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BIZU DO PONTO – DIREITO CIVIL: ANALISTA DO TJDFT

PROFESSOR: LAURO ESCOBAR

Meus amigos e alunos

Quando vamos prestar algum concurso, a primeira coisa a fazer é uma


análise do edital. Este é o nosso mundo! Vejamos.

A) Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei


nº 4.657/42, com suas alterações). Trata-se de uma lei pequena, com apenas
19 artigos. Neste item aconselho o aluno a se preocupar mais com os seis
primeiros artigos, que são os mais usados na prática, bem como têm maior
incidência nos concursos públicos. Não que os outros artigos não possam cair.
Mas é que em termos de estatísticas e importância prática, eles se destacam.
Com certeza pelo menos uma questão referente a este tema deve cair na
prova.
A LINDB é um conjunto de normas sobre normas; é considerada como
um “Código de Normas”, ultrapassando o âmbito do Direito Civil, atingindo
tanto matéria de ordem privada, quanto pública. Ela trata dos seguintes
temas: vigência e eficácia das normas jurídicas públicas e privadas; apresenta
soluções aos conflitos de normas no tempo e no espaço; fornece critérios de
interpretação (hermenêutica); estabelece mecanismos de integração das
normas quando houver lacunas e contém também normas de Direito
Internacional.
Em relação ao tema vigência das leis devemos nos preocupar com os
seus princípios: obrigatoriedade (art. 3o, LINDB) e continuidade das leis (art.
2o, LINDB). Quando uma lei começa a vigorar? A regra geral (teórica) é de 45
dias após a publicação (art. 1o, caput, LINDB). Chamamos este período de
vacatio legis. No entanto, na prática, a lei entra em vigor na data em que ela
mesmo determinar. Já nos estados estrangeiros o prazo é de três meses após
a publicação. Se houver alguma alteração da lei durante o prazo de vacatio, o
prazo recomeça a contar da republicação (art. 1o, §3o da LINDB). Se alteração
se deu após o prazo de vacatio, trata–se de lei nova (art. 1o, §4o da LINDB). A
contagem é feita incluindo-se o dia do começo e também o último dia do
prazo, entrando a lei em vigor no dia subsequente à sua consumação integral
(art. 8o, §1o, LC n° 95/98, alterado pela LC n° 107/01).
Outros dois temas que costumam cair muito: a) Repristinação: uma lei
revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo
disposição em contrário (art. 2o, §3o, LINDB); b) Lei Especial que estabeleça
disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica lei anterior (art. 2o, §2o, LINDB). Princípio da Conciliação.
Interpretar a lei é descobrir o sentido da norma jurídica, fixando o seu
alcance → hermenêutica. Principais formas de interpretação: 1) Quanto
às fontes: a) autêntica; b) doutrinária; c) Jurisprudencial. 2) Quanto aos
resultados: a) declarativa; b) extensiva; c) restritiva. 3) Quanto ao método ou
meio utilizado: a) gramatical; b) lógica; c) sistemática; d) ontológica; e)
histórica; f) sociológica ou teleológica (adotada pelo art. 5°, LINDB): “Na
aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum”.

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Ás vezes, o legislador não consegue prever todas as situações que uma
norma pode criar. E um Juiz não pode deixar de julgar um caso alegando
lacuna da lei. Por isso o art. 4o, LINDB prevê, que quando a lei for omissa, o
juiz decidirá o caso (formas de integração da norma jurídica) de acordo
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Na analogia
aplica-se em hipótese não prevista, dispositivo relativo a outro caso distinto,
porém semelhante. O costume é a reiteração constante de uma conduta
(elemento objetivo), na convicção de ser a mesma obrigatória (elemento
subjetivo). Espécies: a) segundo a lei → a própria lei determina a sua aplicação
(admissível); b) na falta da lei → quando a lei deixa omissões que podem ser
preenchidas por ele (admissível); c) contra a lei → quando ele contraria o que
dispõe a lei (inadmissível, segundo a teoria majoritária). Os princípios gerais
de direito são regras que se encontram na consciência dos povos, mesmo que
não sejam escritas, mas que estão implícitas em nosso ordenamento jurídico.
Finalmente a antinomia, que é a presença de duas normas conflitantes, sem
que se possa afirmar qual delas deverá ser aplicada a um caso concreto.
Critérios para solução do conflito aparente de normas: a) hierárquico (uma
norma é hierarquicamente superior à outra); b) especialidade (uma norma é
especial em relação a outra) e c) cronológico (baseado no princípio de que a
norma jurídica mais nova revoga a mais velha).

B) CÓDIGO CIVIL. O primeiro tema se refere à Pessoa Natural (todo


ser humano considerado como sujeito de obrigações e direitos, sem qualquer
distinção). O início da personalidade se dá com o nascimento com vida; mas
a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (o que está por
nascer). Em relação ao fim da personalidade, o item de maior relevância é o
da morte presumida. Isto depende de um processo, que passa por três fases:
a) Ausência (arrecadando-se os bens que serão administrados por um
curador); b) Sucessão Provisória (é feita a partilha de forma provisória,
aguardando-se por 10 anos o retorno do ausente); c) Sucessão Definitiva – na
abertura já se concede a propriedade plena dos bens e se declara a morte
(presumida) do ausente. Seu cônjuge é reputado viúvo. Aguardam-se mais dez
anos, não comparecendo neste período encerra-se o processo.
Em relação à capacidade o mais importante é saber a classificação: 1)
Absolutamente Incapazes: a) menores de 16 anos; b) enfermidade ou
deficiência mental sem discernimento; c) pessoas que, mesmo por causa
transitória, não puderem exprimir sua vontade. 2) Relativamente
Incapazes: a) maiores de 16 e menores de 18 anos; b) ébrios habituais,
viciados em tóxico e os que por deficiência mental tenham discernimento
reduzido; c) excepcionais, sem desenvolvimento completo; d) pródigos
(pessoas que dissipam seus bens). Lembramos que os índios são regulados por
legislação especial (Lei n° 6.001/73 – Estatuto do Índio). 3) Capacidade Plena
– maiores de 18 anos ou emancipadas.
A emancipação é a aquisição da capacidade plena antes dos 18 anos.
Hipóteses: a) concessão dos pais (na falta de um deles, apenas a do outro),
por instrumento público, independentemente de homologação judicial – 16
anos; b) sentença do Juiz (ouvido o tutor, nos casos em que não há poder
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familiar) – 16 anos; c) casamento – idade núbil → 16 anos; d) exercício de
emprego público efetivo; e) colação de grau em curso de ensino superior; f)
estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego,
com economia própria – 16 anos.
Em relação à Pessoa Jurídica, a dica é saber o seu conceito, a
classificação principal e a desconsideração da personalidade. Vejamos.
Conceito: unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à
consecução de certos fins, reconhecido como entidade com aptidões de direitos
e obrigações. Corrente majoritária → Teoria da Realidade Técnica. Súmula
227 do Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano
moral”. Classificação principal: A) Pessoas Jurídicas de Direito Público: 1)
Externo → Regulamentadas pelo Direito Internacional – Ex: outros países,
organismos internacionais (ONU, OEA). 2) Interno → O Estado: a)
Administração Direta: União, Estados Membros, Distrito Federal, Territórios e
Municípios. b) Administração Indireta: Autarquias, Associações Públicas e
demais entidades de caráter público criadas por lei (Fundações Públicas). B)
Pessoas Jurídicas de Direito Privado: 1) Fundações Particulares; 2)
Partidos Políticos; 3) Organizações Religiosas; 4) Associações – união de
pessoas, sem finalidade lucrativa; 5) Sociedades – Simples ou Empresárias →
ambas visam finalidade lucrativa; no entanto a diferença está no seu objeto:
exercício (ou não) de atividade mercantil. Palavras chaves: organização e
atividade. Obs.: Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista são
consideradas como Pessoas Jurídicas de Direito Privado. 6) Empresa Individual
de Responsabilidade Limitada (EIRELI). Grupos Despersonalizados: sociedades
comuns (sociedade de fato e irregulares), massa falida, espólio.
Desconsideração da personalidade jurídica (disregard of the legal entity)
– Art. 50, CC → atinge e vincula responsabilidades dos sócios, atingindo seus
bens particulares, com intuito de impedir abuso da personalidade jurídica,
desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
Em relação ao tema “Bens”, costuma cair a classificação completa.
Vamos então fornecer esta classificação de forma resumida:

A) BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS – arts. 79/91, CC


1. Quanto à Mobilidade
1.1 – Imóveis – são os que não podem ser removidos ou
transportados de um lugar para o outro sem a sua destruição.
Subdividem-se em: a) imóveis por natureza (ex: solo, subsolo e
espaço aéreo); b) acessão física ou artificial (ex: plantações e
construções); c) disposição legal (ex: direito à sucessão aberta, ainda
que a herança seja formada apenas por bens móveis). Não perdem o
caráter de imóvel: as edificações que, separadas do solo, mas
conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
1.2 – Móveis – são os que podem ser transportados de um lugar
para outro, por força própria ou estranha, sem alteração da sua
substância ou da destinação econômico-social. Subdividem-se em: a)
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móveis por natureza – podem ser transportados por força própria
(semoventes – animais de uma forma geral) ou alheia (carro, joia); b)
móveis por antecipação (árvore plantada para corte ou frutos de um
pomar que ainda estão no pé, mas destinados à venda - safra futura);
c) móveis por determinação legal (energias que tenham valor
econômico, direitos autorais).
1.3 – Observações: a) os materiais de construção enquanto não
forem empregados nesta construção, ainda são considerados como
bens móveis; b) as árvores, enquanto ligadas ao solo, são bens
imóveis por natureza, exceto se se destinam ao corte. Quando isso
ocorre, elas se convertem em móveis por antecipação.
1.4 – Importância prática na distinção entre Imóveis e Móveis:
forma de aquisição da propriedade (tradição para móveis e registro
para os imóveis), necessidade de outorga uxória ou marital em casos
de bens imóveis (sendo dispensada tal providência se for bem móvel),
prazos de usucapião (geralmente maiores para os bens imóveis) e os
direitos reais (como regra hipoteca para imóveis e penhor para os
móveis).
1.5 - Navios e Aeronaves - fisicamente são bens móveis, mas
possuem uma disciplina jurídica como se imóveis fossem.
2. Quanto à Fungibilidade
2.1 – Infungíveis – não podem ser substituídos por outros do
mesmo gênero, qualidade e quantidade (ex: um apartamento, um
veículo, um quadro famoso). Os imóveis só podem ser infungíveis.
2.2 – Fungíveis – podem ser substituídos por outros do mesmo
gênero, qualidade e quantidade (ex: gêneros alimentícios, dinheiro,
etc.).
3. Quanto à Consuntibilidade
3.1 – Inconsumíveis – proporcionam reiterados usos, permitindo
que se retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade (ex:
imóveis, roupas, livros, etc.).
3.2 – Consumíveis – são bens móveis, cujo uso importa na
destruição imediata da própria coisa. Admitem apenas um uso
(gêneros alimentícios, bebidas, dinheiro, etc.).
3.3 – Há bens que são consumíveis, conforme a destinação que o
homem lhe dá. Ex: os livros, em princípio, são bens inconsumíveis,
pois permitem usos reiterados. Mas expostos numa livraria são
considerados como consumíveis, pois a destinação é a venda.
4. Quanto à divisibilidade
4.1 – Divisíveis – podem ser partidos em porções reais e distintas,
formando cada qual um todo perfeito.
4.2 – Indivisíveis – não podem ser fracionados em porções, pois
deixariam de formar um todo perfeito. A indivisibilidade pode ser: por

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natureza (um cavalo), por determinação legal (herança, módulo rural,
lotes urbanos) e pela vontade das partes (contrato).
5. Quanto à Individualidade
5.1 – Singulares – são os que, embora reunidos, se consideram
de per si, independentemente dos demais.
5.2 – Coletivos (ou Universais) – são as coisas que se encerram
agregadas em um todo. a) Universalidade de Fato – pluralidade de
bens singulares, corpóreos e homogêneos, que, pertinentes à mesma
pessoa, tenham destinação unitária pela vontade humana (biblioteca,
pinacoteca, rebanho, etc.). b) Universalidade de Direito  pluralidade
de bens singulares, corpóreos, dotadas de valor econômico, ligadas
pela norma jurídica (patrimônio, herança, massa falida, etc.).

B) BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS – arts. 92/97, CC


1. Principais – existem por si mesmos, exercendo função e finalidade
independentemente de outro bem (terrenos, joias, etc.).
2. Acessórios – sua existência depende da existência de outro. Regra
→ o acessório acompanha o principal.
2.1 – Frutos – são as utilidades que a coisa principal produz
periodicamente; nascem e renascem da coisa e sua percepção
mantém intacta a substância do bem que as gera (frutas, aluguéis,
etc.).
2.2 – Produtos – são as utilidades que se retiram da coisa,
alterando a substância da coisa, com a diminuição da quantidade até o
seu esgotamento.
2.3 – Pertenças – são os bens que, não constituindo partes
integrantes (como os frutos, produtos e benfeitorias), se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Ex: acessórios de um veículo; ornamentos de uma residência, um
trator destinado a uma melhor exploração de propriedade agrícola,
etc.
2.4 – Benfeitorias – são obras ou despesas que se fazem em um
bem móvel ou imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo.
Espécies: a) necessárias (realizada para a conservação do bem –
alicerce da casa), úteis (são as que aumentam ou facilitam o uso da
coisa – garagem) e voluptuárias (mero embelezamento, recreio ou
deleite – piscina).
2.5 – Indenização das Benfeitorias: A) Possuidor de Boa-fé:
direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis. Caso elas
não sejam indenizadas, o possuidor tem o direito de retenção pelo
valor das mesmas. Já as benfeitorias voluptuárias não serão
indenizadas, mas elas poderão ser levantadas (art. 1.219, CC). B)
Possuidor de Má-fé: são ressarcidas somente as benfeitorias
necessárias. Não há indenização pelas benfeitorias úteis e
voluptuárias. Não pode levantar nenhuma das benfeitorias realizadas e
não tem direito de retenção sobre nenhuma delas (art. 1.220, CC).
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2.6 – Deixam de ser bens acessórios e passam a ser principais:
a pintura em relação à tela, a escultura em relação à matéria-prima, a
escritura ou qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima,
qualquer trabalho gráfico em relação ao papel utilizado.

C) BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO –


arts. 98/103, CC
1. Particulares – são os que pertencem às pessoas naturais (físicas)
ou às pessoas jurídicas de direito privado.
2. Res Nullius – são as coisas de ninguém (ex: um peixe no fundo do
mar; as coisas abandonadas – estas são conhecidas como res derelictae).
Não confundir coisa abandonada, onde há um ato voluntário, o abandono,
com a coisa perdida, em que o ato foi involuntário e a coisa continua a
pertencer (ao menos em tese) ao patrimônio do titular.
3. Públicos – são os bens de domínio nacional pertencentes às
pessoas jurídicas de direito público interno.
3.1 – Uso comum do povo – destinados à utilização do público
em geral (rios, mares, estradas, ruas, etc.).
3.2 – Uso especial – imóveis utilizados pelo próprio poder público
para a execução de serviço público (hospitais e escolas públicas,
secretarias, ministérios, etc.).
3.3 – Dominicais – constituem o patrimônio disponível das
pessoas de direito público: terras devolutas e terrenos de marinha.
3.4 – Característica dos Bens Públicos: inalienáveis,
impenhoráveis, imprescritíveis (não podem ser objeto de usucapião,
qualquer que seja a sua natureza – Súmula 340 STF).
3.5 – Observação – Os bens públicos de uso comum do povo e os
de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua
qualificação. Os bens públicos dominicais podem ser alienados,
observadas as exigências da lei.
3.6 – Conversão – os bens públicos dominicais podem ser
convertidos em bens de uso comum ou de uso especial (afetação). Já
pela desafetação permite-se que um bem de uso comum do povo ou
de uso especial seja reclassificado como sendo um bem dominical.

D) BENS CONSIDERADOS QUANTO À POSSIBILIDADE DE


COMERCIALIZAÇÃO (COISAS FORA DO COMÉRCIO)
1. Coisas insuscetíveis de apropriação – coisas de uso inexaurível
(ar, luz solar, água do alto-mar, etc.).
2. Bens personalíssimos – são os preservados em respeito à
dignidade humana (ex: vida, honra, liberdade, nome, bens como os
órgãos do corpo humano, cuja comercialização é expressamente proibida
pela lei, etc.).
3. Bens legalmente inalienáveis – apesar de suscetíveis de
apropriação, têm sua comercialidade excluída pela lei para atender a
interesses econômicos-sociais, defesa social e proteção de certas pessoas.
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Estes bens somente podem ser alienados de forma excepcional. Ex: bens
públicos (uso comum do povo e especial – art. 100, CC), bens das
fundações (arts. 62 a 69, CC), terras ocupadas pelos índios (art. 231, §4º,
CF), bens de menores (art. 1.691, CC), bens gravados com cláusula de
inalienabilidade (art. 1.911, CC), bens de família.
4. Bens gravados com cláusula de inalienabilidade (art. 1.911,
CC) – tornam-se inalienáveis por vontade humana inter vivos (ex:
doação) ou causa mortis (testamento), de forma vitalícia ou temporária. A
pessoa deve apontar a “justa causa” para tornar o bem inalienável (art.
1.848, CC).
5. Bem de Família – arts. 1.711 a 1.722, CC (voluntário) X Lei n°
8.009/90 (ou Impenhorabilidade do único imóvel – legal) – Não
confundir os institutos!! Cuidado, também, com a fiança nos contratos
de locação (trata-se de uma exceção que se aplica somente em relação à
Lei n° 8.009/90).

Em relação ao Negócio Jurídico, a dica é saber bem os elementos


essenciais e os defeitos de consentimento. Os Elementos Essenciais dizem
respeito à existência e validade do Negócio Jurídico, dando-lhe a estrutura e a
substância. Dividem-se em: 1) Gerais – são comuns a todos os negócios
jurídicos: a) capacidade das partes; b) objeto lícito, possível, determinado ou
determinável e c) consentimento (que diz respeito à vontade das partes). 2)
Especiais – dizem respeito à forma prescrita ou não defesa em lei, aplicáveis
a apenas alguns negócios.
Defeitos do Negócio Jurídico (arts. 138 a 165, CC). Em regra o ato
é anulável (art. 171, II, CC), devendo ser alegado no prazo decadencial de 4
anos (art. 178, II, CC) 1. Ignorância ou Erro Essencial – recai sobre
circunstâncias e aspectos principais, relevantes do negócio de forma que se eu
soubesse do defeito jamais teria praticado o ato. 2. Dolo Essencial. Emprego
de manobras ardilosas ou maliciosas, para levar alguém à prática de um ato
que o prejudica, beneficiando o autor do dolo ou terceiros. 3. Coação. É a
pressão física (ato nulo) ou moral (anulável) exercida sobre alguém para
obrigá-lo a praticar (ou deixar de praticar) determinado ato. 4. Estado de
Perigo. Configura-se quando alguém, premido da necessidade de salvar a si,
ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa. 5. Lesão (art. 157, CC). Ocorre quando
uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 6.
Fraude contra credores. Prática maliciosa, pelo devedor, de atos que desfalcam
seu patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas
em detrimento dos direitos creditórios alheios. 7. Simulação (art. 167, CC). É a
declaração enganosa da vontade, visando a obter resultado diverso do que
aparece, com o fim de criar uma aparência de direito, para iludir terceiros ou
burlar a lei. É importante notar que o novo Código Civil não trata mais a
simulação como um defeito social. Além disso, determina que a simulação é
hipótese de nulidade absoluta do ato.

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A seguir forneço alguns gráficos comparativos que reputo importantes.

Quadro comparativo entre nulidade a anulabilidade


Ato Nulo Ato anulável
(nulidade absoluta) (nulidade relativa – anulabilidade)
1. Interesse da coletividade; matéria de 1. Interesse do prejudicado; matéria de
ordem pública. Eficácia erga omnes ordem privada. Os efeitos são extensíveis
(extensíveis a todos). apenas para quem alegar.
2. Pode ser arguida por qualquer 2. Somente pode ser alegada pelo
interessado ou pelo Ministério Público. prejudicado, legítimo interessado.
3. Não pode ser suprida pelo juiz. No 3. O juiz não pode reconhecê-la de ofício.
entanto ele pode reconhecê-la de ofício. No entanto, alegada, ele pode saná-la.
4. O vício não pode ser sanado pela 4. O vício pode ser sanado pela
confirmação, nem se convalesce pelo confirmação (expressa) ou pelo decurso do
decurso do tempo. tempo (tácita).
5. Em regra não prescreve. Exceções: 5. Prescreve em prazos mais ou menos
quando a lei assim o permitir, negócios de exíguos ou em prazos decadenciais.
fundo patrimonial, etc.

6. Efeito ex tunc (desde aquele 6. Efeito ex nunc (de agora em diante).


momento). A declaração de nulidade Não retroage. Os efeitos se operam somente a
retroage à data da celebração do negócio. partir da anulação.

Distinções entre Prescrição e Decadência

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Conceito: perda da pretensão em virtude Conceito: perda do direito material
da inércia do titular de um direito violado, pela inércia de seu titular que deixou
durante determinado espaço de tempo escoar o prazo legal ou convencional
previsto em lei.

1. Extingue a pretensão, pela inércia 1. Extingue o direito material pela


do agente. Não atinge o direito material, falta de exercício dentro do prazo.
que permanece intacto. Atinge indiretamente a ação e demais
pretensões.

2. Prazos estabelecidos somente 2. Os prazos podem ser pactuados


pela lei. Não podem ser suprimidos, nem pelas partes (convencionais) ou
alterados pela vontade das partes. Não estabelecidos pela lei (legais).
existe prazo prescricional convencional.

3. Atualmente “deve” ser declarada 3. Na decadência decorrente de


de ofício pelo Juiz, mesmo nas ações prazo legal o Juiz deve declará-la de
patrimoniais. O art. 194, CC foi revogado oficio (art. 210, CC). A convencional
e disposição expressa no art. 219, §5°, não pode ser reconhecida de ofício
CPC. (art. 211, CC).

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4. A parte pode não alegá-la; é 4. A decadência decorrente de prazo


renunciável. A renúncia pode ser legal não pode ser renunciada pelas
expressa ou tácita. A renúncia só valerá partes: nem antes e nem depois de
depois da consumação da prescrição e consumada.
não pode ser feita em prejuízo de
terceiros.

5. Não corre contra determinadas 5. Em rega corre contra todos (efeito


pessoas. O prazo pode ser impedido, erga omnes). Não se suspende e nem
suspenso ou interrompido. Ex.: cônjuges, se interrompe. Exceção → não corre
poder familiar, tutela, curatela, contra os absolutamente incapazes
absolutamente incapazes, etc. (art. 208, c.c. art. 198, I, ambos do
CC).

6. Causas de impedimento ou 6. Não se admite suspensão ou


suspensão → arts. 197, 198, 199 e 200, interrupção em favor daqueles contra
CC. Causas de interrupção → art. 202 CC. os quais não corre prescrição. Só pode
As causas estão expressamente ser obstada pelo exercício efetivo do
previstas em lei, não se admitindo direito ou da ação.
analogia.

7. Regra Geral → Prazo de 10 anos 7. Não há regra geral para os


(art. 205, CC). Prazos Especiais → 01, 02, prazos. Eles podem ser de dias, meses
03, 04 e 05 anos (conforme previsão do e anos. Previstos em dispositivos
art. 206 e seus parágrafos, CC). esparsos pelo Código e em Leis
Especiais.

O instituto da confirmação do negócio anulável (também chamado de


convalidação) tem por objetivo aproveitar o negócio jurídico defeituoso, que
poderia ser anulado. Convalidar é sanar o defeito que inquina o ato. Pela
confirmação integra-se o negócio jurídico, dando-se validade àquilo que as
partes teriam contratado, se pudessem prever a anulabilidade. Não confundir
com conversão do negócio jurídico nulo em outro de natureza diferente (art.
170, CC): “Se o negócio jurídico nulo contiver requisitos de outro, subsistirá
este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam
querido, se houvessem previsto a nulidade”. O negócio não pode prevalecer da
forma como pretendida pelas partes. Ele é nulo. Mas como seus elementos são
idôneos para caracterizar um outro negócio, transforma-se neste, desde que
não haja uma proibição expressa.
Forma é o meio pelo qual se externa a manifestação de vontade nos negócios
jurídicos; é o conjunto de formalidades, solenidades, para que o ato tenha
eficácia jurídica. Em regra a vontade pode se manifestar livremente, não
havendo uma forma especial. Pode-se recorrer à palavra falada, escrita, ao
gesto e até mesmo ao simples silêncio (em alguns casos raros como vimos
atrás). O art. 107, CC determina que: “A validade da declaração de vontade
não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”.
Todavia, em casos determinados, para dar maior segurança nas relações
jurídicas, a lei prescreve a observância de uma forma especial. Ex.: o art.
108, CC determina que qualquer negócio jurídico que tenha por objetivo
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constituir, transferir, modificar ou renunciar direitos sobre imóveis de valor
superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no País, somente pode ser
efetivado mediante escritura pública. Reforçando: consensualismo é a
regra; formalismo é a exceção. Assim, forma especial (ou solene) é o conjunto
de solenidades que a lei estabelece como requisito para a validade de
determinados atos jurídicos. Tem por finalidade garantir a autenticidade do
ato, facilitando sua prova e assegurando a livre manifestação de vontade das
partes. Para alguns atos jurídicos a lei impõe apenas uma forma para ser
realizado (escritura pública para os imóveis). No entanto a lei permite que um
ato possa ser realizado de diversas maneiras. O exemplo clássico é o
reconhecimento voluntário de filho havido fora do matrimônio. Ele pode ser
feito: a) no próprio termo do nascimento; b) por escritura pública ou
instrumento particular; c) por testamento ou d) por manifestação expressa e
direta perante o Juiz. Por exigir formalidade especial e permitir diversas
maneiras de reconhecimento, costuma-se dizer que ela é uma forma especial
plural. Importante. Não devemos confundir forma com prova. Enquanto a
forma serve para indicar a vontade interna do agente, a prova serve para
demonstrar a existência do ato. Nulo é o negócio jurídico quando não se
revestir da forma prescrita em lei ou quando preterir alguma solenidade que a
lei considere essencial para sua validade (confiram: art. 166, V, CC).
Concluindo: Se houver desobediência quanto à forma (prescrita ou não
defesa em lei) = Nulidade Absoluta do Negócio Jurídico.

Prova é o conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a


existência de negócios jurídicos. Para um processo a prova serve para
estabelecer a verdade diante do Juiz. Princípios: O ônus da prova incumbe a
quem alega o fato e não a quem o contesta. Esta é a regra → Código de
Processo Civil – art. 333, I e II. Se o autor alegar um fato, mas nada provar, o
réu (como regra) será absolvido. Alguns fatos independem de prova, como os
fatos notórios, que são os fatos da cultura geral, de conhecimento de todos.
Ex.: datas históricas (natal, ano novo, etc.), personagens históricos
(Tiradentes, D. Pedro II), etc. Também devem ser considerados verídicos os
fatos incontroversos, sobre os quais não há debate entre as partes. Ex.: um
fato foi alegado pelo autor e não foi contestado pelo réu. As partes concordam
com os fatos; tornou-se incontroverso, embora possam não concordar com o
resultado jurídico deles. Se, para a validade do negócio jurídico a lei exige
forma especial, sua prova só poderá ser feita pela exibição do documento (ex.:
a compra e venda de imóveis só se prova pela escritura pública). Se o negócio
for de forma livre (não solene), a prova pode ser feita por qualquer meio
permitido pela ordem jurídica (até mesmo verbal).

Finalmente o tema Ato Ilícito e Responsabilidade Civil, previsto nos arts.


186 a 188 e 927 a 954, CC.
Conceitos
a) Ato Ilícito (art. 186, CC): é o praticado em desacordo com a norma
jurídica, causando danos a terceiros e criando o dever de repará-los.

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b) Abuso de Direito (art. 187, CC): também comete ato ilícito o titular
de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
costumes. Corrente majoritária → responsabilidade objetiva (independe de
comprovação da intenção em lesar: dolo ou culpa).
Responsabilidade Civil
a) Responsabilidade Contratual → surge pelo descumprimento de uma
cláusula do contrato.
b) Responsabilidade Aquiliana (ou extracontratual) → deriva de
inobservância de qualquer outro preceito legal; de normas gerais de
conduta.

Teorias sobre Responsabilidade


A) Objetiva (Teoria do risco). Deve-se provar: 1. Conduta → positiva
(ação) ou negativa (omissão). 2. Dano → patrimonial e/ou moral
(extrapatrimonial). Danos emergentes = aquilo que efetivamente se perdeu; o
prejuízo efetivo. Lucros cessantes = aquilo que se deixou de ganhar. 3. Nexo
Causal (ou relação de causalidade) entre a conduta e o dano (o dano ocorreu
por causa da conduta).
B) Subjetiva (Teoria da culpa em sentido amplo). Deve-se provar: 1.
Conduta. 2. Dano. 3. Nexo Casual. 4. Elemento Subjetivo: Culpa em sentido
amplo → Dolo (ação voluntária) ou Culpa (em sentido estrito: imprudência,
negligência ou imperícia).
Teoria adotada pelo Código Civil
Regra → Subjetiva (art. 186, combinado com art. 927, caput, ambos
do CC): aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito. Quem, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Exceção → Objetiva (art. 927, parágrafo único, CC): o próprio Código
Civil admite expressamente a responsabilidade objetiva. Haverá obrigação de
reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, riscos para os direitos de outrem (substitui-se a culpa pela
ideia do risco). Outro exemplo: art. 931, CC – as empresas que exercem
exploração industrial respondem objetivamente pelos danos provocados por
seus produtos colocados em circulação.
CULPA (sentido amplo):
a) Contratual  resulta da violação de um dever inerente a um
contrato (ex: o inquilino que não paga o aluguel).
b) Extracontratual (aquiliana)  resulta da violação de um dever
fundado em princípios gerais do direito, como o respeito às pessoas e aos bens
alheios; deriva de infração ao dever de conduta (dever legal) imposto pela lei
(ex: motorista em excesso de velocidade que provoca um atropelamento).
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Obrigação de Indenizar – art. 927, CC: aquele que, por ato ilícito (arts. 186
e 187, CC), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Responsabilidade por Atos de Terceiros – art. 932, CC – pais, tutores,


curadores, empregadores, donos de hotéis.

Exclusão da Ilicitude – art. 188, CC – legítima defesa, exercício regular de


um direito, estado de necessidade – destruição da coisa alheia ou lesão à
pessoa, a fim de remover perigo iminente, ausência de nexo de causalidade,
culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior.

Efeitos civis da decisão proferida no Juízo Criminal - A responsabilidade


civil (em regra) é independente da criminal, não se podendo, entretanto,
questionar mais sobre a existência do fato ou sobre quem seja o seu autor
quando essas questões já se acharem decididas no juízo criminal (art. 935,
CC). Assim, havendo responsabilidade criminal, poderá haver repercussão na
esfera civil.
a) Sentença penal condenatória (apreciou o fato e a sua autoria) – vincula
→ julga-se a ação procedente no juízo cível (condena-se o autor do dano).
Discute-se apenas o valor (quantum) da indenização.
b) Sentença penal absolutória (negatória do fato e/ou autoria, legítima
defesa, exercício regular de um direito, etc.) – vincula → absolve-se
também no cível.
c) Sentença penal absolutória por falta de provas (non liquet) – não
vincula → o Juiz do cível pode condenar ou absolver, dependendo do que
foi apurado no processo civil (verdade formal).
Transmissibilidade do dever de indenizar: tanto o direito da vítima de
exigir a reparação do dano, como o dever de prestá-la são transmissíveis aos
herdeiros, até o limite das forças da herança (art. 943, CC).

I. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO → Relação jurídica de natureza transitória entre


credor e devedor cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica.

II. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS


1. Elemento Pessoal ou Subjetivo – Sujeitos:
a) Sujeito Ativo → credor (beneficiário da obrigação).
b) Sujeito Passivo → devedor (o que deve cumprir a obrigação).
2. Elemento Material ou Objetivo – Objeto da Obrigação:
a) Prestação imediata: conduta humana positiva (dar ou fazer) ou negativa
(não fazer). Deve ser lícito, possível (física e juridicamente), determinado ou
determinável e economicamente apreciável.
b) Objeto mediato é o bem sobre o qual recai o direito.
3. Elemento Imaterial ou Vínculo Jurídico → elo que sujeita o devedor a
determinada prestação em favor do credor. Abrange o dever da pessoa obrigada
(debitum) e a sua responsabilidade em caso de não cumprimento (obligatio).

III. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

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A) Quanto ao Objeto
1. Positivas
a) Obrigação de Dar
- Coisa certa (arts. 233/242, CC) → devedor se obriga a dar
(entregar) coisa individualizada (móvel ou imóvel). Regras: credor
não é obrigado a receber outra coisa, mesmo que mais valiosa (art.
313, CC); indivisibilidade (art. 314, CC); acessório acompanha o
principal (art. 233, CC); até a tradição a coisa pertence ao devedor;
acrescidos e melhoramentos (cômodos) → aumento do preço ou
resolução (art. 237, CC); perda ou deterioração (arts. 234/236, CC);
obrigação pecuniária (art. 315 e 318, CC).
- Coisa incerta (arts. 243/246, CC) → obrigação de entregar objeto
incerto, porém já indicado pelo gênero e quantidade (determinável),
faltando a qualidade (ex.: obrigação de entregar 10 bois, dentre uma
boiada). O objeto é indicado de forma genérica no início da relação,
sendo determinado mediante um ato de escolha (concentração;
individualização) → como regra cabe ao devedor, salvo disposição em
contrário (art. 244, CC). Não poderá dar a coisa pior, nem ser obrigado
a prestar a melhor.
b) Obrigação de Fazer (arts. 247/249, CC) → prestação de serviço ou
ato positivo pelo devedor (ou de terceiro), em benefício do credor ou de
terceiro. Inadimplemento da obrigação: a) sem culpa → extinção da
obrigação; b) com culpa → perdas e danos. Obrigação infungível: art. 249,
CC.
Obs. → astreinte: art. 461, §4° e 461-A, Código de Processo Civil.
2. Negativas
a) Obrigação de Não Fazer (arts. 250/251, CC) → o devedor se
compromete a não praticar certo ato que poderia ser praticado, não fosse
a obrigação assumida. Descumprimento: desfazimento e indenização
perdas e danos.
B) Quanto a seus Elementos
1. Simples: um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto.
2. Composta
a) Pluralidade de Objetos
- Cumulativa ou conjuntiva (“e”): devedor se compromete a
realizar diversas prestações; só se considera cumprida com a
execução de todas as prestações.
- Alternativa ou disjuntiva (“ou”): contém mais de uma prestação,
mas o devedor se exonera com o cumprimento de apenas uma delas.
Regra → escolha cabe ao devedor, salvo disposição em contrário.
- Facultativa: apenas uma prestação, mas a lei ou o contrato
permite ao devedor substituí-la por outra.
b) Pluralidade de Sujeitos → Solidariedade
- Ativa: pluralidade de credores.
- Passiva: pluralidade de devedores.
- Mista: credores e devedores.

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Importante = A solidariedade não se presume. Resulta da lei
ou vontade das partes (art. 265, CC) =
C) Quanto aos Elementos Acidentais: puras e simples, condicionais (evento
futuro e incerto), a termo (evento futuro e certo) ou modais (com encargo).
D) Outras Modalidades
• Líquidas (certas quanto a existência, determinadas quanto ao valor:
constituem o devedor em mora de pleno direito se não forem
cumpridas no prazo) ou Ilíquidas (dependem de apuração prévia).
• Divisíveis (comportam fracionamento) ou Indivisíveis (prestação única
por convenção das partes ou natureza do objeto): arts. 257/263, CC.
• De resultado (credor pode exigir do devedor a produção de um
resultado), de meio (uso de prudência e diligência normal para atingir
um resultado, sem se vincular a obtê-lo), de garantia (tem a função de
eliminar um risco que pesa sobre o credor).
• Instantâneas (se consuma em um só ato, em certo momento),
Fracionadas, Diferidas ou de trato sucessivo (cumprimento se dá por
meio de subvenções periódicas, resolvendo-se em intervalos de tempo
(protrai-se no tempo.
• Principais (existe por si sós) ou Acessórias (sua existências supõe a da
principal).
• Propter rem ou híbridas: parte direito real, parte direito pessoal;
recaem sobre uma pessoa por força de um direito real (ex.:
condomínio, IPTU).
• Naturais: credor não pode exigir o seu cumprimento (ex.: dívidas
prescritas, dívidas de jogo, etc.).

IV. CLÁUSULA PENAL (arts. 408 e seguintes, CC) → penalidade acessória imposta
pela inexecução total ou parcial da obrigação (compensatória) ou pela mora
(retardamento, demora) no seu cumprimento. Multa contratual: prefixação de perdas
e danos. Limite: valor do contrato (art. 412, CC). Redução proporcional (art. 413,
CC).

V. MORA (arts. 394/401, CC) → retardamento ou imperfeito cumprimento da


obrigação. Gera responsabilidade pelos prejuízos, juros, correção monetária,
honorários advocatícios e cláusula penal (se esta for estipulada).
a) Mora do devedor (mora solvendi, debitoris):
1) ex re → depende de um fato previsto em lei ou no contrato – obrigação
positiva e líquida com data determinada. Ex.: dia do vencimento do aluguel.
2) ex persona → depende de uma providência do credor. Ex.: comodato sem
prazo – notificação com prazo de 30 dias.
b) Mora do credor (mora accipiendi, creditoris): recusa (do credor) em aceitar o
cumprimento da obrigação.

VI. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES


1) Pagamento Direto
a) Pessoas envolvidas: solvens (é a pessoa que deve pagar) e accipiens (é
a pessoa que recebe).
b) Objeto e Prova do pagamento: quitação – arts. 313/326, CC.
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c) Lugar do Pagamento – Regra (arts. 327/330, CC): quérable = domicílio
do devedor. Exceção: portable = domicílio do credor. QD=PC
d) Tempo (vencimento): fixado pelas partes (arts. 331/333, CC).
2) Formas Especiais de Pagamento
a) Pagamento em consignação (arts. 334/345, CC): devedor deposita a
coisa devida, liberando-se de obrigação líquida e certa. Se a dívida for em
dinheiro o depósito pode ser extrajudicial (estabelecimento bancário oficial –
art. 890, §1o, CPC).
b) Pagamento com sub-rogação (arts. 346/351, CC): substituição na
obrigação de uma pessoa por outra, com os mesmos ônus e atributos (avalista
que paga a dívida).
c) Imputação do pagamento (arts. 352/355, CC): pessoa obrigada por dois
ou mais débitos da mesma natureza, líquidos e vencidos, a um só credor, tem
o direito de escolher qual deles está pagando.
3) Pagamento Indireto
a) Dação em Pagamento (arts. 356/359, CC): acordo de vontades entre
credor e devedor, com o objetivo de extinguir a obrigação, no qual o credor
consente em receber coisa (móvel ou imóvel) diversa da originalmente devida.
b) Novação (arts. 360/367, CC): criação de obrigação nova e extinguindo a
anterior, modificando o objeto (objetiva ou real) ou substituindo uma das
partes (subjetiva = ativa – substituição do credor; passiva – substituição do
devedor).
c) Compensação (arts. 368/380, CC): duas ou mais pessoas são ao mesmo
tempo credoras e devedoras umas das outras. Na compensação legal exige-
se: reciprocidade, liquidez, exigibilidade e fungibilidade.
d) Confusão (arts. 381/388, CC): incidência em uma mesma pessoa as
qualidades de credor e devedor.
Observação. O Código Civil trata a transação (arts. 840/850, CC) e a arbitragem
(arts. 851/853, CC) como formas de contrato autônomo e não mais como formas de
pagamento.
4) Extinção Sem Pagamento: remissão (perdão), prescrição ou decadência,
advento do termo ou implemento de condição.
5) Judicial (execução forçada): ações judiciais (Processo Civil).

DIREITO DAS COISAS. Conjunto de regras que regulamentam as relações jurídicas


entre o homem e as coisas.
CONTEÚDO
A) POSSE
B) DIREITOS REAIS
1. Propriedade
2. Direitos reais sobre coisa alheia:
a) Uso: enfiteuse, superfície, servidão, usufruto, uso e habitação.
b) Garantia: penhor, hipoteca e anticrese.
c) Direito Real de Aquisição: compromisso irretratável de venda.
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d) Interesse Social (Lei n° 11. 481/07): concessão de uso especial para
fins de moradia e concessão de direito real de uso.

POSSE
A) Conceito (art. 1.196, CC): exercício pleno ou não de alguns dos poderes inerentes
à propriedade. Teorias:
1. Subjetiva (Savigny): corpus (poder físico sobre a coisa) e animus (intenção de
ter a coisa para si).
2. Objetiva (Ihering): apenas corpus.
B) Teoria adotada pelo Código Civil → Objetiva – “corpus” – disposição física da
coisa.
C) Fâmulo de Posse → é o que detém a coisa em virtude de dependência econômica
ou vínculo de subordinação (art. 1.198, CC). Ex: caseiro, zelador de um prédio, etc.
D) Elementos da Posse → sujeito capaz, objeto lícito e possível, forma livre e
relação dominante entre sujeito e coisa.
E) Objeto da Posse → todas as coisas que puderem ser objeto de propriedade,
móveis ou imóveis, corpóreas ou incorpóreas.
F) Classificação
1. Direta: é a exercida por quem detém materialmente a coisa. Indireta: é a
posse exercida através de outra pessoa. Na locação o locatário (inquilino) tem a
posse direta (exerce a posse em nome próprio) e o locador (proprietário) tem a
posse indireta (ele a exerce através do inquilino).
2. Justa: é aquela adquirida sem vícios (art. 1.200, CC). Injusta: é a adquirida
por meio de: a) violência → esbulho; b) às escondidas → clandestina; c) com abuso
de confiança → precária.
3. Boa-fé: possuidor ignora o vício ou o obstáculo que impede a sua aquisição
legal. O possuidor com justo título presunção de boa-fé, salvo prova em contrário,
ou quando a lei expressamente não admite esta presunção (art. 1.201 e seu
parágrafo único, CC). Enunciado 303 das Jornadas de Direito Civil: Considera-se
justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o justo motivo que lhe
autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em
instrumento público ou particular. Má-fé: o possuidor tinha ciência dos vícios
quando a adquiriu.
4. Nova ou Velha (mais de ano e dia).
Obs.: salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com
que foi adquirida (art. 1.203, CC).
G) Formas de Aquisição da Posse → apreensão da coisa, exercício de direito,
disposição da coisa, tradição e constituto possessório (art. 1.205, CC).
H) Quem pode Adquirir: a própria pessoa, o seu representante (mandatário ou
procurador) ou um terceiro (também chamado de gestor de negócios).
I) Efeitos
1. Invocar interditos (ações possessórias)
a) Ameaça → Interdito Proibitório.
b) Turbação → Manutenção de Posse.
c) Esbulho → Reintegração de Posse.

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2. Percepção dos frutos
a) Possuidor de boa-fé: tem direito aos frutos percebidos, ao uso e gozo da
coisa, às despesas de produção e não tem direito aos frutos pendentes quando
cessa a boa-fé.
b) Possuidor de má-fé: responde pelos prejuízos, pelos frutos colhidos e
percebidos e pelos frutos que por sua culpa se perderam, mas tem direito às
despesas de produção.
3. Benfeitorias:
a) Possuidor de má-fé: serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias;
não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar
as voluptuárias (art. 1.220, CC).
b) O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé,
tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de
boa-fé indenizará pelo valor atual (art. 1.222, CC).
c) Possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e
úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção
pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis (art. 1.219, CC).
J) Perda da Posse: abandono, tradição, perda ou destruição, posse de outrem e
constituto possessório (arts. 1.223/1.224, CC).
K) Composse (compossessão): pluralidade de sujeitos e coisa indivisa (art. 1.199,
CC). Espécies: a) pro indiviso: cada possuidor tem a parte ideal do bem. b) pro
diviso: há uma divisão de fato do bem entre os compossuidores.

PROPRIEDADE
A) Conceito: é o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar, fruir ou gozar,
dispor de um bem ou reavê-lo de quem injustamente o possua ou detenha (art.
1.228, CC).
B) Elementos: usar (ex: morar), fruir ou gozar (ex: alugar), dispor (ex: vender ou
doar) ou reivindicar (ex: entrar com ação judicial contra quem detiver de forma
injusta).
C) Restrições ao direito de propriedade: constitucionais, administrativas, militares e
civis.
D) Classificação
1. Plena → a pessoa tem em sua mão todos os elementos da propriedade (uso,
fruição, disposição e reivindicação).
2. Limitada → pessoa abriu mão de um ou alguns dos elementos (locação,
usufruto, etc.).
E) Propriedade Imóvel
1. Aquisição
a) Acessão → formação de ilhas, aluvião (própria e imprópria), avulsão,
abandono de álveo e artificiais (construções e plantações).
b) Usucapião → Extraordinária: a) 15 anos; b) 10 anos se o imóvel é
usado para moradia ou o possuidor o tornou produtivo; Ordinária (adquirida
com justo título): a) 10 anos; b) 05 anos se for adquirida onerosamente;
além disso, o possuidor usa o imóvel para sua moradia ou o tornou produtivo;

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Constitucional (não é necessário provar a boa-fé): 05 anos (art. 191, CF →
rural; 183, CF → urbana).
c) Modos Derivados – sucessão hereditária (causa mortis) ou registro de
transferência (inter vivos).
2. Perda: alienação, renúncia, abandono, perecimento, confisco, desapropriação,
usucapião e acessão (na modalidade avulsão).
F) Propriedade Móvel
Aquisição e Perda → originária – ocupação e usucapião (extraordinária → 05
anos; ordinária → 03 anos com justo título); derivada: especificação (transformação
de coisa móvel em espécie nova), confusão (mistura entre coisas líquidas), comistão
(mistura entre coisas sólidas), adjunção (justaposição de uma coisa sobre a outra),
tradição (entrega da coisa) e herança.
G) Condomínio (compropriedade ou copropriedade): é a propriedade em
comum. Um mesmo bem pode pertencer a várias pessoas, cabendo a cada uma, igual
direito sobre o todo. Espécies:
1. Convencional ou voluntário (arts. 1.314 a 1.330, CC): resulta de acordo de
vontade das pessoas.
2. Edilício: prédio de apartamentos (arts. 1.331 a 1.358, CC, e Lei n° 8.245/91).
H) Direitos de Vizinhança (arts. 1.277 a 1.313, CC)
• uso anormal da propriedade
• árvores limítrofes
• passagem forçada
• das águas
• limites entre prédios
• construção → devassamento, águas e beirais, paredes divisórias e tapagem
I) Propriedade Resolúvel. Extingue-se com a ocorrência de:
1. Condição Resolutiva. Condição → cláusula que subordina o efeito do negócio
jurídico a um evento futuro e incerto. Resolutiva → o implemento (realização)
extingue os efeitos do ato (resolver = extinguir).
2. Termo Final. Termo → cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a um
evento futuro e certo. Final → há uma data determinada para a cessação dos
efeitos do negócio jurídico.

DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA

A) DIREITOS REAIS DE GOZO OU FRUIÇÃO

1. SUPERFÍCIE (arts. 1.369 a 1.377, CC)


Instituto novo que veio substituir a enfiteuse. O proprietário concede, por tempo
determinado, gratuita ou onerosamente, a outrem (superficiário) o direito de construir
ou plantar em seu terreno. Deve ser registrada. Não autoriza obra no subsolo, exceto
se for inerente ao objeto da concessão.

2. SERVIDÃO PREDIAL (arts. 1.378 a 1.389, CC)


Conceito: o proprietário de um prédio deve suportar o exercício de alguns direitos em
favor do proprietário de outro prédio. Como recai somente sobre bens imóveis,
necessita de registro.

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Partes
a) Prédio dominante: tem direito à servidão.
b) Prédio serviente: deve servir ao outro prédio.
Características
a) os prédios devem pertencer a proprietários diferentes;
b) serve à coisa e não ao dono;
c) não se presume, deve ser expressa, interpretando-se restritivamente;
d) é indivisível e inalienável, não podendo ser usada para outra finalidade.
Classificação
a) quanto à natureza: rural ou urbana
b) quanto ao modo de exercício: contínua ou não
c) quanto à exteriorização: aparente ou não
Constituição: contrato, testamento, usucapião ou sentença judicial.
Extinção: renúncia do dono do prédio dominante, resgate, confusão, não uso durante
dez anos consecutivos e construção de estrada. Pode ser removida desde que não
diminua as vantagens do prédio dominante.
Obs.: não confundir com passagem forçada, que é instituto de direito de
vizinhança, onde uma das propriedades está encravada.

3. USUFRUTO (arts. 1.390 a 1.411, CC)


Conceito: direito real que uma pessoa tem de usar (ex: morar) ou fruir (ex: alugar) a
coisa alheia, temporariamente, sem alterar-lhe a substância.
Partes
a) Usufrutuário: aquele que tem direito de usar ou fruir a coisa.
b) Nu proprietário: dono da coisa.
Objeto: bens móveis e imóveis.
Classificação
a) quanto à extensão: universal ou particular
b) quanto à duração: temporário ou vitalício
Constituição: legal, ato inter vivos ou causa mortis, sub-rogação real, usufruto e
sentença judicial. Usufruto deducto ou por retenção: pessoa doa a nua
propriedade a terceiro, reservando, para si, o uso e gozo da coisa.
Extinção: morte do usufrutuário, término do prazo (30 anos se em benefício de
pessoa jurídica), destruição da coisa, consolidação, prescrição, renúncia ou
desistência. A nua propriedade pode ser alienada; o usufruto, em regra, é inalienável
(só pode ser alienado ao próprio nu proprietário).

5. USO E HABITAÇÃO (arts. 1.412 a 1.416, CC)


Em relação a esses institutos, aplicam-se as regras do usufruto, no que for aplicável.
B) DIREITOS REAIS DE GARANTIA
1. Direito de preferência. O produto da arrematação do bem dado em garantia
(hipoteca e penhor) será destinado primeiramente ao pagamento do credor com
crédito real (embora existam outros créditos preferenciais, como os trabalhistas e
tributários). Havendo sobras, serão elas rateadas entre os demais credores.
2. Capacidade. Só podem prestar garantia real aqueles que tiverem capacidade
para alienar os bens.

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3. Objeto. Apenas os bens suscetíveis de alienação podem ser dados em garantia.
Excluem-se, assim, as coisas fora do comércio.
4. Indivisibilidade. O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não
importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários
bens, salvo disposição expressa no título de quitação.
5. Especialização e Publicidade. Especialização é a descrição pormenorizada do
bem dado em garantia, com todas as suas peculiaridades e acessórios (se for
imóvel a sua dimensão, localização, etc.), bem como: identificação das partes,
declaração do valor da dívida, prazo para o pagamento, taxa de juros (se houver).
A publicidade na hipoteca e na anticrese ocorre com o registro do título constitutivo
no Registro de Imóveis; no penhor com a tradição e a inscrição no Registro de
Títulos e Documentos.
6. Acessoriedade. Pressupõe sempre a existência de um direito de crédito
(principal). Extinta ou nula a dívida (obrigação principal), o mesmo ocorre com as
garantias (acessórias); já a recíproca não é verdadeira.
7. Sequela. Direito de perseguir e reclamar a coisa dada em garantia,
independentemente de com quem esta se encontre, para vendê-la judicialmente.
8. Condomínio. Se o bem pertence a vários proprietários, somente pode ser dado
em garantia na sua totalidade, se todos consentirem. Se o bem for divisível, cada
condômino só poderá constituir direito real de garantia sobre a sua quota.
9. Bem de Família. Não é possível hipotecar um bem de família voluntário (art.
1.711, CC). Não há proibição no caso do bem de família legal (Lei nº 8.009/90).
10. Cláusula Comissória. Pacto comissório é a cláusula que permite ao credor
ficar com o objeto da garantia se a dívida não for paga no vencimento. Tal pacto
não pode ser celebrado, sob pena de nulidade absoluta (evita-se a usura). Está
implícito um abuso de direito. No entanto é permitido que o devedor, após o
vencimento, dê a coisa ao credor como pagamento de dívida (dação em
pagamento).
11. Direito de Excussão. Quando o débito não for pago no vencimento, os
credores pignoratício e hipotecário, como não podem ficar com o bem do devedor,
têm o direito de promover sua venda judicial, por meio do processo de execução.
Se o valor obtido na venda não bastar para saldar a dívida, a garantia real se
extingue, mas o devedor continua obrigado pelo restante (dívida real se transforma
em pessoal, sem garantias – quirografário). Se o produto da venda ultrapassar o
montante devido, o que sobrar será devolvido ao devedor.
11. Falido. Não pode onerar os bens da pessoa jurídica, pois lhe faltam
administração e disposição sobre eles. Já o devedor em recuperação (judicial ou
extrajudicial) pode, com autorização judicial.
12. Vencimento antecipado da dívida. Permite-se nas hipóteses do art. 1.425,
CC.

1. PENHOR (arts. 1.431 a 1.472, CC)


Conceito: transferência da posse de coisa móvel ou mobilizável realizada pelo
devedor ao credor, para garantir o pagamento de um débito.
Partes
a) Credor pignoratício: empresta o dinheiro e recebe a coisa.
b) Devedor pignoratício: entrega o bem.

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Características
a) em regra, recai sobre coisas móveis (exceção – safra futura).
b) é acessório, uno e indivisível.
c) exige, em regra, a entrega da coisa (tradição) – exceção – penhor rural,
industrial ou de veículo, em que a posse da coisa continua com devedor.
Classificação
a) convencional: civil, mercantil, rural (agrícola ou pecuário), industrial
b) de direitos (arts. 1.451 a 1.460, CC)
c) de veículos (arts. 1.461 a 1.466, CC)
d) legal (arts. 1.467 a 1.472, CC)
Extinção: pagamento, perecimento da coisa, renúncia, confusão, adjudicação judicial.

2. HIPOTECA (arts. 1.473 a 1.505, CC)


Conceito: direito real de garantia que grava coisa imóvel pertencente ao devedor
sem transmissão de posse ao credor.
Partes
a) Credor hipotecário: empresta o dinheiro.
b) Devedor hipotecante: oferece o bem em garantia.
Bens hipotecáveis: imóveis, acessórios móveis em conjunto com imóveis, nua
propriedade e domínio útil, estradas de ferro, recursos minerais, navios e aeronaves.
Espécies: convencional, legal e judicial.
Características
a) Contrato acessório e indivisível, sempre de natureza civil.
b) Exige registro (publicidade e especialização).
c) Devedor continua na posse do bem.
Subipoteca – A lei permite que o mesmo bem seja hipotecado mais de uma vez, se
não houver proibição expressa. O bem deve ter valor superior ao da soma de todas as
hipotecas.
Perempção – Extinção da hipoteca pelo decurso de 30 anos. Esse prazo não
comporta suspensão nem interrupção.
Extinção – Desaparecimento da obrigação principal, destruição da coisa, renúncia do
credor, adjudicação, consolidação.

3. ANTICRESE (arts. 1.506 a 1.510, CC)


Conceito: direito real de garantia pelo qual o credor retém o imóvel do devedor e
recebe seus frutos até o valor emprestado.
Partes
a) Credor anticrético: empresta o dinheiro e recebe a posse do imóvel.
b) Devedor anticrético: recebe o dinheiro e entrega o bem.
Características
a) exige capacidade das partes, escritura, registro e a entrega real da coisa.
b) não confere direito de preferência na venda.
Efeitos: o credor pode arrendar a terceiros ou fruir pessoalmente e reter a posse até
15 anos.
Extinção: pagamento da dívida, término do prazo (máximo 15 anos), renúncia do
credor; perecimento do bem, desapropriação.

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DIREITO DE FAMÍLIA
CONCEITO. Complexo de normas de ordem pública que regulam a celebração do
casamento, sua validade, seus efeitos, relações pessoais e econômicas da sociedade
conjugal, união estável entre homem e mulher, dissolução, relação entre pais e filhos,
vínculo de parentesco e os institutos complementares da tutela, curatela e ausência.

DIREITO MATRIMONIAL

1. Esponsais: promessa de casamento não vinculativa - indenização


2. Casamento
• Fins
• Princípios
• Efeitos jurídicos
• Deveres
• Proibições
3. Impedimentos e Causas Suspensivas
a) Impedimentos dirimentes absolutos (ou públicos): 1.521 CC
• Impedimentos de Parentesco (consanguinidade, afinidade, adoção).
• Impedimento de Vínculo (pessoas casadas)
• Impedimento de Crime (homicídio ou tentativa de homicídio)
b) Causas Suspensivas ou Impedimentos Impedientes: art. 1.523, CC
4. Casamento por procuração: admissível
5. Casamento nuncupativo: nubente à beira da morte
REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES
1. Princípios
a) Variedade de regime de bens: a lei oferece quatro espécies de regimes:
comunhão universal, comunhão parcial, separação e participação final dos aquestos.
b) Liberdade dos pactos antenupciais: Pacto antenupcial é um contrato
solene, realizado antes do casamento, por meio do qual os nubentes escolhem o
regime de bens que vigorará durante o matrimônio. Os nubentes podem estipular
cláusulas, atinentes às relações econômicas, desde que respeitados os princípios da
ordem pública; devem ser feitos por escritura pública (sob pena de nulidade) e
seguido do casamento (sob pena de ineficácia). Se os nubentes nada
convencionarem ou sendo nula a convenção, vigorará o regime da comunhão parcial
(art. 1.640, CC). Se optarem por qualquer outro regime, será obrigatório o pacto
antenupcial por escritura pública, sob pena de nulidade.
c) Possibilidade de alterar o regime adotado: atualmente a lei permite a
mutabilidade do regime adotado, desde que haja uma autorização judicial,
atendendo a pedido motivado de ambos os cônjuges, após apuração de
procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros (art. 1639,
§2°, CC).
2. Espécies
A) Regime da Comunhão Parcial (ou limitada – arts. 1.658/1.666, CC) – é o
que vigora no silêncio das partes ou nulidade do pacto antenupcial. Compreende, em
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princípio, três patrimônios distintos: um só do marido; outro só da mulher e um
terceiro de ambos, adquiridos a título oneroso durante o casamento. Após o
casamento, os bens adquiridos se comunicam. Ficam excluídos da comunhão de
bens que cada cônjuge possuía antes de casar, bem como os que vierem depois, por
doação ou sucessão (e os sub-rogados em seu lugar). Por outro lado cada consorte
responde pelos próprios débitos anteriores ao casamento.
B) Regime da Comunhão Universal (arts. 1.667/1.671, CC) – é aquele em
que todos os bens dos cônjuges, presentes ou futuros, adquiridos antes ou depois do
casamento (ainda que em nome de um só deles), tornam-se comuns, constituindo
uma só massa, tendo cada cônjuge o direito à metade ideal do patrimônio comum
(são meeiros), havendo comunicação do ativo e do passivo. Em princípio só há um
só patrimônio, instaurando-se o estado de indivisão. É necessário o pacto
antenupcial.
C) Regime da Participação Final nos Aquestos (arts. 1.672/1.686, CC) – é
um misto de dois regimes: durante a constância do casamento vigoram as regras
semelhantes ao regime da separação total de bens; dissolvida a sociedade conjugal,
em tese, vigoram as regras da comunhão parcial (cada cônjuge é credor da metade
do que o outro adquiriu onerosamente na constância do casamento. Aquestos são os
bens adquiridos a título oneroso pelos cônjuges na constância do casamento. Há dois
patrimônios: a) INICIAL – conjunto de bens que cada cônjuge possuía antes de se
casar e os que foram por ele adquiridos, a qualquer título, durante o casamento. A
administração dos bens é exclusiva de cada cônjuge, podendo aliená-los livremente
se forem móveis. Em se tratando de bens imóveis um não poderá sem a autorização
do outro realizar os atos previstos no art. 1.647, CC (alienar, hipotecar, prestar
fiança, etc.) No entanto, no pacto antenupcial pode-se convencionar a livre
disposição dos bens imóveis, desde que particulares. b) FINAL – com a dissolução
da sociedade conjugal apura-se o montante dos aquestos, excluindo-se da soma o
patrimônio próprio (Ex.: bens anteriores ao casamento e os sub-rogados em seu
lugar, obtidos por herança, legado ou doação, etc.), efetuando-se a partilha e
conferindo a cada consorte, metade dos bens amealhados pelo casal. Se os bens
forem adquiridos pelo trabalho conjunto, cada um dos cônjuges terá direito a uma
quota igual no condomínio. Como se percebe, trata-se mais de uma compensação
dos bens adquiridos e não propriamente de uma divisão.
D) Regime da Separação de Bens (arts. 1.687/1.688, CC) – cada cônjuge
conserva, com exclusividade, o domínio, posse e administração de seus bens,
presentes e futuros, havendo incomunicabilidade dos mesmos, não só dos que cada
um possuía ao se casar, mas também dos que vierem a adquirir na constância do
casamento. Mantém-se a responsabilidade pelos débitos anteriores e posteriores ao
casamento. Existem dois patrimônios distintos: o do marido e o da mulher. Qualquer
dos consortes poderá, sem autorização do outro, prestar fiança ou aval e fazer
doação, etc. Espécies: a) Convencional – nubentes adotam, por convenção
antenupcial; podem estipular a comunicabilidade de alguns bens, normas sobre a
administração, colaboração da mulher, etc; b) Legal – a lei impõe, por
razões de ordem pública ou como sanção, não havendo comunhão de
aquestos (art. 1.641, CC), nem necessidade de pacto (Ex.: pessoa maior de
70 anos – redação dada pela Lei no 12.344/10) ou que contraiu casamento
com inobservância das causas de suspensão, etc.).
TÉRMINO DA SOCIEDADE CONJUGAL
Morte (real ou presumida).
Nulidade ou anulação.
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Separação judicial (consensual ou litigiosa). Espécies: sanção, falência ou
remédio.
Divórcio (direto ou conversão).

DIREITO CONVIVENCIAL

União estável entre homem e mulher (arts. 1723 a 1.727, CC)


1. Conceito: União duradoura de pessoas livres e de sexos diferentes, que não estão
ligados entre si por casamento. O Código Civil permite a união estável entre pessoas
solteiras, viúvas, divorciadas, separadas judicialmente ou separadas de fato.
2. Elementos: Dualidade de sexos, publicidade, durabilidade, continuidade,
constituição de família, não pode haver impedimentos matrimoniais (exceto quanto
aos separados – judicialmente ou de fato).
• Constituição Federal (art. 226, §3°): Para efeito de proteção do Estado é
reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
• Código Civil.
• Lei n° 8.971/94.
• Lei n° 9.278/96.
3. Meação: se não houver pacto entre os conviventes o regime da comunhão parcial
prevalecerá e o convivente terá direito à metade dos bens por ocasião da dissolução
da união estável (separação ou morte) se adquiridos onerosamente na vigência
da união estável. Não se comunicam os bens advindos de herança, legado ou
doação.
4. Sucessão: o companheiro supérstite, além da meação participará da sucessão do
outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
seguintes condições:
• se concorrer com filhos comuns terá direito a uma quota equivalente à que for
atribuída ao filho;
• se concorrer com filhos só do autor da herança, caber-lhe-á metade do que
couber a cada um daqueles;
• se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da
herança;
• não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
Observação: o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável para casais do
mesmo sexo. A partir daí os casais homossexuais terão os mesmos direitos e
deveres que a legislação estabelece para os casais heterossexuais, sendo tratados
como um novo tipo familiar.

DIREITO PARENTAL
A) Conceito: é a relação existente não só entre pessoas que descendem uma das
outras ou de um mesmo tronco comum, mas também entre um dos cônjuges e os
parentes do outro e entre adotado e adotante.
B) Espécies
1. Natural ou Consanguíneo: ligados por um mesmo tronco ancestral.

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a) matrimonial ou extramatrimonial.
b) linha reta ou colateral.
c) duplo ou simples.
2. Afim: é o que se estabelece entre o cônjuge e os parentes consanguíneos do
outro (sogra, genro, nora, cunhados).

3. Civil: adoção.
C) Filiação: vínculo entre pais e filhos.
1. Matrimonial: oriunda de união de pessoas ligadas pelo casamento; mesmo
que ele tenha sido anulado posteriormente, estando ou não os consortes de boa-
fé. Presunção legal.
2. Não-matrimonial: oriunda de pessoas que estão impedidas de casar
(espúrios) ou que simplesmente não querem contrair casamento (naturais).
3. Reconhecimento: ato que declara a filiação, estabelecendo juridicamente o
parentesco entre pai e mãe e seu filho. É ato declaratório (declara um fato do qual
o direito tira consequências). Pode ser voluntário ou judicial.

DIREITO DAS SUCESSOES


1. Conceito conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de
alguém (bens, direitos e obrigações), depois de sua morte, em virtude de lei ou
testamento. Refere-se apenas às pessoas naturais (a extinção da pessoa jurídica não
está em seu âmbito). A sucessão é uma forma de aquisição da propriedade.
2. Conteúdo
• Sucessão em Geral (arts. 1.784/1.828, CC).
• Sucessão Legítima (arts. 1.729/1.756, CC).
• Sucessão Testamentária (arts. 1.757/1.990, CC).
• Inventário e Partilha (arts. 1.991/2.027, CC).
3. Sucessão em Geral
• Fonte: a lei é a sua única fonte. O testamento pode até indicar o destinatário
da sucessão. Mas ele não é pleno (há muitas restrições ao direito de testar) e
também não é causa geradora de novas disposições sucessórias.
• Abertura: ocorre com a morte do de cujus (real ou presumida). De cujus:
pessoa de cuja sucessão se trata. Lugar da abertura: último domicílio do
falecido (art. 1.785, CC).
• Transmissão (princípio da saisine) → posse imediata.
• Herança: é o patrimônio do de cujus. Trata-se de uma universalidade de
direito. Não é suscetível de divisão em partes materiais (indivisível até a
partilha) e é equiparada a um bem imóvel, enquanto permanecer como tal.
Compreende todos os direitos que não se extinguem com a morte. Integram-
na bens móveis e imóveis, direitos, obrigações e ações. Abrange coisas
futuras. Excluem-se as coisas que se não se desligam da pessoa (direito à
personalidade, tutela, curatela, obrigações intuitu personae, etc.).
• Sucessão X Herança. Sucessão mortis causa é o modo de transmitir a
herança. Herança é o conjunto de bens, direitos e obrigações que se
transmitem aos herdeiros e legatários. É considerada pelo Direito brasileiro
(em virtude de ficção legal) como um bem imóvel.
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• Herdeiros: são os sucessores do de cujos. Dividem-se em a) legítimos:
instituídos pela lei e relacionados em uma ordem de preferência; b)
necessários: descendentes, ascendentes e cônjuge; c) testamentários:
designados pelo falecido em testamento.
• Capacidade Sucessória: capacidade para adquirir os bens no momento da
morte. Todas as pessoas concebidas ou já nascidas, no momento da abertura
da sucessão. Exceções:
• Indignidade: incapacidade sucessória que priva alguém de receber a
herança (arts. 1.814/1.818, CC). Herdeiro que comete atos ofensivos à
pessoa ou à honra do de cujus, ou atentou contra sua liberdade de testar,
reconhecida em sentença judicial. Pode propor ação judicial quem tem
interesse na declaração da indignidade. Encontra fundamento na presumida
vontade do de cujus que excluiria o herdeiro se houvesse feito declaração de
última vontade.
• Aceitação ato unilateral, indivisível, incondicional, não havendo
retratação. Pode ser expressa (declaração escrita) ou tácita (herdeiro pratica
atos compatíveis com a sua condição hereditária). A aquisição da herança se
dá com a morte do de cujus; a aceitação apenas consolida esta aquisição,
retroagindo ao tempo da abertura da sucessão.
• Renúncia ato unilateral, indivisível e solene (não se presume; é expresso:
por escritura pública ou por termo nos autos) pelo qual o herdeiro declara
não aceitar a herança. Deve respeitar eventuais direitos de credores. É
irretratável, mas se admite a retração em casos de violência, erro ou dolo.
Só pode ocorrer após a abertura da sucessão. Tem efeito retroativo, pois é
como se o renunciante jamais fosse chamado à sucessão. A renúncia válida é
a abdicativa: cessão pura, simples e gratuita.
• Cessão transferência de parte ideal da herança a outrem (e não de um
bem determinado).
4. Espécies de Sucessão
a) Legítima: ocorre quando alguém morre sem deixar testamento (ab intestato).
Divisão dos bens de acordo com a determinação legal.
b) Testamentária: ocorre por ato de vontade. O testamento é o instrumento da
vontade, destinado a produzir as consequências jurídicas com a morte de
testador. Subdivide-se em: a título universal e a título singular (legado).
c) Sucessão por cabeça: ocorre quando todos os herdeiros são do mesmo grau.
Cada herdeiro do mesmo grau corresponde uma quota igual na herança. A
herança é dividida entre todos os herdeiros aos quais é deferida.
d) Sucessão por estirpe: concorrem, na sucessão, descendentes que tenham
com o de cujus graus de parentesco diferentes, ou quando a partilha, em vez de
se fazer igualmente entre pessoas, faz-se entre certos grupos de descendentes,
grupos constituídos pelos descendentes do herdeiro do grau mais próximo. A
sucessão por estirpe dá-se na linha reta descendente (filho representa o pai na
sucessão do avô); excepcionalmente na linha transversal (sobrinho representa o
pai na sucessão do irmão), mas nunca na linha reta ascendente.
5. SUCESSÃO LEGÍTIMA. Tem seu fundamento no Direito de Família.
Ordem de Vocação Hereditária
a) Descendentes (filhos, netos, bisnetos, etc.) – em concorrência com o
cônjuge sobrevivente (salvo se este for casado com o falecido no regime da
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comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens; ou se, no regime
da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares).
A herança pode distribuir-se por cabeça ou por estirpe. Regra geral: os filhos
sucedem por direito próprio e por cabeça. O grau mais próximo exclui o mais
remoto.
b) Ascendentes (pais, avós, bisavós, etc.) – Não havendo ninguém na classe
dos descendentes, herdam os ascendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente. O grau mais próximo exclui o mais remoto. A herança é dividida
por linha e graus. Não há direito de representação na linha ascendente.

c) Cônjuge sobrevivente (também chamado de supérstite). Não se aplica se


estiver separado judicialmente ou de fato há mais de dois anos. Direito do
cônjuge, qualquer que seja o regime de bens: direito real de habitação, desde
que se trate do único bem daquela natureza a inventariar. Os companheiros
também possuem direito sucessório, mas somente participarão quanto aos bens
adquiridos onerosamente na constância da união estável.

d) Colaterais até 4° grau – Ordem preferencial: irmão (2° grau); sobrinho (3°
grau); tio (3° grau); sobrinho-neto (4° grau); tio-avô (4° grau) e primo-irmão
(4° grau). O grau mais próximo exclui o mais remoto (se houver irmão e
sobrinhos, herdam os irmãos; se houver sobrinhos e primos, herdam os
sobrinhos). Caso especial: existência de um tio e de um sobrinho neste caso
todos dois são parentes de 3° grau, mas apenas o sobrinho herdará. Na
sucessão dos colaterais pode haver direito de representação no tocante aos
sobrinhos. Os irmãos unilaterais (só por parte de mãe ou de pai), concorrendo
com bilaterais (irmãos por parte de pai e de mãe) herdam a metade do que
couber a estes.

e) Municípios, Distrito Federal ou União. Não são herdeiros, não lhes


sendo dado o direito saisine (não haverá posse direta dos bens da herança no
momento da morte, como ocorre com os demais herdeiros). Há a necessidade de
declaração de herança jacente (herdeiros não são conhecidos ou são conhecidos,
mas renunciaram) e vacante (foi proclamada judicialmente como “de ninguém”).
6. Direito de Representação (ou estirpe) – a lei chama certos parentes do falecido
a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivesse (art. 1.851, CC).
Ocorre apenas na sucessão legítima. Ocorre na linha reta descendente,
excepcionalmente na transversal ou colateral, mas nunca na ascendente.
7. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA – a transmissão hereditária se opera por ato de
última vontade, revestido da solenidade requerida por lei. É limitada, pois deve-se
respeitar a legítima dos herdeiros necessários.
a) Testamento: é negócio jurídico personalíssimo, unilateral, solene e
revogável pelo qual alguém dispõe no todo ou em parte de seu patrimônio para
depois de sua morte. Permite a instituição de herdeiro (sucessor a título universal)
ou legatário (sucessor a título singular). Capacidade para testar: maiores de 16
anos. Não podem testar os incapazes e os que não tiverem o pleno discernimento.
A capacidade é avaliada no momento em que o testamento é elaborado (se o
testador ficar incapaz posteriormente, não se invalida o testamento). Exceções:
filhos ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas
estas ao abrir a sucessão; fundações cuja criação foi determinada pelo de cujus
em testamento.

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b) Deserdação: ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da sucessão,
mediante testamento com expressa declaração de causa, herdeiro
necessário, privando-o de sua legítima, por ter praticado alguma conduta
prevista na lei como causa. Além do testamento é necessária a propositura de
ação judicial. Deserdação X Indignidade. Deserdação: motivo ocorrido em vida
do testador; refere-se somente a herdeiros necessários; feita por testamento, pela
própria pessoa de cuja sucessão se trata. Indignidade: pode ser declarada com
fundamento em atos posteriores ao falecimento do autor da herança; refere-se a
qualquer herdeiro legítimo ou testamentário, bem como ao legatário; ação
proposta por um interessado mediante ação ordinária. Em ambas as situações
exige-se uma sentença judicial.
c) Formas de Testamento
1) Ordinário
a) Público: arts. 1.864 a 1.867, CC. Obs.: o cego somente pode
testar desta forma.
b) Cerrado: arts. 1.868 a 1.875, CC.
c) Particular: arts. 1.876 a 1.880, CC.
2) Especial
a) Marítimo ou Aeronáutico.
b) Militar.
Observação: testamento conjuntivo é aquele em que duas pessoas, em
um mesmo ato de última vontade, dispõem de seus bens. Ele é proibido, seja
simultâneo (ambos dispõem em benefício de terceiro); recíproco (os
testadores instituem um ao outro como beneficiário) ou correspectivo (quando
o benefício outorgado por um dos testadores, ao outro, retribui vantagem
correspondente).
d) Inexecução do testamento
1) Revogação: é o ato pelo qual o testador manifesta sua vontade de
modificar total ou parcialmente o testamento anterior.
2) Rompimento: quando sobrevêm descendentes ao testador que não
os tinha ou não os conhecia; quando o testador descobre a existência de
herdeiros necessários até então ignorados; no caso de reconhecimento de filho
(voluntária ou judicialmente).
3) Caducidade.
4) Nulidade e anulabilidade.
e) Codicilo: ato de última vontade, com menos solenidades (basta ser escrito
e assinado) pelo qual o disponente traça diretrizes sobre assuntos de pequeno
valor (pequenas doações, roupas, forma de enterro, etc.).
f) Legado: disposição testamentária a título singular em que o testador deixa
a pessoa estranha ou não à sucessão legítima um ou mais objetos individualizados
ou certa quantia em dinheiro integrantes da herança. O legatário precisa pedir ao
herdeiro a entrega da coisa legada e não responde pelas dívidas da herança. Nada
impede que o testador, ao atribuir o legado, estabeleça algumas condições.
g) Direito de Acrescer: vários herdeiros ou legatários, pela mesma
disposição testamentária, forem conjuntamente chamados à herança em quinhões
determinados, e qualquer deles não puder (faleceu) ou não quiser aceitá-la
(renunciou), sua parte acrescerá à dos outros coerdeiros ou colegatários (salvo
se o testador nomear um substituto: neste caso não haverá direito de acrescer).

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h) Substituição. É o direito que o testador tem de escolher substituto para o
herdeiro ou o legatário de primeiro grau. Espécies:
1) Vulgar ou Ordinária: o testador indica outra pessoa no lugar do
herdeiro ou do legatário nomeado, caso um ou outro não possa ou não queira
receber a herança ou o legado. Espécies: a) singular (quando se nomeia um
só substituto ao herdeiro ou legatário); b) plural (quando são vários os
substitutos simultâneos); c) recíproca (quando o testador ao instituir uma
pluralidade de herdeiros, os declara substitutos uns dos outros).
2) Fideicomissária: o testador impõe a um herdeiro ou legatário
(chamado fiduciário) a obrigação de, por sua morte, a certo tempo ou sob
certa condição, transmitir a outro (chamado fideicomissário), a herança ou o
legado. Há dois beneficiários: inicialmente o fiduciário; depois, por algum
motivo previsto, há a transmissão ao fideicomissário.
3) Compendiosa: é um misto de substituição vulgar com a fideicomissária. O
testador dá substituto ao fiduciário ou ao fideicomissário, prevendo que um ou outro
não queira ou não possa aceitar a herança.

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Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br

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