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Nair Benedicto foi presa política durante a ditatura militar o que a impossibilitou de
trabalhar com televisão já que para isso era preciso o atestado de boa conduta. Assim Benedicto
foi levada a escolher a fotografia como seu trabalho e linguagem. Certa de que a fotografia tem
o poder de causar mudanças reais no mundo ela dedicou a maior parte de seu trabalho às
questões políticas e sociais retratando as pessoas que vivem à margem da sociedade. Um
exemplo deste trabalho é sua matéria para uma revista alemã Stern que abordava as condições
de trabalho em uma fábrica de sisal em uma cidade do interior da Bahia. As fotografias de
Benedicto mostravam que a maior parte da população da cidade tinham um tipo de mutilação
em decorrência de acidentes no trabalho de moer o sisal.
No documentário Fé Menina, disponível no YouTube, Nair conta que as fotografias que ela
fez para esta matéria eram bastante pesadas e angustiantes, pois ela queria chamar a atenção
para a realidade do sofrimento daquela população. A foto acima mostra os trabalhadores em
frente ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais expondo seus membros mutilados. A fotografia
possui apenas um plano com poucos elementos de cenário, apenas uma parede. Apresenta uma
linha horizontal formada pelos braços erguidos dos trabalhadores dando uma sensação de
profundidade para a fotografia. As pessoas enfileiradas fazendo o mesmo gesto representam
uma ideia de repetição, de que os acidentes são comuns naquele lugar.
Nair sentia-se motivada pelos indígenas, com os quais fazia suas fotografias e trabalhos.
Visualizava a integração do homem branco com os índios. Durante sua carreira presenciou
momentos diversificados na vivência dos indígenas. Procurava documentar a realidade da
Amazônia naquele momento, o modo como grandes projetos interferiam na vida das aldeias,
como, por exemplo, a usina de Tucuruí.
Um dos trabalhos mais instigantes mostrados em Por Debaixo do Pano é a série Índios
Molhados, criada a partir de material produzido em Altamira (PA), em 1989, durante o 1º
Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, aquele que contou com a presença do cantor inglês
Sting. Vinte e quatro anos depois, um vazamento no telhado da casa da fotógrafa provocou a
entrada de água em imagens que não haviam sido selecionadas originalmente. “Eu tinha de
brecar a água. Ela é muito rápida. Fiquei tentando recuperar o que dava para recuperar”, conta
Nair. “Depois, usei água para fazer umas intervenções. Quis mostrar o branco entrando nos
índios.”
Referências
Textos
BENEDICTO, N. Tinha tudo para dar errado! Por sorte, deu tudo certo. Discursos
Fotográficos, Londrina, v.9, n.15, p.243-262, jul./dez. 2013. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/article/view/16890/pdf_11>.
Entrevista concedida a Paulo César Boni. Acesso em: 29 dez. 2016.
______. Uma vida dedicada às minorias. O Índio na Fotografia Brasileira. 30 ago. 2013.
Disponível em: <http://povosindigenas.com/nair-benedicto/> Acesso em: 02/01/2017.
Vídeos
IMÃ FOTO GALERIA. Fé menina. 2015.
Fotografias
BENEDICTO, N. Mulheres no Sisal. 1985.
_____. Sem título. 1985.
_____. Sem título. 1989/2013.