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Se analisarmos as condições em que eram feitas estas fotos, os recursos técnicos com que
contavam, vamos considerar que nossos fotógrafos antigos eram verdadeiros heróis.
Quando vemos as fotos dos primórdios de Marília vemos a marcação “Foto Muzzi”.
Segundo o Sr. Toninho Neto, foi o primeiro estúdio da cidade surgido na década de 30 e
ficava localizado na Avenida 9 de Julho entre a Quinze de Novembro e a São Luiz. O
fotógrafo Kazuo Teranishi proprietário do Foto Honda, há mais de 35 anos localizado na
Rua 9 de Julho conta-nos que chegou em Marília em 1960 para aprender o ofício com o
tio, o fotógrafo Francisco Yassue que tinha estúdio na Rua São Luiz quase esquina com
a 9 de Julho. Tinha 16 anos e no início trabalhavam com grandes câmeras, tipo caixão.
Uma das especialidades da família era trabalhar com o acabamento nas fotos preto e
branco, o chamado retoque onde a foto era colorida em um processo muito minucioso e
que exigia paciência e talento. A mudança para o endereço atual deu-se na década de 70
após a aposentadoria de seu tio, quando passou a tocar o próprio negócio. Lembrou-nos
o Sr. Kazuo que as crianças terminavam a primeira comunhão e iam todas até o estúdio
para fazer a clássica foto. Vários foram os fotógrafos que tiveram estúdio em Marília
como O Foto Estúdio Inácio na Vila São Miguel, O Foto Marília do fotógrafo Fujio
Kobari na Cel Galdino, o Sr Mário Parente que era um dos maiores artistas até
nacionalmente conhecido na fotografia pintada a mão. O Príncipe Foto na Rua 9 de Julho
fundado por Sebastião Leme, inicialmente com nome Foto Leme – aqui abrimos um
parênteses para o mestre e artista da fotografia mariliense, inventor da câmera de 360
graus cujo filho Mauricio Leme é autor de muitas das belíssimas fotos aéreas que vemos
na cidade atualmente -, o fotógrafo João Batista que cobriu diversos casamentos, eventos
da Câmara e Prefeitura Municipal cujo sobrinho Mauro também fotógrafo é quem faz os
registros dos acontecimentos de Marília como fotógrafo oficial da Prefeitura Municipal.
O foto Lusitano de Manoel Joaquim Pires, que foi fundado pelo nosso grande talento na
fotografia que é também cônsul honorário de Portugal e cobriu grandes eventos,
sobretudo do clube de Cinema durante os famosos Festivais e Prêmio Curumim, O Foto
Ipiranga de propriedade do fotógrafo Akira que ao adquirir o foto Leme vende o Foto
Ipiranga para Angel Nigro, argentino comerciante que mudou o nome para Foto 5
Minutos, posteriormente passa a ser de propriedade de Abelardo Camarinha e hoje é de
propriedade de Carlos Coércio, o Guru. O Foto Moderno, do Sr. Matsuda especialista nas
fotos de formatura e era ele quem elaborava a lembrança em formato do mapa do Estado
de São Paulo com fotos de todos os formandos e professores. Lembrou-nos o fotógrafo
Mauricio Leme de Acássio Shodou Hatadani especialista em fotos 3X4 que foi um dos
precursores no associativismo das pessoas portadoras de deficiência na fala e audição
como portador, por isto conhecido como “mudinho”. Nos anos 70 as fotografias passam
a ser coloridas, a Empresa Iguatemy localizada na Rua Cel Galdino instalou seu
laboratório fotográfico na Rua XV de Novembro e foi pioneira na revelação a cores. A
fotógrafa Marlene, com sua equipe da qual participei, foi responsável pela revelação de
toda demanda dos fotos da cidade, pois antes de termos este serviço em Marília, os
fotógrafos encaminhavam seus negativos a cores para os laboratórios de São Paulo como
o famoso “Curts”.
O que seria da memória sem os fotógrafos? Graças a eles temos os acervos públicos e
pessoais e a partir destas imagens reconstruímos nossa história. Muitos deles anônimos,
hoje já falecidos, mas todos foram verdadeiros heróis, pois não contavam com a
tecnologia e as facilidades de hoje como as fotos digitais e os programas de tratamento
de imagens. Tudo era artesanal, os custos eram altos. Sem eles e os registros fotográficos
que deixaram, arquitetura e as paisagens urbanas que sofreram transformações estariam
esquecidas. São as fotografias as únicas imagens que restam daquilo que sofreu tantas
mudanças na maneira como foram vistos e retratados como ruas, praças, edifícios e
esquinas.