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1 Exemplo do uso das equações de Lagrange


Na última seção foi visto o desenvolvimento das equações de Lagrange.
A partir daqui, faremos um exemplo em que se aplica diretamente essas
equações. Suponha que uma partı́cula esteja presa à um cı́rculo de raio R
que gira no espaço em torno de um ponto de sua curva, que é fixo, com
velocidade angular ω. Podemos mostrar que o movimento desta partı́cula na
ausência de um campo gravitacional é equivalente à de um pendulo plano
que está na presença de tal campo(Thornton; Marion 2003). Primeiramente,
para desenvolver esse problema é útil ilustrá-lo da seguinte forma:
Considerando aqui as coordenadas retangulares x, y. Utilizando geome-
tria básica pode-se observar que essas coordenadas podem ser escritas em
termos de θ e α

x = R cos θ + R cos (α + θ), (1)

y = R sin θ + R sin (α + θ). (2)


Considerando que o cı́rculo se move com velocidade angular ω, da sua
definição temos que

θ = ωt. (3)
Logo

x = R cos ωt + R cos (α + ωt), labelx7 (4)

y = R sin ωt + R sin (α + ωt).labely7 (5)


Para montar a lagrangeana é importante descobrir a energia cinética total
da partı́cula, que é dada por
1
T = m(ẋ2 + ẏ 2 ). (6)
2
Derivando as equações ?? e ?? em relação ao tempo temos

ẋ = −ωR sin (wt) − R(ω + α̇) sin (ωt + α), (7)

ẏ = ωR cos (wt) + R(ω + α̇) cos (ωt + α). (8)

1
Figure 1: Representação do problema.

Como não existe nenhuma energia potencial, a lagrangeana será dada por

1
L = T = m ω 2 R2 sin2 (wt) + 2ωR2 (ω + α2 ) sin(ωt + α) sin(ωt) + R2 (ω + α̇)2 sin2 ωt + α + ω 2 R2
2
(9)
Simplificando utilizando a relação

2
cos2 (a) + sin2 (a) = 1, (10)
temos

1
L = m ω 2 R2 + R2 (ω + α̇)2 + 2ωR2 (ω + α̇)(sin(ωt + α̇) sin(ωt) + cos(ωt + α̇) cos(ωt)) .

2
(11)
A equação acima pode ser ainda simplificada expandindo os termos sin(ωt+
˙
α̇) e cos(ωt + alpha) utilizando as relações

sin(a+b) = sin(a) cos(b)+cos(a) sin(b), cos(a+b) = cos(a) cos(b)−sin(a) sin(b).


(12)
Dessa forma temos

1
L = m ω 2 R2 + R2 (ω + α̇)2 + 2ωR2 (ω + α̇)(sin2 (ωt) cos(α) + sin(ωt) cos(ωt) sin(α) + cos2 (ωt) c
2
(13)
o que é equivalente a
1
L = m ω 2 R2 + R2 (ω + α̇)2 + 2ωR2 (ω + α̇) cos(α

(14)
2
Agora usamos a equação de Lagrange, como R, ω, m são constantes
e α sendo a única variável, teremos somente uma equação para o movi-
mento.Sendo assim para o primeiro termo da equação ?? temos
∂L
= −mαR2 sin α(ω + α̇). (15)
∂α
O segundo termo é
d ∂L d
= mR2 (ω + α̇ + ω cos α), (16)
dt ∂ α̇ dt
d ∂L
= mR2 (α̈ − ω α̇ sin α). (17)
dt ∂ α̇
Que nos dá a equação do movimento

mR2 (α̈ − ω α̇ sin α) + mαR2 sin α(ω + α̇) = 0, (18)


que é equivalente a

α̈ + ω 2 sin(α) = 0. (19)

3
Nota-se que a equação de movimento da partı́cula acima é realmente igual
a do pendulo plano sob um campo gravitacional, que é dada por
g
θ̈ + sin(θ) = 0, (20)
l
onde g é a aceleração gravitacional e l o comprimento do pêndulo. Isso é
evidente já que a frequência angular para pequenas oscilações é dada por
r
g
ω= . (21)
l
A mecânica lagrangeana é ideal para sistemas com forças conservadoras e
evita o uso de forças de restrição, podendo ser usada em qualquer sistema de
coordenadas. Como foi brevemente visto nessa comparação, a mecânica la-
grangeana é importante não apenas por suas amplas aplicações, mas também
por promover uma compreensão mais profunda da fı́sica.

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