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UNIDADE CURRICULAR: História da Fotografia em Portugal

CÓDIGO: 31032

DOCENTE: Professora Doutora Marina Évora

A preencher pelo estudante

NOME: Leonel Dinis Dias Barbosa

N.º DE ESTUDANTE: 2100133

CURSO: Licenciatura em História

DATA DE ENTREGA: 07-12-2022

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TRABALHO / RESOLUÇÃO: Face à leitura do artigo “Fotografia e fotógrafos, antes
e depois da Revolução do 25 de Abril” de Maria Teresa Siza, publicado na Revista
Camões, n.º 5, 1999, apresentarei reflexões suscitadas do mesmo. Ao longo da
exposição será feita a caracterização dos subperíodos da atividade fotográfica em
Portugal, a apresentação dos fotógrafos mais distintos, e a relação entre a propaganda e
a fotografia.

De acordo com Maria Teresa Siza “a primeira etapa de afirmação da fotografia como
arte” (SIZA, 1999, p.138), foi o Naturalismo e o Pictorialismo, os primeiros
subperíodos da atividade fotográfica. O subperíodo 1Naturalista foi o meio documental
em que o objetivo era captar a imagem fiel que retrata o que realmente se viu, sem
transformações e edições, preservar o registo da realidade tal qual ela é. O subperíodo
2
Pictorialista usava técnicas estéticas de pinturas e gravuras, produzia imagens
fotográficas quase irreais, que se afastam da realidade e criavam imagens como género
de pintura. Neste subperíodo podemos salientar os fotógrafos Joshua Benoliel,
Domingos Alvão, discípulo de Emílio Biel e Marques Abreu do Porto. Eles criaram o
elo entre a fotografia descritiva e naturalista e a fotografia pictorial entre 1900 e 1910.
“Sem utilizarem a manipulação dos negativos ou dos positivos, manipulam subtilmente
os seus personagens e o seu olhar.” (SENA, 1991, p.70). O segundo subperíodo foi o
Modernista, onde é “substituído o desenho e a pintura pela fotografia.” (SIZA, 1999,
p.138) E a fotografia transforma-se numa imagem relevante da comunicação social.
Como fotógrafos modernistas integram-se Mário e Henrique Novaes, San Payo, Judah
Benoliel, Ferreira da Cunha, Silva Nogueira, produção do estúdio de Alvão. O terceiro
subperíodo foi o do Estado Novo, onde a fotografia é o instrumento que serve como
propaganda e publicidade do regime. E com ajuda dos Modernistas a fotografia
compromete-se com a propaganda dos regimes. António Ferro (diretor do Secretariado
da Propaganda Nacional) vai expor “as primeiras intervenções maciças da imagem
fotográfica na propaganda do regime português” (SIZA, 1999, p.139) através da análise
que fez do modelo fascista italiano (1932). Na organização da Exposição do Parque
Eduardo VII (1934), apresentou os antecedentes da revolução de 28 de Maio, expõe
fotografias com bom grafismo de Benoliel do período republicano, destaca desastres e
idealiza esta revolução “como flagrante hipótese de salvação.” (SIZA, 1999, p.139) A

1
Ver esta ideia em Eliane Terrataca. “Fotografia Naturalista (diga não ao pictorialismo!). Disponível: Fotografia
Naturalista (diga não ao pictorialismo!) - Fós Grafê (fosgrafe.com).
2
Ibidem.

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forma como apresentou a fotografia na propaganda é determinante, pois o Estado
começa a fazer-lhe encomendas, como a Exposição Colonial do Porto (1934). Em
Portugal como noutras democracias e ditaduras, a fotografia serviu de propagada, o que
fez crescer a fotografia de autor e a ter mais destaque. Em 1934 surgem publicações do
Secretariado da Propaganda Nacional: o Álbum da Exposição Colonial Portuguesa e o
Álbum Portugal 1934. No Álbum de 1940 incluem-se os fotógrafos modernistas
mencionados anteriormente, alguns com origens republicanas. Outro subperíodo foi o
Salonismo português, corrente estética da fotografia conhecida nos salões e concursos
de fotografia dos meados do século XX, onde os membros dos amadores liberais
exibiam as suas fotografias. Definiu-se por compor os elementos fotográficos e
enaltecer a beleza convencional. As corporações ajudavam na execução das exposições,
onde havia concursos fotográficos com júris ligados ao regime e regulados pelo Grémio
Português de Fotografia. Toda a vida associativa estava inserida nas corporações
autorizadas pelo Estado e por este controlado. Não podia haver criatividade fotográfica
e os limites desta tinham que ser aprovados pelo Estado. A revista Objetiva (1937-1945)
era como órgão do Estado, onde tinha todas as orientações da arte fotográfica. Nesta
época temos o fotógrafo surrealista Fernando Lemos e o fotógrafo salonista Rosa
Casaco, que fez parte da Pide, e muito controlado pelas fotografias ousadas que
retratava. Os anos 50 são um subperíodo de enorme importância na vida portuguesa. Em
1956, os fotógrafos Victor Palla e Costa Martins começam a sua atividade fotográfica,
com a exposição “Lisboa, Cidade Triste e Alegre”. Nesta, desejam mostrar um projeto
revolucionário, arrojado e oscilante. “Onde cabe toda a realidade visionada, a
opacidade, o fragmento, o inacabado, o tremido (…) realidade fluída e imprecisa que os
olhos humanos vêem.” (SIZA, 1999, p.141) Exposição que gerou incompreensão, mas
que mais tarde foi compreendida por outra geração portuguesa da nova fotografia, em
que os fotógrafos Carlos Calvet, Gérard Castello-Lopes, Victor Palla, Costa Martins e
Jorge Guerra, são influências para os fotógrafos portugueses nos anos 80. Em meados
dos anos 70, a fotografia militante do 25 de Abril e a democracia, permitem que surja o
fotojornalismo, o documentalismo, novos espaços nos jornais e cursos de fotografia. Por
fim, nos anos 80 surge uma nova geração de fotógrafos portugueses e jovens criativos.
Com destaque para Helena Almeida, Paulo Nazolino e Jorge Molder. Em 1997, é criado
o Centro Português de Fotografia, que ajuda na difusão e produção fotográfica, cria
organismos de apoio financeiros, cursos, bolsas e exposições. A fotografia portuguesa
eleva-se ao nível global, é valorizada, tem excelentes fotógrafos e cursos de fotografia

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oficiais, mas não tem uma Escola Superior de Fotografia independente. Pois o que
existe não é suficiente “para a definição de um verdadeiro mercado fotográfico.” (SIZA,
1999, p.142).

BIBLIOGRAFIA E WEBGRAFIA:

PORTO EDITORA – António Ferro no Dicionário Infopédia [em linha]. Porto: Porto
Editora. [consult. 2022-12-03 18:39:23]. Disponível na Internet: <URL: António
Ferro - Infopédia (infopedia.pt) >.

PORTO EDITORA – Salonismo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa [em


linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-12-03 22:58:13]. Disponível na
Internet: <URL: salonismo | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa
(infopedia.pt) >.

SENA, António – Uma História de Fotografia. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da


Moeda, 1991. p.70.

SIZA, Maria Teresa – Fotografia e Fotógrafos, antes e depois da Revolução do 25 de


Abril. 25 de Abril a Revolução dos Cravos. Lisboa: Revista Camões - Instituto da
Cooperação e da Língua, nº5 (Abril - Junho 1999) p.138-142.

TERRATACA, Eliane – Fotografia Naturalista (diga não ao pictorialismo!). [em


linha]. 11-01-2013 [consult. 2022-12-04]. Disponível na Internet: <URL:
Fotografia Naturalista (diga não ao pictorialismo!) - Fós Grafê (fosgrafe.com) >.

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