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DE CRISTO
A Busca pelo Jesus Histórico e a Divindade de Cristo
Por favor, examine mais uma vez a listagem acima. Não é fantástico que
alguém tão medíocre assim, como se revela Jesus nos parâmetros
históricos, tenha se tornado o personagem mais famoso e querido de
toda a história?
Alan Capriles
Notas
[1] A respeito das discrepâncias nos evangelhos, confira meu artigo
intitulado As Divergências nos Evangelhos Sinóticos.
[2] Uma excelente crítica ao The Jesus Seminar pode ser lida
em: http://www.reasonablefaith.org/portuguese/redescobrindo-o-
jesus-historico-pressuposicoes-e-pretensoes-do-jesus
[3] Lair Amaro Faria é autor da excelente obra “Quem vos ouve, ouve a
mim: oralidade e memória nos cristianismos originários”, a qual pode
ser encomendada pelo site da editora
Kline: http://www.klineeditora.com/catalogos.html
Referências bibliográficas
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Marcadores: Apologética, Ateísmo, Crítica Textual do
NT, Evangelho, Jesus Histórico,Teologia
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
A CRUCIAL DIFERENÇA
ENTRE CRER E TER FÉ
Por Alan Capriles
É bem verdade que o equívoco entre fé e crença tem raízes muito mais
antigas do que se possa imaginar e seria injusto colocar a culpa somente
nos tradutores modernos. O assunto é mesmo tão antigo e crucial que
fico me perguntando se a simples explicação da diferença entre crer e ter
fé não teria evitado o absurdo das Cruzadas e da chamada Santa
Inquisição – vergonhosas páginas da história cristã, onde tanto sangue
se derramou em nome de Cristo. Sei que pode parecer que estou
exagerando, mas erros de interpretação podem realmente ocasionar
consequências catastróficas e é bem possível que esse equívoco tenha
sua parcela de culpa nesses terríveis episódios.
Nos dias atuais a maioria das pessoas define a “fé” como meramente se
“acreditar” em alguma coisa. Entretanto, a fé praticada pelos primeiros
cristãos tinha um significado muito mais profundo do que apenas
concordar que Jesus tenha existido, ou acreditar em seus feitos.
Originalmente, “fé” tinha o sentido de confiança, consonância,
comprometimento, lealdade.[8] Ou seja, ter fé em alguém significava
estar em sintonia com essa pessoa. Não se tratava de apenas acreditar
em alguma doutrina, mas sim de se estar comprometido com esse
ensinamento. Desta forma, para os primeiros cristãos, somente aquele
que praticasse o que Cristo ensinou seria visto com alguém que tinha fé
em Jesus. E se alguém, mesmo sem conhecer nada sobre Jesus, andasse
de acordo com os ensinamentos de Jesus, tal pessoa estaria
demonstrando ter mais fé em Cristo do que um cristão desobediente.[9]
Mas, como antes já foi dito, esse conceito primordial de fé acabou sendo
deturpado no decorrer dos séculos e passou a ser substituído por uma
ideia de crença.[10] Agora já não tem muita importância quem você é,
mas sim aquilo em que você acredita. Obviamente, isso não ocorreu da
noite para o dia, mas em etapas muito sutis, geração após geração. Como
exemplo, cito um dos sermões de Lutero, onde ele explica que “a fé não
requer informação, conhecimento e certeza, mas uma livre entrega e
uma feliz aposta na bondade impercebida, não experimentada e
desconhecida [de Deus]”.[11] Isso nos demonstra dois fatos importantes:
primeiro, que já no século XVI o conceito de fé precisava ser definido,
pois havia quem pensasse em fé como informação, conhecimento e
certeza; e, segundo, que esse conceito já perdera o sentido original de
consonância e comprometimento, passando a ser visto – ao menos para
Lutero – como uma feliz aposta na bondade de Deus. Apesar de ser uma
bela definição para fé, a realidade é que, como vimos há pouco, tal ideia
não condiz perfeitamente com o conceito de fé que se tinha na palestina
do primeiro século.
Quando, por exemplo, Jesus ensinou que “tudo é possível ao que crê”,
não devemos entender esse crer como meramente acreditar. Uma
tradução mais correta seria “tudo é possível ao que tem fé”, ou seja,
àquele que está em sintonia com Deus. Feita essa ressalva, torna-se mais
fácil compreender o que Jesus quis dizer com “aquele que crê em mim
fará também as obras que eu faço e outras maiores fará”. Se o
termo crer desse versículo fosse meramente acreditar alguém poderia
dizer que Jesus houvesse mentido, pois milhares de pessoas realmente
acreditam em Jesus, mas nunca fizeram qualquer obra sequer parecida
com o que ele realizou. No entanto, se corretamente compreendemos
que o Senhor está falando de estarmos em consonância com ele, ou seja,
seguindo o exemplo que ele nos deixou, então desaparecem as dúvidas,
pois dificilmente encontra-se alguém que realmente ande como Jesus
andou, especialmente no que concerne à sua prática de renúncia e
constante oração – mas, quem o fizer, receberá do Pai a mesma virtude
que nele havia, podendo realizar as mesmas obras e outras ainda
maiores.
Quando Cristo afirmou que ele é “o” caminho para o Pai, sua clara
intenção foi apontar a si mesmo - tanto pela verdade de seus
ensinamentos, quanto pela prática de sua vida - como nosso referencial
de salvação. Ele não estava falando de crença, mas de nós andarmos em
sintonia com ele, ou seja, com o que ele nos ensinou e com a forma
humilde e cheia de compaixão como viveu. Isso é ter fé em Cristo e é
somente neste sentido que Jesus é o caminho, a verdade e a vida (João
14:6). Note que esse versículo não fala explicitamente de fé, nem de crer,
mas ele sempre é interpretado como se fosse uma questão de crença, ou
seja, como se a salvação ocorresse por se acreditar que Jesus é o
caminho, a verdade e a vida. Esse equívoco ocorre porque o atual
conceito de fé está de tal forma contaminada pela ideia de crença, que os
leitores do Novo Testamento ficam condicionados a interpretá-lo dessa
forma incorreta.
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NOTAS
[2] O trecho de uma carta que São Jerônimo teria escrito ao papa
Dâmaso I revela o seu temor para com a tradução do texto bíblico:
"Obrigas-me fazer de uma Obra antiga uma nova […] Qual, de fato, o
douto e mesmo o indouto que, desde que tiver nas mãos um exemplar,
depois de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em
desacordo com o que está habituado a ler, não se ponha imediatamente
a clamar que eu sou um sacrílego, um falsário, porque terei tido a
audácia de acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos
livros? Um duplo motivo me consola desta acusação. O primeiro é que
vós, que sois o soberano pontífice, me ordenais que o faça; o segundo é
que a verdade não poderia existir em coisas que divergem, mesmo
quando tivessem elas por si a aprovação dos maus". (Obras de São
Jerônimo, edição dos Beneditinos, 1693, t. It. Col. 1425).
[5] Existe a suspeita de que São Jerônimo teria sido coagido pelo papa
Dâmaso I a fazer alterações em alguns trechos da Vulgata. Sendo isso
verdade, é possível que o próprio papa tenha sido pressionado por
Teodósio, o segundo imperador romano supostamente cristão e que
tinha interesses de tornar o cristianismo mais aceitável para os pagãos.
[6] Mais uma vez, a única exceção parece ser a versão de Huberto
Rohden, onde ele optou por ter fé como tradução para o verbo
pisteuou. Por exemplo, o famoso “para que todo aquele que nele crê
não pereça” foi traduzido por Rohden como “para que todo aquele que
nele tiver fé não pereça”. Interessante observar que essa não foi sua
primeira versão das Escrituras. Rohden, que foi padre jesuíta até 1945,
já traduzira todo o Novo Testamento diretamente do grego, mas,
estranhamente, nessa primeira versão manteve o equívoco da Vulgata.
Teria ele sido pressionado pela igreja católica para manter a tradição?
Ou ainda não havia se dado conta da gravidade do problema? Anos
depois, quando livre do catolicismo, Rohden escreveria o seguinte
alerta, em tom de desabafo: “A substituição de ter fé por crer há quase
dois mil anos está desgraçando a teologia, deturpando profundamente
a mensagem do Cristo.” (A Mensagem Viva do Cristo, pág. 91)
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Marcadores: Ateísmo, Crítica Textual do
NT, Despertamento, Reflexão, Teologia
quarta-feira, 3 de julho de 2013
OS DITOS DE "JESUS" NO
EVANGELHO SEGUNDO
TOMÉ
Todavia não devemos concluir que tudo que há em Tomé seja confiável
somente porque esse evangelho representa uma tradição mais antiga. O
correto é reconhecermos que o evangelho de Tomé nos
apresenta alguns ditos autênticos de Jesus, oriundos da tradição oral,
mas que foram acrescidos de ensinamentos gnósticos, que nada tem a
ver com o Nazareno. O mesmo, aliás, pode ter ocorrido com outros
evangelhos apócrifos, desde que esses também tenham resquícios da
tradição oral, o que parece estar comprovado em Tomé.
Sendo assim, é bem provável que evangelhos apócrifos contenham
alguns ditos autênticos de Jesus que não foram lembrados nos
evangelhos canônicos. O livro de Atos corrobora com essa possibilidade
ao relatar que Paulo teria citado um dito de Jesus que não consta nos
evangelhos canônicos: "Mais bem-aventurada coisa é dar do que
receber." (Atos 20:35) De onde Paulo tirou isso? Se ainda não haviam
evangelhos escritos, certamente essa frase foi transmitida por alguma
tradição oral que preservava o que Jesus teria ensinado. Foram as
tradições orais, ou seja, o que era contado por testemunhas oculares, que
deram origem aos evangelhos - não somente os canônicos, mas também
outros evangelhos escritos na mesma época, como o Evangelho de
Tomé.
[2] Gnosticismo
A palavra "gnóstico" vem do termo grego gnosis, que significa
"conhecimento". O gnosticismo se aplica a diversos grupos de cristãos
esotéricos que proliferaram no século II. Seus adeptos formulavam
outra ideia de Cristo. Viam-no como uma emanação do Pneuma ou o
Espírito do Pai, e o chamavam de Ophis, ou símbolo da Sabedoria
divina manisfestada na matéria. Acreditavam que o conhecimento, e
não a fé, era o caminho para a salvação.
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Marcadores: Apócrifos, Crítica Textual do NT
sábado, 16 de fevereiro de 2013
A MAIS NOVA
(PER)VERSÃO DA BÍBLIA
Penso que, para ser fiel ao que o autor bíblico pretendia dizer (e
considero isso importantíssimo), não precisamos necessariamente usar
palavras estranhas ao nosso vocabulário. E, por outro lado, para que
todos compreendam os textos, não precisamos alterar frases. Existem
alternativas, mas elas parecem não ser levadas em conta pelos atuais
tradutores, que vão de um extremo a outro.
Percebo também que parte desse problema está numa quase idolatria
dos evangélicos pela versão de João Ferreira de Almeida, como se fosse
ele mesmo quem tivesse escrito os textos originais da Bíblia. Já está
comprovado que essa versão contém erros de tradução e que não foi
baseada nos melhores manuscritos em hebraico e grego. Mas muitos
evangélicos insistem teimosamente nessa versão. Aliás, a Sociedade
Bíblica Brasileira já está preparando mais uma repetição do mesmo
tema, que será uma atualização da versão Almeida Revista e
Atualizada. Como será que irão chamá-la depois de pronta? Talvez seja
"Almeida Revista e Reatualizada".
Alan Capriles
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Marcadores: Crítica Textual do NT, Denúncia
sábado, 24 de novembro de 2012
JESUS EXISTIU?
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Resenha do livro "Did Jesus Existed?" (Jesus Existiu?) escrito por Bart
D. Ehrman, mas ainda não publicado no Brasil.
Bart Ehrman é um historiador e teólogo norte-americano que tem se
destacado como um dos principais estudiosos do cristianismo primitivo,
tendo se doutorado pela Universidade de Princeton e atualmente sendo
docente da Universidade da Carolina do Norte. Alguns de seus livros já
foram lançados em português, como "O que Jesus Disse? O que Jesus
não Disse?", "Quem Jesus foi? Quem Jesus não foi?", "Pedro, Paulo e
Maria Madalena", "Evangelhos Perdidos", entre outros. Como agnóstico
declarado, sua firme posição em assegurar que Jesus existiu causou
grande incômodo entre aqueles que negam sua existência.
O texto foi traduzido por Betone Souza e compilado de seu blog.
Veja o texto original em inglês clicando aqui.
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Postado por Alan Capriles 2 comentários
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Marcadores: Apologética, Artigos de Terceiros, Ateísmo, Crítica
Textual do NT, Teologia,Trecho de Livro
terça-feira, 20 de novembro de 2012
AS DIVERGÊNCIAS NOS
EVANGELHOS SINÓTICOS
TRÊS DIFERENTES HISTÓRIAS, MAS UM SÓ
ENSINAMENTO
Por Alan Capriles
Pois bem, não há como se negar que temos aqui três histórias diferentes.
E provavelmente jamais saberemos o que realmente aconteceu: se foi
Jesus quem deu a resposta (Mt e Mc) ou se foi o intérprete da Lei (Lc);
se houve apenas essa pergunta (Mt) ou se o diálogo se prolongou um
pouco mais (Mc) ou muito mais (Lc); se o escriba fez um comentário que
foi elogiado por Jesus (Mc), ou se foi o contrário (Lc); se Jesus disse para
o intérprete da Lei “não estás longe do reino de Deus” (Mc) ou se disse
“faze isto e viverás”(Lc), ou se não disse mais nada (Mt). Não temos
como saber os detalhes do que realmente ocorreu. E também não é
possível juntar as três histórias em uma só, como você mesmo poderá
comprovar.
Mas será que esses detalhes têm alguma relevância quanto ao ensino por
detrás dessas histórias? Definitivamente não! Apesar de não sabermos
com exatidão o que aconteceu, o fato é que nas três histórias o ensino
permanece o mesmo. Esse é apenas um exemplo dentre vários outros
que encontramos na leitura comparativa dos evangelhos. E a conclusão
será sempre a mesma, a saber, a de que as histórias contém divergência
nos detalhes, porém não nos ensinamentos.
Como se não bastasse, nenhum dos quatro evangelhos foi escrito por
historiadores. Sendo assim, eles não estavam buscando a exatidão
histórica quando organizaram os ensinamentos de Jesus, mas sim a
maneira mais apropriada para se facilitar sua memorização e meditação.
Isso explicaria porque a ordem dos acontecimentos muda em cada um
dos evangelhos. Quando o autor de Lucas, por exemplo, tomou
conhecimento da parábola do bom samaritano (que não é contada nos
outros evangelhos), o melhor lugar que ele encontrou para ela foi inseri-
la no contexto do maior mandamento na Lei.
Alan Capriles
Notas:
[1] Digo que temos sorte por haver quatro evangelhos na Bíblia Sagrada
porque, caso tivéssemos apenas um relato canonizado, dependeríamos
da arqueologia ou de alguém encontrar por acaso os fragmentos dos
demais evangelhos, tal como ocorreu em 1945, quando evangelhos
“apócrifos” foram encontrados em Nag Hammadi.