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5 GOBAIIZACAD, pésmedernidads, minovies,inchise soctl, nacional, locale, ragionclsm, lecnologias, desenvckein. Ip, democracto <0 alguns dos femos que nodsiom os quesies do > mundo contemporéngn, eigindo elloxdo dagveles que enliesiom ‘os desafios da ouelidede. tee de ume nove acem sactl que ccboto os insivigdes polices @ ecovtmiens, alere valores, eal: nha leritbrice, eslabelsce neves pects, fozendo etergic novas liangas e socioblidades. © compo cieatlica se reorganizo, er Morfologia social: as especies sociais, 87. Durkheim e a saciotogia cientifica, #6, Atividadkes, 89. Tema pars debate, 92. Letra complementar [Durkheltn ¢ 0 métosio seciologicol, Florestan Fernandes, 92 Gi Sociologia clemé: a contribuigdio de Max Weber, 94. Inteodusi0, 94. A sociedade sob uma perspectiva histériea, 95. A cio social: uma ago com sentido, 97, 6 tarefa do cientista, 99.0 ‘ipo ideal, 100. A élica protestanie e o espirito do capitalisano, 101 Anilise historica © metodo compreensivo, 102. Atividades, 193. ‘Temas para debate, 106. Leituras complementares: 1. [Miotivo & sentido da arto sociat), Max Weber, 108, 2. A ciéneia como vocagito, Max Weber, 199, BB Karl Mors e « historia da exploragia de homem, 110, Inwodugiio, 110. As origens, 111. A idela de alienagio, 113. As classes sociais, 114. A origem hist6rica do capitalismo, 115. O salar, 116 “Trabalivo, valor e luceo, 117. A mais-vatia, 118. As relagoes polticas, 120. Materiaisino histdrico, 121. 4 historicidade e a totalidade, 123, A amplitude da contibuigaa de Marx, 124. 4 sociologia, 0 socialismo fe marxismno, 125, Atividedes, 129. Temas para debate, 132, Leituras eomslementares: 1. [O homer como animal sociall, Eric Hobsbawrn, 1134. 2 [Politicas do antivalor e auteas politcas|, Francisco de Oliveira, 134, 3, [Asociologia e a obra de Marx, Ralf Dahiencort, 135. TV. ACONTRIBUICAO DA ANTROPOLOGIA AOS ESTUDOS DA SOCIEDADE 10 desenvolvimento da antropologia social, 138. sudéreas da antropologia, 140, O evelucionismo, 180 Cevolucionisen na sociologia, 142. Malinowski e Radeliff-Broven a escola funcionalista, 143. Conceitos ¢ métodos tuncionalistas, 4145. apolémica gerada pelo funcionalismo, 147, Arividades, 149 Leituas complementares: 1, IPreconce'tos e ganéncias), lesa Azcona, 153. 2. A indirect rule" dos antrapélogos, Gérard Leclerc, 154, 3, [Os conceitescriados pelo funcloralismo}, Florestan Fernandes, 155 HEstruturalismo: uma nova abordagem, 156. Intradugio, 186. Sincronla, diacronia © historia, 158, Estruturalismo & marxismo, 161. Andlise sinerénics da sociedade, 161. O método. lingutstice, 162, Antrapelagia cognitiva, 163. Antrogologta © sociologia hoje, 164. Atividades, 166. Tema para debate, 169. Leituras complementaces: 1. [45 sociedactes & a historial, Claude Lévi-Strauss, 169, 2. Dos lugares aos nao-lugares, Marc Augé, 170. 3. © anienal como linguagem, George Steines, 171 IEA ontropologia contemporéinea, 172. Introdugte, 172. A complexa questzo da identidade, 175. Identidade, igualdade e diferenga, 176. Complexilacie © diferenciagao, 178, Maioria, minoria, normalidade e dissidéncia, 179, Maioria ov normalidadet, 180. Atvidades, 182. Tema pata debate, 184. Leturas complementares: 1. {0 preconceite ¢ 28 dilerengas de classe social], Antonia M, Calderazzi, 185, 2. Quem voce pensa due 6? Cresca e aparecal, Renato da Silva Queiroz, 186, 3. Poder € mata, Alain Touraine, 187. V SOCIOLOGIA CONTEMPORANEA, TIA sociologia € 0 expanstio do capitalismo, 190. Introdugdo, 190, Nova coupagem para uma antiga relago de dominaca0, 191. © capitalismo do século XX, 193, Novos rumos da sociologia, 196. Alivicades, 198, Tema para debate, 202, Leituras complementares: 1. As elites empresariis no periodo da formagto dos Estados nacionais, Fernando Henrique Cardoso, 203. 2. €iss0 ai, Reteato do Brasil, 204. 3. Allenacao e animalizacio se contundem, Marcelo Coelho, 205. TBA: toorias do desenvolvimento: de evolucionisme a hermenéutica, 207. Introdu80, 207. © desenvolvimento segundo etapas de crescimento econdimico, 207. Entraves ao desenvolvimento: o tradicionalismo ¢ a questio racial, 210. A historia ¢ 0 desenvolvimento, 211. A abordagem dualista do desenvolvimento, 212, Dualismo e desenvolvimento: semelhangas e diferengas, 213. conceito de periferia, 213. © conceite de marginalidade, 214, A desigualdade como principio, 215. A questo dos wscravos: um estudo de caso, 217, Q subdesenvolvimente como principio, 218. Q que sic pases ei deseavolvimento?, 220. Q desenvolvimentisino © a nova tecnologia, 221. A contribuicao fatina-americana, 224, Atividades, 225, Tema para debate, 227. Leituras complementares: 1. 0 crescimento acelerado: mito ¢ realidade, Oria Giarini, 228. 2. As gucrtilhas pela “ocultura’, Nicolau Sevcenko, 229. 3. [Critica & razao ddualistal, Francisco de Oliveira, 229. 4. Continuidades & descontinuidades, Henri Lefebvre, 230. {BH Teorios do globolizoctio, 231. Incradlugao, 231, Pés-Mosiernidade, 282. Informatica & autornagao, 233. Desterriterializaca0, 236, Metropolizacie, 237, Disparidades © desigualdades, 239. Atividacles, 241. Leituras complementares: 1. Passagem da Modernidade & Pés-Modetnidade, David Harvey, 244, 2. Turbilhao digital, Marcelo Gletser, 248. 3. Bemn-vindo ao deserto do real, Slavo} Zizek, 246. Ti Pobreza e exclustio, 247. Invraclusao, 247. Desiguakiade e pobreza, 247. Pobreza abundancia, 249, A pobreza ralative, 250. Estado de caréncia mtlipla, 251. respansabilidade do sisterna, 252. O peso do fator biclogico, 253. pobreza crescente e incémocia, 254, Urbanizagao e ctiminalidade, 253, (O estigma da pabreza, 256, Um exército de reserva, 257. Atividades, 259, Tena para debate, 261. Leituras complementares: 1. Os favelados do Brasil, Maria do Rosario Torres, 262, 2, Q crédito comunitério na fura contra a pobreza, Paul Singet, 263. [EI Novos modlelos de explicagdo sociolégica, 265. {niodusio, 265. Escola de Chicago, 267. Ecole de Frankfut, 270, Sociologia fancess ~ Pierre Bourdieu, 272. Nosbet Elias um socidlogo a civiteagdo, 273, Alvidades, 274, Tema para debate, 276, Leituas ccomplementares: 1 InvodugSo a uma soriologia rellexiva, Pere Bourdieu, 276. 2. processo civzader, Norbert Bias, 277. 3. Qctaviolanni, 278, TBA sociologie © as teorias da comunicagtio, 280. Introdusao, 280, O advento da sociedade de massas, 202, A.comunicacao como midia, 285. A comunicagao como informacao, 287. A ascola de Palo Alto ou 2 comunicagdo como interagao, 208. A teoria critica e a comunicagao coma industria, 289. A ‘comunicagio came cultura, 297, Comunicagio come texto e contexio, 292. Concluindo..., 298. Atividades, 294. Tema para debate, 296, Leiluras complementares: 1. O principe eletranico, Octavio lanni, 296, 2. Fiegio, comunicagdo e midias, Cristina Costs, 297. 3.Por que estudar a midiaz, Roger Silverstone, 298, VIA SOCIOLOGIA NO BRASIL TBA sociologia no Brasil, 300. Inicodugao, 300. A cultura colonial, 300. A cultura e as classes intermediarias no século XVIII, 301. A cultura da corte e o século XIX, 301, O advento da burguesia, 303, A geragéo de 1930, 305, Institucionalizagao do ensing ¢ divalyacae da sociologia, 306. © integralisino ea intelectualidade de direita, 308, A décaca de 1940, 308, A década de 1950, 310, Darcy Ribeiro e questio indigene, 313, 0 golpe de 1964, 313, As ciéncias sociats pos-1964, 315. Atividades, 317, Tema para debate, 318, Leituras complementares: 1 [Em que ditegao caminhart|, Florestan Fernandes, 319, 2. (O ensino supetiar de sociologia}, Sérgio Miceli, 320. 3. (O estudo universitério ainda € um privilégiol, Nelson Werneck Sodré, 320. 4. Florestan Femandes € a formagao da sociotogia brasileira, Octavio lsnni, 321, ‘VIE METODOS E TECNICAS DE PESQUISA ID Sociologia e sociologias, 324. InrodusSo, 324, Sociologia tebrica ou geral ¢sociologia splicasa, 326 Sociologia técnica e sociologia ertca, 328, A cansinho de uma sneegracho, 330, Atwidades, 331. Temas para debate, 332, Leiuras complementares I. (A sociologia aplicada. —o ambiente intelectual roste-americano}, Florestan Fermandes, 833. 2.Os vajantes re imaginios Oczavio lanni, 384, BBA realidade ¢ os métodos de observasiio, 336. Introducao, 336. Modos de ver, 338. Indicadores, 339. Indicndores quanitatives, 340. Observacao, 341, Observagio em massa, 342. ‘Observago patticipante, 343. Odservaca0 controlada © obserwagdo participante, 344, Odservando documentos e regstros, 344, Registrando SUMARIO a cbservagdo, 345. Atividades, 346, Temas para debate, 348. Leituras complementaras: |. Educagso a distancia —entie 0 entustasno # a critica, Cristina Costa, 349. 2, Técnicas instrumentos de observacao, Perseu Abramo, 351 HEE Experimento, questionéirio, entrevista, grupo de foeo..., 353. Experimenta, 33. Questionsrio, 355. Enews, 356. Amostragem, 258 Atividades, 358. Leituras complemen'ares: 1. Vantagens € desvantagens, Perseu Abramo, 363. 2. Poema pedagsgioo, A. 5. Makarenko, 366 i Outras fontes de dados, 365. Dados censitrios, 368, Historia de vida, 366. Levantamento histérico, 368. Pesquisa iconografica, 368, Pesquisas de intervencao, 371, Criterios de escolha — pesquisas quantitativas e qualtativas, 372, CO sucesso te uma pesquisa, 373. Novos recursos, 374. Atividades, 376, Temas para debate, 377. Leltura compiementar: 1. [Sobre a histiria de vido como métodol, Eciéa osi, 383, Conceitos bésicos de sociologia, 385. Bibliografic, 409. Introducdo © conhecimento como caracteristica da humanidade Nas mats varaclas expe animals, eneontramos formas de comport nant etelacioramentacuenos ker pensar na exsncia de epulridades {que oelenan sa ve erm grup — es anima’s se agrupam, conver, com. jem, acasalom, sobrevivem ese repradzem de forma maisoumenosorde- nada, em fungao de suas caractristicase do ambiente er cue viver, A preservacio das espécles animals e seu aprimoramento parecer ser, como afirnou Darwin na feoria sobre a evolugdo das especies, 0 hjetiva los habitosele vida, conviveneta e sonfabifidlade. Assim, 05 api mais desenvolvem estos proprios de compestamento que Ihes permi- {ein a reproducio e a sabrevivencia. Estabelecem para fo modelos de comportamento complexes, com sistemas de acasalarrento, alojamen- to, migragio, defesa e alimentagio. © homer, como uma denire as varias espécies animals existentes, lambém desenvalveu processos de convivencia, reproduc, acasalamento & defesa. Desse modo, apresenta uma série de atiudes Pinslintvas®, sto 6, aches €reacdes queese desenvolver de forma espon- t2ne9, dispensando 0 apreadizado, come respira, ergata, allmentar- -se, Proveniente de sua bagaxem genétice, ohomem deraonsta também ser capaz de sentir med, prazer ou trio e de estabelecer relacoes de amizade # parentesco. Poré, quer por dificuldades impostas pelo am- biente, quer por partcularidades da propria espécie, © fomesn tarabém thos ens ataso, professor diel, ese que segride), com acontecimentos ne a0 redor do cimpus, com as tenses com a administrago cla Casa = com O8K0s cesidenles, Muito poveas Assuntos pessoais exizn abou dos (por exemple, a solid, ap dfculdaces Financeicas), hem cone) os remiss politicos, de quakquer nivel, Os assunios no erain tracadon er profundidade: ees iam e vinham, agitachas pelo uxo conversacional Os assunios de conversagio durante 9 café cu 0 chit do fim de refegto refletiam menos o arnbiente imediato dos patceires. Ecam tam- ‘bem tratzdos com mais calms, com menes choques ¢ inesmupgaes. AS pines, a5 dradas elpidas, que erau quase obeigatrias durante a refei- (fo, tomavam-se mais raras. A essas muclancas de rine comrespondian abides fsicas: depos de fantar, os paticipantes se secestavam, otsanclo um maior espagn ene eles ea mesa e samando cvidado para ito se tocarem com os cotovelos on com as onabras. & husnaga cle urn cigaio-tnenavasie o melo de permanecer preseate sem ter de falar" TWINKENY Yes. A mye coma Cannas Pups, 19.9. 159 Pedro nig sabe mas talver no fund lespere algums coisa mais linda que o mundo Maior do que © mas, mas pri gue sonhar 52 di o desespero de esperar denals Pedko pedieiso quer volar aus, ‘quer ser peckeio pobre e nacla mais, sem far Esperando, esperando, esperanclo, especando © sol Esperando o rem, esperando aumento para o més que ver Esperaredo um filo pra esperar eumbém [sperandoa fsa, esperand sate, esperindora moe, sperandoo Note JBsperando o dis de espera ninguém, esperando eatin, nasa ras aléo> Que a esperanga allza, endt, infrita do apsto cle rs trem Fedo pelreire pedeein esperandg Pedro pedreiro pedreiro esperando ‘Fedo pedro pedkeiro esperands 0 ten Que i ver, que ja vem, que fi vern, que fi ver, Chics Roars, 2956 Se 0 agricultor ¢ sex planejaments 16 Ne canedo de Chico Buarque de Holanda, procure es requieridaces que ele atibul «9 protagonista Pedro Pedro ¢ tente saber quais delas correspondem a teda uma, colegorio social que Pedso representa, “Brotonclemos, neste autigo, tentas iauginar como umn teaccional produior de gvios planejasia 2 sua abividscle para os prowimos anos, Para canto, vannios considerar hipoteticamente um proprietirio de tet~ Pears Redireiro Pedro pedeieo pense esperando «trem Manhi parece, earece de esperar também Para 6 ber dle quer tem bes de quem no tem vinteen Palo pedseivo fica assim pensando Asstn pensando 6 tempo passa e 4 gente vai feand pra tas Esperanda, esperando, esperanclo, esperando 0 sol Esperia @ tem, esperando anmenta — desde 0 ano passad para o més que vem Pedro pedeeiro espera o caraaval Fs some grande co bilhete pela federal rodo més Esperando, esperando, esperando, esperind o vol Esperande 0 em, esperando aumento para o més que vera sperando a festa, esperando a sorte Ba mulher de Pedra esti esperando um filbo pra esperar também Geltio} Pedro pedreito esd experiado a mote Ou espenindo o dia de volar pro None ras que tein o perfil, como agricuker, da nigcia dos produtoves. Sha gleba é spropriada pars 0 cultivo de cereals, ainds que tena, ao pasado, se iaclinado no wtivo do café e dt capa-deaciicar. Sas maquinas © implementos agricolas so prOprfos para a cultura de ino, sojs ¢ igo, principas produtos que comercializa. Nose personagem — como st maforia de nassos ageicultores — ramibésn amargou temporadas assa2. critica, mdxime nos fllig0s anos. Momentos houve de desinimo, de desolacio, de tisteza. Pensou inuitas vezes em abandonar, como tantos outros, atividade adicio~ nal da familia, pois sentia 2 aproximagio de ser obsigado a vender suis terras para honrar seus compromissos. O ponte alto dessa ctise ‘ecorrew em 1985. ‘© nosso produior, mesmno em face dlessas adversicades, sempre acreditanco que o ‘sucesso de amanfed depende do nossa trabalho de hoje’, redobrou suas forgas & continua com 0 seu teabalho pers verante, apostando, nos tltimas meses, no cultive do ttigo.” Fotba ce § Panto, 2 on. 192 # Come podemes pereater, esse lia, « penetrardo do pensomen'o socicibgico nos meios de comunicasde de massa? Er cus Bobre a sociotogia precctentificals A sdogla ome mode expe eta do copra anit woes ds cones e exert den ttre ‘corset apd teed pesunt mide spun paroles prcten terrains engees pan dete se cada Grécia, da China ou da india, Isso faz tanto sentido quanto liga {25am soos do pesmi, Na ean ec it depute Lenn de epi do mo, ops andes 0 tte aa Erte apeages a cus pont eter cao sez4, com os animais ou com outros seres humanas, as instituigoes i . . socials, a0 sagrado ¢ ao destino humano. O mito, a eeligido ¢ a filo S OC O Wedineeaspunspasformepecenticacccecencae fl A lIOlOg!Ia Me cpa cs cones te tates oe . y ‘ais modalidades de representagio da vida social pada tém em ql ; , conve rom 2 saologa Has pectic, is wae com expo preci ent! fj ca jstemitico € coon profundidade critica, fcetas complexas da vida s0- F cial, Também desempentiarar ou cesempenhams, em seus contexts cculturas, Fangtes intelectuais similares 2s que cabem a vociologia na. ‘vlizacae industrial moderna, pois Coekss Servem aos mesmos puOpd: i silos € 2s mesmas necessidades de explicaglo da posigito do homer fno-cesmos, Entretanto, nenhur desses pontos de contsto olerece base A suposigac de que essas formas pre-cientificas de consciéncia on da i ‘explicagis da vida social renham conoiouido para a formagso © © deseavalvimeato ch sociofogia. Em particukar, elas envolven tipos de rociocinse fundamentalmente distintos e opastos a0 raciocinic elenti co, Mesmio as flosofias greco-romanas e medievais, que deram releve ‘especial a reflexao sistematica sobre a caureza buumana © a organize fo das sociedades, contrastim singufarmente com explicagao socio Jogiea, E que, como riotoe Durkheim, ‘elas tinhan, com efeito, por ebjeto nto explicar as sociedades tais out quais elas so ou tis ou quais elas foram, mias indagar 0 que as sociedacles devem set, como las cevem arganizarse, para sever tao perfeitas quanto possivel’" FERNANDES, Flostan. Esai dosoctebgia gona atid ‘io Paulo Ponca 1900 30-31 Pa cieer ca som Entender 0 texto [ . eats oe rence eS 1 Guol o principal ideie que o autor defonde no texto? 2 Qual e ideie que o aur fonta reutar? 3A rose: “Iso fox tanto sentido quanto liga és formas oréilséficas do pensamen: to" foi elaborada pelo autor come uma afirmacao ov como uma oni? lusiique, Rye recs eee eet “Tanteda soa o lot ene colcates nfo convam da eviginal ste de os ato * O Renascimento Introduséo © Renascimenta considerado um dos mais importantes momentos da hist6ria do Ocidente, eniendido por muitos estuciosos como a rupt= ra entre o mundo medieval, com suas caracteristicas de sociedade agra- fia, estamental, teocrdtica e fundidria, e 0 mundo modeme urbano, bu- ‘gus e comercial Mudancas signiticativas ccorrem na Europa a partir de meados do século XV lancando as bases do que viria a ser, sécaios depois, o mun- do contempordneo. A Europa medieval, relativamente estavel e fechas da, inicia vm processo de abertura e expansio comercial @ maritima, A identidade das pessoas, até entav baseada no cla, no offcio e na propr'- edade fundisria, encontra autras fontes de referencia no nacionatismo ‘¢ no cultivo da prépria indivicualidade, Uma mentalidade mais laica foi se desligando do sagrado das questGes transcendentais pata se Docupar de preocupagiies mais imediatisias e materials, ceniradas prin cipal mente no homem. E, embora as dlivicas metaffsicas que ocupam o pensamento humana desde a Antiguidade continuassem como objeto de reflexdo, hai crescen- te Interesse por umm conhecimento sais pragmético do que meramente speculative: Diferentes visdes do Renascimento Segundo alguns historiadores,essas transiarmagoes, que se piocessa- ram cada vez em ritmo mais acelerado a patic dessa época, decam ori em a uma mentalidade renovadora, repudiando 0 misticismo € 0 conservadorisro proptios do feudalismo, por isso mesma considerado ‘por eles como a Idade das Tievas © do obscurantismo. Esses pensadores avaliaram de forma positiva as mudancas que abalaram primelramente a Ialia.e depois os demais paises da Europa — responsavels pelo desen- solvimento do comércio, da navegagao e do contato com outros povos, polo crescimento urbano & pelo recrudescimento da proctugao artistica © Iterdtia, Por tudo isso e pela retomada de principios norteadores da cul- tra greco-romana, rejeitados, em parte, pelo pensamento medieval, esse movimento recebeu 0 nome de Renascimento, sindnimo da importancia. ‘que passou 2 ser dada ao saber, a arte e enucicao. Outros historiadoves, entietanto, mals pessimistas, percebem essa éo0ca como um periodo de grande turbuléncia sociale politica, Para cles, € imposstvel no reconhecer como caracteristicas marcantes do Renascimento a falta de unidade politica ereligiosa, 0s confltos entre as fragbes que se formavam, as guerras interrindvels e a8 perseguides reli- siesas, desenvolvidas no esforco de conservagio de um mundo que ag0- hizava, Consiceram como sintomas dessa conjumtura os exflios, as con denagbes, 08 longos processos politicos ¢ eclesiésticas, 08 grandes _genacidios promovidos na América eo ressurgimento da escravido como insituigao legal. Significative também desses contlitos fol o desenvalvi- mento de uma flosofia pessimista da historia, pautada em uma angdstia escatoldgica na perspectiva da proximidade do fim do mando. De fato, um certo clima de fim de mundo perpassa a producao art tica do periodo, expresso na Divina comedia dle Dante Alighieri, no julzo Final de Michelangelo, pintado na Capela Sistina, em Roma, ¢em ‘ings quadros do artista ftamengo Hieronyenus Bosch, Lm sentiment de inseguranca e instabilidade esta presente na produgae cultural des- sa Spoca de profunda transicao. A retomads do espirito especulativo Apesar dessas contradigdes ~ ¢ talver por causa delas ~ 0 Renascimento representa una nova postura do homem gcidental dian- te da natureza e do conhecimenta. Juntamente com a perda de hhegemonia da Igreja como instituigao e o consequente aparecimento porere fied feos punidos, 0 gat mai 0 ped Bala espsrama Hustaga0 de Gusts Bore 10952-1885) para ‘sedigha da Davina Comedia, A cena representa 6a de Dontec Viral no imo, Primi Cito da teen, connie et8025| canes em teaumo 208 pagien. © anita feuresca 2 W500, sa sociedad da fee Fr conas como a desse banquets, of pinores renascemlists (cules XV @ XV eatovan a vida terena, de novas doutrinas eseitas conclamando sees seguidares a uma leitura interpretativa clos textos Sogrados, o homnem senascentista redoscobre a “importincia da divida ¢ do pensamento especilativo. O conhecimen, to deiva de ser encarado Como uma revelagio, cesuliante da contemy plagaa e da {8, para volta a ser, como o fora pata os grewos erornants, © resultado de uma bern conduzida atividadle do pencarente Assim, flosofia, ciéneiae arte se voltaram para 2 realdlade conere- ‘a, para o mundo, numa ansia por comhect-lo, descrevé-lo, analiea-lo, medio, quer por meie de instrumenios e técnicas, quer por mole do pena e do pincel “Ovisivel 6 tarabentintelig(vel”, afimou Leonardo da Vinci, alu indo as possibitidades de conhecimento peto plena uso dos sentic dos @ da mente Por outro lado, a via tetrena parece adquirir cada vex mais impor t€ncia e cam eta a propria historia, que passa a set concebida de um onto de vista eminentemente human. Estimulado pelo individualls. mo eHoesto dos valores que o prenciam inremediavelmente a familia & 20 €l3, 0 homem assume seu papel na historia come agente dos acon. tecimentos. Assim, aos polcos, ele rejeita as teorias que © apresentam como pecadore decaido, um ser em permanente divida para com Deus, Para assumir, numa nova perspectiva huumanistae laa, a 302 partic. agao ativa na histécta, Aarte expressa dle forma imvpar essas tansformacaes: Shakespeare, Culos personagens parecem ter engendrado as caracterticas do No. mer maderno, evoca constantemente em suas peas 6 dificcidades humanas diante de sentinentos conteaditériose dla liberdade de acco, Também repletas de glandiosidade so as imagens com cue Asonoca canes Desai do jutzo Final (1536. 1841), aesco de Michela, 0 Renae mente se caracteriza por wna nove postr do bomen etdentat late ee naturexa edo conbecimente Michelangelo representou a criagho do mundo, acontecimento ‘apabsonante que aproxima, de forma inovadora, Deus 9 homem. Esse 0 homem novo do Renascimento: aquele que se liberta da tradigdo pela divida confirma seu valor através dos resultados de seus esforgos: aquele que confia em suas experiéncias ¢ em sua ulzio; o que confia ao novo, pois assume sua realizado dentco da temporalidade PRSSANA. Jv Amen Mo Paani « piu Iv NOVAED,Adauia tnapemumenie "Sh Pada: Compan de taan 16. Enesse ambiente propicio de curiosidade, divide e valorizagao hu~ mana que 0 pensamenio cientifico adquire nova importancia e, com le, 0 interesse pelo entendimento da vida social. © desenvolvimento das cidades e do comércia, as viagens mariimas, 6 contata com outros ovo desafiavam os homens a pensarem a sup realidade proxima e a compararer diferentes culturas. Descobertas de riquezas, de terres, de regies alimentavam a imaginacae da homem renascentista, que pas sou valorizar 0 “novo” e a consideré-lo sinGnimo de “snarauilhoso" Estimuladas por ele, as pessoas rompiam com 0 passado @ buscavar novas explicagbes para um cendirio diferente que se descortinava © para ‘equal a8 antigas crencas nao serviam mais Esse o Horizonte em que se situa 6 descobrimento e a conquista do Novo Mundo, como se fora uma zealizagto € ‘uma fabulaco ca oravessia desvenclindo espagone tempos, “Cott a invengao da América a eultars do Ocidente conseguc, por fim, apropriarse da totalidide da Terra como algo proprio... Ea hora em que o homem ocidemtal coacebe a si proprio come senhor nato do cosmo " av. gras fesmunde. ode anes ante Ban 000 p28 Acoso dese teferese 2 Beaune Goan dt bconctin de ke Arc Mexico: Fondo de Coles Eeeménka, 1958 p81 Até mesino @ desesvolvimento tecnologico, que se torna cada vez ‘mais acelerado, revaluciona a maneira de olhar 0 mundo, provocande mudangas nas relagdes humanas © na producio material da vida. Ao ctlar @ prensa, Gutenberg oa a Europa o instrument que faltava para saciar a évidla necessiiade de comunidade livre pensante de ler os clés sicos, realizar pesquisas empiricas, elaborar hipdteses e tornavias cone Cidas. Assim se inicia um processo inreversivel de divulgacao do conhe- cola manifestava-se no exame sistemtico ¢ contvolado das plantas ¢ dos anitrais, enquanio a observagdo e a classilicaglo se ranstormom em método do conhecimento, perdendo sua atitude ingenua e sua espontaneidade, Multiplicam-se 0s jardins botdnicos, 0s zoolégicos & as colegdes de espécimes, exibindo um nove tipo de curiosidade e a preocupacao com procedimentas adequados de estudo e observacko. CO conhecimento desprende-se também do visivel para aprender tea~ lidaces inteiores ¢ invisiveis, 66 discerntveis pelo uso adequado da investigagdo racional. Aumentem as indagacées acerca do movimen- tomecinico e da luz Usagto de macséo adie se Xi de aoe exconhecido, ‘Rrocietae yor emergin domovimeno renascentss alive 2 lve concani comaacio. —Apactossscomaac cone AG Museus ou “gabinetes de curiosidades" proliferaram nos culos XVI, XVIL e XVII Alguns deles eam farsasos fem toda 4 Europe: ndo 9 as gabinetes dos principes (Rodolfo 1, em Praga, por exemplo, ow Luis XIV, em Pa: ris), mas também de individuos pasiculaces, como 0 clé- igo Manfredo Seraala, em Mila, 0 professor Ulisse Aldrovandl, em Bolonba, o boticirio Basilius Besles, em ‘Nuremberg... Nada menos que 723 colegdes exam conbe- cidas no século XVII s6 em Paris ‘BURKE, Pte. i bist socal do confecoment Tie jneio: Za, 200%, 9. 100. ‘A sociedade inteligivel E, sobre a base do individualisme @ da laicidade estimulados no Renascimento, essa curiosidade ciertfica secirige, de forma inusitad, pare 1 compreensio da sociedade, que passa a set vista como uma realidade diferente e propria, sobre a qual Interferem os homens como agentes. Da ‘agi consciente e interessads sobre a sociedade resutarn diversos modelos de organizagao politica -— a Republica, 2 Monarquia — que devem ser eterccios ¢ implementados come formas possiveis de intervenca0 € 10 Comp resultado de acaso ov do destino da humanidade. Sua validade deve Sec buscada na angumentagaa coerente ¢ racional que tem por objetivo a realizagaeo do homem na corunidade e o exercicio de sua Woerdade. Con- Seguia-se assim, vishumbrar, nesses primdedios do pensamento sociol6gico, 3 oposiggo entteindividuo e sociecade, entze iberdarle e controle social. (Os anos da metade do século XVI foram significativos pelo uso de panfletase jornais em que monarquistas © par lanentarisias expressavam sexs respectivos poatos de vist Brive 1640 © 1663, um lize, Georges Thomason, equiva- lente inglés do parisiense L'Estolle, colecou perto de quinze nil panflets € ais Ge sete mil ernals, colegio conservadk, tna Biblioteca Blcnica ¢ conhiecid como Thomason Tratos. ‘A deflagiagio da guerra civil tumbém coincidis com © cha ‘nado "surgimenra do livzo de noticias Inglés” em 1681, Meccurus Avlicus fot umn jomal importante para um dos lados, « Mercurius Brltnnius, 0 equivalente para 0 0m Tad, vals qual produzindo sus versio dos eventos. ‘BURKE, Peter (ma bitoma seca a mii Wis de vee Zar, 2008.58 A tlustragaio, movimento fkoséfico que sucedeu o Renascimento, ba- seava-se na fice convicgio da razto como fonte de conhecimento, na ciitica 2 toda adesao obscurantista e a toda crenca seen fundamentos racionais, assim come na incessante busca pela realizac30 humana. Ei relacio & vida social, 06 fil6sofes da llustracao procuraram entender a 44 Awanosanécoronce I ojo par un gun de sss oa com ua eae ens, Pee Gait ORenmenta voraos srr ceric ¢ueode [oUt gun como do ner een cess cro Be ace erolamenmuasvmpetacks e ents sociedade como um organisme vivo, ou seja, composto de partes inmerdependentes, cada um delas com suas caracteristicas & necessida- ides — 2 ageicultars, a indistia, a cidade, o campo. Desse exercicio de discernimento resvltou também a compreensao de diferentes instincias dda vida social — as telagies paliticas,jurfdicas e socials ‘Das telacfes entre partes ¢ nstnclas constituintes dependeo funcions- rentodo todo, no qual se furdamenta 0 conceto de nagSo—um conjunto organizado de relagies intersocietsrias, O nacionalismma emergents do Renascimento,identificado ainda com a pessoa lo monarcae associady a0 sentimento de fielidade @ sueicao, dé lugar a nado de uma coletividade Drganizada @ contraual, epresertaca por sistemas legis, policas @ ad-ni- sistraivos convenientes. © poder surge como uma construc légica ej diea,incependente de quesn c ecupa, deforma temporaria represontativa. Percebe-se nos fildsofas da tlustragao 0 aprofundemento no estudo das relates sociais, 0 desenvolvimento de analises abstratas da realiia- ce e a capacidade de criar modeles explicativos para 0 funcionamento dda vida social, Todo esse esforgo ilosotico se expressava tanto no princt+ pio de representatividade politica como na constcugic de teorias para explicara origem da riquez2 edo valor das mercadarias. Conceitos corso ‘ode Valor e Estado exigitam um esforgo te6rica importante: identifiear as celagies fundamentais para 2 compreensso de um objeto, aprender aqullo que é permanente nessas relagbes em diferentes épocas e lugares assim, construir modelos abstratos cue expliquem seu funcionamento. E-finalmente, projetar mudancas baseadas na aco humane ovganizada pa razio, pela vontade ¢ pela expectativa de uma vida mais satistatéra, Alanine orm com 45 Em busca da razéo prética © Renascimento correspondeu a. urn perfado de sistematizagio do pensamento burgués, c2racterizado por uma mentalidade laica que va- Torizava 0 gosto pela vida e @ racionalismno, atribuindo ao individua va- lores pessoais que no provinham da sua ovigem, propriedade au cesta, E, embora ainda expressasse certa transcendentatidade religiosa, 0 Renascimento exaltava a natureza e os beneticios da vida terrena, fos sem eles 0 éxtase religiose ou o simples prazer dos sentidos. 16 aos séculos XVI e XVII entretanto, o frtalecimento de um pode- 030 mercado internacional, praticamente de Arbito mundial, oavanco a produgio maciga de produtos (inicio da Revolucfo Industral na In- slaterra, no século XVI} ea consolidago do lucro Corno una aividacle esejavel¢ just, foram fatores que est? mularam a intelectualidade bur {guesa a avancar para a elabsaragao de um pensamento pr6prio. Assim, 0 onhecimento se transformava nao s6 nua exaltagz0 a vida e dos Feitos de seus hers, mas também num processo que se revelava itil @ aplicavel 3 vida peatica, Afinal, o desenvolvimento industrial se anunci- 4a em toda sua potencialidede © os empreendimentos, quando bem digs, prometian lucres miraculosos. Era preciso preparat as pessoas pata iso e planejar a produce em bases confiaveis expedient A sociedade apresentava necessidades urgentes que desatiovam os cientstas. De um lado, melhores condigdes de vida: prolongamento 6a exisncia humana © uma predispasicao das pessoas para usucutrern sempre qué possvel, tuso 6 que se produaisse de bom e de bens. De outzo, 0 desenvolvimento tecnol6sico capaz de baratear os produtos, aurnentando a produtividade © aprimorando a produsao ea armazena~ ‘gem de mercadoras, 0 transporte e a distibuigao de pessoas e bens. “uel isso resultaria na formagao ce um pyandle contingente de rabalha- ddores e de consumisores, em novos habites de vide ¢ de relacionamen- to, nouso denavas tecnologias e produtos. A sociedade avangava paia a inddsmia a cultura de masse ‘Mas planejar e projetar o futuro exigia a concepgo de um tempo & de um espaco determinadas, corfirmando 0 nascente conceito de esta- ‘do nacional — um teritério soberaro sobre o qual a burguesiareinava, imarimindo uma politica que privilegiava o desenvolvimento econémi- co e as necessidades do mercado. A nagio deveria se crientar por uma palitica que favorecesse a prosperidade e a acumulagao de riqueza & {que tivesse na individuo sua mola-mestra, Um individu liberto das arar= ‘as do passado — da religito, da fé da culpa e do pecado, das oficinas de oficio, das soberanos e dos sacerdotes —, mas pleno de descjos © expectativas de realizaco pessoal ede liberdade para aglr, movimentar- -se, consurni,gerirnegécios e lucrar Novos valores guiznd a vida social para sua modernizacao, mais pesquisas e a exploragao de novos campos do saber, avangas tecnicos, Awenocu A emengente soctedide purges apresentava necessidades eargentes que desafiavam os clentistas. apfg ee ‘Jaalto otimista em relazao 20 futuro do homem, o que levou a esse surto de ideias, conhecido pefo nome de “ilustracio". tm movimento que fpropunta uma atitude curiosae livee que se estendia tanto & elaboragio {edrica como & sistenstica observagao empitica. Que acreditava ser 0 conhecimento fonte de saber, de realizacao e de satisfac3o para ahuma- ridade, Que acreditava na evoluao incessante do ser human em dit ‘G0 etapas cada vez mais avangades de sua existéncia como espeécle, A filosofia social dos séculos XVII e XVIII “Todas essas mudancas eve tiveram origem no Renascimento, envol- vendo a destino das nacbes, o desenvolvimento das comunicagdes ¢ dos transportes, a cléncia e o conheclmento,tiveram, inicialmente, mais &xi- to-com governos absolutistas e centralizados que haviam selade a alian- ‘ca entie a antiga nobreza feudal © a emergente burguesla comercial. Porém, conquistadas as primeiras vilorias dessa revoluco econdmica & politica, em que um poder central garantira 2 emargencia e a organiza ‘gio dessa nova ordem social, os estados absolutistas se tornavem um ‘empecilho 3s exighncias de liberdade ¢ expanse de mercado. A bur~ ‘guesia ansiove por se libertar das amarras estabelecidas pelas monarqu- ‘as absolutas que atravancavam livre iniclativa, a llaerdade de coméxcio, ea concarréncia entre salirios, pregos e produto. ‘A burguesia jd se sentin suficientemente forte e conflante em seus propésitos para dispenser o absolutismo, regime que havia permitide a ‘consolidacio do capitalism. Fortalecide, ela propunha agora formas de. _governo baseadas na legitimidade popular, dente as quats surgia pre ponderane a idula de Republica. ingpirada pow ela, ergueram-se handei- ras conclamando 0 pove a aderir& defesa da igualdsde juridica, da de- moctacia, ainda que resrita, e da liberdade de manilestagao polltica ‘© pensamento da ilstragio defendia a ideia da economia realda par leis naturais de oferta e procura que tenia a estabelocer, pela livie concorréncia, de maneira mals eficiente do que os dactetos reas, 0 me- Thor prego, 0 melhor produta eo melhor contrato, Fiéis a essa proposta havia econornistas que apostaver na industria ¢ 0s que defendiam a _2ricultura como a fonte de (oda riqueza, opondo-se 20 uso ocioso que 3 nobreza fazia de suas progriedades agrérias — eram os chamados fisiocratas. ‘Tendo por base a ela de que a sociedade era regida por leis naturats, semelhantes em seu determinismo 2quelas que segem a natureza @ a relagio entie as espécies, 06 fildsofos da lustracao releltavam toda forma de contale politica que interviesse sobre essa racionalidade natural © fisica. O contrale das relagdes humanas, especialmente as pradutivas, deveria resultar da live acao dessas leis, cua kégica era objetivo da cién- cia descobrir 0 desemvott. mento de captalisme estan sistemattzagaon do pensamento sociation Alusucin ca cpu conan 47 Dente 0s defensores da racionalidade como base da organizacao. da vida € clo pensament humano destacaram-se os franceses René Descartes © Denis Dicierot. © primeire deles, por sintetizar essa fé inabalivel na razdo na frase “penso, logo existo", acabou por em- restar seu nome — em latim, Cartesivs — a esse principio que ficou conhecido como “tacionalismo cartesiana” Assim, a ideia de uma racionalidade natural perpassava a compreen: sia lo homem, de sua vida em sociedarle e de suas atividades prod vas. O principio de liberdade admis que, live de coibigdes, obstaculos «© jugos, © homem seria capaz de exercer sua soberania, escalhendo bern entre fins e objetivos propostos. As lels naturals regulariam as relagoes lecontimicas as sociedades seviam construldas com base na vontade livre e nas relagdes contratuais firmadas ene as homens, Também francés, Jean-lacques Rousseau foi urn dos mais ardorosos defensores dessa ideia e um dos mais ferrenhos critcos da socledade de seu ternpo. Em sua obra Contato social, afiimava que a base da vida social eslava no interesse comum e no conzentimento unanime dos homens era renunciar 3s suas vontades pariculares en favor da coletividade, Mais pessimista que outros filésofos da sua énoca, Rousseau rejeita- va a idela de evolugae ¢, buscando desvendar a crigem das desigual- dades sociais, procurau reconstiuir a historia da humanidade desde 9 igualitasismo primitive até a sociedade complexa e diferenciada, Desse modo, identificou no aparecimenta da propriedade privada a fonte de toda diferenciagao e injustiga social, Tornou-se, assim, partidério de ‘uma sociedade que defendesse principios igualitérios e cuja arganize- 0 politica tivesse uma base livre e contratual, pringipais Femas da Revolugda Francesa que se avizinhava, Jean-Jacques Rousseau aa7i24778) Nascido em Genebra, ftho de burgueses protestantes, Rousseau teve tum vida errante que o levou continuamente da Suiga 3 Franca, 3 lia 2 Inglaterra. Foi aprendiz de gravador, secretirio de nobresilustes & st seminarista. Dedicou-se também ao desenho, 4 pintura € a masiea 'Na Franga, fo contempo-dneo de fildsofos da llusvagio, como Diderot. Suas principais obras foram Emit, Contrato social, Discurso sobee a ‘rigem ¢ 0s fundamentos da desiguafdade entre os homens e Discurso sobre as ciéncias © as artes. Foi alvo de eras severas © persequiOes, mas na época da Revolugao Francesa suas ieias foram intensamente divulgadas. John Locke, pensaclor inglés, também defendeu a ideia da sociedade resultante da livre associagao enti individuos dotados de razio e vonta- de que, como para Rousseau, teria uma base contratual, Esta cegulatl centre outras coisas as formas de poder a garantias de liberdacke indivi- hal Mas, diferenterente do pensador francés, Locke ceconhecia, entre ‘Se direitos individuais, o respeito & propriedade. Recomendava também aque taisprincipios,cieiose liberdades exivessem expressose garanti dos por uma constituigao. ssesfilsofos — por sua preacupagio histbrica ¢ por encararem a sociedade como uma matéria em desenvolvimento, de origer natural ¢ fnao-divina ~ davam in‘cio a uma forma de pensar que levatia a desco- berta das bases mateviais das relacBes socials, Percebe-se claramente que se conscientizavam da diferenca entre individuo e coletividade, que ja identficavam a existencia de regras que dirigiam a vida coletiva, seme ihantes as leis naturals queregiam osurgimento, desenvolvimento e relax senlte espécies, Mas, presos ainda ao principio da individualidade, ese fildsofos entendiam a vida coletiva como a fusio de sujeitos, pos hiltada pela manifestacio explicta das suas vontades. John Locke (1632-1708) Inglés de Wrington, formado em Oxiord, ingressou na casteira dix plomatica. Durante o perforo em que residia na Franca, tomau con- {ato corn 0 métoda cartesiano, Sofieu perseguigies poiticas na la sglaterra que 6 abrigatam a se cefugiar na Holando, Em sua obra Dors fratados sobre 0 goverro civil, delende 0 liberalismo politico, os Gireitos naturais do homem e da propricdade privada, Suas politicas tiveram grande repercussio, assim como sus contiibuigio bo problema do canhecimento, expzessa na obra Ensaio sobre o-en- tendimento humane, ra qual repudia a propesigao cartesiana de que © homer possuaideias inatas e defencle o conhecimento como resultado da experifincia, da petcepcao e da sensibilidade. Publi- cot, ainds, Epstola sobre a rolerdncia, Alguns pensamentos sobre educasso e Racionalidade do ciistianismo. Adam Smith: 0 nascimenio da ciéncia econémica Foi Adam Smith, consicerad fundador da cigneia econdeica, quem demonstrou que a anilise cientitica podia ir akém do que era expressa- mente manifesto nas vontades individuals, Na busca por entender a or fem da riqueza das nacoes, Smith idenficoU no trabalho, se) 8 produtividade, a grande fonte de produgao de valor. Nao somente a agi cultura, como queriam uns, nem a indiistria, come queriam outros, mas frincipalmenteotrabatho cepa de tansforrar matériabruta em mes tadorla ev responsive pela iqueza dasiagdes, Veremosaante come ‘esa idea sorb retomadae eelaborada no século XIX por Kat Mars A filosofie social dat Mustragan tevou a descoveria das bases materials as retagoes soca. Alurwcior a socio cormsan AP a ia RURSUSKT ERE TRERRE EET KERERNEYT. Nesse esfarco por entender as relages econdmicas, Adam Smith pensava a sociedade na como um conjunto abstrato de individuos do- tadios de vontade e fiberdade, tal como haviam feito Rousseau ¢ Locke, ‘mas como um conjunto de seres cujo comportamento obedece a regras diferentes das que regem a ago individual. Senstvel 8 verdadeira nature- 2a da vida social, Adam Smith percebia que a coletividade era muito ‘mais do que a soma dos individues que a compdem. A Revolucao indus- trial estava em pleno andamento e seus frutas se anunciavam. ‘Adam Smith (1723-1790) Nasceu na Fscdcia. Foi professor da Universidade de Glasgow e cconsiderad 0 fundador cla ciéncia econdmica. O seu principal estu- do fol a investigaggo sobre a natureza e as causas da riqueza das rnag6es, que originou 2 sua famosa obra A riquezz das nagdes. Desen- volveu ideias a respeite da visio do trabalho, de funcao da moeda e dda ago dos bancos na economia. Continuou seus estudos no liv Teoria dos sentimentos morais, no qual afirma que a vida social hu- ‘masa esta fundada em sentimentos de bonevoléncia esimpatia. Foi o grande defences do Tiberalisme evundsnice, Legitimidade e liberalismo As teoriss sociais da tlustracao ne século XVII expressam 0 des: pertar do pensar cientiica sabre a sociedad. Tiveram 0 poder de ori entar a agio politic ¢ langar as bases dé que viria a ser 0 Estado capitalista,constitucional e democtitico, desenvolvide no século XIX Incentivaram diferentes movimentos politicos pela legitinacze do poder, fosse de cariter mondrquico, como na Revolugio Gloriosa da Inglaterra, fosse de carster republicano, como na Revolucao France s2, ou ainda do tipo ditatorial, como 10 império napolednico, To importante quanto seu valor como forma de entendimento da vida social foi sua repercussio prética na vida politica da sociedade A filsotia social desse perfodo teve, em relag20 2 renascentista, 4 ‘anagem de nzo consttuir apenas uma erica socal baseava no que: a sociedade podetiaidealmente vir a ser, mas de «riar projetos concretos de realizagao politica para a sociedade burguesa ernergente. Aideia de Estado como uma entidade cuja legitimidade se baseia na pretensa representatividade da sociedade & um avango em reiagae Aideia de monarquia absoluta, Nao se trata mais de uma pessoa que ‘governa por ditsito de heranca e sangue, mas de uma instituica0 abs- trata que admvnista um temitério a pair de pactos estabelecidos pala coletividade. A ilosfia social da lustagio concebia também a idea de nacdo como o gerenciamento @ administracao de leis, riquezas & B_Ascomons equine der. Nesse processo pressupae-se @ nog de conflito de interesses Po confronto social ‘As ideias de Locke ede Montesquieu, out importante pensador da thestrgdo, foram a base da Constituig3o norte-americana de 1787. Arm tos pregaram a divisd0 do Estado em ies poderes:olegislatvo, incur bale da claboracio e da discussie das leis; 0 executivo, encarregado lie sua execucdo eda protegae dos direitos naturais liberdade, a igual Goce # 3 propriedade; e o juciciario, responsével pela fiscalizacio & orcervancla das leis que asseguravam os dzetos individuais © seus Fx ‘nites, E3sa divisio estabelecia a distribuigéo das tarefas governamen- Mise a motuafiscalizagdo entse os podere> do Estado. Locke defendia, ina. aida de que 2 origem da autoridade nig se encanta nos privi~ Tegias da tradiczo, da heranga ov da concessio civina, mas ne Contato expresso pela ivie manifestagio das vontades individuais. ‘Alegislacto norte-americana, instituindo a civisde do Estado nes Wes poderes ¢ estabelecendo mecanismos para garam a eieigao legitima tios governantes 0: direitos do cidadio, pis em prétca os ideas pel Cos liberais e democraticos madernos. Assin, os Estados Unidos da Armé- fica consitutam 9 primeira republica libera-clemocratica burguese. == Compreensio de texto 1 Elenque as mudongas conerales que ecotteram nat economia = ne scnolegia ave fomentaram e evango da ciéncia e do cientficismo, os humanists € 2. Foga vie sitose dos principais avangos conceilvais realizedos pel ‘enciclopedisios no llustago acerca da politica, do poder © de govern. 3 Adom Sith fez uma dos mais importantes contibugses ds clécios sci 2° esmsiicar a origom do riqueze. Explique como ess0 contiovigdo inluenciou Formagdo do sociologia 4 sia cvidadosamerte 0 capitulo © extisia cinco conceltes que, na sva opiniGo, me Ihor eoractrizam o lstrosse, ‘== Interpretasao, problematizasao e pesquisa {5 "Uma vee ave hemom nenhum postu unc ovtoridade natural sobre seu semalhon, ‘e que a forge no produz nenhum dirio,resiom, pofs, a converges come base de toda cvteridode legiima erro os homens.” Ip. 25] Nose rocho, exrcide do Centro social, Rousseau: 6} Considera naturel 0 cutoridads de um heorsem sobre out Por qué } Pate ele, o que lagiimo 0 autoridade de una pesto sobre out! __Alypucines src conm 81 6 "Como a naturazo dé 0 code homem um poder absclulo sabre todos os seus mombras, d6 0 pacto social co corpe paliieo um poder abzsolulo sabre lodes ot seus, © 6 e186 mesmo poder que, drgido pele vonlade geral, recebs, como ev disse, o nome de soberania.”(p. 42) A pattr do trecho ciedo, 0 que & soberonio, pero Rousseov? 7 © ave 0 homem da llsshragdo esperava da ciéncia? E vecé, o que espera da cidncie hoje? 8 Nesse copitule procuromos explicar © liberelismo econémico. Hoje vivernos am period de reflorescimento desses principios, que chamamos de "neoliberalismo” Foca uma pesquise nos jorncis precurando noticias a espe 9 Qual ora a fonte de riqueza do ume nacde pora Adam Smith? Por qué? ¥O Os trechos a seguir foram extroidos de deis retades sobre 0 governo civil, de locke. Leiosos com atencéo e responda és questdes. *O grande objetivo da entrada do homem em sociedide, consis. tind na truigio da propriediade em paz © segutangs, ¢ senda © grinde insicinento ¢ meio dist as leis estabelecidas nessa socieda- de, 2 primeira lei positiva e fundamental de tedas 25 comunidades consiste em extabelocer 0 pader legislative." (p. 86) “Todavia, com as leis elahoradas imediatamente ¢ em prtzo eure ta tém forga constante e durzdaura, precisando para isso de perpe- tua execucio c assisténcia, toma-se necessiria a existéncia de um poder permanente que acompunhe 2 execusio dis leis que se elabo- am ¢ ficam em vigor (p91) "Em todos os casos, enquanto subsiste 0 governo, © legislative & co poder superior; o que ceve dar leis a outzem deve necessariamente serthe superior” (p 94) <} Como Locke jusfica 0 eriacde do poder legislative e do poder executivo? 1) ual deve ser, segundo Locke, a relacdo entre os poderes legislotiva @ exacte tive <} Pera Locke, os poderes executive e legislative podem ser exercidlos ae mesmo tempo pelas mesmas pestoo:? Par qué? wm Api 11 Video 4 ingleso @ 0 duque (Franca, 2001. Dirego de Eric Rohmer. Durapio: 128 min] — Baseado no livre eutebiogréfice de Medame Eliot, Dirlo de minka vida durante 0 Revolisd0 Fronceso, eborda a conturbada relocéo desta nobye ingles monarquista com 0 Duque de Orleans e a nebrezo ‘roncesa, durcnte o Revoligio Francesa. Trotese de uma das mais alvaisreleturas do eonflio de ideins da époco. 1680 de conceitos 1 Analise «visto de madame Eliot acerca de como deverio sera peiica e de que ferme a revolugio nega esse olhar S2_Asooaam atone r Eee ny 2 ee (A posigao sociul) +A racionalizagto do pensamento burgués recomeca com a se- ‘gunda época, isto €, na manuifature relativamente desenvolvids. 56 fentao a classe burguese se mostra como um fato social fstwemente estabelecido, ito &, x6 enido a posigio social dos incividos alot formas relativanente estaves, ¢ a inquietude da ascersfo v da deca- déncis, do progresso € do retwocesso, no consteul mais o aspecto predominante ra imagem da sociedad.” OFLER, Leo. Conbucsin ata hisria dee sce bursa. enor ares Ame 74 f 385 Segundo 0 avier, quals a+ condigdes socieis @ econémicos que favorecem © desenvolvimento do pensamento burgués do século XVI STEER SETAE As das faces do Wberatismo , porat, quetemns compreender apeecag © liberalism, 80 tenes que exeolher ence as dss interpretagtes, 170 Femes que opr centre 0 aspect deolpco e a aboceager souolsgi. Assos eancor- rem para delinic# onignalidade do Uheslismo e para revels o ue ‘consi um de seus tragas essencais, essa. ambiguidade que fx com, ‘que 0 Ibetalsmo text podido se, dtemaivamerte, revolucionino ¢ Conservator, subversv ¢ confers, Os mess honens passarao dt posi por © pads, os menos panos passario do coulate a0 rege 8 defesa das isttuictes. Agind assim, eles nada mas fare clo {que reves sucesivamcnte dois aspecto coonplementares dessa mesma ‘doutrina, ambigua por si snesma, cue mjeta 0 Antigo Regine € que nto ‘quer a democracisnlegral, que se situa a neo caminho ete esses dais estemose ca methor defnigio é, sem david, ¢ apelido dado 2 Wio- argu de Julho: 'o uso meta. E porque. o lberalismo € um esto meio ‘que, vito da diets, parece evcicioniro , visto da esquerda, oonece Conserv. Fe wavon,aucessvainent, dois combats em duns reaes {deren primi, conta a conservagto, © abscinsmo; depois contra fo impulso ts Forgas social, de dousrnas policas mais avaradscpae tle proprio: 0 madcalimo, a democracts iniegri, 0 socialism. Ea conjungio do ideale da realldade, a convergéncia de aspira- 8es intelectuaise sentiments, mas tamivém de ineresses bets pal piveis, que constitu a forgs do enovimento Uber, enue 1815 © 3840, Redizido a uma flosofia politica, ele sem davida no teria ‘obilizado grandes batalhoes, confundido com a defesa pura e sim ples de itctesses, ele nto tera susciado adesbes desinteressss, ‘que foram até 0 sucnficie supremo Alvin g asocumcccneenst_ 53 © iberalismo transformou a Europa tal qual er em J815, ora [gingas as reformtas — farenda uso cl evoligie progressiva, sem Moleneia ‘ona langanda mio da evolugio por meio da mudang revolucionita, Entre esses cois métodos, 9 liberalism, em sis dou ‘ina, nao encontra razio para preferir um so outro. Se cle pode evitar a revolugio, alegra-se com isso. Na verdade isso aconteceu ‘muito racamente, se Entender o texto 1.0 cutor admite que se pede fazer duas lituras disintss do liberalism, porém pro pbe uma outta abordagem. Gueis s60 as leituras pessiveis © qual o propesta do | [ | 0 triunfo da ciéncia ve wa ‘O milagre da ciéncia As ideias de progresso, racionalismo e clentiicisme exerceram todo um encanta snbre 9 mentalidade da época — a vida parecia submeterse ans ditames do homem esclarecido, Preparava-se 0.¢a- rinho para 0 amplo progresso cientifico que aflorou no final do if cst selon he 2 Sagundo © aver «liberalism i¢ foi dasignode com o epitete de “justo me’o". Come i le jsificou ess0 ontonomasia? 3 Per que meios o liberalisme concretize transformacbos? A crise das explicagdes religiosas 1 ea ilgt somente ma Ingen, nog Faas Halos ¢ nos pases Ha filogfia da usta do preparou otereno para osurgimente das, == : me © 2 sociedacle por tio de refoxmas, Em fodess 0s outta hugates, ciéncias socials no culo XIX, langando as bases pars asistemat- Se @ccia AGES ‘Geld Tealoetela GUstbadal dos defensones Ua SEE zagdo do pensamento cientifice e espalhando otimismo em relagao ae cestabelecida, que recusava qualquer concessio, 9 liberalismo recor- | ele. Os efeitos de novos inventos, como o para-raigs e as vacinas, — ™*eplicardo ret ao metodo revolucionario, £ a atitude de Caclos X, em 1830, ¢ a fo desenvolvimento da mecinica, da quimica e da facmécia, ampla- 4 "ature, : promulgagta de ordenangas que violavam o pacto de 1814, que l= | mente verificaveis, pareciam coroar de &xitos as atividades cientifi- ee a ‘vain os liberais a fazer a revolugio para derubar a dinastis. E assim ‘cas, Sem s¢ dar conta das nefastas consequéncias que a Revolugzo ‘amt também que a politica obstinada de Metternich levari a Austria, era | Industiial de século XVIU taria para o mundo tradicional ageério & plana ' 18, devolugto" tranufatureir, 9s homens da epoca se mostraram otimistas er rela- rt iB! rtwonn, ret oveuo woe sige, «4 $80.2 vitriosas conquistas do canhecimento humano © ery sua ‘Sao Prvig: Cubtix. 1974, p. 34-35. | Capacidade de controlar as forcas da natureza, Aa Caras tao xporighe Universal de Londres, or 1851. £m oposiao 3 eiisidade redieval a clenta oa era madera se afrmava cone sindaimeo de verdad eprogreso. Asus cacti aris co meso ction 88 aS 7 eT Tew wee eT eee eee Tee EW) © niimero de descobertas © iaventos se multiplic, de mada que 6 impossivel acompanivicko, Lembrem-se ape- nas de alyumas coiss, por sua iaiportincia ov curiosida- de, Aperfeicoando 06 reldgios, a0 inicio do séeulo XVL fnventa-se 0 reldgio pont, de tata wllidade, pois os an- lerioves eram em geral grandes e de dif] mariabra.. ou tio aparelio que ocupou atencdes dev route trabalho fot ‘maquina t€xtil A roca, bem conhecida, cbrigava a Bar & depots a ensolur os flos em uma bobina. Um aperfeicon- mento permite realizar 30 mesmo temper as datas tacclas GLAST, Francisco. 4 Renhipan tate ‘Se Pau: Sear, 1987. pA Se esse prensamento racional e cient ico parecia valido pata explicar a naturezs, intervir sobre ela e tansforns-la, ele poderia também expli car a sociedade entendida, entao, como parte da natureza, Assim, por associagdo, a sociedade poderia também ser conhecida e transtormada, submetendo-se 20 dominio do conhecimento human. As questées de método O filosofo da tlustragae preacupau-se nao s6.com 0 conhecimento da ratureza como tambem com o desenvolvimento do métade mais ade- quadlo para esse fim. Desse interesse derivararn diferentes modelos de pesquisa e de maneiras de se fazer ciéncia. © primeiro foi a indugao — Iniétode que concebia 9 conhecimento como resultado da experimenta- ‘$40 continua @ do aprofundamenta da manipuleczo empirica, delendi- do por Bacon desde 0 alvorecer do Renascimento. © segundo, que teve em Descartes seu mais ardaroso represenlante, foi o métoda declutvo, que propunha uma forma cle conhecimenta baseado no encadeamento ogico de hipsteses elaboradas 2 partir da razdo. Acciéncia se fundava, pottante, como um conjunta de ideias que diziam respeito a natuzeza dos fatos @ acs métodos para compreende:tos. Por 'ss0, as primeiras questdes que os socidlogos do século XIX tentam res- ponder sfo relativas a identificagio e definigao dos fatos sociais ¢ a0 método mais apropriado de investigacao. Tanto o métoto indutive de Bacon como o dedutive de Descartes sero traduzidos em procedimen- 105 valides para as pesquisas sabre a natureza da sociedadé. O anticlericalismo De especial importancia para o desenvolvimento cientiica e ume pos- tara especulativa diante da natureza e da sociedade foi o antclericalismo, professado por intimerosfildsofos dessa épaca, dentre os quals se destaca a0 francés Voltaire. Fertenho questionador da religiéo eda Igreja Catsli- 36_Arzooony toma ca, chegou a mover aces judicials para revisio de antigos processos de ‘teulsgt. Conseguiv comprovara injustica de alguns veredictos ecesiais {até obteve indenizactes para a famtlas dos condenados Na baixa Idade Média, onde de fato 2 Igreja era antes de cudo ua amestramenio, cagavam-se por toda parte ‘08 mais beles exemplaces das “bestas litas". "Melhor vaa-se", por exemplo, os nobres alemies, Mas com 9 aque 3 parecia em seguida um ta alemao “melhorado" sedzido puns 0 interior do claustro? Com uma earieatt- ado homem, com wim abort. Hle ths se tomado um “pecador’, ele estava em uma jaula, untam-no encarce- rado entre pros conesitos apavorantes.. AL jazia ele doente, miserivel, malévolo para consigo mesmo; cheio de ddl contra as impulsas da vie, cheio de suspelta ‘contra tudo que ainda era forte e venturoso, Resimindo, tom “sist LMIBYZSCHE, Pcdich. Crepe ds sto. Te de aver lame Omer, 200, 9 “Assn lggea fol questionada como tonte de poder secular, potitico & econienica, na medida em que se imiscuta em quests civis de Est ddo Tal questionamanta levou & descrenga na doutrina ena infalibiidade eclesésteas, bem come ao reptidio da secular atuacdo eo cleto. Esse proceso, denominado por alguns historiadores “Iaicizacao da sociedade”, por uttos,“descrstianizagao", atingiu seu spageu no sécu- lo XIX, quando se desenvolveu materiaiismo e quando a pp rel {ido se Vi transformada ems cbjeto de estudo pelas cientistas sociais. Francis Bacon (1561-1625) Ingles, nascido de fanilia de imelectuais, tornou-se jurita e chancetec Fm seus livos busca mostrar que enquant9 a ilosofia esti se perder devaneios, 2s técnica avangam sob dominio do método experimental Francois Marie Arouet 2 (1694-1778) Francés, filio de um burgués com uma aristocrata, demonstroy pen ores para a literatura f4 em tenra idade. Criado por jesuftas, acaba por conviver com intelecuais ¢ artistas @ desenvolve uma atilude cé= fica diante da vida. Acaba preso na Bastilha quando assume o pseu ddonimo de Voltaire. Exilado, passa a viverna Inglaterra, mas retarna 2 Pris, onde morre em idade avancada. A stesnsscmcsctssamnous comune ncn S7.

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