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AULA 1

Email: adrianosnow@gmail.com
Aluno: ADRIANO DUARTE DE MELO

FUNDAMENTOS DE
EDUCOMUNICAÇÃO

Prof. Rodrigo Otávio dos Santos


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Aluno: ADRIANO DUARTE DE MELO

TEMA 1 – REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA

A Educomunicação está fundada claramente na realidade de que mídias


de massa entram nas casas dos alunos e nos portões das escolas diariamente,
sem pedir licença. Bem, isso é verdade, e talvez seja um pouco assustador para
muitos professores, entretanto é uma boa ideia descobrirmos como esses meios
se formaram.
Benjamin (2018), em seu mais célebre trabalho, escrito em 1936, intitulado
A obra de arte na Era de sua reprodutibilidade técnica, tenta elucidar a mudança
por que o mundo passou depois da presença de uma forma maquínica para a
reprodução de imagens. O autor começa explicando que o mundo sempre se
serviu de cópias. Afinal, pintores imitavam outros pintores, seja para aprender,
seja para falsificar mesmo, com má-fé.
A questão é que a fotografia modificou essa estrutura, já que, a partir de
sua invenção, uma cópia era integralmente e perfeitamente idêntica à outra. E não
havia grande diferença em fazer uma cópia ou cinco mil cópias. Isso mudou
completamente a forma de as pessoas enxergarem as obras de arte, mas,
também, a forma de enxergarem seu próprio entorno, já que tudo passou a ser
passível de cópia.
O que não é passível de cópia, então, é aquilo que Benjamin (2018)
chamaria de objeto autêntico. Aquilo que só existe um no mundo, e que não pode
ser reproduzido senão por uma máquina que lhe tirará muito de sua essência (a
aura, de que falaremos adiante). Por exemplo, o quadro intitulado Mona Lisa,
pintado por Leonardo Da Vinci, é autêntico, pois só existe um. E se você quiser
ver o quadro ao vivo, terá que se deslocar até a França e entrar no museu do
Louvre, em Paris. Mais ainda podemos dizer que, mesmo que a reprodução (uma
foto, um vídeo, uma holografia, uma maquete 3D) mais bem-feita, não consegue
transmitir aquilo que a obra original consegue.
Isso porque, nas palavras de Benjamin (2018 p.28), “mesmo na reprodução
mais perfeita, um elemento está ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua
existência única, no lugar em que ela se encontra”. Ou seja, você pode ter
trezentas fotografias da Mona Lisa em casa, mas nenhuma delas tem a existência
única que só é encontrada no Louvre, em Paris.
Essa existência única é, como diria Berger (1999), é chamada de aura. Mas
o que é a aura? Para Benjamin (2018, p. 34), aura é “uma figura singular,

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composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa


distante, por mais perto que ela esteja”. Apesar da aparente complicação desse
enunciado, podemos esclarecer as palavras do filósofo alemão dizendo que a
aura é aquilo que apenas a obra de arte original tem. Você pode ter milhões de
cópias de alguma coisa, mas o original é sempre o original porque ele contém uma
aura que está apenas com ele, com o original.
Para exemplificar, peguemos novamente o caso do quadro da Mona Lisa.
Com toda certeza, você já o viu em diversos lugares, como cadernos, estampas
de camiseta, ou mesmo reproduções emolduradas na casa de algum parente.
Mas nenhum deles tem aura. Por quê? Porque não são o original. Imagine seu
maravilhamento ao se deparar com a obra original, aquela que foi criada por Da
Vinci em 1506 em Florença. Nenhuma foto tirada da internet ou do Instagram
conserva essa aura. Usemos outro exemplo: imagine o cantor de que você mais
gosta, aquele de quem você comprou todos os DVDs, baixou todos os discos e
coleciona posters na parede. Todas essas reproduções técnicas são muito
interessantes, mas nenhuma delas se compara a ver esse mesmo cantor ao vivo,
em um show. Porque, ao vivo, o cantor está ali, o autêntico, o original, com todas
as suas qualidades e defeitos. A obra reproduzida não consegue nunca esse
efeito, pois lhe falta autenticidade.
Quando falamos especificamente das obras que já nasceram para ser
reproduzidas, a aura se perde, ao mesmo tempo em que se intensifica nas
milhares de cópias produzidas. E então começamos a discutir a fotografia, que foi
a primeira obra pensada para a reprodução. Por exemplo, Sebastião Salgado,
talvez o melhor fotógrafo do mundo, em 2017 tinha três exposições simultâneas
apenas na cidade de Paris. Isso só é possível graças à reprodutibilidade técnica,
que permite que várias cópias sejam feitas e expostas em locais diferentes.
A arte fotográfica já foi pensada para ser reproduzida e, mais do que isso,
como aponta Sontag (2004), foi feita para que a câmera capture aquilo que o
artista está pensando, mais do que o que ele consegue fazer apenas por meio do
controle fino de suas mãos, como no caso da pintura. Benjamin (2018) vai dizer
que, com a fotografia, o artista não é mais aquele que possui a mão com maior
destreza, mas sim aquele que consegue enxergar melhor, aquele que possui a
melhor visão. A arte, que antes era ligada à coordenação motora fina das mãos e
dos braços, a partir da fotografia, é ligada aos olhos, que conseguem pensar a
melhor composição.

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Nesse momento, há um forte abalo nas artes, já que os artistas se viram


livres, soltos das amarras do real. A partir do advento da fotografia, se alguém
desejasse apenas retratar um momento ou uma pessoa, como era costume de a
pintura fazer até o século XIX, bastava apertar um botão, e a fotografia mostraria
o “real” melhor do que um pintor. Os pintores retratistas diminuíram em grande
escala, mas as artes plásticas se emanciparam da função de mostrar como é o
mundo exterior. E passam a mostrar o mundo interior, o mundo das ideias do
artista. Não por acaso surgem o dadaísmo, o surrealismo e o cubismo. Um artista
como Pablo Picasso não precisava mais se preocupar com a realidade externa e
começava a pintar seus sentimentos.
A fotografia também gera um “subproduto”: se juntarmos 24 fotografias e
as exibirmos no espaço de tempo de um segundo, acreditaremos que as coisas
nas fotografias estão se movendo. Para Bordwell e Thompson (2013), diversos
pesquisadores acreditam que esse fenômeno é causado pela persistência da
visão, ou persistência retiniana, que é a ideia de que uma imagem se perpetua
durante alguns fragmentos de segundos em nossa retina. Outros pesquisadores,
porém, dizem que o cinema é passível de ser visto graças à frequência crítica de
fusão de estímulos intermitentes e o movimento aparente.
A frequência crítica de fusão de estímulos intermitentes é como quando se
apaga e acende uma luz muito rapidamente. Se for rápido o bastante,
imaginaremos não mais se tratar de apagar-acender, mas sim de um feixe
contínuo de luz. Já o movimento aparente diz que se um aparato visual muda
muito rapidamente, nosso cérebro é enganado e percebemos movimentos.
De qualquer forma, o que realmente importa é que o cinema é uma junção
de diversas fotos colocadas, como diz Carrière (2015), em uma linha temporal. E
o cinema tem grande importância nas artes reprodutíveis, pois ele só pode existir
se houver reprodução. Um filme cinematográfico é algo muito caro. Comumente
somos surpreendidos com a notícia de que um filme custou 300 ou 400 milhões
de dólares para ser feito. Ora, uma arte dessas não pode ficar confinada para
apenas uma pessoa ou pequeno grupo. Um filme, portanto, é algo que já nasceu
da reprodutibilidade e, mais do que isso, é impossível de ser feito fora dela.
O mesmo se pode dizer das histórias em quadrinhos, que surgiram mais
ou menos junto com o cinema e também se valem da reprodutibilidade para
alcançar cada vez mais leitores. Nas histórias em quadrinhos, a matriz, ou seja, o
original, serve apenas para ser de alguma forma decalcado e fazer inúmeras

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cópias. Pensemos que, na década de 1940 (auge das histórias em quadrinhos de


super-heróis nos EUA), uma revistinha do Superman vendia mais de um milhão
de exemplares. Graças à reprodutibilidade. Mais do que isso, gerou um produto
cultural enorme, uma vez que todos os ocidentais já ouviram falar do Superman,
do Batman e da Mulher-Maravilha. Esse conhecimento cultural gera uma série de
modificações na sociedade, uma vez que cada indivíduo, como pontua Bauman
(2008), deseja fazer parte desse capital cultural desenvolvido globalmente.
A música, por mais que sempre estivesse presente na humanidade, desde
tempos imemoriais, como informa Bennett (1986), foi seriamente modificada com
a invenção dos meios de reprodução. Devemos lembrar que, assim como a
literatura, a música também podia ser reproduzida por meio de folhas de papel.
Ou seja, se alguém habilidoso o suficiente conseguisse tocar um instrumento,
poderia ler a música por meio de uma partitura previamente escrita. Entretanto,
sempre era necessário a existência dos instrumentos e de quem pudesse tocá-lo.
Com a invenção do fonógrafo, por Thomas Edison em 1877, essa dinâmica
modificou-se. A partir de então, pessoas poderiam escutar música onde
quisessem, sem necessitar de instrumentos musicais ou de alguém habilidoso
para tocá-lo. Ainda que se possa argumentar que continuava sendo necessário
um aparelho (o fonógrafo, ou o gramofone, ou o aparelho de discos de vinil, ou o
aparelho de cds ou, mais atualmente, um telefone celular), não era mais
necessária a destreza do tocador. Supostamente, com a reprodutibilidade técnica,
qualquer um poderia apertar um botão e ouvir sua música preferida, que fora
gravada previamente. Mais ainda, com a invenção das emissoras de rádio e seu
domínio entre 1920 e 1950, como informa Parry (2012), bastava girar um botão
para ligar o aparelho e a música estava lá, em meio aos comerciais.
Atualmente uma das indústrias de reprodutibilidade técnica que mais fatura
dinheiro no mundo é a dos videojogos, ou videogames. Por mais paradoxal que
seja, por meio dos videogames de reprodução em massa, temos experiências
únicas. Atualmente, os jogos permitem um número quase infinito de formas de
serem resolvidos. Assim, cada indivíduo, por mais que tenha comprado o mesmo
produto, joga um jogo diferente, o que acaba sendo uma nova manifestação da
reprodutibilidade técnica que, ao fim e ao cabo, promove leituras diferentes em
diferentes pessoas. Um livro nunca é lido da mesma forma por duas pessoas,
assim como uma canção não é entendida da mesma maneira, um filme ou mesmo
uma fotografia. Ainda que haja uma leitura de certa forma comum, o que faz com

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que os produtos culturais sobrevivam é justamente a leitura diferenciada das


pessoas. Mesmo que sejam produtos de uma indústria. A indústria cultural.

Saiba mais

BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica.


Porto Alegre: L&PM, 2018.

TEMA 2 – INDÚSTRIA CULTURAL

Benjamin, tão citado no tema anterior, era um dos membros da chamada


Escola de Frankfurt, pensadores que se debruçaram em torno da relação entre
sociedade e bens culturais. Outros dois nomes dessa escola eram Theodor
Adorno e Max Horkheimer. E foram esses autores que, em 1947, definiram o
termo indústria cultural.
Mas o que é essa indústria cultural? Bem, antes de pensarmos nesse
termo, vamos pensar nos bens de consumo existentes antes da reprodutibilidade
técnica. Ora, uma fábrica de sapatos produz sapatos, certo? E nessa fábrica, um
funcionário produz a sola, outro produz o couro, outro produz o cadarço e assim
sucessivamente. O mesmo acontece com a produção de um carro, por exemplo:
um setor produz as portas, outro o motor, outro as rodas, outro os pneus e assim
continuamente. Também não é segredo que essas partes são criadas em diversas
localidades mundo afora.
Bem, o que Adorno e Horkheimer (2011) dizem em seu texto é que a
produção supostamente artística de filmes hollywoodianos nada tem de artístico.
O que existe é uma grande indústria cujo único fim é o lucro. Filmes são meros
produtos, lançados ao mercado para ganhar (muito) dinheiro.
Para explicitarem melhor esse conceito, os autores lembram que as
empresas que produzem filmes têm a divisão de trabalho tal qual uma fábrica que
faz autopeças ou roupas em grande tiragem. Na “esteira” dessa fábrica, tal qual
Tempos Modernos de Chaplin, há uma linha de produção. E nela, há vários
profissionais, que vendem suas horas de trabalho para o desenvolvimento de um
produto que visa o lucro. Temos a equipe de storyboard, a equipe de filmagem, a
equipe de sonorização, a equipe de pós-produção, a equipe de marketing, e
outras tantas. Basta ver a quantidade de nomes que aparecem nos créditos de
um filme ao seu final. Cada uma daquelas pessoas é um trabalhador nessa

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indústria. E perceba que há muito mais trabalhadores em um único filme do que


na maioria das fábricas Brasil afora.
Mais do que isso, salientam Adorno e Horkheimer (2011), o capital é
sempre o principal foco, nunca a expressão artística. O grande capital, as grandes
indústrias, os grandes bancos etc. são interdependentes. Ou seja, o dinheiro está
na mão de poucas empresas, que controlam boa parte da produção. Vejamos o
caso exemplar da empresa Disney: ela é dona da Marvel, de Star Wars, da Fox,
da ESPN, da Pixar, da ABC... A mesma empresa, com os mesmos acionistas, é
dona de muitos dos produtos de entretenimento que você consome. De esportes
a desenhos computadorizados, de super-heróis a batalhas em uma galáxia muito,
muito distante, uma só empresa domina boa parte do mercado. A Disney está
para o entretenimento como a Google está para a busca na internet.
O grande efeito disso é que apenas um grupo de pessoas acaba ditando a
forma como bilhões de outras “devem” se comportar. E, salientam os autores,
sempre tentando solidificar o status quo vigente, ou seja, sempre favorecendo que
quem é rico fique mais rico e quem é pobre fique mais pobre. Por meio de produtos
audiovisuais massivos pode-se também obter controle social. O cinema, como
veremos adiante nesse curso, acaba se transformando em “educador” dos
trabalhadores de acordo com ideias capitalistas impostas de cima para baixo e,
ainda segundo Adorno e Horkheimer (2011), ajudando a acalmar qualquer desejo
de mudança.
Esse efeito acaba ocorrendo porque uma nova cultura surge com os meios
de comunicação, valendo-se da reprodutibilidade técnica. E essa nova cultura,
que surge no século XX, é chamada cultura de massa.

Saiba mais

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Indústria cultural e sociedade. São


Paulo: Paz &Terra, 2011.

TEMA 3 – CULTURA DE MASSA

A cultura de massa que, como já dissemos, é oriunda do século XX, nasce


intimamente ligada à reprodutibilidade técnica. Isso porque aparatos como um
disco de música, um filme em DVD, um programa na televisão, só puderam ser
criados a partir do momento em que houve a possibilidade de reprodução em

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massa dessas peças culturais. É uma cultura criada com base no consumo, para
ser consumida. Como diz Eco (2006, p. 35),

com o advento da era industrial e o acesso das classes subalternas ao


controle da vida associada, estabeleceu-se, na história contemporânea,
uma civilização da cultura de massa, cujos sistemas de valores deverão
ser discutidos, e em relação à qual será mister elaborar novos modelos
ético-pedagógicos.

Essa civilização da cultura de massa acaba criando uma série de


discussões. A primeira delas diz respeito aos criadores de conteúdo, que buscam
homogeneizar a sociedade, criando “gostos medianos” e, de certa forma,
diminuindo ou até mesmo invalidando culturas próprias. Além disso, os produtores
não lançam desafios intelectuais ao seu público. Eco (2006) chega a dizer que
mesmo os produtos relativamente mais intelectualizados ainda são nivelados e
condensados, para exigir o mínimo de esforço, encorajando uma visão passiva e
acrítica da sociedade circundante. Como já apontaram Adorno e Horkheimer
(2011), uma das funções da indústria cultural é a manutenção do status quo. Mais
do que isso, vai apontando o pensador italiano, por meio da cultura de massa
forjam-se preconceitos que se enraízam nas sociedades e fazem acreditar que
sempre estiveram ali.
Por outro lado, Eco (2006) descortina algumas características interessantes
dessa cultura, apontando que ela é um reflexo de uma sociedade que tem acesso
aos bens culturais. E que, mesmo com a imprensa desenvolvida desde o século
XVI, nunca se teve tanto acesso à cultura quanto a partir do século XX. Outro
ponto positivo seria o acúmulo de informação do indivíduo. Ainda que restrito
àquilo que os curadores da cultura forneçam, é inegável que atualmente há mais
informação circundante. Essa informação acaba gerando comunidades e
formando laços entre as pessoas. Por sua vez, essa homogeneização de gostos
acaba eliminando certas diferenças de estratos sociais anteriormente muito fortes.
Por exemplo, um trabalhador humilde, com salário inferior ao mínimo, pode
desfrutar da mesma canção que um milionário, pois ambos ouvem rádio, ou
podem debater sobre o personagem da novela. Estudiosos como Orozco, Martin-
Barbero ou Citelli, apenas para citar alguns, sempre lembram que é graças à
presença maciça da cultura em sala de aula que podemos nos valer da
Educomunicação para estabelecer laços e problematizar inúmeras questões em
conjunto com os alunos.

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Mas não podemos nos furtar de lembrar sempre que uma cultura promovida
pelo consumo e pelo entretenimento sempre terá uma relação tensa na
sociedade. Existe uma intolerância em relação ao gosto do outro, àquilo que o
outro julga certo ou interessante. O indivíduo, como já salienta Lacan (citado por
Mrech, 2005), parece ser sempre intolerante em relação àquilo que não é o seu
gosto, e sempre está disposto a opinar sobre o gosto alheio e controlá-lo.
Mais do que isso, podemos perceber uma falta de criatividade expressiva
na maior parte dos produtos da comunicação de massa. Se observamos com
cuidado, a maior parte dos filmes hollywoodianos têm a mesma estrutura. O
mesmo podemos dizer das canções de música pop, as histórias em quadrinhos
de super-heróis ou os programas televisivos. Há raríssima criatividade dos
produtores desse tipo de conteúdo, já que procuram, o tempo todo, uma forma de
agradar o maior número de pessoas, homogeneizando todos os conteúdos e não
abrindo espaço para ideias alternativas.

Saiba mais

ECO, U. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2006.

TEMA 4 – MEIOS DE COMUNICAÇÃO COMO EXTENSÕES DO HOMEM

É com base na obra do pensador canadense Marshall McLuhan que


podemos dizer que os meios de comunicação de massa são, atualmente,
extensões do próprio homem. A televisão, o cinema, o telefone celular, não saem
das nossas mentes ou mesmo das nossas mãos.
McLuhan (2007) então nos explica que o meio é a mensagem. Sobre isso,
ele diz que “as consequências pessoais de qualquer meio constituem o resultado
de um novo estalão introduzido em nossas vidas por uma nova tecnologia ou
extensão de nós mesmos” (McLuhan, 2007, p. 21). Para tornar mais fácil entender
esse processo, talvez alguns exemplos ajudem: um filme, visto em uma tela de
cinema, é diferente do mesmíssimo filme a que se assiste na tela da televisão ou
na telinha do seu celular. Isso porque o meio também carrega a mensagem. O
cinema carrega uma, a televisão outra e o celular outra. Outro exemplo comum é
o livro. Um mesmo livro, com as mesmíssimas palavras, tem uma conotação
quando é produzido e lido em capa dura ou produzido e lido em capa mole. As
pessoas têm uma inclinação a levar mais em consideração ou mesmo ter mais
cuidado e admiração por um livro de capa dura do que por um livro em capa mole.
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O mesmo autor também nos brinda com as definições de meios quentes e


meios frios. Os meios de comunicação quentes, para McLuhan (2007) são
aqueles que promovem um aumento de apenas um dos nossos sentidos, e com
alta saturação de dados, permitindo menos participação do espectador. Já os
meios frios, para o autor, são aqueles que fornecem pouca informação aos
sentidos, fazendo com que muito tenha que ser preenchido pelo espectador.
Assim, podemos dizer que o cinema, com suas luzes apagadas, iluminação
forte na tela, som alto e impossibilidade de muita conversa, é um meio quente, já
que lhe dá todas as informações, e em alta definição. Já uma conversa de voz em
um telefone é o oposto. É um meio frio porque o ouvinte/falante da ligação precisa
imaginar e compor imagens mentais dos fatos narrados, bem como precisa se
articular para estabelecer frases que sejam compreendidas pelo seu interlocutor.

Saiba mais

McLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem. São


Paulo: Cultrix, 2007.

TEMA 5 – MEIOS COMUNICACIONAIS ATUAIS

Atualmente são muitos os meios de comunicação existentes. Isso porque


quando surge um novo, normalmente os anteriores não se esvaem. É claro que,
em algumas situações, isso acaba acontecendo, como no caso do telégrafo ou
dos videocassetes, mas normalmente o que ocorre é um acréscimo de novos
meios.
Outra coisa que ocorre é que um meio vai se desenvolvendo tanto até que
chega um momento em que não se sabe mais se é o primeiro meio evoluído ou
se é outra coisa, outro meio. Vejamos o caso típico do seu aparelho móvel de
comunicação. Até 2006, o telefone celular poderia ser chamado assim, pois sua
principal função era a ligação por voz. Na verdade, era uma melhoria geográfica
(já que podemos nos mover) em relação ao telefone que foi inventado por Antonio
Meucci (e não por Graham Bell, como se acreditava até 2002) em 1860. Então,
de 1860 até 2006, tivemos melhorias significativas em torno de um aparelho. A
partir de 2007, com a invenção do iPhone, da empresa norte-americana Apple,
temos outra coisa. O aparelho apresentado por Steve Jobs poderia apresentar
comunicação por voz, como um telefone, mas ao mesmo tempo era outra coisa.
Poderia fazer muito mais, sendo praticamente um computador de mão, e cada vez
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menos um telefone para falar com as pessoas. Ou a própria televisão. Podemos


dizer que uma televisão via streaming, como a Netflix é igual a uma TV a cabo,
como a NET ou a uma TV aberta como a rede Globo? Trata-se da mesma coisa?
Hoje, então, temos diversos meios de comunicação, que se dividem em
outros tantos, e todos eles podem ser utilizados para o auxílio do professor em
sala de aula. Temos as artes gráficas, com seus cartazes, obras plásticas e até
pichações. Temos as histórias em quadrinhos, tão familiares aos alunos, temos a
própria fotografia, que é responsável por muito do mundo que avistamos fora das
nossas casas. Além disso, há o cinema, que talvez seja o mais influente dos meios
comunicacionais, a televisão, que é a mais capilarizada e presente nas casas
mundo afora, a música, que é presente na humanidade desde que viramos homo
sapiens, e o rádio, que transmite essas músicas e também notícias e
entretenimento que podem ser usados pelos professores. No mundo mais
contemporâneo, temos os videogames, que podem ser utilizados de forma ampla
por professores em seu trabalho com os discentes. Além disso, há ainda as
praticamente onipresentes redes sociais, que permeiam a sociedade capitalista
do século XXI.

Saiba mais

PARRY, R. A ascensão da mídia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

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REFERÊNCIAS

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz


&Terra, 2011.

BAUMAN, Z. Vida para consumo. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Porto


Alegre: L&PM, 2018.

BENNET, R. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.

BERGER, J. Modos de ver. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

BORDWELL, D.; THOMPSON, K. A arte do cinema. Campinas: Edusp, 2013.

CARRIÈRE, J. C. A linguagem secreta do cinema. São Paulo: Nova Fronteira,


2015.

ECO, U. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2006.

McLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem. São


Paulo: Cultrix, 2007.

MRECH, L. M. (Org.). O impacto da psicanálise na educação. São Paulo:


Avercamp, 2005.

PARRY, R. A ascensão da mídia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

SONTAG, S. Sobre a fotografia. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.

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