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XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental

II-048 - AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DOS POÇOS


ARTESIANOS DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFRN / NATAL - RN

Josette Lourdes de Sousa Melo(1)


Licenciatura em Química, UFPB. Engenheira Química, UFPE. Especialização em
Segurança do Trabalho, UFPE. Mestre em Química Analítica, UFPE. Doutora em
FOTOGRAFIA
Engenharia Ambiental, INSA, Toulouse/França. Professor Adjunto IV do DEQ e PPGEQ
da UFRN. Chefe do Lab. Eng. Amb. do DEQ/UFRN. Tutora do PET/DEQ da UFRN. NÃO
Pesquisadora do PROSAB/PRONEX/UFRN. DISPONÍVEL
Josivan de Medeiros Dantas
Técnico Químico, ETFPE. Engenheiro Químico, UFRN. Aluno do Curso de
Especialização em Segurança do Trabalho, UFRN. Técnico em Laboratório da UFRN.
Gustavo Magalhães Cezar
Aluno do Curso de Engenharia Química, UFRN. Bolsista PET/CAPES.

Endereço(1): Rua Maxaranguape, 910 - apto. 901 - Tirol - Natal - RN - CEP: 59020-160 - Brasil - Tel: 984-
8224 / 221-4927 / 215-3757 - e-mail: josette@eq.ufrn.br

RESUMO
Atualmente, tem-se observado um aumento significativo do uso de águas subterrâneas em detrimento ao uso
de águas de superfícies para abastecimento, devido ao menor custo de tratamento, distribuição e
principalmente a escassez de recursos hídricos que devem obedecer critérios rígidos, racionalmente
estabelecidos em legislação apropriadas, onde a fiscalização do uso é medida indispensável. A população
atendida pelo sistema de abastecimento de água do Campus Universitário da UFRN/Natal, é cerca de 25.800
pessoas (5020 servidores e 20780 alunos) onde este abastecimento é constituído por um sistema de 04 poços
artesianos, não fazendo uso, portanto, do sistema de abastecimento de água fornecido pela Companhia de
Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte - CAERN. Tendo em vista a preocupação, com respeito ao
seguimento dos padrões de qualidade, o trabalho desenvolvido teve como objetivo principal realizar um
diagnóstico da qualidade das águas do sistema de abastecimento do Campus Universitário. Para tanto, foram
realizadas coletas, com uma freqüência mensal, na saída de cada poço, assim como nos reservatórios para
onde a água se dirige. As amostras foram coletadas, acondicionadas e preservadas segundo normas do Guia
de Coleta e Preservação de Amostras (CETESB, 1977), e os métodos analíticos os preconizados pelo
APHA(1995). Os valores médios de pH, oscilaram entre 5,00 a 5,63, indicando uma água de característica
ácida, proveniente do conteúdo mineral presente no solo. Os parâmetros cloretos, sulfatos, ferro, sódio e
potássio estão em conformidade com os limites permitidos pelo CONAMA. A água do Poço-3 e, do
Reservatório-3 encontram-se, ligeiramente, acima dos padrões de potabilidade previsto pelo CONAMA, para
o parâmetro nitrato. Os valores de Coliformes Totais apresentados nos Reservatórios 3 e 4, indicam que
nestes precisam ser realizados uma limpeza seguida de uma desinfeção. Pode-se concluir que as águas dos
Poços utilizada pela comunidade Universitária do Campus/UFRN da Cidade de Natal/RN, apresentam
características físico-químicas e bacteriológicas aceitáveis , exceção para o Poço-3 por apresentar
concentração de nitrato superior ao permitido pela Legislação.

PALAVRAS-CHAVE: Diagnóstico, Qualidade das Águas, Sistema de Abastecimento, Poços Artesianos.

INTRODUÇÃO
Elemento indispensável a todos os seres vivos, a água constitui o insumo essencial a preservação da vida no
planeta. Nos últimos anos vem-se verificando a crescente exploração dos recursos naturais onde a água é o
mais procurado e também o que mais tem sido afetado pela sua intensificação em função da sua utilização
nos diversos usos. Segundo dados do relatório das Nações Unidas, hoje cerca de três bilhões de pessoas não
têm acesso à rede de saneamento e mais de cinco mil crianças morrem todos os dias em decorrências de
doenças provocadas, direta ou indiretamente, por água contaminada.

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Uma parte da água da chuva, que se infiltra no solo, reaparece à superfície deste, não somente como agente
capaz de manter uma certa uniformidade na descarga dos cursos d’água, como também sob a forma de poços
e fontes. A água subterrânea pode ser captada das camadas de terreno as mais diversas, constituídas , por
vezes, de areia, cascalho, argila, rocha em decomposição, arenitos, calcáreo e nas fendas e planos de
clivagens das rochas mais duras cujo adensamento as torna incapazes de reter quantidades apreciáveis de
água. As águas subterrâneas normalmente contém menos bactérias, menos matéria orgânica e maior
quantidade de substâncias minerais do que as águas de superfície.

Notoriamente nas últimas décadas a utilização de água subterrânea para o consumo humano aumentou
significativamente em comparação a água superficial, e isso tem afetado gravemente a disponibilidade deste
recurso para o futuro, principalmente pela sua utilização desastrosa.

De um modo geral, é muito difícil poder avaliar-se a quantidade de água subterrânea disponível. O
abastecimento não é inesgotável e depende de certas condições, principalmente da porosidade do solo ou sua
constituição geológica relativa a passagem da água, declividade da superfície do lençol d’água, precipitação e
área de seção transversal desse mesmo lençol.

A contaminação das águas subterrâneas, deve se a construção desordenadas de poços particulares, da


infiltração de excretos provenientes de fossas sépticas e redes de esgotos com manutenção deficiente,
infiltração de compostos tóxicos de depósitos industriais e vertedores de lixo, além da utilização indevida de
antigas cacimbas transformadas em fossas.

A população atendida pelo sistema de abastecimento de água do Campus Universitário da UFRN/Natal, é


cerca de 25.800 pessoas (5020 servidores e 20780 alunos) onde este abastecimento é constituído por um
sistema de 04 poços artesianos, não fazendo uso, portanto, do sistema de abastecimento de água fornecido
pela Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte - CAERN.

Existem atualmente uma preocupação com relação aos padrões de qualidade da água que é consumida pela
Comunidade Universitária no Campus da UFRN/Natal-RN, principalmente com relação ao alto teor de
nitratos, presente nas águas da cidade de Natal, fator esse limitante da qualidade para o consumo humano,
assim como as bactérias Coliformes Totais e Coliformes Fecais que também limitam os padrões de
potabilidade da água de abastecimento público.

Tendo em vista a preocupação, com respeito ao seguimento dos padrões de qualidade, o presente trabalho
teve como objetivo principal a realização de um diagnóstico preliminar da qualidade das águas do sistema de
abastecimento do Campus Universitário que a atende toda Comunidade Universitária. Será dado
continuidade ao trabalho, por um período de 12 (doze) meses, para verificar a sazonalidade no lençol
freático.

DESCRIÇÃO DO SISTEMA ESTUDADO


O sistema de abastecimento de água do Campus Universitário da UFRN/Natal-RN é constituído de 04
(quatro) poços com as características apresentadas na tabela 1:

Tabela 1: Características construtivas de cada poço que compõem o sistema estudado:


POÇO-1/P1 POÇO-2/P2 POÇO-3/P3 POÇO-4/P4
Profundidade 92 m Profundidade 92 m Profundidade 103,60m Profundidade 95,5 m
Vazão (l / h) 51.428 Vazão (l / h) 14.693 Vazão (l / h) 48.000 Vazão (l / h) 42.000
Diâmetro do 9. 5/8” Diâmetro 8” Diâmetro 8” Diâmetro 8”
Tubo Tubo do Tubo do Tubo
Nível 36,69m Nível 26,31 m Nível 45,70 m Nível 35,30 m
Dinâmico Dinâmico Dinâmico Dinâmico
Nível Estático 35,26m Nível Estático 25,67 m Nível Estático 45,30 m Nível Estático 29,50 m
Rebaixamento 4,43 m Rebaixamento 0,64 m Rebaixamento 0,34 m Rebaixamento 5,80 m

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Os poços e seus respectivos reservatórios encontram-se distribuídos ao longo do Campus Universitário nas
seguintes áreas: Poço / Reservatório 1 - Próximo ao Ginásio de Esportes, Poço / Reservatório 2 - Por trás do
Departamento de Geologia, Poço / Reservatório 3 - Entre a Casa de vegetação e a Fundação do Alimento e
Poço / Reservatório 4 - Próximo ao Centro de Tecnologia.

MATERIAIS E MÉTODOS
Para a execução do trabalho foram realizadas coletas de amostras d’água na saída de cada poço, antes de
passar para os reservatórios, assim como também nestes. A amostragem foi fortuita com uma freqüência
mensal. O procedimento de coleta , acondicionamento e preservação seguiram as normas estabelecidas pelo
Guia de Coleta e Preservação de Amostras (CETESB, 1977). Os métodos analíticos empregados foram os
preconizados pelo Standard Methods for Examination of Water and Wastewater ‘ 19a edição (1995).
Para tanto, foram analisados os parâmetros pH, condutividade, dureza total, acidez, alcalinidade, cloretos,
ferro total, nitratos, sulfatos sódio, potássio, resíduos fixos, coliformes totais e fecais. Estes parâmetros são os
estabelecidos como padrões de potabilidade do CONAMA, resolução número 20 de 18/06/1986.

RESULTADOS
Os resultados obtidos no período estudado, indicados na Tabela 2, mostram que os valores médios de pH,
oscilaram entre 5,00 a 5,63, indicando uma água de característica ácida, proveniente do solo da nossa região.
O menor valor médio de condutividade elétrica (132,1 µS/cm) foi observado no Reservatório-2, e o máximo
de 243,5 µS/cm no reservatório-3, indicam, com uma boa aproximação, que as águas dos poços e reservatório
possuem uma quantidade de sólidos totais dissolvidos baixos. A dureza total, em todos os pontos de
amostragem, apresentou valores superiores a alcalinidade total, mostrando a predominância de uma dureza a
Carbonatos. Os parâmetros cloretos, sulfatos, ferro, sódio e potássio estão em conformidade com os limites
permitidos pelo CONAMA. A água do Poço-3 e, consequentemente, do Reservatório-3 encontram-se,
ligeiramente, acima dos padrões de potabilidade previsto pelo CONAMA, para o parâmetro nitrato. Os
valores de Coliformes Totais apresentados nos Reservatórios 3 e 4 (1 e 2,5 NPM/100 ml) indicam que nestes
precisam ser realizados uma limpeza seguida de uma desinfeção, uma vez que por se tratar de Águas Doces,
pertencentes a Classe Especial, a Resolução No 20 do CONAMA, não permite a presença, em qualquer
amostra, de Coliformes Totais. A ausência de resultados relativos ao Poço e ao Reservatório 1, deve-se a um
problema ocorrido com a bomba de sucção, que impossibilitou a avaliação destes pontos.

Tabela 2 : Valores Médios dos Parâmetros Analisados, entre abril e julho de 2000.
Parâmetros
Pontos de Amostragem
R2 R3 R4 P2 P3 P4
PH 5,37 5,37 5,37 5,06 5 5,63
Condutividade (µS/cm) 132,1 243,5 197,2 132,35 233,5 153,55
Dureza Total (ppm CaCO3) 14 34,5 26,5 11 28,5 19
Alcalinidade (ppm CaCO3) 3,75 4,5 7,75 2,25 2 6
Acidez (ppm CaCO3) 12,08 16,97 10,92 24,01 32,64 16,39
Cloretos (ppm) 11,47 17,01 17,35 9,86 20,21 9,76
Ferro Total (ppm) 0,075 0 0,015 0,13 0,005 0,01
Sulfato (ppm) 1,445 1,445 1,425 1,35 2,76 19
Nitrato (ppm) 7,46 12,68 6,8 7,25 12,77 6,45
Nitrito (ppm) 0 0 0 0 0 0
Potássio (ppm K+) 2,85 4,1 4,4 2,85 3,9 4,75
Sódio (ppm Na+) 15,6 24 16,15 15,3 23,85 16,4
Sólidos Fixos (ppm) 81 172 20 34 90 48
Coliformes Totais (NPM/100mL) 0 0,5 2,5 0 0 0
Coliformes Fecais (NPM/100mL) 0 0 0 0 0 0
R = Reservatório, P = Poço

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CONCLUSÕES
De posse destes resultados preliminares pode-se concluir que o sistema de abastecimento do Campus
Universitário da UFRN da cidade do Natal/RN, composto por uma bateria de poços artesianos, apresentam
características físico-químicas e bacteriológicas aceitáveis, indicando, apenas, uma concentração de Nitrato,
superior ao permitido, no caso do Poço-3. Sugere-se que o suprimento de água oriunda desse Poço,
recepcionada no Reservatório-3, seja diluída com água dos demais Poços, mantendo-se sempre o controle que
atenda a Legislação vigente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. APHA,AWWA,WPCF - Standart Methods for the Examination of Water and Wastewater. 19th edition. New
York. American Public Health Association.
2. HAMMER, M. J. - Sistemas de Abastecimento de Água e Esgotos, Ed. Livro Técnico e Científico, Rio de
Janeiro, 1979.
3. HANDENBERGH, W.A - Abastecimento e Purificação da Água. 2a Ed. ABES, Rio de Janeiro, 1985.
4. LOGAR, John - Interpretação de Análises Químicas de Águas, 1a Ed. Tradução: Araknéa Martins de Lemos,
Recife, 1965.
5. SOUZA, H.B & DERSIO, J.C. - Guia Técnico de Coleta de Amostras de Água - CETESB, São Paulo/SP,
1977.

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