Você está na página 1de 3

Universidade Federal do Rio de Janeiro - Centro de Letras e Artes

Escola de Belas Artes


Curso de Pintura
Docente: Leonardo Ventapane
Discentes: Júlia Primo
Disciplina: Fotografia Cvd - 21.2

Temática, justificativa e abordagem.

Lembrança, história e legado de bares suburbanos.

Quando se pensa em subúrbio carioca existe um estigma de marginalização, existindo uma


anulação de práticas e cultura desse local ou quando essas convenções são visíveis ocorre
uma substituição da presença por uma representação parcial da realidade do lugar e
geralmente retratadas por pessoas que não tem essa vivência. Pensando nisso, a minha
poética busca resgatar e valorizar os costumes e história deste local. Para retratar isso busquei
o signo dos bares, que além de ser uma característica marcante dessa área é um ambiente de
conforto, afetividade e coletividade. São lugares que pararam no tempo e mesmo assim em
contradição continua sendo contemporâneo. Os bares trazem toda a relíquia e legados dos
senhores que sempre frequentam em conjunto com a modernidade dos jovens que buscam um
pertencimento e lazer, essas interlocuções entre gerações permeiam o signo suburbano e
geram uma oportunidade de ampliar o seu significado e relações com o ambiente,
principalmente através da arte.

Para ter uma sustentação no trabalho utilizei como âncora o Fotógrafo Walter Firmo (I.1.).
Que foi criado no subúrbio carioca, Firmo fotografava com uma Rolleiflex e foi um divisor
de águas para o fotojornalismo brasileiro. Fez muitos retratos marcantes e trazia a cultura
popular e a população negra como tema nas suas obras. Ele é conhecido como mestre da cor
e esse foi o principal ponto de interesse que tive no trabalho dele. O uso de cores saturadas
chama a atenção e faz perceber como o Brasil é colorido e amplo, Walter Firmo ressalta isso
em suas obras fazendo um apelo com verde, rosa e azul. Eu procurei trazer isso para o
trabalho em razão de os bares se encaixarem nesse lugar de cultura popular e ser refém de
muitas cores fortes. Outrossim foi o encaixe do fotojornalismo multifacetado em que as
composições podem ser espontâneas ou não e assim existe uma maior liberdade no trabalho
de criação das fotos.

Outra referência menor, foi a cinematografia de César Charlone em Cidade de Deus (2002)
que tem uma coloração muito específica e pelos planos bem abertos das cenas. (I.2) Além
disso, Charlone se utilizou de referências do fotojornalismo da década de 70 e 80, como o
filme tem um tratamento documental quase toda filmagem era feita sem estabilizador o que
também funciona de referência para as minhas fotografias.

No processo de criação da série de fotos pode ser dividido em 3 etapas: A primeira foi a
descoberta de novos fotógrafos a partir de um trabalho de pesquisa proposto em aula, foi nele
que descobri qual seria o tipo de foto, no caso fotojornalismo, e qual tratamento gostaria de
dar nos meus futuros trabalhos. A segunda experiência foram as fotos (I.3) tiradas já com
uma referência e intenção, mas ainda sem um direcionamento e tema, que foi apresentada em
aula e desse modo houve uma conexão de uma das fotografias tiradas com trabalhos passados
meus e com a minha poética na Pintura. Já tendo uma temática para direcionar o trabalho e
referências, o processo de fotografia foi orgânico. Passei o dia tirando fotos e me
relacionando com alguns dos retratados nas imagens. Outrossim importante foi a edição e
seleção dos trabalhos, optei por destacar as cores de forma surrealista com a intenção de
destacar alguns elementos importantes em cada imagem, cada um desses elementos fez com
que a imagem fosse selecionada e dessa forma criando um conjunto coeso.
(I.1)

(I.2)

(I.3)

Você também pode gostar