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Vik Muniz – Obra: Sugar children

A série Crianças de açúcar, criada em 1996, alçou Vik Muniz para a fama. Esse foi
o seu primeiro trabalho a ter repercussão e a levá-lo a ser reconhecido
internacionalmente. As imagens são de crianças caribenhas oriundas de famílias pobres
que cortam canas de açúcar nas plantações em St. Kitts. Vik fotografou essas crianças e
depois reconstituiu os contornos usando somente açúcar, elemento que faz parte do
cotidiano desses jovens. O açúcar é uma referência tanto a doçura e a pureza das
crianças como ao material que as
condena a pobreza.
Mostra o paradoxo da doçura
do açúcar com o amargor de suas
vidas. As obras foram feitas com
vários tipos de açúcar, e depois de
fotografada, o açúcar foi colocado
em potes rotulados com as
fotografias originais e expostos
em diversos museus pelo mundo.
A respeito da criação, Vik
Muniz conta em entrevista os
bastidores da ideia: "O Sugar
Children” tem muito a ver com a
fotografia, já que o açúcar é um
cristal e a fotografia é um cristal
prateado exposto à luz. É uma série pontilista feita com açúcar sobre papel preto e
depois fotografada em prata de gelatina. Isso dessencadeou algo muito importante. Em
1992, passei as férias na ilha de St. Kitts e brincava com as crianças locais em uma praia
de areia preta. Estas eram crianças de plantações de açúcar. No meu último dia eles me
levaram para conhecer seus pais e me surpreendeu os quão tristes e cansados eles
estavam. Como essas crianças se tornaram esses adultos? Concluí que a vida tirara sua
doçura deles. Esses retratos em açúcar agora estão em várias coleções importantes, mas
também na pequena biblioteca da escola infantil de St. Kitts. Eu devo muito a essas
crianças."

Cristiano Mascaro – Obra: Avenida Paulista,01


Na obra fotográfica de Cristiano Mascaro, as cidades são protagonistas. Sua
carreira começa com a fotojornalismo nos anos sessenta, para já na década seguinte se
desvincular do uso utilitário e ganhar uma autonomia artística. Foi ali que o interesse
profundo do fotógrafo-artista pelas cidades, suas arquiteturas, naturezas e pessoas
encontrou as possibilidades de desenvolvimento uma visão. Mais do que uma imagem,
temos aqui verdadeiras experiências de cidades.
É um dos mais importantes fotógrafos da urbe e da arquitetura da capital
paulista, que documenta sistematicamente há mais de duas décadas. Quem se dispusesse
a percorrer o centro de São Paulo nos anos 1980 correria o risco de encontrar uma
solitária figura de barba
cheia, tripé nos ombros,
mochila nas costas,
olhando as sombras
alongadas da primeira
hora da manhã. Em
cima do tripé
provavelmente estaria
uma câmera sueca da
marca Hasselblad
parecida com a que foi
à Lua. E dentro da
mochila encontraríamos
rolos de película
fotossensível, dessas
que passam por banhos de bórax e sulfito de sódio. Cristiano Mascaro se lembra de
quando "saía de casa antes do amanhecer, com os faróis do carro ainda ligados", como
se tivesse um encontro marcado com a luz no centro de São Paulo. São dessa época
algumas das mais importantes imagens da fotografia brasileira. Mascaro aceitou o
convite da Folha para fotografar a Paulista, asfaltada há cem anos: "Nunca vi
comemorar asfaltamento de rua, mas tudo bem". É seu primeiro ensaio fotográfico com
câmera digital. Do centro velho para a Paulista, muita coisa mudou. Em cima do tripé,
"um trambolho de 22 botõezinhos e 21,5 megapixels"; dentro da mochila, um "estojo de
maquiagem" onde guarda os cartões de memória.
Avenida Paulista 01, 1983 - Cristiano Mascaro: Impressão com pigmentos pretos
de carbono em papel algodão a partir de digitalização de negativo (Usando uma câmera
digital, fotógrafo clica a via que melhor simboliza São Paulo, que está fazendo 455
anos).

Sebastião Salgado – Obra:


Um verdadeiro formigueiro humano, é o que retrata a imagem da paisagem da
mina de ouro de Serra Pelada, no Estado do Pará (município de Curionópolis). A maior
mina ao céu aberto do mundo vinha sendo exploradas pela mineração com condições
desumanas para os trabalhadores.
Sebastião Salgado esteve durante 33 dias no local que tinha uma mina de 200
metros de profundidade, registrando o dia a dia dos trabalhadores precários. As
fotografias foram capturadas em 1986 durante a chamada febre do ouro.
Outros fotógrafos além de Sebastião Salgado já haviam ido à Serra Pelada, mas
produziram trabalhos pontuais com um olhar mais jornalístico. Sebastião foi o repórter
que esteve durante mais tempo na região de modo a fazer um apanhado mais profundo
da situação local.
Antes de conseguir
entrar na mina, o fotógrafo
havia tentado seis anos
antes realizar o trabalho
sem sucesso devido à
ditadura militar, que não
autorizava a visita. Apesar
de as imagens terem sido
feitas nos anos oitenta,
Sebastião optou por
divulgar esse trabalho
somente em novembro de
2019.
Com um olhar
único, a sua fotografia
documental muitas vezes
promove uma denúncia
social e dá a ver cenários
desconhecidos do grande
público.
Sebastião viajou por
mais de 130 países e levou a cabo diferentes projetos. O brasileiro começou a fotografar
em 1973, aos quase 30 anos, como um autodidata, com um olhar sobretudo social e
humanitário.
Foto da exploração da mina em Serra Pelada, da série Gold (31 imagens inéditas do
formigueiro de garimpeiros) que o consagrou em 1986.

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