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O que ocorre com pessoas que perdem seus empregos ou são confinadas ao
trabalho mal remunerado de meio-expediente ou de tempo integral? Em vez de
simplesmente atribuir a ausência de revolta a processos gerais ou abstratos
(globalização) ou condições estruturais (a fragmentação e dispersão de locais
de trabalho), ou a afinidades ideológicas (conservadores viscerais, machismo,
racismo) ou a identidades históricas (parte do sul dos Estados Unidos), os
quais podem desempenhar um determinado papel, é importante examinar os
efeitos sociopsicológicos destas mudanças negativas induzidas pelo
empresariado nos trabalhadores.
Não são forças econômicas globais impessoais que estão operando aqui, mas
uma estratégia econômica enraizada nos interesses da classe alta e das
corporações. Essa estratégia, à qual nos referimos como neoliberalismo, tem o
objetivo de transferir riqueza para cima, ao retirar ou diminuir os benefícios,
proteções, regras de pagamento e de emprego, e enfraquecer organizações da
classe trabalhadora características do período pós-guerra.
Há boas razões para pensar que as mulheres sofrem mais stress que os
homens por causa dos conflitos entre suas funções no trabalho e em casa
(conflito de funções) assim como a sim-ples magnitude das tarefas que são
forçadas a tentar realizai (sobrecarga de funções) (Emmons et al, 1990, 86;
Piotrkowski, Rapaport e Rapaport, 1987: 256). Enquanto há um certo aumento
na participação do marido no trabalho de casa, as esposas ainda realizam uma
parcela desproporcional deste trabalho (Emmons et al, 1990: 86). As mulheres,
assim, vivenciam mais conflitos entre seus papéis; mulheres casadas
empregadas vivenciaram mais conflitos de papéis do que mulheres que eram
donas-de-casa (Emmons et al, 1990: 86). Famílias mais pobres, e
particularmente as mulheres nestas famílias, que não possuíam os recursos
para administrar os conflitos entre a casa e o trabalho, valendo-se de
empregadas domésticas, por exemplo, estavam propensas a sofrer de stress
na medida em que as tensões do trabalho eram levadas para o ambiente
familiar e vice-versa (McRae, 1989, 42). O stress ocupacional tem sido
associado, entre os operários do sexo masculino, com uma variedade de
sintomas psicológicos e desordens, incluindo problemas ligados ao álcool.
Embora haja menos estudos sobre as operárias, há evidências que sugerem
que esta associação é válida para elas também (Bromet et al, 1990: 135).
Estudos sobre operárias concluíram que havia uma forte relação entre o stress
na família e o conflito conjugal de um lado, e depressão e sintomas
depressivos de outro (Bromet et al, 1990: 136). De acordo com um estudo
recente sobre mulheres e trabalho de tempo parcial, as trabalhadoras não
demonstraram ter menos conflitos de funções ou sobrecarga de funções
(Barker, 1993). Por quê isto deveria ser assim, e suas consequências para a
vida das mulheres e das famílias, são áreas importantes de investigação para
futuros estudos, considerando o que se sabe sobre o stress no emprego e em
casa.
Enquanto a taxa daqueles que recebem baixos salários aumentou para todas
as faixas etárias a partir de 1979, trabalhadores jovens tem maior probabilidade
de receber salários baixos. A percentagem de trabalhadores permanentes em
tempo integral na categoria dos 18 aos 24 anos de idade que recebem baixos
salários cresceu de 22,3 % em 1974 para 39,2 % em 1989. A expansão de
empregos de baixos salários contribuiu para o que tem sido descrito como “um
dos mais significativos acontecimentos na questão da renda nas últimas
décadas”: a queda na renda familiar nas famílias mais jovens tentando criar os
filhos.
Lares encabeçados por pessoas com menos de 25 anos de idade tiveram uma
queda na renda familiar de 26,3% entre 1973 e 1986. Como um economista
especializado em questões trabalhistas afirmou, “a posição relativa da renda na
famílias mais jovens da nação se deteriorou acentuada e continuamente
durante as duas últimas décadas (1967-1986)”. (William T. Grant Foundation:
16, 18) Os casais perderam 11% de suas rendas no período de 1973-86
enquanto famílias encabeçadas por mulheres sem marido sofreram uma perda
de 32,4% de sua renda. As famílias brancas perderam 19,4% de sua renda real
no período, comparados com 46,7% de perda para as famílias negras
encabeçadas por uma só pessoa nessa faixa etária.
O divórcio é mais provável entre pessoas de baixa renda, uma constatação que
se tem provado verdadeira durante várias décadas de pesquisa. O trabalho
não-qualificado também tem sido associado com maior instabilidade conjugal
(Raschke, 1987: 603). Pode ser que experiências de trabalho estressantes e
insatisfatórias sejam transplantadas para os lares, onde acabem levando a
conflitos (Piotrowski, Rapoport e Rapoport, 1987: 266).
Conclusão