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Centro Universitário do Sul de Minas, Avenida Alzira Barra Gazzola, 650, Aeroporto – 37100-000 –
Varginha – MG, Brasil, mateusguape16@hotmail.com, leopoldo_junior@yahoo.com.br.
Resumo - Este trabalho analisa o sistema de microdrenagem na região central da cidade de Três
Corações – MG. Tal abordagem se justifica pelos inúmeros transtornos vivenciados pela população
decorrentes das chuvas torrenciais. O propósito deste estudo é analisar e caracterizar o sistema de
microdrenagem do local, propondo possíveis intervenções para os problemas. Este propósito será
alcançado através da revisão bibliográfica aliada com levantamento de campo e verificações de cálculo.
A análise demonstrou que o sistema de microdrenagem presente no local de estudo é antiga, contando
com um traçado que coloca em risco as residências da região, sendo que em vários momentos uma
galeria pluvial é disposta por baixo dos imóveis, além de ser insuficiente para escoar toda a demanda
com segurança e com problemas de velocidade de escoamento do fluído. A solução para o problema
é a alteração do traçado da galeria e ampliação das dimensões em alguns trechos.
Introdução
A urbanização modificou diversos aspectos na sociedade e no ambiente que esta vive, entre tais
destaca-se a modificação do solo. Regiões antes classificadas como rurais, foram transformadas em
bairros e comunidades, modificando então uma estrutura milenar que ali existia. Esta modificação
alterou diversos aspectos da região, entre eles o índice de permeabilidade do solo, que implica na
capacidade de absorção da água que o solo possui (BOTELHO, 2011).
Segundo Tucci (1995) essa modificação resultou em um crescimento do volume de fluido escoando
na superfície, que combinado com a deficiência ou ausência de sistema de microdrenagem nas
cidades, acarretou em grandes transtornos, destacando a necessidade de se aprimorar os
conhecimentos na área. Com isso surgem leis e regulamentos para a ocupação e manejo do solo em
áreas urbanas, afim de garantir que as cidades não se transformem em grandes aglomerados
impermeáveis.
O centro de Três Corações é um exemplo típico do problema citado anteriormente, em que por se
tratar de uma área urbana, houve modificações drásticas no solo e no tipo de pavimentação utilizada
no decorrer dos anos. A dinâmica do escoamento superficial mudou completamente, com estas
alterações que possivelmente não foram levadas em consideração no dimensionamento dos
dispositivos de drenagem na cidade, o sistema passou a falhar constantemente, trazendo inúmeros
problemas para moradores e comerciantes da região. Outro fator decorrido do intenso adensamento
da população neste local, foi a construção de edificações sobre as redes de drenagem, não respeitado
o trajeto natural da água, ocasionando enchentes em pontos baixos.
Ao decorrer do estudo, com base na teoria, será aplicada a metodologia correta para obter o máximo
de informações necessárias para assim, organizar, sintetizar, descrever os resultados obtidos e
finalmente propor possíveis soluções para a readequação do sistema de drenagem existente.
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Metodologia
Para a realização das abordagens propostas como objetivos, esse trabalho foi dividido em três
etapas:
a) Análise do local de estudo;
b) Verificação da eficiência dos dispositivos existentes;
c) Cálculo da Vazão de projeto.
Incialmente foi realizado um estudo da topografia da região através do software Google Earth (2017),
da empresa Google, que comparado com um levantamento topográfico local, possibilitou traçar os
divisores de água e delimitar a bacia de contribuição da região. Dentro desta delimitação foi aplicado a
classificação das áreas em área residencial, industrial e vias pavimentadas.
A etapa seguinte se constituiu de visita in loco, em que foram observados os dispositivos de
microdrenagem presentes no local, além de levantamento das dimensões e demarcação das
localizações dos dispositivos. Constatou-se então a presença de uma nascente contribuindo para a
galeria em estudo, tendo sua origem em um ponto mais elevado da bacia.
Através do trabalho de campo se verificou a existência de um sistema de drenagem completo no
local, composto por sarjetas, bocas de lobo e galerias. O traçado da galeria principal segue por baixo
de várias edificações e a topografia do terreno sofre uma modificação drástica em sua declividade no
trecho final, que resulta em um freio hidráulico. Outro aspecto observado foi o mau estado de
conservação dos dispositivos que possuíam erosões nas sarjetas e bocas de lobo obstruídas conforme
pode ser observado na figura 01.
A. B.
Fonte: O autor (2017).
Sarjetas
Para estudo da capacidade de condução da sarjeta adotou-se a equação segundo Tomaz (2011)
de Manning modificada por Izard. Assim como na capacidade, para verificação da velocidade de
escoamento nas sarjetas adotou-se o método de Izard.
Bocas de Lobo
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Para o levantamento da capacidade de engolimento das bocas de lobo adotou-se o método proposto
por Tucci (1995) de acordo com a localização de cada boca de lobo.
Galerias
Vazão de projeto
Para obtenção da vazão de projeto utilizou o Método Racional, que segundo Botelho (2011)
constitui-se no produto de três fatores importantes, são eles a área de drenagem, a intensidade de
chuva e o coeficiente de escoamento superficial. A vazão de projeto ficou então estabelecida como a
soma do resultado do Método Racional com a vazão da nascente presente no local.
Área de drenagem
A área de drenagem foi delimitada utilizando o software Autocad, da empresa Autodesk, baseado
em um levantamento planialtimétrico disponibilizado pela prefeitura tricordiana e as informações
levantadas na visita a campo.
Intensidade de chuva
Para obtenção da intensidade de chuva utilizou-se a fórmula desenvolvida por Chen (1983) com
ajuda do software Plúvio (2006) desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa.
Para obtenção do coeficiente superficial utilizou-se os dados disponibilizados por Tucci (1995) para
cada tipo de área existente na bacia.
Vazão da nascente
Para medição da vazão da nascente encontrada no local, optou-se pela utilização do método direto,
por se tratar de método de fácil aplicação e boa precisão.
Resultados
Com os dados obtidos durante o estudo foi possível a aplicação de cálculos e a verificação de alguns
fatores importantes, sendo a vazão de projeto, a capacidade de esgotamento das bocas de lobo,
condução das sarjetas e da galeria. A seguir serão apresentados os principais resultados obtidos
durante este estudo.
Vazão da nascente
Os resultados obtidos com a aplicação do método direto na nascente são apresentados no quadro
01.
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Quadro 01 – Resultados do método direto.
VAZÃO SEGUNDO O MÉTODO DIRETO (L/S)
DIA SAÍDA 1 SAÍDA 2 SAÍDA 3 SAÍDA 4 SAÍDA 5
1 0,0015 0,0777 0,0094 0,2081 0,0137
2 0,0013 0,0752 0,0095 0,2070 0,0137
3 0,0013 0,0787 0,0095 0,2057 0,0141
4 0,0013 0,0787 0,0095 0,2107 0,0138
5 0,0013 0,0768 0,0094 0,2137 0,0137
VAZÃO TOTAL (L/S) 0,3106
Fonte: O autor (2017).
A vazão total encontrada é de 0,3106 L/S que combinada com a vazão da bacia, resulta na
vazão de projeto.
Vazão de projeto
A vazão de projeto adotada foi a de 24,5286 m³/s com tempo de retorno de dez anos, adotado tal
tempo de retorno em favor da segurança. Portanto, a vazão total da bacia é de 24,8392 m³/s.
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Quadro 03 – Capacidade da galeria.
TRECHO VAZÃO ATUAL VAZÃO DE PROJETO VELOCIDADE
(m³/s) (m³/s) (m/s)
1-2 0,0608 15,0557 6,7213
2-3 4,9348 15,7749 7,0424
3-4 5,3576 9,5171 4,2487
4-5 5,4663 20,5323 9,1662
5-6 9,7042 11,2562 5,0251
6-7 9,7042 16,0318 7,1571
7-8 9,7042 9,5589 4,2674
8-9 11,8439 10,4026 4,6458
9-10 11,8439 27,0755 12,0873
10-11 17,2447 12,8429 5,7334
11-12 17,2447 20,0764 8,9627
12-13 20,2739 17,8977 7,9901
13-14 21,5490 13,8639 6,1893
14-15 21,5490 10,9987 3,4371
15-16 24,8392 22,4779 7,0243
Fonte: O autor (2017).
De acordo com os dados apresentados, sete dos quinze trechos possuem uma vazão atual superior
a vazão de projeto do disposto, além de onze trecho apresentarem velocidade acima do recomendado.
Discussão
Conclusão
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microdrenagem é considerado um sistema caro de ser implantado e de difícil substituição. Entretanto,
para se garantir a usabilidade do sistema durante toda a sua vida útil é necessário a implantação e
manutenção preventiva, afim de garantir que todos os dispositivos estejam aptos para cumprirem suas
funções.
Conclui-se que a região em estudo é dotada de um projeto antigo de microdrenagem que não
suporta mais a vazão de demanda e que seu traçado inviabiliza intervenções na rede existente.
Portanto, a melhor solução é a elaboração e implantação de um novo sistema de microdrenagem na
região respeitando um horizonte de projeto afim de garantir sua eficiência por vários anos.
Todavia, para a implantação de um novo sistema é necessário um estudo mais aprofundado sobre
a região e o projeto já existente, algo que pode ser tratado em um outro momento.
Referências
BOTELHO, Manoel Henrique Campos. Águas de Chuva Engenharia das águas pluviais nas
cidades. 3ª edição, Editora Edgard Blücher, 2011, São Paulo- SP.
CHEN, C. L., Rainfall intensity-duration-frequency formulas, J. Hydraul. Eng., ASCE, 109(2), P. 1603-
1621, 1983.
Plúvio 2.1 - Software. Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos - GPRH da Universidade Federal de
Viçosa - UFV. Disponível para download em: <http://www.gprh.ufv.br/?area=softwares>. Acessado
em: 21 de abril de 2017.
TOMAZ, Plínio. Cálculos Hidrológicos e Hidráulicos Para Obras Municipais. Editora Navegar. 2ª
edição São Paulo. 2011.
TUCCI, Carlos Eduardo Morelli (org). Drenagem Urbana. Editora da Universidade UFRGS. Porto
Alegre - RS. 1995.
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