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ISABEL DANTAS DOS REIS

1. BIO
2. CV
3. PROJECTOS
1. BIO

Lisboa, 1972.

Vive e trabalha na Chamusca, Santarém..

Licenciada em Fotografia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, 2011. Desde então tem colaborado com
diversas instituições como o MUDE - Museu do Design e da Moda, em Lisboa. Desenvolveu diversos projectos pessoais criativos
e comerciais na área do Vídeo, Fotografia e Web Design.

A par com isso, tem desenvolvido projectos criativos pessoais, centrados essencialmente nas ausências e na memória.
Interrompeu o processo de criação artística, para dar lugar à vivência de experiências e enriquecimento pessoal. Para tal,
assentou residência noutro país, onde fez questão de se integrar ao máximo na comunidade local. Viajou, tanto dentro desse
país, como para fora dele. Viajou, essencialmente, para dentro de si mesma. Está agora em processo de retorno a Portugal, onde
pretende continuar a trabalhar a memória. A um período de vivência e processamento de experiências, segue-se uma natural
necessidade de ação criativa, sob a forma de desenvolvimento de ideias e conceitos entretanto amadurecidos.

Recentemente tem participado em residências artísticas, como a Residência Artística de Vila Nova da Barquinha.

No seu trabalho desenvolve recorrentemente temáticas relacionadas com a ausência e a memória. Ultimamente tem tido especial
interesse em desenvolver estes tópicos aliados à memória colectiva, através de trabalhos que envolvem as comunidades.

Fundadora e organizadora do ANALÓGICA - Festival de Fotografia Analógica.


2. CV
Formação

Licenciatura em Fotografia pela ULHT

Frequência do 1º ano do curso de Cinema, na ULHT

Cursos de Adobe Photoshop, Premiere e After Effects, de Técnicas de Operação de Câmara e de Guionismo
Workshop “Marketing and Self Promotion”, por Maria Piscopo
Workshops de fotografia, por David Alan Harvey, Steve McCurry e Arthur Meyerson

Experiência Profissional

desde 2000: Freelancer: fotografia, operação de câmara, edição digital de vídeo, design gráfico e web

2011-2012: Formadora no Curso de Especialização em Fotografia, no ISLA Campus Lisboa


2011: Colaboradora no projecto Coelacanto
2005-2012: Studio Manager, em Laranja Quadrada Fotografia e Vídeo
2010-2011: Coordenadora do grupo de Assistentes do MUDE - Museu do Design e da Moda
2004-2005: Studio Manager em Studio 8A - Gestão do Estúdio
2001, 2002: Assistente de Produção no projecto que trouxe a Portugal os fotógrafos Steve McCurry e David Alan Harvey.
Exposições

2021: Curvas Espaço-Tempo: Exposição colectiva com Rita de Sá, Analógica, Festival de Fotografia, Chamusca
2019: Residência artística em Vila Nova da Barquinha
2012-2018: Interrupção do processo criativo
2011: Vídeo seleccionado para a secção competitiva do Festival FUSO - Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa
2009 – Publicação do Conto: “De Onde Rufam os Tambores”

2009 - Sitexcape/Residência para a Arte, Odemira

2006 - “Dez Olhares sobre Cuba, Vila Real de Santo António, Casa da Cultura
2005 - Broadcast de Vídeo na Television Local Andalucia – Huelva
2005 - “Dez Olhares sobre Cuba”, Porto, Fundação Dr. Luís de Araújo

2004 -“Dez Olhares sobre Cuba”, Lisboa, Casa da América Latina


2. PROJECTOS

A pesquisa de Isabel Dantas dos Reis centra-se essencialmente em marcas e vestígios de ausências, ou de
ex-existências, principalmente no universo familiar ou de grande proximidade emocional.

Quem era? O que era? O que ficou do que era? No que se tornará?

Aborda, essencialmente, a dicotomia ausência/presença, provocada pela unidirecionalidade do tempo e as suas

consequências na memória e na inevitável sensação de privação. Usa como suportes tanto fotografia como vídeo.

. Curvas Espaço-Tempo

. Mneme

. 1978

. Metonímias Visuais I

. Metonímias Visuais II

. Guarda-Jóias

. 32216
CURVAS ESPAÇO-TEMPO

"Em física, espaço-tempo é o sistema de coordenadas utilizado como base para o estudo da relatividade
restrita e relatividade geral. O tempo e o espaço tridimensional são concebidos, em conjunto, como uma única
variedade de quatro dimensões a que se dá o nome de espaço-tempo. Um ponto, no espaço-tempo, pode ser
designado como um "acontecimento". Cada acontecimento tem quatro coordenadas (t, x, y, z)."
Greene, Brian. O Tecido do Cosmo. [S.l.]: Companhia das Letras

O que é a fotografia senão uma conjugação dos quatro fatores como definidos por Einstein?
Este trabalho debruça-se justamente sobre a intervenção da fotografia no tempo e vice-versa.
Há muito que o trabalho fotográfico de Isabel Dantas dos Reis explora as relações entre a
fotografia e a memória, umas vezes usando suporte digital, outras suporte analógico.
Nesta exposição usa imagens dum casamento: o que acabou por dar origem à sua vida. A Isabel
recuperou uma técnica de pintura que o seu pai usava enquanto soldado durante a guerra
colonial da Guiné, para pintar fotografias que ele e outros camaradas enviavam para a família, na
metrópole. Junta assim dois elementos importantes da história da imagem: fotografia e pintura.
Dessa forma trabalha não só a sua própria memória, como também a memória da história da
imagem - estando aqui uma redundância.
série Curvas Espaço-Tempo, 2021
Mãe
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
30x40cm
série Curvas Espaço-Tempo, 2021
Desajeito
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
30x40cm
série Curvas Espaço-Tempo, 2021
Felicidade é Isto I?
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
30x40cm
série Curvas Espaço-Tempo, 2021
Felicidade é Isto II?
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
30x40cm
série Curvas Espaço-Tempo, 2021
Mãe, Gostas de Mim?
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
30x40cm
série Curvas Espaço-Tempo, 2021
Aceito a ti Manuel
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
30x40cm
série Curvas Espaço-Tempo, 2021
Aceito a ti Bernarda
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
30x40cm
série Curvas Espaço-Tempo, 2021
O Sapato Magoa-me
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
30x40cm
série Curvas Espaço-Tempo, 2022
Pré-Existência
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
30x40cm
série Curvas Espaço-Tempo, 2021
Atelier de Pintura
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
30x40cm
MNEME
Fotografia

MNEME
(do grego) - habilidade de reter Memória
Mnemo - elemento de formação de palavras que exprime a ideia de lembrança, memória, recordação

Cemitérios são naturalmente associados com ausência de morte. Para a autora, eles são antes lugares cheios de memórias e
marcas de vida, verdadeiros arquivos de memórias. São também lugares cheios de actividade: folhas que se movimentam ao
sabor do vento, líquenes que crescem na pedra mármore criando novas micro paisagens, fotografias que se vão esbatendo,
sombras projectadas que mudam a cada instante com o movimetno do sol, etc.
Quem eram estas pessoas? Porque foram escolhidas aquelas fotografias? Seriam as únicas que tinham? Quem as escolheu
ainda existe? E porquê aquele tipo específico de mármore, naquele lápide ou naquele jazigo?

A fotografia congelou no tempo os processos de alteração da matéria exposta aos elementos, como os que acontecem à pedra
mármore ou ao papel fotográfico nas lápides.
MNEME, Série I, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série I, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série I, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série I, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série I, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série I, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série II, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série II, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série II, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série II, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série II, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
MNEME, Série II, 2019
Sem título
Impressão fotográfica em papel mate Fujicolor
50x70cm
1978
Fotografia

Este trabalho consiste no registo fotográfico de páginas de uma agenda, onde constam registos de eventos do dia-a-dia. No
entanto, a imagem em contraluz torna-se confusa e acaba por dificultar a leitura.

A análise destas agendas tem como objectivo o desvelar do passado de alguém próximo que tinha o de hábito manter registos
diários e arquivá-los com o passar dos anos. Pretende-se, portanto, interiorizar a memória alheia, como forma de aproximação
a alguém ausente. Esses registos têm carácter quase telegráfico, pelo que sem a voz de quem os escreveu parte considerável
do seu conteúdo mantém-se enigmático. A memória esbate-se.
série 1978, sem título, 2013
Impressão Fotográfica, papel Fuji, 30x40cm Ed 1/5 + 1 PA
série 1978, sem título, 2013
Impressão Fotográfica, papel Fuji, 30x40cm Ed 1/5 + 1 PA
série 1978, sem título, 2013
Impressão Fotográfica, papel Fuji, 30x40cm Ed 1/5 + 1 PA
série 1978, sem título, 2013
Impressão Fotográfica, papel Fuji, 30x40cm Ed 1/5 + 1 PA
série 1978, sem título, 2013
Impressão Fotográfica, papel Fuji, 30x40cm Ed 1/5 + 1 PA
série 1978, sem título, 2013
Impressão Fotográfica, papel Fuji, 30x40cm Ed 1/5 + 1 PA
série 1978, sem título, 2013
Impressão Fotográfica, papel Fuji, 30x40cm Ed 1/5 + 1 PA
série 1978, sem título, 2013
Impressão Fotográfica, papel Fuji, 30x40cm Ed 1/5 + 1 PA
série 1978, sem título, 2013
Impressão Fotográfica, papel Fuji, 30x40cm Ed 1/5 + 1 PA
METONÍMIAS VISUAIS I
Vídeo

Com este vídeo registou-se a ingestão da matéria orgânica "arquivada", antes que o processo de deterioração natural
inviabilizásse esse gesto. Essa caixa guardava - e ainda guarda - algo único. O seu conteúdo foi ali colocado por alguém que
nunca mais poderá voltar a fazê-lo. É matéria única. Não repetível. O vídeo foi realizado no mesmo espaço onde a refeição foi
inicialmente confeccionada – cerca de um ano e meio antes - e onde deveria ter sido ingerida, mas por pessoas agora ausentes.

Vídeo disponível em:

https://vimeo.com/24683942

METONÍMIAS VISUAIS I, 2005 (stills vídeo)

Instalação-vídeo :: Digital 8, PAL, Cor, Som, Dimensões variáveis, 2′ 55”


METONÍMIAS VISUAIS II
Fotografia

Esta série de quatro imagens é relativa a recipientes de plástico, cujo conteúdo (restos de alimentos) evoca as ações que lhe
deram origem, bem como a ausência tanto das ações como de quem as protagonizou.
Segundo V. Flusser, ‘memória é um “celeiro de informações”. Neste caso, o conceito de celeiro é literal: as caixas funcionam
também elas como celeiros ou depósitos de informação material. Sendo esta informação de carácter orgânico, pretendeu-se
cristalizar um dado momento da sua deterioração, imortalizando o seu conteúdo. Ao passo que o tempo nele continuará a exercer
os seus efeitos, as imagens permanecerão para sempre com aquela informação. As imagens foram capturadas no lugar natural
de conservação de alimentos frescos, cerca de quatro anos depois da confecção. Aí permanecem as caixas – e o seu conteúdo -
arquivadas até ao presente.
A noção de arquivo é ainda mais vincada pela identificação do conteúdo de cada caixa, e até a sua data de “arquivação”,
através de etiquetas que permanecem até hoje, e que atribuem o título a cada obra.
série Metonímias Visuais II, sem título,
2010
caixa de luz 120cmx102cm exposição
de originais
Ed 1/3 + 1 PA
série Metonímias Visuais II,
“sopa de alho francês”, 2010 caixa de
luz 120cmx102cm exposição de
originais
Ed 1/3 + 1 PA
série Metonímias Visuais II,
“sopa de alho francês
20/09/2004”, 2010
caixa de luz 120cmx102cm
exposição de originais
Ed 1/3 + 1 PA
série Metonímias Visuais II,
“salsa”, 2010
caixa de luz 120cmx102cm exposição
de originais
Ed 1/3 + 1 PA
GUARDA-JÓIAS
Vídeo

A bailarina move-se em círculos sobre uma caixa de música, um guarda-jóias. Essa imagem está visível e presente. Mas a
presença de quem lhe deu corda, quem a filmou, quem a iluminou é apenas percebida, não vista. Nem a presença de quem a
idealizou, de quem a construiu e eventualmente de quem a comercializou e de quem a adquiriu e recheou. O guarda-jóias
sobreviveu a quem detinha a sua posse, e que tinha optado por adquiri-lo num dado momento, e que em outros momentos
recheou o seu interior com objectos pessoais, ou nem tanto, e que decidiu, por qualquer motivo estético, funcional ou nenhum
dos dois – nunca se saberá - por colocá-la em determinado lugar da casa – em cima da cómoda, no quarto de dormir. Na
realidade, a presença do guarda-jóias é muito mais um invocar de ausências. Também o é o espelho, cuja memória é efémera e
que apenas apresenta a informação que se lhe confronta a cada instante. É impossível rever uma imagem que se lhe refletiu.

Este registo surgiu da necessidade de perpetuar uma presença, registando a metonímia de uma ausência.

Vídeo disponível em: https://vimeo.com/62913815

GUARDA-JÓIAS , 2005 (stills vídeo)


Instalação-vídeo :: Digital 8, PAL, Cor, Som, Dimensões variáveis, 5′ 10”
32216
Fotografia

A partir de 1961, Portugal viu partir para África dezenas de milhares de jovens portugueses com o objectivo de defender aquilo que era
considerado território nacional. No cais de embarque, mais não eram que uma massa de gente: os que partiam e os que ficavam. Mas na
realidade, cada um dos elementos dessa massa era um indivíduo singular. Ainda hoje o são - os sobrevivos. Eles e cada membro da sua
família: as suas mulheres, as suas mães, os seus pais, os seus filhos. Cada um com uma guerra distinta: a sua guerra. Cada um a absorveu
e processou - ou não - da sua forma única.

Um deles era o soldado 32216. Embarcou no “Uíge” no dia 30 de Abril de 1967, com destino à Guiné, na época o mais temido dos
destinos da Guerra do Ultramar. Voltou evacuado com ferimentos graves em Janeiro de 1969.

Este trabalho é o início de uma caminhada que surge da inquietação - e pretende incitá-la - provocada pelo silêncio que normalmente
sucede eventos desagradáveis, mas cujos efeitos são inegáveis.

Colocar lado a lado fotografias da mesma pessoa, separadas por décadas, mantendo a mesma postura corporal leva, num primeiro

momento, a procurar as semelhanças e diferenças, para logo a seguir conduzir à reflexão sobre o que está nos bastidores: o que

recheou essas quatro dezenas de anos? E as lesões que se percebem nas imagens mais recentes, são ferimentos de que guerras? Com

quem foram partilhadas? Também com a autora deste projeto...


série 32216,
“Bissau”, 2010
Impressão a jacto de tinta em papel algodão Fine Art
240cmx160cm Ed 1/3 + 2 PA
série 32216,
“Catió 6-7-67”, 2010
Impressão a jacto de tinta em papel algodão Fine Art
240cmx160cm Ed 1/3 + 2 PA
série 32216,
“Catió 12-8-67”, 2010
Impressão a jacto de tinta em papel algodão Fine Art
240cmx160cm Ed 1/3 + 2 PA
série 32216,
“Catió 13-5-67”, 2010
Impressão a jacto de tinta em papel algodão Fine Art
240cmx160cm Ed 1/3 + 2 PA
ISABEL DANTAS DOS REIS
2022

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