.

D) Crédito Extraconcursal (Art. 84 da LF)

É novidade trazida pela Lei de Falências. Devem ser pagos antes de qualquer outro crédito
concursal.

Crédito é extraconcursal quando a sua origem ocorrer após a decretação da falência. A


decretação da falência, por seu turno, ocorrerá caso o pedido de falência seja julgado
procedente e não tenha sido realizado o depósito elisivo.

Honorários do administrador judicial – Sempre serão extraconcursais.

E) Créditos Concursais (Art. 83 da LF)

 Créditos trabalhistas

São créditos concursais os derivados da legislação do trabalho (inciso I), limitados a 150
salários mínimos por credor, e os decorrentes de acidente de trabalho.

É este o valor de 150 salários mínimos que cada trabalhador poderá receber como crédito
preferencial. O que exceder tal quantia irá ser reclassificado como crédito quirografário. Nesse
sentido, tem-se a Súmula 540 do STJ

Quanto aos créditos decorrentes de acidente de trabalho, esses concorrem como créditos
preferenciais pela totalidade do seu valor. A limitação de 150 salários mínimos não os atinge.
 Créditos com garantia real

Estão previstos, em segundo lugar (inciso II) os créditos com garantia real até o limite do valor
do bem gravado (ex: dívida de 200 mil reais e imóvel dado em garantia avaliado em 120 mil.
Será somente de 120 mil o crédito com garantia real).

Podem ser citados como exemplos de créditos com garantia real os créditos hipotecários,
pignoratícios, caucionados, de debêntures com garantia real e os créditos de instituições
financeiras decorrentes de cédula de crédito rural.

 Créditos fiscais

Em terceiro lugar (inciso III), estão os créditos tributários, independentemente de sua natureza
e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias.

Há também os créditos tributários, salvo as multas tributárias.

 Créditos com privilégio especial (arts. 964 e 965 do CC)

Temos, em quarto lugar, os créditos com privilégio especial.

Tem-se, como exemplo: todas as situações em que o credor tem direito de retenção do bem
são de crédito com privilégio especial. Outro exemplo é a microempresa ou empresa de
pequeno porte.

 Créditos com privilégio geral

Em quinto lugar, estão os créditos com privilégio geral, quais sejam: os previstos no art. 965 do
CC, os previstos no p.u. do art. 67 desta Lei; os assim definidos em outras leis civis e comerciais,
salvo disposição em contrário da Lei de Falências.

Tem-se, aqui, as despesas com saúde e falecimento do falido (empresário individual).

 Créditos quirografários

Em sexto lugar, tem-se os créditos quirografários, a saber: aqueles que perfazem o saldo de
créditos trabalhistas (que excederam os 150 salários mínimos), aqueles não previstos nos
demais incisos deste artigo, os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos
bens vinculados ao seu pagamento.

Quadro de credores – Juros computados depois da decretação da falência só serão pagos


depois que forem pagos os créditos subordinados (art. 124 da Lei de Falência)

2) Procedimento Falimentar

Insolvência (incisos I, II e III do art. 94) – Procedimento Pré falimentar:

Pedido de Falência (Petição Inicial) – Citação - Prazo de 10 dias para a resposta do devedor ao
pedido de falência – Contestação (no prazo de resposta, como matéria de defesa, o devedor
pode elidir a falência, na forma do art. 94, incisos I e II e p.u. Do art. 98 da LF – de modo a
assegurar que o juiz não irá decretar a falência de maneira alguma -, pleitear a recuperação
judicial) - Sentença (decisão se decreta ou não a falência) * – Fase de recursos

* Sentença:

Nos termos do art. 99 da LRE, temos que a sentença que irá decretar a falência:

Conterá a síntese do pedido, identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo
seus administradores;

Fixará o termo legal, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 dias, contados do pedido de
falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1º protesto por falta de pagamento,
excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;

Ordenará, no prazo máximo de 5 dias, relação nominal de credores (apresentada pelo falido),
indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já
não se encontrar nos autos.

Após a publicação do edital com a relação e credores apresentada pelo falido, inicia-se o prazo
de 15 dias (Art. 78, §1º). Após, segue-se com as habilitações ou manifestações de divergência
ao administrador judicial. Será, então, publicado o quadro de credores. Inicia-se, assim, o
prazo de 10 dias – para se apresentarem então as impugnações ao quadro de credores ao juiz
(art. 8º da LRE). Após as impugnações, é elaborado um novo quadro de credores pelo
administrador judicial. Após, o juiz irá homologar o quadro de credores.

Segue-se, assim, a fase de liquidação dos bens, por meio da qual tenta-se realizar a venda em
conjunto dos bens, ou isoladamente.

Haverá a oitiva do MP (art. 142, §7º).

Obs.: A venda do estabelecimento será isenta de qualquer ônus, inclusive trabalhista e


tributário (art. 141).

Ainda na liquidação, ocorrerá o pagamento dos credores.

Obs.: Habilitação Retardatária – Os credores que não entrarem na falência no prazo do art. 7º,
§1º, o farão de forma retardatária e só terão direito ao seu crédito quando for julgada a sua
habilitação. Para diminuir ou evitar o prejuízo, é possível requerer na habilitação retardatária a
reserva de valor (art. 10).

3) Extinção das obrigações (arts. 158 e 159)

A decretação da falência também atinge as obrigações do devedor falido.

Haverá as extinções das obrigações do falido (podendo então voltar a ser empresário
individual) com: o pagamento total; o pagamento de 50%; o decurso de 5 anos do
encerramento da falência quando não houver condenação em crime falimentar; ou o decurso
de 10 anos do encerramento da falência, se houve condenação por crime falimentar.

4) Atos ineficazes
Previsão: Art. 129 da LF, art. 45, §8º da Lei 6.404/76.

Nunca a intenção pela qual este ato foi praticado interessa. O que interessa é o que foi
descrito na lei.

Termo legal – art. 99, inciso II – Será ineficaz, ocorrendo no termo legal: o pagamento
antecipado (antes do vencimento); o pagamento de forma diferente da contratada (audiência
de conciliação, dação em pagamento); a garantia real de contrato firmado anteriormente.

Tem-se, ainda, os atos gratuitos realizados dois anos antes da falência (doação, renúncia de
herança, renúncia de marca, patente) não importando a intenção.

27/06/2018

2) Ação Revocatória (art. 130 e ss. Da Lei de Falência) – p. 807

Cabível quando constatada a ocorrência de conluio fraudulento (combinação do


devedor com terceiro que gerou prejuízo à massa). Não basta ter a intenção, deve haver
verdadeiro prejuízo à empresa.

O prazo para ingressar com a ação revocatória é de 3 anos, contados da decretação da


falência.

O autor da demanda pode ser o MP, o credor ou o administrador judicial.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

1) Requisitos

É o devedor que deve preencher os requisitos. Nos termos do art. 48 da LRE, para que
haja o deferimento do processamento do pedido de recuperação judicial, deverá o devedor ter,
no momento do pedido, exercido regularmente suas atividades há pelo menos dois anos,
atendendo, ainda, aos seguintes requisitos:

 não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas as responsabilidades dai


decorrentes;
 não ter, há menos de 5 anos, obtido a concessão da recuperação judicial;
 não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador,
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.

Assim, fica claro que o empresário individual irregular e a sociedade empresária


irregular não têm o direito à recuperação judicial (visto que deve ser comprovado o exercício
regular da atividade há mais de dois anos).

2) Credores submetidos ao processo de recuperação judicial

Nem todos os credores do devedor estarão sujeitos aos efeitos da medida de


recuperação judicial.
A) Atingidos

Segundo o art. 49 da LRE: “estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos


existentes na data do pedido, ainda que não vencidos”.

B) Excluídos (Natureza extraconcursal)

Estão excluídos da recuperação judicial, segundo os §§3º e 4º do art. 49, “o credor


titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador
mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos
contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações
imobiliárias, ou de proprietário em contrato de compra e venda com reserva de domínio [...]”
e os credores titulares de “importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional,
decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação, na forma do art. 75,
§§3º e 4º da Lei 4.728/65”. Trata-se, basicamente, de créditos bancários.

3) Procedimento

É o devedor que deverá propor a inicial que, segundo o art. 51 da LRE, deverá ser
minuciosamente preparada e devidamente instruída com os documentos exigidos, sob pena
de indeferimento”.

Deverá conter:

“I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões


da crise econômico-financeira;

II - as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as


levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita
observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:

a) balanço patrimonial;

b) demonstração de resultados acumulados;

c) demonstração do resultado desde o último exercício social;

d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;

III - a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou
de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor
atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e
a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;

IV - a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários,


indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de
competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento;

V - certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato


constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores;
VI - a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do
devedor;

VII - os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais


aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou
em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras;

VIII - certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do


devedor e naquelas onde possui filial;

IX - a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure
como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos
valores demandados.

§ 1o Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e


no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do administrador
judicial e, mediante autorização judicial, de qualquer interessado.

§ 2o Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as


microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração
contábil simplificados nos termos da legislação específica.

§ 3o O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que se referem


os §§ 1o e 2o deste artigo ou de cópia destes”.

B) Juiz: defere o processamento da recuperação judicial (art. 52 da LRE)

Nomeia o administrador judicial (fiscalizar/ quadro de credores) (art. 52, I, da LRE);

Ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do


art. 6º desta Lei, que não poderá exceder o prazo de 180 dias (improrrogável) (art. 52, III, da
LRE); Os 180 dias em questão são dias corridos (REsp 1.699.528);

Obs.: Todas as ações e execuções contra o devedor são suspensas, exceto as ações que
demandam quantia ilíquida (art. 6º, §1º), as ações que correm perante a Justiça do Trabalho
(art. 6º, §2º), as execuções fiscais (art. 6º, §7º) e as ações e execuções movidas por credores
cujos créditos não se sujeitam à recuperação judicial, nos termos do art. 49, §§3º e §4º da LRE.

Nesse sentido: ato de constrição de bens – juiz da recuperação judicial – Resp 1.694.316.

Determinará a intimação do MP e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal


e de todos os estados e municípios em que o devedor tiver estabelecimento (art. 52, V, da LRE);

Determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor


exerça as suas atividades, exceto para a contratação com o Poder Público (art. 52, II, da LRE);

C) A apresentação do plano de recuperação judicial


Publicada a decisão que defere o processamento do pedido de recuperação, o devedor
terá prazo de 60 dias para apresentar ao juízo o seu plano de recuperação, conforme previsão
do art. 53 da LRE.

Art. 54 da LRE - Crédito de natureza salarial no valor de até 5 salários mínimos, que não
foram pagos em até 3 meses antes do pedido.

A quitação deste crédito não pode atrasar mais de 30 dias.

Quanto aos créditos de natureza trabalhista, estes não podem atrasar mais de 1 ano.

D) Objeções

Deferido o processamento da RJ pelo juiz e apresentado o plano de recuperação pelo


devedor, estabelece o art. 53, p. ú., da LRE, que “o juiz ordenará a publicação do edital,
contendo aviso aos credores sobre o recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo
para a manifestação de eventuais objeções”.

As objeções deverão ser apresentadas ao juiz no prazo de 30 dias, contados da


publicação da relação preliminar de credores que o administrador judicial elaborará.

Se nenhum credor apresentar objeções, significa que houve aprovação tácita. Nesse
caso, não se convoca assembleia, e passa-se à fase do art. 57 da LRE.

Se, por outro lado, for apresentada alguma objeção por parte de qualquer credor,
dispõe o art. 56 da LRE que “o juiz convocará a assembleia geral de credores para deliberar
sobre o plano de recuperação”. A data designada para a realização da assembleia geral não
excederá 150 dias contados do deferimento do processamento da recuperação judicial.

E) Edital (art. 52 da LRE)

Publicado o edital, após o prazo de 15 dias, deverá ocorrer a habilitação dos credores e,
após, apresentado o quadro de credores, seguindo-se eventuais impugnações. Após, deverá
ser homologado o quadro de credores.

A habilitação é feita ao administrador (art. 7º, §1º da LRE).

Após ser interposta a petição inicial pelo devedor, sendo deferido o processamento da
Recuperação, será fixado o prazo de 60 dias para o devedor apresentar a sua proposta de
recuperação e, esgotado este prazo, haverá o prazo de 30 dias para a apresentação de
eventuais objeções.

Obs.: Quórum de aprovação do plano de recuperação judicial (art. 45 da LRE)

Créditos trabalhistas/decorrentes de acidente de trabalho/microempresas/ empresas de


pequeno porte – maioria dos credores presentes

Demais – dupla maioria. Precisa-se da maioria dos credores presentes e, de acordo com
o segundo critério, tais credores devem representar mais da metade dos créditos.

Obs.: “Cram down”


É a concessão da recuperação quando o quórum do art. 45 não for preenchido. O “cram
down” depende do quórum do art. 58, §1º da Lei.

§ 1º. O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não
obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha
obtido, de forma cumulativa:

I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos


os créditos presentes à assembléia, independentemente de classes;

II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei
ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo
menos 1 (uma) delas;

III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos
credores, computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei”.

Nesse sentido: REsp 1.337.889

Quando se aplica o “cram down”, deve-se evitar o “abuso da minoria”. Apesar dos
requisitos não estarem cumpridos, o juiz, no julgamento do caso em questão, porque analisou
a viabilidade e entendeu a empresa ter sua função social, deferiu a recuperação judicial.

4) Efeitos da Concessão da Recuperação Judicial (art. 59 da LRE)

Art. 59 da LRE: “O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores
ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias,
observado o disposto no art. 50, §1º da Lei”.

Quando a recuperação judicial é concedida, ocorre a novação das obrigações atingidas.


Como efeito, temos a extinção das execuções atingidas.

Essa novação, todavia, não libera os garantidores da empresa em recuperação (ex:


avalista, fiador). É o que dispõe a Súmula 581 do STJ e o art. 49 da LRE.

Obs.: Arts. 61 a 63 da LRE

O não cumprimento do plano de recuperação judicial: (i) em até dois anos, o juiz poderá,
de ofício, convolar a recuperação judicial em falência; (ii) após dois anos da concessão, tem-se
que o credor prejudicado poderá pedir a execução da obrigação que não foi paga ou, ainda,
ingressar com um pedido de falência.

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