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PSICOPATOLOGIA
Apresentada de forma simples e objetiva.
Atenção:
Este trabalho foi organizado para apoio didático.
RIO DE JANEIRO
2008
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ÍNDICE
Introdução........................................................................04
Agorafobia........................................................................05
Alcoolismo........................................................................06
Anorexia...........................................................................18
Ansiedade.........................................................................20
Ansiedade Generalizada..................................................21
Ansiedade Social..............................................................24
Autismo..............................................................................29
Bipolar................................................................................29
Bulimia................................................................................33
Ciclotimia............................................................................35
Cleptomania.......................................................................35
Cocaína..............................................................................36
Crack..................................................................................37
Déficit de Atenção..............................................................38
Delirante.............................................................................42
Demências...........................................................................42
Depressão ..........................................................................45
Dissociativo..........................................................................49
Distimia................................................................................52
Ecstasy.................................................................................54
Esquizoafetivo......................................................................57
Esquizofrenia........................................................................58
Esquizofreniforme.................................................................69
Estresse Pós-Traumático.....................................................69
Fobia Social..........................................................................71
Fobia Específica...................................................................74
Maconha...............................................................................75
Obsessivo Compulsivo........................................................78
Pânico...................................................................................80
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Personalidade Patológica e seus 08 transtornos: ...........87
Piromania.............................................................................91
Psicose.................................................................................92
Psicose Puerperal................................................................93
Psicose Transitória...............................................................94
Somatoforme........................................................................95
Sono.....................................................................................96
Suicídio.................................................................................98
Tensão Pré-Menstrual..........................................................102
Tricotilomania........................................................................104
Criança..................................................................................106
Ansiedade na Infância..........................................................106
Autismo.................................................................................108
Depressão Infantil.................................................................116
Fobias na Infância................................................................117
Transtornos Infantis..............................................................118
Fontes pesquisadas.............................................................123
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INTRODUÇÃO
Fiz este trabalho de pesquisa para meu uso pessoal, o qual, agora compartilho com
vocês. Este texto é direcionado para estudantes de graduação, pós-graduação e mestrado
na área de saúde mental. E foi estruturado de forma simples e descomplicada, para uma
consulta rápida e precisadas principais psicopatologias conhecidas.
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AGORAFOBIA
A agorafobia é o comportamento de evitação provocados por lugares ou situações onde o
escape seria difícil ou embaraçoso caso se tenha uma crise de pânico ou algum mal estar.
Características:
A relação entre a agorafobia e o pânico é muito próxima. Existe transtorno do pânico sem
agorafobia, mas a agorafobia sem pânico é rara, havendo até mesmo quem afirme que não
existe agorafobia isoladamente. De 1/3 a 1/2 dos pacientes com pânico apresentam
agorafobia. As crises de pânico são bastante desagradáveis, mas não afetam o ritmo de vida
como a agorafobia faz: torna os pacientes dependentes de outras pessoas para sair de casa
e fazer as coisas mais elementares como comprar um pão na padaria. A agorafobia pode
impedir o paciente de ir ao trabalho, ao médico, de ajudar quem dele precisa. Pode até
impedir o paciente de comparecer a ocasiões especiais como o casamento do próprio filho.
A agorafobia pode tanto se manifestar de forma específica ou generalizada como sair de
casa. Os lugares específicos mais frequentemente atingidos pela a agorafobia são os túneis,
passarelas, pontes, avenidas largas ou rodovias; pode se manifestar pelo medo de
multidões como nos shopping, restaurantes, filas, cinemas, teatros, elevadores. A limitação
eventual incomoda pouco, mas quando atingem locais essenciais como ônibus, carros,
metrô ou trens a vida do paciente fica bem mais comprometida. Toda essa dificuldade
sempre é superada pela companhia de alguém: às vezes basta uma criança como
companhia para o agorafóbico sentir-se tranquilo. Por causa da necessidade de companhia,
a agorafobia interfere na dinâmica da família. Há pacientes que não toleram ficar sozinhos
em casa, precisando ou exigindo a presença de alguém. Este tipo de problema provoca
irritação nos parentes que quando não conhecem o problema passam a hostilizar ou
ridicularizar o paciente que sofre com sua ansiedade e com a incompreensão. Quando o
tratamento não é feito ou não é conhecido, o paciente realmente depende da presença de
outras pessoas, e surge com isso um sentimento de culpa por estar interferindo na vida dos
outros e ao mesmo tempo uma inconformidade com essa situação incontrolável é
incompreensível para o próprio paciente. A impossibilidade de solucionar o problema leva o
paciente a pensar em suicídio e a desenvolver um quadro depressivo.
Diagnóstico
Tratamento
ALCOOLISMO
O alcoolismo é o conjunto de problemas relacionado ao consumo excessivo e prolongado do
álcool; é entendido como o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas, e
todas as consequências decorrentes. O alcoolismo é, portanto, um conjunto de diagnósticos.
Dentro do alcoolismo existe a dependência, a abstinência, o abuso (uso excessivo, porém
não continuado), intoxicação por álcool (embriaguez). Síndromes amnésicas (perdas
restritas de memória), demencial, alucinatória, delirante, de humor. Distúrbios de ansiedade,
sexuais, do sono e distúrbios inespecíficos. Por fim o delirium tremens, que pode ser fatal.
Assim o alcoolismo é um termo genérico que indica algum problema, mas medicamente para
maior precisão é necessário apontar qual ou quais distúrbios estão presentes, pois
geralmente há mais de um.
A Dependência (Submissão)
As medicações hoje em uso atuam sobre essas fases: a naltrexona inibe o prazer dado pelo
álcool, inibindo o reforço positivo; o acamprosato diminui o mal estar causado pela
abstinência, inibindo o reforço negativo. Provavelmente, dentro de pouco tempo, teremos
estudos avaliando o benefício trazido pela combinação dessas duas medicações para os
dependentes de álcool que não obtiveram resultados satisfatórios com cada uma
isoladamente.
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Tolerância e Dependência:
O alcoólatra iniciante sempre tem a impressão de que pode parar quando quiser e afirma:
"quando eu quiser, eu paro". Essa frase geralmente encobre o alcoolismo incipiente e
resistente; resistente porque o paciente nega qualquer problema relacionado ao álcool,
mesmo que os outros não acreditem, ele próprio acredita na ilusão que criou. A negação do
próprio alcoolismo, quando ele não é evidente ou está começando, é uma forma de defesa
da autoimagem (aquilo que a pessoa pensa de si mesma). O alcoolismo, como qualquer
diagnóstico psiquiátrico, é estigmatizante. Fazer com que uma pessoa reconheça o próprio
estado de dependência alcoólica, é exigir dela uma forte quebra da autoimagem e
consequentemente da autoestima. Com a autoestima enfraquecida a pessoa já não tem a
mesma disposição para viver e, portanto, lutar contra a própria doença. É uma situação
paradoxal para a qual não se obteve uma solução satisfatória. Dependerá da arte de
conduzir cada caso particularmente, dependerá da habilidade de cada psiquiatra.
Tratamento
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um veículo ladeira abaixo, pondo-se à frente deste, tentando impedir que o automóvel
deslanche, atropelando o próprio motorista. Com as novas medicações o motorista está
dentro do carro apertando o pedal do freio até que o carro chegue ao fim da ladeira. Em
ambos os casos, é possível chegar ao fim da ladeira (controle do alcoolismo). Numa o
esforço é enorme causando grande percentagem de fracassos; noutro o esforço é pequeno,
permitindo grande adesão ao tratamento. Vejamos agora algumas informações sobre as
novas medicações.
Naltrexona
A naltrexona é uma substância conhecida há vários anos; seu uso restringia-se ao bloqueio
da atividade dos opióides. É uma espécie de antídoto para a intoxicação de heroína, morfina
e similares. Recentemente verificou-se que a naltrexona possui um efeito bloqueador do
prazer proporcionado pelo álcool, cortando o ciclo de reforço positivo que leva e mantém o
alcoolismo. A naltrexona foi à primeira substância a atingir a essência do alcoolismo: o
desejo pelo consumo de álcool. Como era uma medicação conhecida quanto aos efeitos
benéficos e colaterais, sua utilização para o alcoolismo foi relativamente rápida, pois já se
encontrava no mercado há muitos anos: bastou que se acrescentasse na bula uma nova
indicação, o tratamento do alcoolismo. Os principais efeitos colaterais da naltrexona, o enjôo
e o vômito não são intensos o suficiente para impedir o seu uso. Os principais efeitos da
naltrexona são inibir o desejo pelo álcool e mesmo que se beba o prazer da sensação de
estar "alto" é abolido. Assim, a bebida para o alcoólatra em uso de naltrexona se torna sem
graça. Como não há uma interação danosa entre Álcool e naltrexona, a naltrexona exerce
uma real atividade terapêutica. Os estudos mostram que a recaída do alcoolismo é menor
entre as pessoas que fazem uso de naltrexona em relação ao placebo; o baixo índice de
efeitos colaterais da naltrexona permite que os pacientes se comprometam ao tratamento
prolongado. Agora ficou mais fácil diferenciar o alcoólatra impotente perante seu vício
daquele que simplesmente não quer abandonar o prazer da embriaguez. O paciente que se
nega a tratar-se por perceber que a naltrexona abole o prazer é o alcoólatra por opção;
aquele que adere ao tratamento era a vítima do vício. Por fim, não podemos esquecer que
nem todos os pacientes se beneficiam da naltrexona, ou seja, há uma parcela da população
que mesmo em uso da naltrexona mantém o prazer da bebida e nesses o tratamento é
ineficaz. A naltrexona foi o primeiro e grande passo para o tratamento do alcoolismo, mas
não resolveu todo o problema sozinho.
Acamprosato
Ondansetrona
Esta medicação vem sendo usada e aprovada como inibidor de vômitos, principalmente nos
pacientes que fazem uso de medicações que provocam fortes enjoos como alguns
quimioterápicos. Está em estudo a utilização na bulimia nervosa para conter os vômitos
induzidos por esses pacientes. Mais recentemente vem sendo estudado seu efeito no
tratamento do álcool. Esses estudos ainda estão em fase preliminar; uma possível
aprovação para o alcoolismo deverá levar talvez alguns anos. Essa medicação tem um
efeito específico como antagonista do receptor serotoninégico 5-HT3. Por enquanto há
poucos estudos da eficácia da Ondansetrona no alcoolismo, o que se obteve, por enquanto,
é uma maior eficácia no tratamento do alcoolismo nas fases iniciais. Alcoolistas de longa
data e doses altas não apresentaram resultado muito superior ao placebo. Se aprovada
hoje, sua utilização recairia sobre os pacientes alcoólatras há pouco tempo. A forma de ação
é parecida a da naltrexona, inibindo o reforço positivo, o prazer que o álcool dá nas fases
iniciais do alcoolismo. Os pacientes que tomam Ondansetrona tendem a beber menos que o
habitual. Os autores de um recente trabalho com a Ondansetrona (JAMA. 2000; 284:963-
971) consideraram-se frustrados com o resultado clínico obtido.
Problemas:
Diversos são os problemas causados pela bebida alcoólica pesada e prolongada. Fugiria ao
nosso objetivo entrar em detalhes a esse respeito, por isso abordaremos o tema
superficialmente.
Sistema Gastrintestinal - Grande quantidade de álcool ingerida de uma vez pode levar a
inflamação no esôfago e estômago o que pode levar a sangramentos além de enjoo, vômitos
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e perda de peso. Esses problemas costumam ser reversíveis, mas as varizes decorrentes de
cirrose hepática além de irreversíveis são potencialmente fatais devido ao sangramento de
grande volume que pode acarretar. Pancreatites agudas e crônicas são comuns nos
alcoólatras constituindo-se uma emergência à parte. A cirrose hepática é um dos problemas
mais falados dos alcoólatras; é um problema irreversível e incompatível com a vida, levando
o alcoólatra lentamente à morte.
Câncer - Os alcoólatras estão 10 vezes mais sujeitos a qualquer forma de câncer que a
população em geral.
Sistema Cardiovascular - Doses elevadas por muito tempo provocam lesões no coração
provocando arritmias e outros problemas como trombos e derrames consequentes. É
relativamente comum a ocorrência de um acidente vascular cerebral após a ingestão de
grande quantidade de bebida.
Hormônio Antidiurético - Esse hormônio inibe a perda de água pelos rins, o álcool inibe
esse hormônio: como resultado a pessoa perde mais água que o habitual, urina mais, o que
pode levar a desidratação.
Ocitocina - Esse hormônio é responsável pelas contrações do útero no parto. O álcool tanto
pode inibir um parto prematuro como atrapalhar um parto a termo, podendo tanto ser
terapêutico como danoso.
Insulina - O álcool não afeta diretamente os níveis de insulina: quando isso acontece é por
causa de uma possível pancreatite que é outro processo distinto. A diminuição do açúcar no
sangue não se deve a ação do álcool sobre a insulina ou sobre o glucagon (outro hormônio
envolvido no metabolismo do açúcar).
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provoca o que levaria ao aumento da acidez estomacal. Podem provocar úlceras no
aparelho digestivo.
Recaída (Reincidência)
A taxa de recaída (voltar a beber depois de ter se tornado dependente e parado com o uso
de álcool) é muito alta: aproximadamente 90% dos alcoólatras voltam a beber nos 4 anos
seguintes a interrupção, quando nenhum tratamento é feito. A semelhança com outras
formas de dependência como a nicotina, tranquilizantes, estimulantes, etc., levam a crer que
um há um mecanismo psicológico (cognitivo) em comum. O dependente que consiga
manter-se longe do primeiro gole terá mais chances de contornar a recaída. O aspecto
central da recaída é o chamado "craving", palavra sem tradução para o português que
significa uma intensa vontade de voltar a consumir uma droga pelo prazer que ela causa. O
craving é a dependência psicológica propriamente dita.
Filhos de Alcoólatras
O alcoolismo e a genética
Esta pergunta bastante antiga vem sendo mais bem estudada nas últimas décadas através
de estudos com gêmeos, e será mais aprofundada com o projeto genoma. A influência
familiar do alcoolismo é um fato já conhecido e aceito. O que se pergunta é se o alcoolismo
ocorre por influência do convívio ou por influência genética. Para responder a essa pergunta
a melhor maneira é a verificação prática da influência, o que pode ser feito estudando os
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filhos dos alcoólatras. Estudos como esses podem investigar os gêmeos monozigóticos
(idênticos) e os dizigóticos. Constatou-se que quando um dos gêmeos idênticos se torna
alcoólatra o irmão se torna mais frequentemente alcoólatra do que os irmãos gêmeos não
idênticos. Essa constatação mostra a influência genética real, mas não explica porque,
mesmo tendo os "genes do alcoolismo," uma pessoa não se torna alcoólatra. Os estudos
familiares mostraram que a participação genética é inegável, mas apenas parcial, os demais
fatores que levam ao desenvolvimento do alcoolismo não estão suficientemente claros.
Abuso
A pessoa que abusa de álcool não é necessariamente alcoólatra, ou seja, dependente e faz
uso continuado. O critério de abuso existe para caracterizar as pessoas que eventualmente,
mas recorrentemente têm problemas por causa dos exagerados consumos de álcool em
curtos períodos de tempo. Critérios: para se fazer esse diagnóstico é preciso que o paciente
esteja tendo problemas com álcool durante pelo menos 12 meses e ter pelo menos uma das
seguintes situações:
Dependência
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para obtenção de bebida ou recuperando-se do efeito. f) persistência na bebida apesar dos
problemas e prejuízos gerados como perda do emprego e das relações familiares.
Abstinência
Delirium Tremens
Intoxicação
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O estado de intoxicação é simplesmente a conhecida embriaguez, que normalmente é
obtida voluntariamente. No estado de intoxicação a pessoa tem alteração da fala (fala
arrastada), descoordenação motora, instabilidade no andar, nistagmo (ficar com olhos
oscilando no plano horizontal como se estivesse lendo muito rápido), prejuízos na memória e
na atenção, estupor ou coma nos casos mais extremos. Normalmente junto a essas
alterações neurológicas apresenta-se um comportamento inadequado ou impróprio da
pessoa que está intoxicada. Uma pessoa muito embriagada geralmente encontra-se nessa
situação porque quis, uma leve intoxicação em alguém que não está habituado é aceitável
por inexperiência, mas não no caso de alguém que conhece seus limites.
Síndrome amnésica
A Síndrome de Abstinência Fetal descrita pela primeira vez em 1973 era considerada
inicialmente uma consequência da desnutrição da mãe, posteriormente viu-se que os bebês
das mães alcoólatras apresentavam problemas distintos dos bebês das mães desnutridas,
além de outros problemas que esses não tinham. Constatou-se assim que os recém-natos
das mães alcoólatras apresentam um problema específico, sendo então denominada
Síndrome de Abstinência Fetal (SAF). As características da SAF são: baixo peso ao nascer,
atraso no crescimento e no desenvolvimento, anormalidades neurológicas, prejuízos
intelectuais, más formações do esqueleto e sistema nervoso, comportamento perturbado,
modificações na pálpebra deixando os olhos mais abertos que o comum, lábio superior fino
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e alongado. O retardo mental e a hiperatividade são os problemas mais significativos da
SAF. Mesmo não havendo retardo é comum ainda o prejuízo no aprendizado, na atenção e
na memória; e também descoordenação motora, impulsividade, problemas para falar e ouvir.
O déficit de aprendizado pode persistir até a idade adulta.
O estresse não determina o alcoolismo, mas estudos mostraram que pessoas submetidas a
situações estressantes para as quais não encontra alternativa, tornam-se mais
frequentemente alcoólatras. O álcool possui efeito relaxante e tranquilizante semelhante
ao dos ansiolíticos. O problema é que o álcool tem muito mais efeitos colaterais que os
ansiolíticos. Numa situação dessas o uso de ansiolíticos poderia prevenir o surgimento de
alcoolismo. Na verdade o que se encontra é a vontade de abolir as preocupações com a
embriaguez e isso os ansiolíticos não proporcionam, ou o fazem em doses que levariam ao
sono. O homem quando submetido a estresse tende a procurar não a tranquilidade, mas o
prazer. Daí que a vida sexualmente promíscua muitas vezes é acompanhada de abuso de
álcool e drogas. O fato de uma pessoa não encontrar uma solução para seu estresse não
significa que a solução não exista. A logoterapia, por exemplo, ajuda o paciente a encontrar
um significado na sua angústia. Não suprime a fonte da angústia, mas a torna mais
suportável. Quando uma dor adquire um sentido, torna-se possível contorná-la, continuar a
vida com um sorriso, desde que ela não seja incapacitante. Sob esse aspecto a logoterapia
pode ajudar a vencer o alcoolismo nas suas etapas iniciais, quando ainda não surgiu
dependência química. Uma situação de estresse real que passamos atualmente é o
desemprego. Este problema social é de difícil resolução e geralmente faz com que as
pessoas se ajustem à custa de elevação da tensão emocional prolongada, que é a mesma
coisa de estresse.
Alcoolismo e desnutrição:
Metabolismo do Álcool
Quando o álcool é consumido passa pelo estômago e começa a ser absorvido no intestino
caindo na corrente sanguínea. Ao passar pelo fígado começa a ser metabolizado, ou seja, a
ser transformado em substâncias diferentes do álcool e que não possuem os seus efeitos. A
primeira substancia formada pelo álcool chama-se acetaldeído, que é depois convertido em
acetato por outras enzimas, essas substâncias assim com o álcool excedente são
eliminados pelos rins; as que eventualmente voltam ao fígado acabam sendo transformadas
em água e gás carbônico expelido pelos pulmões. A passagem do intestino para o sangue
se dá de acordo com a velocidade com que o álcool é ingerido, já o processo de degradação
do álcool pelo fígado obedece a um ritmo fixo podendo ser ultrapassado pela quantidade
consumida. Quando isso acontece temos a intoxicação pelo álcool, o estado de embriaguez.
Isto significa que há muito álcool circulando e agindo sobre o sistema nervoso além dos
outros órgãos. Como a quantidade de enzimas é regulável, um indivíduo com uso contínuo
de álcool acima das necessidades estará produzindo mais enzimas metabolizadoras do
álcool, tornando-se assim mais "resistente" ao álcool. A presença de alimentos no intestino
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lentifica a absorção do álcool. Quanto mais gordura houver no intestino mais lento se tornará
a absorção do álcool. Apesar de o álcool ser altamente calórico (um grama de álcool tem 7,1
calorias; o açúcar tem 4,5), ele não fornece material estocável; assim a energia oferecida
pelo álcool é utilizada enquanto ele circula ou é perdida. A famosa "barriga de chope" é dada
mais pelos aperitivos que acompanham a bebida.
Consequências corporais
ANOREXIA
Essencialmente é o comportamento persistente que uma pessoa apresenta em manter seu
peso corporal abaixo dos níveis esperados para sua estatura, juntamente a uma percepção
distorcida quanto ao seu próprio corpo, que leva o paciente a ver-se como "gordo". Apesar
das pessoas em volta notarem que o paciente está abaixo do peso, que está magro ou muito
magro, o paciente insiste em negar, em emagrecer e perder mais peso. O funcionamento
mental de uma forma geral está preservado, exceto quanto à imagem que tem de si mesmo
e o comportamento irracional de emagrecimento.
O paciente anorético costuma usar meios pouco usuais para emagrecer. Além da dieta é
capaz de submeter-se a exercícios físicos intensos, induzir o vômito, jejuar, tomar diuréticos
e usar laxantes.
Aos olhos de quem não conhece o problema é estranho como alguém "normal" pode
considerar-se acima do peso estando muito abaixo. Não há explicação para o fenômeno,
mas deve ser levado muito a sério, pois 10% dos casos que requerem internação para
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tratamento (em hospitais) morrem por inanição, suicídio ou desequilíbrio dos componentes
sanguíneos.
O paciente anorético só se destaca pelo seu baixo peso. Isto significa que no seu próprio
ambiente as pessoas não notam que um determinado colega está doente, pelo seu
comportamento. Mas se forem juntos ao restaurante ficará evidente que algo está errado. O
paciente com anorexia não considera seu comportamento errado, até recusa-se a ir ao
especialista ou tomar medicações. Como não se considera doente é capaz de falar
desembaraçadamente e convictamente para os amigos, colegas e familiares que deve
perder peso apesar de sua magreza. No começo as pessoas podem até achar que é uma
brincadeira, mas a contínua perda de peso apesar da insistência dos outros em convencer o
paciente do contrário, faz soar o alarme. Aí os parentes se assustam e recorrem ao
profissional da saúde mental.
Depois de recuperado o próprio paciente, já com seu peso restabelecido e com a recordação
de tudo que se passou não sabe explicar porque insistia em perder peso. Na maioria das
vezes prefere não tocar no assunto, mas o fato é que nem ele mesmo concorda com a
conduta insistente de emagrecer. Essa constatação, no entanto não garante que o episódio
não volte a acontecer. Depois de recuperados esses pacientes retornam a sua rotina
podendo inclusive ficar acima do peso.
A idade média em que surge o problema são 17 anos. Encontramos muitos primeiros
episódios entre os 14 e os 18 anos. Dificilmente começa depois dos 40 anos. Muitas vezes
eventos negativos da vida da pessoa desencadeiam a anorexia, como perda de emprego,
mudança de cidade, etc. Não podemos afirmar que os eventos negativos causem a doença,
no máximo só podemos dizer que o precipitam. Muitos pacientes têm apenas um único
episódio de anorexia na vida, outros apresentam mais do que isso. Não temos por enquanto
meios de saber se o problema voltará ou não para cada paciente: sua recidiva é
imprevisível. Alguns podem passar anos em anorexia, numa forma que não seja
incompatível com a vida, mas também sem restabelecer o peso ideal. Mantendo-se inclusive
a autoimagem distorcida. A internação para a reposição de nutrientes é recomendada
quando os pacientes atingem um nível crítico de risco para a própria saúde.
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As mulheres são largamente mais acometidas pela anorexia, entre 90 e 95% dos casos são
mulheres. A faixa etária mais comum é a dos adultos jovens e adolescentes podendo atingir
até a infância, o que é bem menos comum. A anorexia é especialmente mais grave na fase
de crescimento porque pode comprometer o ganho esperado para a pessoa, resultando
numa estatura menor do que a que seria alcançada caso não houvesse anorexia. Na fase de
crescimento há uma necessidade maior de ganho calórico: se isso não é obtido a pessoa
cresce menos do que cresceria com a alimentação normal. Caso o episódio dure poucos
meses o crescimento pode ser compensado. Sendo muito prolongado impedirá o alcance da
altura geneticamente determinada. Na população geral a anorexia atinge aproximadamente
0,5%, mas suspeita-se que nos últimos anos o número de casos de anorexia venha
aumentando. Ainda é cedo para se afirmar que isto se deva ao modelo de mulher magra
como o mais atraente, divulgado pela mídia, esta hipótese está sendo extensivamente
pesquisada. Para se confirmar se a incidência está crescendo são necessários anos de
estudo e acompanhamento da incidência, o que significa um procedimento caro e demorado.
Só depois de se confirmar que o índice de anorexia está aumentando é que se poderá
pesquisar as possíveis causas envolvidas. Até bem pouco tempo acreditava-se que a
anorexia acontecia mais nas sociedades industrializadas. Na verdade houve falta de estudos
nas sociedades em desenvolvimento. Os primeiros estudos nesse sentido começaram a ser
feitos recentemente e constatou-se que a anorexia está presente também nas populações
desfavorecidas e isoladas das propagandas do corpo magro.
Tratamento
ANSIEDADE
A ansiedade é um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de
sensações físicas como vazio (ou frio) no estômago (ou na espinha), opressão no peito,
palpitações, transpiração, dor de cabeça, ou falta de ar, dentre várias outras.
A ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita o indivíduo
a tomar medidas para enfrentar ameaças. O medo é a resposta a uma ameaça conhecida,
definida; ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, vaga.
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A ansiedade prepara o indivíduo para lidar com situações potencialmente danosas, como
punições ou privações, ou qualquer ameaça a unidade ou integridade pessoal, tanto física
como moral. Desta forma, a ansiedade prepara o organismo a tomar as medidas
necessárias para impedir a concretização desses possíveis prejuízos, ou pelo menos
diminuir suas consequências. Portanto a ansiedade é uma reação natural e necessária para
a auto-preservação. Não é um estado normal, mas é uma reação normal, assim como a
febre não é um estado normal, mas uma reação normal a uma infecção. As reações de
ansiedade normais não precisam ser tratadas por serem naturais e autolimitadas. Os
estados de ansiedade anormais, que constituem síndromes de ansiedade são patológicas e
requerem tratamento específico. Os animais também experimentam ansiedade. Neles a
ansiedade prepara para fuga ou para a luta, pois estes são os meios de se preservarem.
A ansiedade é normal para o bebê que se sente ameaçado se for separado de sua mãe,
para a criança que se sente desprotegida e desamparada longe de seus pais, para o
adolescente no primeiro encontro com sua pretendente, para o adulto quando contempla a
velhice e a morte, e para qualquer pessoa que enfrente uma doença. A tensão oriunda do
estado de ansiedade pode gerar comportamento agressivo sem com isso se tratar de uma
ansiedade patológica. A ansiedade é um acompanhamento normal do crescimento, da
mudança, de experiência de algo novo e nunca tentado, e do encontro da nossa própria
identidade e do significado da vida. A ansiedade patológica, por outro lado caracteriza-se
pela excessiva intensidade e prolongada duração proporcionalmente à situação precipitante.
Ao invés de contribuir com o enfrentamento do objeto de origem da ansiedade, atrapalha,
dificulta ou impossibilita a adaptação.
ANSIEDADE GENERALIZADA
O transtorno de ansiedade generalizada é basicamente uma preocupação ou ansiedade
excessiva, ou com motivos injustificáveis ou desproporcionais ao nível de ansiedade
observada. Para que se faça o diagnóstico de ansiedade generalizada é preciso que outros
transtornos de ansiedade como o pânico e a fobia social, por exemplo, tenham sido
descartadas. É preciso que essa ansiedade excessiva dure por mais de seis meses
continuamente e precisa ser diferenciada da ansiedade normal.
Preocupar-se e ficar ansioso não é apenas uma reação normal, mas necessária para a boa
adaptação individual à sociedade e ao ambiente. Como o estado de ansiedade perturba a
visão que a pessoa tem a respeito de si mesma e a respeito do que acontece no ambiente é
necessário que esse diagnóstico seja sempre feito por um especialista. No caso do paciente
ser um profissional da saúde mental, por outro especialista que não ele próprio. A
informação das características da ansiedade generalizada não é suficiente para que uma
pessoa se autodiagnostique. Mesmo um psiquiatra não teria condições de realizar esse
diagnóstico a respeito de si mesmo porque ele não teria imparcialidade para julgar o que
tem.
Diagnóstico
1. Dificuldade para relaxar ou a sensação de que está a ponto de estourar, está no limite do
nervosismo.
4. Irritabilidade
5. Tensão muscular
Características Associadas
Antes de procurar um médico praticamente todos os pacientes tentaram algo para melhorar
seu mal estar, seja através de coisas simples como mudar a cor das roupas que veste, seja
por meios mais complexos como medicações naturais ou florais. A aparente melhora que
muitas vezes obtêm, só faz confundir o paciente pela coincidência que aconteceu entre uma
melhora espontânea e temporária da ansiedade. Depois de alguns dias, quando a ansiedade
volta, o paciente fica confuso, pois a tentativa inicialmente havia funcionado e depois perdeu
a eficácia. As mesmas tentativas são reforçadas ou modificadas e a ausência de resultado
ou a falta de correlação entre novas tentativas com o resultado vão deixando o paciente
embaraçado, nos casos dessas tentativas de "autotratamento". Geralmente após alguns
meses as pessoas se cansam e procuram um especialista. Não sabemos por enquanto se
este atraso no início do tratamento prejudica o tratamento posterior, tornando-o mais difícil
de ser solucionado.
Os Sintomas
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A preocupação com a possibilidade de vir a adoecer com algo grave ou sofrer um acidente
embora não existam indicativos de que essas coisas possam vir a acontecer é o foco mais
comum das preocupações das pessoas com ansiedade generalizada. Algumas pessoas
temem mais que os entes queridos sofram algum desses males, como os pais, ou filhos.
Estes pacientes estão sempre imaginando situações como essas e frequentemente se
consideram incapazes de lidar com elas caso realmente venham a acontecer.
As variedades dos sintomas de ansiedade são enormes e muitas vezes pessoais. Ganho de
peso, por exemplo, tanto pode não ter nenhuma relação com ansiedade como pode, para
determinadas pessoas, ser a manifestação mais frequente. Os sintomas mais comuns então
são: boca seca, mãos ou pés úmidos, enjoos ou diarreia, aumento da frequência urinária,
sudorese excessiva, dificuldade de engolir ou sensação de um bolo na garganta, assustar-se
com facilidade e de forma mais intensa, sintomas depressivos são comuns desde que não
sejam mais exuberantes que os de ansiedade, pois isso mudaria o diagnóstico. O fato
desses sintomas citados se parecerem com os sintomas do transtorno do pânico exigem um
procedimento para distinção deste porque no pânico, o surgimento de agorafobia é mais
comum e requer a indicação de terapia cognitiva. Na ansiedade generalizada não há crises
mas estados permanentes e prolongados de desconforto ansioso. Os pacientes com pânico
podem experimentar estados de ansiedade prolongada entre uma crise e outra, mas as
crises de pânico diferenciam um transtorno do outro.
Grupo de Risco
As mulheres são duas vezes mais acometidas pela ansiedade generalizada do que os
homens. A prevalência desse transtorno na população é relativamente alta, em torno de 3%
da população geral sendo também o tipo de transtorno de ansiedade mais frequente do
grupo dos transtornos de ansiedade. Nos períodos naturais de estresse os sintomas tendem
a piorar, ainda que o estresse seja bom, como o próprio casamento ou um novo emprego.
As mulheres abaixo de 20 anos são as mais acometidas, podendo, contudo, começar antes
disso, desde a infância, ou pelo contrário, em idades mais avançadas, apesar da idade
avançada diminuir as chances do surgimento de transtornos de ansiedade.
Transtornos Associados
Curso
Tratamento
ANSIEDADE SOCIAL
O transtorno de ansiedade generalizada é basicamente uma preocupação ou ansiedade
excessiva, ou com motivos injustificáveis ou desproporcionais ao nível de ansiedade
observada. Para que se faça o diagnóstico de ansiedade generalizada é preciso que outros
transtornos de ansiedade como o pânico e a fobia social, por exemplo, tenham sido
descartadas. É preciso que essa ansiedade excessiva dure por mais de seis meses
continuamente e precisa ser diferenciada da ansiedade normal.
Preocupar-se e ficar ansioso não é apenas uma reação normal, mas necessária para a boa
adaptação individual à sociedade e ao ambiente. Como o estado de ansiedade perturba a
visão que a pessoa tem a respeito de si mesma e a respeito do que acontece no ambiente é
necessário que esse diagnóstico seja sempre feito por um especialista. No caso do paciente
ser um profissional da saúde mental, por outro especialista que não ele próprio. A
informação das características da ansiedade generalizada não é suficiente para que uma
pessoa se autodiagnostique. Mesmo um psiquiatra não teria condições de realizar esse
diagnóstico a respeito de si mesmo porque ele não teria imparcialidade para julgar o que
tem.
Diagnóstico
1. Dificuldade para relaxar ou a sensação de que está a ponto de estourar, está no limite do
nervosismo.
4. Irritabilidade
5. Tensão muscular
Características Associadas
Antes de procurar um médico praticamente todos os pacientes tentaram algo para melhorar
seu mal estar, seja através de coisas simples como mudar a cor das roupas que veste, seja
por meios mais complexos como medicações naturais ou florais. A aparente melhora que
muitas vezes obtêm, só faz confundir o paciente pela coincidência que aconteceu entre uma
melhora espontânea e temporária da ansiedade. Depois de alguns dias, quando a ansiedade
volta, o paciente fica confuso, pois a tentativa inicialmente havia funcionado e depois perdeu
a eficácia. As mesmas tentativas são reforçadas ou modificadas e a ausência de resultado
ou a falta de correlação entre novas tentativas com o resultado vão deixando o paciente
embaraçado, nos casos dessas tentativas de "autotratamento". Geralmente após alguns
meses as pessoas se cansam e procuram um especialista. Não sabemos por enquanto se
este atraso no início do tratamento prejudica o tratamento posterior, tornando-o mais difícil
de ser solucionado.
Os Sintomas
25
A preocupação com a possibilidade de vir a adoecer com algo grave ou sofrer um acidente
embora não existam indicativos de que essas coisas possam vir a acontecer é o foco mais
comum das preocupações das pessoas com ansiedade generalizada. Algumas pessoas
temem mais que os entes queridos sofram algum desses males, como os pais, ou filhos.
Estes pacientes estão sempre imaginando situações como essas e frequentemente se
consideram incapazes de lidar com elas caso realmente venham a acontecer.
As variedades dos sintomas de ansiedade são enormes e muitas vezes pessoais. Ganho de
peso, por exemplo, tanto pode não ter nenhuma relação com ansiedade como pode, para
determinadas pessoas, ser a manifestação mais frequente. Os sintomas mais comuns então
são: boca seca, mãos ou pés úmidos, enjoos ou diarreia, aumento da frequência urinária,
sudorese excessiva, dificuldade de engolir ou sensação de um bolo na garganta, assustar-se
com facilidade e de forma mais intensa, sintomas depressivos são comuns desde que não
sejam mais exuberantes que os de ansiedade, pois isso mudaria o diagnóstico.O fato
desses sintomas citados se parecerem com os sintomas do transtorno do pânico exigem um
procedimento para distinção deste porque no pânico, o surgimento de agorafobia é mais
comum e requer a indicação de terapia cognitiva. Na ansiedade generalizada não há crises
mas estados permanentes e prolongados de desconforto ansioso. Os pacientes com pânico
podem experimentar estados de ansiedade prolongada entre uma crise e outra, mas as
crises de pânico diferenciam um transtorno do outro.
Grupo de Risco
As mulheres são duas vezes mais acometidas pela ansiedade generalizada do que os
homens. A prevalência desse transtorno na população é relativamente alta, em torno de 3%
da população geral sendo também o tipo de transtorno de ansiedade mais freqüente do
grupo dos transtornos de ansiedade. Nos períodos naturais de estresse os sintomas tendem
a piorar, ainda que o estresse seja bom, como o próprio casamento ou um novo emprego.
As mulheres abaixo de 20 anos são as mais acometidas, podendo, contudo, começar antes
disso, desde a infância, ou pelo contrário, em idades mais avançadas, apesar da idade
avançada diminuir as chances do surgimento de transtornos de ansiedade.
Transtornos Associados
Curso
Tratamento
AUTISMO
É uma alteração cerebral que afeta a capacidade da pessoa se comunicar, estabelecer
relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente. Algumas crianças apesar de
autistas apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam também retardo mental,
mutismo ou importantes retardos no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem
fechados e distantes outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de
comportamento.
Características comuns:
Muitas vezes o início é normal, quando bebê estabelece contato visual, agarra um dedo,
olha na direção de onde vem uma voz e até sorri. Contudo, outras crianças apresentam
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desde o início as manifestações do autismo. A mais simples troca de afeto é muito difícil,
como, por exemplo, o próprio olhar nos olhos que é uma das primeiras formas de
estabelecimento de contato afetivo. Toda manifestação de afeto é ignorada, os abraços são
simplesmente permitidos, mas não correspondidos. Não há manifestações de desagrado
quando os pais saem ou alegria quando volta para casa.
As crianças com autismo levam mais tempo para aprenderem o que os outros sentem ou
pensam, como, por exemplo, saber que a outra pessoa está satisfeita porque deu um sorriso
ou pela sua expressão ou gesticulação.
Quando os pais de uma criança autista descobrem que seu filho é autista muitas vezes
cultivam durante algum tempo ainda a esperança de que ele ira recuperar-se
completamente. Algumas famílias negam o problema e mudam de profissional até encontrar
alguém que lhes diga outro diagnóstico. Como seres humanos a dor sentida pode ser
superada, nunca apagada, mas a vida deve manter seu curso. Hoje mais do que
antigamente há recursos para tornar as crianças autistas o mais independente possível. A
intervenção precoce, a educação especial, o suporte familiar e em alguns casos medicações
ajudam cada vez mais no aprimoramento da educação de crianças autistas. A educação
especial pode expandir suas capacidades de aprendizado, comunicação e relacionamento
com os outros enquanto diminui a frequência das crises de agitação. Enquanto não há
perspectiva de cura podemos desde já melhorar o que temos, o desenvolvimento da
qualidade de vida de nossas crianças autistas.
Diagnóstico
Os pais são os primeiros a notar algo diferente nas crianças com autismo. O bebê desde o
nascimento pode mostrar-se indiferente a estimulação por pessoas ou brinquedos, focando
sua atenção prolongadamente por determinados itens. Por outro lado certas crianças
começam com um desenvolvimento normal nos primeiros meses para repentinamente
transformar o comportamento em isolado. Contudo, podem se passar anos antes que a
família perceba que há algo errado. Nessas ocasiões os parentes e amigos muitas vezes
reforçam a ideia de que não há nada errado, dizendo que cada criança tem seu próprio jeito.
Infelizmente isso atrasa o início de uma educação especial, pois quanto antes se inicia o
tratamento, melhor é o resultado.
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Dentre vários critérios de diagnósticos três não podem faltar: poucas ou limitadas
manifestações sociais, habilidades de comunicação não desenvolvidas, comportamentos,
interesses e atividades repetitivos. Esses sintomas devem aparecer antes dos três anos de
idade.
Tratamento
Foge ao objetivo desde site entrar em maiores detalhes a respeito do autismo em geral e
sobre o tratamento especificamente. Há fontes mais completas e mais detalhadas na Web:
aqui nos restringimos a uma abordagem superficial.
Contudo, vale a pena fazer algumas citações. Não há medicações que tratem o autismo,
mas muitas vezes elas são usadas para combater efeitos específicos como agressividade ou
os comportamentos repetitivos por exemplo. Até bem pouco tempo usava-se o neuroléptico
para combater a impulsividade e agitação, mais recentemente antidepressivos inibidores da
recaptação da serotonina veem apresentando bons resultados, proporcionando maior
tranquilidade aos pacientes. As medicações testadas e com bons resultados foram a
fluoxetina, a fluvoxamina, a sertralina e a clomipramina. Dentre os neurolépticos a
clorpromazina, o haloperidol e a tioridazina também podem ser usadas dentre outras.
O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-
depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não
apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses
sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada.
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Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos,
melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a
ser o transtorno bipolar. Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser
considerada uma perturbação psicótica para ser considerada uma perturbação afetiva.
Características
O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 18 a 30 anos de idade, mas pode
começar mesmo após os 65 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela
fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em
poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes
psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos
(sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos
retardando o diagnóstico da fase em atividade.
Tipos
Se aceita a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a
forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os
depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases
depressivas, nem as depressivas por maníacas. Na prática observam-se muito mais uma
tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro, há pacientes
bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimidos que só tiveram uma fase
maníaca enquanto as depressivas foram numerosas. O tipo II caracteriza-se por não
apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão.
Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar
meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou
uma irritação agressiva. Junto a essa elevação encontram-se alguns outros sintomas como
elevação da autoestima, sentimentos de grandiosidade podendo chegar à manifestação
delirante de grandeza considerando-se uma pessoa especial, dotada de poderes e
capacidades únicas como telepáticas por exemplo. Aumento da atividade motora
apresentando grande vigor físico e apesar disso com uma diminuição da necessidade de
sono. O paciente apresenta uma forte pressão para falar ininterruptamente, as ideias correm
rapidamente a ponto de não concluir o que começou e ficar sempre emendando uma ideia
não concluída em outra sucessivamente: a isto denominamos fuga de ideias. O paciente
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apresenta uma elevação da percepção de estímulos externos levando-o a distraírem-se
constantemente com pequenos ou insignificantes acontecimentos alheios à conversa em
andamento. Aumento do interesse e da atividade sexual. Perda da consciência a respeito de
sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa socialmente inconveniente ou
insuportável. Envolvimento em atividades potencialmente perigosas sem manifestar
preocupação com isso. Podem surgir sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia o que não
significa uma mudança de diagnóstico, mas mostra um quadro mais grave quando isso
acontece.
Fase depressiva
É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a autoestima em baixa
com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação
de cansaço é constante. As ideias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser
mantida e o interesse pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização
daquilo que antes era agradável. Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao
contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o
paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca pode durar meses também.
Sintomas (maníacos):
1. Sentimento de estar no topo do mundo com uma alegria e bem estar inabaláveis, nem
mesmo más notícias, tragédias ou acontecimentos horríveis diretamente ligados ao
paciente podem abalar o estado de humor. Nessa fase o paciente literalmente ri da
própria desgraça.
2. Sentimento de grandeza, o indivíduo imagina que é especial ou possui habilidades
especiais, é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um
líder político. Inicialmente quando os sintomas ainda não se aprofundaram o paciente
sente-se como se fosse ou pudesse ser uma grande personalidade; com o
aprofundamento do quadro esta ideia torna-se uma convicção delirante.
3. Sente-se invencível, acham que nada poderá detê-las.
4. Hiperatividade, os pacientes nessa fase não conseguem ficar parados, sentados por
mais do que alguns minutos ou relaxar.
5. O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam
tanto risco para integridade física como patrimonial.
6. O comportamento sexual fica excessivamente desinibido e mesmo promíscuo tendo
numerosos parceiros num curto espaço de tempo.
7. Os pensamentos correm de forma incontrolável para o próprio paciente, para quem
olha de fora a grande confusão de ideias na verdade constitui-se na interrupção de
temas antes de terem sido completados para iniciar outro que por sua vez também
não é terminado e assim sucessivamente numa fuga de ideias.
8. A maneira de falar geralmente se dá em tom de voz elevado, cantar é um gesto
frequente nesses pacientes.
9. A necessidade de sono nessa fase é menor, com poucas horas o paciente se
restabelece e fica durante todo o dia e quase toda a noite em hiperatividade.
10. Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer, geralmente provocadas
por algum motivo externo, mas da mesma forma como aparece se desfaz.
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A fase depressiva
Na fase depressiva ocorre o posto da fase maníaca, o paciente fica com sentimentos
irrealistas de tristeza, desespero e autoestima baixa. Não se interessa pelo que costumava
gostar ou ter prazer, cansa-se à toa, tem pouca energia para suas atividades habituais,
também tem dificuldade para dormir, sente falta do sono e tende a permanecer na cama por
várias horas. O começo do dia (a manhã) costuma ser a pior parte do dia para os deprimidos
porque eles sabem que terão um longo dia pela frente. Apresenta dificuldade em concentra-
se no que faz e os pensamentos ficam inibidos, lentos, faltam ideias ou demoram a ser
compreendidas e assimiladas. Da mesma forma a memória também fica prejudicada. Os
pensamentos costumam ser negativos, sempre em torno de morte ou doença. O apetite fica
inibido e pode ter perda significativa de peso.
Em geral
Entre uma fase e outra a pessoa pode ser normal, tendo uma vida como outra pessoa
qualquer; outras pessoas podem apresentar leves sintomas entre as fases, não alcançando
uma recuperação plena. Há também os pacientes, uma minoria, que não se recuperam,
tornando-se incapazes de levar uma vida normal e independente.
A denominação Transtorno Afetivo Bipolar é adequada? Até certo ponto sim, mas o nome
supõe que os pacientes tenham duas fases, mas nem sempre isso é observado. Há
pacientes que só apresentam fases de mania, de exaltação do humor, e mesmo assim são
diagnosticados como bipolares. O termo mania popularmente falando não se aplica a esse
transtorno. Mania tecnicamente falando em psiquiatria significa apenas exaltação do humor,
estado patológico de alegria e exaltação injustificada.
Causas
Como se trata?
O lítio é a medicação de primeira escolha, mas não é necessariamente a melhor para todos
os casos. Frequentemente é necessário acrescentar os anticonvulsivantes como o tegretol,
o trileptal, o depakene, o depakote, o topamax.
Nas fases mais intensas de mania pode se usar de forma temporária os antipsicóticos.
Quando há sintomas psicóticos é quase obrigatório o uso de antipsicóticos. Nas depressões
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resistentes pode-se usar com muita cautela com os antidepressivos. Há pesquisadores que
condenam o uso de antidepressivo para qualquer circunstância nos pacientes bipolares em
fase depressiva, por causa do risco da chamada "virada maníaca", que consiste na
passagem da depressão diretamente para a exaltação num curto espaço de tempo.
O tratamento com lítio ou algum anticonvulsivante deve ser definitivo, ou seja, está
recomendado o uso permanente dessas medicações mesmo quando o paciente está
completamente saudável, mesmo depois de anos sem ter problemas. Esta indicação se
baseia no fato de que tanto o lítio como os anticonvulsivantes podem prevenir uma fase
maníaca poupando assim o paciente de maiores problemas. Infelizmente o uso contínuo não
garante ao paciente que ele não terá recaído, apenas diminui as chances disso acontecer.
Pacientes hipertensos sem boa resposta ao tratamento de primeira linha podem ainda contar
com o verapamil, uma medicação muito usada na cardiologia para controle da hipertensão
arterial que apresenta efeito antimaníaco. A grande desvantagem do verapamil é ser
incompatível com o uso simultâneo do lítio, além da hipotensão que induz nos pacientes
normotensos.
BULIMIA
É o transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes de "orgias alimentares", no
qual o paciente come num curto espaço de tempo grande quantidade de alimento como se
estivesse com muita fome. O paciente perde o controle sobre si mesmo e depois tenta
vomitar e/ou evacuar o que comeu, através de artifícios como medicações, com a finalidade
de não ganhar peso.
Generalidades
Existe uma tendência popular em achar que a bulimia é o contrário da anorexia. A rigor o
contrário da anorexia seria o paciente achar que está muito magro e precisa engordar, vai
ganhando peso, tornando-se obeso e continua a julgar-se magro e continua comendo. Isso
seria o oposto da anorexia, mas tal quadro psiquiátrico não existe. Na bulimia o paciente não
quer engordar, mas não consegue conter o impulso para comer por mais do que alguns dias.
O paciente com bulimia tipicamente não é obeso porque usa recursos extremos para
eliminar o excesso ingerido. Enquanto a comunidade psiquiátrica mundial não reconhecer o
binge como uma patologia à parte seremos obrigados a admitir que há 2 tipos de pacientes
com bulimia: os que tentam eliminar o excesso ingerido por vômitos ou laxantes e os
pacientes bulímicos que não fazem isso e acabam engordando, esse segundo tipo pode vir
a constituir num outro transtorno alimentar, o Binge. Os pacientes com bulimia geralmente
apresentam 2 a 3 episódios por semana, o que não significa que no resto do tempo esteja
bem. Na verdade esses episódios só não são diários ou mesmo mais de uma vez ao dia
porque o paciente está constantemente lutando contra eles. Esses pacientes pensam em
comer o tempo todo. As médias de fracassos na tentativa de conter o impulso são duas
vezes por semana.
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Como é o doente?
É interessante notar que a bulimia não constitui uma completa perda do controle. O paciente
consegue planejar seus episódios, esperar para ficar sozinho e guardar alimentos, por
exemplo. Essa incapacidade parcial é intrigante para os leigos. Muitas vezes os maridos das
pacientes julgam que a paciente faz tudo porque quer e critica a esposa aumentando sua
culpa. Essa atitude deve ser evitada, pois além de não ajudar, atrapalha diminuindo ainda
mais a autoestima da paciente que sucumbe aos esforços por tratar-se. A bulimia muitas
vezes sucede aos episódios de anorexia.
Tratamento
Problemas Clínicos
CICLOTIMIA
Generalidades
Hipomamia
A hipomania é um estado difuso de bem estar e sensação de energia mais elevada que a
média, Nessa fase um paciente não procura um médico, pois se sente muito bem e feliz.
Muitos hipotímicos são empresários bem sucedidos, pois sua energia é até benéfica para o
trabalho, as ideias correm-lhe mais rapidamente, mas não tão rápido a ponto de perder o
controle, o que lhes proporciona benefícios para os trabalhos que requeiram rapidez de ação
e raciocínio. O humor está elevado, mas não fora de controle. O entusiasmo é vantajoso,
pois não deixa de ser realista e não se abala com as derrotas. Perante uma situação dessa
como podemos considerar isso uma patologia? Realmente viver em estado de hipomania
seria muito melhor do que viver no estado "normal". O problema é que em determinados
momentos pode haver alguns descontroles ou inadequações. Contudo, enquanto uma
pessoa está bem adaptada mesmo que em hipomania não há motivos razoáveis para tirá-la
desse estado caso nunca tenha tido problemas antes.
CLEPTOMANIA
A Cleptomania caracteriza-se pela recorrência de impulsos para roubar objetos que são
desnecessários para o uso pessoal ou sem valor monetário. Esses impulsos são mais fortes
do que a capacidade de controle da pessoa, quando a ideia de roubar não é acompanhada
do ato de roubar não se pode fazer o diagnóstico. Devemos estar alerta para ladrões
querendo passar-se por cleptomaníacos. Dinheiro, joias e outros objetos de valor dificilmente
são levados por cleptomaníacos, ainda menos se os impulsos são em sua maioria para
objetos de valor, se alguma vez a pessoa leva um objeto valioso, sendo na maioria coisas
inúteis, pode-se admitir o diagnóstico, caso contrário, não. Acompanhando o forte impulso e
a realização do roubo, vem um enorme prazer em ter furtado o objeto cobiçado. Numa ação
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de roubo, o ladrão não experimenta nenhum prazer, mas tensão apenas e posteriormente
satisfação, não faz isso por prazer.
Tratamento
Não há tratamento eficaz até o momento aceito, tentativas estão sendo feitas com terapia
orientada ao insight nos EUA, terapia cognitiva comportamental e medicações, apenas com
resultados parciais, algumas pessoas melhoram outras não. Também não se tem certeza se
a melhora observada foi devido à atenção dada ou se foi pelo tratamento especificamente.
COCAÍNA
Efeitos psicológicos induzidos pela cocaína
O principal efeito e motivação provocados pelo uso da cocaína nas doses habitualmente
empregadas são a euforia, o estado de bem estar, elevação do humor e aumento da
autoestima. Os tímidos tornam-se mais sociáveis e aumentam a vontade de falar, ainda que
o diálogo seja vazio. É muito difícil uma pessoa conseguir de forma intensa, todas essas
sensações pelas próprias forças. Por outro lado, é um tanto suspeita a vontade de obtê-las.
Hoje em dia qualquer pessoa que conheça em teoria os efeitos da cocaína conhece também
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seus malefícios e quem quer que seja para aceitar seu uso provavelmente está passando
por alguma fase ou experiência ruim. Uma pessoa que esteja pensando em consumir a
cocaína pela primeira vez deve consultar antes um psicólogo ou um psiquiatra. Muitas vezes
essas pessoas estão na verdade entrando em depressão ou não estão conseguindo
sozinhas encontrar saída para as próprias dificuldades. Se houver um quadro incipiente de
depressão é indicado um tratamento específico. Se houver problemas normais embora
difíceis é melhor buscar ajuda para resolvê-los porque do contrário passará a existir uma
tendência a procurar a cocaína todas as vezes que houver problemas.
Dependência/Tolerância
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CRACK
O crack não uma droga nova, mas uma nova via de administração da cocaína. Isto faz
diferença quanto à rapidez de ação e por motivos operacionais, pois seu baixo custo torna-a
atraente para o consumo. Todas as informações a respeito dos efeitos do crack devem ser
procuradas nas páginas sobre cocaína. Nesta seção é tratado apenas das peculiaridades do
crack.
No começo dos anos 80 a pasta de coca foi transformada numa forma nova chamada base
livre, que permite a volatilização (transformação em vapor) da cocaína, permitindo com que
a cocaína pudesse ser fumada. A cocaína inalada em pó é uma apresentação sólida que se
dissolve na mucosa nasal antes de ser absorvida. Os vapores do crack vão para os pulmões
e são transportados para a corrente sanguínea mais rapidamente conferindo maior rapidez
de sensação psicotrópica, a sensação, contudo é a mesma da cocaína bem como os demais
efeitos. O nome crack é derivado do ruído característico que é produzido pelas pedras
quando estão sendo decompostas pelo fumo.
O crack é considerado uma jogada de marketing, por ser barato alcança classes econômicas
antes não atingidas pelo alto custo da cocaína em pó. O crack age por menos tempo do que
a cocaína inalada, mas como inicia muito mais rapidamente e mais intensamente que a
cocaína há uma espécie de compensação psicológica pelo efeito. O crack é mais barato
porque há pouca quantidade de cocaína nas pedras. O tempo para início de ação do crack é
aproximadamente 10 segundos e o tempo de duração são de 5 minutos.
Características
Considerações
Adultos TDA
a) déficit de atenção: a pessoa distrai-se com facilidade, comete erros no trabalho ou nas
atividades que exigem concentração, é desorganizada, avoada, esquece compromissos
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assumidos, perde seus objetos pessoais, não presta atenção quando lhe dirigem a palavra,
perde-se em devaneios.
d) o temperamento pode ser explosivo tendo constantes discussões por motivos fúteis e
perdendo o controle com frequência.
e) desorganização, essas pessoas deixam com que seus pertences e material de trabalho
estejam em constante desordem podendo vir a perder objetos ou documentos importantes
f) a impulsividade, assim como nas crianças também se manifesta da mesma forma levando
os pacientes a agir sem pensar, tomando decisões precipitadas, da mesma forma os
relacionamentos podem ser iniciados e interrompidos abruptamente.
Diagnóstico
Tipos
Comorbidade
Tratamento
O metilfenidato deve ser usado na dose de 20 a 60mg por dia (0,3 a 1 mg/Kg de peso
corporal), sendo a dose dividida em duas tomadas ao dia, uma pela manhã outra no almoço.
O metilfenidato deve ser evitado antes dos seis anos de idade, pois como seu principal efeito
colateral é a inibição do apetite, pode prejudicar a alimentação levando o paciente a perder
altura. Após os seis anos de idade esse efeito é mitigado, mas um acompanhamento da
curva de crescimento com o pediatra é recomendável.
Para as crianças que por algum motivo não possam fazer uso do metilfenidato outras
medicações podem ser tentadas, mas a eficácia delas é menor. A imipramina, a clonidina e
mais recentemente a bupropiona são alternativas válidas.
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Foi lançado no Brasil recentemente o medicamento Venvanse, é o dimesilato de
lisdexanfetamina.
Já comercializado nos Estados Unidos, desde 2007, e no Canadá, desde 2009, Venvanse é
comercializado no Brasil (laboratório Shire) nas apresentações de 30 mg, 50 mg e 70 mg, é
considerado um pró-fármaco, medicamento que é ativado após conversão dentro do próprio
corpo.
TRANSTORNO DELIRANTE
Como o nome diz este é um transtorno cujo aspecto central é o delírio. Diferentemente dos
demais transtornos psicóticos esses pacientes têm uma vida normal exceto pelo seu delírio.
Os problemas causados pelo delírio podem ser amparados pela família dependendo do
suporte que houver por isso muitos nem chegam a ir ao psiquiatra.
Apresentação
Existem uns tipos básicos de delírio sob as quais o transtorno delirante se manifesta: o tipo
persecutório, o de ciúmes, o somático, e o erotomaníaco dentre outras.
O persecutório, o mais comum, é tipicamente vivido pelo indivíduo que se sente prejudicado
por forças externas como a companhia de gás que põem veneno na sua tubulação, a receita
federal que investiga sua idoneidade. Este tipo pode chegar ao confronto real, ou seja, ir ao
lugar onde se origina os delírios e brigar com as pessoas que lá estão.
O somático (ou corporal) pode ser confundido com hipocondria, a diferença básica entre um
e outro está no grau de ansiedade vivido pelo hipocondríaco verdadeiro; no delirante a
convicção numa possível doença não é acompanhada do mesmo medo que o outro tem.
Contudo mais comum do que a crença numa doença inexistente é a crença num defeito
corporal como a convicção na emissão de odores desagradáveis pela boca, ânus, vagina,
pele que se encontram infestados de germes ou parasitas internos. Pode também se
manifestar sob a crença de que determinada parte do corpo não funciona, como um rim
paralisado.
Por fim a erotomania é a crença de estar sendo amada (síndrome mais comum em
mulheres) por uma determinada pessoa geralmente de um status superior. Apesar da
42
aparente puerilidade desse delírio suas consequências podem ser tão danosas quanto as do
delírio de perseguição a partir do momento em que esses pacientes intervém diretamente na
vida daqueles que acreditam estarem apaixonados por ele. Por exemplo, uma fã achar que é
amada pelo seu ídolo e começar a intervir na vida pessoal dele para que declare seu amor
por ela.
DEMÊNCIAS
A demência de Alzheimer é um transtorno progressivo que mata lentamente as células
nervosas do cérebro. Foi identificado pela primeira vez em 1907 pelo psiquiatra alemão
Aloysius Alzheimer (1864–1915). Aproximadamente 1 em cada 20 idosos com 65 ou mais
anos de idade são acometidos pela doença. Quanto mais avançada à idade, maiores as
chances de surgir a demência. Um estudo mostrou que 47% dos idosos com mais de 85
anos de idade sofrem de demência de Alzheimer.
Como exemplo um caso real, denominado Sra. At., típico da demência de Alzheimer.
Até este momento não era possível ter certeza sobre o que estava acontecendo com a
saúde da Sra. At.. É hora de ir ao médico e investigar o que pode estar causando esse
quadro. Medicações? Problemas clínicos? Demência?
Sintomas
Estas pessoas não conseguem tomar as melhores decisões e irritam-se com os familiares
que tentam ajudar em tarefas simples como o preenchimento de formulários ou na
conferência do balanço bancário. A operação de máquinas ou veículos se torna perigosa,
pois os reflexos estão bastante comprometidos. Nessa fase o nome dos amigos começa a
ser esquecido, bem como as atividades sociais: por conta disso os pacientes acabam se
isolando.
Diagnóstico
Muitos leigos ao se informarem sobre o quadro clínico da demência de Alzheimer, como aqui
oferecido, acreditam poder fazer o diagnóstico de um parente próximo que está
apresentando problemas no comportamento. O diagnóstico não é elementar nem precisa ser
feito na primeira visita. Antes de afirmar o diagnóstico o médico deve excluir as causas
reversíveis e tratáveis. Alterações que provocam quadros semelhantes à doença de
Alzheimer:
1. Depressão
44
3. Transtornos que causem o desequilíbrio hidroeletrolítico do sangue como diabetes,
desnutrição, avitaminoses (como a falta de vitamina B12 no alcoolismo), problemas
tireoidianos, alterações no metabolismo do sódio e do cálcio.
Todas essas situações são tratáveis e reversíveis pelo menos em parte. É necessário agir
no tempo certo, pois a prolongação da exposição ao agente agressor torna a lesão
irreversível e o dano irreparável. Por isso é importante antes de se fechar o diagnóstico, ter
excluído essas doenças.
Apesar de o quadro demencial ser um só, há várias doenças que levam à demência. A mais
comum é a demência de Alzheimer, depois vem a demência multi-infarto, a demência por
esclerose múltipla, por Parkinson, Huntington e por Creutzfeld-Jakob (a doença da vaca
louca). Essas demências assim como a de Alzheimer são progressivas e incontroláveis.
Apenas a por Parkinsonismo começa a ser controlada atualmente.
DEPRESSÃO
Depressão é uma palavra frequentemente usada para descrever nossos sentimentos. Todos
se sentem "para baixo" de vez em quando, ou de alto astral às vezes e tais sentimentos são
normais. A depressão, enquanto evento psiquiátrico é algo bastante diferente: é uma doença
como outra qualquer que exige tratamento. Muitas pessoas pensam estar ajudando um
amigo deprimido ao incentivarem ou mesmo cobrarem tentativas de reagir, distrair-se, de se
divertir para superar os sentimentos negativos. Os amigos que agem dessa forma fazem
mais mal do que bem, são incompreensivos e talvez até egoístas. O amigo que realmente
quer ajudar procura ouvir quem se sente deprimido e no máximo aconselhar ou procurar um
profissional quando percebe que o amigo deprimido não está só triste.
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Uma boa comparação que podemos fazer para esclarecer as diferenças conceituais entre a
depressão psiquiátrica e a depressão normal seria comparar com a diferença que há entre
clima e tempo. O clima de uma região ordena como ela prossegue ao longo do ano por anos
a fio. O tempo é a pequena variação que ocorre para o clima da região em questão. O clima
tropical exclui incidência de neve. O clima polar exclui dias propícios a banho de sol. Nos
climas tropical e polar haverá dias mais quentes, mais frios, mais calmos ou com
tempestades, mas tudo dentro de uma determinada faixa de variação. O clima é o estado de
humor e o tempo às variações que existem dentro dessa faixa. O paciente deprimido terá
dias melhores ou piores assim como o não deprimido. Ambos terão suas tormentas e dias
ensolarados, mas as tormentas de um, não se comparam às tormentas do outro, nem os
dias de sol de um, se comparam com os dias de sol do outro. Existem semelhanças, mas a
manifestação final é muito diferente. Uma pessoa no clima tropical ao ver uma foto de um
dia de sol no polo sul tem a impressão de que estava quente e que até se poderia tirar a
roupa para se bronzear. Este tipo de engano é o mesmo que uma pessoa comete ao
comparar as suas fases de baixo astral com a depressão psiquiátrica de um amigo. Ninguém
sabe o que um deprimido sente, só ele mesmo e talvez quem tenha passado por isso. Nem
o psiquiatra sabe: ele reconhece os sintomas e sabe tratar, mas isso não faz com que ele
conheça os sentimentos e o sofrimento do seu paciente.
Sintomas
Outros sintomas que podem vir associados aos sintomas centrais são:
Pessimismo
Dificuldade de tomar decisões
Dificuldade para começar a fazer suas tarefas
Irritabilidade ou impaciência
Inquietação
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Achar que não vale a pena viver; desejo de morrer
Chorar à toa
Dificuldade para chorar
Sensação de que nunca vai melhorar, desesperança...
Dificuldade de terminar as coisas que começou
Sentimento de pena de si mesmo
Persistência de pensamentos negativos
Queixas frequentes
Sentimentos de culpa injustificáveis
Boca ressecada, constipação, perda de peso e apetite, insônia, perda do desejo
sexual.
Os sintomas depressivos apesar de muito comuns são pouco detectados nos pacientes de
atendimento em outras especialidades, o que permite o desenvolvimento e prolongamento
desse problema comprometendo a qualidade de vida do indivíduo e sua recuperação.
Anteriormente estudos associaram o fumo, a vida sedentária, obesidade, ao maior risco de
doença cardíaca. Agora, pelas mesmas técnicas, associa-se sintoma depressivo com maior
risco de desenvolver doenças cardíacas. A doença cardíaca mais envolvida com os
sintomas depressivos é o infarto do miocárdio. Também não se pode concluir
apressadamente que depressão provoca infarto, não é assim. Nem todo obeso, fumante ou
sedentário enfarta. Essas pessoas enfartam mais que as pessoas fora desse grupo, mas a
incidência não é de 100%. Da mesma forma, a depressão aumenta o risco de infarto, mas
numa parte dos pacientes. Está sendo investigado.
Existem alguns mitos sobre o câncer e as pessoas que padecem dele, tais como “os
portadores de câncer são deprimidos". A depressão em quem tem câncer é normal, o
tratamento da depressão no paciente com câncer é ineficaz. A tristeza e o pesar são
sentimentos normais para uma pessoa que teve conhecimento da doença. Questões como a
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resposta ao tratamento, o tempo de sobrevida e o índice de cura entre pacientes com câncer
com ou sem depressão estão sendo mais enfocadas do que a investigação das melhores
técnicas para tratamento da depressão.
Normalmente a pessoa que fica sabendo que está com câncer torna-se durante um curto
espaço de tempo descrente, desesperada ou nega a doença. Esta é uma resposta normal
no espectro de emoções dessa fase, o que não significa que sejam emoções insuperáveis.
No decorrer do tempo o humor depressivo toma o lugar das emoções iniciais. Agora o
paciente pode ter dificuldade para dormir e perda de apetite. Nessa fase o paciente fica
ansioso, não consegue parar de pensar no seu novo problema e teme pelo futuro. As
estatísticas mostram que aproximadamente metade das pessoas conseguirá se adaptar a
essa situação tão adversa. Com isso estas pessoas aceitam o tratamento e o novo estilo de
vida imposto não fica tão pesado.
A identificação da depressão
Para afirmarmos que o paciente está deprimido temos que afirmar que ele sente-se triste a
maior parte do dia quase todos os dias, não tem tanto prazer ou interesse pelas atividades
que apreciava, não consegue ficar parado e pelo contrário movimenta-se mais lentamente
que o habitual. Passa a ter sentimentos inapropriados de desesperança desprezando-se
como pessoa e até mesmo se culpando pela doença ou pelo problema dos outros, sentindo-
se um peso morto na família. Com isso, apesar de ser uma doença potencialmente fatal,
surgem pensamentos de suicídio. Esse quadro deve durar pelo menos duas semanas para
que possamos dizer que o paciente está deprimido.
Causa da Depressão
Eventos desencadeantes são muito estudados e de fato encontra-se relação entre certos
acontecimentos estressantes na vida das pessoas e o início de um episódio depressivo.
Contudo tais eventos não podem ser responsabilizados pela manutenção da depressão. Na
prática a maioria das pessoas que sofre um revés se recupera com o tempo. Se os reveses
da vida causassem depressão todas as pessoas a eles submetidos estariam deprimidas e
não é isto o que se observa. Os eventos estressantes provavelmente disparam a depressão
nas pessoas predispostas, vulneráveis. Exemplos de eventos estressantes são perda de
pessoa querida, perda de emprego, mudança de habitação contra vontade, doença grave,
pequenas contrariedades não são consideradas como eventos fortes o suficiente para
desencadear depressão. O que torna as pessoas vulneráveis ainda é objeto de estudos. A
influência genética como em toda medicina é muito estudada. Trabalhos recentes mostram
que mais do que a influência genética, o ambiente durante a infância pode predispor mais as
pessoas. O fator genético é fundamental uma vez que os gêmeos idênticos ficam mais
deprimidos do que os gêmeos não idênticos.
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DEPRESSÃO PÓS-PARTO
Existem duas formas de depressão no pós-parto, uma mais leve e mais comum chamada
pelos americanos de "Blues Postpartum", ainda sem tradução para o português e a outra
chamada de depressão pós-parto. O "blues" é uma condição benigna que se inicia nos
primeiros dias após o parto (dois a cinco dias), dura de alguns dias a poucas semanas, é de
intensidade leve não requerendo em geral uso de medicações, pois é auto-limitada e cede
espontaneamente. Caracteriza-se basicamente pelo sentimento de tristeza e o choro fácil
que não impedem a realização das tarefas de mãe. Aproximadamente metades das
mulheres são acometidas pelo "blues" no pós-parto. Provavelmente devido a seu caráter
benigno não tem sido uma condição estudada.
TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS
Estes transtornos são os mais explorados pela indústria do cinema em Hollywood, dada sua
curiosa forma de apresentação. O aspecto central dos transtornos dissociativos (ou também
chamados conversivos) é a perda total ou parcial de uma função mental ou neurológica. As
funções comumente afetadas são a memória, a consciência da própria identidade,
sensações corporais, controle dos movimentos corporais. Esses acometimentos estão por
definição ligados a algum evento psicologicamente estressante na vida do paciente cuja
ligação o paciente costuma negar e consequentemente o psiquiatra precisa de auxílio para
detectar.
Amnésia Dissociativa
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O principal aspecto é a perda da memória, usualmente para eventos recentes importantes,
graves o suficiente para serem tomados como simples esquecimento. Deve ser comprovada
a impossibilidade de uma causa orgânica como medicamentos ou problemas cerebrais. A
amnésia costuma acontecer para eventos traumáticos como acidentes ou perdas
inesperadas, podendo ser específica para determinados temas, por exemplo: numa
determinada boate onde ocorreu um incêndio o paciente não se recorda dos comentários de
outras pessoas a respeito do cheiro de fumaça instantes antes do pânico generalizado;
também não se lembrar de alguém que tentava orientar a multidão ou outra pessoa que
tentou ajudá-la, somente dos doces, das bebidas, das músicas e com quem conversou. Na
maioria das vezes o paciente sabe que perdeu parte da memória, alguns aborrecem-se com
isso, outros ficam indiferentes e despreocupados. Os adultos jovens, os adolescentes e as
mulheres são os mais acometidos por esse problema.
Fuga Dissociativa
Despersonalização / Desrealização
O diagnóstico desse transtorno dissociativo só pode ser feito se outros transtornos foram
descartados como as síndromes psicóticas, estados de depressão ou ansiedade,
especialmente o pânico. Nessas situações as despersonalizações e desrealizações são
comuns constituindo-se num sintoma e não num transtorno à parte.
Personalidade Múltipla
Ao contrário do que poderia parecer, este transtorno nada tem a ver com os transtornos de
personalidade, está classificado entre os transtornos dissociativos porque existem várias
personalidades dentro de uma só pessoa e essas personalidades não são necessariamente
patológicas. No transtorno de personalidade não há amnésias, mas uma conduta
rotineiramente inadaptada socialmente.
Nada se sabe a respeito das causas desse transtorno, mas admite-se que é mais frequente
do que se suspeitava antigamente. Atualmente as psicoterapias são as únicas formas de
abordagem dos casos. Não há uma medicação eficaz.
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Os transtornos motores são os mais comuns do grupo das dissociações. As queixas que
esses pacientes costumam apresentar são fraqueza ao realizar um determinado movimento,
andar instável ou inseguro, movimentos anormais, tremores, contrações involuntárias. Os
sintomas costumam se intensificar quando o paciente é observado. Apesar dessas queixas
dificilmente esses pacientes se ferem, ao contrário do que acontece nos casos neurológicos
propriamente ditos. Esse distúrbio é aproximadamente cinco vezes mais comum em
mulheres do que em homens. Um aspecto que muitas vezes chama a atenção é a relativa
acomodação com a situação. Ao contrário de uma pessoa que repentinamente passa a
necessitar de uma cadeira de rodas, por exemplo, esses pacientes reagem com relativa
tranquilidade e indiferença a sua incapacidade física, não se importando com seu problema.
DISTIMIA
Características / Diagnóstico
Os traços essenciais da distimia são o estado depressivo leve e prolongado, além de outros
sintomas comumente presentes. Pelo critério americano são necessários dois anos de
período contínuo predominantemente depressivo para os adultos e um ano para as crianças
sendo que para elas o humor pode ser irritável ao invés de depressivo. Para o diagnóstico
da distimia é necessário antes excluir fases de exaltação do humor como a mania ou a
hipomania, assim como a depressão maior. Causas externas também anulam o diagnóstico
como as depressões causadas por substâncias exógenas. Durante essa fase de dois anos o
paciente não deverá ter passado por um período superior a dois meses sem os sintomas
depressivos. Para preencher o diagnóstico de depressão os pacientes além do sentimento
de tristeza prolongado precisam apresentar dois dos seguintes sintomas:
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Dificuldade de concentrar-se ou tomar decisões
Sentimento de falta de esperança
Características associadas
O fato de uma pessoa ter distimia não impede que ela desenvolva depressão: nesses casos
denominamos a ocorrência de depressão dupla e quando acontece o paciente procura
muitas vezes pela primeira vez o psiquiatra. Como a distimia não é suficiente para impedir o
rendimento, apenas prejudicando-o, as pessoas não costumam ir ao médico, mas quando
não conseguem fazer mais nada direito, vão ao médico e descobrem que têm distimia
também.
Idade
O início da distimia pode ocorrer na infância caracterizando-a por uma fase anormal. O
próprio paciente descreve-se como uma criança diferente, brigona, mal humorada e sempre
rejeitada pelos coleginhas. Nessa fase a incidência se dá igualmente em ambos os sexos. A
distimia é subdividida em precoce e tardia, precoce quando iniciada antes dos 21 anos de
idade e partia após isso. Os estudos até o momento mostram que o tipo precoce é mais
frequente que o tardio. Por outro lado estudos com pessoas acima de 60 anos de idade
mostram que a prevalência da distimia nessa faixa etária é alta, sendo maior nas mulheres.
Os homens apresentam uma frequência de 17,2% de distimia enquanto as mulheres
apresentam uma prevalência de 22,9%. Outro estudo também com pessoas acima de 60
anos de idade mostrou que a idade média de início da distimia foi de 55,4 anos de idade e o
tempo médio de duração da distimia de 12,5 anos.
Curso
A distimia começa sempre de forma muito gradual, nem um psiquiatra poderá ter certeza se
um paciente está ou não adquirindo distimia. O diagnóstico preciso só pode ser feito depois
que o problema está instalado. O próprio paciente tem dificuldade para determinar quando
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seu problema começou a imprecisão gira em torno de meses a anos. Como na maioria das
vezes a distimia começa no início da idade adulta a maioria dos pacientes tende a julgar que
seu problema é constitucional, ou seja, faz parte do seu ser e não que possa ser um
transtorno mental, tratável. Os estudos e os livros não falam a respeito de remissão
espontânea. Isso tanto é devido a poucas pesquisas na área, como a provável não
remissão. Por enquanto as informações nos levam a crer que a distimia tenda a permanecer
indefinidamente nos pacientes quando não tratada.
Tratamento
ECSTASY
Denominado farmacologicamente como 3,4-metilenodioximetanfetamina e abreviado por
MDMA, o ecstasy é uma substância fortemente psicoativa. Duas outras substâncias
farmacologicamente e psicoativamente semelhantes podem ser encontradas no mercado
ilegal como sendo o ecstasy. Uma delas é conhecida popularmente como Eve e denominada
farmacologicamente por N-etil-3,4-metilenodioxianfetamina e a outra é um metabólito ativo
(produto da degradação do ecstasy pelo fígado, mas que ainda possui atividade psicoativa)
conhecido por MDA ou 3,4-metilenodioxianfetamina. As reações e efeitos provocados por
essas três substâncias são semelhantes, mas durante toda nossa abordagem nessa seção
estaremos falando apenas do MDMA, do ecstasy e seus efeitos podem ser estendidos para
as outras duas.
Um pouco de história
O MDMA (ecstasy) foi sintetizado pela Merck em 1914 com a finalidade de ser usado como
um supressor do apetite, mas nunca foi usado com essa finalidade. Somente em 1960 foi
redescoberto sendo indicado como elevador do estado de ânimo e complemento nas
psicoterapias. O uso recreativo surgiu em 1970 nos EUA. Em 1977 foi proibido no Reino
Unido e em 1985 nos EUA. Em 1988 um estudo feito nos EUA mostrou que 39% dos
estudantes universitários tinham feito uso do ecstasy no período de um ano antes da
pesquisa, mostrando que o uso ilegal já estava disseminado, da mesma forma como
aconteceu na Europa ocidental. O uso do ecstasy concentra-se nas boates, nos ambientes
classificados como "rave" onde há aglomeração noturna em espaços fechados para dança
com música contínua. Como o uso do ecstasy está se tornando comum, as pesquisas sobre
ele estão aumentando.
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Efeitos
Pessoas sem doenças somáticas e psíquicas com experiência prévia de ecstasy relataram e
apresentaram uma série de alterações. Os mais evidentes são aqueles semelhantes ao
demais estimulantes como aceleração da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial,
diminuição do apetite, ressecamento da boca, dilatação das pupilas, elevação do humor,
sensação subjetiva de aumento da energia. Efeitos neurológicos foram encontrados em alto
índice. Esse estudo usou apenas dez voluntários e observou-se retesamento mandibular em
seis usuários, nistagmo em oito, diferentes graus de ataxia em sete, aumento dos reflexos
tendinosos em oito; apenas um apresentou náuseas e todos tiveram dilatação pupilar.
Quatro pessoas apresentaram perturbações na capacidade de tomar decisões e realizar
juízos. Esse estudo foi feito antes de se conhecer os efeitos danosos que o ecstasy possui.
Nessa época os autores julgavam que o MDMA (ecstasy) era uma droga segura.
Efeitos procurados
Produz um aumento do estado de alerta, maior interesse sexual, sensação de estar com
grande capacidade física e mental, atrasa as sensações de sono e fadiga. Muitos usuários
sentem também euforia, bem-estar, aguçamento sensório-perceptivo, aumento da
sociabilização e extroversão, aumenta a sensação de estar próximo às pessoas (no sentido
de intimidade) e aumenta a tolerabilidade.
Efeitos indesejados
Os efeitos de longo prazo são desagradáveis e prejuízos são observados com o uso. As
altas concentrações de serotonina na fenda sináptica provocadas pelo ecstasy provocam
lesões celulares irreversíveis. Os neurônios não se regeneram e quando são lesadas suas
funções só se recuperam se outros neurônios compensarem a função perdida. Quando isso
não é possível à função é definitivamente perdida. Estudos em animais têm demonstrado
isso. Nos seres humanos apenas estudos post-mortem são possíveis, e nestes, identifica-se
uma acentuada diminuição das concentrações de serotonina, que variam de 50 a 80% em
diferentes regiões do cérebro indicando uma insuficiência no funcionamento desses
neurônios. Estudos realizados com usuários vivos através de indicadores confirmam essa
perda de atividade serotoninérgica nos usuários de longo prazo de ecstasy. A deficiência de
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serotonina é proporcional ao tempo e a quantidade de ecstasy usados. Quanto mais tempo
ou maior a dose, maior a deficiência da serotonina.
Esses resultados sugerem uma propriedade neurotóxica do ecstasy que levam seus
usuários a perturbações mentais ou comportamentais. Os problemas resultantes mais
comuns são:
Teoricamente o ecstasy pode ser inalado sob a forma de vapor, pois pode ser apresentado
como base livre, que é uma composição farmacológica que permite a evaporação do
composto. Contudo essa forma de administração não costuma ser empregada. O ecstasy
pode também ser injetado via intravenosa; embora isso já tenha sido feito não costuma ser o
modo de utilização. A via mais comum é a oral. Quando foi sintetizado pela primeira vez, a
finalidade era o uso medicamentoso, portanto nada mais razoável do que a apresentação
como comprimidos. Este continua sendo o modo de comercialização ilegal do ecstasy. A
dose recreacional varia de 50 a 150mg em dose única. Mas como esse mercado é ilegal e
não existe controle de qualidade tanto as doses variam de fornecedor para fornecedor assim
como acontece com a cocaína, a substância em si também pode ser adulterada. Muitas
vezes o traficante vende simples adrenalina ou MDA como se fosse o ecstasy.
O efeito do ecstasy dura horas, em média oito horas, mas isso pode variar de pessoa para
pessoa porque as enzimas que eliminam o ecstasy não estão presentes nas mesmas
quantidades em todas as pessoas. Aqueles que possuem maior quantidade da enzima
metabolizadora eliminam a droga mais rapidamente. A previsão do tempo de duração da
atividade não é precisa por causa dos metabólitos ativos, ou seja, mesmo o ecstasy tendo
sido metabolizado os produtos dessa metabolização continuam exercendo atividade
psicoativa como se fosse o próprio ecstasy. Assim um efeito, não necessariamente
agradável pode se prolongar por mais de oito horas.
Cérebro
Ainda não há estudos suficientes, mas parece que o ecstasy provoca elevação da
temperatura corporal o que é agravado pela situação em que é usado, nas danceterias onde
há grande atividade física. A exagerada elevação da temperatura corporal pode provocar
diversas lesões pelo corpo de acordo com a sensibilidade de cada tecido. O próprio tecido
cerebral é dos mais sensíveis podendo sofrer lesões desse superaquecimento. Convulsões
também já foram relatadas pelo uso do ecstasy.
Hiperpirexia (hipertermia)
Este é provavelmente o pior efeito indesejável do ecstasy, apesar de ser parte da toxicidade
cerebral, é relatada à parte para maior destaque de sua importância. O aquecimento do
corpo pode levar a rabdomiólise (lesão dos tecidos musculares) que quando acontece de
forma simultânea leva a um "entupimento" dos rins o que pode danificá-los
permanentemente. Coagulação intravascular disseminada: é um efeito extremamente grave
que geralmente leva a morte, mesmo quando o paciente já se encontra internado. O
tratamento é feito com resfriamento rápido através de imersão em água gelada, infusão de
solução salina resfriada e lavagem gástrica com líquidos frios.
Dependência
Ainda não há evidências de que o ecstasy provoque dependência física, contudo ainda é
cedo para afirmar que isso não acontecerá. Mais estudos são necessários. Várias vezes na
história da medicina uma substância inicialmente considerada inócua mostrou-se, com o
tempo, que era na verdade nociva. Já encontramos na literatura específica relatos de casos
compatíveis com dependência ao ecstasy.
ESQUIZOAFETIVO
Esta é uma categoria psiquiátrica controversa. Alguns pesquisadores contestam sua
existência, efetivamente é um quadro pouco comum e de difícil diagnóstico. Por definição
um paciente esquizoafetivo é aquele que não é esquizofrênico, embora psicótico, com
marcantes sinais de transtornos afetivos, ou seja, com evidentes períodos em que se
apresenta como deprimido ou maníaco e sem sintomas psicóticos, e fases em que fica
psicótico sem sintomas afetivos, são pacientes que apresentam critérios de diagnóstico para
dois distúrbios simultaneamente. Os pesquisadores julgaram melhor criar um novo tipo de
transtorno do que afirmar que certos pacientes têm duas doenças mentais ao mesmo tempo,
surgindo então a categoria "transtorno esquizoafetivo". Por outro lado existe também a
psicose da fase maníaca, quando o paciente bipolar assemelha-se mais ao esquizofrênico
do que ao maníaco, sem deixar de ser maníaco; e também a depressão esquizofrênica, em
que o paciente não deixa de ter o diagnóstico de esquizofrenia mas acrescenta-se de forma
transitória o de depressão.
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Na medida em que as diferenças de diagnóstico são pequenas, a certeza diagnóstica
enfraquece. Como ninguém gosta de incertezas a categoria de transtorno esquizoafetivo
costuma ser evitada por muitos psiquiatras. Os pacientes que possuem este diagnóstico não
devem se preocupar porque seu tratamento independe do nome do diagnóstico: depende
sim dos sintomas apresentados, este é o aspecto direcionador do trabalho do médico.
Estima-se que esse transtorno existe em aproximadamente 0,3 a 5,7 pessoas por 100.000
habitantes.
ESQUIZOFRENIA
Apesar da exata origem não estar concluída, as evidências indicam mais e mais fortemente
que a esquizofrenia é um severo transtorno do funcionamento cerebral. A Dra. Nancy
Andreasen disse: "As atuais evidências relativas às causas da esquizofrenia são um
mosaico: a única coisa clara é a constituição multifatorial da esquizofrenia. Isso inclui
mudanças na química cerebral, fatores genéticos e mesmo alterações estruturais. A origem
viral e traumas encefálicos não estão descartados. A esquizofrenia é provavelmente um
grupo de doenças relacionadas, algumas causadas por um fator, outras, por outros fatores".
A questão sobre a existência de várias esquizofrenias e não apenas uma única doença não
é um assunto novo. Primeiro, pela diversidade de manifestações como os subtipos
paranóide, hebefrênico e catatônico além das formas atípicas, que são conhecidas há
décadas. Segundo, por analogia com outras áreas médicas como o câncer. O câncer para o
leigo é uma doença que pode atingir diferentes órgãos. Na verdade trata-se de várias
doenças com manifestação semelhante. Para cada tipo de câncer há uma causa distinta, um
tratamento específico em chances de cura distintas. São, portanto, várias doenças. Na
esquizofrenia talvez seja o mesmo e o simples fato de tratá-la como uma doença só que
atrapalha sua compreensão. Poucos sabemos sobre essa doença. O máximo que
conseguimos foi obter controle dos sintomas com os antipsicóticos. Nem sua classificação,
que é um dos aspectos fundamentais da pesquisa, foi devidamente concluída. Revisão
Começo
A esquizofrenia pode desenvolver-se gradualmente, tão lentamente que nem o paciente nem
as pessoas próximas percebem que algo vai errado: só quando comportamentos
abertamente desviantes se manifestam. O período entre a normalidade e a doença
deflagrada pode levar meses.
Não há uma regra fixa quanto ao modo de início: tanto pode começar repentinamente e
eclodir numa crise exuberante, como começar lentamente sem apresentar mudanças
extraordinárias, e somente depois de anos surgir uma crise característica.
Muitas vezes não há uma fronteira clara entre a fase inicial com comportamento anormal e a
esquizofrenia propriamente dita. A família pode considerar o comportamento como tendo
passado dos limites, mas os mecanismos de defesa dos pais os impede muitas vezes de
verem que o que está acontecendo; não é culpa ou escolha do filho, é uma doença mental,
fato muito mais grave.
A fase inicial pode durar meses enquanto a família espera por uma recuperação do
comportamento. Enquanto o tempo passa os sintomas se aprofundam, o paciente apresenta
uma conversa estranha, irreal, passa a ter experiências diferentes e não usuais o que leva
as pessoas próximas a julgarem ainda mais que o paciente está fazendo uso de drogas
ilícitas. É possível que o paciente já esteja tendo sintomas psicóticos durante algum tempo
antes de ser levado a um médico.
Quando um fato grave acontece não há mais meios de se negar que algo muito errado está
acontecendo, seja por uma atitude fisicamente agressiva, seja por tentativa de suicídio, seja
por manifestar seus sintomas claramente ao afirmar que é Jesus Cristo ou que está
recebendo mensagens do além e falando com os mortos. Nesse ponto a psicose está clara,
o diagnóstico de psicose é inevitável. Nessa fase os pais deixam de sentir raiva do filho e
passam a se culpar, achando que se tivessem agido antes nada disso estaria acontecendo,
o que não é verdade. Infelizmente o tratamento precoce não previne a esquizofrenia, que é
uma doença inexorável. As medicações controlam parcialmente os sintomas: não
normalizam o paciente. Quando isso acontece é por remissão espontânea da doença e por
nenhum outro motivo.
Diagnóstico
Curso
Que a esquizofrenia é doença grave ninguém duvida, pois afeta as emoções, o pensamento,
as percepções e o comportamento. Mas o que dizer de uma gravidade que pode não deixar
sequelas nem ameaçar a vida da pessoa, mas pelo contrário permite o restabelecimento da
normalidade? A gravidade então não está tanto no diagnóstico: está mais no curso da
doença.
Faz apenas um pouco mais de 10 anos que se editou pela Organização Mundial de Saúde,
critérios objetivos e claros para a realização do diagnóstico da esquizofrenia. Na versão
anterior, o CID 9, os critérios eram "frouxos" permitindo diferenças consideráveis nos
parâmetros adotados entre os estudos; assim as disparidades de resultados entre eles eram
inaceitáveis terminando com a indefinição a respeito do curso da esquizofrenia. Algumas
psicoses são naturalmente transitórias e únicas na vida de uma pessoa. Se por engano
essas são consideradas como esquizofrênicas gera-se conflito ao se comparar com estudos
cujos critérios exigiam um período mínimo de meses na duração da psicose. Mesmo que
durem muitos anos as psicoses não podem ser confundidas com a personalidade
esquizoides. Assim, devido à falta de rigor na realização dos diagnósticos não podemos ter
segurança nos estudos anteriores ao CID 10 ou ao DSM-III (para os estudos que se
basearam nos critérios americanos); portanto as conclusões desses estudos não podem
determinar nossa conduta atual. Apesar do CID 10 ter criado uma técnica comprovadamente
mais confiável e precisa de se diagnosticar a esquizofrenia o problema não está resolvido.
Somente com o tempo e com mais pesquisas saberemos se os critérios hoje adotados estão
corretos, se correspondem à realidade. Caso no futuro se constate que ainda são
insuficientes, as pesquisas feitas com os critérios do CID 10 também serão desacreditadas.
As pesquisas precisam dizer se o que estamos diagnosticando é uma doença com vários
cursos naturais ou se são na verdade várias doenças cada qual com seu curso próprio.
Perante essas dificuldades entendemos por que são tão almejadas técnicas biológicas,
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como as de imagem da tomografia por emissão de pósitrons, para se estudar as
esquizofrenias.
Nesse trabalho foram selecionadas seis pessoas que tinham preenchido, dez anos antes,
critérios para esquizofrenia, sendo que todos alcançaram remissão completa do quadro.
Com esse tipo de estudo torna-se possível verificar se a remissão detectada na época seria
permanente ou uma fase de melhoria antes da cronicidade permanente. Como resultado,
mesmo num grupo tão pequeno, constataram-se vários cursos distintos. Três permaneciam
em remissão completa, um seguia um curso deteriorante contínuo e dois apresentavam
flutuações dos sintomas. Não foram identificadas diferenças clínicas que distinguisse os
pacientes. Para se dizer se o paciente estava com ou sem sintomas psicóticos foi usado um
questionário estruturado de entrevista para todos, acurando, assim, possíveis "defeitos"
deixados pela psicose prévia.
Desse estudo podemos ver que a remissão completa não é garantia de cura. Esse dado
aparentemente banal é importantíssimo no relacionamento com o paciente e sua família por
que 100% deles perguntam se ficarão bem, se voltarão a ser o que eram. No atual momento
nenhum profissional da saúde mental pode afirmar o que acontecerá. Dizer que não vai
melhorar é provocar uma iatrogenia, dizer que vai ficar bom pode ser ilusório o que
posteriormente custará à confiança no profissional.
Causa
Teoria Bioquímica
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A mais aceita em parte devido ao sucesso das medicações: as pessoas com esquizofrenia
sofrem de um desequilíbrio neuroquímico, portanto falhas na comunicação celular do grupo
de neurônios envolvidos no comportamento, pensamento e senso-percepção.
Com as modernas técnicas de investigação das imagens cerebrais (Tomografia por Emissão
de Pósitrons- TEP) os pesquisadores estão descobrindo áreas que são ativadas durante o
processamento de imagens sejam elas normais ou patológicas. As pessoas com
esquizofrenia parecem ter dificuldade na "coordenação" das atividades entre diferentes
áreas cerebrais. Por exemplo, ao se pensar ou falar, a maioria das pessoas mostra aumento
da atividade nos lobos frontais, juntamente a diminuição da atividade de áreas não
relacionadas a este foco, como a da audição. Nos pacientes esquizofrênicos observamos
anomalias dessas ativações. Por exemplo, ativação da área auditiva quando não há sons
(possivelmente devido a alucinações auditivas), ausência de inibição da atividade de áreas
fora do foco principal, incapacidade de ativar como a maioria das pessoas, certas áreas
cerebrais.
A TEP mede a intensidade da atividade pelo fluxo sanguíneo: uma região cerebral se ativa,
recebendo mais aporte sanguíneo, o que pode ser captado pelo fluxo sanguíneo local. Ela
mostrou um funcionamento anormal, mas por enquanto não temos a relação de causa e
efeito entre o que as imagens revelam e a doença: ou seja, não sabemos se as anomalias, o
déficit do fluxo sanguíneo em certas áreas, são a causa da doença ou a consequência da
doença.
Teoria Genética
Talvez essa seja a mais bem demonstrada de todas as teorias. Nas décadas passadas
vários estudos feitos com familiares mostrou uma correlação linear e direta entre o grau de
parentesco e as chances de surgimento da esquizofrenia. Pessoas sem nenhum parente
esquizofrênico têm 1% de chances de virem a desenvolver esquizofrenia; com algum
parente distante essa chance aumenta para 3 a 5%. Com um pai ou mãe aumenta para 10 a
15%, com um irmão esquizofrênico as chances aumentam para aproximadamente 20%,
quando o irmão possui o mesmo código genético (gêmeo idêntico) as chances de o outro
irmão vir a ter esquizofrenia são de 50 a 60%.A teoria genética, portanto explica em boa
parte de onde vem a doença. Se explicasse tudo, a incidência de esquizofrenia entre os
gêmeos idênticos seria de 100%.
Teoria do Estresse
62
pessoas que passaram por tais situações tenham mais esquizofrenia do que aquelas que
não passaram.
Não há provas de que drogas lícitas ou ilícitas causem esquizofrenia. Elas podem, contudo,
agravar os sintomas de quem já tem a doença. Certas drogas como cocaína ou estimulantes
podem provocar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia, mas não há evidências que
cheguem a causá-la.
Teoria Nutricional
Teoria Viral
Teoria Social
Fatores sociais como desencadeantes da esquizofrenia sempre são levantados, mas pela
impossibilidade de estudá-las pelos métodos hoje disponíveis, nada se pode afirmar a seu
respeito. Toda pesquisa científica precisa isolar a variável em estudo.No caso do ambiente
social não há como fazer isso sem ferir profundamente a ética.
Quando um filho tem esquizofrenia, ele sofre e sofre também a família. Num primeiro
movimento, tenta-se esconder a doença por causa do preconceito social. Quando a doença
não passa, os sonhos se desfazem a preservação da imagem não tem mais sentido porque
a doença é mais grave que o preconceito. A desesperança surge junto com a tristeza e o
sentimento de perda da vida, da perspectiva, do futuro daquele que adoeceu tem que ser
superado. A doença não pede licença: impõe e obriga-nos a mudar de postura diante da
vida, diante da dor. A esquizofrenia não pode ser encarada como uma desgraça: tem que
ser vista como uma barreira natural para nossos planos e desejos pessoais. Quando alguém
na família adquire esquizofrenia é necessário que toda a família mude, se adapte para
continuar sendo feliz apesar da dor. Os artigos científicos não publicam, mas o ser humano
é capaz de ser feliz apesar da doença.
63
Sintomas Positivos e Negativos
A divisão dos sintomas psicóticos em positivos e negativos tem por finalidade dizer de
maneira objetiva o estado do paciente. Tendo como ponto de referência a normalidade, os
sintomas positivos são aqueles que não deveriam estar presentes como as alucinações, e
os negativos aqueles que deveriam estar presentes mas estão ausentes, como o estado de
ânimo, a capacidade de planejamento e execução, por exemplo. Portanto sintomas positivos
não são bons sinais, nem os sintomas negativos são piores que os positivos.
Positivos
Perturbações do Pensamento - Estes sintomas são difíceis para o leigo identificar: mesmos
os médicos não psiquiatras não conseguem percebê-los, não porque sejam discretos, mas
porque a confusão é tamanha que nem se consegue denominar o que se vê. Há vários tipos
de perturbações do pensamento, o diagnóstico tem que ser preciso porque a conduta é
distinta entre o esquizofrênico que apresenta esse sintoma e um paciente com confusão
mental, que pode ser uma emergência neurológica.
Negativos
Falta de motivação e apatia - Esse estado é muito comum, praticamente uma unanimidade
nos pacientes depois que as crises com sintomas positivos cessaram. O paciente não tem
vontade de fazer nada, fica deitado ou vendo TV o tempo todo, frequentemente a única
coisa que faz é fumar, comer e dormir. Descuida-se da higiene e aparência pessoal. Os
pacientes apáticos não se interessam por nada, nem pelo que costumavam gostar.
64
Embotamento afetivo - As emoções não são sentidas como antes. Normalmente uma
pessoa se alegra ou se entristece com coisas boas ou ruins respectivamente. Esses
pacientes são incapazes de sentir como antes. Podem até perceber isso racionalmente e
relatar aos outros, mas de forma alguma podem mudar essa situação. A indiferença dos
pacientes pode gerar raiva pela apatia consequente, mas os pacientes não têm culpa disso
e muitas vezes são incompreendidos.
Os sintomas negativos não devem ser confundidos com depressão. A depressão é tratável e
costuma responder às medicações, já os sintomas negativos da esquizofrenia não melhoram
com nenhum tipo de antipsicótico. A grande esperança dos novos antipsicóticos de atuarem
sobre os sintomas negativos não se concretizou, contudo esses sintomas podem melhorar
espontaneamente.
Dificuldade para dormir, alternância do dia pela noite, ficar andando pela casa a noite,
ou mais raramente dormir demais.
Isolamento social, indiferença em relação aos sentimentos dos outros
Perda das relações sociais que mantinha
Períodos de hiperatividade e períodos de inatividade
Dificuldade de concentração chegando a impedir o prosseguimento nos estudos
Dificuldade de tomar decisões e de resolver problemas comuns
Preocupações não habituais com ocultismos, esoterismo e religião.
Hostilidade, desconfiança e medos injustificáveis.
Reações exageradas às reprovações dos parentes e amigos
Deterioração da higiene pessoal
Viagens ou desejo de viajar para lugares sem nenhuma ligação com a situação
pessoal e sem propósitos específicos
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Envolvimento com escrita excessiva ou desenhos infantis sem um objetivo definido
Reações emocionais não habituais ou características do indivíduo
Falta de expressões faciais (Rosto inexpressivo)
Diminuição marcante do piscar de olhos ou piscar incessantemente
Sensibilidade excessiva a barulhos e luzes
Alteração da sensação do tato e do paladar
Uso estranho das palavras e da construção das frases
Afirmações irracionais
Comportamento estranho como recusa em tocar as pessoas, penteados esquisitos,
ameaças de automutilação e ferimentos provocados em si mesmo
Mudanças na personalidade
Abandono das atividades usuais
Incapacidade de expressar prazer, de chorar ou chorar demais injustificadamente,
risos imotivados.
Abuso de álcool ou drogas
Posturas estranhas
Recusa em tocar outras pessoas
Nenhum desses sinais por si comprovam doença mental, mas podem indicá-la. Pela faixa
etária esses sinais podem sugerir envolvimento com drogas, personalidade patológica ou
revolta típica da idade. Diferenciar a esquizofrenia do envolvimento com drogas pode ser
feito pela observação da preocupação constante com dinheiro, no caso de envolvimento
com drogas, coisa rara na esquizofrenia. A personalidade patológica não apresenta
mudanças no comportamento, é sempre desviante, desde as tenras idades. Na
esquizofrenia incipiente ainda que lentamente, ocorre uma mudança no curso do
comportamento da pessoa, na personalidade patológica não. Na revolta típica da
adolescência sempre haverá um motivo razoável que justifique o comportamento,
principalmente se os pais tiverem muitos conflitos entre si.
A Família do esquizofrênico
O paciente esquizofrênico sofre intensamente com sua condição e sua família também, não
há como isto ser evitado. Infelizmente os programas político-sociais de reinserção dos
doentes mentais na sociedade simplesmente ignoram o sofrimento e as necessidades da
família, que são enormes. Esta é vista como desestruturada, fria, indiferente ou mesmo
hostil ao paciente. Da mesma forma que o paciente esquizofrênico sofre duas vezes, pela
doença e pelo preconceito, a família também sofre duas vezes, com a doença do filho e com
a discriminação e incompreensão sociais. Num país pobre como o Brasil, a assistência à
família do esquizofrênico tem que ser um programa governamental indispensável, para que
se possa preservar o desempenho social (estudo, trabalho, profissão) dos parentes dos
pacientes esquizofrênicos. O nível de recuperação que se tem com o tratamento da
esquizofrenia é muito baixo; os irmãos saudáveis desses pacientes devem ser amparados
para não terem suas vidas impedidas de se desenvolver por causa da esquizofrenia de um
irmão.
66
necessidades dos parentes dos esquizofrênicos. Como está, esse projeto não apenas
piorará a situação do paciente, como também de sua família. Os problemas que geralmente
ocorrem na família dos esquizofrênicos são os seguintes:
Tem sido observado que certos pacientes se recuperam mais frequentemente do que outros.
Nesse grupo foi identificado um grupo de características que pode servir como parâmetro,
referência para boa recuperação. Esses sintomas não servem como garantia, mas
aumentam as chances dessas pessoas de se recuperarem. Os sinais são os seguintes:
Não há unanimidade quanto a esses sintomas, sempre haverá quem conteste a afirmação
de que indicam bom prognóstico. Sintomas catatônicos (imobilidade ou excitação excessiva)
e confusão mental apesar de aparentarem maior gravidade podem se resolver mais
rapidamente deixando a pessoa sem problemas.
Um sinal importante de boa recuperação é a idade de início, quanto mais tarde mais
chances de recuperação. A idade comum de início da esquizofrenia é o fim da adolescência
e início da idade adulta podendo começar até aproximadamente 45 anos. Casos raros se
dão após essa idade ou na infância.
Os remédios são a única alternativa para tratar a esquizofrenia, outras formas de terapia
complementam, mas não substituem as medicações. Há, contudo, uma natural resistência
ao uso delas e isso é apenas uma consequência da forma como se entende a doença. Se
encararmos a medicação como algo estranho ao corpo a aversão se dará inevitavelmente,
mas se encararmos as medicações como substâncias reguladoras de atividades cerebrais
desequilibradas, pode vê-las como amigas. O paciente não tem nenhuma culpa por uma
parte do cérebro estar desregulado, mas pode usar o lado saudável (o bom senso) para
tomar a decisão de se tratar. As medicações, portanto, só fazem ajustar o que estava
desajustado. Infelizmente no caso da esquizofrenia não conhecemos medicações que
68
realizem essa tarefa completamente, restabelecendo a normalidade do paciente. Mas por
enquanto temos uma ajuda parcial. Meia dor é melhor que uma dor completa.
ESQUIZOFRENIFORME
O transtorno esquizofreniforme não é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde. Já a
classificação norte-americana é mais precisa na limitação dos critérios de diagnóstico sendo
por isso aqui utilizado. O transtorno esquizofreniforme se assemelha à esquizofrenia
distinguindo-se desta por ser mais curta. Toda a fase desde os pródromos até a recuperação
não pode ser mais longa do que seis meses. Quando surge um quadro psicótico numa
pessoa não se pode imediatamente dar o diagnóstico de esquizofrenia, a menos que o
transtorno tenha começado há mais de seis meses. Através dos sintomas não é possível
saber se o transtorno evoluirá para esquizofrenia ou para esquizofreniforme, portanto é
melhor usar um diagnóstico provisório até que o episódio termine ou o tempo de seis meses
se complete. O tratamento do transtorno esquizofreniforme é o mesmo da esquizofrenia ou
outras psicoses.
Diagnóstico
Para se fazer o diagnóstico é preciso que esses sintomas estejam presentes por no mínimo
um mês. Caso o tempo seja inferior a isso não significa que a pessoa não teve nada, só não
se pode dar esse diagnóstico.
Certos sintomas não compõem o diagnóstico, mas podem ser encontrados nos paciente
com estresse pós-traumático como dor de cabeça, problemas gastrintestinais, problemas
imunológicos, tonteiras, dores no peito, desconfortos.
Considerações importantes
Quando surgirá o transtorno não podemos saber, o fato de uma pessoa ter passado por um
trauma não significa necessariamente que ela terá estresse pós-traumático. Observa-se que
num mesmo evento, algumas pessoas podem apresentar esse transtorno e outras não.
Essas variações nos levam a julgar que existem também predisposições pessoais a este
70
problema, o que de fato tem sido constatado. Pessoas com outros problemas de ansiedade
prévios apresentam maior susceptibilidade a desenvolverem o estresse pós-traumático.
Qualquer pessoa pode desenvolver estresse pós-traumático, desde uma criança até um
ancião. Os sintomas não surgem necessariamente logo após o evento, podem levar meses.
O intervalo mais comum entre evento traumatizante e o início dos sintomas são três meses.
Muitas pessoas se recuperam dos sintomas em seis meses aproximadamente, outras
podem ficar com os sintomas durante anos.
Tratamento
Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico é necessário que a pessoa com fobia social apresente uma forte
sensação de ansiedade ou desconforto sempre que exposta a determinadas circunstâncias.
A ocorrência eventual para as mesmas situações como, por exemplo, escrever sendo
observado exclui o diagnóstico de fobia social. O fóbico social sente-se muito incomodado
todas as vezes que alguém o observa escrevendo. A intensidade desta reação de ansiedade
é desproporcional ao nervosismo que esta situação exigiria das pessoas em geral, e isso é
reconhecido pelo paciente. No momento em que a pessoa é exposta a situação fóbica, a
crise de ansiedade é de tal forma intensa que parece uma crise de pânico. Por causa de
todo o desconforto envolvido nessa situação a pessoa passa a apresentar um
comportamento de evitação para estas situações. Casos específicos devem ser analisados
individualmente, como, por exemplo, uma pessoa que tenha uma doença que deixe suas
mãos com aspecto desagradável, poderá sentir-se mal ao ser observada quando assina um
71
cheque, não por causa de uma possível fobia social, mas por causa do temor em que sua
doença cause repulso em quem o observa.
Características Associadas
Os limites entre a timidez normal e a patológica são muito tênues para quem não é
especialista no assunto. Mesmo para o próprio paciente com fobia social não é fácil acreditar
que sofra de um transtorno psiquiátrico. Somente a difusão popular do quadro típico da fobia
social na sociedade é capaz de levar os pacientes com fobia social ao psiquiatra, o que de
fato vem acontecendo cada vez mais.
Nas relações conjugais observa-se que quando o tratamento é iniciado após o casamento,
podem surgir conflitos conjugais. Isso acontece porque o cônjuge saudável estava
acostumado à dominação e o fóbico à submissão Quando o tratamento permite que a
submissão se desfaça surgem naturalmente os conflitos, que podem ser superados com a
cooperação e compreensão do cônjuge saudável. Pode ser necessária a complementação
do tratamento da fobia social com uma psicoterapia de casais para superar essa fase.
Sintomas
Não há sintomas típicos de fobia social; como qualquer transtorno de ansiedade os sintomas
são aqueles típicos de qualquer manifestação de ansiedade. O que caracteriza a fobia social
particularmente é o desencadeamento dos sintomas sempre que a pessoa é submetida à
observação externa enquanto executa uma atividade. Observa-se dentre os fóbicos
tremores, sudorese, sensação de bolo na garganta, dificuldade para falar, mal estar
abdominal, diarreia, tonteiras, falta de ar, vontade de sair do local onde se encontra o quanto
antes. A preocupação por antecipação com as situações onde estará sob apreciação alheia,
desperta a ansiedade antecipatória, fazendo com que o paciente fique vários dias antes de
uma apresentação sofrendo ao imaginar-se na situação.
72
Escrever ou assinar em público
Falar em público
Dirigir, estacionar um carro enquanto é observado
Cantar ou tocar um instrumento musical
Comer ou beber
Ser fotografado ou filmado
Usar mictórios públicos (mais para homens)
Os pacientes com fobia social geralmente não conseguem dizer não a um vendedor
insistente, compram um produto de que não precisam, só para se verem livres daquele
vendedor, mas também nunca mais voltam àquele lugar. Os namoros muitas vezes são
aceitos por conveniência e não por desejo verdadeiro. Os fóbicos sociais frequentemente
têm uma autoestima baixa e julgam que devem aceitar a primeira pessoa que surge porque
acham que não despertarão os interesses em mais ninguém.
Grupo de Risco
As pessoas mais afetadas pela fobia social são os homens, ao contrário da maioria dos
transtornos de ansiedade que predominam sobre as mulheres. O início é indefinido, por ser
muito gradual, impossibilitando os pacientes a identificarem até mesmo um ano em que este
problema tenha começado. Na grande maioria das vezes o início é localizado na época em
que começaram a se dar conta de que eram mais tímidos do que os outros, ou seja, na
infância ou adolescência. Ainda não foram descritos casos na fobia social tendo iniciado
após os trinta ou quarenta anos de idade. Isto não significa que não possa surgir nessa
época, mas certamente só ocorre raramente. O mais tardar que a fobia social pode começar
é no início da idade adulta, em torno de vinte anos; quando o paciente se dá conta percebe
que é mais acanhado que a maioria das pessoas sob as mesmas condições.
Tratamento
FOBIA ESPECÍFICA
73
Anteriormente denominada fobia simples a fobia específica é o medo persistente e
recorrente a um determinado objeto ou circunstância que desencadeia uma forte reação de
ansiedade, sempre que apresentado ao paciente fóbico.
Diagnóstico
Um objeto claramente identificável (nos demais transtornos fóbicos e ansiosos nem sempre
o objeto é claramente identificável). Este objeto sempre que apresentado desencadeia uma
forte reação de medo, ansiedade ou mal estar no paciente, podendo chegar a uma crise
semelhante à crise de pânico. Os adultos e adolescentes reconhecem que esse medo é
exagerado, mas as crianças não necessariamente. Pelo critério norte americano o
diagnóstico só pode ser dado quando o objeto fóbico interfere na rotina do indivíduo. Essa
posição é passível de crítica não representando a opinião desde site.
Características
Há situações nas quais o objeto fóbico é o mesmo da agorafobia. A diferença entre essas
duas formas de fobia baseia-se no que a paciente pensa. Na fobia há uma forte reação
contrária ao objeto, sendo o objeto afastado, a ansiedade some. Na agorafobia o medo é da
dificuldade de sair de onde esteja caso passe mal, o que não acontece na fobia específica.
Essa diferenciação é importante porque a fobia específica é um problema isolado, já a
agorafobia dificilmente vem sozinha, geralmente antecede, vem junto ou depois de um
quadro depressivo ou de pânico.
Os objetos fóbicos mais comumente encontrados são fobia a animais como cães, aranhas,
lesmas. Medo de animais altamente perigosos como cobras venenosas, jacarés, tigres não
podem ser considerados patológicos. Outras fobias comuns são de sangue, de águas rasas
ou profundas, trovões e tempestades, alturas, elevadores, aviões. A lista de objetos fóbicos,
contudo, não é restrita: qualquer objeto desde que suscite uma resposta fóbica típica pode
enquadrar os critérios de fobia específica.
Tratamento
74
Pela pequena quantidade de pesquisas nessa área e por causa da pequena demanda de
tratamento há poucas pesquisas sobre o da fobia específica. As medicações se mostram
ineficazes e a terapia cognitivo-comportamental apresentam resultados bastante
satisfatórios.
MACONHA
Maconha e o Cigarro
O uso da maconha não pode ser comparado ao uso do cigarro ou álcool em pequenas
quantidades. O cigarro nunca é saudável, mas não possui o efeito psicotrópico da maconha,
e é justamente sob este aspecto que fica a diferença. Uma pessoa que use maconha tem
como finalidade alcançar um estado diferente do normal; uma pessoa que fume cigarro
procura status ou prazer. O objetivo de alcançar um estado diferente de percepção sentir-se
como num sonho ou para relaxar-se, indica que existe uma deficiência psicológica: os
problemas externos são muito fortes sendo necessária uma forma de compensação dessa
tensão, ou o indivíduo que fuma maconha está fraco o suficiente para não enfrentar seus
problemas naturais. O uso da maconha para ambas as situações é equivocado e levará a
problemas maiores. Nesse caso o problema não está na maconha, mas no comportamento
de fuga. A adolescência é a preparação para a vida adulta que por natureza é mais difícil
devido à maturidade que será alcançada com o tempo e paciência. Quando um adolescente
foge de seus problemas está plantando o hábito da fuga para a vida adulta. Talvez, através
da própria maconha quando for adulto. A maconha dificilmente é usada com a mesma
intensidade do cigarro. É comum encontrar uma pessoa que fume vinte ou trinta cigarros por
dia, mas mesmo para o mais pesado usuário de maconha dificilmente chegaria a tanto.
Como os efeitos maléficos do cigarro são diretamente proporcionais a intensidade do uso,
dificilmente um usuário de maconha terá os mesmos problemas do usuário do cigarro como
câncer ou enfisema. Contudo os efeitos maléficos da maconha são outros, atingem com
certeza o comportamento e a personalidade dos usuários, além da síndrome amotivacional
atribuída ao uso pesado e prolongada da maconha. A maconha talvez não encurte a vida de
uma pessoa como faz o cigarro, mas certamente compromete a qualidade dos anos vividos.
Efeitos fisiológicos
Imediatos
Longo prazo
Tem sido muito estudado os prejuízos permanentes que a maconha pode causar após o uso
pesado durante muito tempo, quinze anos, por exemplo. Os achados não são conclusivos;
não se pôde por enquanto confirmar nem descartar efeitos como a síndrome amotivacional.
Os testes neuropsicológicos não puderam detectar prejuízos assim como os testes de
imagens também não. A ausência de alterações nos exames não pode ser considerada
como ausência de prejuízo. Pode ser que não haja nenhum, o que é pouco provável, pode
ser que só aconteça numa parte dos usuários, ou pode ser que nossos instrumentos e
técnicas de pesquisa ainda não sejam capazes de localizar o problema. Sabemos que o
cérebro de uma pessoa com profundo retardo mental é absolutamente normal sob todos os
exames de imagem e histopatológicos, mas é evidente que essa normalidade não
corresponde à realidade dessas pessoas severamente afetadas pelo retardo.
Efeitos Psicológicos
Um indivíduo de classe social média, saudável, com boa perspectiva de trabalho é o perfil do
usuário mais frequente de uso de maconha, embora a disseminação nas classes mais
baixas esteja se alastrando. Geralmente esses indivíduos acreditam que não têm nada a
perder experimentando a maconha. O resultado imediato do uso é positivo: torna-se mais
aceito em seu grupo, se beneficia dos efeitos e inicialmente não há prejuízos em nenhuma
área de sua vida. Assim sendo para quem não acreditava que não tinha nada a perder
passa a ter algo a ganhar: a ligação com o uso passa a ser contínua com a permanente
sensação de que pode parar o consumo da maconha quando quiser. Essas são as situações
mais comuns no início e na manutenção do uso.
76
independentemente dos efeitos biológicos, a maconha assumia uma posição na hierarquia
de valores bastante nociva. Possuir uma hierarquia de valores significa que só um valor
pode estar em primeiro lugar, só um valor pode estar em segundo lugar, só um valor pode
estar em terceiro lugar, assim sucessivamente. Quando um usuário de maconha passa a ter
sucesso nos estudos torna-se objeto de referência para o grupo, todos acreditam que se
fulano venceu apesar de fumar, cada um pode vencer também e se fracassar não será por
causa da maconha. Essas deduções são tiradas de forma imediata, mas estamos falando do
que acontece ao longo dos anos. Vencer na vida não é vencer uma só batalha, mas lutar
sempre. Essa disposição é incompatível com fumar maconha frequentemente. Quando uma
pessoa experimenta o sabor da vitória pelo seu próprio esforço tende a deixar o uso da
maconha por perceber que a vitória na vida é mais saborosa. Há personalidades em nossos
dias que alcançaram elevado destaque no cenário nacional, por merecimentos próprios e
justos, tendo eles sido usuários de maconha. Esses, frequentemente, são usados como
exemplos de que fumar não fará mal. À diferença é que essas pessoas abandonaram ou
quase isso, quando alcançaram o sucesso. Aqueles que alcançam o sucesso e continuam
usando a maconha têm muito mais chances de perderem o que conquistaram, do que
aqueles que abandonaram o uso substituíram o valor da maconha por outro melhor.
Motivações
Por que fumar maconha? Os motivos são basicamente os mesmos para a maioria dos
usuários. Numa pesquisa com 345 usuários de maconha foram feitas várias perguntas a
respeito dos motivos porque geralmente se usa a maconha. Os mais frequentes estão
abaixo relacionados.
Relaxar 96,8%
Curtir os efeitos 90,7%
Melhorar o desempenho na prática de jogos, esportes e música 72,8%
Superar aborrecimentos 70,1%
Ajudar a dormir 69,6%
Sentir-se melhor 69,0%
Síndrome Amotivacional
Sintomas
Há formas mais brandas desse distúrbio nas quais o paciente tem apenas obsessões ou as
compulsões são discretas, sendo as obsessões pouco significativas. Os sintomas
obsessivos mais comuns são:
Diagnóstico
Curso e Epidemiologia
79
diferenças de um estudo para outro. Nas crianças observa-se um aparecimento um pouco
mais comum nos meninos.
Tratamento
A reação de pânico é uma reação normal quando existe uma situação que favoreça seu
surgimento. Estar num local fechado onde começa um incêndio, estar afogando-se ou em
qualquer situação com eminente perigo de morte, a sensação de pânico é normal. O pânico
passa a ser identificado como patológico e por isso ganha o título de transtorno do pânico
quando essa mesma reação acontece sem motivo, espontaneamente. Nas situações em
que a própria vida está ameaçada o organismo toma medidas que normalmente não
tomaria, perdendo o medo de pequenos perigos para livrar-se de um perigo maior. Para fugir
de uma cobra podemos subir numa árvore mesmo tendo medo de altura ou fazendo
esforços incomuns, sofrendo pequenos ferimentos que no momento não são percebidos. O
estado de pânico é, portanto uma reação normal e vantajosa para a autopreservação.
Aqueles que fogem mais rapidamente do perigo de morte têm mais chances de sobreviver.
O diagnóstico
80
preocupação com doenças, intenção de ir ao médico e fazer exames, vontade de informar-
se a respeito de manifestações de doenças.
b) Dentre vários sintomas pelo menos quatro dos seguintes devem estar presentes:
6- Dor ou desconforto no peito (o que leva muitas pessoas a acharem que estão tendo um
ataque cardíaco)
9- Despersonalização ou desrealização.
12- Alterações das sensações táteis como sensação de dormências ou formigamento pelo
corpo.
*A despersonalização é uma sensação comum nos estados ansiosos que pode surgir
mesmo fora dos ataques de pânico. Caracteriza-se por dar a pessoa uma sensação de não
ser ela mesma, como se estivesse saindo de dentro do próprio corpo e observando a si
mesmo.
Causas
81
As causas dos ataques de pânico são desconhecidas. Contudo cada um dos pensamentos
teóricos vigentes possuem suas próprias teorias. Observa-se também que os pacientes ao
procurarem o psiquiatra pela primeira vez geralmente possuem suas próprias teorias ou
explicações para o que está acontecendo consigo. Por enquanto a única recomendação que
o médico pode dar aos seus pacientes é de não pensarem a respeito pois como não existem
bases comprovadas para se especular a respeito das causas do pânico, qualquer idéia tem
muito mais chances de estar errada do que certa. O paciente deve preocupar-se em seguir o
tratamento e levar sua vida normalmente ao invés de descobrir as causas de seu transtorno.
Teorias:
Neuroanatômica:
Comportamental
Psicanalítica
Grupos de Risco
Aproximadamente 1,5 a 2% das pessoas é afetada por esse transtorno, o que significa uma
prevalência alta, sendo ainda mais alto, de 3 a 4% se os critérios para diagnóstico não forem
inteiramente preenchidos, ou melhor, se considerarmos as crises parciais e os quadros de
ataques de ansiedade atípicos. As mulheres são mais afetadas do que os homens, sendo
aproximadamente o dobro a incidência do transtorno do pânico sobre as mulheres em
relação aos homens, a proporção então é de duas mulheres para cada homem. A idade de
início concentra-se em torno dos trinta anos, podendo começar durante a infância ou na
velhice. A mulher de 30 anos é o grupo sobre o qual se observa maior incidência desse
transtorno.
Duração
O curso do pânico é imprevisível, tanto podem durar alguns meses como pode durar vários
anos. Desde que o pânico começou a ser estudado, há poucas décadas, ainda não foi
possível se verificar em que percentagem ele dura a vida toda. Os estudos de longo
seguimento chegam a perto de uma década e aproximadamente 10% dos pacientes
continua sintomático após esse período, ou seja, continua tendo ataques de pânico quando
as medicações são suspensas. É importante notar que o tratamento não cura o pânico,
apenas suprime os sintomas e permite o paciente ter uma vida normal, mas a suspensão do
tratamento leva a uma recaída caso não tenha ocorrido uma remissão espontânea do
transtorno. Mesmo bem conduzido o tratamento não há nenhuma garantia de cura, ou os
sintomas remitem sozinhos ou permanece a necessidade de utilização das medicações. Há
relatos de casos de remissão espontânea durante a gestação
Medicamento
Terapias
Consequências comuns
Coração
A ligação entre o pânico e doenças cardíacas é nula conforme diversos estudos mostraram,
ou seja, não existem evidências de que os ataques de pânico com forte dores no peito
venham a provocar qualquer tipo de doença cardíaca, nem as doenças cardíacas por outro
lado podem causar pânico.
Nenhuma doença mental é letal nem provoca sequelas, mas outras doenças médicas
podem, por isso, sempre que há suspeitas da existência de algum problema clínico
causando uma manifestação parecida ao pânico, é imprescindível investigar outros
problemas médicos. As doenças mais parecidas aos ataques de pânico são:
Hipertireoidismo ou hipotireoidismo
Hiperparatireoidismo
Feocromocitoma
Disfunções vestibulares
Convulsões
Intoxicação do sistema nervoso central
Doenças cardíacas
5. Convulsões por serem inesperadas e de curta duração podem se parecer com crises de
pânico. As convulsões que cursam com perda dos sentidos e queda podem ser descartadas
85
porque o pânico não provoca isso, somente as crises que não provocam perda de
consciência podem ser consideradas como possíveis crises de pânico.
7. Os problemas cardíacos devem sempre ser descartados. Um paciente com quadro clínico
compatível com transtorno do pânico e queixas cardíacas deve ser encaminhado
rotineiramente para o atendimento cardiológico. Caso surja algum problema será uma mera
coincidência, mas é melhor errar por excesso de zelo do que esperar consequências
danosas para o coração. É recomendável que isso seja feito, pois muitas medicações que
tratam o pânico provocam pequenas alterações no ritmo cardíaco.
Os parentes
Frequentemente os pacientes com pânico sofrem muito duas vezes, a primeira por causa
dos ataques e suas consequências e segundo por causa da incompreensão de que são
vítimas. Como médico canso-me de ouvir de meus pacientes que seus filhos, pais, cônjuges
criticam-no por causa das crises achando que são frescuras. É verdade, a primeira coisa
que os parentes têm que fazer é compreender, aceitar e apoiar os pacientes. O transtorno
do pânico é uma doença como outra qualquer, o paciente não escolheu tê-la, nem pode
evitá-la.
Aqui estão algumas recomendações às pessoas que convivem com quem tem pânico:
Nunca diga:
Relaxe acalme-se...
Você pode lutar contra isso...
Não seja ridícula (o)!
Não seja covarde!
Você tem que ficar (quando o paciente quer sair de onde está)
Recomendações
1. Não faça suposições a respeito do que a pessoa com pânico precisa, pergunte a ela.
4. Procure ser otimista para com quem pânico, procure aspectos positivos nos problemas.
7. Seja paciente e aceite as dificuldades de quem tem pânico, mas não se conforme como
se ela (e) for uma inválida (o).
86
PERSONALIDADE PATOLÓGICA
O que são os transtornos de personalidade?
Generalidades
Por convenção, o diagnóstico só deve ser dado a adultos, ou no final da adolescência, pois a
personalidade só está completa nessa época, na maioria das vezes. Os diagnósticos de
distúrbios de conduta na adolescência e pré-adolescência são outros.
Aspectos essenciais:
87
Incapacidade de assumir a culpa do que fez de errado, ou de aprender com as
punições.
Tendência a culpar os outros ou defender-se com raciocínios lógicos, porém
improváveis.
Aspectos essenciais
Aspectos essenciais
88
Tendência a guardar rancores recusando-se a perdoar insultos, injúrias ou injustiças
cometidas.
Interpretações errôneas de atitudes neutras ou amistosas de outras pessoas, tendo
respostas hostis ou desdenhosas. Tendência a distorcer e interpretar maléficamente
os atos dos outros.
Combativo e obstinado senso de direitos pessoais em desproporção à situação real.
Repetidas suspeitas injustificadas relativas à fidelidade do parceiro conjugal.
Tendência a se autovalorizar excessivamente.
Preocupações com fofocas, intrigas e conspirações infundadas a partir dos
acontecimentos circundantes.
Aspectos essenciais
Aspectos essenciais
89
Capacidade limitada de expressar sentimentos calorosos, ternos ou de raiva para
como os outros.
Indiferença a elogios ou críticas.
Pouco interesse em ter relações sexuais.
Preferência quase invariável por atividades solitárias.
Tendência a voltar para sua vida introspectiva e fantasias pessoais.
Falta de amigos íntimos e do interesse de fazer tais amizades.
Insensibilidade a normas sociais predominantes como uma atitude respeitosa para
com idosos ou àqueles que perderam uma pessoa querida recentemente.
Aspectos essenciais
Aspectos essenciais
Aspectos essenciais
PIROMANIA
A piromania é definida como o comportamento repetitivo de atear fogo de forma proposital e
intencional. É um transtorno pouco conhecido e até mesmo á quem questione se de fato é
um transtorno mental. Para se realizar esse diagnóstico é necessário que outros como
esquizofrenia, mania bipolar, personalidade antissocial devem estar excluídas. O número de
atos incendiários não é importante, basta um para se fazer o diagnóstico, desde que
preencha os critérios citados no parágrafo abaixo.
Tratamento
PSICOSE
A psicose é um estado anormal de funcionamento psíquico. Mesmo não sabendo
exatamente como são as patologias psiquiátricas, podemos imaginar algo semelhante ao
compará-las com determinadas experiências pessoais. A tristeza e a alegria assemelham-se
à depressão e a mania, a dificuldade de recordar ou de aprender estão relacionada à
demência e ao retardo, o medo e a ansiedade perante situações corriqueiras têm relações
com os transtornos fóbicos e de ansiedade. Da mesma forma outros transtornos
psiquiátricos podem ser imaginados a partir de experiências pessoais. No caso da psicose
não há comparações, nem mesmo um sonho por mais irreal que seja, não é semelhante à
psicose.
A essência da psicose
Quando alguém nos conta uma história realista dependendo da confiança que temos nessa
pessoa acreditaremos na história. Na medida em que constatamos indícios de que a história
é falsa começamos a pensar que nosso amigo se enganou ou que no fundo não era tão
confiável assim. Nesse evento o que se passou? Primeiro, um fato é admitido como
verdadeiro, depois novos conhecimentos ligados ao primeiro são adquiridos, por fim a
confrontação dos fatos permite a verificação de uma discordância. Do raciocínio lógico
surgiu um questionamento. Essa forma de proceder provavelmente é exercida diariamente
por todos nós. A forma de conduzir ideias confrontando-as com os fatos é uma maneira de
estabelecer o contato com a realidade. O que aconteceria se essa função mental não
pudesse mais ser executada? Estaríamos diante de um estado psicótico!
92
Pois bem, o aspecto central da psicose é a perda do contato com a realidade, dependendo
da intensidade da psicose. Num dado momento a perda será de maior ou menor
intensidade. Os psicóticos quando não estão em crise, zelam pelo seu bem estar,
alimentam-se, evitam machucar-se, têm interesse sexual, estabelecem contato com pessoas
reais. Isto tudo é indício da existência de um relacionamento com o mundo real. A psicose
propriamente dita começa a partir do ponto em que o paciente relaciona-se com objetos e
coisas que não existem no nosso mundo. Modificam seus planos, suas ideias, suas
convicções, seu comportamento por causa de ideias absurdas, incompreensíveis, ao mesmo
tempo em que a realidade clara e patente significa pouco ou nada para o paciente. Um
psicótico pode sem motivo aparente cismar que o vizinho de baixo está fazendo macumba
para ele morrer, mesmo sabendo que no apartamento de baixo não mora ninguém. A cisma
nesse caso pertence ao mundo psicótico e a informação aceita de que ninguém mora lá é o
contato com o mundo real. No nosso ponto de vista são dados conflitantes para um psicótico
não são talvez ele não saiba explicar como um vizinho que não está lá pode fazer macumba
para ele, mas a explicação de como isso acontece é irrelevante, o fato é que o vizinho está
fazendo macumba e pronto. O psicótico vive num mundo onde a realidade é outra,
inatingível por nós ou mesmo por outros psicóticos, mas vive simultaneamente neste mundo
real.
PSICOSE PUERPERAL
A psicose puerperal (puerpério é a fase que vai até 45 dias após o parto) não é uma psicose
à parte: é uma psicose desencadeada pelo parto, assemelhando-se clinicamente às
psicoses de curta duração. As psicoses iniciadas após essa fase recebem o diagnóstico de
acordo com suas características específicas, não sendo mais classificadas como puerperais.
Generalidades
O pós-parto é uma fase crítica para a mulher por causa das violentas mudanças nas taxas
hormonais, além de todo o estresse que o parto implica. Verifica-se um aumento geral na
93
incidência de distúrbios mentais nessa fase, principalmente para quem já sofreu algum
problema psiquiátrico antes. A psicose puerperal ocorre na frequência de um ou dois partos
para cada 1000. Ocorrem mais nas primíparas e mães solteiras. Não há relação dessa
psicose com a idade da mãe nem com sua cor. Pacientes com transtorno bipolar ou
pacientes que tiveram psicose no parto anterior devem tomar medidas preventivas. O início
é súbito dando-se em 1/3 dos casos na primeira semana após o parto e 2/3 no primeiro mês.
A principal temática dos delírios da psicose puerperal está ligado ao bebê. Os temas mais
comuns dos delírios são achar que o bebê não nasceu, foi trocado, está morto ou
defeituoso. Tentativas de homicídio contra o bebê podem acontecer. A recuperação da
psicose está diretamente ligada à história prévia da paciente. Sendo ela bipolar a
recuperação do transtorno se dará de forma natural ou abreviada pelo tratamento. Sendo
esquizofrênica, o curso crônico prosseguirá com a possibilidade de certa acentuação
durante o puerpério. Sem nenhuma história prévia a maior probabilidade é de que a paciente
se recupere completamente. O tratamento realizado é o mesmo para as psicoses em geral e
o aleitamento materno precisa ser suspenso.
Como se caracteriza
O comportamento torna-se desorganizado, não acaba o que começa e o que faz muitas
vezes não tem sentido. Veste-se inadequadamente, não atende aos apelos dos familiares,
recusa-se em colaborar com o que é preciso. O sono, como em todos os transtornos
psicóticos fica diminuído. O senso de perigo pode ser perdido, deixando o fogo da cozinha
aceso, a porta da rua aberta, permitindo que crianças brinquem com facas afiadas, etc.
Alguns pacientes tornam-se repetitivos nos gestos ou nas palavras. Surgem personagens
inexistentes das fantasias delirantes ou das alucinações auditivas, com que o paciente se
relaciona. Às vezes rituais com cunho religioso são entoados ou criados pelos pacientes.
Diversas outras manifestações podem surgir, os quadros psicóticos costumam ser muito
variados, só algumas foram citadas aqui.
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TRANSTORNOS SOMATOFORMES
A essência desses transtornos é o sintoma físico sem base médica constatável, persistência
nas queixas, apesar de repetidos achados negativos e de reasseguramentos pelos médicos
de que elas não têm fundamento clínico. Pode acontecer também da pessoa ter uma doença
física fundamentada, mas com queixas exageradas que não justificam o problema que têm.
Esses casos com certeza são mais complicados e confundem os médicos. Observa-se
também uma forte recusa por parte do paciente de admitir que seu problema seja
psicológico, mesmo quando há um evento estressante na sua vida. Estes pacientes tendem
a trocar de médico constantemente, possuem intermináveis listas de exames e medicações;
suas histórias são tão longas quanto complicadas. Transtornos de personalidade podem
estar associados.
Transtorno de Somatização
O começo de qualquer queixa não pode ser ignorado porque essas pessoas como quaisquer
outras, podem vir a ter problemas físicos potencialmente graves. É de nossa experiência um
caso semelhante: felizmente a doença foi detectada a tempo (tratava-se de um câncer
benigno) e a paciente operada com sucesso. Contudo ficou por mais de dez anos tendo
sintomas correlatos à queixa inicial sem que nada houvesse clinicamente.
Hipocondria
É a crença persistente na presença de pelo menos uma doença física grave, progressiva,
com sintomas determinados, ainda que os exames laboratoriais e consultas com vários
médicos assegurem que nada exista. Muitas pessoas quando passam por uma doença
grave e se restabelecem ficam sensibilizadas com o que aconteceu, preocupando-se
demais. Contudo, nesses casos, se uma consulta ou novo exame descartarem o
recrudescimento da doença e o paciente tranquilizar-se, não havia hipocondria.
Não se conhece medicação específica para hipocondria, mas acredita-se que psicoterapia
pode ajudar quando iniciada com até três anos da sintomatologia instalada. Há muito poucas
pesquisas na literatura psiquiátrica porque estes pacientes se recusam a participar dos
trabalhos científicos, visto que não se consideram psiquiatricamente doentes. Pela mesma
razão não se sabe ao certo que percentagem da população é atingida por esse problema,
nem o perfil caracterológico dessas pessoas.
A queixa predominante é de dor persistente, grave e angustiante, a qual não pode ser
plenamente explicada por nenhum processo fisiológico ou por um transtorno físico.
Geralmente existe um fator psicológico associado. Depois de descartada a possibilidade de
uma causa física, a investigação das circunstâncias de vida da pessoa pode revelar ganhos
que o paciente obtém com a queixa persistente de dor. Ao se fazer este diagnóstico os
familiares não devem tomar uma postura de indiferença ou desprezo pelo paciente: isso só
faz piorar as coisas. Também não se deve submeter aos exageros do paciente, nem às
tentativas de manipulação por sua dor. O transtorno doloroso não é uma invenção, existe,
não como uma origem inflamatória, mas por algum mecanismo ainda pouco conhecido que
opera na mente destas pessoas. Deve-se, portanto viver a solidariedade distante, ou seja,
estar do lado do paciente sempre, mas sabendo que ele pode usar de suas queixas para
obter ganhos e manipular quem está próximo. Esta atitude não é simples de entender nem
de exercer, mas é o melhor que se pode fazer além do suporte psicoterapêutico.
TRANSTORNOS DO SONO
Tipos
(1) Os primários, por não derivarem de nenhuma causa externa, originando-se no próprio
indivíduo: são divididas em dissonias (insônia e hipersonia) e as parassonias
(sonambulismo, terror noturno, pesadelos).
(3) Os decorrentes de transtornos físicos em geral como qualquer condição física que
prejudique o sono: falta de ar, dores, desconfortos.
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(4) Os devidos a medicações ou outras substâncias que possam prejudicar o sono.
Abordaremos apenas as insônias do primeiro tipo.
Generalidades
Pesquisas feitas nos EUA mostraram que aproximadamente 1/3 da população tem algum
problema com o sono. Essa prevalência tão alta mostra como a fisiologia do sono é sensível,
alterando-se mesmo com preocupações ou tensão do dia-a-dia. A insônia é a forma mais
comum dos transtornos do sono, mas dependendo da pessoa, de suas predisposições
naturais, as tensões podem se manifestar de outras maneiras, até como enurese noturna, o
que não é comum. Os transtornos primários do sono costumam ser tratados com
medicações, além de uma série de procedimentos de acordo com cada caso. Já nos tipos 2,
3 e 4 deve-se tratar primeiro a causa; não havendo sucesso pode-se recorrer à medicação
indutora do sono.
O que é a insônia?
Generalidades
Tratamento
O primeiro passo para se tratar a insônia é pôr ordem na própria vida, não dormindo durante
o dia, mesmo que tenha acordado cedo demais, praticando esportes regularmente, não
tomando mais do que cinco xícaras de café ao dia, não tomando café após as 16:00h (bem
como as demais substâncias que contêm cafeína). Evitando atividades excitantes antes de
dormir como exercícios pesados ou filmes tensos, cuidando da alimentação, procurando
atividades tranquilas antes de dormir, como a leitura. Não lutar contra a insônia: caso não
consiga dormir em 30 minutos, levantar-se da cama e procurar uma atividade leve até que o
sono chegue sem aborrecer-se com a hora ou com a necessidade de descansar.
Como se caracteriza?
Generalidades
Assim como o sonambulismo, o terror noturno é comum nas crianças e costuma ceder
espontaneamente até os vinte anos de idade. Geralmente nessa faixa etária não é
necessária a intervenção medicamentosa que fica reservada para os adultos. As
medicações empregadas costumam serem as mesmas do sonambulismo:
benzodiazepínicos e antidepressivos tricíclicos.
O que é o sonambulismo?
É a alteração, numa determinada fase do sono, que permite a pessoa realizar atos num
estado intermediário entre o sono e a vigília (estar plenamente despertado). Ao ser
interceptado num episódio de sonambulismo, a pessoa claramente mostra não estar
consciente de tudo que se passa a seu redor, apesar de realizar pequenas tarefas como
andar, vestir-se, sentar-se, olhar.
Como se apresenta?
Usualmente ocorre nas primeiras horas de sono podendo durar de alguns segundos a
poucos minutos. Durante o episódio o paciente mostra-se apático, estabelecendo pouco
contato com o meio, parecendo não reconhecer as pessoas familiares. Sendo questionada
verbalmente as respostas são desconexas e murmuradas. Raramente realiza um
procedimento mais elaborado como trocar de roupas ou urinar no local adequado. Como a
atenção não está em seu nível normal, o sonâmbulo pode ferir-se com objetos em seu
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caminho.Quando está em ambiente familiar poderá andar, descer escadas e até pular
janelas sem machucar-se. O despertar é difícil nesse momento e quando gentilmente
encaminhado de volta para a cama costuma obedecer. Os adultos podem ter reações mais
violentas quando abordados, tentando escapar do que julgam ser ameaçador. Na manhã
seguinte, usualmente não há recordação do episódio. Não há constatações de que o
sonâmbulo quando despertado durante o sonambulismo possa vir a sofrer algum dano.
Grupo de risco
O que fazer?
SUICÍDIO
Nem todas as pessoas que cometem suicídio apresentam problemas psiquiátricos, mas é
verdade que dentre os pacientes psiquiátricos a taxa de suicídio é maior do que na
população em geral, assim como dentre as pessoas com doenças não psiquiátricas a taxa
de suicídio é mais elevada também, em relação á população geral. Não é válido julgar que
uma pessoa depois de cometer ou tentar suicídio venha a ser considerada como portadora
de doença mental por causa de seu gesto. Em aproximadamente 70% dos suicídios a
pessoa apresentava alguma condição psiquiátrica, nos outros 30% alguma condição social
como doença não psiquiátrica, desemprego e problemas legais como principais fatores.
Observa-se também uma diferença nos fatores que levam ao suicídio conforme a idade,
abaixo dos 30 anos de idade uso de drogas ilícitas e personalidade antissocial, são mais
frequentes. Enquanto que, acima dessa idade 69% dos suicídios estão correlacionados a
transtornos do humor.
99
O suicídio ocorre sempre sem aviso
Geralmente são avisos indiretos ou dissimulados como: "não sirvo para nada", "só estou
atrapalhando", mas as pessoas que se matam sempre avisam antes.
Uma pessoa que já pensou em suicídio será sempre uma candidata a ele.
Não é verdade, uma pessoa que pensou ou tentou suicídio poderá vir a superar suas
dificuldades e passar a rejeitar fortemente a ideia de morrer.
Grupos de Risco
Estes são os grupos de risco mais abrangentes, outros grupos menores como homossexuais
também apresentam taxas mais elevadas conforme estudos da universidade de Minnesota
no qual constataram que 41 em 137 relataram tentativas de suicídio. Este grupo foi
constituído por homossexuais masculinos entre 14 e 21 anos de idade.
A relação de ajuda
Ajudar não é fácil e não nascemos sabendo, esta é a posição inicial para quem nunca teve
um preparo especial para lidar com quem precisa de ajuda. Ajudar significa dar aquilo que a
pessoa precisa e não aquilo que achamos que ela precisa. O que mais se encontra na
prática e, isso não se restringe às pessoas potencialmente suicidas, mas todos enfermos
que precisam de ajuda. Admitir que não saber o que falar é uma atitude positiva de quem é
humilde e se não souber o que dizer não tente inventar, afirme que não sabe o que dizer
mas está disposto a ouvir de coração aberto o que a pessoa tem a dizer.
100
Ouvir ativamente. Observar o que não é dito, tolerar as incoerências e as
contradições, não é hora de dar lições de moral nem mostrar os erros, é hora de
estimular a dar a volta por cima e ser paciente na dor.
Demonstrar impaciência e pior ainda, irritação significam para quem fala uma
rejeição pessoal impossibilitando um relacionamento livre de impedimentos.
Como ajudar?
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, ajudar não é fácil nem intuitivo, para ajudar é
necessário estar preparado, se possível, treinando, dizer aquilo que se julga ser bom e
eficaz pode vir a ser destrutivo. As pessoas não são todas iguais, as circunstâncias variam,
os valores mudam, as crenças são adquiridas ou perdidas, por isso, para se ajudar uma
pessoa que quer morrer é assunto para pessoas bem informadas e bem formadas, do
contrário é melhor não falar nada. A em suicídio é uma pessoa solitária, ela pode estar no
meio de uma grande multidão ou de uma grande família, mas sente-se só. Antes da primeira
tentativa ela tenta se comunicar, mas é considerada inconveniente, sem tato, chata e tende
a ser isolada e rejeitada pelas pessoas, passa a ser alvo de fofocas que não perdoam o
sofrimento alheio. Outras vezes a pessoa não consegue deixar claro seu sofrimento e sua
angústia, logo a tentativa ou a consumação do suicídio pode ser uma tentativa de
comunicação. Por outro lado existem as pessoas com transtorno histriônico de
personalidade, essas são manipuladoras e usam as ameaças contra própria integridade
como forma de manipular os parentes, não é possível manipular os médicos porque esses
sempre internarão as pessoas acometidas por algum fator de risco que ameaçam se matar,
mas os parentes estão sujeitos às manipulações. Essa situação é extremamente difícil de
lidar, não sendo possível estabelecer regras nem condutas pré-definidas. A contenção da
manipulação por ameaças de suicídio exige muito frieza por parte de quem houve prudência,
preparo paciência e possibilidade de agir com rapidez se necessário.
O gesto suicida não surge repentinamente, se ocorre repentinamente é porque a pessoa
estava nos anos ou meses anteriores escondendo todo seu sofrimento. Uma pessoa sempre
solícita e sorridente no trabalho não por ser descartada como um potencial suicida pode
surpreender quem está ao lado, mas isso significa apenas que conseguiu encobrir muito
bem todo seu sofrimento. Uma pessoa sem o preparo especial pode oferecer compreensão
(os ouvidos e um olhar atento) e o calor humano (interessar-se pessoalmente e dispor-se a
procurar meios de ajudar). A compreensão é sempre incondicional nessas situações, não se
pode querer que a pessoa pense ou acredite como quem ouve, talvez e quase sempre será,
ela terá valores e crenças distintos ou talvez nenhuma crença ou valor. A atitude de quem
quer ajudar deve ser: "não imagino o que você está passando, mas estou disposto a estar
ao seu lado para tudo que me pedir, exceto para ajudar a morrer".
O que fazer?
101
1. Ser você mesmo
5. Facilite o desabafo
2. Impor conselhos.
4. Ser paternalista.
TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL
A Organização Mundial de Saúde ainda não reconheceu a tensão pré-menstrual como uma
entidade patológica; enquanto isso a classificação norte americana já diferencia Síndrome
pré-menstrual (Premenstrual Syndrome) da Desordem Disfórica Pré-Menstrual
(Premenstrual Dysphoric Disorder). Esta deficiência, contudo, deverá ser corrigida na 11ª
edição do Código Internacional das Doenças.
Não restam muitas dúvidas que existe um transtorno relacionado às fases do ciclo ovariano;
quanto a serem dois distúrbios não se tem tanta certeza. Está sendo discutido e estudado se
a Síndrome P-M e a Desordem Disfórica P-M são a mesma coisa, provavelmente sim.
Qual a diferença entre elas?
A Síndrome P-M refere-se às variações físicas e do humor nas mulheres. Surge uma a duas
semanas antes da menstruação e desaparece no fim do fluxo menstrual. Este transtorno é
tratado pelos ginecologistas. A Desordem Disfórica P-M não apresenta necessariamente a
sintomatologia física enquanto a alteração do humor é grave o suficiente para interferir nas
atividades rotineiras ou trabalhistas.
Trataremos aqui como uma só doença pelo nome mais comum em nosso meio: Tensão Pré-
Menstrual (TPM).
A TPM é comum?
Aproximadamente 80% das mulheres em fase reprodutiva apresentam sintomas na fase pré-
menstrual, sendo que apenas 3 a 5% de forma grave a ponto de impedir a rotina ou o
102
trabalho. Seu início ocorre em média aos 26 anos de idade e tende a piorar com o tempo. As
mulheres mais sujeitas a este problema são aquelas que sofrem de algum problema
depressivo ou possuem algum parente com problemas de humor. As mulheres que tiveram
depressão pós-parto (uma condição considerada benigna) também estão mais sujeitas.
Principais Sintomas:
Psicológicos:
Irritabilidade, nervosismo, descontrole das ações ou emoções, agitação, raiva, insônia,
dificuldade de concentração, letargia (Lentificação para fazer as coisas), depressão,
sensação de cansaço, ansiedade, confusão, esquecimento frequente, baixa
autoestima, paranoia, hipersensibilidade emocional, ataques de choro.
Gastrintestinais
Dores abdominais, inchaço, constipação, náusea, vômitos, sensação de peso ou
pressão na pelve.
Dermatológicos
Acne, inflamações na pele com coceira, agravamento de problemas dermatológicos
preexistentes.
Neurológicos
Dores de cabeça, tonteira, desmaios, entorpecimento, irritabilidade, sensação de
zumbido, machucar-se facilmente, contrações musculares, palpitações,
descoordenação dos movimentos.
Outros
Aumento da retenção de líquido causando sudorese fácil, intumescimento das mamas,
e ganho de peso periódico, diminuição do volume da urina (o que contribui para a
retenção de líquido). Aumento da predisposição a alergias e gripes, alterações visuais
(talvez devido à retenção de líquidos), conjuntivites (não necessariamente infecciosa),
palpitações do coração, dores menstruais, diminuição da libido (desejo sexual),
mudanças no apetite (para mais ou para menos), ondas de calor.
103
Como se identifica a TPM?
Durante o intervalo de 12 meses a mulher deverá ter apresentado na maioria dos ciclos pelo
menos cinco dos sintomas abaixo:
Humor deprimido
Raiva ou irritabilidade
Dificuldade de concentração
Aumento do apetite
Insônia ou hipersonia
TRICOTILOMANIA
104
quando é na cabeça. Situações que podem expor a calvície como programas em piscinas e
praias por exemplo. Apesar dos prejuízos pessoais o comportamento continua. Algumas
vezes o remorso por ter arrancado o cabelo leva a um comportamento de autopunição, e
como punição arranca-se mais cabelos.
Tratamento
As técnicas comportamentais, a hipnose e os antidepressivos estão entre as condutas que
obtêm melhores resultados. Os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina
apresentam bons resultados no início do tratamento, mas não mantêm o benefício.
Tentativas têm sido feitas com outros psicofármacos associados a esses antidepressivos
como o lítio e a pimozida. Os resultados foram encorajados, mas precisam ser confirmados.
Aconselha-se que as medicações sejam administradas em conjunto com psicoterapia.
105
PSICOPATOLOGIA INFANTIL
ANSIEDADE NA INFÂNCIA
A ansiedade para as crianças, assim como para os adultos, é um sentimento
desagradável derivado de uma ameaça potencial ou real, iminente ou remota.
As crianças por não se conhecerem tão bem como os adultos se conhecem,
podem não saber descrever esse sentimento ou podem nem mesmo identificar
que existe algo errado, o que é verificado por quem convive com elas através
das alterações de comportamento da criança. Quando a criança reconhece a
ansiedade, pode não perceber se tratar de algo exagerado ou anormal. Cada
pessoa adulta, por ter passado por várias experiências de vida, sabe identificar
a correspondência que há entre os eventos ameaçadores externos e o grau de
ansiedade gerado. As crianças ainda não tiveram a oportunidade de viverem
diversas situações ansiogênicas por isso podem não reconhecer o exagero de
suas respostas, não percebendo que algo não está bem consigo mesmas.
A maneira básica de diferenciar uma ansiedade normal da patológica é pela
intensidade e duração da resposta de ansiedade ao estímulo. As respostas
normais são passageiras e sua intensidade varia de acordo com a gravidade
das ameaças; já a resposta patológica a criança está permanentemente
alterada ou quando ocorre um estímulo realmente provocador de ansiedade a
resposta da criança é exagerada. Mais intensa do que ocorre para outras
crianças da mesma faixa etária e condições sociais.
Os transtornos de ansiedade são caracterizados por não serem derivados de
nada: nem de acontecimentos nem de outros transtornos mentais. Quando a
criança apresenta mais de um diagnóstico psiquiátrico, sendo um deles a
ansiedade, pode se tornar confuso se essa ansiedade é primária ou derivada
do outro transtorno. Essa condição não é incomum.
Como nos adultos, a prevalência dos transtornos da ansiedade na criança é
elevada, embora um pouco menos que nos adultos. Os mais comuns são o de
ansiedade de separação com 4% das crianças, transtorno de ansiedade
excessiva com aproximadamente 4% também, as fobias específicas em torno
de 3%, a fobia social 1% e o pânico 0,6%. Esses problemas incidem
igualmente em meninos e meninas: nos adultos é mais comum nas mulheres.
Tanto nas crianças como nos adolescentes esses transtornos apresentam
flutuações, isto é, há épocas em que melhoram e épocas em que pioram. As
pioras sempre são justificadas pelos pais por algum acontecimento externo e
nas fases de melhora não há mais motivos para se levar ao psiquiatra. Assim a
visita ao profissional é adiada deixando que o paciente sofra
desnecessariamente podendo inclusive ter a formação da personalidade
influenciada por isso, desenvolvendo-se num adulto inseguro e medroso.
Tratamento
A terapia mais recomendável é a cognitivo comportamental. Dentre as alternativas de
terapia essa parece ser a mais eficaz. Quanto ao uso de medicação a fluoxetina e a
buspirona foram as mais estudas tendo apresentado respostas favoráveis, mas os
tranquilizantes benzodiazepínicos também são eficazes.
Causas prováveis
Não se conhecem as causas para esse distúrbio, mas observa-se que muitas
vezes esse comportamento é precedido por algum evento negativo como uma
107
doença prolongada, a morte de uma pessoa próxima, a separação dos pais,
uma internação hospitalar ou viagem prolongada, principalmente em relação à
mãe. Observa-se uma relação entre o transtorno de ansiedade de separação
na infância e transtornos de ansiedade ou do humor quando se tornam adultas.
As crianças com ansiedade de separação quando estão sozinhas temem sofrer
algum acidente, serem sequestradas, assaltadas ou ficarem doentes, assim
como temem que o mesmo aconteça com seus pais. Consequentemente
tornam-se crianças excessivamente apegadas aos seus responsáveis e
inseguras, ficando como que "grudadas" nos pais ou telefonando
repetidamente.
Tratamento
O principal aspecto no tratamento é o desenvolvimento de uma relação
saudável e de confiança entre os pais e a criança. Quando há recusa escolar o
retorno deve ser o mais rápido possível para evitar o prejuízo no desempenho
acadêmico, contudo o retorno deve ser gradual, na verdade trata-se de uma
readaptação que deve respeitar o grau de sofrimento da criança. A família e a
escola devem estar em sintonia com o tratamento. Na recuperação da criança
devem ser reforçadas a confiança e independência, enfatizando suas
conquistas.
O uso de medicações é necessário quando a criança está sofrendo algum
prejuízo como perda no rendimento escolar. As medicações mais
recomendadas são os inibidores da recaptação da serotonina, os que
estiverem liberados para as crianças como a sertralina. Como alternativas os
benzodiazepínicos e a imipramina podem ser usados.
AUTISMO NA INFÂNCIA
É uma alteração cerebral que afeta a capacidade da pessoa se comunicar,
estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente.
Algumas crianças apesar de autistas apresentam inteligência e fala intactas,
outras apresentam também retardo mental, mutismo ou importantes retardos
no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes
outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento.
Características
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Manifestações sociais
Muitas vezes o início é normal, quando bebê estabelece contato visual, agarra
um dedo, olha na direção de onde vem uma voz e até sorri. Contudo, outras
crianças apresentam desde o início as manifestações do autismo. A mais
simples troca de afeto é muito difícil, como, por exemplo, o próprio olhar nos
olhos que é uma das primeiras formas de estabelecimento de contato afetivo.
Toda manifestação de afeto é ignorada, os abraços são simplesmente
permitidos, mas não correspondidos. Não há manifestações de desagrado
quando os pais saem ou alegria quando volta para casa.
As crianças com autismo levam mais tempo para aprenderem o que os outros
sentem ou pensam, como, por exemplo, saber que a outra pessoa está
satisfeita porque deu um sorriso ou pela sua expressão ou gesticulação.
Além da dificuldade de interação social, comportamentos agressivos são
comuns especialmente quando estão em ambientes estranhos ou quando se
sentem frustradas.
Há esperança?
Quando os pais de uma criança autista descobrem que seu filho é autista
muitas vezes cultivam durante algum tempo ainda a esperança de que ele ira
recuperar-se completamente. Algumas famílias negam o problema e mudam de
profissional até encontrar alguém que lhes diga outro diagnóstico. Como seres
humanos a dor sentida pode ser superada, nunca apagada, mas a vida deve
manter seu curso. Hoje mais do que antigamente há recursos para tornar as
crianças autistas o mais independente possível. A intervenção precoce, a
educação especial, o suporte familiar e em alguns casos medicações ajudam
cada vez mais no aprimoramento da educação de crianças autistas. A
educação especial pode expandir suas capacidades de aprendizado,
comunicação e relacionamento com os outros enquanto diminui a frequência
das crises de agitação. Enquanto não há perspectiva de cura podemos desde
já melhorar o que temos, o desenvolvimento da qualidade de vida de nossas
crianças autistas.
Diagnóstico
Os pais são os primeiros a notar algo diferente nas crianças com autismo. O
bebê desde o nascimento pode mostrar-se indiferente à estimulação por
pessoas ou brinquedos, focando sua atenção prolongadamente por
determinados itens. Por outro lado certas crianças começam com um
desenvolvimento normal nos primeiros meses para repentinamente transformar
o comportamento em isolado. Contudo, podem se passar anos antes que a
família perceba que há algo errado. Nessas ocasiões os parentes e amigos
muitas vezes reforçam a idéia de que não há nada errado, dizendo que cada
criança tem seu próprio jeito. Infelizmente isso atrasa o início de uma educação
especial, pois quanto antes se inicia o tratamento, melhor é o resultado.
Não há testes laboratoriais ou de imagem que possam diagnosticar o autismo.
Assim o diagnóstico deve feito clinicamente, pela entrevista e histórico do
paciente, sempre sendo diferenciado de surdez, problemas neurológicos e
retardo mental. Uma vez feito o diagnóstico a criança deve ser encaminhada
para um profissional especializado em autismo, este se encarregará de
confirmar ou negar o diagnóstico. Apesar do diagnóstico do autismo não poder
ser confirmado por exames às doenças que se assemelham ao autismo
109
podem. Assim vários testes e exames podem ser realizados com a finalidade
de descartar os outros diagnósticos.
Dentre vários critérios de diagnóstico, três não podem faltar: poucas ou
limitadas manifestações sociais, habilidades de comunicação não
desenvolvidas, comportamentos, interesses e atividades repetitivos. Esses
sintomas devem aparecer antes dos três anos de idade.
Tratamento
Casos Clínicos
Como a personalidade não está completa, antes dos dezoito anos não se pode
dar o diagnóstico de personalidade patológica para menores, mas a
correspondência que existe entre a personalidade antissocial e o transtorno de
conduta é muito próxima.
Certos comportamentos como mentir ou matar aula podem ocorrer em
qualquer criança sem que isso signifique desvios do comportamento, contudo a
partir de certos limites pode significar. Para se diferenciar o comportamento
desviante do normal é necessário verificar a presença de outras características
e comportamentos desviantes, a permanência deles ao longo do tempo. Além
das circunstâncias em que o comportamento se dá, as companhias, o ambiente
familiar, os valores e exemplos que são transmitidos devem ser avaliados para
o diagnóstico. O transtorno de conduta é frequente na infância e um dos
maiores motivos de encaminhamento a psiquiatria infantil.
111
Curso
Comorbidade
Tratamento
Características comuns
Considerações
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inadequados e problemas conjugais são as primeiras coisas a serem
analisadas. Portanto, o contexto onde a criança vive além dos sintomas devem
sempre ser considerados para o diagnóstico.
Diagnóstico
Tipos
Comorbidade
Tratamento
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DEPRESSÃO INFANTIL
Irritabilidade e tristeza, os aspectos centrais das síndromes depressivas na
infância, são emoções normais, para identificar um quadro depressivo é
necessário comparações. Para avaliar as síndromes depressivas precisamos
verificar se a criança está respondendo com irritação ou tristeza tanto quanto
as outras crianças da mesma idade e condições. Caso ela esteja
sistematicamente fora dos padrões esperados para idade e condições, é
conveniente ter a opinião de um especialista. A respeito de condições entenda-
se o ambiente da criança e suas características de personalidade. Isso significa
que não encontraremos duas crianças com as mesmas condições, mas isso
não impede a possibilidade de uma avaliação, por isso a impressão de um
clínico experiente é importante, ele por ver muitas crianças em situações
semelhantes pode dizer até que ponto há uma depressão, não há depressão
ou há suspeita de depressão.
Distimia
Os critérios de diagnóstico de distimia são os mesmos para a infância e a para
os adultos sendo, portanto os sintomas de alteração do apetite (para mais ou
para menos), alteração do sono (para mais ou para menos), fadiga, baixa
autoestima, dificuldade de tomar decisões e de concentrar-se, desesperança.
Esses sintomas devem causar prejuízos como perda do rendimento escolar ou
até repetência além de retraimento social. As crianças com distimia estão
sempre reclamando, não acham nada bom ou satisfatório. Essas
manifestações devem ser diferenciadas das crianças mimadas porque essas
reagem com interesse e alegria a certas coisas que lhes agradam e as
distímicas não. Ao contrário dos adultos as crianças deprimidas podem não
reconhecer que estão deprimidas simplesmente por não saberem o que é
depressão, a criança vê que algo não está bem com ela, mas atribui as causas
sempre externamente a si, pois ainda não conhece a si mesma de forma
satisfatória. Muitas vezes a distimia da infância só é identificada na idade
adulta quando o paciente em torno dos seus trinta anos de idade resolve
procurar um psiquiatra para tentar resolver essa situação de uma vez por todas
ou porque leu a respeito em algum lugar e identificou-se com o quadro. Nessa
ocasião é comum o relato de que se sente um pouco triste tão longe quanto a
memória alcança. Provavelmente quando criança os pais desses pacientes não
se deram conta ou não tinham como se dar conta de que seu filho tinha um
transtorno do humor, passível de tratamento o que poderia proporcionar uma
vida mais promissora no futuro.
Depressão Maior
Tratamento
FOBIAS NA INFÂNCIA
As fobias se diferenciam dos medos normais pela intensidade e persistência do
comportamento de fuga, sempre que o estímulo fóbico é apresentado. Trás de
alguma forma um prejuízo na adaptação individual. Na infância os estímulos
mais comuns são pequenos animais, escuridão, altura e barulhos altos, sendo
que vários outros podem existir dependendo de cada caso. Diante do estímulo
fóbico a criança procura correr para perto dos pais ou alguém que ofereça
proteção. O estímulo pode desencadear choro, imobilidade, agitação e até uma
crise de pânico.
Tratamento
Tratamento
TRANSTORNOS INFANTIS
A psiquiatria está encontrando seu caminho junto às crianças. Da mesma
forma que a medicina geral viu a necessidade da existência de uma
especialidade só para crianças e adolescentes, a psiquiatria como
especialidade médica dos distúrbios mentais e do comportamento está
constatando a necessidade de uma abordagem diferenciada para as crianças.
Até pouco tempo o retardo mental e o autismo eram consideradas as principais
e quase únicas apresentações psiquiátricas na infância, atualmente tem se
visto que vários outros transtornos compõem a psiquiatria infantil.
Nos aspecto medicamentoso o atraso científico é mais evidente. Dispomos
hoje de amplo leque de opções farmacológicas para o adulto, enquanto que
para a criança a maior parte destas medicações ainda não foi estudada, não
estando, portanto liberada para elas. Certamente as medicações não são
nenhuma panaceia que tudo resolvem, mas quando é possível ter benefícios
com elas, o tratamento fica simplificado.
A infância é uma época estratégica na vida de uma pessoa, pois nela se faz o
aprendizado básico e a preparação para toda a vida adulta. Quando um adulto
ficar oito meses deprimido pode significar um ano perdido, mas para uma
criança além de significar um ano perdido ocorre também um atraso sequencial
para todos os anos escolares, o que muitas vezes deixa cicatrizes psicológicas.
Uma criança nunca pode ser avaliada isoladamente, sem seu contexto familiar.
O modo positivo ou negativo como a família se relaciona repercute fortemente
no comportamento infantil e menos no adolescente embora também influencie.
Assim os pais têm um papel terapêutico indispensável no acompanhamento de
uma criança.
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Características comuns
Comorbidade
Curso
O início pode ser lento e gradual ou abrupto e repentino; geralmente é difícil
estabelecer a época de início.
Tratamento
119
desenvolvimento mental, prejudicando o nível global de inteligência, as
aptidões de aprendizado, de fala, de habilidades motoras e sociais.
Estatística
Causas Prováveis
Tanto doenças como acidentes podem causar retardo. O retardo é uma doença
cuja origem é muito variada apesar da manifestação semelhante. Apenas 1/4
dos casos é de origem conhecida. Destes várias são as causas: alterações
(erros) genéticas, doenças da mãe durante a gestação, acidentes causando
traumatismos cranianos ou impedindo a circulação sanguínea pelo cérebro por
um intervalo de tempo razoável, intoxicações, meningite, etc.
Tratamento
Retardo mental não tem tratamento. O que se deve fazer é preparar esta
pessoa, segundo métodos especiais, para viver o mais próximo possível da
realidade de nossa sociedade, prepará-la para se adaptar ao nosso mundo ao
modo dela.
CARACTERÍSTICAS:
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• Por uma ideia irreal de envelhecimento (uma mulher de 40 anos, por
exemplo, que se considera tão enrugada e envelhecida como uma de 70).
ETIOLOGIA
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
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FONTES PESQUISADAS
1. PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL, MANOEL TOSTA BERLINCK
2. CURSO DE PSICOPATOLOGIA - 11ª EDIÇÃO REVISTA E AMPLIADA
PAIM, ISAÍAS - Editora EPU.
3. PSICOPATOLOGIA FENOMENOLÓGICA CONTEMPORÂNEA
MESSAS, GUILHERME PERES - Editora Roca.
4. PSICOPATOLOGIA E PSIQUIATRIA BÁSICAS
JOSÉ CARLOS SOUZA, LILIANA A. M. GUIMARÃES, GERALDO JOSÉ BALLONE (ORGS). -
Editora Vetor
5. PSICOPATOLOGIA E PSICODINÂMICA NA ANÁLISE PSICODRAMÁTICA - VOL 3 – (2010)
VICTOR R. C. SILVA DIAS - Editora Ágora (Grupo Summus)
6. PSICOPATOLOGIA - TEORIA E CLÍNICA - 9ª ED. J. BERGERET - Editora Bookman
7. PSICOPATOLOGIA E TRANSFORMAÇÃO: UM ESBOÇO FENÔMENO-ESTRUTURAL
GUILHERME PERES MESSAS - Editora Casa do Psicólogo
8. ENSINO-APRENDIZAGEM DE PSICOPATOLOGIA - UM PROJETO COLETIVO
LIGIA MARIA ANANIAS CARDOSO - Editora Casa do Psicólogo
9. SOMATOPSICOPATOLOGIA
FEDERICO NAVARRO - Editora SUMMUS
10. PSICOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS - 2ª EDIÇÃO
PAULO DALGALARRONDO - Editora Artmed
11. Medical and nutritional Complications of Alcoholism - 1992 - Charles Lieber
12. Maniac Depressive Illness - Frederick Goodwin
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