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ARTE E SOCIEDADE

Por meio da produção artística, os seres humanos conseguem expressar o modo como enxergam diferentes
realidades. Por essa razão, muitos artistas utilizam suas obras para e xpressar um ponto de vista ou para
denunciar situações observadas.

Observe, por exemplo, a obra Operários (1933) da artista brasileira Tarsila do Amaral.

Em 1931, Tarsila fez uma viagem à União


Soviética, um estado socialista que se
desmembraria em inúmeros países em
1991, entre os quais a Rússia. Essa
experiência levou a artista, ao retornar ao
Brasil, a vincular-se a grupos socialistas do
país e promover uma mudança em seu
trabalho, em um período que ficou
conhecido como a “fase social” de sua
produção artística.

Foi nesse período que Tarsila pintou


Operários, tela em que, sensibilizada pelos
problemas enfrentados pela classe
operária, decidiu retratar os rostos de
trabalhadores brasileiros da indústria.

Merece destaque que a década de 1930 marca o início da industrialização no Brasil, processo que promoveu
uma mudança definitiva na história do país. Nesse período, era comum a ocorrência de mobilizações e greves,
que eram duramente reprimidas pela polícia.

Note que a artista representou a diversidade étnica observada na classe trabalhadora brasileira. Isso se explica
pela imigração, na qual pessoas de diferentes nacionalidades se radicaram no Brasil.

Observe a tela Operários e responda as questões:

1) Em sua opinião, por que Tarsila não retratou os operários sorrindo?


2) Que etnias parecem representadas na obra? A que conclusões se pode chegar com base na observação
desse aspecto?
3) Todas as pessoas parecem ter a mesma idade? O número de mulheres equivale ao de homens? O que
essas informações sugerem?

O nacionalismo de Portinari

Outro artista que também se dedicou a produção de obras de cunho essencialmente nacionalista foi Cândido
Portinari (1903-1962). Uma característica marcante de sua produção é a abordagem de temas sociais. Portinari
produziu obras focando a realidade brasileira como forma de protesto, fazendo uso de vários estilos como o
clássico, expressionista, cubista, surrealista e
outros em voga na Europa.

A tela “Café” (1935) mostra uma grande labuta


tendo como tema central o café. Mas, além de
exaltar o produto agrícola que movimentou
grande parte da economia brasileira até a
década de 50, Portinari colocava seu idealismo
em ação. Os trabalhadores da colheita - homens e mulheres de rosto sofrido, pés descalços e feridos e mãos
calejadas - foram homenageados pelo pintor. Os personagens são fortes e monumentais, o que representava
força. As figuras desses catadores de café nos quadros ganham, sobretudo, nobreza na visão de Portinari, numa
ação que era inédita na arte nacional.

4) Que fator influenciou Tarsila do Amaral e Cândido Portinari na decisão de abordar temas sociais em sua
obra?

O fotojornalismo de Sebastião Salgado

Veja na reprodução ao lado como o fotógrafo Sebastião Salgado (1944)


retratou a rotina dos trabalhadores nas lavouras de cana de açúcar no
Brasil.

Sebastião Salgado tornou-se mundialmente conhecido por usar sua arte


para retratar situações em que seres humanos vivem em condições
extremas, e assim despertar a atenção da sociedade para problemas como
a fome, a luta pela terra ou as más condições de trabalho.

Além do caráter social, a obra de Salgado também merece destaque por


seu valor estético. Os ângulos, os cenários e os personagens escolhidos pelo
fotógrafo conferem um caráter realista a sua obra e resultam em imagens
simples e impactantes. Por essas características, a produção de Sebastião
Salgado é considerada por muitos fotojornalismo, ou seja, suas fotografias
também fornecem informações a respeito dos lugares ou eventos
registrados.

5) Observe mais uma vez a fotografia de Salgado e responda: o que,


em sua opinião, Sebastião Salgado teria tentado revelar ou denunciar ao produzi-la?

Agora ouça a música “O homem que não tinha nada” composta por José Pereira Tiago Sabino, conhecido pelo
seu nome artístico, Projota. Na música, o rapper narra a história de Josué: um homem trabalhador que acorda
cedo, encontra um trem lotado todos os dias, cuida da família, é cercado por epidemias, trabalha como faxineiro
e, apesar de não ter nada de valioso na vida, não deixa de ter fé.

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