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Biografia
Tiago Sobreira de Santana (Crato CE 1966). Fotógrafo. Estuda engenharia mecânica na
Universidade Federal do Ceará - UFCE, em Fortaleza, mas não conclui o curso. Em 1986,
participa da oficina ministrada por Stefania Bril na 5ª Semana Nacional de Fotografia de
Curitiba e, no ano seguinte, da oficina oferecida por Claudio Feijó na 6ª Semana Nacional
de Fotografia, em Ouro Preto, Minas Gerais. Atua como profissional desde 1989 nas áreas
de fotojornalismo e documentação. Em Fortaleza, coordena a 1ª e a 2ª Semana de Fotografia
do Ceará, em 1989 e 1990, e, em 1993, participa da criação do grupo Dependentes da Luz.
Em seguida, funda com Celso Oliveira;a editora e fotoarquivo Tempo d'Imagem. Seu
trabalho documental se concentra nas tradições culturais e nas festas populares do
Nordeste, dedicado sobretudo ao registro da peregrinação de fiéis a Juazeiro do Norte,
Ceará. Em 1994, é contemplado com a Bolsa Vitae de Artes, para a conclusão do ensaio
Benditos, que dá origem ao livro homônimo, lançado em 2001, e à sua primeira mostra
individual, realizada no Sesc Pompéia, em São Paulo. Em 1995, recebe o Prêmio Marc
Ferrez de Fotografia da Fundação Nacional de Arte - Funarte. No fim da década de 1990,
com Celso Oliveira, Antonio Augusto Fontes, Ed Viggiani e Elza Lima, desenvolve o
projeto Brasil sem Fronteiras, documentação das cidades fronteiriças do oeste do país.
Santana vive entre Fortaleza e Rio de Janeiro, onde mantém uma filial da editora Tempo
d'Imagem.
Comentário crítico
O trabalho de Tiago Santana é pautado em noções de identidade cultural e denúncia social.
O fotógrafo dedica-se sobretudo ao registro em preto-e-branco de festas religiosas e
tradições populares do Nordeste do Brasil. De 1992 a 1999, realiza o ensaio Benditos, sobre
a peregrinação de milhares de fiéis à cidade cearense de Juazeiro do Norte, para onde se
deslocam todos os anos os romeiros devotos de padre Cícero.
No fotodocumentarismo, diferente do trabalho para jornais ou revistas, o fotógrafo escolhe
o assunto que deseja registrar e o tempo disponível para a produção das imagens e procura
conferir uma visão pessoal ao tema. Esse tipo de ensaio informa tanto a respeito do referente
quanto sobre o modo como o artista percebe e organiza os elementos da vida real no visor
da câmera.
No ensaio sobre os romeiros, Santana enfatiza o caráter emotivo das procissões centrando
seu olhar na relação das pessoas com os ícones religiosos. Confere imponência aos fiéis e
aos santos enfocando-os de baixo para cima com a lente grande angular, que amplia as
figuras que estão em primeiro plano bem como a sensação de distância entre os objetos.
Também enfatiza a dimensão subjetiva de suas fotos fragmentando corpos e trabalhando
com grandes áreas vazias, que, freqüentemente, realçam a noção de solidão e de esforço dos
devotos.
Nascimento
Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais
1997 - Rio de Janeiro RJ - Seus trabalhos são publicados no livro Linha Amarela - A Nova
Cor do Rio, editado pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro
1998 - Fortaleza CE - Seus trabalhos são publicados no livro Brasil Bom de Bola, editado
pela Tempo d´Imagens
1998 - São Paulo SP - Seus trabalhos são publicados no livro Brasil, editado pela Prêmio
Representante no Ceará do NaFoto - Núcleo de Amigos da Fotografia
1999 - Rio de Janeiro RJ - Seus trabalhos são publicados no livro Cidade Inteira, editado
pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro
2001 - Oxford (Reino Unido) - Seus trabalhos são publicados no livro Acts of Faith:
contemporary Brazilian Photography editado por Elizabeth Edwards e publicado pelo Pitt
Rivers Museum University of Oxford em conjunto com BrasilConnects
2001 - Fortaleza CE - Publica em conjunto com outros fotógrafos o livro Mar de Luz,
editado pela Tempo d´Imagem
2001 - São Paulo SP - Publica o livro Benditos
2002 - São Paulo SP - Publica em conjunto com Antônio Augusto Fontes, Celso Oliveira,
Ed Viggiani e Elza Lima, o livro Brasil sem Fronteiras, editado pela Tempo d´Imagem
Exposições Individuais
2001 - São Paulo SP - Benditos, no Sesc Pompéia
2001 - Liège (Bélgica) - Benditos, no L'Oeil Nu
Acervos
Brooklyn Museum - Nova York (Estados Unidos)
Casa de Las Américas - Havana (Cuba)
Coleção Joaquim Paiva
Coleção Lili Sverner - São Paulo SP
Coleção Pirelli/Masp de Fotografias - São Paulo SP
Fundação Cultural de Curitiba (PR)
Fontes de Pesquisa
ARTE Pará 1997: fronteiras. Belém, 1997. 76 p.
CARBONCINI, Anna (coord.). Coleção Pirelli/MASP de Fotografias : v. 5. Introdução
Fábio Magalhães, Piero Sierra; versão em inglês Kevin M. Benson Mundy; texto Mario
Cohen. São Paulo : MASP, 1995. 80 p. il. p.b. color.
FERNANDES JÚNIOR, Rubens. Labirinto e identidades: panorama da fotografia no Brasil
Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais
[1946-1998]. Projeto gráfico Raul Loureiro. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. 232 p., 124 il.
BRASIL sem fronteiras. Texto Claudio Bojunga, Pedro Karp Vasquez, Angela Magalhães,
Nadja Peregrino; fotografia Antonio Augusto Fontes, Celso Oliveira, Ed Viggiani, Elza
Lima, Tiago Santana. Rio de Janeiro: Tempo d'Imagem, 2001. 180 p.
Museu do Ceará. Quem somo nós : fotografia - Tiago Santana e Celso Oliveira.
Apresentação Paulo Linhares; texto Angela Magalhães, Nadja Peregrino; projeto gráfico Lia
Parente; tradução Thaís Costa. Fortaleza : Museu do Ceará, s.d. 20 p. il. p.b.
MUSEU DO CEARÁ. Quem somos nós: fotografia - Tiago Santana e Celso Oliveira.
Apresentação Paulo Linhares; texto Angela Magalhães, Nadja Peregrino; projeto gráfico Lia
Parente; tradução Thaís Costa. Fortaleza: Museu do Ceará. 20 p., il. p&b.
PERSICHETTI, Simonetta. Imagens da fotografia brasileira. Projeto gráfico Edilberto
Fernando Verza; design da capa Antonio Kehl; produção Pedro Barros, Marcelo Higuchi;
edição Edilberto Fernando Verza, Angel Bojadsen. São Paulo: Estação Liberdade : Senac,
2000. 190 p., il. color.
SALÃO de Abril, 40., 1990, Fortaleza, CE. Catálogo. Fortaleza : Salão Nobre do Palácio da
Abolição, 1990.
OUTEIRO, Robson (coord.); PAIVA, Joaquim (org.). Visões e alumbramentos: fotografia
brasileira contemporânea na coleção Joaquim Paiva. Versão em inglês Katica Szabó, Laura
Ferrari; fotografia Denise Andrade; apresentação Edemar Cid Ferreira; texto Joaquim Paiva,
Susan Sontag, Pedro Karp Vasquez, Paulo Herkenhoff. São Paulo: BrasilConnects Cultura
& Ecologia, 2002. 296 p., il. p&b. color.
Exposições Coletivas
1989 - Fortaleza CE - 39º Salão de Abril, na Fundação Cultural de Fortaleza
1990 - Fortaleza CE - 41º Salão de Abril, no Centro de Artes Visuais Raimundo Cela -
prêmio fotografia
1991 - Rio de Janeiro RJ - FotoRiografia, no MAM/RJ
1992 - Belém PA - 1º Salão Paraense de Arte Contemporânea, na Fundação Cultural do Pará
- prêmio fotografia
1992 - Munique (Alemanha) - Nahe dem Wilden Herzen (500 Anos de Descobrimento da
América), na Aspekte Galerie - prêmio melhor fotografia
1993 - Fortaleza CE - 43º Salão de Abril, na Fundação Cultural de Fortaleza
1993 - Belém PA - 2º Salão Paraense de Arte Contemporânea, na Fundação Cultural do Pará
1993 - Fortaleza CE - Fotografia Contemporânea Cearense, na Galeria Ignês Fiuza
1993 - Fortaleza CE - Arte Postal Ceará - Dependentes da Luz, na Galeria do Centro de
Turismo
1994 - Belém PA - 3º Salão Paraense de Arte Contemporânea, na Fundação Cultural do Pará
Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais
Textos críticos
"Tiago Santana opta pela fotografia em 1989, mas na verdade a magia da fotografia já
estava presente nele desde menino, quando exibia filmes em comunidades do interior do
Ceará. A influência se inicia com o pai, militante político, que gostava muito de fotografar e
produzia filmes em Super 8 para ser exibidos em comunidades distantes da região.
"Lembro-me que, quando Miguel Arraes voltou do exílio, eu e um amigo fizemos um filme
sobre seu retorno. Daí comecei pelo Super-8. Minha timidez me levou à fotografia. Esta
veio como forma de comunicar-me, de passar minhas coisas para o mundo", diz Tiago.
A proposta estética do trabalho de Tiago está impregnada de sua vivência na região, que
acabou por lhe marcar a recente trajetória. 'Morava no Crato, estudava em Juazeiro e
lembro-me muito bem que, naquela época do colégio, Juazeiro ficava entupido de
caminhões, impossibilitando as aulas. A romaria era para mim uma loucura visual'.
Na adolescência, Tiago teve influência do fotógrafo José Albano, que o fascinava pelo estilo
Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais
Na adolescência, Tiago teve influência do fotógrafo José Albano, que o fascinava pelo estilo
de vida, pelas experiências em seu laboratório fotográfico. Mais tarde, a convivência com
outros grupos veio somar-se a esta experiência inicial, em que se destacam o carioca Walter
Firmo, o paraibano Antonio Augusto Fontes e o paulista Ed Viggiani. Participando das
semanas nacionais de fotografia promovidas pela INFoto/Funarte e de outros eventos
promovidos na área, ele teve oportunidade de adquirir novas informações e experiências que
se desdobrariam na organização de eventos e na fundação do grupo de fotógrafos
'Dependentes da Luz', no Ceará".
Ângela Magalhães e Nadja Peregrino
Museu do Ceará. Quem somos nós : fotografia - Tiago Santana e Celso Oliveira. Apresentação Paulo Linhares; texto Angela Magalhães,
Nadja Peregrino; projeto gráfico Lia Parente; tradução Thaís Costa. Fortaleza : Museu do Ceará, s.d. 20 p. il. p.b.
"A fotografia de Tiago Santana, tem como um dos talentos básicos a sua capacidade de
enquadrar uma imagem e fazê-la romper com as fronteiras do meramente visto e congelado
em uma película. Seu trabalho é dirigir um olhar a outro olhar e dizer das nuances de luz,
dos gestos, dos cheiros das paisagens, da dor ou alegria do rosto fotografado, da força
expressa impressa das mãos que seguram o rosário da Mãe de Deus; dizer da transcendência
do romeiro ao ver a cidade de Juazeiro, miríade de promessas e profecias de um fim de
mundo, novo mundo, uma nova Jerusalém incrustada no sertão.
Definir os limites, selecionar um instante, buscar os marcos, a paisagem e a topografia da fé
que arrebata milhares de romeiros a Juazeiro, dentro do trabalho fotográfico de Tiago, é uma
viagem por terras onde as fronteiras inicialmente, ou enganosamente, nos parecem
conhecidas ou anteriormente delimitadas pelos trabalhos sociológicos, pelas imagens
banalizadas da fome ou de fanatismo religioso expostos pela mídia. Mas, ao observarmos as
fotos com a devida delicadeza que merecem, elas vão nos abrindo os olhos para uma
experiência que tem cumplicidade, conhecimento de causa, afinidade e intimidade com o
"Povo do meu Padim Ciço". E por isto ele toma vulto e significado que vai além de um
trabalho que retrata um aspecto regional e um fenômeno religioso".
J. Bosco de Souza
Arte Pará 1997: fronteiras. Belém, 1997. 76 p.
Depoimentos