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Introdução:

Indústrias têxteis têm contribuído acentuadamente para a contaminação ambiental,


devido ao fato de produzirem grandes quantidades de rejeitos tidos como tóxicos, os quais
acabam sendo despejados em corpos de água de uma maneira incorreta. Muitos dos
resíduos que compõe o efluente descartado por essas indústrias, podem ser considerados
carcinogênicos e geralmente de difícil degradação e, podem também ser resistentes á
destruição por métodos de tratamentos físicos e químicos. Dentre esses resíduos encontram-
se os corantes que são provenientes de etapas de tingimento.
Os corantes têxteis são compostos orgânicos cuja finalidade é conferir a uma fibra
determinada cor. São solúveis, não abrasivos e mostram alta capacidade de adsorção
luminosa. No entanto, essa mesma solubilidade conferida a esses compostos pode causar
toxicidade. Atualmente são registrados mais de oito mil corantes orgânicos sintéticos
associados á indústria e, estes podem ser classificados quanto ao modo de aplicação:
corantes diretos, corantes ácidos, corantes azóicos, corantes a cuba, corantes de enxofre,
corantes dispersos, corantes pré-metalizados, corantes reativos. Os principais corantes que
apresentam potencial carcinogênico são os pertencentes á classe de corantes azóicos.
Atualmente, vários métodos podem ser utilizados na remoção de corantes em
efluentes industriais, estes podem ser distribuídos em três categorias: químicos, físicos e
biológicos.
Os processos de tratamento físico-químicos como por exemplos coagulação,
flotação e sedimentação, apresentam boa eficiência na remoção de material particulado.
Todavia, são ineficientes na remoção de cor e compostos orgânicos dissolvidos no efluente.
Sendo assim as indústrias trabalham com esses processos juntamente com métodos
biológicos, como por exemplos o de lodo ativado. Este sistema apresenta alta eficiência, em
torno de 80%, porém gera grandes volumes de lodo, que não podem ser aproveitados
devido á alta concentração de corantes presentes nos mesmos.
Em decorrência disso, vem aumentando-se o interesse pela busca de
microrganismos capazes de degradarem resíduos a um baixo custo operacional.
As pesquisas de degradação de compostos químicos têm mostrado vários
microrganismos que conseguem degradar substâncias recalcitrantes. Fungos como os
basidiomicetos degradadores de lignina, também denominados de ligninolíticos, se
mostraram eficientes na degradação de grande variedade de compostos e corantes. Estes
microrganismos produtores da enzima lignina são muito adequados para serem utilizados
em processos de biorremediação.
Tecnologias como as de biorremediação são empregadas para restaurar lugares
muito poluídos. Neste contexto os fungos lignolíticos, com destaque para o da podridão
branca, têm despertado grande interesse devido á produção de várias enzimas capazes de
degradar muitos compostos presentes em efluentes industriais.

Objetivos

Avaliar a capacidade de biodegradação do corante Laranja Reativo 16 por fungos e


leveduras isolados de efluentes das industrias têxteis da microrregião de Divinópolis.

Metodologia

Coleta do lodo
Serão coletados amostras de resíduos de estações de tratamento de efluentes nas indústrias
têxteis na microrregião de Divinópolis.

Coleta de Corantes
Será usado o corante Laranja Reativo 16, possui o grupo vinilsulfona como grupo reativo.
Este será cedido pela Indústria Fited Têxtil, Divinópolis, Minas Gerais.

Determinação da concentração de corante


A remoção da cor será monitorada através de medidas da absorbância das soluções no
comprimento de onda de maior absorção do corante Laranja Reativo 16. Esta será
confirmada a partir do espectro de absorção do corante em estudo. Será feita a varredura
das soluções finais numa faixa de comprimento de 190 a 600 nm, a fim de detectar
presença de grupos aromáticos adicionais, já que os mesmos absorvem em 254 nm. Será
utilizado espectrofotômetro Nanovew.
A quantidade de corante (em mg L-1) removido pelo microorganismos será
calculada com referência às curvas-padrão correlacionando os valores de absorbância
obtidos para soluções dos corantes com concentrações conhecidas do corante.

Isolamento e identificação de fungos com potencial de degradação do corante


O isolamento será realizado pela técnica de enriquecimento na qual amostras de efluentes
têxtil será adicionado em erlenmeyers contendo 50 ml de meio completo (Pontecorvo, et.
al. 1953), acrescido de 0.03% de corante Laranja Reativo 16 como fonte de carbono e
cloranfenicol 0.1 % para inibir crescimento bacteriano. Os frascos serão incubados a 25°C
de 3 a 10 dias, sob agitação. A partir dos frascos com crescimento microbiano, amostras de
100 µl da suspensão de célula, serão inoculadas por espalhamento utilizando uma alça de
Drigalsky em placas contendo meio completo sólido (2% de Agar) adicionado de 0.03% do
corante, para a obtenção de colônias isoladas. Em função da intensidade da concentração
celular, amostras serão diluídas serialmente antes do plaqueamento.
A identificação das espécies isoladas será realizada por meio de observações características
macroscópicas e microscópicas a partir de culturas puras. Para observação das estruturas
taxonômicas microscópicas serão usadas lâminas, segundo a Técnica de Riddell modificada
(Riddell, 1950). A observação será relizada e fotomicroscópio. A identificação será
realizada através de chaves taxonõmicas por Barnett e Hunter (1972).

Avaliação da capacidade de degradação de corantes pelas linhagens isoladas

As linhagens isoladas serão avaliadas quanto ao crescimento e remoção do corante em meio


liquido e sólido. Serão utilizados meio mineral liquido contendo K2HPO4, 0,1 gl-1, FeCL3
0,02 g. L-1 e (NH4)2SO4 1 gL-1, adicionado do corante Laranja Reativo 16 nas
concentrações de 1, 5, 10, 25, 50 e 75 mg/L.
A determinação dos parâmetros dos modelos cinéticos serão utilizados os dados
experimentais da variação de concentração de corante e massa microbiana no meio. Estes
serão ajustados utilizando-se o algoritmo de otimização de Levembert-Maquartd disponível
no software Polymath 6.0.
Referências

BARNETT, H.L.; HUNTER, B.B. Ilustrated genera of imperfect fungi. 3 ed. Minnesota.
Burgess Publishing Company, 241 p. 1972.
KUNZ, A.; PENALTA-ZAMOTRA, P.; MORAES, S. G.; DURÁN, N. Novas tendências
no tratamento de Efluentes têxteis. Química Nova, São Paulo, v. 25, p. 78-82, 2002.
PONTECORVO, G.; ROPER, J.A.; HEMMONS, L.M.; MACDONALD, K.D. E
BUFTON, A.W.J. The genetics os Aspergillus nidulans. Advances in Genetics, 5:141-238,
1953.
RIDDELL, R.W. Permenent stained mycolical preparations obtained by slide culture.
Mycologia. v.42, p. 265-270. 1950.

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