Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Guia de
Ainda existem áreas de floresta na região de
Guia de Cobras
da região de Manaus - Amazônia Central
Snakes
Guide to the
Rafael de Fraga
Albertina Pimentel Lima
Ana Lúcia da Costa Prudente
William E. Magnusson
Cobras
Guia de
Snakes
Guide to the
Rafael de Fraga
Albertina Pimentel Lima
Ana Lúcia da Costa Prudente
William E. Magnusson
Cobras
Copyright © 2013 by Copyright by Rafael de Fraga, Albertina P. Lima e William E. Magnusson.
Guia de
Todos os direitos reservados.
Fotos ■ Photos
Autores, André Luiz F. da Silva, Christinne Strüssmann, Daniel Rosenberg, Fernanda Magalhães,
Laurie Vitt, Marinus Hoogmoed, Paulo S. Bernarde, Rodolfo Paes, Ricardo A. K. Ribeiro, Ruchira
Somaweera, Saymon Albuquerque, Sérgio A. A. Morato, Vinícius T. de Carvalho
ficha catalográfica
Snakes
G943 Guia de cobras da região de Manaus - Amazônia Central = Guide to the snakes
of the Manaus region - Central Amazonia / Rafael de Fraga... [et. al.]. --- Guide to the
Manaus : Editora Inpa, 2013.
303 p. : il. color.
Rick Shine
Professor de Biologia Evolutiva e membro lau-
reado do Conselho Australiano de Pesquisa |
Universidade de Sydney
Professor in Evolutionary Biology and Laurea-
te Fellow of the Australian Research Council |
University of Sydney
Agradecimentos | Acknowledgments
Nós agradecemos imensamente a to- We greatly appreciate all herpetolo-
dos os herpetólogos que têm se dedi- gists who have dedicated themselves
cado ao estudo de cobras na Amazô- to the study of snakes in the Amazon,
nia, cujos esforços foram traduzidos whose efforts provided most of the
em base de consulta para a maioria information presented in this book.
das informações apresentadas neste The Fundação de Amparo à Pesqui-
livro. A Fundação de Amparo à Pes- sas do Estado do Amazonas (FAPEAM),
quisas do Estado do Amazonas (FAPE- the Conselho Nacional de Desenvolvi-
AM), o Conselho Nacional de Desen- mento Científico e Tecnológico (CNPq)
volvimento Científico e Tecnológico and the Coordenação de Pessoal de
(CNPq) e a Coordenação de Aperfeiço- Nível Superior (CAPES) provided finan-
amento de Pessoal de Nível Superior cial support during the preparation of
(CAPES) forneceram apoio financeiro this book, in the form of scholarships
durante a elaboração deste livro, na awarded to R. de Fraga. The Institu-
forma de bolsas de estudos concedi- to Nacional de Pesquisas da Amazô-
das a R. de Fraga. O Instituto Nacio- nia (INPA), the Programa de Pesquisas
nal de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Biodiversidade (PPBio), the Cen-
o Programa de Pesquisas em Biodi- tro de Estudos Integrados da Biodi-
versidade (PPBio), o Centro de Estu- versidade da Amazônia (CENBAM) and
dos Integrados da Biodiversidade da Santo Antônio Energia S. A. provid-
Amazônia (CENBAM) e a Santo Antô- ed invaluable logistical support dur-
nio Energia S. A. forneceram inesti- ing field work. For help in the field,
mável apoio logístico durante as co- without which we could not finish
letas de dados em campo. Pela grande this book, we are grateful to Edival-
ajuda em campo, sem a qual não po- do Farias, Maria Carmosina Araújo,
deríamos concluir este livro, agrade- Ocírio P. de Souza, Flecha, Pedro Ivo
cemos ainda a Edivaldo Farias, Maria Simões, Milena Antunes, Anelise Mon-
10 11
Carmosina Araújo, Ocírio P. de Souza, tanarim, Herbert Guariento, Deborah
Flecha, Pedro Ivo Simões, Milena An- Bower, Vinícius T. de Carvalho, André
tunes, Anelise Montanarim, Herbert Luiz F. da Silva, Patrick F. Viana, Re-
Guariento, Deborah Bower, Vinícius nata B. Azevedo e Thiago Laranjeiras.
T. de Carvalho, André Luiz F. da Silva, Thanks also to the generous provi-
Patrick F. Viana, Renata B. de Azeve- sion of photos by Vinícius T. de Carv-
do e Thiago Laranjeiras. Agradecemos alho, Christinne Strüssmann, Ricardo
à generosa disponibilização de fotos K. Ribeiro, Paulo S. Bernarde, Sergio
por Vinícius T. de Carvalho, Christinne A. A. Morato, Laurie Vitt, Ruchira So-
Strüssmann, Ricardo K. Ribeiro, Paulo maweera, Saymon Albuquerque, Mari-
S. Bernarde, Sérgio A. A. Morato, Lau- nus Hoogmoed, Rodolfo Paes, Daniel
rie Vitt, Ruchira Somaweera, Saymon Rosenberg, Andre Luiz F. da Silva and
Albuquerque, Marinus Hoogmoed, Ro- Fernanda Magalhães. Rafael F. Jorge
dolfo Paes, Daniel Rosenberg, André helped us in providing a great review
Luiz F. da Silva e Fernanda Magalhães. in the texts in Portuguese, and Bill
Rafael F. Jorge nos ajudou com uma Quatman translated most of the texts
ótima revisão dos textos em portu- to English. R. de Fraga dedicates this
guês, e Bill Quatman traduziu a maior book to his friend Augusto L. Hen-
parte dos textos para inglês. R. de riques, due to his admirable percep-
Fraga dedica este livro ao amigo Au- tion of the Universe.
gusto L. Henriques, por sua admirável
percepção do Universo.
12
72 Humanos são fascinados por cobras
Humans are fascinated by snakes
78 Mordidas de cobras
Snake bites
84 Reserva Ducke
20 Introdução Reserva Ducke
Introduction
87 Como utilizar este guia
22 Origem e evolução das cobras How to use this guide
Origin and Evolution of snakes
293 Bibliografia
Bibliography
302 Autores
Authors
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
20 21
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
para entender porque nós as considera- Origin and Evolution of do Lepidosauria (Figura 2). Mas alguns as a separate group, and has elevated
mos ilustrativas da beleza e exuberân- snakes desses agrupamentos são artificiais, to the category of class. The birds are
cia biológica da Amazônia (Figura 1). porque são classificados apenas para closely related to crocodilians and, from
Snakes appeared in the fossil re- facilitar o trabalho dos cientistas, e an evolutionary point of view, they are
cord about 140 million years ago, but não por serem evolutivamente próxi- reptiles, and nothing more than feath-
Origem e evolução das their origin is still debated among sci- mos. Uma quinta ordem, Aves, é con- ered dinosaurs. In this guide, we adopt
cobras entists. That they first appeared in the siderada como um grupo à parte, e foi the classification proposed by Pyron et
As cobras surgiram no planeta há sea was the general consensus for a elevada à categoria de classe nas últi- al. (2013), but other phylogenetic hy-
cerca de 140 milhões de anos, mas a long time, but recent genetic studies mas décadas. As aves estão muito pró- potheses (models of relationships) are
sua origem ainda é tema de debates (molecular phylogeny) and new fossil ximas dos crocodilianos, são répteis e available in literature, such as those of
entre os cientistas. A origem nos oce- evidence, indicate that snakes could não passam de dinossauros empluma- Townsend et al. (2004), Vidal & Hedges
anos foi consenso geral durante muito have a terrestrial origin, with the first dos, do ponto de vista evolutivo. Neste (2004), Vidal and Hedges (2009) and
tempo, mas recentemente estudos ge- species having fossorial habits and guia adotamos a classificação propos- Zaher et al. (2009).
néticos (filogenia molecular) e novas spending most of their life in under- ta por Pyron et al. (2013), mas outras
ground tunnels. Both of these hypoth- Figure 2 shows the phylogenetic
evidências de fósseis, indicaram que hipóteses filogenéticas (parentesco)
eses are plausible considering that relationships (kinship) between tax-
as cobras podem ter origem terrestre, estão disponíveis na literatura, como
legs can hinder locomotion as much in onomic groups of Lepidosaura, where
e as primeiras espécies teriam hábito por exemplo, Townsend et al. (2004),
water as in underground galleries. The Squamata appears as a sister group of
fossorial (passavam a maior parte da Vidal & Hedges (2004), Vidal e Hedges
same evolutionary pressures that act- Sphenodontida. In phylogenetic hy-
vida enterradas em túneis subterrâne- (2009) e Zaher et al. (2009).
ed to select the body form of worms potheses (represented in the form
os). No entanto, ambas as hipóteses
below the ground and of eels in water A Figura 2 mostra as relações filo- of cladograms) the longer lines sig-
podem ter acontecido se considerar-
could have resulted in the loss of legs genéticas ou de parentesco entre os nify older separations of groups and
mos que as patas podem atrapalhar a
in lizard ancestors of the snakes which grupos taxonômicos de Lepidosauria, the shorter lines indicate more recent
locomoção, tanto na água quanto em
lived in these environments. onde Squamata aparece como grupo common ancestors. The first thing to
galerias subterrâneas. As mesmas pres-
sões evolutivas que atuaram para sele- Snakes belong to the class Reptil-
cionar a forma do corpo de minhocas ia, which traditionally contains four
no subsolo e de enguias na água, po- orders: Crocodylia (caimans, croco-
dem ter resultado na perda de patas diles and gavials), Chelonia (turtles,
em grupos de lagartos ancestrais das terrapins, and tortoises), Sphenodon-
cobras que viviam nestes ambientes. tida (tuatara), and Squamata (lizards, || Figura 2 - Relações entre
snakes and amphisbaenians). Sphen- os grupos de Lepidosauria,
As cobras pertencem à classe Repti-
odontida and Squamata form a larger baseadas na hipótese
lia, que tradicionalmente contém qua-
filogenética de Pyron et al.
tro ordens: Crocodylia (jacarés, croco- group called Lepidosauria (Figure 2).
(2013).
dilos e gaviais), Quelonia (tartarugas, However, some of these groups are
Figure 2 - The relationship
cágados e jabutis), Sphenodontida artificial, because they were erected
between the groups of
(Tuatara), Squamata (lagartos, cobras only to facilitate classification, and Lepidosauria, based on the
e anfisbenas). Sphenodontida e Squa- the groups are not closely related. A phylogenetic hypothesis of
mata formam um grupo maior chama- fifth order, Aves (birds), is considered Pyron et al. (2013).
22 23
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
irmão de Sphenodontida. Em hipóte- note in Figure 2 is that snakes (Ser- da para localizar presas. Bifurcata é Manaus (for more details we invite the
ses filogenéticas (representadas por pentes) are part of a larger group pop- subdividido em dois grupos: Gekkota reader to consult the Guide to Lizards
cladogramas) as linhas mais longas ularly known as lizards. e Unidentata. of Reserva Ducke <http://ppbio.inpa.
significam separações mais antigas de gov.br>). Unidentata consists of spe-
The order Squamata contains two Gekkota é um grupo constituído por
grupos e as linhas mais curtas indicam cies with a little tooth on the tip of
large groups, recognized on molecu- lagartos que desenvolveram o olfato e
ancestrais em comum mais recentes. A the snout, used only once, to break
lar, morphological and behavioral sim- a visão para localizar presas, como re-
primeira percepção sobre a Figura 2 é the shell of the egg at the time of
ilarities, Dibamia and Bifurcata. The sultado da perda da língua bífida (bi-
que as cobras (Serpentes) fazem parte hatching. It then loosens and falls off.
Dibamia group is presently made up furcada) e do órgão de Jacobson. É re-
de um grupo maior, popularmente co- This group is subdivided into two oth-
of lizards that lost their limbs, and is presentado na Amazônia por lagartixas
nhecido como lagartos. ers: Scincoidea and Epsiquamata.
presently restricted to Mexico and In- e osgas (Figura 3), e algumas espécies
A ordem Squamata contém dois donesia. They live in subterranean tun- são bastante comuns em Manaus (para Scincoidea consists of lizards that
grandes grupos, reconhecidos por se- nels, are almost completely blind, and maiores detalhes, convidamos o leitor have elongated bodies, and relative-
melhanças moleculares, morfológicas apparently use small sensory struc- a consultar o Guia de Lagartos da Re- ly short legs, and Epsiquamata are
e comportamentais: Dibamia e Bifur- tures located on the head and jaw to serva Ducke <http://ppbio.inpa.gov. lizards with forked tongues and well
cata. O primeiro grupo é formado pe- orientate and find food. br>). Unidentata abrange animais que
los primeiros lagartos que perderam as possuem um pequeno dente na pon-
The Bifurcata group consists of ani-
patas, atualmente restritos ao México ta do focinho, utilizado apenas uma
mals with a forked tongue and a Jacob-
e Indonésia. Os Dibamia são animais vez, para romper a casca do ovo no
son’s organ. This organ is a structure
que vivem em túneis subterrâneos, momento do nascimento, e em seguida
located at the base of the brain, with
quase totalmente cegos, e aparen- se desprende e cai. Esse grupo é subdi-
connections to the upper and inner re-
temente utilizam pequenas estrutu- vidido em outros dois grupos: Scincoi-
gion of the mouth, which has the sen-
ras sensoriais localizadas na cabeça e dea e Epsiquamata.
sorial function of interpreting the mi-
mandíbula para se orientarem e encon- cro-particles captured by the tongue, Scincoidea é constituído por lagar-
trarem comida. to find food and protection from pred- tos que possuem o corpo alongado, e
O grupo Bifurcata é constituído por ators (see the topic “How do snakes as patas bastante reduzidas e Epsiqua-
animais que possuem a língua bifur- sense the environment?”). However, in mata abrange animais de língua bi-
cada e órgão de Jacobson. Esse órgão some groups, vision is well developed, furcada e órgão de Jacobson bastante
é uma estrutura localizada na base do and can be utilized to locate prey. Bi- desenvolvido. Epsiquamata é subdivi-
cérebro, com conexão para a região su- furcata is subdivided into two groups: do em dois grupos: Lacertoidea e To- || Figura 3 - As lagartixas e osgas perderam
perior e interna da boca, que tem uma Gekkota and Unidentata. xicofera. Lacertoidea abrange lagartos a língua bífida e desenvolveram a visão
função sensorial de interpretar micro- que possuem as escamas semelhantes e o olfato ao longo do tempo. Nesses
Gekkota is a group of lizards that animais a língua tem função de capturar
-partículas captadas no ar pela língua, a azulejos, como Jacurarus (Tupinam-
have developed the sense of smell presas e eventualmente limpar os olhos.
para encontrar comida e se proteger bis) e Cobras-cegas (Amphisbaenidae),
and vision to locate prey, with the re- Figure 3 - The Geckos lost the forked
de predadores (ver o tópico “Como as e Toxicofera abrange animais capazes
sulting loss of the forked tongue and tongue and developed the sense of vision
cobras percebem o ambiente?”). No de produzir veneno, como alguns la-
Jacobson organ. It is represented in and smell over time. In these animals,
entanto, em alguns grupos a visão é gartos (Monstro-de-Gila e Dragão de
the Amazon by geckos (Figure 3), and the tongue plays a role in prey capture
bem desenvolvida, e pode ser utiliza- Komodo) e cobras. Esse grupo é subdi-
some species are quite common in and sometimes cleaning the eyes.
24 25
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
vidido em três grupos: Anguimorpha, developed Jacobson’s organs. Epsiqua- Os répteis Squamata surgiram há well developed vision and the tongue
Iguania e Serpentes. mata is subdivided into two groups: aproximadamente 250 milhões de is used to locate and capture prey. At
Lacertoidea e Toxicofera. Lacertoidea anos, quando toda a porção terres- some time in the past they lost the
Anguimorpha compreende lagar-
consist of lizards which have tile-like tre do planeta era concentrada em um forked tongue and the capacity to pro-
tos que aparentemente originaram se-
scales, such as tegus (Teiidae) and am- continente gigante chamado Pangeia. duce venom. Serpentes constitutes the
paradamente no Velho (Ásia) e Novo
phisbaenians (Amphisbaenidae), and Há cerca de 200 milhões de anos Pan- group treated in this book, which we
Mundo (Américas), incluindo os Lagar-
Toxicofera includes animals capable of geia sofreu uma fragmentação que re- call snakes.
tos Monitores (Varanidae), que foram
producing poison, as in some lizards sultou na formação de dois continen- Squamata appeared approximate-
considerados como ancestrais das co-
(Gila Monsters and Komodo Dragons) tes menores, Laurasia e Gondwana, ly 250 million years ago, when all the
bras por muito tempo. Em uma classi-
and snakes. Toxicofera is divided into nos hemisférios norte e sul, respecti- terrestrial portions of the planet were
ficação mais atual, os Varanídeos têm
three groups: Anguimorpha, Iguania vamente. Este evento teve consequen- concentrated into one giant continent
um ancestral em comum com as co-
and Serpentes. cias importantes sobre a radiação de called Pangaea. About 200 million
bras e fazem parte do grupo Toxico-
fera (Figura 4). Iguania é o grupo ao Anguimorpha is comprised of lizards Squamata, que há cerca de 150 mi- years ago, Pangaea fragmented, re-
qual pertencem os Iguanas, Camaleões that apparently originated separately lhões de anos começou a colonizar a sulting in the formation of two small-
e Anoles (Calangos Papa-vento). São in the Old World (Eurasia and Africa) maioria dos ambientes da Terra, com o er continents, Laurasia and Gondwana,
animais que desenvolveram a visão e and the New World (Americas), includ- surgimento de muitas espécies. Entre in the Northern and Southern Hemi-
a língua para localizar e capturar pre- ing monitor lizards (Varanidae), which importantes eventos biogeográficos spheres, respectively. This event had
sas, uma vez que perderam a língua bi- for a long time were considered to be que influenciaram a radiação de Squa- important consequences for the radia-
furcada e a capacidade de produzir ve- the ancestors of snakes. In a more re- mata estão a separação entre as Amé- tion of the Squamata, which, starting
neno. Serpentes constituem o grupo cent classification, the varanids have a ricas e a África, há aproximadamente about 150 million years ago, colonized
tratado nesse livro, cujo qual nós cha- common ancestry with the snakes and 100 milhões de anos, e o impacto de most environments on Earth, with the
mamos de cobras. make up part of the group Toxicofera um grande asteroide com a Terra, há emergence of many species. Among the
(Figure 4). Iguania includes the igua- cerca de 66 milhões de anos. O último important biogeographic events that
nas, chameleons and anoles. They have evento foi responsável por extinções influenced the radiation of the Squa-
e alterações ecológicas, que aparen- mata were the separation of the Amer-
temente influenciaram profundamen- icas and Africa, approximately 100
|| Figura 4 – A história evolutiva das
te a história evolutiva da biota terres- million years ago, and the collision of
cobras está sendo desvendada com
o progresso da ciência. Os lagartos
tre. Na Amazônia, o soerguimento da a large asteroid with Earth, about 66
Monitores eram considerados ancestrais Cordilheira dos Andes, entre 23 e 2,5 million years ago. The last event was
das cobras, mas cientistas descobriram milhões de anos, foi responsável por responsible for extinctions and eco-
que os dois grupos têm ancestrais em profundas alterações na paisagem, que logical alterations that profoundly in-
comum. certamente influenciaram a atual di- fluenced the evolutionary history of
Figure 4 - The evolutionary history of versidade de espécies. life on Earth. In the Amazon, the lift-
snakes have been uncovered with the
As cobras certamente constituem ing of the Andes Mountains, between
progress of science. Monitor lizards
o grupo de maior sucesso evolutivo 23 and 2.5 million years ago, was re-
were considered ancestors of snakes,
dentre os Squamata, pois representam sponsible for profound changes in the
but scientists have found that the two
groups have common ancestors. aproximadamente 3070 das 4900 es-
26 27
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
pécies conhecidas no mundo (63%). landscape, which certainly influenced neste livro, as Serpentes serão conside- Snakes may not be a natural group,
No Brasil, existem pouco mais de 360 the current diversity of species. radas como grupo natural (monofiléti- since different lineages within this
espécies, e na Amazônia brasileira cer- co). Todas as cobras têm corpo alonga- suborder may have originated from dif-
Snakes certainly constitute the
ca de 150. Provavelmente este núme- do, as patas anteriores são ausentes e as ferent ancestors. Nevertheless, in this
most successful group within the Squa-
ro deve aumentar, pois existem ainda posteriores podem ser ausentes ou ves- book, the Serpentes will be consid-
mata, since they represent approxi-
muitos lugares que nunca foram cienti- tigiais, como em alguns representantes ered as a natural group (monophylet-
mately 3070 (63%) of the 4900 spe-
ficamente explorados, principalmente das famílias Boidae (Jiboias) e Pytho- ic). All snakes have an elongated body,
cies known worldwide. In Brazil, there
em áreas remotas na Amazônia. Esses nidae (Pítons, não ocorrem naturalmen- the front limbs are absent and the rear
are a little more than 360 species, and
locais possivelmente abrigam espécies te no Brasil), na forma de esporões lo- legs can be absent or vestigial, as in
150 have been recorded from the Bra-
desconhecidas pela ciência. calizados próximos à cloaca (Figura 5). some representatives in the families
zilian Amazon. This number will prob-
Essas estruturas são consideradas vesti- Boidae (boas) and Pythonidae (py-
Os lagartos vêm acumulando uma ably increase, since many places have
giais, embora possam ter função repro- thons, do not naturally occur in Bra-
série de adaptações morfológicas e never been explored scientifically, es-
dutiva em rituais de corte ou em com- zil), in the form of spurs located near
comportamentais ao longo de sua his- pecially in remote areas in the Ama-
bates entre machos disputando uma the tail (Figure 5). These structures
tória evolutiva. Vários grupos podem zon. These locations almost certainly
fêmea. Por isso patas vestigiais geral- are considered vestigial, although
apresentar uma ou um conjunto de harbor species unknown to science.
mente são mais evidentes em machos. they can have a reproductive function
adaptações: corpo alongado, dentes The lizards have accumulated a se- in courtship rituals, or in combat be-
que injetam veneno, ossos mandibula- ries of morphological and behavioral Lagartos como o Monstro-de-Gila
tween males competing for a female.
res e maxilares que deslocam para per- adaptations throughout their long evo- (Helodermatidae) da América do Norte
For this reason vestigial limbs are gen-
mitir a ingestão de presas grandes e a lutionary history. Several groups show e o Dragão de Komodo (Varanidae) são
erally more evident in males.
perda parcial ou total das patas. Lagar- one or more of the following of adapta- peçonhentos (capazes de injetar ve-
tos com corpo alongado, redução ou neno utilizando os dentes), e a maio- Lizards such as the Gila Monster
tions: elongate body, specialized teeth
perda total de patas podem atualmente ria das cobras não é considerada peço- (Helodermatidae) from southern North
to inject venom, jaw bones that dislo-
ser encontrados nas famílias Gekkoni- nhenta. No entanto, o aparelho mais America and the Komodo Dragon (Vara-
cate to permit the ingestion of large
dae, Amphisbaenidae, Gymnophthalmi- adaptado para inoculação de veneno nidae) from Sout-east Asia are venom-
prey, and the partial or total loss of
dae, Scincidae, Anguidae, entre outros está presente nas cobras. ous (capable of injecting venom with
legs. Lizards with elongated bodies and
(mais informações sobre estes grupos the teeth), and most snakes are not
reduced or completely degenerated legs A maioria das cobras é capaz de
estão disponíveis no Guia de Lagartos considered venomous. However, the ap-
can be found in the families Gekkoni- deslocar os ossos associados à boca
da Reserva Ducke <http://ppbio.inpa. dae, Amphisbaenidae, Gymnophthalmi- para poder engolir presas grandes, uma
gov.br>). Somente os membros de um dae, Scincidae, and Anguidae, among
grupo são consistentemente conside- others (more information about these || Figura 5 – Algumas espécies da família
rados cobras, a subordem Serpentes, groups is available in Guide to the Liz- Boidae possuem vestígios de patas, na
cujos parentes mais próximos possuem ards of Reserva Ducke <http://ppbio. forma de esporões localizados próximos
patas bem desenvolvidas. inpa.gov.br>). Only members of one à cloaca, como nessa Periquitamboia
Serpentes pode não ser um grupo group, the suborder Serpentes, whose Corallus batesii.
natural, uma vez que diferentes linha- close relatives have well developed Figure 5 - Some species of the family
Boidae have vestiges of legs in the form
gens dentro dessa subordem originaram limbs, are consistently called snakes.
of spurs located near the cloaca, as this
de ancestrais diferentes. No entanto,
Emerald Tree Boa Corallus batesii.
28 29
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
adaptação também encontrada em es- paratus most highly adapted for inject- corpo alongado e ausência de patas, mouth to angles less than 90° and
pécies de Pygopodidae, lagartos com ing venom is found in some snakes. como as Cecílias (anfíbios), Mussuns e therefore can only consume small prey.
pernas reduzidas parentes das osgas. Most snakes are capable of dislo- Poraquês (peixes), e minhocas (inverte- A more derived group called Alethino-
Esse importante evento na história cating the jaw bones to swallow large brados). Esses grupos se diferenciam das phidia is formed by the majority of the
evolutiva das cobras ocorreu a partir prey, an adaptation also found in spe- cobras principalmente por apresentarem snakes and has as the principal char-
de um grupo mais antigo chamado Sco- cies of Pygopodidae, lizards with re- pele úmida, mucosa, corpo sem escamas acteristic the capacity to dislocate the
lecophidia, hoje formado somente por duced legs that are close relatives of distintas, e nenhum deles é peçonhento. quadrate bone, which connects the up-
pequenas cobras fossoriais, que vivem the geckos. This important event in the per and lower jaws, giving the animal
enterradas em galerias subterrâneas. evolutionary history of the snakes ap- Anatomia e locomoção de a large gape. This event was impor-
Esses animais conseguem abrir a boca peared in an ancient group called Sco- cobras tant for the conquest of new habitats
em ângulos menores que 90° e por isso lephidia, today consisting only of fos- by snakes, since it permitted the con-
só conseguem consumir presas peque- Os órgãos internos das cobras são sumption of relatively large prey, and
sorial snakes which live in underground muito parecidos com os de outros ver-
nas. Um grupo mais derivado, chamado tunnels. These animals can open the improved defense capability in species
Alethinophidia é formado pela grande tebrados, mas sofreram modificações capable of producing venom.
maioria das cobras e tem como caracte- anatômicas para se ajustarem ao forma-
|| Figura 6 - Alguns animais sem patas se If you see a “snake” in the region
rística principal a capacidade de deslo- assemelham muito a cobras, e por isso
to cilíndrico e alongado de seu corpo.
Alguns órgãos, que geralmente ocorrem of Manaus that is not in this book, it
car o osso quadrado, que conecta o ma- são frequentemente confundidos. Apesar
may be that you encountered a spe-
xilar à mandíbula, conferindo ao animal da semelhança no formato do corpo, os em pares em outros animais, foram per-
didos ou consideravelmente reduzidos cies that we have not registered. How-
uma grande abertura da boca. Esse anfisbenídeos pertencem a um grupo
nas cobras. Os pulmões, por exemplo, ever, you should consult the Guide to
evento teve grande importância para a de lagartos sem patas evolutivamente
distinto das cobras, como esta são órgãos que necessitam de espa- the Lizards of Reserva Ducke (http://
conquista de novos ambientes pelas co- ppbio.inpa.gov.br) to make sure that
bras, uma vez que permitiu o consumo Amphisbaena fuliginosa. ço para expandirem durante a respira-
Figure 6 - Some legless animals closely ção. Possuir dois pulmões expandindo it is not a lizard with reduced or no
de presas relativamente maiores, e me- legs (Figure 6). Also, there are other
resemble snakes, and so are often a cada ciclo respiratório poderia ser um
lhorou a capacidade de defesa em espé- animals with elongated bodies and no
confused. Despite the similarity in body problema para as cobras, em função do
cies que produzem veneno. legs, such as caecilians (amphibians),
shape, the Amphisbaenids belong to a espaço interno reduzido do seu corpo.
Caso você veja uma “cobra” na re- group of legless lizards evolutionarily
Esse problema foi resolvido, com a re- one-gilled eels (fish), and earthworms
gião de Manaus que não esteja neste li- distinct from snakes, such as this (invertebrates). These groups differ
dução de tamanho ou a perda comple-
vro, pode ser que você tenha encontra- Amphisbaena fuliginosa. from snakes because they have moist,
ta do pulmão esquerdo. Para compensar
do uma espécie que nós não essa perda e garantir que as trocas ga- slimy skin, without distinct scales,
registramos. Mas é preciso sosas sejam realizadas com eficiência, and none of them are venomous.
consultar o Guia de Lagartos o pulmão direito de todas as cobras é
da Reserva Ducke (http:// grande e bem desenvolvido. Anatomy and locomotion of
ppbio.inpa.gov.br) para ve-
rificar se não é um lagarto As gônadas (testículos e ovários) snakes
sem patas ou com patas re- geralmente ocorrem em pares, localiza- The internal organs of snakes are
duzidas (Figura 6). Também dos nas laterais da porção posterior do similar to those of other vertebrates,
existem outros animais com corpo, mas em algumas espécies fos- but underwent anatomical modifica-
soriais de corpo muito delgado, uma tions to adjust to the cylindrical form
30 31
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
das gônadas foi perdida, como em Tan- and elongation of the body. Some or- existem exceções. Muitas cobras, como by means of internal chemical pro-
tilla melanocephala, espécie que pode gans that usually occur in pairs in a víbora Bitis peringueyi, vivem em de- cesses, starting with energy obtained
ser encontrada na região de Manaus. other vertebrates were lost or reduced sertos escaldantes, e outras vivem em from food, as do mammals and birds. A
Também adaptado ao formato cilíndri- considerably in snakes. For example, ambientes muito frios, como a víbora few species of pythons can raise their
co e alongado do corpo das cobras, o lungs need space to expand during européia Vipera berus. body temperature by shivering, but
estômago é uma continuação do esô- breathing. Possessing two lungs ex- they generally only do this while in-
Em temperaturas muito baixas para
fago, e é difícil distingui-los. O fíga- panding each respiratory cycle could cubating eggs. As with most other liz-
a termorregulação, as cobras procuram
do é alongado e bilobado. Assim como be a problem for snakes, due to the ards, snakes are excellent thermoregu-
abrigos e se mantêm em baixas tem-
outros lagartos e aves, as cobras não reduced internal space in their bod- lators. Thanks to their elongated body,
peraturas corporais até que as condi-
possuem bexiga urinária, elas excre- ies. This problem was resolved with the surface area is large in relation to
ções climáticas melhorem. Pouquíssi-
tam ácido úrico, uma substância mais the reduction or complete loss of the body mass and they can quickly take
mos mamíferos ou aves são capazes
sólida que a urina. Essa é uma adapta- left lung. To compensate this loss and advantage of external sources of heat.
de fazer isso, e a maioria das espécies
ção contra a perda excessiva de água. to ensure that gas exchange is carried For the same reason, snakes can gain
morreria se a temperatura corporal ca-
A temperatura do ambiente é um out with effectively, the right lung in or lose heat very quickly in extreme
ísse tanto quanto as temperaturas ex-
fator importante para a vida das co- all snakes is large and well developed. conditions, and therefore usually do
perimentadas por cobras, inclusive nas
bras, porque elas são ectotérmicas. not occur in regions with very high or
The gonads (testes and ovaries) gen- regiões tropicais.
Isso significa que não podem manter very low temperatures, but there are
erally occur in pairs, located on both Algumas estratégias para manter a
altas temperaturas corporais por meio exceptions. Many snakes, such as the
sides at the rear of the body cavity, but temperatura do corpo foram desenvol-
de processos químicos internos, ini- viper Bitis peringueyi, live in scorching
in some fossorial snakes with a very vidas pelas cobras, como enrodilhar
ciados com a energia obtida dos ali- deserts, and there are snakes which
slender body, one of the gonads has o corpo para reduzir a perda de calor
mentos, como fazem os mamíferos e live in very cold environments, such as
been lost, such as in Tantilla melano- (Figura 7) ou usar a circulação san-
as aves. Algumas espécies de Pítons the European viper Vipera berus.
cephala, a species that can be found in guínea para concentrar a energia dis-
podem aumentar a temperatura cor- the Manaus region. Also adapted to the
pórea por contrações musculares, mas ponível para aquecer órgãos vitais es-
cylindrical form and elongated body of
geralmente elas fazem isso apenas snakes, the stomach is a continuation
para incubar os ovos. Assim como ou- || Figura 7 - Jararaca-pintada Bothriopsis
of the esophagus, and it is difficult to
tros lagartos, as cobras são excelen- taeniata com o corpo enrodilhado. Essa
distinguish them. The liver is elongat-
tes termorreguladoras. Graças ao seu postura torna a cobra confundível com
ed and bi-lobed. Snakes do not have a uma folha caída, mas possivelmente
corpo alongado, a área de superfície urinary bladder, they excrete uric acid, também ajuda a manter a temperatura
é bastante grande em relação à mas- a substance more solid than urine. As do corpo. Esta espécie possivelmente
sa corporal, por isso elas podem rapi-
in other animals, this is an adaptation não ocorre na região de Manaus.
damente tirar vantagem de fontes ex-
against excessive loss of water. Figure 7 - Speckled Forest Pit Viper
ternas de calor. Pelo mesmo motivo,
Bothriopsis taeniata with the body
as cobras podem ganhar ou perder ca- The temperature of the environ-
coiled. This posture makes the snake
lor muito rapidamente em condições ment is an important factor in the
look like a fallen leaf, but probably also
extremas, e portanto, geralmente não lives of snakes, because they are ec-
helps to maintain body temperature.
ocorrem em regiões com temperaturas totherms. This means that they can- This species probably does not occur in
muito elevadas ou muito baixas, mas not maintain high body temperatures the Manaus region.
32 33
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
pecíficos, o que permite com que elas At very low temperatures for ther- tir de contrações de músculos dispos- The vertebral column is considerably
mantenham o calor que obtêm de fon- moregulation, snakes seek shelters tos em lados opostos da coluna verte- longer in snakes than other vertebrates,
tes externas. As cobras usam eficien- and remain at low body temperatures bral. As contrações ocorrem em ciclos and has the function of supporting the
temente as fontes de calor disponíveis until weather conditions improve. Very que seguem a direção da porção ante- ribs and muscles, which together with
no ambiente, e isso provavelmente ex- few mammals or birds are able to do rior (cabeça) para a porção posterior the skin and an arrangement of scales,
plica os números maiores de espécies this, and most birds and mammals do corpo (cauda). Por apresentarem o form a mechanical complex responsible
e indivíduos em comparação aos ma- would die if their body temperature corpo relativamente mais robusto, al- for locomotion. Despite not possess-
míferos, em diversas partes do mundo. fell to levels commonly experienced gumas cobras como Jiboias (Boa cons- ing legs, snakes can move quickly, with
by snakes, even in the tropics. trictor) e Surucucus-pico-de-jaca (La- adaptations for climbing, digging and
A coluna vertebral das cobras é
Snakes use behavioral strategies to chesis muta) não conseguem realizar swimming (Figure 8).
consideravelmente maior do que a de
outros vertebrados, e tem a função de maintain body temperature, such as essas ondulações laterais. Elas utili- Most snakes move by lateral undula-
suportar as costelas e os músculos, coiling the body (Figure 7) or concen- zam um movimento semelhante ao de tions of the body, with separate waves
que juntamente com a pele e a dispo- trating available energy to heat spe- lagartas, com contrações na superfície of muscle contractions running down
sição das escamas, formam um com- cific vital organs, which allow them to ventral do corpo, formando ondas re- opposite sides of the spine. The con-
plexo mecânico responsável pela lo- retain the heat they obtain from ex- gulares na pele. Essas ondas percorrem tractions occur in cycles which flow
comoção. Apesar de não possuírem ternal sources. Snakes efficiently use todo o corpo na direção cabeça-cauda, from the head to the tail. Some snakes
patas, as cobras se movimentam rapi- external heat sources available in the impulsionando o animal para frente ou with relatively thick bodies, such as Boa
damente, e possuem adaptações para environment, and this probably ex- para cima. constrictors (Boa constrictor) and Bush-
escalar, cavar e nadar (Figura 8). plains the why they have higher num- A locomoção também sofreu adap- masters (Lachesis muta) usually do not
bers of species and individuals than tações interessantes em ambientes ex- use these lateral undulations, but move
A maioria das cobras se desloca por
mammals in many parts of the world. tremos. Por exemplo, para se locomo- with a technique similar to caterpillars.
ondulações laterais do corpo, a par-
verem por sobre a areia escaldante de Contractions of the ventral surface of
desertos, algumas cobras conseguem the body form regular waves in the skin
manter apenas dois pontos de apoio that move from head to tail and propel
entre o corpo e o substrato. Alternan- the animal forward or upwards.
do pontos diferentes do corpo, elas Locomotion has also undergone in-
conseguem evitar contato prolonga- teresting adaptations in extreme en-
do com a areia, quente suficiente para vironments. For example, for loco-
lhes causar ferimentos. O solo arenoso motion over scorching desert sands,
do deserto não permite a manutenção some snakes maintain only two points
de túneis subterrâneos, mas algumas of contact between the body and the
cobras conseguem realizar movimen- substrate. By alternating different
tos semelhantes à natação por baixo points of the body, they can avoid pro-
da areia, para evitar exposição exces- longed contact with the sand, which is
|| Figura 8 - Apesar de não possuírem patas, as cobras se deslocam com muita habilidade, siva ao calor extremo. Cobras marinhas
mesmo por lugares pouco prováveis, como um galho mais fino que o seu próprio corpo. hot enough to cause injury. The sandy
geralmente possuem a cauda achata- soil does not allow the maintenance
Figure 8 - Although they have no legs, snakes move with great agility, even in
da (comprimida lateralmente) e a uti- of subterranean tunnels, but some
unlikely places, such as on twigs thinner than their own body.
34 35
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
lizam como um leme de barco, para di- snakes can perform movements simi- ter maior abertura de boca, ocorrem na The two major groups of snakes,
recionar a natação. lar to swimming underneath the sand, região de Manaus. Scolecophidia é re- which differ in their capacity to dis-
to avoid excessive exposure to extreme presentado pelas famílias Typhlopidae, locate bones in the head in order to
O que as cobras comem? heat. Sea snakes generally have a lat- Leptotyphlophidae e Anomalopididae, enlarge the mouth opening, occur in
erally flattened tail that they use as a cada uma com apenas uma espécie. Por the region of Manaus. Scolecophidia
Existe uma grande variedade de am- rudder when swimming. não conseguirem abrir a boca em ân- is represented by the families Typhlo-
bientes ocupados por cobras, e sua die- gulos maiores que 90°, consomem pre- pidae, Leptotyphlophidae and Anom-
ta reflete essa diversidade. As cobras sas pequenas como formigas e cupins. alopididae, each with only one spe-
se alimentam de uma grande varieda- What do snakes eat?
Alethinophidia é representado na re- cies. Since they cannot open the mouth
de de presas, como lesmas e caracóis, There are many species of snakes in gião de Manaus pela maioria das co- to angles greater than 90°, they con-
centopeias, escorpiões, gafanhotos, many different environments, and their bras, com cerca de 60 espécies conhe-
besouros, larvas de libélulas, crustáce- diets reflect this diversity. Snakes as a cidas. A capacidade de deslocar o osso
os (caranguejos), peixes, anfíbios, in- group eat a large variety of prey, such as quadrado (conecta o maxilar às hemi-
cluindo ovos e larvas (sapos, rãs, pe- slugs and snails, centipedes, scorpions, mandíbulas), a presença de costelas li-
rerecas e cecílias), aves e seus ovos, grasshoppers, beetles, dragonfly larva, vres (não se fundem na região ventral)
uma grande diversidade de mamíferos crustaceans (crabs), fish, amphibians, e a pele elástica, possibilitam às co-
(roedores, catitas, morcegos), jacarés, including eggs and larvae (toads, frogs, bras Alethinophidia o consumo de pre-
tartarugas e seus ovos, lagartos e seus tree frogs and caecilians), birds and sas grandes, muitas vezes com diâme-
ovos e até mesmo outras cobras e seus their eggs, a large diversity of mam- tro maior que o do seu próprio corpo.
ovos. Contudo, cada espécie geralmen- mals (rodents, small marsupials, bats),
te se alimenta de uma pequena varie- caimans, turtles and their eggs, lizards Consumir presas grandes é uma óti-
dade de tipos de presas. A Mussurana and their eggs and even other snakes ma estratégia utilizada pelas cobras
Clelia clelia pode caçar até mesmo co- and their eggs. However, each species para a absorção de grandes quantida-
bras peçonhentas como Jararacas, pois usually only takes a small range of prey des de nutrientes com apenas uma in-
é imune ao veneno. types. Many species, such as the Mus- vestida de caça. No entanto, essa es-
surana Clelia clelia, can hunt even ven- tratégia pode ser arriscada. As cobras
A mandíbula das cobras não é fu- engolem suas presas inteiras (Figura 9), || Figura 9 - Os dentes das cobras não
sionada na região do queixo como na omous snakes such as Pit Vipers, since
they are immune to snake venom. o que aumenta drasticamente o volu- possuem função de mastigação, elas
maioria dos vertebrados, mas formada me do seu corpo e diminui a capacida- engolem as presas inteiras. Engolir presas
por duas hemimandíbulas livres e in- The mandible of snakes is not fused de locomotora, fatores que as tornam muito grandes pode ser arriscado, embora
dependentes. Por serem independentes in the chin region, as in the majority of demasiadamente lentas para fugir em favorável para obtenção de nutrientes.
entre si, as hemimandíbulas se movi- vertebrates, but is formed by two hemi- uma situação de risco. Algumas espé- Falsa-coral Pseudoboa coronata engolindo
mentam alternadamente entre os lados mandibles that are free and indepen- cies regurgitam presas recentemente um Calango-verde Ameiva ameiva.
com ajuda dos dentes, para que o ali- dent. Because they are independent of Figure 9 - The teeth of snakes are not
ingeridas, se elas precisarem fugir ra-
mento alcance o esôfago. each other, the hemi-mandibles can al- used to chew, they swallowing entire
pidamente. As Sucuris (Eunectes muri-
ternate movements so that food can be prey. Swallow very large prey can be
Os dois grupos de cobras já men- nus), presentes na região de Manaus,
risky, although favorable for nutrition.
cionados, que diferem por sua capaci- pushed into the esophagus by alternat- são famosas por esse comportamen- False-coral Pseudoboa coronata
dade de deslocar ossos da cabeça para ing dragging movements of the teeth to, por ingerirem regularmente presas swallowing an Amazon Racerunner
on each side of the jaw. grandes como capivaras. Ameiva ameiva.
36 37
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
As cobras desenvolveram diferen- sume small prey, such as ants and ter- Adult vipers, such
tes estratégias para capturar suas pre- mites. Alethinophidia is represented in as lanceheads of the
sas. Algumas espécies simplesmen- the Manuas region by many types of genera Bothrops and
te as seguram com os dentes até que snakes, with around 60 known species. Bushmasters Lachesis
não ofereçam resistência à ingestão. The capacity to dislocate the quadrate muta, hunt by am-
As constritoras, como o boídeos e al- bone connecting the upper and low- bushing small mam-
guns colubrídeos, enrolam seu cor- er jaws, the presence of free ribs (not mals, such as rodents
po ao redor da presa, formando alças. fused in the ventral region) and elastic and marsupials (small
Esse comportamento tem o objetivo de skin, makes it possible for the Alethi- opossums). Most of
reduzir o espaço disponível para a ex- nophidia snakes to consume large prey, the species remain
pansão da caixa torácica da presa para often thicker than their own body. coiled waiting for
a respiração, acarretando em morte Consumption of large prey is an ex- prey to cross their
por asfixia e parada cardíaca. Geral- cellent strategy to ingest large quan- path at a distance
mente, as cobras iniciam o processo tities of nutrients at a time. However, adequate for a strike
de ingestão somente após a morte da this strategy can be risky. Snakes swal- || Figura 10 - Como seu próprio nome and make a surprise attack. The strike
presa (Figura 10). low their prey whole (Figure 9), drasti-
sugere, a Jiboia Boa constrictor é uma can be a third of their body length, or
espécie constritora, que enrola seu corpo more, as in the case of the Bushmaster
Viperídeos adultos, como Jararacas cally increasing their mass and dimin-
ao redor da presa, matando-a por parada (Lachesis muta). During the strike, the
do gênero Bothrops e Surucucus La- ishing their capacity to move, which
respiratória e cardíaca. body of the snake is projected forward,
chesis muta, caçam por espreita pe- can make them slow to escape from a Figure 10 - As the name suggests, the
dangerous situation. Some species re- and in the case of vipers, the fangs
quenos mamíferos, como roedores e Boa constrictor is a constrictor that
gurgitate recently eaten prey if they are swiveled forward in the direction
marsupiais (mucuras). A maioria das wraps its bodyaround its prey, killing by
need to escape quickly, and Green An- of the prey. After the snake injects its
espécies permanece enrodilhada à es- asphixiation or stopping blood flow.
acondas (Eunectes murinus), present venom, the prey is released, and gen-
pera de uma presa que cruze o seu ca-
in the Manaus region, which regularly erally manages to escape for a few me-
minho a uma distância adequada para
eats large prey, such as capybaras, are órgãos. Geralmente, durante a fuga a ters, before the venom causes paraly-
o alcance do seu bote (movimento de
famous for this behavior. presa deixa um rastro químico, que as sis of its limbs and organs. During the
ataque surpresa), que pode chegar a
cobras utilizam para rastreá-la e pos- attempted escape the prey leaves a
um terço do comprimento do seu pró- Snakes have developed different teriormente ingerí-la. Normalmente, scent trail that the snake uses to track
prio corpo, ou mais, no caso da Su- strategies for capturing their prey. as cobras iniciam a ingestão da pre- it. Normally, the snake begins swal-
rucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta). Some species simply hold the prey sa pelo lado da cabeça, uma vez que lowing the prey by the head, since the
Durante o bote o corpo da cobra é with their teeth until it tires and does as patas das presas podem dificultar o legs of the prey can make the process
projetado em direção à presa, para not offer resistance to ingestion. The processo ou machucar as cobras. Os fi- difficult or cause injury to the snake if
que os dentes inoculadores de vene- constrictors, such as boids, and some lhotes de algumas espécies de Jarara- they do not fold along the body during
no possam alcançá-la. Após o enve- colubrids, wrap loops of their body cas balançam a extremidade branca ou swallowing. Lancehead Pit Viper juve-
nenamento a presa é liberada, e ge- around the prey, to asphyxiate it or amarelo-creme da cauda para simular niles wave the tip of the creamish-yel-
ralmente consegue fugir por alguns stop its heart beating. The snake usu- a movimentação de um verme ou lar- low tail to make it look like a worm or
metros, até que o veneno cause para- ally only swallows the prey after it is grub to lure prey, such as frogs and liz-
va, para atrair presas como anfíbios e
lisia de seus membros locomotores e dead (Figure 10). ards (Figure 11).
lagartos (Figura 11).
38 39
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Cupins e formigas (adultos e ovos) Termites and ants (adults and eggs)
Lagartos e anfisbenas Lizards and amphisbaenians
Família / Espécie
Family / Species
Centopéias Centipedes
Minhocas Earthworms
|| Figura 11 - Filhotes de algumas espécies de Jararaca, como Bothrops atrox, utilizam a
cauda branca ou amarelada para atrair sapos e lagartos para dentro do espaço de bote
Jacarés Alligators
Tartarugas Turtles
Girinos Tadpoles
Morcegos Bats
(engodo caudal).
Cobras Snakes
Sapos Frogs
Peixes Fish
Figure 11 - Juveniles of some species of Lancehead Pit Viper, such as Bothrops atrox,
Aves Birds
use the white or yellow tail to attract frogs and lizards within striking distance
(caudal luring).
Leptotyphlopidae
Na Tabela 1 apresentamos os princi- In Table 1 we present the main Epictia tenella X
pais tipos de presas consumidas pelas types of prey consumed by snakes in Typhlopidae
cobras na região de Manaus. Algumas the Manaus region. Some species have Typhlops reticulatus X
espécies possuem alimentação restrita eat a restricted arrange of food types, Anomalepididae
a um tipo de alimento, como a Falsa- such as the False-coral Drepanoides Typhlophis squamosus X
-coral Drepanoides anomalus, especia- anomalus, a specialist in eating reptile Aniiliidae
lista em comer ovos de répteis. Outras eggs. Others feed on a wide variety of Anilius scytale X X X
se alimentam de uma grande variedade prey, such as the Green Anaconda Eu- Boidae
de presas, como a Sucuri Eunectes mu- nectes murinus, which can eat amphib- Boa constrictor X X X
rinus, que pode comer anfíbios, répteis, ians, reptiles, birds, fish, and even al- Corallus caninus X X
Corallus hortulanus X X X X X
aves, peixes, e até jacarés e tartarugas. ligators and turtles.
40 41
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
42 43
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
44 45
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
46 47
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
espécies utilizam lugares diferentes ao or another. Some species use different Anomalepididae
longo do dia, por exemplo, as Cobras- places throughout the day. For exam- Typhlophis squamosus M/F/R
-cipó do gênero Chironius caçam no ple, the Vine-snakes of the genus Chiro- Aniiliidae
chão durante o dia, mas escalam as ár- nius hunt on the ground during the day, Anilius scytale M/R M/F M/F
vores para dormir à noite. Na Tabela 2 but climb into trees to sleep at night. Boidae
Boa constrictor M/F/R M/R M/R X X
apresentamos os tipos de hábitats onde In Table 2 we present the types of habi-
Corallus caninus M/F M/F/R X
as cobras da região de Manaus têm sido tats where the species of snakes of the Corallus hortulanus M/F M/F/R M/F/R X
encontradas com mais frequência, e o Manaus region have been found most Epicrates cenchria M/F M/F X X
período do dia em que as espécies ge- frequently, and time of day at which Eunectes murinus M/F/T M/R/T M/F/R X
ralmente estão ativas, caçando ou se species are usually found active, hunt- Colubridae (Colubrinae)
movimentando. ing or moving. Chironius fuscus M/F R R X
Chironius multiventris M/F R R X
Tabela 2. Tipos de hábitats onde as cobras da região de Manaus são encon- Chironius scurrulus M/F R R X
Dendrophidion dendrophis M/F R X
tradas com mais frequência, e período do dia em que estão ativas, caçando
Drymoluber dichrous M/F R X
ou se movimentando. [M = movimentação, F = forrageio (caça), R = repou-
Mastigodryas boddaerti M/F M/F/R X
so, T = termorregulação]
Oxybelis aeneus M/F M/F/R X
Table 2. Types of habitat where snakes in the region of Manaus are found more Oxybelis fulgidus M/F M/F/R X
often, and the time of day in which they are active, hunting or moving. [M = Pseustes poecilonotus M/F M/F/R X
move, F = foraging (hunting), R = resting, T = thermoregulation] Pseustes sulphureus M/F M/F/R X
Rhinobothryum lentiginosum M/F M/F/R X X
Atividade /
Hábitat / Habitat Spilotes pullatus M/F M/F/R X
Activity
Tantilla melanocephala M/F/R M X
Sobre solo / folhiço On the ground / leaf litter
Colubridae (Dipsadinae)
Apostolepis sp. M/F/R M ?
Atractus latifrons M/F/R M M X X
Atractus major M/F/R M M X X
Atractus schach M/F/R M M X X
Vegetação baixa Low vegetation
48 49
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Liophis breviceps M/F M/F X orientação. Para compensar essa con- pensate for this, they have complex
Liophis reginae M/F R X dição, elas possuem sistemas de per- systems of perception, probably inher-
Liophis typhlus M/F R X cepção bastante complexos, provavel- ited from their ancestors that lived in
Liophis sp. M mente herdados de seus ancestrais que underground tunnels.
Oxyrhopus occipitalis M/F M/F M X
viviam em túneis subterrâneos. Snakes do not have external ears,
Oxyrhopus vanidicus M/F M/F M X
Philodryas argentea M M/F/R X As cobras não possuem ouvidos ex- as in the majority of lizards (this is an
Philodryas viridissima M M/F M/F/R X ternos, como a maioria dos lagartos easy way to differentiate lizards that
Pseudoboa coronata M/F/R X X (essa é uma ótima maneira para dife- resemble snakes from true snakes).
Pseudoboa martinsi M/F/R X X renciar lagartos que parecem cobras However, snakes sense low frequency
Pseudoboa neuwiedii M/F/R X X
das cobras verdadeiras). No entan- sounds, and are capable of perceiving
Siphlophis cervinus
Siphlophis compressus M M/F/R X to, as cobras percebem sons de baixa movements that are often undetected
Taeniophallus brevirostris M/F M X frequência, e são capazes de perceber by us. The sounds conducted by the
Taeniophallus nicagus M/F/R M X movimentos que passam muitas vezes substrate are transmitted to the quad-
Umbrivaga pygmaea M/F M/F X despercebidos por nós. Os sons con- rate bone (which connects the jaws),
Xenodon rabdocephalus M/R M/F X duzidos pelo substrato são transmiti- which in turn transmits to other bones
Xenopholis scalaris M/F/R M X X dos ao osso quadrado (que conecta a located in an internal structure that
Elapidae
maxila à mandíbula), que por sua vez functions like the middle ear of other
Micrurus averyi M/F/R M X X
Micrurus hemprichii M/F/R M X X
transmite a outros ossos localizados vertebrates.
Micrurus lemniscatus M/F M/F M/F M/F X X em uma estrutura homóloga ao ouvido Snakes have a chemical-perception
Micrurus spixii M/F M/F M/F médio de outros vertebrados. system formed by the joint action of
Micrurus surinamensis M M/F M/F X
Cobras possuem um sistema de per- the forked tongue (Figure 17) and Ja-
Viperidae
cepção química formado pela ação con- cobson’s organ, a structure located at
Bothrops atrox M/F/R M/R X
Lachesis muta M/F/R X junta entre a língua bífida (Figura 17) e the base of the brain, with internal
50 51
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
o órgão de Jacobson, que corresponde a openings to the top of the mouth. The noite, na região de Manaus representa- Some pythons, which do not oc-
uma estrutura localizada na base do cé- tongue captures micro-particles (aro- das pelas Jararacas e Surucucus (gêne- cur naturally in Brazil, and boas, such
rebro, com aberturas internas na região mas) present in the air and brings them ros Bothrops e Lachesis). as species of the genera Corallus (tree
superior da boca. A língua capta micro- to the Jacobson’s organ, which has the Alguns pitonídeos (Pítons, não ocor- boas), have thermal receptors located
partículas presentes no ar e as conduz function of interpreting the scents for rem naturalmente no Brasil) e boídeos, along the mouth, in pits between the
ao órgão de Jacobson, que tem a fun- various purposes, such as location of como as espécies do gênero Corallus labial scales (Figure 18B). These pits are
ção de interpretar as diferentes sensa- sexual partners, prey and predators. For (Periquitamboia, Cobra-papagaio), pos- used to perceive differences in temper-
ções de odor, como direção de parceiros this reason, snakes are always flicking suem receptores térmicos localizados ature between the prey and the back-
sexuais, presas e predadores. Por esta the tongue, to chemically perceive the ao longo da boca, entre as escamas la- ground, but the system is believed to
razão as cobras estão sempre dardejan- environment. However, this is not a biais (Figura 18B). Essas fossetas são be less effective than that of the vipers.
do a língua, para perceberem quimica- system exclusive to snakes, and oth- utilizadas para perceber diferenças de All of the snakes with loreal pits lo-
mente o ambiente. Mas esse não é um er lizards that are closely related to temperatura entre os corpos das presas cated between the eyes and the nos-
sistema exclusivo das cobras, outros la- snakes also have the same mechanism e o ambiente, mas possivelmente é um trils are venomous, but the true cor-
gartos, que são parentes próximos das for chemical perception. sistema menos eficiente em compara- al snakes and some species with rear
cobras, possuem o mesmo sistema de Because of their enlongated form, ção ao dos viperídeos. fangs (see the topic “Snake bites”) are
percepção química. snakes have a large surface area, and Todas as cobras que possuem fosse- venomous and do not have pits. Snakes
Graças a grande área de superfície do the many mechanical receptors dis- tas loreais localizadas entre os olhos that have labial pits are not venomous.
corpo, atribuída ao seu formato alonga- persed through the skin make them
do, bem como aos diversos receptores also sensitive to touch.
espalhados pela pele, as cobras tam- The Neotropical Pit Vipers (family
bém são muito sensíveis ao toque. Viperidae, subfamily Crotalinae), rep-
As víboras neotropicais (família Vi- resented by Lanceheads, Bushmasters
peridae, subfamília Crotalinae), repre- and Rattlesnakes (the later does not
sentadas pelas Jararacas, Surucucus e occur in the Manaus region), have a
Cascavéis (a última não ocorre na re- system of thermal perception in lo-
gião de Manaus), possuem um sistema real pits located between the nostrils
de percepção térmica constituído pe- and the eyes (Figure 18A). The sen-
las fossetas loreais, localizadas entre sors in these pits are sensitive to the
as narinas e os olhos (Figura 18A). Es- difference in infrared radiation when
sas fossetas são estruturas muito sen- the prey´s body temperature is higher || Figura 18 - Algumas cobras possuem órgãos capazes de perceber a presença
síveis à radiação infravermelha emi- than the temperature of the surround- de outros animais por meio do calor emitido pelo corpo. Os crotalíneos, como a
tida pela temperatura do corpo das ings. This system is a powerful tool for Jararaca-verde Bothriopsis bilineata (A), possuem fossetas loreais, enquanto alguns
presas, quando é mais alta do que a snakes which hunt mammals and birds boídeos, como a Periquitamboia Corallus batesii (B), possuem fossetas labiais. Foto:
Sérgio A. A. Morato (18A).
temperatura do ambiente. Esse siste- at the night, such as the Lanceheads
Figure 18 - Some snakes have organs capable of sensing the presence of other
ma é uma poderosa ferramenta utili- and Bushmasters (species of the gen-
animals by means of the heat emitted from the body. Crotalins, such as the Green Pit
zada por víboras que caçam durante a era Bothrops and Lachesis).
Viper Bothriopsis bilineata (A), have loreal pits, while some boids, such as the Emerald
Tree Boa Corallus batesii (B), have labial pits. Photo: Sérgio A. A. Morato (18A).
52 53
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
e as narinas são peçonhentas, mas as The sea snake Aipysurus laevis has ta. Aparentemente, nenhum mamífero attacks, such as exposed bones in the
Corais verdadeiras e algumas espécies light receptors in the tail to locate the na região de Manaus é especialista em tail (Figure 19). Aquatic, fossorial and
com dentição opistóglifa (veja o tó- surface of the sea, an important adap- caçar cobras ou utilizá-las como única arboreal snakes are better protected
pico “Mordidas de cobras”) são peço- tation because it is not always easy to fonte de alimento. De modo geral, os from ant attacks than terrestrial spe-
nhentas e não possuem fossetas. As determine which way is up when you mamíferos predadores de Manaus são cies. Possibly for this reason, many
cobras que possuem fossetas labiais are underwater, as many scuba divers generalistas, consomem vários tipos de terrestrial snakes sleep on vegetation
não são peçonhentas. have learned to their peril. presas, dentre elas as cobras. rather than the ground.
Para localizar a superfície da água As formigas constituem o grupo de At least ten species of snakes which
nos oceanos, a cobra marinha Aipysu- What kills snakes? maior biomassa animal na Amazônia. occur in the Manaus area eat other
rus laevis possui receptores de luz na Large snakes, such as the Green Em Manaus, cobras foram encontra- snakes (ophiophagy). Some are op-
cauda, uma adaptação importante para Anaconda (Eunectes murinus), the das com severas sequelas decorrentes portunists that occasionally eat other
a sobrevivência da espécie no ambien- species that attains the largest body do ataque por formigas, como ossos da snakes which cross their path, such as
te marinho, porque nem sempre é fácil mass of any snake in the world, are cauda expostos (Figura 19). As cobras the False Coral Snake Anilius scytale.
determinar o caminho para cima quan- sometimes preyed on by Black caiman aquáticas, fossoriais e arborícolas estão Others are adapted to capture, ingest
do se está dentro da água. Muitos mer- (Melanosuchus niger) and more fre- mais protegidas dos ataques por formi- and digest long bodied animals, such
gulhadores se arriscam aprendendo. quently by man. However, most snake gas em comparação a cobras terrestres. as true coral snakes of the genera Mi-
species are preyed upon by many ver- Possivelmente por essa razão, muitas crurus, the false coral Erythrolamprus
O que mata as cobras? tebrates. Birds, such as owls, hawks cobras terrestres podem procurar abrigo aesculapii and the Mussuranas (genera
and herons, are known for locating sobre a vegetação para dormir. Clelia and Pseudoboa). In rural com-
Espécies de grande porte como a munities, ophiophagus snakes may re-
Sucuri (Eunectes murinus), a maior co- snakes by sight. Mammalian preda- Pelo menos dez espécies de cobras
tors of snakes in the Manaus region in- que ocorrem na região de Manaus se duce the risk of snake bites, because
bra do mundo em massa corpórea, são they eat venomous snakes.
eventualmente predadas por Jacarés- clude cats (Ocelots, Margay cats), Co- alimentam de outras cobras (ofiofa-
-açus (Melanosuchus niger) e mais atimundis and wild dogs (Speothos).
frequentemente pelo homem. Mas, a Opossums are immune to the venom of
grande maioria das espécies de cobras snakes, and snakes constitute an im-
é predada por diversos grupos de ver- portant component of their diet. Ap-
tebrados. Entre os predadores naturais, parently, no mammal in the Manaus re-
as aves se destacam por localizarem gion is a specialist in hunting snakes
as cobras pela visão, como as corujas, or uses them as the sole source of
gaviões e garças. Entre os mamíferos food. In general, the mammalian pred-
predadores de cobras na região de Ma- ators of Manaus are generalists, con-
naus estão os felinos (Jaguatirica, Ga- suming various types of prey, includ-
to-maracajá), Quatis (Nasua nasua) e ing snakes.
cachorros selvagens (Speothos). Mucu- Ants constitute the largest ani- || Figura 19 - As formigas podem causar ferimentos graves em outros animais, como essa
ras (Gambás) são imunes ao veneno de mal biomass in the Amazon. Snakes Cobra-cipó Chironius multiventris, cujos ossos da cauda foram expostos após um ataque.
cobras, e por isso as cobras constituem in Manaus have been found with se- Figure 19 - Ants can cause serious injuries in other animals, such as this South
um componente importante de sua die- vere consequences resulting from ant American Sipo Chironius multiventris, whose tail bones were exposed after an attack.
54 55
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
gia). Algumas são oportunistas que How do snakes defend nifica que podem se camuflar muito
eventualmente comem outras cobras themselves? bem no ambiente que ocupam. Se você
que cruzam o seu caminho, como a Fal- já caminhou por uma trilha dentro de
sa-coral Anilius scytale. Outras são ana- Defense strategies make the differ- uma área de floresta, provavelmen-
tomicamente adaptadas para capturar, ence between life and death, because te passou por uma cobra e não a viu.
ingerir e digerir animais de corpo alon- the forest is full of predators waiting Espécies que utilizam principalmente
gado, como as Cobras-corais verdadei- to devour their prey. Predators do not o solo, como a Jararaca-nariguda Bo-
ras do gênero Micrurus, a Falsa-coral do this because they are cruel, but be- throcophias hyoprora, possuem cores e
Erythrolamprus aesculapii e as Mussu- cause they need to feed to survive. The desenhos no corpo que as tornam fa-
ranas (gêneros Clelia e Pseudoboa). Em greater the ability to defend itself, the cilmente confundíveis com folhas em
comunidades de zonas rurais as cobras greater the chance of a potential prey decomposição no chão da floresta (Fi-
ofiófagas podem reduzir o risco de aci- surviving a predator attack. gura 20).
dentes ofídicos, porque algumas espé- During their long evolutionary his- Algumas espécies arborícolas, como
cies podem caçar cobras peçonhentas. tory, snakes have evolved many strat- a Cobra-cipó Oxybelis aeneus, são mui- || Figura 20 - A Jararaca-nariguda
egies to avoid predator attacks. Many to semelhantes a galhos (Figura 21), é Bothrocophias hyoprora se camufla muito
Como as cobras se species use behavior or chemical de- preciso olhar com muito cuidado para bem sobre as folhas em decomposição
fenses to try to convince a predator to no solo da floresta.
defendem? encontrá-las. Essa condição as prote-
give up the attack. ge contra o ataque de predadores que Figure 20 - The Toadhead Pitviper
Estratégias de defesa podem de- Bothrocophias hyoprora is well
Most snakes have cryptic coloration se orientam visualmente, como aves, e
finir o limite entre a vida e a morte, camouflaged on the leaf litter on the
that makes them hard to detect in também facilita a caça, uma vez que
considerando que a floresta está re- forest floor.
their usual haunts. If you have walked as presas terão mais dificuldade para
pleta de predadores à espreita, pron-
through forest or field you surely have perceber a presença da cobra.
tos para devorar suas presas. Não por
passed by many snakes that you did
serem perversos, mas apenas por que
not see. Snakes that live on the forest || Figura 21 - A
precisam se alimentar. Quanto maior a
floor, such as this Toad-headed Pit Vi- camuflagem é uma
capacidade de um animal se defender,
per, Bothrocophias hyoprora, have col- estratégia de defesa
mais alta será a chance de sobrevivên- muito eficiente para as
ors and patterns that blend in with the
cia a um ataque de predador. cobras, como a Cobra-
fallen leaves (Figure 20).
Ao longo de sua história evolutiva, cipó Oxybelis aeneus que
Some arboreal species, such as the é facilmente confundida
as cobras desenvolveram muitas estraté-
Brown Vine Snake Oxybelis aeneus (Fig- com galhos de árvores.
gias para evitar o ataque de predadores.
ure 21), are very similar to branches, Figure 21 - Camouflage
Muitas espécies podem utilizar diferen-
and you need to look very carefully to is a very efficient defense
tes estratégias comportamentais ou quí-
find them. Camouflage protects them strategy for snakes, such
micas, com o propósito de tentar con-
against attack by visually oriented as the Brown Vine Snake,
vencer o predador a desistir do ataque.
predators, such as birds, and also fa- which is easily confused
Muitas espécies de cobras possuem cilitates hunting, since prey also find with the branches on
coloração bastante críptica, o que sig- it more difficult to detect the snake. which it rests.
56 57
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
livro apresentaremos algumas diferen- it is a true or false || Figura 23 - Algumas espécies de cobras utilizam a intimidação
ças específicas para Cobras-corais da Coral-snake can be como uma estratégia de defesa, como esta Cobra-cipó Oxybelis
região de Manaus, que podem auxiliar a dangerous task. aeneus.
na identificação e diferenciação de es- In many cases, Figure 23 - Some snake species use intimidation as defensive
pécies de Corais verdadeiras e falsas. distinguishing be- strategy, such this Brown Vine Snake Oxybelis aeneus.
Mas, caso você encontre uma Cobra- tween venomous Autotomia é um if they are cornered or threatened. They
-coral e tenha alguma dúvida se é ver- and non-venom- comportamento inflate the body and enlarge the head to
dadeira ou falsa, a melhor coisa a fazer ous species is not defensivo no qual appear larger, aggressively vibrate the
é não mexer com ela. easy. In this book, um animal perde tail, some, such as the Boa constrictor,
we outline dif- parte ou partes do emit aggressive sounds and they strike
Todas as espécies de cobras possuem
ferences between próprio corpo, ge- and bite to intimidate the predator. Some
um par de glândulas na base da cau-
true and false Cor- ralmente a cauda. species feign death, such as the False Fer-
da, que liberam substâncias químicas
al-snakes in the Isso é bastante de-lance Xenodon rabdocephalus.
na presença de um predador. Em mui-
region of Manaus, comum em lagar-
tas espécies, como Dipsas aff. catesbyi, Autotomy is a defensive behav-
which can distin- tos, mas raro em
Leptodeira annulata e Siphlophis com- ior in which the animal loses part or
guish species that cobras. No entan-
pressus, essas substâncias são fétidas parts of its own body, usually the tail.
are harmless and to, foi observado
de modo similar ao cheiro de animais This is common in lizards, but rare in
dangerous to hu- em indivíduos das
mortos em estado avançado de putre- snakes. However, the Racers Dendro-
mans. However, if you find any snake Cobras-cipó Dendrophidion dendrophis e
fação. Alguns predadores generalistas phidion dendrophis and Drymoluber di-
and have doubts as to whether it is ven- Drymoluber dichrous. A parte amputa-
devem evitar comer carniça, devido à chrous often break off the tail if it is
omous, the best thing is leave it alone. da da cauda se movimenta por espas-
probabilidade de ingerirem bactérias gripped by a predator. The amputat-
causadoras de doenças, mas não exis- All species of snakes have a pair of mos musculares durante alguns minu-
tos após a ruptura. Esse comportamento ed part of the tail moves with muscle
tem estudos que mostram que predado- glands at the base of the tail that re- spasms for some time after the break-
provavelmente atrai a atenção do preda-
res sejam detidos por essas secreções. lease unpleasant chemicals to deter age. This behavior probably distracts
dor enquanto a cobra tem oportunidade
De qualquer forma, algumas espécies predators. In many species, such as the predator’s attention and gives the
de fugir. De forma diferente de muitos
exibem um comportamento defensivo Dipsas aff. catesbyi, Leptodeira annu- snake the opportunity to escape. Un-
grupos de lagartos, as cobras não rege-
em que se fingem de mortas, como a lata and Siphlophis compressus, these like many other lizards, snakes do not
neram a cauda amputada.
Falsa-jararaca Xenodon rabdocephalus. secretions smell like a decomposing regenerate broken tails.
body in advanced state of putrefac- Na tabela 3 apresentamos os princi-
Outras espécies utilizam a intimida- In Table 3 we present the main de-
tion. Some generalist predators may pais comportamentos defensivos exibi-
ção como estratégia defensiva (Figura fensive behaviors exhibited by snakes
avoid eating carrion, because of the dos pelas cobras na região de Manaus.
23), especialmente se forem acuadas ou in the Manaus region. Some behav-
likelihood of bacteria that can cause Alguns comportamentos são bastante
ameaçadas. Inflar o corpo e ampliar a iors are quite common among species,
diseases, but there are no studies frequentes entre as espécies, como a li-
cabeça para parecerem maiores, vibrar such as the release of a fetid secre-
showing what predators are deterred beração de uma secreção fétida pela clo-
agressivamente a cauda, emitir sons tion by the cloaca, but some species
by these secretions. aca, mas algumas espécies exibem com-
agressivos (como a Jiboia, Boa constric- portamentos bastante especializados, show very specialized behaviors, such
tor), desferir botes e morder são com- Other species use intimidation as a como a Falsa-jararaca Xenodon rabdoce- as the False Fer-de-Lance Xenodon rab-
portamentos para intimidar o predador. defense strategy (Figure 23), especially phalus, capaz de simular a própria morte. docephalus, capable of feigning death.
60 61
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Chironius multiventris X X X X X X X X
Tabela 3. Comportamentos defensivos exibidos pelas cobras na região de Chironius scurrulus X X X X X X X X
Manaus. [? = incerteza] Dendrophidion X X X X X X
dendrophis
Table 3. Defensive behaviors exhibited by snakes in the Manaus region. [? = un- Drymoluber dichrous X X X X X X X
certainty] Mastigodryas X X X X X X X
boddaerti
Comportamento defensivo / Defensive behavior Oxybelis aeneus X X X
Oxybelis fulgidus X X X X X X
Rhinobothryum
Apostolepis sp. X X X X
Envenenamento Poisoning
Achatamento Flattening
Constrição Constriction
Atractus latifrons X
Vômito Regurgitation
Tanatose Thanatosis
Atractus major X X
Atractus schach X X
Mordida Bite
Bote Strike
Atractus snethlageae X X
Atractus torquatus X X X X
Clelia clelia X X X
Leptotyphlopidae
Dipsas aff. catesbyi X X X X X
Epictia tenella X X
Drepanoides anomalus X X
Typhlopidae
Erythrolamprus
Typhlops reticulatus X X X X
aesculapii
Anomalepididae Helicops angulatus X X X X X
Typhlophis Helicops hagmanni X X X
X
squamosus Hydrodynastes gigas X X X X X
Aniiliidae Hydrops martii X
Anilius scytale X X X X X X Hydrops triangularis X
Boidae Imantodes cenchoa X X X
Boa constrictor X X X X X Leptodeira annulata X X X X X
Corallus caninus X X X X X Leptophis ahaetulla X X X X
Corallus hortulanus X X X X X Liophis breviceps X X
Epicrates cenchria X X X X X Liophis reginae X X X
Eunectes murinus X X X X X X X Liophis typhlus X X X
Colubridae (Colubrinae) Liophis sp. ? ?
Chironius fuscus X X X X X X X X Oxyrhopus occipitalis X X X
62 63
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Oxyrhopus vanidicus X X
Philodryas argentea X X X X
Philodryas viridissima X X X X X X
Pseudoboa coronata X X X
Pseudoboa martinsi X X X
Pseudoboa neuwiedii X X X
Siphlophis cervinus X X
Siphlophis compressus X X X
Taeniophallus X X X
brevirostris
Taeniophallus nicagus X X X
Umbrivaga pygmaea
Xenodon X X X
rabdocephalus
Xenopholis scalaris X X X
Elapidae
Micrurus averyi X X X X
Micrurus hemprichii X X X X
Micrurus lemniscatus X X X X || Figura 24 - No Brasil a maioria das espécies de cobras tem reprodução ovípara, as
Micrurus spixii X X X X fêmeas depositam ovos com casca de proteção. Isso provavelmente ocorre devido ao
Micrurus surinamensis X X X X clima quente. Esse ovos foram depositados por uma Cobra-cipó Liophis typhlus.
Viperidae Figure 24 - In Brazil most snakes are oviparous, and females lay eggs with protective
Bothrops atrox X X X X X X shells. This is probably due to the hot climate. These eggs were deposited by a
Lachesis muta X X X Swampsnake Liophis typhlus.
64 65
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
mipênis. Eles permanecem na base da of the males is longer than that of the A cloaca das fêmeas é uma cavidade young. Semen can be used immedi-
cauda, invertidos quando não estão females. The hemipenes are engorged comum para eliminar os produtos do ately to fertilize the eggs or can be
em uso. Por isso, em muitas espécies a by muscle action and increased blood seu metabolismo (ácido úrico), rece- stored in the female’s body for sever-
cauda dos machos é maior do que a das pressure at the time of copulation. Af- ber esperma e depositar ovos ou parir al years. After copulation, a retractor
fêmeas. Eles são evertidos no momen- ter the erection, the hemipenis is in- filhotes. Após a introdução do hemipê- muscle and the reduction of the blood
to da cópula, pela ação de músculos e serted into the cloaca (common excre- nis e adesão nas paredes da cloaca das pressure retracts and inverts the hemi-
elevação da pressão sanguínea. Após tory and reproductive cavity) of the fêmeas, o sêmen escorre por canais ex- penis into the base of the male’s tail.
a eversão, o hemipênis é introduzido female, where it adheres to the inter- ternos, onde pode fecundar imediata-
na cloaca (cavidade comum para ex- nal walls with spines, spikes, and pap- In some species, females can re-
mente os óvulos ou ser armazenado no ceive semen from several males, and
creção e reprodução) da fêmea, onde illary folds (Figure 25). The size, shape corpo da fêmea por até vários anos.
adere às paredes internas graças a es- and arrangement of these structures are the spermatozoa compete to fertilize
Após a cópula, um músculo retrator e a the eggs. In this case, the offspring
pinhos, espículas, pregas e papilas (Fi- important characteristics to distinguish redução da pressão sanguínea retraem
gura 25). O formato e disposição des- species, and help researchers to under- of a single clutch can have different
e invertem o hemipênis para dentro da fathers. This is an interesting strate-
sas estruturas, assim como o tamanho stand the evolutionary relationships base da cauda do macho.
do órgão inteiro, são características between different species of snakes. gy for increasing the female’s repro-
importantes para diferenciar espécies, Em algumas espécies, as fêmeas po- ductive success, because it increases
The females’ cloacal cavity is used dem ser fecundadas por vários machos, the genetic variability and the chance
e auxiliam pesquisadores a entender for eliminating metabolic products
as relações evolutivas entre diferentes e os espermatozoides competem pela that at least some of the offspring
(uric acid), to receive sperm, and as fecundação dos óvulos. Nesse caso, will grow, reproduce and spread the
espécies de cobras. an outlet to deposit eggs or live-born os filhotes de uma única desova pode- female’s genes. However, this is not
rão ter pais diferentes. Essa é uma es- good for the male’s reproductive suc-
tratégia interessante para aumentar o cess. In some species, after copula-
sucesso reprodutivo da fêmea, porque tion, the males release a gelatinous
aumenta a variabilidade genética e a substance, which adheres to the cav-
chance de que pelo menos alguns dos ity of the cloaca and keeps it closed or
filhotes cresçam, reproduzam e espa- induces twisting of the end portion of
lhem seus genes. No entanto, esta es- the oviducts of the females. This pre-
tratégia não é interessante do ponto de vents the eggs of this female being
vista do macho. Em algumas espécies, fertilized by other males before all the
após a cópula, os machos liberam uma ova have been fertilized.
|| Figura 25 - Assim como em outros lagartos, os machos das cobras possuem substância gelatinosa que fica aderida Vertebrates have evolved many dif-
hemipênis, estruturas responsáveis pela cópula e condução de esperma. Os hemipênis à cavidade da cloaca e a mantém fe- ferent courtship behaviors. In frogs,
de diferentes espécies apresentam diferentes formas, ornamentações e cores, como o chada, ou podem induzir torção na por- males call to attract females (see Guide
da Caninana Drymarchon corais (A), o da Cobra-coral Micrurus surinamensis (B), e o ção final do oviduto das fêmeas. Dessa to the Frogs of Reserva Ducke <http://
da Cobra-cipó Philodryas argentea (C). forma, o macho evita que as fêmeas se- ppbio.inpa.gov.br>). Many lizards in-
Figure 25 - As in other lizards, male snakes have paired hemipenes for copulation jam fecundadas por outros machos. flate the dewlap or become more col-
and sperm transfer. The hemipenes of different species have different shapes,
adornments and colors, such as these of the Yellow-Tailed Cribo Drymarchon corais
Os vertebrados evoluíram compor- orful in the reproductive season (see
(A), Coral-Snake Micrurus surinamensis (B), and a Vine Snake Philodryas argentea (C). tamentos reprodutivos bastante varia- the Guide to the Lizards of Reserva
66 67
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
dos. Em sapos, os machos cantam para Ducke <http://ppbio.inpa.gov.br>). In pare seus filhotes (vivíparas) e depois the world, measuring up to 5 meters in
atrair as fêmeas (veja o Guia de Sa- snakes, the females release chemical os abandonam à própria sorte. Os fi- length. In the reproductive period, the
pos da Reserva Ducke <http://ppbio. substances (pheromones) which attract lhotes nascem aptos a se defenderem female pushes up piles of leaves with
inpa.gov.br>). Muitos lagartos inflam the males. Occasionally, two males are sozinhos, embora possam ser mais vul- the body and the tail to construct a
o papo ou se tornam mais coloridos attracted to the same female, and a neráveis ao ataque de predadores. nest, where she lays between 20 and
na estação reprodutiva (veja o Guia fight may occur. The combat is gener- 40 eggs. She remains beside the nest
A Naja-real asiática Ophiophagus
de Lagartos da Reserva Ducke <http:// ally not violent and looks like a dance for the entire incubation period. By
hannah é a maior cobra peçonhenta do
ppbio.inpa.gov.br>). Nas cobras, as in which the males intertwine and try coiling around the eggs, the female
mundo, chega a medir 5 m de compri-
fêmeas liberam substâncias químicas to maintain their heads higher than is able to maintain the temperature
mento. No período reprodutivo, a fê-
(feromônios) que atraem os machos. the opponent´s. This behavior lasts of the eggs always close to 28° C. If
mea amontoa folhas com o corpo e a
Ocasionalmente, dois machos são atra- until one of them tires and quits the a predator approaches, she raises her
cauda para construir um ninho, onde
ídos pela mesma fêmea, e uma luta fight. This is commonly seen in Vine body and flattens her neck in a threat
deposita entre 20 e 40 ovos, aos quais
entre eles pode ocorrer. O combate Snakes of the genus Chironius and Rat- display (Figure 16). A similar strategy
geralmente não é violento, é mais se- permanece cuidando por todo o perío-
tlesnakes in the genus Crotalus. to warm the eggs is used by Australian
melhante a uma dança, em que os ma- do de incubação. Enrolando o corpo em
Diamond Pythons (Pithonidae), which
chos se entrelaçam e tentam manter In many animals, especially endo- torno dos ovos, ela consegue manter a
evolved the capacity to increase the
a cabeça mais elevada em relação ao therms that regulate body temperature temperatura sempre próxima a 28° C.
temperature of the eggs by means of
oponente. Esse comportamento perdu- using energy obtained from food, such Se um predador se aproximar, a fêmea
muscular contractions of the body.
ra até que um deles seja subjugado e as birds and mammals, the parents se coloca em postura de defesa, er-
desista da luta. É bastante comum em spend much time caring for their off- guendo o corpo e achatando o pescoço
Cobras-cipó do gênero Chironius e Cas- spring. This is an advantageous strate- (Figura 16). Uma estratégia semelhan-
cavéis do gênero Crotalus. gy when the environment doesn’t pro- te é utilizada por Pítons australianos
vide conditions for the development (Pithonidae), que evoluíram a capaci-
Em muitos animais, especialmente
of the eggs outside the female’s body, dade de evitar a perda de calor pelos
endotérmicos, que regulam a tempera-
or when the quantity of energy need- ovos usando contrações musculares.
tura do corpo utilizando a energia ob-
ed for the offspring to reach indepen-
tida dos alimentos, como aves e mamí-
dence is greater than the energy that || Figura 26 - Naja-real asiática
feros, os pais gastam tempo e energia
can be stored in the egg. Parental care Ophiophagus hannah em postura de
cuidando de sua prole. Esta é uma es-
after hatching is common in Caimans, defesa. As fêmeas dessa espécie cuidam
tratégia vantajosa quando o ambien-
but most snakes deposit their eggs dos ovos durante toda a incubação,
te não fornece condições para o de-
(oviparous species), or offspring (vi- e podem ser bastante agressivas para
senvolvimento dos ovos fora do corpo
viparous species) and give no further desencorajar predadores. Foto: Ruchira
da fêmea, ou quando a quantidade de
care. The offspring are born capable of Somaweera.
energia necessária para que o filhote
fending for themselves, although they Figure 26 - Asiatic King Cobra
alcance a independência é maior do
may be more susceptible to predators Ophiophagus hannah in a defense
que a energia que pode ser armazena- posture. The females of this species
da no ovo. Cuidado parental é comum than are the adults.
care for the eggs during the entire
em jacarés, mas a maioria das cobras The Asian King Cobra Ophiophagus incubation, and aggressively discourage
deposita os seus ovos (ovíparas) ou hannah is largest venomous snake in predators. Photo: Ruchira Somaweera.
68 69
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Na região de Manaus, aparentemen- In the Manaus region, the only spe- Colubridae (Colubrinae)
te a única espécie de cobra que apre- cies of snake that is known to show Chironius fuscus X 8
senta cuidado parental é a Surucucu-pi- parental care is the Bushmaster, La- Chironius multiventris X 7
Chironius scurrulus X 11
co-de-jaca, Lachesis muta. As fêmeas chesis muta. The females deposit the
Dendrophidion dendrophis X 6
depositam os ovos em buracos no solo, eggs in holes in the ground and coil
Drymoluber dichrous X 6
e os mantêm protegidos até a eclosão, around them until hatching. Mastigodryas boddaerti X 6
envolvendo-os com o próprio corpo. In Table 4 we present the reproduc- Oxybelis aeneus X 6
Oxybelis fulgidus X 10
Na Tabela 4 apresentamos os modos tive modes and maximum known num-
Pseustes poecilonotus X 11
reprodutivos e números máximos de ovos bers of offspring generated by snakes Pseustes sulphureus X 11
ou filhotes gerados pelas cobras na re- in the Manaus region. Some small spe- Rhinobothryum lentiginosum X 3(?)
gião de Manaus. Algumas espécies de pe- cies produce small litters, such as the Spilotes pullatus X 12
queno porte geram ninhadas pequenas, Blind-snake Epictia tenella, capable of Tantilla melanocephala X 3
como a Cobra-cega Epictia tenella, capaz generating a maximum of three eggs at Colubridae (Dipsadinae)
Apostolepis sp. X ?
de gerar no máximo três ovos. Espécies a time. Large species can produce large
Atractus latifrons X 3
de grande porte podem gerar ninhadas clutches, such as the Green Anaconda Atractus major X 12
grandes, como a Sucuri Eunectes muri- Eunectes murinus, capable of generat- Atractus schach X 5
nus, capaz de produzir até 80 filhotes. ing up to 80 neonates at a time. Atractus snethlageae X 9
Atractus torquatus X 8
Clelia clelia X 20
Tabela 4. Modos reprodutivos e numero máximo de filhotes gerados em
Dipsas aff. catesbyi X ?
cada ninhada pelas cobras na região de Manaus. [? = incerteza] Drepanoides anomalus X 3
Table 4. Reproductive modes and maximum number of offspring produced at a Erythrolamprus aesculapii X 2
time by snakes in the Manaus region. [? = uncertainty] Helicops angulatus X 20
Helicops hagmanni X 20
Modo de reprodução / Reproductive mode Hydrodynastes gigas X 30
Família / Espécie Ovípara Vivípara Número máximo de filhotes ou ovos Hydrops martii X ?
Family / Species Oviparous Viviparous Maximum number of neonates or eggs Hydrops triangularis X ?
Leptotyphlopidae Imantodes cenchoa X 5
Epictia tenella X 3 Leptodeira annulata X 7
Typhlopidae Leptophis ahaetulla X 6
Typhlops reticulatus X 10 Liophis breviceps X ?
Anomalepididae Liophis reginae X 5
Typhlophis squamosus X 4 Liophis typhlus X 5
Liophis sp. X ?
Aniiliidae
Oxyrhopus occipitalis X 17
Anilius scytale X 12
Oxyrhopus vanidicus X 12
Boidae
Philodryas argentea X 8
Boa constrictor X 60
Philodryas viridissima X 13
Corallus caninus X 10
Pseudoboa coronata X 5
Corallus hortulanus X 10
Pseudoboa martinsi X ?
Epicrates cenchria X 25
Pseudoboa neuwiedii X 9
Eunectes murinus X 80
70 71
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Siphlophis cervinus X 12 cies perigosas de inofensivas. Muitos mals instinctively fear snakes, but in
Siphlophis compressus X 9 animais instintivamente temem cobras, humans much of the fear results from
Taeniophallus brevirostris X ? mas em humanos, o medo possivelmen- cultural or religious reasons.
Taeniophallus nicagus X ?
te tem origem cultural ou religiosa. In Brazil, presently, the main reli-
Umbrivaga pygmaea X ?
Xenodon rabdocephalus X 8 No Brasil, atualmente a principal gion is Christianity, where a negative
Xenopholis scalaris X 3 religião é o cristianismo, onde uma imagine of a snake is portrayed in the
Elapidae imagem negativa de uma cobra está Garden of Eden, as responsible for the
Micrurus averyi X ?
retratada nos jardins do Éden, como temptation which led Eve to disobey
Micrurus hemprichii X 2
Micrurus lemniscatus X 5 responsável pela tentação que levou the Christian god’s command. The
Micrurus spixii X 12 Eva a desobedecer a uma ordem de snake is associated with negative ac-
Micrurus surinamensis X 12 Deus. A cobra é associada a ações ne- tions which can lead humanity to their
Viperidae gativas que podem levar a humanidade own ruin, such as greediness, treach-
Bothrops atrox X 43 à sua própria ruína, como enganação, ery and guilt for original sin.
Lachesis muta X 13
traição e a culpa pelo pecado original. In the Brazilian Amazon, many tra-
Humanos são fascinados Humans are fascinated by Na Amazônia brasileira, muitos ca- ditional cultures maintain legends,
boclos ribeirinhos sustentam lendas, such as that of the giant snake, more
por cobras snakes
como a da cobra grande, com mais de than 30 meters (100 feet) in length,
Desde os primórdios da história, em Since the beginning of history, in
30 metros de comprimento, que engo- which swallows canoes and people.
muitos povos ao redor do mundo, as many places around the world, snakes
le canoas e pessoas. No entanto, ín- However, Amazonian Indians that
cobras têm causado sentimentos con- have caused mixed emotions in hu-
dios amazônicos que mantêm seus maintain their traditional customs do
traditórios em humanos, como medo e mans, such as fear and repulsion, re-
costumes tradicionais, podem não ver not see snakes as malign creatures,
repulsa, respeito e adoração. O medo e spect and adoration. The fear and re-
cobras como criaturas malignas, mas but as symbols of strength and cour-
a repulsa podem ter diversas origens. pulsion can have different origins. The
sim como símbolos de força e coragem age (Figure 27), reproduced in art-
O veneno produzido por algumas espé- venom produced by some species is
(Figura 27), reproduzidos em artesana- work and body paintings. In the re-
cies possivelmente é a principal causa possibly a principal cause of snakes
das cobras serem consideradas criatu- being considered wicked creatures.
ras perversas. Mas, no Brasil, menos de However, in Brazil, less than 14% of
14% das espécies têm potencial para the species are sufficiently venomous
causar envenenamento grave em hu- to be a threat to humans. This percent-
|| Figura 27 - Para muitos povos nativos na
manos. E essa porcentagem pode ser age would be even lower if we con- Amazônia, as cobras não são consideradas
ainda mais baixa, se considerarmos sider that true Coral-snakes, although malignas, mas símbolos de força e
que Cobras-corais verdadeiras, embo- venomous, rarely bite. The fear of the coragem. Índio Borari manuseando uma
ra peçonhentas, raramente mordem. venom possibly has origins in the fact Periquitamboia Corallus batesii.
O medo do veneno possivelmente tem that the majority of the people have Figure 27 - For many indigenous people
origem no fato de que a maioria das never had direct contact with a snake in the Amazon, snakes are not seen as
pessoas nunca teve contato direto com and never received proper guidance on evil creatures, but as symbols of strength
uma cobra e nunca recebeu orientação how to differentiate dangerous spe- and courage. Borari Indian handling a
correta sobre como diferenciar espé- cies from harmless species. Many ani- Emerald Tree Boa Corallus batesii.
72 73
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
tos e pinturas corporais. Nas crenças ligion of some indigenous Amazonian dos. Outras religiões, como Hinduís- The ancient Greeks developed the
de alguns grupos indígenas, uma gran- groups, a giant snake passed over the mo e Xamanismo, consideravam cobras first forms of the scientific medicine,
de cobra passeou por sobre a floresta, forest, opening trails where the waters como representantes da cura e regene- which still contained religious ele-
abrindo caminhos por onde correriam run, and from this pattern created the ração, onde a troca de pele simboliza- ments. The first scientific practices of
as águas, e dessa forma seriam criados rivers and streams. It is easy to un- va renovação não apenas física, mas medicine were performed at shrines
os rios e igarapés. É fácil entender a derstand the importance of the giant também espiritual. constructed for the worship of Ascle-
importância da cobra grande para es- snake for these people, if we consid- pius, the god of healing. According to
Os gregos antigos desenvolveram as
ses índios, se considerarmos que eles er that they depend on the rivers and Greek religion, Asclepius, son of Apol-
primeiras formas científicas de medi-
dependem dos rios e igarapés para sua streams for their survival. A similar be- lo and Coronis, was born from an egg,
cina, que ainda continham elementos
sobrevivência. Uma crença muito se- lief is found among native Australian in the form of a serpent. Asclepius is
religiosos. As primeiras práticas cien-
melhante é encontrada entre povos people, with the legend of the Rain- represented as an old man with a ser-
tíficas da medicina eram realizadas em
nativos da Austrália, como a lenda da bow Serpent. pent wrapped around his staff, called
santuários construídos para o culto de
Serpente Arco-íris. In some cultures and religions, Caduceus, subsequently consecrated
Esculápio, o Deus da cura. Segundo a
snakes are admired as gods or mysti- as the universal symbol of medicine.
Em algumas culturas e religiões, religião grega, Esculápio, filho de Apo-
cal creatures. The ancient alchemists in Influenced by Greek mythology, snakes
as cobras são admiradas e cultuadas lo e Coronis, nasceu de um ovo, na for-
their symbolism used a snake biting its are also present in the symbols of vari-
como deusas ou criaturas místicas. Os ma de uma serpente. Esculápio é re-
tail, the Ouroboro (Figure 28), to rep- ous areas of health, such as those of
antigos alquimistas em sua simbolo- presentado por um ancião com uma
resent eternity, whose definition can veterinary science, dentistry, psychol-
gia utilizavam uma cobra mordendo a serpente enrolada em seu cajado, cha-
be related to the creation of the uni- ogy, and pharmacy (Figure 29).
própria cauda, o Ouroboro (Figura 28), mado Caduceu, posteriormente, con-
para representar a eternidade, cuja de- verse. According to legend, the Ouro- sagrado como símbolo universal da Another human society that had
finição pode estar relacionada à cria- boro wraps itself around the world and medicina. Por influência da mitologia an intriguing relationship with snakes
ção do universo. Segundo as lendas, o so keeps the pieces together. Other re- grega, as cobras também estão presen- was that of the Egyptians. They were
Ouroboro se enrola em torno do mun- ligions, such as Hinduism and Shaman- tes nos símbolos de diversas áreas da polytheists (they worshipped many
do, e assim mantém seus pedaços uni- ism, consider snakes as representatives saúde, como a veterinária, odontolo- gods) and their divine entities were
of healing and regeneration, where the gia, psicologia e farmácia (Figura 29). mainly related to natural phenomena
shedding of the skin symbolizes physi- and animals, such as dogs, falcons,
Outra sociedade humana que teve
cal and spiritual renewal. beetles and snakes. This was probably
uma relação fascinante e intrigan-
a remnant behavior of our hominid an-
te com cobras foram os egípcios. Eles
cestors, who didn’t understand natural
eram politeístas (cultuavam vários
phenomena such as lightning, thun-
|| Figura 28 - Uma cobra mordendo a deuses) e suas entidades divinas ti-
der, sun and moon movements, and so
própria cauda é um símbolo alquimista, nham origem principalmente em fe-
they worshipped magical entities, su-
denominado Ouroboro, que representa nômenos naturais e animais, como
a eternidade ou a própria criação do perior or supernatural, and created the
cachorros, falcões, escaravelhos e co-
universo. first forms of religion.
bras. Provavelmente um resquício
Figure 28 - A snake biting its tail is an comportamental dos nossos ancestrais The mythological goddess Apophis
alchemist symbol, called the Ouroboro, (or Apopis) of the Egyptians, was a gi-
hominídeos, que não compreendiam
which represents eternity or the
fenômenos naturais como raios, tro- ant evil snake. According to ancient
creation of the world.
74 75
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
76 77
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
|| Figura 30 - Os humanos criam cobras As cobras opistóglifas, como a Co- envenomating their prey. A bite might
em cativeiro como animais de estimação, bra-papagaio (Oxybelis fulgidus), Fal- hurt, but without risk of envenomation.
ou até para apresentações perigosas. No sas-corais (gênero Oxyrhopus, Erythro-
Brasil, essa prática deve ser autorizada
The opistoglyphous snakes, such as
lamprus aesculapii e outras) possuem the Green Vine Snake (Oxybelis fulgi-
pelos órgãos ambientais competentes. um par de presas na região posterior
Esta é a Naja-real (Ophiophagus hannah), dus), False Coral Snakes (genus Oxy-
da boca, com sulcos por onde escorre rhopus, Erythrolamprus aesculapii and
a maior cobra peçonhenta do mundo.
o veneno. A mordida pode ter conse- others) have a pair of fangs in the
Figure 30 - Humans keep snakes in
quências leves a moderadas, como fe- back of the mouth, with grooves where
captivity as pets, or even for dangerous
performances. In Brazil, this practice
bre e inchaço local, ou graves, como venom flows. The bite can cause mod-
should be authorized by the competent morte em crianças. Este é o caso das erate symptoms with fever and local
environmental agencies. This is the King cobras do gênero Philodryas. swelling, or have serious consequenc-
Cobra (Ophiophagus hannah), the largest
venomous snake in the world.
78 79
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
As cobras proteróglifas possuem es, such as death in children, as has cebesse orientação adequada sobre me- ever, many bites could be avoided if
duas presas pequenas na região ante- been reported for species in the genus didas preventivas (Figura 32). the population received adequate in-
rior da boca, sulcadas e imóveis. No Philodryas. structions about preventative mea-
A melhor forma de combater pi-
Brasil, esse é um tipo de dentição ex- The proteroglyphous snakes have two sures (Figure 32).
cadas de cobras é evitá-las. O uso de
clusivo das Cobras-corais dos gêneros small fangs in the front of the mouth equipamentos de proteção individu- The best way to prevent snake bite
Micrurus e Leptomicrurus, que produ- that are hollow and unmovable. In Bra- al, como botas de borracha e luvas de is to avoid snakes. The use of person-
zem veneno neurotóxico capaz de cau- zil, this type of dentition is only found couro é uma medida barata e simples, al protective equipment, such as rub-
sar morte em humanos. in the Coral snakes of the genus Micru- que diminui consideravelmente o risco ber boots and leather gloves is a cheap
As cobras solenóglifas possuem rus and Leptomicrurus, which produce de picada de cobras. Para moradores da and simple measure, which consider-
presas grandes, localizadas na região neurotoxic venom that can kill humans. zona rural é importante manter limpa ably reduces the risk of snake bites.
anterior da boca, que se deslocam pela The solenoglyphous snakes have large a área em volta das casas ou da co- For residents of rural areas, it is impor-
movimentação do osso maxilar durante fangs, located in the front of the mouth, munidade, sem acúmulo de entulhos. tant to maintain the area around the
um bote. Com a boca fechada as presas which can be swung forward with the Cobras podem utilizar entulhos para house or the community clean, with-
ficam retraídas. No interior dessas pre- movement of the maxillary bone during se abrigar ou caçar animais abrigados, out accumulation of debris. Snakes of-
sas existe um canal, como uma agulha a strike. The fangs remain out of the way como ratos e sapos. As trilhas mais ten use debris for shelter or to hunt
de injeção, por onde o veneno é esco- along the roof of the mouth when it is utilizadas também devem ser manti- animals that shelter there, such as rats
ado. Essas presas são encontradas em mouth is closed. These fangs have an in- das limpas, porque se houver uma co- and frogs. Frequently used trails also
cobras da família Viperidae, represen- ternal canal, like a hypodermic needle, bra por perto, ela será mais facilmen- need to be maintained clean, because
tada na região de Manaus pela Jarara- where the venom flows. Solenoglyphous te avistada. Avistar uma cobra antes if there is a snake close by, it will be
ca Bothrops atrox, e pela Surucucu-pi- fangs are found in snakes of the family de passar próximo a ela praticamente seen more easily. Seeing a snake be-
co-de-jaca Lachesis muta. Viperidae, represented in the Manaus re- anula a chance de uma picada ocorrer. fore passing close to it practically
gion by the Common Lancehead Pit Vi- eliminates the chance of being bitten.
Mordidas e picadas por cobras pe- A melhor coisa a se fazer no caso de
çonhentas ocorrem regularmente com per Bothrops atrox, and by the Bushmas- picada de cobra é levá-la juntamente The best thing to do in case of snake
seres humanos, especialmente em zo- ter Lachesis muta. com a vítima ao posto de saúde mais bite is to take it along with the victim
nas rurais. Mas, certamente morrem Humans are bitten by venomous
mais pessoas por acidentes de trânsi- snakes regularly, especially in rural ar- || Figure 32 - Algumas cobras podem causar
to do que por picadas de cobra, mesmo ferimentos graves ou mesmo morte em
eas. However, many more people die
em zonas rurais. Em regiões mais remo- pessoas, como essa Jararaca Bothrops
from traffic accidents than by snake atrox. Mas algumas medidas simples e
tas da Amazônia, o acesso a centros de bites, even in rural areas. In more re- baratas podem reduzir o risco de picadas,
tratamento de saúde que disponibili- mote regions of the Amazon, access to como o uso de botas e luvas de couro, e a
zam soro antiofídico (medicamento que healthcare centers that have antive- limpeza de trilhas e áreas comunitárias.
combate a ação do veneno de cobras) nom (medicine that combats the ac- Figure 32 - Some snakes can cause
ainda é bastante difícil. Nesses locais, tion of the snake venom, also called serious injury or even death to people,
acidentes ofídicos com consequências antivenin or antivenene) is still dif- such this Amazon Pitviper Bothrops atrox.
graves que possam ocasionar morte são ficult. In these locations, snake bites However some cheap and simple measures
mais frequentes. Contudo, esse quadro with serious consequences that can re- can reduce the risk of bites, such as the
poderia ser revertido se a população re- use of boots and leather gloves, and
sult in death are more frequent. How-
cleaning of trails and communal areas.
80 81
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
próximo, para identificação. Isso é im- to the closest health clinic, for iden- A diferença entre animal veneno- The difference between venomous
portante, porque o soro que combate tification. This is important, because so e peçonhento está principalmente and poisonous is principally in the
a ação do veneno (antiofídico) é es- the serum which combats the action na presença ou ausência de estrutu- presence or not of a structure for in-
pecífico para cada grupo de cobras. O of the venom (antivenom) is specific ras inoculadoras de toxina, como den- jecting toxin, such as teeth or sting-
soro antibotrópico é utilizado no caso for each group of snakes. The bothrops tes ou ferrões. Os animais denominados ers. The animals referred to as poi-
de picadas por Jararacas (gênero Bo- antivenom is used in the case of bites venenosos são aqueles em que o vene- sonous are those in which the poison
throps); soro antielapídico para picadas by Lanceheads Pit Vipers (Genus Bo- no entra em funcionamento se o animal functions when the animal is ingest-
por Cobras-corais (família Elapidae); throps); elapid antivenom for Coral- foi ingerido ou absorvido passivamente ed or the toxin is absorbed passively
soro antilaquético para picadas por Su- snake bites (family Elapidae); Lachesis através da pele ou superfícies mucosas. through the skin or mucosal surfac-
rucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta); e serum for Bushmaster (Lachesis muta) Algumas espécies de sapos são veneno- es. Some species of frogs are poison-
soro anticrotálico para picadas por Cas- bites; and the Ratttlesnake serum for sas, mas envenenamentos são imprová- ous, but poisoning is improbable be-
cavéis (gênero Crotalus). O soro poli- Rattlesnake (genus Crotalus) bites. veis porque pessoas não têm o hábito cause people don’t have the habit
valente pode ser administrado quando Polyvalent serum can be administered de ingerir a maioria dos sapos. O sapo of eating most frogs. The Amazoni-
não se sabe o tipo de cobra envolvida when you don’t know the type of snake Rhaebo guttatus (Bufonidae) é capaz an toad Rhaebo guttatus (Bufonidae)
no acidente, mas geralmente ele é me- involved in the accident, but it is less de comprimir as glândulas de veneno, is capable of compressing its poison
nos eficiente. Torniquetes e remédios effective. Tourniquets and home reme- expelindo-o a distâncias relativamen- glands, and squirting the poison rel-
caseiros podem piorar o ferimento, por dies can worsen the injury and should te longas, embora não exista nenhuma atively long distances, but it has no
isso devem ser evitados. Pessoas que be avoided. People who live in areas estrutura para injetar veneno (Figura structure for injecting poison (Fig-
vivem em áreas de difícil acesso de- that are difficult to reach should seek 33). Os animais peçonhentos são aque- ure 33). Venomous animals are those
vem procurar orientações sobre os cui- guidance about treatment in case of a les que possuem estruturas adaptadas with structures used for actively in-
dados em caso de picadas de cobras, e snake bite, and have efficient plans for para injetar ativamente a toxina, como jecting toxin, such as spiders that
planejar com antecedência a remoção removing a victim to a location where as aranhas com suas quelíceras, os es- use fangs, scorpions that use sting-
de vítimas para um local onde poderá antivenom and other medical proce- corpiões com seu aguilhão e as cobras ers, and snakes that use teeth.
ser aplicado o soro antiofídico e outros dures can be administered. que usam as presas ou dentes.
procedimentos médicos.
Serpent or snake? Venomous || Figura 33 - Alguns animais venenosos
Serpente ou cobra? or poisonous? não possuem estruturas para injetar
Venenoso ou peçonhento? In some English speaking coun-
veneno, mas o sapo Rhaebo guttatus
pode se colocar em postura de defesa e
Em alguns países de língua ingle- tries, the term “cobra” is used only
comprimir suas glândulas para lançar
sa, o termo “cobra” é utilizado apenas in reference to Elapid snakes that can veneno a distâncias relativamente longas.
em referência às Najas, que ocorrem na flatten their heads and display when Figure 33 - Some poisonous animals do
África e Ásia. Mas no Brasil, não exis- attacked. These occur in Africa and not have structures to inject venom, but
te diferença alguma entre serpente e Asia, but in Brazil serpent and cobra the Spotted Toad Rhaebo guttatus can
cobra. Nesse livro, utilizamos o termo are synonyms. In this book, we utilize stand in defense posture and compress
cobra, por ser mais tradicionalmente the term snake, because it is applies its glands to release the poison over
utilizado pela população brasileira. to all species. relatively long distances.
82 83
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
84 85
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Muitos estudos têm sido condu- years, especially after being includ- || Figura 35 - A Reserva Ducke está
zidos na Reserva Ducke ao longo de ed as a research site in some impor- inserida em importantes programas
anos, especialmente após ter sido in- tant programs, such as PELD - Pesqui- federais de pesquisa, e por isso tem ótima
serida como sítio de pesquisa em al- sas Ecológicas de Longa Duração (Long estrutura para receber pesquisadores.
guns importantes programas, como o Term Ecological Research), of the Con- Este mapa mostra parte do sistema de
trilhas do Programa de Pesquisas em
PELD – Pesquisas Ecológicas de Lon- selho Nacional de Desenvolvimento
Biodiversidade – PPBio, em forma de uma
ga Duração, do Conselho Nacional de Científico e Tecnológico (CNPq) (Na-
grade de 25 km2. Os círculos amarelos
Desenvolvimento Científico e Tecnoló- tional Counsel for Scientific and tech-
são parcelas permanentes para coletas de
gico (CNPq) e o PPBio – Programa de nological Development), and PPBio dados em estudos de animais, plantas e
Pesquisa em Biodiversidade, do Minis- – Programa de Pesquisa em Biodiver- características da paisagem, como solo e
tério da Ciência, Tecnologia e Inova- sidade (Research Program in Biodiver- água subterrânea.
ção (MCTI). De fato, a Reserva Ducke é sity), of the Ministério de Ciência, Tec- Figure 35 - Reserva Ducke is included
um ótimo local para pesquisa, porque nologia e Inovação (MCTI) (Ministry of in important federal research programs,
apresenta extensa área de floresta bem Science, Technology and Innovation). and has many facilities for researchers.
conservada e é muito próxima do cen- In fact, the Reserva Ducke is a great This map shows the part of the trail
tro urbano de Manaus. Se por um lado place for research, because it repre- system of the Program for Research
a proximidade da Reserva com a cidade sents a large area of well preserved for- in Biodiversity - PPBio, in the form of
representa um risco para a conservação est and is very close to the urban center a 25 km2 grid. The yellow circles are
da floresta e de todas as espécies que of Manaus. On one hand the closeness permanent plots for studies of animals,
tins, 1994; Fraga, 2009), bem como
plants and landscape features, such as
a habitam, por outro lado facilita mui- of the reserve to the city represents a para outros estudos em nível de popu- soil and underground water.
to a logística de pesquisas científicas. risk for the conservation of the forest lações. Por causa da dificuldade de de-
A Reserva Ducke tem uma ótima in- and all the species that live there, but tecção de cobras, e do grande número
fraestrutura, com trilhas bem definidas on the other hand it greatly facilitates de espécies, apenas esforços contínu- The reserve is also privileged in
e demarcadas com piquetes, acampa- the logistics of scientific study. os e cooperativos podem revelar a sua that field work for two theses about
mentos em locais estratégicos e uma The Reserva Ducke has excellent re- incrível diversidade. snake assemblages (Martins, 1994;
base com alojamentos, estação de rá- search infrastructure, with well defined Fraga, 2009), as well as many individ-
dio, sala de aula e laboratório. A Re- trails marked with pickets, strategical- Como utilizar este guia ual studies. Due to the difficulty of de-
serva também é utilizada como uma ly located camps, and a base station Este guia enfoca principalmente as tecting snakes, and the large number
grande sala de aula a céu aberto. Pro- with accommodations, classroom and cobras que ocorrem na Reserva Ducke, of species, only sustained and coop-
fessores de ensino fundamental, mé- laboratory. The reserve is also utilized mas inclui algumas espécies que, em- erative efforts can reveal their incred-
dio e superior podem levar seus alu- as a large open-air classroom. Many bora não tenham sido registradas no ible diversity.
nos ao Jardim Botânico localizado na university courses are taught in the interior da Reserva, são conhecidas
borda sul da Reserva, o qual também é reserve, and primary and secondary para a região de Manaus. Novas espé- How to use this guide
aberto ao público em geral. teachers take their students to the Bo- cies continuam a ser registradas, en- This guide principally focuses on
A Reserva também foi privilegiada tanic Garden on the southern edge of tão algumas espécies conhecidas para snakes known to occur in the Reserva
com trabalhos de campo para duas te- the reserve, which is also open to the a região de Manaus possivelmente Ducke, but includes some species that,
ses sobre comunidades de cobras (Mar- general public. ocorrem na Reserva. although they have not been regis-
86 87
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
A maneira mais fácil de utilizar este tered in the Reserve, are known from ficação de espécies, por meio de cores easily observed characteristics, with
guia é olhar cuidadosamente as fotos a the Manaus region. Records of new e formas. Se você deseja detalhes téc- detailed photographs of each species.
procura de espécies semelhantes a que species continue to be made in the nicos e identificação taxonômica mais In case any doubt remains, you can
você viu, e checar outras espécies no Reserve and most the species known apurada, pode ainda utilizar a chave utilize the dichotomous key for iden-
tópico “Espécies semelhantes”. A con- from the Manaus region will probably morfológica, mas para isso é necessá- tification of the species, by means of
tagem de escamas ao longo do corpo eventually be found there. rio ter a cobra em mãos e familiaridade colors and shapes. If you want techni-
tem sido a principal ferramenta utili- The easiest way to use the guide com nomes e posições de escamas. cal details and more accurate identifi-
zada pelos pesquisadores para diferen- is to scan the plates for a species Apresentamos um mapa da distri- cation, you can use the morphological
ciar espécies (Figura 36), mas é difí- that looks like the one you saw and buição geográfica atualmente conhe- key, but for this it is necessary to have
cil fazer isso em campo, e impossível check the other species listed under cida para cada espécie, mas alertamos the snake in hand and familiarity with
sem manusear a cobra. Para facilitar a the heading “Similar species”. Count- para o fato de que as amplitudes de the names and positions of scales.
identificação de espécies, procuramos ing scales along the body has been the distribuição podem ser maiores do que
na medida do possível, fornecer carac- We show a map of the currently
principle tool used by researchers to as apresentadas. O fato de uma espé- known geographic distribution of each
terísticas mais fáceis de serem obser- distinguish species (Figure 36), but it cie não ter sido encontrada por pes-
vadas, com detalhes fotográficos para species, but we stress that the actual
is hard to use in the field, and impos- quisadores em determinada região, range may be larger than that shown.
cada espécie. sible without handling the snake. To não significa necessariamente que ela The fact that a species has not been
Caso reste alguma dúvida, você pode facilitate the identification of species esteja ausente. Diversas espécies de found by researchers in a particular re-
utilizar a chave de campo para identi- as much as possible, we provide more cobras são relativamente difíceis de gion does not necessarily mean that
serem encontradas, devido à camufla- it does not occur there. Many species
gem eficiente ou hábitos crípticos de of snakes are difficult to find, due to
vida. E muitos lugares ainda não foram efficient camouflage or cryptic habits,
cientificamente explorados, especial- and many places still have not been
mente na Amazônia. surveyed scientifically, especially in
Fornecemos descrições das espécies the Amazon.
com ênfase em características úteis We provide descriptions of the spe-
para diferenciar espécies semelhan- cies with emphasis on useful charac-
tes, e informações gerais sobre hábi- teristics to distinguish similar species,
tos de vida, alimentação, reprodução e and general information about habits,
comportamento defensivo. Essas infor- feeding, reproduction, and defense be-
mações foram compiladas a partir dos havior. This information was compiled
principais artigos científicos disponí- from leading scientific articles on the
veis para o tema, além de observações topic, plus some field observations. If
em campo. Se você deseja aprofunda- you want more in-depth technical ar-
|| Figura 36 - Conhecer nomes, posições e contagem de escamas de cobras pode ser
mento técnico sobre cobras da região ticles about snakes in the region of
bastante útil para diferenciar espécies. Mas requer experiência, além de captura e
de Manaus e uma relação bibliográfica Manaus and a more complete bibliog-
manuseio do animal.
Figure 36 - Knowing names, positions and scale counts of snakes can be very useful to mais completa, sugerimos a leitura de raphy, we recommend the monograph
distinguish species, but it requires experience, as well as having the animal in hand. Martins e Oliveira (1999). by Martins and Oliveira (1999).
88 89
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
90
Leptotyphlopidae
A família Leptotyphlopidae atualmen- The family Leptotyphlopidae is cur- portamento de- legend that
te é representada por 12 gêneros, dos rently represented by 12 genera, of fensivo no qual they “sting”
quais três ocorrem no Brasil, e apro- which three occur in Brazil, and ap- as pequenas co- with the tail
ximadamente 115 espécies, das quais proximately 115 species, of which bras simulam um that is wide-
18 ocorrem no Brasil. Estão distribu- 18 occur in Brazil. They are distrib- ferrão. Por isso a spread in Bra-
ídas do sudeste dos Estados Unidos uted from southeast United States to lenda de que elas zil. The mem-
até a Argentina, exceto nos Andes. No Argentina, excluding the Andes. In “picam” com a bers of this
Velho Mundo são conhecidas para o the Old World, they are known from cauda é bastan- family live in
Oriente Médio e norte da África. Esta the Middle East and the north of Af- te difundida no subterranean
família está inserida na infraordem rica. This family is included in the Brasil. Os mem- tunnels, and
Scolecophidia, um agrupamento for- infraorder Scolecophidia, a group bros dessa família are more fre-
mado por cobras que não conseguem formed by snakes which cannot dis- vivem em túneis quently seen
deslocar os ossos da estrutura man- locate the jaw bones and so eat only subterrâneos, e after heavy
dibular e por isso se alimentam ape- small prey, such as termites and ants. são mais frequen- rains, when
nas de presas pequenas, como cupins The species of this family are consid- temente avista- the tunnels
e formigas. As espécies dessa família ered the smallest snakes in the world. dos após chuvas flood. Only
são consideradas as menores cobras In general, they measure less than fortes, quando one species is
do mundo, em geral medem menos de 30 cm, have a cylindrical body, shiny os túneis ficam known from
30 cm. Têm corpo cilíndrico, escamas and smooth scales, and reduced eyes inundados. Na re- the Manaus
brilhantes e lisas, e os olhos reduzi- covered by an ocular scale fused with gião de Manaus region, Epic-
dos cobertos por uma escama ocular the supralabial scales. The tip of the apenas uma espécie é conhecida, tia tenella, easily recognized by yel-
fundida com as escamas supralabiais. tail has a rolled and pointed scale Epictia tenella, facilmente reconheci- low spots on the head and the tip of
A extremidade da cauda possui uma that is frequently used in defensive da pelas manchas amarelas na cabeça the tail.
escama enrolada e pontiaguda, que é behavior in which small snakes sim- e na ponta da cauda.
frequentemente utilizada em um com- ulate a sting. From this comes the
92 93
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| Leptotyphlopidae A
Epictia tenella
(Klauber, 1939)
c e
Referências/references: Duellman & Sallas, 1991; Starace, 1998; Martins & Oliveira, 1999. D
94
Typhlopidae
A família Typhlopidae (infraordem The family Typhlopidae (infraorder semelhantes no dorso e no ventre. A and underside. The head is short,
Scolecophidia) é representada por 11 Scolecophidia) is represented by 11 cabeça é curta, não destacada do cor- with no distinct neck, and the tail
gêneros e 264 espécies, distribuídas genera and 264 species, distributed in po, e a cauda é reduzida a uma esca- is reduced to a folded pointed scale,
nas regiões tropicais do Novo Mun- the tropical regions of the New World ma enrolada pontiaguda, que lembra which resembles a spine. This scale
do (Américas) e Velho Mundo (Áfri- (Americas) and the Old World (Af- um esporão. Esta escama é frequen- is frequently used in a defensive be-
ca, Madagascar, Ásia, Oriente Médio e rica, Madagascar, Asia, Middle East, temente utilizada em um comporta- havior in which the snake simulates a
Austrália), incluindo ilhas oceânicas and Australia), including oceanic is- mento defensivo em que as cobras si- sting. The members of this family live
como as Filipinas. Apenas um gêne- lands, such as the Philippines. Only mulam um ferrão. Os membros dessa in subterranean tunnels and so have
ro, Typhlops, é conhecido para o Bra- one genus, Typhlops, is known in Bra- família vivem em túneis subterrâneos atrophied, barely perceptible eyes.
sil, atualmente representado por seis zil, currently represented by six spe- e por isso possuem olhos atrofiados, Only one species, Typhlops reticulatus,
espécies. As espécies dessa família cies. The species of this family have quase imperceptíveis. Na região de has been registered from the Manaus
possuem corpo cilíndrico de diâme- a cylindrical body with a uniform di- Manaus, apenas uma espécie, Typhlops region.
tro uniforme ao longo de toda sua ex- ameter throughout the total length of reticulatus, foi registrada.
tensão. As escamas ao redor do corpo the body. The body scales are shiny,
são brilhantes, lisas e de tamanhos smooth and similar size on the back
96 97
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| Typhlopidae A
Typhlops reticulatus
(Wagler, 1824)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Martins & Oliveira, 1999.
Fotos/Photos: Ricardo A. Kawashita Ribeiro (A, B); Christine Strüssmann (C)
98
Anomalepididae
A família Anomalepididae (Scoleco- The family Anomalepididae (Scoleco- de 30 cm. Possuem escamas lisas, não length of about 30 cm. They have
phidia) é representada por quatro gê- phidia) is represented by four genera diferenciadas entre o dorso e o ven- smooth scales, not differentiated be-
neros e 18 espécies, distribuídos pela and 18 species, distributed through- tre, e os olhos são quase impercep- tween the back and the underside,
América do Sul e Central. No Brasil, out South and Central America. In tíveis. Vivem em túneis subterrâne- and the eyes are almost impercepti-
estão presentes dois gêneros e sete Brazil, it is represented by four gen- os dos quais geralmente saem apenas ble. They live in subterranean tunnels
espécies. São semelhantes aos mem- era and six species. They are similar por ocasião de chuvas fortes. Apenas that they generally only leave during
bros das famílias Leptoyphlopidae e to the members of the families Lep- uma espécie, Typhlophis squamosus, heavy rains. Only one species, Typhlo-
Typhlopidae, mas diferem por possuí- toyphlopidae and Typhlopidae, but foi registrada na região de Manaus até phis squamosus, has been registered
rem um único dente no osso dentário differ by having a single tooth in the o momento. from the Manaus region at this time.
e cabeça coberta por escamas peque- dentary bone and head covered by
nas, não diferenciadas das escamas do small scales, not differentiated from
resto do corpo. São cobras pequenas, the scales of the rest of the body.
com comprimento máximo em torno They are small snakes, with maximum
100 101
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| Anomalepididae A
Typhlophis squamosus
(Schlegel, 1839)
c D
Referências/References: Cunha & Nascimento, 1978; Starace, 1998; Martins & Oliveira, 1999.
102
Aniliidae
Esta família possui apenas um gênero This family only has only one ge- uniforme, e as escamas são brilhan- cal, with a uniform diameter, and the
(Anilius) e uma espécie (Anilius scyta- nus (Anilius) and one species (Anili- tes e lisas. As escamas ventrais são scales are shiny and smooth. The ven-
le), com pelo menos dois morfotipos us scytale), with at least two mor- ligeiramente maiores do que as esca- tral scales are slightly larger than the
conhecidos, com distribuição restri- photypes known, all restricted to mas dorsais. A cabeça não é destaca- dorsal scales. The head is not distin-
ta à região Neotropical. O morfoti- the Neotropical region. The morpho- da do pesco- guished from
po que ocorre na região de Manaus type which occurs in Manaus region ço e os olhos the neck and
é amplamente distribuído pela bacia is widely distributed throughout the são pequenos, the eyes are
Amazônica, e pode ser encontrado no Amazon basin, and found in eastern inseridos no small, inserted
leste do Peru e Equador, norte da Bo- Peru and Ecuador, northern Bolivia, centro de uma in the center
lívia, sul da Colômbia, norte do Brasil, southern Colombia, northern Brazil, escama de for- of a hexagon-
Guiana Francesa e Venezuela. Um ou- French Guiana and Venezuela. An- mato hexago- shaped scale.
tro morfotipo é atualmente conhecido other morphotype is currently known nal. Na região In the Manaus
apenas para o leste e sul da Venezue- only from the east and south of Ven- de Manaus, A. region, A. scy-
la. A diferença entre os dois mor- ezuela. The difference between the scytale é fre- tale is fre-
fotipos está no número de escamas two morphotypes is in the number of quentemen- quently seen
ventrais, (o morfotipo que ocorre em ventral scales (the morphotype that te avistada na in the rainy
Manaus possui mais de 225 e o que occurs in Manaus has more than 225, estação chu- season, when
ocorre na Venezuela, menos de 225) e the one which occurs in Venezuela vosa, quan- the subterra-
na largura das faixas vermelhas e pre- has less than 225) and the width of do as galerias nean galleries
tas (no morfotipo que ocorre Manaus the red and black bands (the morpho- subterrâneas they inhabit
as faixas vermelhas são mais largas type that occurs in Manaus has red que habita fi- are flooded,
que as pretas, no morfotipo da Vene- bands that are larger than the black cam alagadas, forcing them
zuela as faixas negras são mais lar- bands and the black bands are larger forçando-a a to move to
gas). Devido a esse padrão de colora- in the Venezuelan morphotype). Due se movimentar the surface.
ção, Anilius scytale é conhecida como to this color pattern, Anilius scytale pela superfície
cobra-coral, mas não é peçonhenta. is known as a coral snake, but it is do solo.
O corpo é cilíndrico, com diâmetro not venomous. The body is cylindri-
104 105
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| Aniliidae A
Anilius scytale
(Linnaeus, 1758)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986;
Duellman, 1978; Martins & Oliveira, 1999
106
Boidae
A família Boidae possui cinco subfa- The family Boidae has five subfami- muito semelhantes a esporões locali- and back legs that look like spines lo-
mílias: Boinae, com quatro gêne- lies: Boinae, with four genera and 28 zados próximos à cauda, geralmente cated near the tail that are generally
ros e 28 espécies distribuídas pelas species, distributed throughout the mais evidentes em machos. A man- more evident in males. The jaws and
Américas; Candoiinae, com apenas Americas; Candoiinae, with only one díbula e o crânio são extremamen- the head are extremely extensible, en-
um gênero (Candoia) e cinco espé- genus (Candoia) and five species dis- te móveis, possibilitam a ingestão de abling them to eat large prey. These
cies distribuidas no sudeste da Ásia tributed throughout Asia and oce- presas muito grandes. São cobras ex- snakes are exclusively constrictors,
e ilhas oceânicas entre Ásia e Ocea- anic islands between Asia and Ocea- clusivamente constritoras, que utili- which use muscular force to immobi-
nia; Erycinae, com um gênero (Eryx) e nia; Erycinae, with one genus (Eryx) zam a força muscular para imobilizar lize and kill prey by stopping blood
12 espécies distribuídas pela África, and 12 species distributed through- e matar presas por parada cardiorres- circulation and breathing. The head is
sul da Europa e sul da Ásia; Sanzinii- out Africa, southern Asia and south- piratória. A cabeça é triangular e co- triangular and covered by irregularly
nae, com dois gêneros e três espécies ern Europe; Sanziniinae, with two berta por escamas pequenas, irregu- distributed small scales. The subfami-
de distribuição restrita à ilhas oceâ- genera and two species for which larmente distribuídas. Os boíneos são ly Boinae contains viviparous species,
nicas no sudeste da África; e Ungalio- distributions are restricted to is- vivíparos, os filhotes se desenvolvem in which the young develop inside
phiinae, com quatro gêneros e cinco lands in southeastern Africa, and Un- no interior do corpo da mãe e nas- the mother’s body and are born com-
espécies distribuídas do Panamá aos galiophiinae, with four genera and cem completamente formados. Espé- pletely formed. Species of the genera
Estados Unidos. No Brasil estão pre- five species distributed from Panama cies dos gêneros Corallus e Epicrates Corallus and Epicrates have labial pits
sentes apenas espécies da subfamí- to Mexico. In Brazil, only the species possuem fossetas labiais, estruturas with thermal detectors, located in the
lia Boinae, com o registro de quatro of the subfamily Boinae are present, de percepção térmica, localizadas nos lip scales. Four genera of the subfam-
gêneros e 13 espécies. Os membros with four genera and 13 species reg- lábios. Na região de Manaus ocorrem ily Boinae are found in the Manaus
desta subfamília apresentam médio istered. The members of this subfam- quatro gêneros da subfamília Boinae, region, and they are represented by
(Jiboias e Salamantas, gêneros Co- ily are represented by medium (Boa representados pelas seguintes espé- the following species: Boa constric-
rallus e Epicrates) a grande porte (su- Constrictors and Rainbow boas of the cies: Boa constrictor, Corallus caninus, tor, Corallus caninus, Corallus hortula-
curi Eunectes murinus, maior espécie genera Corallus and Epicrates) to large Corallus hortulanus, Epicrates cenchria nus, Epicrates cenchria and Eunectes
de cobra do mundo em volume cor- species (Anaconda Eunectes murinus, e Eunectes murinus. murinus.
póreo). Possuem caracteres bastan- the snake species with the largest
te antigos, como vestígios ósseos da body mass). They have ancient char-
cintura pélvica e de patas posteriores, acters, such as vestigial pelvic bones
108 109
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| boidae A
Boa constrictor
(Linnaeus, 1758)
Referências/ References: Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986; Henderson et
al., 1995; Martins & Oliveira, 1999
110
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| boidae A
Corallus caninus
(Linnaeus, 1758)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Duellman, 1978; Dixon &
Soini, 1986; Henderson, 1993; Henderson et al., 1995; Martins & Oliveira, 1998; Henderson
et al., 2009
Foto/Photo: Sérgio A. A. Morato (C)
112
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| boidae A
Corallus hortulanus
(Linnaeus, 1758)
| boidae a
Epicrates cenchria
(Linnaeus, 1758)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986;
Duellman, 1978; Henderson, et al., 1995; Starace, 1998; Martins & Oliveira, 1999
116
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| boidae a
Eunectes murinus
(Linnaeus, 1758)
Referências/References: Beebe, 1946; Belluomini & Hoge, 1958; Belluomini et al., 1977;
Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986; Duellman, 1978; Murphy, 1997;
Martins & Oliveira, 1999
118
| boidae
Boa constrictor
(Linnaeus, 1758)
Colubridae
Muitos autores têm chamado a aten- Many authors have called attention gêneros e 11 espécies distribuídas pelo odontinae has two genera and 11 spe-
ção para o fato de que Colubridae é to the fact that Colubridae is an un- sul e sudeste da Ásia; Sibynophiinae cies distributed through south and
um agrupamento não-natural de es- natural grouping of species. Based está representada por dois gêneros e southwestern Asia; Sibynophiinae is
pécies. Com base em genética mole- on molecular genetics, the subfamily 11 espécies, distribuídas pela América represented by two genera and 11
cular a subfamília Dipsadinae foi ele- Dipsadinae was elevated to the level Central, do Panamá ao México; Dipsa- species, distributed from Panama
vada ao nível de família por Zaher et of Family by Zaher et al. (2009), and dinae abriga 101 gêneros e 732 espé- to Mexico; Dipsadinae contains 101
al. (2009), e posteriormente, tam- subsequently, also based on molecu- cies distribuídas pelo Novo Mundo, nas genera and 732 species distributed
bém com base molecular, reintegrada lar genetics, reinstated to subfamily Américas, do Uruguai ao Canadá; e fi- throughout the New World from Uru-
à subfamília por Pyron et al. (2011). by Pyron et al. (2011). Considering nalmente Colubrinae, com 100 gêneros guay to Canada; and Colubrinae, with
Considerando a atual falta de consenso the current lack of taxonomic con- e 701 espécies amplamente distribuí- 100 genera and 701 species widely
taxonômico, optamos por utilizar a de- sensus, we decided to use the current das pelo Novo Mundo, nas Américas e distributed through the New and Old
finição mais atual, proposta por Pyron classification, proposed by Pyron et Velho Mundo, no sul da Europa, África Worlds, in southern Europe, Africa
et al. (2013), que considera Colubridae al. (2013), which considers Colubri- e Ásia. Colubrinae e Dipsadinae são as and Asia. Dipsadinae and Colubrinae
como uma grande família que abriga dae as a large family which includes únicas subfamílias de Colubridae pre- are present in Brazil and in the en-
sete subfamílias: Natricinae, Calama- seven subfamilies: Natricinae, Cala- sentes no Brasil e em toda a Amazô- tire Amazon. Distinguishing between
riinae, Grayiinae, Pseudoxenodontinae, mariinae, Grayiinae, Pseudoxenodon- nia. A diferenciação entre elas não é them is not easy because the classifi-
Sibynophiinae, Dipsadinae e Colubri- tinae, Sibynophiinae, Dipsadinae and fácil, porque a classificação é basea- cation is based on DNA and morphol-
nae. Natricinae possui 33 gêneros e Colubrinae. Natricinae has 33 genera da em DNA e morfologia de hemipênis, ogy of the hemipenes, and both can
210 espécies, amplamente distribuí- and 210 species, amply distributed e ambos só podem ser observados em only be observed in the laboratory.
das pelas Américas Central e do Norte throughout Central and North America laboratório. A família Colubridae, pela The family Colubridae, in the defini-
(do México ao Canadá), Europa, África (Mexico to Canada), Europe, sub-Sa- definição de Pyron et al. (2013), agru- tion of Pyron et al. (2013), includes
sub-Saara, leste e sudeste da Ásia; Ca- haran Africa, East and Southeastern pa por volta de 57 % de todas as espé- approximately 57 % of all species of
lamariinae está representada por oito Asia; Calamariinae is represented by cies de cobras. As espécies são carac- snakes. The species are character-
gêneros e 87 espécies distribuídas pelo eight genera and 87 species, distrib- terizadas por uma grande variedade de ized by a large variety of sizes, colors,
sudeste da Ásia; Grayiinae possui ape- uted throughout southwestern Asia; tamanhos, cores, formas, hábitos, es- shapes, habits, scalation, anatomies,
nas um gênero (Grayia) e quatro espé- Grayiinae has only one genus (Grayia) camações, anatomias e comportamen- and behaviors. For this reason we will
cies, distribuídas pela África sub-Sa- and four species, distributed through- tos. Por essa razão iremos apresentar present the species grouped in sub-
ara; Pseudoxenodontinae possui dois out sub-Saharan Africa; Pseudoxen- as espécies agrupadas em subfamílias. families.
120 121
| colubridae
Colubrinae
122 123
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Chironius fuscus
(Linnaeus, 1758)
Referências/References: Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986; Dixon et al.,
1993; Martins & Oliveira, 1999
f
124
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Chironius multiventris
Schmidt & Walker, 1943
d e
Referências/References: Cunha & Nascimento, 1978; Dixon et al., 1993; Duellman, 1978;
Martins & Oliveira, 1999
126
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Chironius scurrulus
(Wagler, 1824)
d e
Referências/References: Cunha & Nascimento, 1982; Dixon & Soini, 1986; Dixon et al.,
1993; Duellman, 1978; Gasc & Rodrigues, 1980; Martins & Oliveira, 1999
Fotos/ Photos: Vinícius T. de Carvalho (A, B)
128
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Dendrophidion dendrophis
(Schlegel, 1837)
Referências/ References: Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986; Duellman,
1978; Martins & Oliveira, 1999
130
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Drymoluber dichrous
(Peters, 1863)
| colubridae › Colubrinae a
Mastigodryas boddaerti
(Sentzen, 1796)
d f
Referências/ References: Ávila-Pires, 1995; Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978;
Martins & Oliveira, 1999 e
134
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Oxybelis aeneus
Wagler, 1824)
c d
Referências/ References: Beebe, 1946; Fitch, 1970; Cunha & Nascimento, 1978; Dixon &
Soini, 1986; Ávila-Pires, 1995; Sasa & Solórzano, 1995; Martins & Oliveira, 1999
136
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Oxybelis fulgidus
(Daudin, 1803)
c d
Referências/References: Beebe, 1946; Fitch, 1970; Cunha & Nascimento, 1978; Dixon &
Soini, 1986; Ávila-Pires, 1995; Sasa & Solórzano, 1995; Martins & Oliveira, 1999
138
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Pseustes poecilonotus
(Günther, 1858)
| colubridae › Colubrinae a
Pseustes sulphureus
(Wagler, 1824)
142
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Rhinobothryum lentiginosum
(Scopoli, 1785)
Referências/ References: Cunha & Nascimento, 1978; Cunha et al., 1985; Starace, 1998;
Martins & Oliveira, 1999
144
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Spilotes pullatus
(Linnaeus, 1758)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986;
Murphy, 1997; Starace, 1998; Martins & Oliveira, 1999
146
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Colubrinae a
Tantilla melanocephala
(Linnaeus, 1758)
c d
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Duellman, 1978; Dixon
& Soini, 1986; Starace, 1998; Martins & Oliveira, 1999
148
| colubridae
Dipsadinae
150 151
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Apostolepis sp.
152
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Atractus latifrons
(Günther, 1868)
Referências/ References: Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986; Martins &
Oliveira, 1999
Fotos/Photos: Saymon Albuquerque (A, B, E); Laurie Vitt (D)
154
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Atractus major
(Boulenger, 1894)
156
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Atractus schach
Cope, 1861
158
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Atractus snethlageae
Cunha & Nascimento, 1983
c d
Referências/References:: Cunha & Nascimento, 1978; Cunha & Nascimento, 1983; Martins
& Oliveira, 1999
160
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Atractus torquatus
(Duméril, Bibron & Duméril, 1854)
d
Referências/Refences: Cunha & Nascimento, 1978; Cunha & Nascimento, 1983; Martins &
Oliveira, 1999
Foto/Photo: Rodolfo Paes (D)
162
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Clelia clelia
(Daudin, 1803)
Referências/references: Cunha & Nascimento, 1978; Duellman, 1978; Dixon & Soini,
1986; Murphy, 1997; Martins & Oliveira, 1999; Marques et al., 2005
Fotos/Photos: Laurie Vitt (A, B, C, D, E)
e
164
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Dipsas aff. catesbyi
| colubridae › Dipsadinae a
Drepanoides anomalus
(Jan, 1863)
d e
Referências/References: Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986; Starace,
1998; Martins & Oliveira, 1999
168
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Erythrolamprus aesculapii
(Linnaeus, 1766)
Referências / References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Duellman, 1978;
Dixon & Soini, 1986; Starace, 1998; Martins & Oliveira, 1999
Fotos / Photos: Ricardo A. Kawashita Ribeiro (A, C); Laurie Vitt (B, E)
170
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Helicops angulatus
(Linnaeus, 1758)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Gasc & Rodrigues,
1980; Dixon & Soini, 1986; Henderson et al., 1995; Martins & Oliveira, 1999
172
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Helicops hagmanni
Roux, 1910
Referências/References: Cunha & Nascimento, 1978; Cunha & Nascimento, 1981; Martins
& Oliveira, 1999
174
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Hydrodynastes gigas
(Duméril, 1853)
| colubridae › Dipsadinae a
Hydrops martii
(Wagler, 1824)
178
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Hydrops triangularis
(Wagler, 1824)
180
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Imantodes cenchoa
(Linnaeus, 1758)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Duellman, 1978; Dixon
& Soini, 1986; Martins & Oliveira, 1999
182
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Leptodeira annulata
(Linnaeus, 1758)
Referências/References: Cunha & Nascimento, 1978; Duellman, 1978; Dixon & Soini,
1986; Duellman & Salas, 1991; Sasa & Solórzano, 1995; Vitt, 1996; Murphy, 1997;
Starace, 1998; Martins & Oliveira, 1999
184
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Leptophis ahaetulla
(Linnaeus, 1758)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Duellman, 1978; Dixon
& Soini, 1986; Murphy, 1997; Starace, 1998; Martins & Oliveira, 1999
186
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Liophis breviceps
Cope, 1861
188
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Liophis reginae
(Linnaeus, 1758)
c d
| colubridae › Dipsadinae a
Liophis typhlus
(Linnaeus, 1758)
| colubridae › Dipsadinae a
Liophis sp.
c d
194
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Oxyrhopus occipitalis
(Wied-Neuwied, 1824)
196
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Oxyrhopus vanidicus
(Lynch, 2009)
F
Referências/ References: Duellman, 1978; Duellman & Salas, 1991; Starace, 1998;
Martins & Oliveira, 1999; Lynch, 2009
198
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Philodryas argentea
(Daudin, 1803)
200
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Philodryas viridissima
(Linnaeus, 1758)
d e
Referências/ References: Beebe, 1946; Dixon & Soini, 1977; Cunha & Nascimento, 1978;
Dixon & Soini, 1986; Duellman & Salas, 1991; Starace, 1998; Martins & Oliveira, 1999
202
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Pseudoboa coronata
Schneider, 1801
204
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Pseudoboa martinsi
Zaher, Oliveira & Franco, 2008
c d
| colubridae › Dipsadinae a
Pseudoboa neuwiedii
(Duméril, Bibron & Duméril, 1854)
| colubridae › Dipsadinae a
Siphlophis cervinus
(Laurenti, 1768)
210
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Siphlophis compressus
(Daudin, 1803)
d f
Referências/References: Cunha & Nascimento, 1978; Duelmann, 1978; Dixon & Soini,
1986; Murphy, 1997; Zaher & Prudente, 1998; Martins & Oliveira, 1999 e
212
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Taeniophallus brevirostris
(Peters, 1863)
214
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Taeniophallus nicagus
(Cope, 1895)
| colubridae › Dipsadinae a
Umbrivaga pygmaea
(Cope, 1868)
c d
218
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Xenodon rabdocephalus
(Wied, 1824)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986;
Starace, 1998. Martins & Oliveira, 1999
Fotos/Photos: Vinícius T. de Carvalho (A, B, D); Laurie Vitt (C)
220
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| colubridae › Dipsadinae a
Xenopholis scalaris
(Wucherer, 1861)
Referências/References: Cunha & Nascimento, 1978; Duellman, 1978; Dixon & Soini,
1986; Martins & Oliveira, 1999
222
| boidae
Boa constrictor
(Linnaeus, 1758)
Elapidae
A família Elapidae inclui as espécies The family Elapidae includes the nos gêneros Leptomicrurus e Micrurus. distributed in the genera Leptomi-
de cobras mais venenosas do mun- world’s most venomous snakes, such Estas cobras geralmente possuem co- crurus and Micrurus. These snakes usu-
do, como as Mambas, Corais, Najas e as Mambas, Coral-snakes, Cobras and res chamativas e contrastantes, como ally have contrasting bright colors,
Cobras marinhas. A família é subdivi- Sea snakes. The family is subdivided preto, branco, ver- such as black,
dida em três subfamílias amplamen- into three widely distributed subfam- melho ou amarelo, red, white or yel-
te distribuídas. As subfamílias Hydro- ilies. The subfamilies Hydrophiinae que formam anéis low, which form
phiinae e Laticaudinae são marinhas and Laticaudinae are marine and in- distribuídos ao lon- rings distributed
e apresentam 20 gêneros, distribuí- clude 20 genera, distributed in tropi- go de todo o corpo, along the entire
dos em águas tropicais da costa oes- cal waters of the west coast of the mas algumas espé- body, but some
te das Américas (gênero Pelamis), Americas (genus Pelamis), Southeast cies possuem colo- species are more
sudeste da Ásia, costa leste da Áfri- Asia, west coast of Africa and the In- ração mais críptica. cryptically col-
ca e arquipélago Indo-Australiano. do-Australian archipelago. The sub- Geralmente são cal- ored. They are
A subfamíilia Elapinae (Najas, Mam- family Elapinae (Cobras, Mambas and mas, e raramente placid and rarely
bas e Cobras-corais) possui 43 gêne- Coral-snakes) has 43 genera and 295 mordem humanos. bite humans. Only
ros e 295 espécies, distribuídas pelas species, distributed throughout the Ocorre apenas o the genus Micru-
Américas, África, Ásia e Oceania. Os Americas, Africa, Asia and Oceania. gênero Micrurus na rus occurs in the
elapídeos produzem neurotoxinas que Most Elapids produce strong neuro- região de Manaus, Manaus region,
são inoculadas por meio de dois den- toxins which are injected by means representado por with five species:
tes (ou presas) fixos, localizados na of two fixed teeth (fangs), located cinco espécies: Mi- Micrurus averyi,
região anterior da boca. A maior co- in the front of the mouth. The larg- crurus averyi, Micru- Micrurus hemp-
bra peçonhenta do mundo, a Naja-real est venomous snake in the world, rus hemprichii, Micrurus lemniscatus, richii, Micrurus lemniscatus, Micru-
Ophiophagus hannah, que pode medir the King Cobra Ophiophagus han- Micrurus spixii e Micrurus surinamen- rus spixii and Micrurus surinamensis.
mais de 5 m de comprimento, é um nah, which can measure more than sis. Estas espécies possuem padrão de These species have the color pattern
elapídeo. No Brasil, a família Elapidae 5 m in length, is an elapid. In Bra- coloração do corpo típico de Corais, typical of coral snakes, with black,
é exclusivamente representada pelas zil, the family Elapidae is represented com anéis pretos, vermelhos e bran- red and white rings, except M. hemp-
Cobras-corais verdadeiras, distribuídas exclusively by the true coral snakes, cos, exceto M. hemprichii, que não richii, which does not have red rings.
possui anéis vermelhos.
224 225
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| elapidae a
Micrurus averyi
Schmidt, 1939
c d
226
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| elapidae a
Micrurus hemprichii
(Jan, 1858)
Referências/References: Greene, 1973; Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986; e
Jorge da Silva, 1993; Roze, 1996; Martins & Oliveira, 1999
228
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| elapidae a
Micrurus lemniscatus
(Linnaeus, 1758)
| elapidae a
Micrurus spixii
(Wagler, 1824)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Dixon & Soini, 1986;
Roze, 1996; Martins & Oliveira, 1999
Fotos/Photos: Vinícius T. de Carvalho (A, B, C)
232
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| elapidae a
Micrurus surinamensis
(Cuvier, 1817)
234
Viperidae
A família Viperidae inclui três subfa- The family Viperidae includes three lar, com escamas pequenas e irregu- with small and irregularly distributed
mílias: Azemiopinae, com apenas uma subfamilies: Azemiopinae, with only larmente distribuídas. Na região de scales. In the Manaus region, there
espécie, a Víbora asiática Azemiops one species, the Asiatic viper Azemi- Manaus ocorrem are two species
feae; Viperinae, com 12 gêneros e ops feae; Viperinae, with 12 genera duas espécies of crotalids: the
95 espécies distribuídas pela Euro- and 95 species distributed throughout de crotalíneos: Common Lance-
pa, África e Ásia; e Crotalinae, com Europe, Africa and Asia, and Crotali- a Jararaca-da- head Pit Viper
23 gêneros e 220 espécies distribuí- nae, with 23 genera and 220 species -Amazônia Bo- Bothrops atrox,
das pelas Américas e Ásia, incluindo distributed throughout the Ameri- throps atrox, es- the species of
algumas ilhas oceânicas, como as Fi- cas and Asia, including oceanic is- pécie com maior snake most fre-
lipinas. Apenas a subfamília Crotali- lands, such as the Philippines. Only frequência de re- quently regis-
nae ocorre no Brasil, representada por the subfamily Crotalinae occurs in gistro em diver- tered in vari-
seis gêneros e 28 espécies de Jarara- Brazil, represented by six genera and sos estudos na ous studies in
cas, Cascavéis e Surucucus. Caracteri- 28 species of Lancehead Pit Vipers, Amazônia cen- central Amazo-
zam-se principalmente pela presença Rattlesnakes and Bushmasters. They tral, e possivel- nia, and possi-
de dois dentes grandes e curvos, ino- are characterized principally by the mente responsá- bly responsible
culadores de veneno, que se movem presence of two large curved venom- vel pela maioria for the major-
com o osso maxilar, quando a boca é ous fangs, which swivel forward and dos acidentes ity of snake bite
aberta ou fechada. Estão presentes back with the maxillary bone as the ofídicos na re- injuries in the
duas cavidades grandes situadas entre mouth is opened and closed. They gião, e a Surucu- region, and the
os olhos e as narinas, chamadas fos- also have two large cavities situated cu-pico-de-jaca Bushmaster La-
setas loreais, conectadas à um órgão between the eyes and nostrils, called Lachesis muta, chesis muta, the
de percepção infravermelha, utiliza- loreal pits, connected to an infrared espécie de grande porte cuja frequên- largest species, but one that is much
do para detectar presas pela radiação detection organ, used to detect prey cia de registros é relativamente baixa less frequently encountered near
emitida pelo corpo. Todas as espécies by heat emitted from their body. All na região de Manaus. Manaus.
de Crotalinae possuem as escamas the species of Crotalinae have keeled
dorsais quilhadas e a cabeça triangu- dorsal scales and a triangular head,
236 237
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
| viperidae a
Bothrops atrox
(Linnaeus, 1758)
| viperidae a
Lachesis muta
(Linnaeus, 1766)
Referências/References: Beebe, 1946; Cunha & Nascimento, 1978; Duellman, 1978; Dixon
& Soini, 1986; Martins & Oliveira, 1999
Foto/Photo: Paulo S. Bernarde (B)
240
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
242 243
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Corpo semelhante a um galho seco, interior da boca Body like a dry twig; dark blue color inside the
azul-escuro mouth
Oxybelis Oxybelis
aeneus aeneus
Comprimento máximo Maximum length 2 m
2m
2 2
Três faixas longitudinais verdes no dorso e no ventre Three longitudinal green stripes on the back and
Philodryas belly
argentea Philodryas
Comprimento máximo argentea
1,3 m Maximum length 1.3 m
244 245
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Corpo com linhas ou faixas longitudinais Body covered with longitudinal lines or bands
7 7
6 Corpo com faixas transversais, que podem ter 6 Body covered by transverse stripes or bands, which
diferentes formatos can have different shapes
10 10
Cabeça mais escura que o corpo 8 Head color darker than the body 8
7 7
Cabeça da mesma cor que o corpo 9 Head with the same color as the body 9
Linhas marrom-claras e marrom-escuras intercaladas; Light brown and dark brown lines interspersed; tip
ponta da cauda marrom-escura Apostolepis sp. of tail dark brown Apostolepis sp.
Comprimento máximo Maximum length
40 cm 40 cm
8 8
Uma ou mais linhas finas escuras sobre o corpo Tantilla One or more dark narrow lines on light-brown body; Tantilla
marrom-claro; cauda da mesma cor que o corpo tail the same color as the body
melanocephala melanocephala
Comprimento máximo Maximum length
43 cm 43 cm
Corpo marrom-claro com duas faixas mais claras; Light brown body with two lighter bands; white lips
região da boca branca Mastigodryas Mastigodryas
boddaerti boddaerti
(adulta)
(adult)
Comprimento máximo
Maximum length 1.5 m
1,5 m
9 9
Corpo marrom-escuro com duas faixas marrom-claras Dark brown body with two light brown bands
Taeniophallus Taeniophallus
brevirostris brevirostris
Comprimento máximo Maximum length
48 cm 48 cm
Faixas mais claras que a cor de fundo 11 Stripes lighter than the background color 11
10 10
Faixas mais escuras que a cor de fundo 19 Stripes darker than the background color 19
Faixas claras com bordas pretas 12 Light stripes with black borders 12
11 11
Faixas claras sem bordas pretas 13 Light stripes without black borders 13
246 247
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
248 249
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Faixas transversais escuras bem visíveis apenas na Umbrivaga Dark transverse stripes, more clearly visible on the Umbrivaga
neck
região do pescoço
pygmaea pygmaea
Comprimento máximo 19 Maximum length
19 25 cm 25 cm
Faixas transversais bem visíveis ao longo de todo o Transverse stripes clearly visible along entire body 20
corpo 20 Gradient from chocolate-brown on the vertebral
region, to orange-brown on the sides Xenopholis
Degradé de marrom-chocolate na parte de cima do
corpo a marrom-alaranjado nas laterais Xenopholis scalaris
scalaris 20 Maximum length
20 Comprimento máximo 35 cm
35 cm
250 251
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Corpo marrom-claro com faixas marrom-escuras Light brown body with dark brown stripes; cream
avermelhadas; ventre creme em adultos, alaranjado belly in adults, orange in juveniles, both with black
em jovens, ambos com manchas pretas quadradas square spots
Helicops Helicops
angulatus angulatus
Comprimento máximo Maximum length
73 cm 73 cm
24 24
Corpo marrom-claro na parte de cima, avermelhado Light-brown body on the dorsal region, reddish
lateralmente, com faixas pretas; cabeça manchada de laterally; head spotted with brown and red, and
marrom e vermelho, com faixa creme ou amarelada no Hydrops cream or yellowish band on the neck Hydrops
pescoço
triangularis triangularis
Comprimento máximo Maximum length
70 cm 70 cm
Lachesis muta
Lachesis muta Maximum length 2.9 m
Comprimento máximo
2,9 m
26
26
Triangle shaped spots 27
Manchas em formato de triângulos 27 Spots in other shapes 28
Manchas em outros formatos 28
252 253
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Faixas escuras nas laterais da cabeça; pupilas elípticas; Dark stripes on the sides of the head; elliptical
fossetas loreais presentes (orifícios entre olhos e pupils; loreal pits present (holes between eyes and
narinas) Bothrops atrox nostrils)
Comprimento máximo Bothrops atrox
2,1 m Maximum length 2.1 m
27 27
Faixas claras com bordas escuras nas laterais da
cabeça; pupilas redondas; fossetas loreais ausentes Xenodon Light stripes with dark borders at the sides of the
Xenodon
head; round pupils; loreal pits absent
rabdocephalus rabdocephalus
Comprimento máximo Maximum length
87 cm 87 cm
254 255
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Dorso marrom com poucas manchas, verde no Green back with few spots on the first third of the
primeiro terço do corpo Liophis body, brown without spots on the rest
Liophis reginae
reginae Maximum length
32 Comprimento máximo 32 81 cm
81 cm
34 Corpo amarelo-esverdeado com extremidades de 34 Greenish-yellow back, black on the tips of some
algumas escamas pretas, formando faixas transversais Pseustes scales, forming barely visible transverse bands
pouco visíveis Pseustes
sulphureus sulphureus
Comprimento máximo
Maximum length 2 m
2m
Corpo marrom-avermelhado ou acinzentado, com linhas Reddish- or greyish-brown body, with black
pretas entre as escamas, que resultam em aspecto rajado Liophis lines between the scales, resulting in a striped
typhlus appearance Liophis typhlus
Maximum length
35 Comprimento máximo
35 85 cm
85 cm
256 257
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Escamas amarelas e pretas intercaladas, linha dorsal Interspersed yellow and black scales, dorsal line
de escamas laranja, formam um mosaico de cores Siphlophis formed by orange scales, resulting in a mosaic of
colors Siphlophis
cervinus
37 Comprimento máximo cervinus
1m 37 Maximum length 1 m
40 40
Diversas manchas escuras espalhadas pelo corpo, de Several dark patches around the body, in various
tamanhos e formatos variados; duas manchas claras sizes and shapes; two bright triangular spots on the
triangulares sobre a cabeça head Atractus
Atractus schach
schach Maximum length
42 cm
258 259
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
260 261
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Leptophis Leptophis
ahaetulla ahaetulla
6 Comprimento máximo 6 Maximum length 1 m
1m
262 263
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Corpo marrom avermelhado, com linhas pretas Reddish-brown body, with black lines between
entre as escamas scales
Liophis typhlus Liophis typhlus
Comprimento máximo 85 cm Maximum length 85 cm
2 Corpo vermelho-alaranjado, com faixas brancas em 2 Orange red body, with white lightning or
formato de raios ou bumerangues sobre o dorso boomerang shaped spots on the back
Corallus caninus Corallus caninus
(jovem) (juvenile)
Comprimento máximo 2 m Maximum length 2 m
4 4
Corpo vermelho-alaranjado com uma faixa preta Orange red body with a longitudinal black band
longitudinal preta Pseudoboa Pseudoboa
martinsi martinsi
Maximum length 1.1 m
Comprimento máximo 1,1m
Red scales with black tips 6
Corpo com escamas vermelhas de pontas pretas 6 5
5 No black tips on red scales 7
Corpo com escamas vermelhas sem pontas pretas 7 Yellow snout
Focinho amarelo
Oxyrhopus
Oxyrhopus occipitalis
occipitalis Maximum length 1 m
Comprimento máximo 1m 6 Black snout; young have white head and neck
6 Focinho preto; jovens com cabeça e pescoço brancos Drepanoides
Drepanoides anomalus
anomalus Maximum length 83 cm
Comprimento máximo 83cm
264 265
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Cabeça preta, com ou sem colar branco 8 Black head, with or without white collar 8
Com colar branco estreito (máximo 30 % do Pseudoboa With narrow white collar (maximum 30 % of the Pseudoboa
comprimento da cabeça) length of the head)
coronata (jovem) coronata (juvenile)
Comprimento máximo 1m Maximum length 1 m
266 267
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Cobras vermelhas com bandas distintas Red snakes with distinct bands
Coloração marrom presente; cabeça triangular Brown color present; triangular head
Hydrops martii Hydrops martii
1 Comprimento máximo 60cm 1 Maximum length 60 cm
3 Anéis coloridos frequentemente não circulam o 3 Colored rings often do not circulate the
Oxryrhopus
corpo; sem manchas pretas nas escamas amarelas Oxryrhopus body; without black spots on yellow scales
vanidicus
vanidicus Maximum length 1 m
Comprimento máximo 1m
268 269
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Sequências de três anéis pretos (tríades), Sequences of three black rings (triads),
separados por dois anéis brancos ou creme, entre separated by two white or cream rings,
dois anéis vermelhos 7 between two red rings 7
6 6
Cabeça não vermelha rajada de preto, olhos Head is not red with black lines; eyes on
laterais em relação à cabeça 8 side of head 8
Focinho preto, seguido por uma faixa branca, Black snout, followed by a white stripe, a
uma faixa preta na altura dos olhos que lembra black band around the eye that resembles
uma máscara, e um grande anel vermelho que se Micrurus a mask, and a wide red ring that extends
Micrurus
estende até quase o final da cabeça; corpo com lemniscatus almost to the end of the head; body with
lemniscatus
padrão coral em tríades coral pattern in triads
Comprimento máximo
Maximum length 1.3 m
1,3cm
8 8
Cabeça preta, desde o focinho até o pescoço; Black head, from snout to the neck; red
manchas vermelhas nas laterais da cabeça; corpo com spots on the sides of the head; white rings
anéis brancos iguais ou mais largos que os pretos e of equal width or wider than the black and
vermelhos; corpo com padrão coral em tríades Micrurus spixii red rings; body with coral pattern in triads Micrurus spixii
Comprimento máximo 1,5m Maximum length 1.5 m
Ponta do focinho branca ou amarelo-dourada, Tip of the snout white or golden yellow;
sequencias de duas faixas pretas separadas por sequences of two black bands separated by
uma faixa branca ou amarelada, entre duas faixas Erythrolamprus a white or yellowish band between two red Erythrolamprus
vermelhas, ou faixas pretas com bordas brancas stripes, or black bands with white borders
aesculapii aesculapii
9 separadas por grandes faixas vermelhas
Comprimento máximo 93cm 9 separated by large red bands
Maximum length 93 cm
Anéis (circulam o corpo) ou faixas (não circulam o Red stripes (not circulate the body) or
corpo) vermelhas largas 11 rings (circulate the body) are wider than 11
10
Anéis ou faixas pretas largas 12 10 the bands of other colors
Black stripes or rings are wider than the
Anéis pretos estreitos, com bordas pontilhadas bands of other colors 12
brancas bem definidas Micrurus averyi Narrow black rings with well defined white
Comprimento máximo 71cm
11
dotted edges Micrurus averyi
Maximum length 71 cm
Faixas pretas, com pequenas manchas brancas, Atractus latifrons 11
ambas irregulares Comprimento máximo 61cm
Irregular black bands with small irregular Atractus latifrons
Faixas pretas largas separadas por linhas de white spots Maximum length 61 cm
escamas brancas Atractus latifrons Black bands separated by lines of white
Comprimento máximo 61cm scales Atractus latifrons
Maximum length 61 cm
12 Anéis pretos largos separados por anéis brancos
com manchas vermelhas no centro, salpicadas de Rhinobothryum 12
preto lentiginosum Wide black rings separated by white rings
Rhinobothryum
Comprimento máximo with red spots in the center and black dots
1,6cm
lentiginosum
Maximum length 1.6 m
Chaves herpetológicas para identificação de espécies Herpetological Keys for identification of snake species
de cobras da região de Manaus in the Manaus region
Famílias Families
Olhos reduzidos, escamas do corpo não
diferenciadas entre a região ventral e dorsal 2 Eyes reduced, body scales not differentiated
2
1 Olhos não reduzidos, cobertos por lentes; escamas
between the ventral and dorsal surfaces
diferenciadas entre as regiões ventral e dorsal 4 1 Eyes not reduced, covered by lenses; scales
differentiated between the ventral and dorsal 4
Corpo coberto por escamas tamanho igual, tanto surfaces
no dorso quanto no ventre; menos de 24 fileiras
de escamas dorsais; coloração do corpo uniforme, 3 Dorsal and ventral scales the same width; less
than 24 rows of dorsal scales; uniform body 3
2 nunca formando anéis vermelhos e negros
color, never forming red and black rings
Escamas ventrais ligeiramente maiores que as
Aniliidae
2
dorsais; 21 fileiras de dorsais; dorso vermelho Ventral scales slightly wider than dorsal scales; 21 Aniliidae
com anéis negros (Anilius scytale) rows of dorsal scales; red back with black rings (Anilius scytale)
272 273
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
14 ou menos fileiras de escamas dorsais; corpo Leptotyphlopidade 14 or less rows of dorsal scales; body with five Leptotyphlopidade
com cinco linhas longitudinais marrom-escuras (Epictia tenella) dark brown longitudinal lines (Epicita tenella)
3 3
16 ou mais fileiras de escamas dorsais 4 16 or more rows of dorsal scales 4
Cabeça coberta por escamas pequenas e Head covered with regular scales that are
regulares, menores que as escamas do corpo; smaller than body scales; body with 24 rows
corpo com 24 fileiras de escamas; maxilar com Anomalepididae Anomalepididae
of scales; jawbone with one tooth; body color
um dente; padrão de coloração marrom-escuro, (Typhlophis squamosus) dark brown, lighter at the tip of the scales, (Typhlophis squamosus)
mais claro na ponta das escamas, mas sem but without forming a reticulate pattern
formar padrão reticulado
4 Cabeça coberta por escamas maiores que as
4 Head covered with larger scales than the
escamas do corpo; corpo com 20-20-20 ou 20- scales of the body; body with 20-20-20 or 20-
20-18 fileiras de escamas; maxilar desprovido de Typhlopidae 20-18 rows of scales; no maxillary tooth; body Typhlopidae
dente; padrão de coloração do corpo reticulado; design in reticulated pattern; rostral scale and (Typhlops reticulatus)
(Typhlops reticulatus) tail light brown or black, with cream-yellow or
escama rostral clara e cauda marrom ou negra,
com manchas creme-amareladas irregulares white irregular spots
Presença de fosseta loreal (orifício entre o olho Presence of loreal pit (hole between the eyes
e a narina) Viperidae Viperidae
5 5 and nostrils)
Ausência de fosseta loreal 6 Absence of loreal pit 6
Cabeça coberta por escamas minúsculas; mais
Head covered with tiny scales; more than 40
de 40 fileiras de escamas no meio do corpo;
escamas grandes presentes ou não sobre o Boidae rows of dorsal scales at the midbody; large Boidae
6 focinho 6
scales present or not on the snout
Cabeça coberta por placas grandes; menos de 30 Head covered with large plates; less than 30
fileiras ao redor do corpo 7 rows of dorsal scales around the body 7
Presas maxilares anteriores fixas e sulcadas,
seguida por 1 ou 3 dentes menores Elapidae Stationary and grooved anterior fangs,
Elapidae
followed by 1 or 3 smaller teeth
7 Ausência de presas maxilares anteriores fixas e
7
sulcadas, utilizadas para inoculação de veneno 8 No fangs for inoculation of venom 8
Hemipênis distintamente bilobado, sulco Colubridae Sharply bilobated hemipenes; simple spermatic Colubridae
espermático simples (Colubrinae) groove (Colubrinae)
8 Hemipênis unilobado ou bilobação reduzida; 8 Unilobated or slightly bilobated hemipenes;
Colubridae Colubridae
hemipênis unicapitado; sulco espermático unicapitated hemipenes; spermatic groove
dividido distalmente (Dipsadinae) divided distally (Dipsadinae)
274 275
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Boidae Boidae
Presença de fossetas entre as escamas Presence of pits between the supralabial and
supralabiais e infralabiais 2 infralabial scales 2
1 Ausência de fossetas entre as supralabiais e
1 Absence of pits between the supralabial and
infralabiais 4 infralabial scales 4
5 escamas entre os olhos Epicrates cenchria 5 scales between the eyes Epicrates cenchria
2 2
10 escamas ou mais entre os olhos 3 10 or more scales between the eyes 3
Corpo vermelho, laranja ou amarelo nos jovens e Red, orange or yellow juvenile body, green in
verde nos adultos; fossetas presentes em todas adults; pits present in all supralabial scales;
as supralabiais; mais de 50 fileiras de dorsais; Corallus caninus more than 50 rows of dorsal scales; 4 loreal Corallus caninus
quatro loreais; dois ou três pré-oculares; 90 scales, 2 or 3 preocular; subcaudal scales 90 or
3
subcaudais ou menos
3 less
Coloração marrom, cinza ou amarela com Brown, gray or yellow body, with saddle shaped
desenhos escuros em forma de sela; fossetas dark spots; no pits in the first supralabials; less
ausentes nas primeiras supralabiais; menos de 55
Corallus than 55 rows of dorsal scales; 2 or 3 loreals; 1 Corallus hortulanus
fileiras de dorsais; dois ou três loreais; uma pré- hortulanus preocular; 100 or less subcaudals
ocular; 100 subcaudais ou menos
Small scales on the snout, the same size as the
Escamas do focinho pequenas, do mesmo scales on the head; over 20 scales between
tamanho que as escamas da cabeça; mais de the eyes; nasal scales are not in contact; dark Boa constrictor
20 escamas entre os olhos; escamas nasais não Boa constrictor longitudinal stripe on the head
estão em contato; faixa longitudinal escura sobre 4 Scales on the snout reduced to a pair of large
a cabeça
4 Escamas sobre o focinho reduzidas a um par de
internasals; 4 scales between the eyes; nasal
scales in contact; dark postocular stripe; eyes Eunectes murinus
internasais grandes; 4 escamas entre os olhos; and nostrils on top of head
escamas nasais em contato; faixa pós-ocular Eunectes murinus
escura; olhos e narinas deslocadas para a posição
superior da cabeça
Viperidae
Viperidae Only posterior subcaudal scales paired; spiny
scales along the body and tail Lachesis muta
Subcaudais posteriores pareadas; final da cauda
Lachesis muta 1 All subcaudal scales paired; well defined dark
com subcaudais eriçadas Bothrops atrox
1 Todas as subcaudais pareadas; faixa pós-ocular
postocular stripe
276 277
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Elapidae Elapidae
Corpo coberto por anéis que não formam Body covered by rings that do not form
tríades; dorso vermelho, com anéis pretos triads; red back, with black rings bordered
bordejados de branco; anéis vermelhos são 6-9 in white; red rings are 6-9 times wider than
vezes maiores que anéis pretos; cabeça negra,
Micrurus averyi black rings; black head with white stripes Micrurus averyi
1 com faixas brancas que partem das escamas 1 that run down the supralabial scales and
supralabiais e se estendem posteriormente later extend to the eyes; black tail with
aos olhos; cauda preta com anéis brancos narrow white rings; 190-220 ventrals
estreitos; 190 a 220 escamas ventrais
Body covered by rings that form triads 2
Corpo coberto por anéis 2
Anal scale not divided; back predominantly
Anal inteira; coloração dorsal black, with two narrow white rings between
predominantemente preta, com dois anéis two wider yellow rings; black head with a Micrurus hemprichii
brancos estreitos, dispostos entre dois anéis Micrurus hemprichii 2 yellow nuchal collar
2 amarelos mais largos; cabeça preta com um
colar nucal amarelo Anal divided 3
Only one supralabial (fourth) in contact
Anal dividida 3 Micrurus surinamensis
with the orbit
Somente uma supralabial (quarta) em contato
Micrurus surinamensis 3 Two supralabials (3 and 4) in contact with
com a órbita 4
3 Duas supralabiais (3 e 4) em contato com a
the orbit
Colubridae (Colubrinae)
Colubridae (Colubrinae)
Dorsal scales in even number of rows 2
Escamas dorsais em número par de fileiras 2 1
1 Dorsal scales in odd number of rows 5
Escamas dorsais em número ímpar de fileiras 5
Spilotes
Spilotes 14 rows of dorsal scales
pullatus
14 fileiras de dorsais
pullatus
2
2 10-12 rows of dorsal scales 3
10 a 12 fileiras de dorsais 3
278 279
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
12 fileiras de dorsais, anal dividida, fileira de escamas 12 rows of dorsal scales; anal plate divided;
paravertebrais lisas; ventrais 180-194; 170-176 pares Chironius paravertebral row of scales smooth; ventrals 180- Chironius
3 de subcaudais; adulto marrom a verde oliva, com as multiventris 3 194; paired subcaudals 170-176; adult body color multiventris
extremidades das escamas negras brown to olive green with black edges of scales
10 fileiras de dorsais; anal inteira 4 10 rows of dorsal scales; anal entire 4
Fileiras paravertebrais quilhadas; dorso marrom- Chironius Paravertebral rows of scales keeled; grayish-brown Chironius
acinzentado com manchas transversais marrom-claras fuscus back, with light brown transverse bands fuscus
4 Fileiras paravertebrais lisas; ventrais 153-159; 107- 4 Paravertebral rows of scales smooth; ventrals 153-
115 pares de subcaudais; jovens verdes no dorso e
Chironius Chironius
159, paired subcaudal 107-115; young green on
ventre; adulto marrom-avermelhado scurrulus the back and belly, adults red scurrulus
17 ou menos fileiras de dorsais 6 17 or less rows of dorsal scales 6
5 5
19 ou mais fileiras de dorsais 12 19 or more rows of dorsal scales 12
15 fileiras de dorsais 7 15 rows of dorsal scales 7
6 6
17 fileiras de dorsais 9 17 rows of dorsal scales 9
Anal inteira; loreal presente
Drymoluber Drymoluber
Anal entire; loreal scale present
7 dichrous 7 dichrous
Anal dividida; loreal ausente 8 Anal divided; loreal scale absent 8
Dorsais sem redução; corpo marrom, com uma linha Tantilla Dorsal scales without reduction counting along the
Tantilla
body; brown body, with a dark longitudinal line
longitudinal escura ao longo da região vertebral melanocephala melanocephala
8 8
along the vertebral region
Dorsais com redução de 15 fileiras para 11; corpo Leptophis Dorsal with a reduction from 15 to 11 rows; Leptophis
verde metálico, com escamas bordejadas de negro ahaetulla metallic green body, with scales bordered in black ahaetulla
Anal inteira
Dendrophidion Dendrophidion
9 dendrophis Anal entire
dendrophis
9
Anal dividida 10 Anal divided 10
Dorsais com redução de 17 para 15 fileiras; focinho
Dorsal scales with a reduction from 17 to 15 rows;
não pontiagudo; menos de 130 subcaudais; corpo
marrom, com uma linha longitudinal mais clara nas
Mastigodryas snout not pointed; subcaudals less than 130; Mastigodryas
boddaerti brown body with a longitudinal lighter line on the boddaerti
10 laterais; faixa dourada se destaca na região superior
da íris
10 sides; gold band in the upper region of the iris
Dorsal scales with a reduction from 17 to 13 rows,
Dorsais com redução de 17 para 13 fileiras; focinho
11 pointed snout; more than 130 subcaudals 11
pontiagudo; mais de 130 subcaudais
280 281
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Coloração cinza com manchas irregulares no corpo Oxybelis aeneus Gray body with irregular spots Oxybelis aeneus
11 Oxybelis 11 Oxybelis
Coloração da cabeça e corpo verde uniforme Head and body uniform green
fulgidus fulgidus
Pseustes Dorsal scales in 19 rows at midbody
Pseustes
Dorsais em 19 fileiras no meio do corpo
12 sulphureus 12 sulphureus
Dorsais em 21 fileiras no meio do corpo 13 Dorsal scales in 21 rows at midbody 13
Rhinobothryum Body covered with red and black rings
Rhinobothryum
Corpo coberto por anéis vermelhos e negros completos
lentiginosum lentiginosum
13 13
Ausência de anéis vermelhos e pretos no corpo; corpo e Pseustes Absence of red and black rings on the body; head Pseustes
cabeça de coloração verde-oliva ou marrom-avermelhada poecilonotus and body olive green or reddish-brown poecilonotus
282 283
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
284 285
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
18 Corpo e cauda marrom-avermelhados, com cinco 18 Reddish brown body and tail, with five dark lines
linhas escuras que estendem do pescoço até o that extend from the neck to the end of the tail;
final da cauda; cabeça manchada irregularmente de
Apostolepis sp.
head irregularly spotted in dark and light brown, Apostolepis sp.
marrom-escuro e marrom-claro, com duas manchas with two white circular spots, one below the eyes
brancas circulares, uma abaixo dos olhos e a outra and the other on the neck
na região do pescoço
Dorsal in 17 rows at midbody 20
Dorsais em 17 fileiras no meio do corpo 20 19
19 Dorsal in 19 rows at midbody 31
Dorsais em 19 fileiras no meio do corpo 31
Anal scale entire 21
Anal inteira 21 20
20 Anal scale divided 25
Anal dividida 25
286 287
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Menos de 38 subcaudais
Umbrivaga Umbrivaga
Less than 38 subcaudal scales
26 pygmaea 26 pygmaea
Mais de 38 subcaudais 27 More than 38 subcaudal scales 27
Uma temporal anterior 28 1 anterior temporal 28
27 27
Duas temporais anteriores 30 2 anterior temporals 30
Dorso marrom, com exceção da região do pescoço, Brown back, green neck; black line extending from
de cor verde; linha preta se estende do focinho até o Liophis reginae the snout to the neck; yellow belly with dark spots Liophis reginae
28 pescoço; ventre amarelo com manchas escuras 28 Neck region the same color as the remainder of the
Região do pescoço com a mesma coloração do back 29
restante do dorso 29
288 289
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Dorso marrom-escuro, com duas linhas longitudinais Dark brown back, with two longitudinal yellow lines
amarelas nas laterais que se estendem até a cauda;
Liophis sp.
on the sides that extend to the tail; cream belly, Liophis sp.
ventre creme, com faixas pretas transversais entre as with black transverse bands between the scales
escamas
29 Reddish brown back with gray triangular spots
29 Dorso marrom-avermelhado, com manchas along the body; orange belly with black bands on Liophis
triangulares acinzentadas ao longo de todo o corpo;
Liophis the sides, fused at the center; ventral side of the breviceps
ventre laranja com bandas pretas nas laterais que se tail white with black black spots
fundem no centro; região ventral da cauda branca breviceps
Absence of light brown spots on the neck; white
com manchas pretas
belly; black spotted labial scales; ventral side of the Taeniophalus
Ausência de manchas castanho-claras na região do head black; body with 5 rows of dark brown dorsal brevirostris
pescoço, ventre branco, escamas labiais manchadas
de preto e região ventral da cabeça preta; dorso com
Taeniophalus 30 scales; uniform cream belly
290 291
Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Bibliografia | Bibliography
Ávila-Pires, T.C.S. 1995. Lizards of Brazilian Amazonia (Reptilia: Squamata).
Zoologische Verhandelingen, Leiden. 299, 706 pp.
Beebe, W. 1946. Field notes on the snakes of Kartabo, British Guiana, and Caripito,
Venezuela. Zoologica 31:11–52.
Belluomini, H.E. & Hoge, A.R. 1958 (1957/1958). Contribuição à biologia de Eunectes
murinus (Linnaeus 1758) (Serpentes). Observações sobre hábitos alimentares de
“sucuris” em cativeiro. Memórias do Instituto Butantan 28: 207–216.
Belluomini, H.E.; Veinert, T.; Dissmann, F.; Hoge, A.R. & Penha, A.M. 1977 (1976/1977).
Notas biológicas a respeito do gênero Eunectes Wagler, 1830 “sucuris” [Serpentes:
Boinae]. Memórias do Instituto Butantan 40/41: 79–115.
Cadle, J.E. & Greene, H.W. 1993. Phylogenetic patterns, biogeography, and the
ecological structure of Neotropical snake assemblages. In: R.E. Ricklefs & D. Schluter
(eds.). Species Diversity in Ecological Communities. pp. 281–293. The University of
Chicago Press, Chicago, Illinois.
Campbell, J.A. & Lamar, W.W. 2004. The venomous reptiles of western hemisphere.
Comstock, Ithaca and London. 870 pp.
Campbell, J.A. & Lamar, W.W. 1989. The Venomous Reptiles of Latin America. Cornell
University Press, Ithaca, New York. 425 pp.
Carvalho, C. M.; Alencar, I.C.S. & Vilar, J.C. 2007. Serpentes da região de Manaus,
Amazonas, Brasil. Biologia geral e experimental 7(2): 41-59.
293
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Cascudo, L.C. 1988. Dicionário do folclore brasileiro. 6 ed. Editora da Universidade de Cunha, O.R. & Nascimento, F.P. 1975. Ofídios da Amazônia VII - As serpentes
São Paulo, São Paulo. 811 pp. peçonhentas do gênero Bothrops (jararacas) e Lachesis (surucucu) da região leste
do Pará. (Ophidia, Viperidae). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi 83: 1– 42.
Chevalier, J. & Gheerbrant, A. 2000. Dicionário de símbolos. 15 ed. Editora José
Olympio, Rio de Janeiro. 996 pp. Cunha, O.R.; Nascimento, F.P & Ávila-Pires, T.C.S. 1985. Os répteis da área de Carajás,
Pará, Brasil (Testudines e Squamata). Publicações Avulsas do Museu Paraense Emílio
Chippaux, J.P. 1986. Les serpents de la Guyane Française. Orstom, Paris. 62 pp.
Goeldi 40: 10–92.
Civita, V. 1973. Mitologia. Vol.2. Abril Cultural, São Paulo. 544 pp.
Di-Bernardo, M. 1992. Revalidation of the genus Echinanthera Cope, 1894, and its
Clif, J.D. & Clif, W.B. 1989. Symbols of transformation in dreams. The Crossroad conceptual amplification (Serpentes, Colubridae). Comunicações do Museu de
Publication Company, New York. 155 pp. Ciências e Tecnologia da PUCRS, série zoologia 5: 225–256.
Cunha, O.R. & Nascimento, F.P. 1993. Ofídios da Amazônia: As cobras da região leste Dixon, J.R. 1979. Origin and distribution of reptiles in lowland tropical rainforests of
do Pará. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Zoologia 9: 1-191. South America. In: W.E. Duellman (ed.). The South American Herpetofauna: its Origin,
Evolution, and Dispersal: 217– 240. Museum of Natural History ,The University of
Cunha, O.R. & Nascimento, F.P. 1984. Ofídios da Amazônia XXI. Atractus zidoki no leste Kansas Monographs: 7.
do Pará e notas sobre A. alphonsehogei e A. schach (Ophidia: Colubridae). Boletim
Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Zoologia 1: 219– 225. Dixon, J.R. 1983. Systematics of Liophis reginae and L. williamsi (Serpentes, Colubridae),
with a description of a new species. Annals of Carnegie Museum 52: 113–138.
Cunha, O.R. & Nascimento, F.P. 1983. Ofídios da Amazônia XIX - As espécies de
Oxyrhopus Wagler, com uma subspécie nova, e Pseudoboa Schneider, na Amazônia Dixon, J.R. 1983. The Liophis cobella group of the Neotropical colubrid snake genus
oriental e Maranhão. (Ophidia, Colubridae). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi Liophis. Journal of Herpetology 17: 149–165.
122: 1– 42.
Dixon, J.R. 1987. Taxonomy and geographic variat ion of Liophis typhlus and related
Cunha, O.R. & Nascimento, F.P. 1982. Ofídios da Amazônia XV - As espécies de Chironius “green” species of South America (Serpentes: Colubridae). Annals of Carnegie
da Amazônia oriental (Pará, Amapá e Maranhão) (Ophidia: Colubridae). Memórias do Museum 56: 173–191.
Instituto Butantan 46: 139–172.
Dixon, J.R. & Hendricks, F.S. 1979. The wormsnakes (Family Typhlopidae) of the
Cunha, O.R. & Nascimento, F.P. 1982. Ofídios da Amazônia XIV - As espécies de Micrurus, Neotropics, exclusive of the Antilles. Zoologische Verhandelingen 173: 1–39.
Bothrops, Lachesis e Crotalus do sul do Pará e oeste do Maranhão, incluindo áreas de
Dixon, J.R. & Soini, P. 1977. The reptiles of the upper Amazon basin, Iquitos region,
cerrado deste estado. (Ophidia: Elapidae e Viperidae). Boletim do Museu Paraense
Peru. II. Crocodilians, turtles and snakes. Milwaukee Public Museum Contributions in
Emílio Goeldi 112: 1–58.
Biology and Geology: 1–71.
Cunha, O.R. & Nascimento, F.P. 1981. Ofídios da Amazônia XII - Observações sobre a
Dixon, J.R. & Soini, P. 1986. The reptiles of the upper Amazon Basin, Iquitos region,
viviparidade em ofídios do Pará e Maranhão (Ophidia: Aniliidae, Boidae, Colubridae
Peru. Milwaukee Public Museum, Wiscosin. 154 pp.
e Viperidae). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi 109: 1– 20.
Dixon, J.R.; Thomas, R.A. & Greene, H.W. 1976. Status of the Neotropical snake
Cunha, O.R. & Nascimento, F.P. 1980. Ofídios da Amazônia XI - Ofídios de Roraima e
Rhabdosoma poeppigi Jan, with notes on variation in Atractus elaps (Günther).
notas sobre Erythrolamprus bauperthuisii Duméril, Bibron & Duméril, 1854, sinônimo
Herpetologica 32: 221–227.
de Erythrolamprus aesculapii aesculapii (Linnaeus, 1758). Boletim do Museu Paaense
Emílio Goeldi 102: 1–21. Dixon, J.R.; Wiest-Jr., J.A. & Cei, J.M. 1993. Revision of the Neotropical snake genus
Chironius Fitzinger (Serpentes, Colubridae). Monografie di Museo Regionale di Scienze
Cunha, O.R. & Nascimento, F.P. 1978. Ofídios da Amazônia X – As cobras da região
Naturali, Torino XIII: 1-279.
leste do Pará. Publicações Avulsas do Museu Paraense Emilio Goeldi 31: 1-218.
294 295
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
296 297
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Marques, O.A.V.; Eterovic, A.; Strüssmann, C. & Sazima, I. 2005. Serpentes do Peters, J.A. & Orejas-Miranda, B. 1970. Catalogue of the Neotropical Squamata. Part
Pantanal. Guia ilustrado. Holos, Ribeirão Preto. 179 pp. I: Snakes. Bulletin of the United States National Museum 297: 1–347.
Martins, M. 1994. História natural e ecologia de uma taxocenose de serpentes de mata Pizzato, L. P. 2003. Reprodução de Liophis miliaris (Serpentes: Colubridae) no Brasil:
na região de Manaus, Amazônia central, Brasil. Tese de doutorado (PhD thesis). influência histórica e variações geográficas. Dissertação de mestrado / Masters
Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 99 pp. dissertation. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 103pp.
Martins, M. & Gordo, M. 1993. Bothrops atrox (Common Lancehead). Diet. Herpetological Pizzato, L.; Almeida-Santos, S.M. & Shine, R. 2007. Life-history adaptations to
Review 24: 151-152. arboreality in snakes. Ecology 88(2): 359-366.
Martins, M. & Oliveira, M.E. 1999. Natural history of snakes in forests of the Manaus Prudente, A.L.C; Moura-Leite, J.C. & Morato, S.A.A. 1998. Alimentação das espécies
region, Central Amazonia, Brazil. Herpetological Natural History 6: 78–150. de Siphlophis Fitzinger (Serpentes, Colubridae, Xenodontinae, Pseudoboini). Revista
Brasileira de Zoologia 15: 375-383.
Michaud, E.J. & Dixon, J.R. 1989. Prey items of 20 species of the Neotropical colubrid
snake genus Liophis. Herpetological Review 20: 39- 41. Pyron, R.A.; Burbrink, F.T.; Colli, G.R.; Oca, A.N.M.; Vitt, L.J.; Kuczynski, C.A. &
Wiens, J.J. 2011. The phylogeny of advanced snakes (Colubroidea), with discovery
Murphy, J.C. 1997. Amphibians and Reptiles of Trinidad and Tobago. Krieger Publishing
of a new 3 subfamily and comparison of support methods for likelihood trees.
Company, Malabar. 245 pp.
Molecular Phylogenetics and Evolution 58(2): 329-342.
Nascimento, F.P.; Ávila-Pires, T.C.S & Cunha, O.R. 1987. Os répteis da área de
Pyron, R.A.; Burbrink, F.T. & Wiens, J.J. 2013. A phylogeny and revised classification
Carajás, Pará, Brasil (Squamata) II. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série
of Squamata, including 4161 species of lizards and snakes. BMC Evolutionary Biology
Zoologia 3: 33–65.
13: 93.
Nascimento, F.P.; Ávila-Pires, T.C.S. & Cunha O.R. 1988. Répteis Squamata de
Ribeiro, J.E.L.S.; Hopkins, M.J.G.; Vincenti, A.; Sothers, C.A.; Costa, M.A.S.;
Rondônia e Mato Grosso coletados através do Programa Polonoroeste. Boletim do
Brito, J.M.; Souza, M.A.D.; Martins, L.H.P.; Lohman, L.G.; Assunção, P.A. C.L.;
Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Zoologia 4: 21–66.
Pereira, E.C.; Silva, C.F.; Mesquita, M.R. & Procópio, L. 1999. Flora da Reserva
Oliveira, M.E. & Martins, M. 2001. When and where to find a Pitviper: activity Ducke: Guia de identificação das plantas vasculares de uma Floresta de Terra Firme na
patterns and habitats use of the lancehead Bothrops atrox in Central Amazonia. Amazônia Central. INPA, Manaus. 800 pp.
Herpetology Natural History 8(2): 101-110.
Roddaz, M.; Hermoza, W.; Mora, A.; Baby, P.; Parra, M.; Christophoul, F.; Brusset,
O’Shea, M.T. 1989. The herpetofauna of Ilha de Maracá, State of Roraima, Northern S. & Espurt, N. 2010. Cenozoic sedimentary evolution of the Amazonian foreland
Brazil. In: J. Coote (ed.). Reptiles: Proceedings of the 1988 U.K. Herpetological basin system. In: C. Hoorn & Wesselingh, F. (eds). Amazonia: landscape and species
Societies Symposium on Captive Breeding: 51–72. British Herpetological Society, evolution – a look into the past. Willey Blackwell. 464 pp.
Montrose, Angus.
Roze, J. A. 1996. Coral Snakes of the Americas: Biology, Identification, and Venoms.
PPBio. 2007. Programa de Pesquisa em Biodiversidade. Disponível em (available in) Krieger Publishing Company, Malabar, Florida. 328 pp.
<http://ppbio.inpa.gov.br>.
Roze, J.A. 1982. New World coral snakes (Elapidae): a taxonomic and biological
Pardal, P.P O.; Monteiro, M.R.C.C.; Arnaund, R.N.; Lopes, F.O.B. & Asano, M.E. summary. Memórias do Instituto Butantan 46: 305–338.
1995. Aspectos epidemiológicos de 465 acidentes ofídicos atendidos no HUJBB –
Roze, J.A. 1966. La taxonomia y zoogeografía de los ofídios de Venezuela. Ediciones de la
Belém – Pará, no período de 1993-1994. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Biblioteca Universidad Central de Venezuela, Caracas. 362 pp.
Tropical 28: 172.
298 299
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Sá-Neto, R.P. & Santos, M.C. 1995. Aspectos epidemiológicos dos acidentes ofídicos Zaher, H.; Grazziotin, F.G.; Cadle, J.A.; Murphy, R.W.; Moura-Leite, J.C. & Bonatto,
atendidos no Instituto de Medicina Tropical de Manaus (IMTM), 1986-92: estudo S.L. 2009. Molecular phylogeny of advanced snakes (Serpentes, Caenophidia) with an
retrospectivo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 28(1): 171. emphasis on South American Xenodontines: a revised classification and descriptions
of new taxa. Papéis Avulsos de Zoologia 49(11): 115-153.
Sasa, M & Solórzano, A. 1995. The reptiles and amphibians of Santa Rosa National
Park, Costa Rica, with comments about the herpetofauna of xerophytic areas. Zaher, H.; Oliveira, M.E.; Franco, F.L. 2008. A new brightly colored species of Pseudoboa
Herpetological Natural History 3: 113-126. Schneider, 1801 from the Amazon Basin (Serpentes: Xenodontinae). Zootaxa 1674:
27-37.
Schulz, R. & Seidel, M. 2001. Egypto. O mundo dos faraós. Könemann Verlagsgsellschaft
Mbh. Colonia, Alemanha. 538 pp. Zimmermann, B.L. & Rodrigues, M.T. 1990. Frogs, Snakes, and Lizards of the INPA/
WWF reserves near Manaus, Brazil. In: A.H. Gentry (ed.). Four Neotropical Rainforests.
Stafford, P.J. & Henderson, R.W. 1996. Kaleidoscopic Tree Boas: The Genus Corallus of
Yale University Press, New Haven, Connecticut.
Tropical America. Krieger Publishing Company, Malabar. 120 pp.
Starace, F. 1998. Guide des Serpents at Amphisbènes de Guiane. Ibis Rouge Éditions,
Paris. 449 pp.
Townsend, T.M.; Larson, A.; Louis, E. & Macey, R. 2004. Molecular Phylogenetics of
Squamata: the position of snakes, amphisbaenians and Dibamids, and the root of
the Squamate Tree. Systematic Biology 53(5): 735-757.
Vidal, N. & Hedges, S.B. 2009. The molecular evolutionary tree of lizards, snakes, and
amphibaenians. C. R. Biologies 332: 129-139.
Vidal, N. & Hedges, S.B. 2004. Molecular evidence for a terrestrial origin of snakes.
Proceedings of the Royal Society of London Series Biological Sciences 271: 226–229.
Vitt, L.J. 1996. Ecological observations on the tropical colubrid snake Leptodeira
annulata. Herpetological Natural History 4: 69–76.
Vitt, L.; Magnusson, W.E.; Ávila-Pires, T.C. & Lima, A.P. 2008. Guia de Lagartos da
Reserva Adolpho Ducke – Amazônia Central / Guide to the Lizards of Reserva Adolpho
Ducke Central Amazonia. Áttema Design Editorial, Manaus. 175 pp.
Webb, J.K. & Shine, R. 1997. Out of limb: conservation implications of tree-hollow use
by a threatened snake species (Hoplocephalus bungaroides: Serpentes, Elapidae).
Biological Conservation 81: 21-33.
Wüster, W.; Thorpe, R.S. Puorto, G. & BBBSP. 1996. Systematics of the Bothrops
atrox complex (Reptilia: Serpentes: Viperidae) in Brazil: a multivariate analysis.
Herpetologica 52: 263–271.
300 301
Guia de Cobras da região de Manaus | Amazônia Central Guide to the Snakes of the Manaus region | Central Amazonia
Autores | Authors
Ana Lúcia da Costa Prudente é
pesquisadora titular do Museu
Paraense Emílio Goeldi e professora
do Programa de Pós-graduação em
Rafael de Fraga é estudante de
Zoologia, MPEG/UFPA. Trabalha
doutorado em Ecologia no INPA, e
há mais de 15 anos com serpentes
estuda serpentes amazônicas há
amazônicas, com ênfase em
sete anos.
sistemática.
Rafael de Fraga is a doctoral student
Ana Lúcia da Costa Prudente is a
in Ecology at INPA, and has studied
researcher with the Museu Paraense
snakes in the Amazon for seven years.
Emílio Goeldi and professor in the
Graduate Program in Zoology, MPEG
/ UFPA. She has studied Amazonian
snakes for more than 15 years, with
an emphasis on systematics.
302 303