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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI - UFCA

CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA - CCT


ENGENHARIA CIVIL
MECÂNICA DOS SOLOS II

ANA LÍDIA ALENCAR VASCONCELOS


CAMILA LIMA DE SOUZA
EMILY LOBO ALMEIDA

RELATÓRIO – ESTUDO DE ESTABILIDADE DE TALUDES

Juazeiro do Norte – CE
2018
RELATÓRIO – ESTUDO DE ESTABILIDADE DE TALUDES

Trabalho apresentado à UNIVERSIDADE


FEDERAL DO CARIRI como requisito parcial para
obtenção da nota parcial referente ao ESTUDO DE
ESTABILIZAÇÃO DOS TALUDES solicitado para
a disciplina de MECÂNICA DOS SOLOS II no curso
de ENGENHARIA CIVIL.

Professor: João Barbosa

JUAZEIRO DO NORTE – CE
2018
INTRODUÇÃO

De acordo com a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE),


quando as tensões cisalhantes ultrapassam a resistência ao cisalhamento dos materiais,
ocorrem os movimentos de massa, isto é, o escorregamento de taludes que são
condicionados pela execução de cortes nos maciços, além da má execução dos aterros.

A falta de estabilidade do talude, principalmente nas áreas urbanas, cujas encostas


comumente têm ocupação inadequada e irregulares tem levado a várias fatalidades,
sendo de responsabilidade do engenheiro geotécnico ou civil o estudo da estabilidade do
talude nas construções e a sua respectiva análise para estabelecer o fator de segurança
contra o deslizamento dessas massas.

A instabilidade do talude se dá por processos que podem ser tanto superficiais


(erosão, escorregamento raso) quanto podem envolver movimentos mais intensos de
massa (queda de bloco, corrida de lama). Os condicionantes da instabilidade são a
geologia (litologia, composição e estrutura), a morfologia (declividade e comprimento de
rampa) e a hidrogeologia (águas superficiais e subterrâneas) da encosta. As causas da
instabilização podem ser externas (modificações da geometria da encosta, retirada de
proteção superficial vegetal ou de solo mais resistente, condições climáticas e solicitações
sísmicas) e internas (diminuição da resistência do terreno, variação do nível d'água,
erosão interna e liquefação espontânea).

Na hipótese de não se obter o coeficiente de segurança requerido, deve-se buscar


ações para a estabilização do talude.
2. OBJETIVOS

Analisar a estabilidade de um talude, determinando o fator de segurança em duas


situações distintas necessário para a construção de uma rodovia.

3. PLANO DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

 Localização da Área: há a necessidade de saber precisamente o local


aonde ocorreu o evento da instabilidade do talude por meio de cartas geológicas e
topográficas, fotografias aéreas
 Geologia da Área: há a necessidade de saber a qual grupo pertence a
geologia da área em estudo, dessa forma poder-se-á determinar a formação
geológica da região e, por conseguinte, os tipos de rochas que constituem o solo.
 Estudo Topográfico da Área: necessidade de descrição exata e
detalhada do local, determinando as dimensões, elementos existentes, variações
altimétricas.
 Identificar a extensão e a profundidade das camadas de solos moles
nos depósitos
 Identificar o nível do lençol freático ao longo depósito. A investigação
pode ser acompanhada pela obtenção de amostras por meio do Shelby.
 Caracterizar e classificar o depósito de solos moles (umidade, limites
de consistência, granulometria, peso específico)
 Sondagem SPT: definição dos perfis geotécnicos do local, podendo ser
determinado os teores de umidade do solo, bem como os índices físicos das
amostras deformada retirada.
 Ensaio de Resistência ao Cisalhamento: ensaio em laboratório por
meio da retirada de amostra indeformada se torna importante quando a condição de
aplicação de sobrecarga e pressões neutras desenvolvidas durante o processo
passam a atuar significativamente. Busca-se, portanto, ensaios que possam impor
condições específicas de campo. Dessa forma, podemos determinas os parâmetros
de resistência (coesão e ângulo de atrito).
 A utilização de ensaios de laboratório juntamente com os ensaios de
campo para a determinação dos parâmetros permite obter informações de diversas
técnicas de ensaios que possibilitam a comparação de resultados e obtenção de
informações complementares que aumentam a confiabilidade dos parâmetros do
projeto.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para analisar a estabilidade do talude em estudo (Seção 01), é necessário encontrar


o fator de segurança e para que fosse possível realizar uma comparação determinamos o
FS pelo programa GeoSlope como também através do cálculo manual pelo método de
Bishop. No GeoSlope só é necessário fazer o desenho referente a seção, inserir os dados
dos solos, a determinação da linha piezométrica e assim encontramos o fator de segurança
crítico, como também as coordenadas do centro e o raio que nos fornece a superfície de
pesquisa crítica. Para o cálculo manual, é necessário dividir em fatias essa superfície crítica
em fatias e para cada fatia são aplicados cálculos que estão discriminados nas tabelas em
anexo desse relatório, o número de fatias foi determinado de acordo com a extensão da
mesma. Como o método de Bishop é um processo iterativo, precisamos de um FS inicial e
para determinamos esse escolhemos aplicar o método de Fellenius na mesma superfície e
o resultado é utilizado para iniciar o método de Bishop. As fórmulas utilizadas foram:

(Fator de Segurança – Método de Fellenius)

(Fator de Segurança – Método de


Bishop)

Para a seção em estudo temos duas situações com mudança da altura do nível
d’água. Logo temos o estudo para cada situação abaixo:
1ª Situação: Considerando os dados referentes aos Solos 1 e 2, β = 45º e o nível
d’água 1, para isso temos os seguintes resultados de acordo com o GeoSlope:

Como é possível observar nos resultados mostrados, o FS encontrado é de 0,265.


Com as coordenadas do centro e com o raio foi possível dividir a superfície em 7 fatias
como mostrado no Anexo 05, com essa divisão aplicamos Fellenius e em seguida Bishop
nas tabelas 01 e 02 dos anexos. Para a situação em questão foi observado uma diminuição,
como mostrado:

FS(Fellenius) 0,179598
FS2 (Bishop) 0,197077
FS3 (Bishop) 0,21047
FS4 (Bishop) 0,220272
FS5 (Bishop) 0,227211

Com quatro iterações encontramos o resultado final de FS = 0,227211, com um erro de


0,006938 de uma para outra o que é aceitável. É possível observar que temos uma
aproximação entre o valor calculado e o encontrado no GeoSlope.
2ª Situação: Considerando os mesmos dados dos Solos e o mesmo ângulo,
alterando apenas o nível d’água para o 2, obtemos os seguintes resultados de acordo com
o GeoSlope.
O fator de Segurança do centro crítico para o segundo caso foi de 1,006. Com as
coordenadas de centro, como também o raio do centro do ponto crítico dividimos em 7
fatias, como mostrado no Anexo 06. A partir disso aplicamos o método de Fellenius e o de
Bishop, mostrado nas tabela 03 e 04 dos anexos. Para essa situação diferentemente da
primeira foi observado uma majoração do fator.

FS (Fellenius) 0,97166
FS1 (Bishop) 1,00207
FS2 (Bishop) 1,01186
FS3 (Bishop) 1,014932

Com três iterações encontramos o FS = 1,014932 com erro de 0,00307 na última.


Logo, em comparação observamos a aproximação com o FS calculado pelo GeoSlope.

Como é possível perceber em nenhum dos dois casos o fator de segurança se


aproximou do FS = 1,5, que é o mínimo adotado para a estabilidade do talude. Para
aumentar o fator de segurança foi necessário considerar algumas hipóteses como o
retaludamento que é feito alterando a inclinação do mesmo, como também o rebaixamento
do nível d’água. Realizando alguns testes encontramos que para a inclinação β = 25º e
mantendo o nível d’água referente a segunda situação temos um FS = 1,677 (> 1,5) como
mostrado abaixo:
Também foram realizados testes para encontrar até onde o nível d’água poderia
chegar sem prejudicar a estabilidade do talude, ou seja, não apresentando um fator de
segurando inferior a 1,5. E encontramos o seguinte resultado:

Até essa altura de 82,5m o FS está em uma margem de erro aceitável chegando a
um valor de 1,482, logo podemos considerar esse o nível d’água máximo.
5. CONCLUSÕES

Durante a elaboração deste relatório algumas questões foram levantadas, como


por exemplo, o fato do fator de atrito ter sido menor que o desejado. Isso acarretará danos
e possível rompimento da estrutura. Podemos observar, no primeiro caso no qual o nível
da água está na superfície, um baixo fator de atrito de 0,245 sendo necessário assim, de
soluções para que esse fator de atrito fosse majorado e atendesse à condição ideal.
Sabe-se que, com o rebaixamento do nível da água há o aumento do fator de atrito e para
isso foi observado o segundo caso em que o nível dá agua foi rebaixado. Porém, mesmo
diante disso o fator de atrito não atingiu o valor ideal.

Com a finalidade de aumentar o fator de atrito para o ideal e consequentemente


manter a estabilidade do talude, podemos dispor de algumas técnicas para atingir esse
objetivo. Na diversidade de formas geométricas em que se apresentam, os maciços
podem ou não, por si só, manter as suas conformações originais. Em caso negativo, será
necessário estabilizá-lo. Para isso, optamos pela técnica do retaludamento, que consiste
em um processo de corte que tem a finalidade de suavizar a angulação da superfície.

Desta forma, através de testes com a utilização do software, a inclinação


necessária para majorar o fator de atrito foi de 25 graus e assim, a condição ideal foi
atingida e o valor do fator de atrito foi de 1.67. Foi determinado, também, o máximo nível
de água adequado para a estrutura em questão, e até esse nível a estabilidade do talude
não é afetada. Todavia, em épocas chuvosas é natural que esse nível aumente causando
instabilidades e para isso, outras soluções poderiam também ser feitas como o uso de
bermas, que além de alterar a forma geométrica permite fazer a drenagem superficial do
maciço. Estas obras de drenagem são de suma importância para a estabilidade do talude,
visto que através disso, há uma maior segurança para que o nível da água não atinja a
superfície e assim, diminuiria os riscos de colapso da estrutura.

6. REFERÊNCIAS

http://www1.dnit.gov.br/anexo/outros/outros_edital0038_15-21_0.pdf
http://www.valec.gov.br/documentos/normativos_tecnicos/especificacoes_de_projeto/Estu
dos%20geotecnol%C3%B3gicos%20-%2080-EG-000A-29-0000%20Rev7.pdf

http://www.abge.com.br/glossario/?name_directory_startswith=E

http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/togot_Unid04EstabilidadeTaludes01.pdf

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