Você está na página 1de 50

1

REUNIÃO TÉCNICA DE CLARINETE


SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

09/04/2016
Sumário

1. Introdução ..................................................................................................... 1
2. Breve história do clarinete ............................................................................. 2
3. Sistema de chaves/ registro e anéis ............................................................... 3
4. Material de Construção do Clarinete.............................................................. 6
5. Partes do Clarinete ......................................................................................... 7
6. Família e Naipe do Clarinete .......................................................................... 9
7. Tessitura do Clarinete .................................................................................. 10
8. Referência Musical ....................................................................................... 19
9. Práticas diárias fundamentais ...................................................................... 20
10. Postura Corporal ......................................................................................... 21
11. Embocadura ................................................................................................ 23
12. Exercícios para embocadura........................................................................ 24
13. Emissão de Som .......................................................................................... 26
14. Articulação .................................................................................................. 27
15. Notas longas................................................................................................ 29
16. Exercícios de notas longas ........................................................................... 30
17. Controle de Som.......................................................................................... 33
18. Exercício de Controle de Som ...................................................................... 33
19. Exercícios de Articulação ............................................................................. 34
20. Exercícios de Escalas e Arpejos .................................................................... 37
21. Escolha do Instrumento .............................................................................. 40
22. Escolha da boquilha .................................................................................... 41
23. Palheta do Clarinete .................................................................................... 43
24. Regiões da palheta e suas respectivas funções ........................................... 44
25. Cuidados devido ao clarinete – Manutenção .............................................. 45
26. Tabela complementar para digitação .......................................................... 46
27. Considerações Finais ................................................................................... 48
28. Bibliografia .................................................................................................. 48
1

1) INTRODUÇÃO

Diante da grande necessidade em melhorar e facilitar a


execução dos clarinetes nas orquestras da CCB, apresentamos
essa singela apostila, na boa intenção de levar aos nossos
encarregados, instrutores, aos que já são oficializados ou
candidatos, informações básicas que julgamos necessárias para
a boa execução desse maravilhoso instrumento.

Abordaremos temas como respiração, sonoridade, notas


longas, articulação, escalas, escolha de instrumento, boquilhas,
palhetas, entre outros.

Com dedicação e persistência certamente os objetivos


serão alcançados.
2

2) BREVE HISTÓRICO DO CLARINETE

O clarinete (ou a clarineta) descende do “chalumeau”,


instrumento bastante popular na França, pelo menos desde a
Idade Média.

Em 1690, Johann Christoph Denner, charamelista alemão,


acrescentou à sua charamela uma chave para o polegar da mão
esquerda (REGISTRO), para que assim pudesse tocar numa
abertura, o que lhe trouxe mais possibilidades sonoras. Surgiu,
assim, o clarinete contemporâneo.

Foi introduzido nas orquestras em 1750, sendo um dos


últimos instrumentos de sopro incorporados à formação
orquestral moderna. É um instrumento versátil, compondo
diferentes grupos e formações do erudito ao popular, ao redor
do mundo.

O nome clarinete se deu devido às suas notas agudas serem


similares em brilho às do trompete agudo, cujo nome em
italiano era “clarino”.
3

3) SISTEMA DE CHAVES/REGISTROS E ANÉIS

Existem vários sistemas de chaves para clarinetes. O


chaveamento para clarinete foi evoluindo com o tempo e se
tornando mais ergonômico, facilitando vibratos, glissandos e
melhorando a afinação.

No inicio do século XIX a clarineta tinha de 6 a 7 chaves,


mas não existia um sistema padronizado. Por volta de 1811,
Iwan Muller fez vários aprimoramentos à clarineta e por volta
de 1815, o sistema Muller com 13 chaves se popularizou.

Hoje em dia o sistema de chaves mais usado é o Boehm. Ele


recebeu este nome, pois tem como base o sistema com o
mesmo nome que se tornou padrão nas flautas transversais
criado pelo inventor Theobald Boehm. Esse sistema foi
adaptado para o clarinete por Hyacinthe Klosé Auguste Buffet.

O sistema Muller que foi usado extensivamente no século


XIX deu origem a dois sistemas ainda usados hoje: o sistema
Albert, que é usado no leste europeu, em bandas de jazz
(principalmente no sul dos Estados Unidos) e é o sistema
preferido dos clarinetistas de Klezmer, e o sistema Oehler, que
é usado principalmente na Alemanha e Áustria.
4

O número de chaves, registros e anéis pode variar bastante


dependendo do sistema usado, tipo de clarinete, e do
fabricante.

Para clarinetes soprano Sib essas são as configurações mais


comuns:

 Sistema Boehm com 16 ou 17 chaves e 6 anéis;


 Sistema Albert com 13 chaves e 2-4 anéis;
 Sistema Oehler com 22 chaves e 5 anéis.

Devido ao número reduzido de chaves e anéis, o sistema


Albert também é conhecido como sistema simples.

Uma variação ao Boehm bastante popular é o Boehm


Completo, com 7 anéis, que adiciona algumas melhorias ao
Boehm. Existiram vários sistemas experimentais e transitórios.
Dentre estes, alguns notáveis foram o Albert Aperfeiçoado e o
Mazzeo, ambos produzidos pela Selmer, o Romero e o
McIntyre.
5

CLARINETE SISTEMA BOEHM

CLARINETE SISTEMA ALBERT

CLARINETE SISTEMA OEHLER

CHALUMEAU
6

4) MATERIAL DE CONSTRUÇÃO DO CLARINETE

Os clarinetes são tradicionalmente feitos de madeira


(ébano, grenadilha, jacarandá da Bahia, cocobolo, entre
outras), havendo também modelos feitos de metal, ebonite ou
plástico.

No início do século XX, as frágeis boquilhas de madeira e de


vidro foram substituídas por boquilhas de plástico ou ebonite,
que representam a maior parte das boquilhas fabricadas hoje
em dia. Atualmente também são fabricados alguns modelos de
boquilhas de cristal e de cerâmica, mas essas não são
extensamente usadas devido ao alto custo e à fragilidade.

Barriletes e campanas especializados podem ser feitos de


vários tipos de madeira, de alumínio, cerâmica ou outros
materiais.

As palhetas utilizadas no clarinete são feitas de cana-do-


reino, há também palhetas feitas de material sintético.
7

5) PARTES DO CLARINETE

O clarinete é dividido em cinco partes, que são: boquilha,


barrilete, corpo superior, corpo inferior e a campânula ou
campana.

 Boquilha: é o componente do clarinete onde se sopra;

 Barrilete: é a peça que vem logo abaixo da boquilha e é


geralmente usado para corrigir a afinação;

 Corpo superior: é o corpo que vem logo abaixo do


barrilete onde se trabalha com a mão esquerda, esse
corpo possui 15 orifícios, 9 chaves e 3 anéis;

 Corpo inferior: é o corpo que vem logo abaixo do corpo


superior onde se trabalha com a mão direita, esse corpo
possui 9 orifícios, 8 chaves e 3 anéis;

 Campânula ou campana: é a peça que vem logo abaixo do


corpo inferior, é o “amplificador” do clarinete.
8

Boquilha
(com abraçadeira)

Barrilete
(pode ser movido para ajustar afinação)

Corpo Superior
(acionado pela mão esquerda)

Corpo Inferior
(acionado pela mão direita)

Campana ou Campânula
(amplificador do clarinete)
9

6) FAMÍLIA E NAIPE DO CLARINETE

A família do clarinete é composta pelos instrumentos


relacionados abaixo, na ordem do mais agudo para o mais
grave:

 Clarinete picollo (Láb, Mib e Ré);

 Clarinete soprano (Dó, Sib e Lá);

 Clarinete Basseto (Lá);

 Clarinete Corno di Basseto (Fá);

 Clarinete Alto (Mib);

 Clarinete Baixo (Sib) ou Clarone;

 Clarinete Contra-Alto (Mib);

 Clarinete Contra-Baixo (Sib).

A família do clarinete faz parte do naipe das madeiras,


nesse mesmo naipe também está inserida a flauta, saxofone e
instrumentos de palhetas duplas como oboé, corne inglês e
fagote.
10

7) TESSITURA DO CLARINETE

O clarinete é o instrumento de sopro com maior extensão,


sua tessitura atinge três Oitavas e uma Sexta. Veja o detalhe:

Nome dos Registros:

 Registro grave (registro chalumeau) – abrange as notas


que vão do Mi 2 até o dó # 3.
 Registro médio – abrange o intervalo entre as notas ré 3 e
fá # 4.
 Registro agudo – abrange o intervalo entre as notas sol 4 e
mi 5.

Aproveitando o tema tessitura, vamos entender onde o


clarinete soa na escala geral.
Na página 84 do MTS temos a correspondência uníssona
das claves, observe onde o Dó3 está nas claves de sol na 2ª
linha e na clave de fá na 4ª linha, desta forma percebe-se que
11

muitos clarinetistas ainda tocam a voz do tenor escrita no


hinário uma 8ª acima do que realmente está escrito.
Veja o exemplo a seguir:
Errado

Correto

Alguns músicos chamam a última execução, de “tenor no


grave”, mas na verdade o tenor está sendo executado na altura
correta de acordo com a correspondência uníssona das claves,
como está na página 84 do MTS.
12

Desta forma, concluímos que o clarinete soprano é mais


adequado a executar as vozes do soprano e o contralto.
Sabemos que nas nossas orquestras de acordo com os
ensinamentos, o clarinete soprano faz a voz do soprano e em
caso de necessidade pode também tocar o contralto.
Obs. “Em caso de extrema necessidade o clarinete soprano
também pode tocar o tenor, desde que solicitado pelo
responsável pela orquestra, todavia algumas notas não
poderão ser tocadas na altura correta por estarem fora da
tessitura do instrumento. Por exemplo, as notas encontradas
nos hinos 32 (nota ré bemol 2 encontrada no segundo
compasso do primeiro sistema e no quarto compasso do
segundo sistema) e no hino 63 ( nota si bemol - 1 encontrada
no primeiro sistema, tempo anacruse e no segundo compasso
do segundo sistema.
Vejamos agora o clarinete alto tocando o tenor:
13

Vejamos agora o clarinete alto tocando o baixo:

Há casos em que o clarinete alto não alcança todas as notas


do baixo.
Vejamos abaixo:
14

Notem que a última nota do quarto compasso e a primeira


do quinto compasso estão fora da tessitura do clarinete alto.
Agora vamos ver o clarinete alto no contralto:

Vejamos o clarone tocando a voz do baixo:


15

Vejamos o clarone tocando a voz do tenor:

Obs: Existem clarones (clarinetas baixo) que alcançam a


nota mais grave Mí bemol 1 escrito ou transpondo (soando) Ré
bemol 1. Há também clarinetas baixo mais modernas que
alcançam o Dó 1 escrito ou transpondo (soando) Si bemol -1.
Desta forma somente os clarones com extensão até Dó 1,
conhecidos por Low C, são capazes de tocar a última nota dos
hinos 33,55, 322 e 342, que terminam com o Dó 1 ou seja o Ré 1
para a clarineta baixo (clarone).
Todavia os que não têm extensão até o Dó devem tocar a
nota de Divisi, conforme orientação das instruções de utilização
do hinário. (Conteúdo encontrado no início do hinário 5)
16

O clarinete Contra-Baixo soa uma oitava mais grave que o


clarinete Baixo e o clarinete Contra-Alto soa uma oitava mais
grave que o clarinete alto.
Obs: Apesar de serem chamados de clarinetes “Contra-
Baixo e Contra-Alto” ambos são CONTRA-BAIXOS, são chamados
assim pois o primeiro soa uma oitava mais grave que o clarinete
baixo e o segundo uma oitava mais grave que o clarinete alto.
“Algumas notas apesar de serem agudas para Clarone, são
possíveis tocar desde que o músico tenha uma boa técnica.”

Abaixo temos a tessitura da família da clarineta dentro do


hinário CCB nº 5.
Claro que alguns clarinetes abaixo podem alcançar notas
mais agudas, todavia procuramos colocar aqui o que seria mais
confortável para se tocar.
17
18
19

8) REFERÊNCIA MUSICAL

Todo músico que deseja melhorar seu desempenho precisa


de uma referência musical. Essa referência será a sua meta, ou
seja, ponto onde se deseja chegar em termos de timbre,
projeção de som, interpretação, técnica, postura, etc.

É muito importante que ouçamos diversos artistas para


entendermos as diferenças entre sons, técnicas, posturas,
interpretação, etc.

Abaixo segue como sugestão, lista de alguns clarinetistas


que poderão ser ouvidos para entendimento dessa referência:

 Paul Meyer – França;


 Sabine Meyer – Alemanha;
 Alessandro Carbonare – Itália;
 Gabriele Mirabassi – Itália;
 Martin Fröst – Suécia;
 Sharon Kam – Israel;
 Sergio Burgani – Brasil
 Luis Afonso Montanha - Brasil
 Ovanir Buosi – Brasil
 Cristiano Alves – Brasil
 Dr Joel Barbosa – Brasil
 François Benda -
20

Sugestão de métodos:

 Galper, Avrahm Book 1&2


 Klosè, Método Completo
 Baerman, Método completo para Clarinete

9) PRÁTICAS DIÁRIAS FUNDAMENTAIS

Para uma boa execução do clarinete, assim como outros


instrumentos de sopro, é necessário sabermos respirar
corretamente.

A prática de exercícios de respiração será essencial para a


boa execução de qualquer instrumento de sopro.

Além da respiração, deve se observar a prática diária de


notas longas, afinação, controle de som, articulação, escalas e
estudo de intervalos. Deve-se também observar a postura ao
tocar clarinete, uma postura incorreta com certeza vai
prejudicar a correta execução do clarinete.

Vale lembrar que todo o estudo deve ser acompanhado de


metrônomo, afinador e a plena consciência dos objetivos de
cada exercício. Sem essas ferramentas podemos dizer que o
estudo ficará praticamente perdido.

Havendo dedicação e organização nos estudos, em pouco


tempo os resultados aparecerão.
21

10) POSTURA CORPORAL

10.1) Posição das mãos e digitação

Solte as mãos ao longo do corpo, de preferência ande um


pouco e sem modificar a posição natural das mãos observe qual
é o formato adquirido e aplique esse mesmo formato no
clarinete.

Ao digitar não faça movimentos bruscos, pense em levantar


os dedos muito pouco. Uma boa dica para a precisão na
digitação é levantar os dedos como se eles estivessem colados
no clarinete.

Faça um exercício com as notas naturais começando


pelo primeiro mi grave, vá ligando as notas de forma a não
existir acentuações nelas ou entre elas. Faça o mesmo exercício
com a escala cromática.
22

10.2) Posição dos braços e coluna

Os braços devem estar relaxados, não encostados ao corpo


e nem muito abertos, devem ficar em uma posição natural.

Manter a coluna sempre ereta para evitar dores e facilitar o


processo de respiração. Toque na frente do espelho para
observar a postura corporal como um todo.

Posição correta: Posição errada:


23

11) EMBOCADURA

O conjunto boquilha mais palheta talvez seja o mais


importante para obtermos uma boa sonoridade e maior
conforto possível para tocar. Deve-se dobrar o lábio inferior
apoiando os dentes superiores na boquilha, lembre-se de usar
um protetor adesivo na região onde são apoiados os dentes,
esse protetor evita danos à boquilha e protege os dentes. Vale
lembrar que esse adesivo deve ser próprio para esse fim,
existem marcas muito boas como Vandoren, BG,Marca etc.
Não se deve usar outro tipo qualquer de adesivo, pois a cola
desses adesivos impróprios podem causar sérios danos à saúde.

A função dos lábios em torno da boquilha é, em primeiro


lugar, evitar desperdício de ar, portanto seus lábios devem
envolver a boquilha e direcionar seu fluxo de ar para a palheta.

O lábio inferior tem a função mais importante na


embocadura. Ele deverá controlar a vibração da palheta, sem
nunca espremê-la contra a mesa da boquilha. Para isso, deve-se
curvar ligeiramente o lábio inferior sobre seus dentes de modo
que a parte carnuda entre em contato com a palheta.
24

12) EXERCÍCIOS PARA EMBOCADURA

a) Antes de iniciar a emissão de som com o clarinete, monte


somente a boquilha com palheta, abraçadeira e barrilete
(para diminuir a influência e preocupação com a digitação do
clarinete);

b) Coloque a boquilha na boca apoiando os dentes na parte


superior da boquilha em mais ou menos 1,5 cm;

c) Dobre levemente os lábios inferiores e acolchoe a palheta de


modo que não vaze ar pelas laterais;

d) Faça a posição correta da embocadura, deixe a boca no


formato de pronunciar a vogal “U” (boca de francês);

e) Vá soprando sempre com a garganta aberta e aumentando


gradativamente a velocidade do ar, até que a pressão
exercida pelo sopro seja suficiente para vencer a resistência
da palheta (fazendo-a vibrar) e, consequentemente
produzindo o som. Após repetir esse exercício por algumas
vezes monte o clarinete e faça o passo seguinte.
25

f) Para fixar o conceito de pressão correta para produção do


som, toque o Mi grave, mantendo o som e depois aperte o
registro com o polegar esquerdo, se a pressão estiver
correta deverá sair a nota si da 3° linha (clave de sol), essa é
a pressão correta para as demais notas.

1) Queixo na posição vertical;

2) Lábios inferiores levemente dobrados sobre os dentes;

3) Dentes superiores apoiados na boquilha (+- 1,5 cm);


26

13) EMISSÃO DO SOM

Antes de falar sobre articulação, devemos estar conscientes


sobre a emissão do som no clarinete.

Para iniciar o som: (1) Toque a palheta levemente com a


ponta da língua. (2) Sopre na boquilha e retire a língua ao
mesmo tempo. Lembre-se: “Sem soprar não há som!”

Comece o sol da segunda linha da clave do sol com o sopro


e o movimento da língua ao mesmo tempo.

Pense sempre em emitir as notas com ar quente, abra bem


a garganta como se estivesse cantando uma ópera, inclusive
para entender melhor essa técnica você poderá cantar a vogal
“Ô”.

Não deixe o ar que vem de seu pulmão todo preparado se


espalhar pela boca, sempre o deixe direcionado, o instrumento
deve ser encarado como um prolongamento de seu corpo.

Abaixo segue as posições de garganta em cada registro:

 Registro grave – garganta no formato da vogal “Ó”;


 Registro médio – garganta no formato da vogal “E”;
 Registro agudo – garganta no formato da vogal ”I”.
27

14) ARTICULAÇÃO

Articulação, a grosso modo, é a maneira como separamos o


som. É também a maneira como “atacamos as notas”, é muito
importante estudar articulação para uma boa interpretação de
uma peça ou trecho musical.
A seguir vamos nos concentrar nas principais articulações
que poderemos usar no nosso hinário. Há vários tipos de
articulações de acordo com o período ou estilo de música,
como estamos tratando do hinário não vemos a necessidade de
abordar os diversos tipos de articulações.

Aconselhamos que se toque os hinos com articulação leve,


convêm pensar numa silaba que possa fazer com que essa
articulação seja leve. “Tú” e “Tá” tendem a ser articulações
duras, sugerimos a articulação com a silaba “Dú”. Pense nisso!

14.1) Legato (ou ligado):

Consiste em emitir os sons, sem interrupção entre eles, no


legato emitimos as notas em um único sopro, apenas mudando
as notas com uma digitação leve, não articulamos os sons com
a língua.
28

O legato bem executado implica em uma boa digitação, é


impossível tocar legato digitando de maneira agressiva,
principalmente nos orifícios, certamente mesmo não usando a
língua a agressividade com que se digita fará soar separado e
não ligado. O sinal de legato é representado por uma linha
curva acima ou abaixo de notas ou de um trecho musical.

Articulado:

Legato:

Segue alguns exercícios de Articulação:

Legato
29

Articulado

Articulado e legato:

15) NOTAS LONGAS

Como todos os instrumentistas de sopro, o clarinetista


deve tocar notas longas diariamente.

Devem-se programar estudos diários, de maneira


alcançar o maior aproveitamento possível.

Esses estudos de notas longas podem ser feitos com


escalas, intervalos e arpejos. Uma das finalidades desse
estudo é tocar de maneira equilibrada todas as notas.
30

Ao estudar notas longas com intervalos, arpejos e


escalas, pense como se estivesse tocando uma grande nota
longa, apenas digitando sem fazer qualquer modificação na
embocadura, postura e assim por diante.

Pense numa frase linear.

Benefícios do exercício de notas longas:

 Condicionamento da embocadura;
 Condicionamento da coluna de ar;
 Afinação dos sons em todos os registros;
 Reforço na prática da correta respiração;
 Ajuda na centralização e projeção do som;
 Melhoria no timbre do clarinete.

16) EXERCÍCIOS - NOTA LONGA

Exercícios com intervalo de 12ª


Toque a nota grave em seguida acione o registro sem modificar
a embocadura, a pressão para tocar a nota mais aguda deve ser
a mesma para a grave, cuidado para não apertar a boca, isso
prejudicará a afinação.

Obs: Toque os exercícios com o metrônomo marcando 60


semínimas por minuto.
31

Toque as frase como se fossem uma grande nota longa.


32

Exercício de nota longa com escala.

Estudo de notas longas com intervalos extraídos do hino


232 do Hinário 5:

Ao tocar os hinos deve-se pensar em tocar as frases


como se fosse uma grande nota longa, mantendo o sopro
sem modificar a embocadura.
33

17) CONTROLE DE SOM

Após o processo de notas longas, é muito importante a


consciência do controle de som. (DINÂMICA)

Somente com o domínio de sons que vão do fraco ao forte


(pp, p, mf, f ) teremos condições de executar bem uma frase
musical e por consequência desenvolvermos uma boa
interpretação.

Obs. Especialmente ao praticar o estudo de controle de


som, deve-se usar o metrônomo e afinador juntos, pois ao
aumentar a intensidade há uma tendência de baixar a afinação.
Cuidar para manter a mesma afinação em todas as
intensidades.

o
18) EXERCÍCIO - CONTROLE DE SOM

Toque notas começando no pianíssimo indo até o


fortíssimo. Cuidado para não perder o timbre e afinação. Use
o metrônomo.
34

19) EXERCÍCIOS - ARTICULAÇÃO

Não bata com mais força na palheta para uma articulação


mais curta. A ação da língua deve permanecer essencialmente
a mesma para todas as notas.
35

O exercício abaixo poderá ser tocado com todas as notas.


36

Vejamos a melodia a seguir:


37

20) EXERCÍCIOS – ESCALAS E ARPEJOS


38
39
40

21) ESCOLHA DO INSTRUMENTO

Vários aspectos devem ser levados em conta na hora de


escolher um instrumento. O candidato deverá pedir ao
instrutor ou responsável pela orquestra orientação sobre
essa escolha. Na medida do possível, o instrumento
adquirido deve ser novo. Não adquirir instrumentos
coloridos e evitar clarinetes de metal. Devido ao seu
material, ele com toda certeza terá um som mais brilhante
ou estridente.
O clarinete tem prazo de validade que varia com o
tempo e quantidade de uso, se não for possível comprar um
instrumento novo, que seja um usado em bom estado de
conservação. CUIDADO COM INSTRUMENTOS
RESTAURADOS, ELES PODEM ESCONDER SÉRIOS DEFEITOS!
O mais apropriado é o afinado em Sib. Facilmente se
encontram instrumentos afinados em Sib de boa qualidade.
O mesmo não acontece com os instrumentos em Dó.
Há uma infinidade de marcas e modelos de clarinetes,
mas aconselhamos, que sobre tudo se escolha o
instrumento pela sua afinação, equilíbrio sonoro, e
qualidade do material.
41

22) ESCOLHA DA BOQUILHA


Existe uma infinidade de marcas e modelos de boquilhas,
mas há o que funciona melhor para a maioria e é esse o
material que aconselhamos ser adquirido.

Evite comprar boquilhas usadas, elas também têm prazo de


validade. As mais usadas são Vandoren B45,B40 e M30.

Partes da boquilha

Mesa – parte plana onde se apoia a palheta

Trilhos – moldes laterais que limitam as paredes da boquilha


42

Janela – parte aberta destinada a entrada de ar

Lábio – borda superior que influencia na cor do som/stacatto

Câmara – conduz o som ao clarinete e influencia na sua


afinação.
43

23) PALHETA DO CLARINETE

A palheta deve ser de cana-do-reino. Nunca usar palhetas


de material sintético ou pintadas. Existem no mercado palhetas
muito boas de material sintético que são usadas por
profissionais, inclusive. Todavia, o valor de uma palheta dessas
é o equivalente a uma caixa com dez palhetas de cana.

A escolha da numeração da palheta é feita de acordo com a


boquilha, uma boquilha mais aberta provavelmente ficará
melhor com uma palheta mais leve, enquanto que uma
boquilha mais fechada ficará melhor com uma palheta mais
dura. Geralmente a numeração usada está entre 2,5 e 3,5

Uma palheta de cana não dura um ano! Lembre-se disso. É


necessário trocar de palheta à medida que ela for perdendo a
qualidade sonora.
44

24) REGIÕES DA PALHETA E SUAS RESPECTIVAS FUNÇÕES


45

25) CUIDADOS DEVIDOS AO CLARINETE – MANUTENÇÃO


Antes de montar o clarinete, devem-se lubrificar as cortiças
onde se encaixam as partes do instrumento, ao terminar os
estudos ou até mesmo no culto é importante secar o
instrumento por dentro utilizando um pano apropriado. Não se
devem usar panos de puro algodão, pois esse pano pode ficar
preso dentro do instrumento.

É importante lubrificar os parafusos periodicamente e tirar o


pó que fica entre as chaves utilizando um pequeno pincel de
cerdas macias. Também se deve lavar a boquilha sempre. Tomar
cuidado para não usar produtos abrasivos que possam manchar
a boquilha, dentre eles o creme dental. A boquilha também não
deve ser lavada com água quente. Ao terminar de tocar,
devemos enxugar a palheta antes de guardá-la.

Ao guardar o instrumento, devemos tomar cuidado para não


colocar excesso de pano dentro do estojo, pois dessa forma
poderemos fazer excessiva pressão sobre as chaves, vindo a
danificá-las.

Os que possuem instrumentos de madeira devem fazer a


hidratação da madeira, esse procedimento deve ser feito por um
profissional (luthier).

Não devemos lavar o clarinete mesmo não sendo de


madeira. Esse procedimento danifica as sapatilhas.

As sapatilhas devem ser trocadas quando danificadas, pois


sapatilhas danificadas com certeza vão dificultar na execução do
instrumento já que não vedarão devidamente os orifícios. Isso
pode fazer guinchar, desafinar, produzir chiados, entre outras
coisas.
46

26) TABELA COMPLETA PARA A DIGITAÇÃO DA CLARINETA


47
48

27) CONSIDERAÇÕES FINAIS

Poderíamos abordar nessa apostila, diversos outros


assuntos, escalas menores, os vários tipos de articulações, os
diversos estudos de mecanismo, interpretação, etc., etc., etc.

Todavia tivemos o cuidado de abordar os assuntos básicos


necessários à boa execução dos nossos hinos. Aos que
quiserem se aprofundar nos estudos de clarinete sugiro uma
escola ou professor particular.

Estudando com paciência o conteúdo dessa apostila com


certeza os resultados aparecerão nos nossos cultos.

28) BIBLIOGRAFIA

Dicas técnicas: Prof. Gilberto Portilho

Klosè, Hyacinthe Eléonore – Méthode Complète de Clarinette

John Davies & Paul Harris - Essential clarinet Techhnique

Galper,Avrahm Clarinet Method

Você também pode gostar