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por
Setembro de 2013
Mestrado em Economia e Administração de Empresas
Agradecimentos
Aos meus colegas de Mestrado que foram essenciais na conclusão da parte escolar e a
todos aqueles que, directa ou indirectamente, contribuíram para a realização deste
trabalho.
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Resumo
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Abstract
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Índice
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Lista de Figuras
Figura 2-1 Preço Carvão (€/ton) Vs. Preço Licenças de Emissão (€/ton) ...................... 22
Figura 3-1Nº de pedidos de validações de projectos MDL ............................................ 41
Figura 3-2 Número de projectos MDL por zona ............................................................ 42
Figura 3-3 Top 10 Número de projectos MDL por país ................................................. 42
Figura 3-4 TOP 5: Reduções médias anuais de emissões por país ................................. 42
Figura 3-5 TOP 5: Número de projectos registados por actividade ............................... 43
Figura 3-6 Ciclo de um Projecto MDL ........................................................................... 44
Figura 3-7 Emissões anuais de ERUs [milhões] ............................................................. 47
Figura 3-8 Países anfitriões de projectos "Track 1"........................................................ 48
Figura 3-9 Países anfitriões de projectos "Track 2"........................................................ 49
Figura 3-10 Evolução do Mercado do Carbono [$ mil milhões] .................................... 52
Figura 3-11 Evolução do mercado do carbono [$ mil milhões] ..................................... 52
Figura 3-12Importação de Energia Vs. Produção Renovável [GWh] ............................ 54
Figura 4-1 Modelos Teóricos da Competitividade ......................................................... 56
Figura 4-2 Modelo das 5 forças competitivas ................................................................. 58
Figura 4-3 Os Pilares da Vantagem Competitiva ........................................................... 67
Figura 4-4 Hipótese de Porter ......................................................................................... 68
Figura 4-5 Regulação Ambiental, Beneficios Ambientais e Aumento do Lucro da
Empresa .......................................................................................................................... 71
Figura 6-1Organigrama Grupo EDP ............................................................................... 74
Figura 6-2 Emissões de CO2 [tCO2/MWh] do Grupo EDP e Objectivos de Redução ... 75
Figura 6-3TOP 5 Produtores Mundiais de Energia Eólica [TWh] ................................. 76
Figura 6-4 Peso da EDPR no Grupo EDP (MW) ........................................................... 78
Figura 6-5 EDPR: Capacidade instalada e Investimento Operacional ........................... 80
Figura 6-6 Custos de produção (€/MWh) da EDP e EDPR ............................................ 81
Figura 6.1.1-1 EDP: Consumo de Energia e Emissões de CO2e evitadas ....................... 83
Figura 6.1.1-2 Grupo EDP: Emissões Atribuídas e Reais [MtCO2] ............................... 84
Figura 6.1.1-3 Produção e Fator de Utilização da EDPR ............................................... 86
Figura 6.1.1-4 Emissões de CO2e evitadas pela utilização de energias renováveis [kt] . 87
Figura 6.1.2-1 Fator de Utilização .................................................................................. 88
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Lista de Tabelas
Tabela 2-1 Soluções para a diminuição das externalidades negativas segundo Pigou e
Coase ............................................................................................................................... 21
Tabela 2-2 Custos adicionais das emissões de CO2 por tecnologia ................................ 22
Tabela 2-3 Custo da electricidade de uma central termoeléctrica [€/MWh] .................. 26
Tabela 3-1 Instrumentos de política ambiental ............................................................... 35
Tabela 4-1 Mecanismos de Isolamento .......................................................................... 65
Tabela 6.1.1-1 Portugal: Índices IPH e IE ...................................................................... 85
Tabela 6.2.1-1 Grupo EDP: Aquisições e Alienações de Licenças de Emissão de CO2 97
Tabela 6.2.1-2 Grupo EDP: Carteira de Licenças de Emissão de CO2e ......................... 97
Tabela 6.2.1-3 Grupo EDP: Carteira de Licenças de Emissão de CO2 para Negociação
........................................................................................................................................ 98
Tabela 6.2.2-1 Europa: Previsões de Windfall Profits .................................................. 102
Tabela 6.2.3-1 EDPR: Esquemas de Remuneração ...................................................... 103
Tabela 6.2.3-2 EDPR: Perfil de Risco do Portfólio ...................................................... 107
Tabela 6.2.3-3 Iberdola - Licenças de Emissão 2012 ................................................... 115
Figura 8-2 Projetos Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ...................................... 146
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SCP - Estrutura-Comportamento-Desempenho
UE – União Europeia
UNFCCC - United Nations Framework Convention on Climate Change
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Capitulo 1. Introdução
Assim, levanta-se uma questão essencial que é saber como é que a regulação
ambiental aplicada ao sectror eléctrico pode influenciar a competitividade das empresas.
Na literatura identificamos duas abordagens teóricas que estão na base da relação entre
a regulação ambiental e a competitividade: uma visão mais tradicional, a neoclássica,
que “enfatiza o maximizar do bem-estar humano e o uso de incentivos económicos para
modificar o comportamento humano destrutivo (Tietenberg e Lewis, 2012, p. 7)”, isto é,
argumenta que o objectivo da regulação ambiental é corrigir as externalidades negativas
e, as empresas ao internalizarem os custos e corrigirem assim as falhas de mercado,
estão a ser sobrecarregadas com custos adicionais e consequentemente a perder
eficiência e competitividade (Gollop e Roberts, 1983; Ederington e Minier, 2003). Uma
segunda teoria (Porter e van der Linde, 1995a e Sinclair-Desgagné, 1999) defende que
uma regulação ambiental correctamente delineada pode conduzir a processos de
produção mais eficientes, a uma redução dos custos e a uma melhoria da produtividade,
1
Anexo 3 – Lista de Gases com Efeito de Estufa (GEE)
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2
Indústria: “group of firms producing products that are close substitutes for each other (Porter, 1980,
p.5)”.
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Utilities são empresas dos sectores da produção, transporte, distribuição e comercialização de energia
(electricidade e gás) e água.
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2.1 Introdução
4
Diagrama de carga do sistema: diagrama de carga verificado na rede nacional de transporte que
corresponde ao somatório dos valores de potência referidos para o diagrama de carga de referência
(Despacho n.º 4591-A/2007).
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estas mudanças. Ainda para o mesmo autor, para reduzir as emissões de CO2 a nível
nacional é necessário utilizar um conjunto diversificado de instrumentos5.
5
Um instrumento é o meio utilizado pela autoridade ambiental para promover a implementação das
medidas por parte dos agentes ou para alterar os seus comportamentos através, por exemplo, de uma
norma ou taxa de emissão ou acordos voluntários (Antunes et al, 2002, p. 31).
6
Galetovic (2013, p. 4) calcula o custo dos danos ambientais provocados pela emissão de poluentes
devido à queima de carvão em $17.8/MW, sendo que quase 3/4 deste valor refere-se às emissões de CO2.
7
Existem dois tipos de aproveitamentos hidroeléctricos de acordo com a existência de capacidade de
armazenamento de água: as albufeiras que têm essa capacidade e os aproveitamentos de fio de água, sem
essa capacidade ou com uma capacidade muito reduzida (Antunes et al, 200, p. 40).
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generalizar quanto aos impactos ambientais contudo, ainda segundo o mesmo autor, os
impactos ambientais das grandes barragens8 existem sempre e são “profundos,
complexos, variados, múltiplos e essencialmente negativos (Bergkamp et al, 2000, p.
177)”. Quanto às emissões de GEE, estas são mais relevantes nos primeiros anos de
operação da central e acontecem essencialmente devido a degradação da matéria
orgânica acumulada no fundo da albufeira (Antunes et al, 2000, p. 44).
A energia eólica é uma tecnologia com maturidade e a energia mais compatível com
a vida humana e selvagem, além disso, tanto os investigadores como a indústria estão a
tentar encontrar protecções e prevenções para os impactos que a energia eólica possa ter
na vida selvagem (Saidur, 2011, p. 2224-2226). Tal como a energia solar, a eólica não
emite quaisquer GEE na sua fase de exploração contudo, e tendo em consideração que o
impacto dos parques eólicos limita-se a uma pequena àrea que os rodeia, segundo
Leung (2012) há a considerar o ruído produzido pelos aerogeradores devido ao
deslocamento das pás e, embora seja subjectivo e dificil de quantificar, o impacto visual
que podem provocar. Outro problema que costuma ser associado a esta tecnologia é o
8
Grande barragem: possui uma altura de 15 metros ou mais acima da fundação ou entre 5 e 15 metros de
altura com um reservatório de volume de mais de três milhões de metros cúbicos (Comissão Internacional
de Grandes Barragens).
9
São cortadas todas as plantas que meçam, aproximadamente, meio metro ou mais (Turney, 2011).
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impacto que tem na vida selvagem, nomeadamente na morte de aves. Ainda segundo
Leung (2012, p. 1037), estudos mostram que as aves rapidamente aprendem a evitar as
pás dos aerogeradores deixando estes de ser um problema. Outras medidas de protecção
podem ser colocadas em prática além de que a questão das rotas migratórias das aves
são tidas em consideração aquando a criação dos estudos ambientais. Outra solução para
o problema do ruído passa pela aposta na tecnologia offshore10, na qual a EDP está a
começar a investir, e uma aposta “vital para o futuro da Europa (EWEA, 2009)” e que a
Europa tem liderado11. Num comunicado feito sobre a energia eólica offshore, a
Comissão Europeia (European Commission, 2008, p. 2) destaca o importante contributo
que esta pode ter para alcançar as metas energéticas traçadas pela Europa através da
redução das emissões de GEE, para assegurar a fornecimento de energia e melhorar a
competitividade da União Europeia (UE). Para Bilgili et al (2011, p. 906) a tecnologia
offshore possui algumas vantagens quando comparada com a onshore pois, embora seja
uma tecnologia mais complexa e com uma instalação, nomeadamente das fundações12 e
a ligação à rede eléctrica, e manutenção mais dispendiosas, tem a vantagem de os
ventos no mar serem mais intensos e estáveis, não haver os problemas logísticos de
transporte que existe nos parques eólicos onshore logo, há a possibilidade de instalar
aerogeradores maiores, e também não se coloca o impacto visual nem o ruído
incomodar habitações próximas.
Quando às alterações climáticas que a energia eólica onshore possa causar devido
ao constante aumento de escala dos aerogeradores, há a especulação que devido ao
tamanho massivo de alguns aerogeradores e da turbulência de ar que provocam e que
pode ter impacto na temperatura dos solos e na humidade do ar (Keith et al, 2004).
Ainda segundo os mesmos autores, embora estes fenómenos de larga escala sejam
observáveis, a energia eólica tem um efeito negligenciável na alteração da temperatura
10
Parque eólico instalado num ambiente maritimo, ao largo da costa (offshore).
11
Existe 5 538 MW de energia eólica offshore instalada a nível mundial e 90% pertence à Europa (Japão
com 1% e China com 9%) (EWEA, 2013, p. 12). Pela primeira vez, durante o ano de 2012 a instalação de
energia eólica offshore ultrapassou 1GW, o que representa 10% de toda a potência instalada na Europa
nesse ano, e esta tendência é para intensificar nos próximos 5 anos (GWEC, 2013, pp. 20-21). No final
do primeiro semestre de 2013 há 6 040 MW de potência instalada, distribuída por 58 parques eólicos e 1
939 aerogeradores offshore, ligados às redes eléctricas de 10 países europeus (EWEA, 2013).
12
Existem três tipos de fundação para aerogeradores offshore: Ballast Stabilized, Mooring Line
Stabilized e Buoyancy stabilized (Leung, 2012, p. 1036). Enquanto as fundações convencionais (onshore)
representam 4 a 6% do custo total de construção em offshore representa 21%, podendo ser mais elevado
dependendo da profundidade do mar e das condições do solo (Blanco, 2009, 1376).
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do solo a nível mundial. Quando à tecnologia offshore, como é uma tecnologia recente o
seu impacto na vida marítma ainda não foi suficientemente estudado, mas não deve ser
descurado (Leung, 2012).
Nas últimas décadas têm sido efectuados diversos estudos sobre os custos externos
da produção de electricidade, através de combustíveis fósseis ou fontes de energia
renováveis (Jaffe, 1996 ; Krewitt, 2002 ; Soderholm, 2003 ; Owen, 2004 e 2006 ;
Longo, 2008 ; Czarnowska, 2012 ; Galetovic, 2013), mas foi Pigou (1920) o primeiro
economista a analisar o problema das externalidades (Turner et al, 1993, p. 4) e Coase
(1960) quem criticou a teoria de Pigou e formulou o teorema de Coase. No sector
eléctrico é possível observar uma grande variedade de externalidades (descargas nos
rios, desmatação de florestas, etc.), as mais debatidas são as emissões de GEE para a
atmosfera, e para Czarnowska (2012, p. 218) estes custos externos provocados pela
poluição têm um impacto significativo no custo da electricidade e não devem ser
ignorados.
Para Tietenberg e Lewis (2012, p. 25) “An externality exists whenever the welfare
of some agent, either a firm or household, depends not only on his or her activities, but
also on activities under the control of some other agent.” ou ainda, segundo a OCDE
(2003), “Environmental externalities refer to the economic concept of uncompensated
environmental effects of production and consumption that affect consumer utility and
enterprise cost outside the market mechanism.” Uma externalidade é um custo
(externalidade negativa) ou um benefício (externalidade positiva), que existe quando há
uma diferença entre o óptimo privado e o óptimo social, que pode existir ao nível da
produção e do consumo e onde não ocorre nenhuma compensação. Estes bens são
valorizados mas não transaccionados no mercado, constituindo uma falha de mercado.
13
Edmar Bacha, economista brasileiro, em “O que os economistas pensam sobre sustentabilidade”, São
Paulo: editora 34, 2010
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“O aquecimento ambiental é hoje uma parte cada vez mais relevante no custo
de uma central. A EDP Brasil tem um projecto em que o custo só para obter
a licença de instalação está na ordem dos 30% do investimento total. Isto faz
com que a a chamada geração tradicional seja cada vez mais dificil de
implementar e com um custo cada vez mais elevado.”
Pigou (1920) defende a existência de uma diferença entre o custo privado e o custo
total e uma solução pública para o problema das externalidades. Na ocorrência de uma
externalidade, o Governo deve intervir impedindo a dita ocorrência ou impondo uma
multa ao infractor, a taxa pigouviana. O objectivo desta taxa é os preços de mercado
reflectirem os custos marginais externos, isto é, os danos causados pela emissão de uma
unidade adicional de poluição devido ao consumo ou produção de um produto
(Viladrich, 2004). Na prática, uma indústria para além do custo de produção de um
produto teria um custo adicional para o produzir, a taxa pigouviana.
Coase (1960) critica esta abordagem, defende uma solução privada e argumenta que
a maior parte dos problemas referentes a externalidades ocorre devido a uma ineficiente
definição de direitos de propriedade, que definem quem tem o direito de utilizar o
recurso, e à ausência de mercados que possam internalizar estes custos ou beneficios.
Também defende que as externalidades são recíprocas, isto é, deve ser considerado não
só o dano causado na parte prejudicada como também o dano causado pela eliminação
da externalidade no infractor, que as externalidades apenas persistem se os custos de
transacção forem elevados ao ponto de não ser possível às duas partes chegarem a um
acordo mutuamente benéfico, o que implicaria a acção do Governo. Por último, Coase
defende que se os custos de transação forem baixos, os processos de mercado levarão ao
mesmo resultado eficiente independentemente de quem assiste os direitos de
propriedade. Coase defende assim um entendimento privado entre a indústria poluidora
e a sociedade, concluindo que é possível alcançar um resultado mais eficiente sem a
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Tabela 2-1 Soluções para a diminuição das externalidades negativas segundo Pigou e Coase
O custo da electricidade
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Figura 2-1 Preço Carvão (€/ton) Vs. Preço Licenças de Emissão (€/ton)
140 30
120 25
100 20
80
15
60
40 10
20 5
0 0
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160 30
Deepwater Horizon Fukushim
BP Alemanha: Encerramento Centrais
140 Nucleares
25
Manifestações na
120 Líbia
Especulação de mercado
20
100
80 15
Eleição F.Holland
60
10
40
5
20
Lehman- Eleição de Barack Crise financeira na
0 Obama Grécia 0
Jan 02, 2008 Jan 02, 2009 Jan 02, 2010 Jan 02, 2011 Jan 02, 2012
Janeiro a Julho 2008 – Aumento dos preços do petróleo em mais de 100% devido a
movimentos especulativos a nível mundial;
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O&M - Operação & Manutenção
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F
C comb
PCI
F : Custo do combustível
PCI: Poder calorífico inferior
h: Rendimento da central
C CO 2 PCO 2 ee p
ecomb
ee p
PCI
F
Cp PCO 2 ee p CO&M
PCI
É esta fórmula que integra os custos de poluição (CCO2) que a EDP utiliza e que
será discutida no ponto 6.1.1 Custos associados à utilização de combustíveis fósseis.
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Sem externalidades 30 33
Percepção do público
16
É um processo de captura e armazenamento de dióxido de carbono com o intuito de diminuir as
emissões deste gás para a atmosfera. A pesquisa, desenvolvimento, promoção e uso das tecnologias de
sequestro de CO2, “ambientalmente seguras, avançadas e inovadoras” foi consagrado no artigo 2 do PQ
(UNFCCC, 1998, p. 2).
17
Calculos para uma central termoeléctrica com tecnologia de carvão pulverizado (Olsztyn, Polónia).
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serem vistas como uma solução para o problema enquanto outras irão deparar-se com
críticas devido aos produtos que comercializam, independentemente do quanto sejam
necessários para o funcionamento da economia. Para Schultz e Williamson (2005,
p.385), uma empresa que comercialize carvão, cujo principal cliente são os produtores
de electricidade, estará menos exposta que uma empresa de petróleo que vende o seu
produto directamente aos consumidores. O custo dos impactos climáticos para uma
empresa irá depender do facto da sua exposição derivar das emissões directas, das
emissões indirectas ou da vulnerabilidade física que o negócio possa ter para as
alterações climáticas.
Embora em Portugal não haja ainda uma grande sensibilidade para esta
problemática, no entanto, a consciência ambiental nos restantes mercados em que a EDP
está presente é determinante para a sua competitividade. Para
“A área do ambienta está actualmente sobre uma pressão brutal. Belmonte, a maior
central que está actualmente a ser construída no Brasil ja teve um aumento nos custos
de aproximadamente 20% só por questões ambientais: manifestações, etc.”.
2.4 Síntese
Tanto as centrais que utilizam combustíveis fósseis como as que utilizam energias
renováveis têm um impacto no meio ambiente, e as externalidades negativas produzidas
pelo sector eléctrico representam custos que podem implicar uma perda de
competitividade caso não sejam internalizados pela empresa, seja através de uma
solução pública (Pigou) ou privada (Coase). Para combater os efeitos das externalidades
negativas do sector eléctrico e alcançar as metas de redução das emissões de GEE
traçadas pelos governos, criaram-se instrumentos de política ambiental que serão
analisados no capítulo seguinte.
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3.1 Introdução
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Embora Coase (1960, p. 17) defenda uma solução privada, tal como Pigou também
reconhece a viabilidade de uma solução pública no caso de os custos de transacção
serem muito elevados para a empresa. Coase dá o exemplo da emissão de GEE, que
pode afectar muitas pessoas e actividades, e onde os custos de transacção seriam
demasiado elevados para uma empresa conseguir resolver o problema. Neste caso, a
solução não é um sistema legal de direitos transaccionados através de operações de
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mercado mas sim uma solução governamental, em que as regulações são impostas e
devem ser obedecidas. Há a vantagem adicional de o governo ter os meios à sua
disposição, a polícia ou agências ambientais, para se certificar que as regras são
cumpridas.
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As taxas ambientais, criadas com base no trabalho de Pigou (1920), podem ser taxas pela emissão de
GEE, taxas diferenciadas por produtos (p.e. gasolina com e sem chumbo); isenções fiscais para
equipamentos menos consumidores de energia ou taxas de utilização (coloca-se um preço na utilização de
um serviço, p.e. uma ETAR) (Antunes et al, 2002).
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Instrumentos de informação
Embora uma melhor divulgação de informação seja importante, isto não significa
que os outros dois instrumentos de mercado (CEC e IM) devam ser ignorados. Para
Fugui et al (2008, 1655) o mais provável é que em determinados contextos o
instrumento de política ambiental mais eficaz seja uma mistura dos três instrumentos.
Para o Director da Direcção Mercados de Energia da EDP os intrumentos de política
ambiental são importantes uma vez que “as empresas tomam as suas decisões de
investimento de acordo com o ambiente regulatório em que estão inseridas.”
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Instrumentos Económicos ou de
Instrumentos Mercado Instrumentos de
reguladores ou CEC Utilização de Criação de informação
Mercados Mercados
Direitos de
Taxas sobre
Proibições transação de Rótulos ecológicos
emissões
emissão de GEE
Esquemas de
Taxas sobre responsabilidade Códigos de conduta
Normas de emissão
produtos civil por danos ambiental
ambientais
Titulos de Certificação ambiental
Normas sobre Taxas de
desempenho de empresas,
produtos utilização
ambiental actividades e produtos
Esquemas de
Normas sobre
depósito e Acordos negociais
tecnologia
reembolso
Normas sobre a Disponibilização/divul
Subsídios
qualidade ambiental gação de informação
Quotas de
incorporação de Isenções fiscais
material reciclado
Obrigação de
rotulagem/informação
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World Business Council for Sustainable Development.
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International Union for Conservation of Nature.
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assim, após três anos , em 1997 na cidade de Quioto (Japão), os governos signatários
decidiram dar um passo em frente e aprovar o PQ. O protocolo teve um primeiro
período considerado experimental de 2005 a 2007 e um segundo período entre 2008 e
2012 que foi o primeiro período de cumprimento do PQ. Em ambos os períodos e
através dos Programas Nacionais para as Alterações Climáticas (PNAC), foi oferecido
(grandfathering) a cada instalação industrial abrangida um volume de licenças de
emissões de CO2e21 ou European Union Allowance (EUA), cada licença equivante à
emissão de 1 tonelada de CO2e, com base no seu histórico de emissões. Se a empresa
emitir mais poluição que o número de licenças que possui tem que ir a mercado comprar
mais licenças e se conseguir reduzir as suas emissões pode vender o excesso de licenças
que possui.
21
O dióxido de carbono equivalente (CO2e) é o resultado da multiplicação da quantidade de GEE emitida
pelo seu potencial de aquecimento global (GWP). Por exemplo, o GWP do gás metano é 21 vezes
superior que o potencial do CO2 logo, o CO2e do gás metano é 21 (OECD, 2013).
22
Países pertencentes ao Anexo I do Protocolo de Quioto (Anexo 4)
23
Países não-Anexo I do Protocolo de Quioto
24
Emissões que resultam da acção humana.
25
Cada uma das metas individuais (%) é convertida num volume de direitos de emissão (tCO 2e). A
Quantidade Atribuída é o máximo de emissões permitido a emitir pelo país ao longo do período do PQ.
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A transferência de tecnologia é o “amplo conjunto de processos que cobrem os fluxos de know-how,
experiência e equipamentos para mitigação e adaptação às mudanças climáticas entre diferentes
stakeholders, tais como governos, entidades do sector privado, instituições financeiras, organizações não-
governamentais (ONGs) e instituições de investigação/ensino (UNFCCC, 2010a, p.13)”.
27
Burden Sharing Agreement
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Período 2013-2020
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Para que um projecto MDL seja aprovado pelo órgão de supervisão responsável, o
Comité Executivo da CQNUAC, a proposta terá que provar que contribui para um
desenvolvimento sustentável e demonstrar o princípio da adicionalidade, isto é, que “as
reduções de emissões são adicionais às que ocorreriam na ausência da actividade
(UNFCCC, 2005, p. 16)”.
28
No caso de Portugal o limite máximo é 10% (Diário da República, 2008, p. 106)
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2091
1554 1559
1492
1389
1252
899
499
59
29
Os dados referentes a 2011, estão actualidados até 31 de setembro.
41/146
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África, 94
Ásia e Pacifico,
3816
Tailândia Filipinas,
, 74 Indonésia,
Republica 58
78 da
Coreia, 69 Outros,
Malásia, 109 409
Vietname, 139
México, 144
Brasil, 210 China, 2279
India, 881
42/146
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India, 69,818,457
China, 409,951,973
Fuga de emissões
Indústria de combustíveis
transformadora, fósseis, 181 Agricultura, 156
249
Gestão e
eliminação de
resíduos, 669
Indústrias de
energia (renovável
e não-renovável),
3710
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1. Elaboração do projecto;
2. Aprovação da Autoridade Nacional Designada;
3. Validação;
4. Registo;
5. Monitorização;
6. Verificação e Certificação;
7. Emissão de CERs.
Actividade Autoridade
Responsável
Documento de Investidor do
Concepção do Projecto Projecto
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Implementação Conjunta
30
A Autoridade Nacional Designada portuguesa é a Agência Portuguesa do Ambiente
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Existem dois procedimentos para desenvolver uma proposta IC: “Track 1” e “Track
2”. De acordo com o procedimento “Track 1”, se o país anfitrião cumprir com todos os
requisitos de elegibilidade para a transferência e/ou aquisição de ERUs, pode verificar
que as reduções de emissões ou o aumento das remoções de um projecto IC são
adicionais às que ocorreriam sem a existência do projecto. Após a verificação, o país
anfitrião pode emitir a quantidade apropriada da ERUs. Por outro lado, se o país
anfitrião não atender com todos mas apenas alguns dos requisitos de elegibilidade, é
necessário que seja o Comité de Supervisão da Implementação Conjunta ou Joint
Implementation Supervisory Committee (JISC) a verificar se as reduções de emissões ou
o aumento das remoções compreendem adicionalidade. De acordo com este segundo
procedimento, uma entidade independente acreditada pelo JISC tem que determinar se
os requisitos foram cumpridos antes do país anfitrião poder emitir e transferir ERUs. Se
a Parte anfitriã preencher todos os requisitos de elegibilidade pode a qualquer momento
optar por utilizar o procedimento de verificação no âmbito do JISC (UNFCCC, 2012a,
pp. 5-6).
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2. Projectos “Track 1”, que por vezes são capazes de operar na mesma base
processual que os projectos “Track 2”, mas em prazos diferentes e sem a
necessidade de pagar taxas de verificação;
42.96
28.03
4.67 5.67
1.32 2.92
0.12
Track 1 Track 2
31
Green Investment Schemes (GIS) – Mecanismo estabelecido pelo país vendedor para garantir aos
compradores que o retorno obtido de negociações de AAUs financiará projectos ambientais de redução de
GEE, acordados bilateralmente, no país vendedor.
32
Assigned Amount Unit (AAU) - É uma unidade igual a 1 tonelada de emissões de CO2 equivalente,
calculadas utilizando o Potencial de Aquecimento Global (GWP).
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De acordo com o último relatório anual do JISC (UNFCCC, 2012b, p. 3), referente
ao período 2010-2011, existem 259 projectos submetidos e outros 34 com
determinação33 positiva. Calcula-se que estes projectos atinjam respectivamente
reduções de emissões de aproximadamente 350 milhões de toneladas de dióxido de
carbono equivalente (MtCO2e) e 35 MtCO2e, durante o primeiro período de
compromisso do PQ (2008-2012). Os 34 projectos com determinação positiva podem
atingir reduções de 44 MtCO2e que podem ser convertidas em ERUs.
Bélgica, 2 Bulgária, 23
Ucrânia, 95
República Checa,
Espanh
85
a, 3
Rússia, 82
Estónia,
12
Finlândia, 3
France, 20
Alemanha, 25
Hungria, 11
Roménia, 15 Polónia, 22
Nova Zelândia, 8
33
De acordo com o procedimento de verificação no âmbito do JISC, uma entidade independente
acreditada Accredited Independent Entity (AIE) pelo JISC é responsável pela determinação de se um
projecto e as reduções decorrentes das emissões antrópicas por fontes ou o aumento das remoções
antrópicas por sumidouros, cumpre os requisitos do Artigo 6 do PQ e as orientações IC (UNFCCC, 2005,
pg.7).
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Segundo a Figura 3-9, num total de 406 projectos, entre os quais 14 parques
eólicos, são os países da Europa de Leste como a Ucrânia, República Checa, Rússia,
Polónia e Roménia os principais anfitriões dos projectos IC submetidos na JISC no
âmbito do procedimento “Track 1”.
Bulgária, 1
Lituânia, 16
Ucrânia, 21
Roménia, 1
Suécia, 2 Rússia, 1
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Permite aos países que têm créditos de emissão em excesso, vender esse excesso a
países cujas emissões estão acima dos objectivos com que se comprometeram. No
âmbito do regime de comércio de emissões da UE, os respectivos Estados-Membros
propuseram limites individuais de acordo com o histórico de emissões de CO2 (tCO2e)
das grandes empresas consumidoras e produtoras de energia de cada país. A soma das
emissões propostas pelos diferentes Estados-Membros foi revista e aprovada pela
Comissão Europeia, assumido o valor final, que é o tecto máximo (cap), como o
necessário para alcançar os objectivos de diminuição da concentração de GEE da UE.
34
Instalações siderúrgicas, centrais eléctricas, refinarias de petróleo, fábricas de papel e instalações de
fabrico de vidro e cimento (Europa Press Releases, 2008).
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No final do ano cívil, e no máximo até 30 de Abril do ano seguinte ao ano em causa, a
empresa deve devolver as licenças de emissão que lhe foram atribuídas gratuitamente
no início do ano em número equivalente ao total de emissões das suas instalações. Para
tal, cada Estado-Membro deve desenvolver procedimentos para monitorizar, reportar e
verificar as emissões de CO2, sempre de acordo com as directrizes da UE (Europa Press
Releases, 2003). O total de créditos de emissão de CO2 disponíveis ao abrigo do CELE
está concebido de forma a criar uma falta dos mesmo e assim incentivar as empresas a
diminuir as suas emissões (Kruger e Pizer, 2004). Se as empresas não são capazes de
diminuir as suas emissões de forma rentável, elas têm a opção de comprar créditos de
emissão de outras empresas que os tenham em excesso ou comprar créditos de projectos
instalados em outras partes do mundo.
As reduções abaixo dos limites fixados são negociáveis (trade), promovendo assim
a eficiência energética. As empresas que obtenham reduções podem vendê-las a outras
empresas que tenham problemas em manter-se dentro dos limites acordados ou para as
quais as medidas de redução de emissões sejam demasiado onerosas em comparação
com o custo das licenças de emissão. Qualquer empresa poderá também aumentar as
suas emissões para além do volume de licenças que lhe foi atribuído adquirindo mais
licenças no mercado. Este regime induzirá as empresas a proceder a cortes de emissões
quando estes forem mais baratos, garantindo assim que as reduções sejam obtidas ao
menor custo possível para a economia e com promoção da inovação (Europa Press
Releases, 2003).
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Mercado Mercado
CELE Outras Outros
Primário Secundário Total
(EUAs) Licenças Offsets
(CERs) (CERs)
2005 7,9 0,1 2,60 0,2 0,3 11
2006 24,4 0,3 5,80 0,4 0,3 31,2
2007 49,1 0,3 7,40 5,5 0,8 63
2008 100,5 1 6,50 26,3 0,8 135,1
2009 118,5 4,3 2,70 17,5 0,7 143,7
2010 119,8 1,1 1,50 18,3 1,2 141,9
Fonte: World Bank (2011, p.9)
160
140
120
100
80
60
40
20
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010
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Desde 2001 que Portugal conta com uma Estratégia para as Alterações Climáticas,
documento que enquadrou o desenvolvimento das políticas sobre esta matéria e a
actividade da Comissão para as Alterações Climáticas, criada em 1998.
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A aposta nacional nas energias renováveis não deixa também de ser uma estratégia
para reduzir o endividamento externo do país. De acordo com a Agência Portuguesa do
Ambiente (2012, p.115) o investimento nas energias renováveis evita a dependência
energética externa (50%), os desequilíbrios na balança comercial, os riscos associados à
volatilidades dos preços dos combustiveis fósseis e promovem a investigação e o
investimento interno.
20,000 0.0
18,000 -2.0
16,000 -4.0
14,000
-6.0
12,000
-8.0
10,000
-10.0
8,000
-12.0
6,000
4,000 -14.0
2,000 -16.0
0 -18.0
2007 2008 2009 2010 2011
Importação PRE Balança Comercial [mil milhoes €] Linear (Importação) Linear (PRE)
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4.1 Introdução
“The diversified corporation is a large tree. The trunk and major limbs are core
products, the smaller branches are business units; the leaves, flowers, and fruits are end
products. The root system that provides nourishment, sustenance, and stability is the
core competence (Prahalad e Hamel, 1990, p.81)”.
Para Barney (1991, p.102), “uma empresa tem uma vantagem competitiva quando
implementa uma estratégia que cria valor e quando esta não está a ser simultaneamente
implementada por um potencial ou actual concorrente. Esta vantagem competitiva só é
sustentável se a estratégia não estiver a ser duplicada e se os seus benefícios também
não podem ser duplicados”.
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O Modelo das 5 forças competitivas estuda, segundo uma análise externa, mais
estática e direccionada para o equilíbrio de mercado, a perspectiva da estrutura da
indústria35 onde a empresa irá competir e quais os factores mais importantes para o
fazer. Este modelo foi desenvolvido por Porter (1979), que utilizou as bases do trabalho
de Edward Mason e Joe Bain sobre a estrutura de uma indústria, conhecido como o
modelo Estrutura-Comportamento-Desempenho ou Structure-Conduct-Performance
(SCP), em que relaciona as características da estrutura da indústria com a estratégia e o
desempenho da empresa e, a partir das características da estrutura da indústria, Porter
elabora a estrutura das forças que definem a concorrência numa indústria. A
compreensão desta estrutura, que para Porter (1980, p.7) “deve ser o ponto de partida
para uma análise estratégica”, e a formulação de uma estratégia, ajuda a empresa a
construir defesas contra forças competitivas ou a encontrar posições na indústria onde
estas forças são mais fracas e onde a empresa as consegue influenciar a seu favor de
modo a aumentar a sua rentabilidade (Porter, 1980, p.4).
1. Ameaça à entrada
2. Ameaça de substituição
Ainda para Porter (1980, p.6), as cinco forças competitivas mostram que a
competição numa indústria vai muito além da competição directa, e todos os seus
intervenientes, os clientes, fornecedores, substitutos e potenciais entrantes, fazem parte
da competição. A concorrência deixa de ter um significado restrito e deve ser entendida
de uma forma mais lata como uma “extended rivalry”. De uma forma geral, “o sucesso
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“The collective strength of these forces determines the ultimate profit potential of
an industry (Porter, 1979, p.2) “.
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É nestes momentos de mudança que os novos entrantes têm uma palavra a dizer
caso sejam céleres a identificar e compreender estas alterações no tecido estrutural e a
capitalizar a evolução na indústria, como demonstra o caso da EDP, que ocupa
actualmente o terceiro lugar mundial de produtor de energia eólica através da EDPR.
Em 1959 Edith Penrose publica “The Theory of the Growth of the Firm”, onde
destaca a importância dos recursos para o crescimento da empresa e marca a génese da
teoria Resource-based View (Wernerfelt, 1984; Barney, 1991 e 2001; Grant, 1991;
Rumelt, 1991; Peteraf, 1993). Neste livro, Penrose discute temas como o crescimento, o
conhecimento, a inovação, os recursos humanos e as oportunidades internas e externas
da empresa que têm como origem os recursos à sua disposição. Para Penrose “A firm is
basically a collection of resources ([1959] 2009, p.68)”, uma colectânea de recursos
unidos por uma estrutura administrativa cujas fronteiras são determinadas pela “area off
administrative coordination” e pela “authoritative communication”36 (Penrose, [1959]
2009, p. 236).
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A obra de Penrose releva a importância dos recursos internos mas não exclui a
importância dos recursos externos à empresa. A teoria de crescimento é desenvolvida
com ênfase no crescimento interno porém, com o crescimento da empresa, a ênfase é
colocada nas condições externas (Penrose, [1959] 2009, p.5). Estes recursos são então
utilizados para alcançar o objectivo da empresa: organizar a utilização dos seus recursos
internos e, em conjunto com outros recursos adquiridos fora da empresa, produzir e
vender bens e serviços com lucro (Penrose, [1959] 2009, p.28).
Wernerfelt (1984, p.172) por sua vez descreve um recurso como “qualquer coisa
que possa ser visto como uma força ou fraqueza da empresa” ou, de uma maneira mais
formal, “os activos (tangíveis ou intangíveis) que estão ligados semipermanentemente à
empresa” e enumera alguns exemplos: marca, conhecimento ou tecnologia internos à
empresa, recursos humanos especializados, contactos profissionais, maquinaria,
procedimentos eficientes, capital, etc. Wernerfelt define ainda a competição de uma
empresa não apenas como os seus actuais concorrentes mas também as possiveis
empresas entrantes, o conceito de “extended rivalry” de Porter, e o facto da vantagem
competitiva ser sustentável não depende de um determinado período de tempo mas sim
da possibilidade de imitação por parte da concorrência.
Barney (1991, pp.101-106) define os recursos de uma empresa como “all assets,
capabilities, organizational processes, firm attributes, information, knowledge, etc.” e
destaca que nem todos os recursos de uma empresa são estrategicamente relevantes,
alguns poderão impedir a empresa de implementar uma estratégia, outros poderão
influenciar a sua implementação ao diminur a sua eficácia e eficiência ou ainda não ter
qualquer tipo de impacto. Para que os recursos de uma empresa tenham o potencial para
lhe atribuir uma vantagem competitiva sustentável têm que possuir quatro atributos: têm
que ser valiosos, isto é, exploram oportunidades e/ou neutralizam ameaças dentro do
ambiente em que a empresa actua, têm que ser raros para os actuais ou potenciais
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concorrentes, têm que ser imperfeitamente imitáveis e não pode existir substitutos
estrategicamente equivalentes.
Crescimento
“This increase in knowledge not only causes the productive opportunity of a firm to
change in ways unrelated to changes in the environment, but also contributes to the
“uniqueness” of the opportunity of each individual firm (Penrose, [1959] 2009, pp.47-
48)“.
Ao planear uma expansão a empresa considera dois tipos de recursos: os que possui
e aqueles que tem de obter do mercado. A disponibilidade de recursos existente dentro
de uma empresa cria oportunidades e os recursos não utilizados são simultaneamente
para a empresa um desafio para inovar, um incentivo para expandir e uma fonte de
vantagem competitiva. Eles facilitam a introdução de novas combinações de recursos
dentro da empresa através da inovação (Penrose, [1959] 2009, pp.75-76).
Segundo Grant (1991, pp. 116-117), num mundo onde as preferências dos
consumidores são voláteis, onde a sua identidade está em mudança e onde as
tecnologias para os servir estão continuamente a evoluir, uma empresa com uma
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orientação externa não providencia uma fundação sólida capaz de desenvolver uma
estratégia no longo prazo. Quando o ambiente externo está em constante fluxo, os
recursos e competências da empresa podem ser uma base muito mais estável para
definir a sua identidade. Já a capacidade da empresa em obter rendimentos acima da
média depende de dois factores: da atractividade da indústria em que está inserida e sua
capacidade de obter uma vantagem competitiva sobre os seus concorrentes.
Barreiras de entrada
Embora para Wernerfelt (1984, p.171) haja uma clara distinção entre produtos e
recursos há simultaneamente uma complementaridade entre eles, “resources and
products are two sides of the same coin”, isto é, a maioria dos produtos necessita dos
serviços de vários recursos. Wernerfelt defende que há recursos que possibilitam a
obtenção de elevados rendimentos e que, analogamente às barreiras de entradas,
constituem o que denomina de barreira de posição de recurso39.
39
Resource position barriers
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“Uma barreira de entrada sem uma barreira de posição de recurso deixa a empresa
vulnerável a entrantes diversificados, enquanto uma barreira de posição de recurso sem
uma barreira de entrada impossibilita a empresa de explorar a barreira (Wernerfelt,
1984, p.173)”.
Para Barney (1991, pp.105-106), a existência das barreiras de entrada significa que
as empresas têm que estar a implementar estratégias diferentes das empresas entrantes,
utilizando para tal recursos heterogéneos e intransmissíveis.
First-mover
Para Wernerfelt (1984, p.173) existem vantagens para uma empresa first-mover
uma vez que o facto de estar implementada num mercado irá afectar os custos e/ou os
rendimentos de posteriores entrantes. Nesta situação, o incumbente beneficia de uma
barreira de posição de recurso.
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“What is key is that the superior resources remain limited in supply. Thus, efficient
firms can sustain this type of competitive advantage only if their resources cannot be
expanded freely or limited by other firms (Peteraf, 1993, p. 181)“.
Rumelt (1984, p.141) utilizou o termo “isolating mechanisms”41 para definir “the
phenomena that make competitive positions stable and defensible”, as ditas forças que
protegem as empresas da imitação e que preservam as rendas podemos assim concluir
que estas forças são análogas às barreiras de entrada de Porter (Porter, 1980). Muitos
destes mecanismos de isolamento surgem como vantagens de first-mover ou, mais
concretamente, do primeiro first-mover com sucesso.
40
Rendas Ricardianas ou Rendas de Monopólio
41
Mecanismos de Isolamento
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“Generic labor is rented in the market; firm-specific skills, knowledge and values
are accumulated through on the job learning and training (Dierickx e Cool, 1989, p.
1505)”.
42
O conhecimento tácito consiste de competências técnicas (know-how) e numa dimensão cognitiva,
dificilmente articulável e transmissível (Nonaka, 1991, p.98)
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Assim, e de acordo com Peteraf (1993), quatro condições devem ser criadas para
que a empresa obtenha, de uma forma sustentável, rendimentos acima da média: a
heterogeneidade de recursos cria rendas Ricardianas ou de monopólio, os limites ex post
à competição impedem que as rendas sejam limitadas pela competição, a mobilidade
imperfeita assegura que recursos valiosos permaneçam dentro da empresa e que as
rendas sejam partilhadas e os limites ex ante à competição asseguram que os custos não
descompensem as rendas.
Segundo Porter e van der Linde (1995a, p. 97), a relação entre as metas ambientais
e a competitividade industrial tem sido vista erradamente como “um tradeoff entre os
benefícios para a sociedade e os custos privados das empresas”. Se considerarmos um
ambiente onde os produtos, processos e tecnologia são estáticos, em que não evoluem e
onde as empresas já tomaram as suas decisões para reduzir os custos, a regulação
ambiental irá inevitavelmente aumentá-los, reduzir a sua competitividade e cota de
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Para Porter e van der Linde (1995b, p. 128), a regulação ambiental é útil porque:
1. Cria uma pressão externa para motivar as empresas a inovar, tirá-las da sua
inércia organizacional e incentivar a criatividade;
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Ainda segundo Porter e van der Linde (1995a), para estimular a inovação a
regulação ambiental deve focar-se nos resultados e não nos processos, o que significa
que nem todas as regulações ambientais incentivam a inovação. Apenas uma regulação
ambiental correctamente delineada pode dar azo a innovation offsets, inovações que,
total ou parcialmente, podem compensar os custos de cumprir com tais regulações. A
partir deste argumento Jaffe e Palmer (1996) dizem que é possível distinguir pelo menos
três variações da HP: uma versão limitada (narrow), uma versão fraca (weak) e uma
versão forte (strong).
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Forte: Defende que existem oportunidades de lucro que a empresa ainda não
descobriu. A regulação vai incentivar a empresa a alargar os seus horizontes e a
descobrir novos produtos ou processos que são rentáveis e cumprem com a
regulação.
Ainda para Porter e van der Linde (1995b, p.122), as innovation offsets são
frequentes pois ao reduzirem os níveis de poluição, as empresas estão a aumentar a
produtividade dos seus processos onde os recursos são utilizados visto que no fundo, a
poluição não passa de um desperdicio económico. Estas inovações para além de
reduzirem o custo de cumprimento também podem criar vantagens competitivas para as
empresas em países que não estão sujeitos a semelhantes regulações. Resumidamente,
as empresas podem beneficiar da existência de regulações mais rigorosas que as que os
seus competidores enfrentam pois ao estimular a inovação, a regulação ambiental pode
promover a competitividade.
“The early movers – the companies that can see the opportunity first and embrace
innovation-based solutions – will reap major competitive benefits (Porter e van der
Linde, 1995b, p.130)”.
Tal como Porter e Van der Linde (1995a), consideramos que num ambiente
industrial dinâmico a regulação ambiental pode significar não só beneficios ambientais
mas também o aumento do lucro através da redução dos custos e do aumento das
receitas da empresa.
O aumento das receitas pode ser feito através da capacidade dos activos da empresa
de funcionarem como um centro de lucro ao gerarem créditos de emissão, a
possibilidade de passarem o custo de oportunidade das licenças de emissão recebidas
gratuitamente ao abrigo do CELE, para o custo da electricidade e o preço premium que
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REGULAÇÃO AMBIENTAL
+
Combust. Emissões Eficiência Geração de Custos Preços
Fósseis GEE processos Créditos “Pass Premium
through”
CUSTOS RECEITAS
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Capitulo 5. Metodologia
Começámos por fazer uma revisão da literatura para analisar o estado da arte no
domínioo da regulação ambiental no sector energético e da competitividade da empresa.
A seguir, para a análise do caso fizemos uma pesquisa de dados secundários através de
artigos, relatórios e publicações sobre a empresa, os concorrentes e o sector.
Recolhemos também dados primários directamente no Grupo EDP através de
entrevistas e para tal, com o objectivo de compreender o negócio na sua totalidade, os
entrevistados pertenciam a diferentes empresas do Grupo EDP: EDP, EDP Brasil, EDPR
e EDPR Brasil.
Assim sendo, foram elaborados vários guiões de entrevista que foram sendo
adaptados à medida que se foi progredindo na compreensão do negócio e foram sendo
identificados os aspectos a aprofundar. Ao longo do trabalho foi importante o facto de a
informação ser tratada por alguém que é um observador participante.
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(600 tCO2/MWh) através do investimento nas “tecnologias limpas”. Este objectivo foi
ultrapassado em 2010, um ano particularmente rico em potencial eólico e com elevada
hidraulicidade.
- 56%
600
485
457
- 70%
387
362
285 274
244
..
.. 120
..
.....
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 .. 2020
..
Fonte: EDP (2012a, p.74)
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27.9
24.6
16.8
13.4 12.7
A Visão da EDPR
“Uma empresa global no setor das energias renováveis, líder na criação de valor,
na inovação e na sustentabilidade (EDP Renováveis, 2012a, p.20)”.
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A Missão da EDPR
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10% 23%
7,483 7,987
6,676
5,575
4,400
2,899
1,180
78/146
Mestrado em Economia e Administração de Empresas
43,375 44,882
41,100 41,593
36,213
18,445
16,800
14,400
10,907
7,807
EDP EDPR
“A grande luta das empresas ao nível da regulação do sector tem sido que
não lhes cortem nos subsidios. O preço de mercado, à medida que há mais
renováveis há menos custos variáveis de combustíveis logo, o preço de
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11 11
8 8
7.5
6 6.7
5.6
4.4
2.9
2.09 1.66
1.39 1.23 0.83
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Com a ajuda da fig. 4-5, que relaciona a regulação ambiental com o aumento do
lucro e os beneficios ambientais, vamos analisar o estudo de caso da EDPR através da
análise da diminuição dos custos e do aumento das receitas.
49.7
42.4
40.2 39.9 40.4
18.9
16.0
10.5
9.1 8.9
EDP EDPR
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No Grupo EDP, a gestão da carteira das licenças de CO2 é essencial para o negócio
core da empresa, a produção de electricidade. Para Pedro Matos (entrevista pessoal),
relativamente ao cálculo do custo do combustível de uma central termoeléctrica, dentro
da EDP “as licenças são assim geridas como o próprio combustivel das centrais
termoeléctricas e o preço do CO2 (PCO2) é incorporado nas decisões de produção” e
para tal utilizam a equação seguinte, desenvolvida no ponto 2.3 Externalidades
ambientais do sector eléctrico.
F
Cp PCO 2 ee p CO&M
PCI
A volatilidade dos preços do petróleo já não tem tanto impacto no Grupo EDP
devido à sua estratégia de diminuição de emissões de CO2e. O objectivo é diminuir em
70% até 2020, face ao ano de referência de 2008, através da aposta em energias
renováveis, nomeadamente a eólica e a hídrica, no investimento em centrais
termoeléctricas mais eficientes e menos poluentes (gás natural) e no
descomissionamento progressivo das centrais a fuelóleo, um derivado do petróleo (EDP,
2012a, p.73).
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
180,000 20,000
166,152 18,247 18,040
160,000 18,000
Carvão (TJ) Gás natural (TJ) Fuelóleo (TJ) CO2 evitado pela utilização de energias renováveis (kton)
43
Anexo 5 - EDP: Instalações eléctricas na Península Ibérica
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20.00
19.78 20.00
18.44 18.19 18.36 18.54
15.00 16.88
14.70
10.00
5.00
0.00
2008 2009 2010 2011
Emissões Atribuídas Emissões Reais
O ano de 2009 foi menos seco que o anterior, apresentou um IPH superior a 2008,
permitindo uma maior contribuição da energia hídrica, contudo, foi novamente
necessário recorrer demasiado às centrais termoeléctricas para satisfazer as necessidades
dos sistemas eléctricos. A EDP excedeu aproximadamente 9,9% dos créditos que lhe
foram atribuídos gratuitamente.
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
14.4
10.9
7.8
3.8
86/146
Mestrado em Economia e Administração de Empresas
Figura 6.1.1-4 Emissões de CO2e evitadas pela utilização de energias renováveis [kt]
18,247 18,040
13,844
10,127 10,285
Para João Manso Neto, CEO da EDPR, “This (load factor higher than the
competition’s) happens because of the way we chose and build, and design the project is
done by very professional people who are are able to find better places, which are able
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
to find better designs and are able to find the better supportive turbines.” (EDPR, 2012,
p. 1)
Uma outra plataforma desenvolvida pela EDPR, o OPMS46, utiliza uma base de
dados onde são armazenados diariamente mais de 2 milhões de dados recolhidos dos
aerogeradores, subestações e torres meteorológicas para, numa perspectiva de análise
histórica, analisar o desempenho operacional e permitir uma melhoria contínua. O
OPMS é o núcleo do sistema de gestão do desempenho operacional (EDPR, 2013c).
Também desde Abril de 2008 que está a ser aplicado à EDPR, nos departamentos
de Construção, O&M, Despacho e Análise Energética, a metodologia LEAN (EDP
Renováveis, 2010, p.65). O LEAN, que teve como origem o Toyota Production System,
é um sistema de organização e gestão desenvolvido nos anos 50 e 60 por Taiichi Ohno e
44
Grupo canadiano de serviçoes de TI.
45
WEMS - Wind Energy Management System
46
OPMS - Operational Performance and Management System
88/146
Mestrado em Economia e Administração de Empresas
O programa LEAN entrou no Grupo EDP em 2004 e, devido aos bons resultados
apresentados (2,5 milhões de euros), decidiram alargar este programa às várias Unidade
de Negócio (UN) do Grupo. Em 2007 foi realizado um programa piloto com os parques
eólicos de Fonte da Quelha e Arlanzón (Portugal e Espanha, respectivamente) e, devido
ao exito deste teste piloto, o programa foi estendido aos demais parques.
89/146
Mestrado em Economia e Administração de Empresas
47
RODC-PR: Remote Operation and Dispatch Center - Porto
48
RODC-BU: Remote Operation and Dispatch Center - Bucareste
49
Manutenções periódicas para prevenir possíveis avarias (EDPR, 2011b, p.3)
90/146
Mestrado em Economia e Administração de Empresas
801
713
543
438
214
“Como é óbvio nós somos uma empresa e foi a regulação, foi o uso das
tarifas, foi a bonificação e a oportunidade do negócio que foi determinante
na entrada do Grupo EDP nas renováveis. A empresa não iria fazer
investimentos que não fossem viáveis no médio prazo. Onde se nota de facto
visão é mais na perspectiva que apesar da crise nós podemos investir numa
estratégia de menor investimento para gerirmos do ponto de vista financeiro
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
a empresa mas não significa que tenhamos feito inflexão nas estratégias de
base. A empresa estará preparada quando o mercado fizer uma mudança,
quando desaparecerem os certificados verdes, as tarifas bonificadas, etc. e
estará suficientemente sólida para continuar no negócio”.
98.0
87.2 88.0 94.2
84.2
47.1
33.2 34.7 34.2 32.8
26.7 22.2 21.9 24.2 23.9
21.1 21.7 23
17.7 19.2
235%
1069
948
724
581
319
92/146
Mestrado em Economia e Administração de Empresas
30%
141 143
132 129
110
Tal como os custos, as receitas da EDPR podem ser analisadas numa perspectiva
ambiental, isto é, receitas directamente relacionadas com a regulação ambiental tais
como a capacidade de geração de créditos, os custos “Pass through” da electricidade e o
preço premium também ele associado à venda de energia com origem renovável.
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
em tornar os seus processos mais eficientes, quer a nivel operativo como energético, de
receber licenças de emissão de CO2 gratuitas por actuar no CELE, a sua capacidade em
produzir créditos de emissão de CO2 através de projetos MDL e a experiência
acumulada por actuar nestes mercados, traz-lhe vantagens competitivas.
Para além dos dois parques eólicos atrás mencionados, em 5 de abril de 2012 foi
inaugurado o parque eólico de Tramandaí (70 MW) contudo, tanto Tramandaí como
Água Doce pertencem à PROINFA50, um programa brasileiro de incentivo às energias
renováveis instituído pela Lei nº 10.438/2002 e que ajudou a desenvolver até final de
2011, 119 projectos renováveis: 41 parques eólicos, 59 pequenas centrais hidroelétricas
(PCHs) e 19 centrais a biomassa (Electrobrás, 2012). Devido às condições do
PROINFA, estes dois parques eólicos não emitem créditos de carbono e toda a energia
produzida é comprada pela Electrobrás, uma utility brasileira, através de um contrato de
venda de energia de vinte anos a um preço prémio.
Já o parque eólico Horizonte emite CERs mas, devido à sua pequena dimensão,
estes créditos não são transferidos para a carteira de licenças de CO2 da EDP gerida pela
UNGE. A energia produzida é medida, validada e certificada por uma empresa externa,
os créditos correspondentes são vendidos em mercado e o resultado reverte para a
EDPR como um valor prémio. Neste momento está em fase de discussão o que fazer
com os futuros parques eólicos (pipeline), uma hipotese é a venda dos certificados em
mercado ou a venda directa ao grupo de investimento Deutsche Bank (Archimedes
Pereira da Silva Júnior, entrevista pessoal).
50
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
“Future CO2 and environmental trends affect most financial and business decisions
(Carbon Disclosure Project, 2010, p.8)”.
51 “A UNGE é responsável pela negociação da compra de combustíveis e do seu transporte. Compete-lhe realizar negócios a prazo e à vista de compra e venda de
electricidade em mercado, nomeadamente de produtos derivados de energia e de operações de câmbio. Estão também sob a sua gestão as operações relacionadas
com “licenças de emissão de CO2” e “certificados verdes” do Grupo EDP (EDP, 2011, pp.122-123)”
.
52
CAE – Conselho de Administração Executivo
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
As licenças de emissão de CO2e detidas pelo Grupo EDP adquiridas através dos
projetos MDL, são utilizadas para fazer face às emissões que resultam da sua actividade
operacional. Estas licenças são reconhecidas como um activo incorpóreo, e são
valorizadas com base na cotação do mercado Bluenext na data de referência da sua
atribuição (EDP, 2012, p.188).
Figura 6.2.1-1 Histórico dos preços de CO2e [€/t] para o período 2008-2012
30
25
20
15
10
Fonte: SENDECO2
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Grupo EDP
Carteira de Licenças [toneladas]
Dez-08 Dez-09 Dez-10 Dez-11
Licenças de CO2 a 1 de Janeiro 0 1 373 457 415 685 240 239
Licenças atribuidas a título gratuito no
exercicio 15 335 505 15 713 069 15 877 527 17 970 369
Licenças adquiridas 5 352 160 6 390 760 6 740 686 11 638 492
Licenças transferidas (de consumo
próprio para negociação) -2 446 000 -3 105 000 -8 094 155 -3 087 262
Licenças a devolver por consumos
ocorridos no exercicio 16 868 208 19 956 601 14 699 504 16 862 610
Excesso / Insuficiência de licenças 1 373 457 415 685 240 239 9 899 228
Fonte: EDP (2009-2012)
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
“Ficarão assim (as empresas que transitam licenças para 2013) numa situação
comparativamente melhor que nas estimativas de 2008 ao enfrentar a concorrência
internacional (Comissão Europeia, 2010)”.
De acordo com Pedro Matos (Emissions trader and Carbon Compliance Strategist,
UNGE, entrevista pessoal, 13 setembro 2012), a compra destas licenças não está
relacionada com o hedging das emissões de CO2 das centrais mas que poderá ser uma
decisão estratégica.
Tabela 6.2.1-3 Grupo EDP: Carteira de Licenças de Emissão de CO2 para Negociação
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
Uma vez que a EDP actua no mercado liberalizado português e espanhol, justifica-
se analizar estes.
53
“Windfall profits are a special advantage earned by the first adopters of a new idea in a social system
(Rogers, 1983, p. 381)”.
99/146
Mestrado em Economia e Administração de Empresas
O mercado eléctrico em Espanha está regulamentado pela “Ley 54/1997 del Sector
Eléctrico” e compreende dois sistemas de venda de energia, o sistema regulado e, desde
1 de Janeiro de 2003, o sistema liberalizado. Os produtores em regime especial,
nomeadamente as energias renováveis, e de acordo com o Real Decreto-Lei 661/2007
de 25 de Maio, podem escolher vender a energia a um preço fixo, que é geralmente mais
elevado que os preços no mercado, ou actuar no mercado grossista de geração, também
conhecido como a “Pool espanhola”. Os comercializadores em regime ordinário
vendem a energia na pool, em sessões diárias e intradiárias, a preço de mercado ou
através de contratos bilaterais, cujo preço é acordado com os consumidores ou
comercializadores (EDP, 2012a).
Em abril de 2012 o mercado liberalizado (ML) era constituído por 507 344 clientes,
a quase totalidade dos grandes consumidores (96%), e representava 53,6% do consumo
total de electricidade no país (ERSE, 2012c, p. 3).
Quanto aos operadores de mercado, existem sete porém, apenas três deles, a EDP, a
Iberdrola e a Endesa, representam 98% dos clientes. A EDP é o principal operador no
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60%
55.7%
50%
40%
30%
20%
10%
2.7%
0%
Jun/11
Jun/09
Aug/09
Oct/09
Jun/10
Aug/10
Oct/10
Aug/11
Oct/11
Jun/12
Feb/09
Feb/10
Feb/11
Feb/12
Dec/09
Dec/08
Dec/10
Dec/11
Apr/09
Apr/10
Apr/11
Nota: A redução no peso relativo do ML no consumo global deve-se ao facto de que a partir de Apr/12
janeiro de 2010 passou a utilizar-se um algoritmo de determinação de consumos distinto do que se
utilizava até à data (ERSE, 2010, p. 3).
A tabela seguinte estima os windfall profits das utilities para o primeiro período de
cumprimento do PQ, 2008-2012.
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No caso da América do Norte, a EDPR apostou nos estados que têm em vigor
programas Renewable Portfolio Standards (RPS), os quais atribuem certificados REC
(Renewable Energy Credits) que representam um incentivo às energias renováveis e que
estão associados a CAE, garantindo assim a previsibilidade das receitas.
54
ROPI – Remote Operations and Performance Infrastruture
55
TSO – Transmisssion System Operator
56
DSO – Distribution System Operator
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pertencentes à EDPR, também recebe CERs que podem ser utilizados para compensar
as emissões das centrais termoeléctricas emissoras de GEE ou vendidos em mercado.
Rotação de activos
Para João Manso Neto, CEO da EDPR, “We are very strong in operation, but we
are not the company with the lowest cost of capital in the world. We must be able to
monetize the assets – the objective is to sell minority participation and with this cash we
are able to fund ourselves in the future. This is what we call the rotation. So, having
progress in terms of operation coupled with a financial policy which is getting more and
more based in our strength is very important (EDPR, 2012b, p. 6).”
57
CTG (Portugal), Borealis e Fiera Axium (EUA)
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Embora a actuar num clima económico volátil e incerto, a EDPR consegue reduzir o seu
perfil de risco através de um portfólio de activos diversificado, com 90% dos seus
activos presentes em mercados regulados (10% em mercado spot) ou com contratos de
aquisição de energia (CAE) ou Power Purchasing Agreements (PPA) de longo prazo e
através de contratos de cobertura para reduzir a exposição à variação dos preços da
energia (EDP Renováveis, 2012, p.25). Este perfil de risco tem como consequência um
reduzido poder de negociação dos cliente.
69
62
53
50
38 37
27
23
8 11 12 10
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Em que:
Fonte: Própria
A EDPR recebe a venda da energia que produz sempre ao mesmo preço (p.e.
80€/MW). Se p.e., a PN enviada pela AXPO para as 10h00 prever uma produção de
58
Mercado com valores limite inferior e superior.
59
AXPO Energy Romania
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10MW e a EDPR produzir 8MW, a EDPR recebe 8MW.€80 e a AXPO recebe p.e.
8MW.€100 mas tem de pagar a diferença da produção (10MW-8MW=2MW) a um
preço superior, p.e., 2MWx€110.
6.4 Inovação
Para Meneses (2013), embora a EDP esteja inserida no sector das empresas
energéticas, que por vezes é visto como um sector conservador, a empresa demonstra o
seu caráter inovador60 através dos resultados: é líder mundial das utilities nos Índices
Dow Jones de Sustentabilidade ou Dow Jones Sustainability Index (DJSI), é líder na
área das energias renováveis e pioneira no desenvolvimento de tecnologia para eólico
offshore em águas profundas. A EDP integra o Dow Jones Sustentabilidade World Index
(DJSI World) e o European Dow Jones Sustentabilidade Europe Index (DJSI Europe)
60
A EDP Inovação é a empresa do Grupo EDP responsável por promover a inovação criadora de
valor dentro do Grupo. A EDP Inovação desenvolve a sua atividade alinhada com as prioridades de
inovação da EDP e em estreita articulação com as diferentes Unidades de Negócio do Grupo.
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pelo sexto ano consecutivo, foi três vezes líder do sector eléctrico e atingiu em 2013 o
número um no sector das utilities61 (EDP, 2013c).
65,485
36,527
31,035 31,715
23,690
13,306
61
Electricidade, água e gás.
62
Resultados de uma empresa medidos em termos de rentabilidade económica, social e ambiental
(Elkington, 1994).
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“Inovação não é só tecnologia. É também, cada vez mais, uma questão de atitude.
De procurar no dia-a-dia uma melhoría contínua. De reflectir sobre as práticas que se
têm feito desde sempre (Dr. João Manso Neto, CEO EDPR, Encontros EDP, 2012).”
Windfloat
63
Permite prever quando uma falha pode ocorrer e programar uma manutenção antecipadamente (EDPR,
2011b, p.4)
110/146
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64
Profundidade da água excede os cinquenta metros de profundidade (EDP, 2011b).
65
Instalação completa a 22 de outubro de 2011 (Maciel, 2012)
66
Custo do projecto de demonstração, que inclui toda a concepção, engenharia, materiais e equipamentos,
construção, assemblagem e instalação (Vidigal, 2013).
67
Repsol, a Principle Power, a A. Silva Matos (ASM), a Vestas Wind Systems A/S, a InovCapita e o
Fundo de Apoio à Inovação (FAI). Empresas como a ASM e MPG, a Marine Innovation & Technology, a
Houston Offshore Engineering, a Bourbon Offshore, a Smith Berger Marine e a Vryhof e Solidal foram
subcontratadas para o projeto (EDP, 2011b).
68
Ao largo da Póvoa do Varzim (Aguçadoura), a 14 quilómetros da costa portuguesa (Prado, 2012).
69
Docas secas da Lisnave, perto de Setúbal (Ferreira, 2013).
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
Segundo António Mexia (EDP, 2011b), presidente da EDP, "A EDP elegeu a
energia eólica offshore como uma das suas cinco prioridades de inovação e o
WindFloat é uma das tecnologias mais promissoras nesta área. Quando forem
conhecidos os resultados desta fase de demonstração crucial, a EDP estará mais bem
posicionada para superar os desafios da energia eólica offshore em todo o mundo”.
Para João Manso Neto, CEO da EDPR, “In terms of optimization (the operacional
control – RODC) gives us security that a problem would not create problems. (...) they
are very important to control and to be able to act quickly when there is a problem. And
a problem is not an incident, a problem is something that is not performing according to
the standards, which enables the continuous improvement, and this technology (WEMS)
also helps us to increase and to add quality and to introduce improvements in the
technology we have (EDPR, 2012, p. 2).”
70
Quociente entre a produção anual e a energia que o aerogerador produziria se trabalhasse sempre à
potência nominal durante as 8 766 horas de um ano.
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
Para Frederico Moreira (entrevista pessoal) ,“A grande vantagem do WEMS é a sua
eficiência de operação pois consegue agregar todas as tecnologias de aerogeradores
disponíveis na EDPR numa única plataforma “.
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6.5 Concorrência
“A nível mundial, acho que numa visão de médio longo prazo os pesos
pesados do Dow Jones são claramente aqueles que mais capacidade têm
(para fazer concorrência à EDP), nomeadamente os alemães, através da
E.On e da EWE, são concorrentes a ter em consideração. Também os
espanhóis da Endesa e especialmente da Iberdrola, que é indiscutivelmente
uma empresa que tem visão e estratégias e sabe muito bem gerir o risco
ambiental e compatibilizá-lo com o negócio”.
Figura 6.2.3-3 Produção (GWh) EDPR, Iberdrola Renováveis e NextEra Energy Resources
31,784
28,721
25,405 25,796
24,613
21,490
18,445
16,998 16,800
15,800 15,758
14,400
10,907
7,807
Sem dados
Fonte: Própria
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Iberdrola
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A NextEra Energy (NEE) é uma das maiores utilities da América do Norte, está
presente em 26 estados norte americanos e, em pequena escala, no Canadá. É
71
A Iberdrola possui 5 580 MW de projectos eólicos offshore em desenvolvimento, especialmente no
Reino Unido e Alemanha (Iberdola, 2013, p. 14).
116/146
Mestrado em Economia e Administração de Empresas
10057
8298 8569
7544
7016 7071
6375
5828
5,252 5,239
4740
3537 3533
2,786 2,826
21566 21455
20748 20696
19148
0 25 35 35 35
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
A FPL opera 73 centrais que utilizam combustíveis fósseis como o gás natural, o
petróleo e o carvão para a produção de electricidade (NextEra Energy, 2013, p. 8). A
empresa também possui e opera 5 centrais nucleares que representam 6% da capacidade
instalada dos E.U.A. (NextEra Energy, 2013, p. 4).
A NEER, a subsidiária da NEE para as energias renováveis, é o 2º maior produtor
mundial de energia renovável (eólica72 e solar73) e o maior produtor de energia éolica na
América do Norte.
Figura 6.2.3-6 NEER Vs. FPL
10057
8298 8569
7544
6375
FPL NEER
72
Possui e opera 17% de toda a potência eólica instalada nos EUA (NextEra Energy, 2013, p. 4).
73
Possui e opera 14% de toda a potência solar instalada nos EUA (NextEra Energy, 2013, p. 4).
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74
Connecticut, Delaware, Maine, Maryland, Massachusetts, New Hampshire, New York, Rhode Island,
and Vermont
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Como os E.U.A. não têm um programa nacional para reduzir as emissões de GEE a
partir de fontes estacionárias, a NextEra não tem o risco de implicações financeiras a
este nível.
Relativamente ao CELE, como a NextEra não actua na Europa, não tem qualquer
interacção com este mercado. Contudo há a possibilidade de construir parques solares
em Espanha (99.8MW), projectos esses que podem estar em perigo devido à
instabilidade das políticas regulatórias no país e que podem inviabilizar estes
investimentos (NextEra Energy, 2013, p. 18).
Conclusões
Figura 6.2.3-7 Custos de produção (€/MWh) - EDPR, Iberdrola Renováveis e NextEra Energy Resources
76.0
67.7
49.6 49.9
25.2
22.8 22.4 20.6
18.1
16.0 18.9
10.5 9.1 8.9
Fonte: Própria
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uma vez verifica-se que a EDPR tem bons resultados quando comparada com os dois
maiores produtores mundiais de energia eólica e os seus principais concorrentes. Para o
Director da Direcção Mercados de Energia da EDP:
“A EDPR irá ter um papel cada vez mais importante a nível de criação de
receitas nomeadamente ao nível do EBITDA. O peso da EDP irá ter um peso
crescente não só ao nível dos resultados operacionais como também ao nível
dos resultados líquidos.”
Figura 6.2.3-8 EBITDA (M€) da EDPR, Iberdrola Renováveis e NextEra Energy Resources
1,456 1,620
1,456
1,295 1,313
1,269
1,295 1,350
1,158
938
871
713 801
543
438
Fonte: Própria
Figura 6.2.3-9 EBITDA/MWh (M€) da EDPR, Iberdrola Renováveis e NextEra Energy Resources
82.0 85.7
68.1
61.1 57.3
51.6 51.0
50.7
50.9
56.1 49.8
49.5 47.7
33.8
Fonte: Própria
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Regulação Ambiental
correctamente
delineada
Estímulo à
inovação
Aumento da
competitividade
Beneficio
Aumento da
Ambiental e
Económico Competitividade
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Capitulo 7. Conclusões
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energias renováveis. Hoje seriamos uma empresa que produziria muito CO2
mas muitas das coisas que nós (EDP) temos feito em termos de ambiente e de
estrutura de sustentabilidade, se houvesse um maior entrosamento a nível das
duas empresas ambas beneficiariam claramente e julgo que com o tempo nós
vamos acabar por aumentar essa simbiose.”
A regulação ambiental deve ser vista não como um problema mas como uma
oportunidade para melhorar a competitividade.
Umas das principais limitações deste estudo prende-se com o facto de não ter sido
possível avaliar exactamente os custos operacionais afectos exclusivamente às
renováveis, uma vez que as emrpesas concorrentes incluem no seu mix energético
fontes de energia convencionais.
O estudo poderia ser enriquecido com uma análise mais aprofundada a outras
unidades de negócio da EDP, com o objectivo de avaliar se o grau de impacto da
regulação ambiental é o mesmo nas diferentes unidades e negócio.
Para investigação futura seria interessante replicar o estudo em empresas de outros
países onde não exista regulação para melhor avaliar o impacto desta na
competitividade das empresas do sector.
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Mestrado em Economia e Administração de Empresas
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Objectivo
Questões
Brasil?
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Objectivo
Questões
2. Considera que traz vantagens à gestão dos parques eólicos da EDPR? Se sim,
quais?
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Objectivo
Questões
1. Desde que é produzida no parque eólico, que fases existem até que a energia é
Questões
suas vantagens?
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Objectivo
Questões
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seus concorrentes?
todo?
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O Potencial de Aquecimento Global (GWP) é o impacto que os GEE têm sobre o aquecimento global.
Por definição, o CO2 é utilizado como referencial, tendo um GWP de 1.
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Anexo 5 – Instalações eléctricas da EDP na Península Ibérica
2008 2009 2010 2011
Instalação
Atribuídas Reais Atribuídas Reais Atribuídas Reais Atribuídas Reais
TOTAL EDP
18 441,01 19 783,58 18.186,50 20.000,70 18.358,73 14.698,80 18.537,00 16.882,40
Anexo 6 – Projectos MDL da EDP