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i
ii PRÓLOGO
Prólogo i
1 Números Complexos 1
1.1 As origens dos números complexos . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 As origens da Análise Complexa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 O corpo dos números complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4 Representação algébrica dos complexos . . . . . . . . . . . . . . 11
1.5 Desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.6 Raı́zes quadradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.7 Representação geométrica dos complexos . . . . . . . . . . . . . 19
1.8 Operações vectoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.9 O espaço métrico dos complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.10 O infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.11 Exercı́cios propostos (1.1–1.32) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.12 Laboratório 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2 Funções Complexas 59
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.2 Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.3 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
2.4 Continuidade uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
2.5 Caminhos em C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
2.6 Conjuntos conexos por arcos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
2.7 Exercı́cios propostos (2.1–2.11) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
2.8 Laboratório 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
v
vi ÍNDICE
11 Resı́duos 351
11.1 Teorema dos Resı́duos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351
11.2 Aplicações ao cálculo do integral real . . . . . . . . . . . . . . . 353
11.3 O Princı́pio do Argumento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360
11.4 Teorema de Rouché . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 362
11.5 Exercı́cios propostos (11.1–11.17) . . . . . . . . . . . . . . . . . 364
11.6 Laboratório 11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 368
12 Aplicações 375
12.1 A transformada-´ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 375
12.2 O problema de Dirichlet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 379
12.3 A transformada de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 381
12.4 Exercı́cios propostos (12.1–12.11) . . . . . . . . . . . . . . . . . 390
12.5 Laboratório 12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 393
Bibliografia 403
Capítulo
Números Complexos
1
1.1 As origens dos números complexos
Se, como afirmou Leopold Kronecker (1823–1891), Deus fez os inteiros e o
resto é obra do Homem, então, como Ian Stewart defende [29], os complexos são
um dos mais intrigantes artefactos matemáticos criados pela mente humana. Como
se explica que, depois de terem vindo à luz em 1545 na Ars Magna de Cardano, per-
manecessem em letargia durante gerações, deles tendo passado em boa medida ao
lado génios como Fermat (1601–1665), Leibniz (1646–1716) ou Newton (1642–
–1727)? Olhados com suspeição, confusão e até hostilidade, houve que esperar
pelo século dezanove para que estes entes matemáticos tivessem fundamentação
rigorosa e alcançassem reconhecido impacto em toda a Matemática.
Dois mil anos antes de Cristo já era conhecida dos babilónios a resolução de
equações quadráticas
x 2 D ax C b :
1
2 CAPÍTULO 1: Números Complexos
L1
L2
x 2 C 2x C 2 D 0 ;
que não são satisfeitas por qualquer número real x: Mas é plausı́vel que não tenham
sido as quadráticas, mas sim as cúbicas, que forçaram o algebrista italiano a encarar
seriamente os complexos. Com efeito, se pensasse numa solução destas equações
por via geométrica, ao bom estilo da tradição dos gregos e prática ainda vigente no
século dezasseis, parecer-lhe-ia ”natural” negligenciar equações quadráticas ”im-
possı́veis”.
x C y D 10 I
xy D 40 ;
tendo obtido a solução que, em notação moderna, se escreve
p p
x D 5C 15 ^ y D 5 15 :
O matemático italiano não apresentou qualquer interpretação para o que seria a raiz
quadrada de um número negativo, mas observou pragmaticamente que, obedecendo
aquelas quantidades às regras usuais do cálculo, então satisfariam as equações do
1.1 As origens dos números complexos 3
sistema. Na mesma obra, notou que a fórmula que Tartaglia (c. 1500–1557) lhe
confiara, mediante juramento de sigilo, para resolução de equações cúbicas do tipo
x 3 D 15x C 4 ;
conduz à expressão
q q
3 p 3 p
x D 2C 121 C 2 121 :
d’Abaco do pintor Piero della Francesca. No século dezasseis, estas equações fo-
ram objecto de competições entre matemáticos, envolvendo a atribuição de prémios
pecuniários e até de postos académicos aos vencedores.
log. x/ D log.x/ C c :
Euler deduziu importantes relações envolvendo complexos, com realce para a fórmu-
la descoberta em 1748 e que tem o seu nome (apesar de Roger Cotes, em 1714, ter
encontrado uma fórmula equivalente):
A Fórmula de Euler é uma das mais famosas identidades da Matemática. Foi esta-
belecida na sua obra Introductio, publicada em Lousana. Esta fórmula veio revelar
a existência de uma relação profunda entre os números complexos e as funções
trigonométricas. Em particular, fazendo D , obtemos a admirável fórmula que
congrega os mais importantes números da análise (0, 1, e, , i ):
ei C 1 D 0 :
log ´ D w , ew D ´ ;
elog ´C2ni D ´
e, assim, log ´ C 2n i é também log ´; pelo que o logaritmo complexo é uma
função multı́voca.
elog ´C.2nC1/i D ´
e
log . ´/ D log ´ C .2n C 1/ i :
Aqui está a resolução da controvérsia de Leibniz-Bernoulli: sendo x real positivo,
log . x/ é complexo!
1.1 As origens dos números complexos 7
f .´/ D Œa0 C a1 .´ ´0 / C a2 .´ ´0 /2 C a3 .´ ´ 0 /3 C C
1 2 3
C Œb1 .´ ´0 / C b2 .´ ´0 / C b3 .´ ´0 / C :
Um par .G; ˘/, constituı́do por um conjunto G e por uma operação binária ˘
em G, diz-se um grupo se verifica as seguintes propriedades:
.a ˘ b/ ˘ c D a ˘ .b ˘ c/ :
a ˘ e D e ˘a D a:
10 CAPÍTULO 1: Números Complexos
a ˘b D b ˘a:
a .b C c/ D a b C a c ; 2
para cada a; b; c 2 K.
R2 D f.a; b/ W a; b 2 Rg;
munido da adição
É simples verificar que .R2 ; C/ é um grupo abeliano e até mesmo um espaço vec-
torial real com a multiplicação escalar definida por
O subconjunto de C,
C1 D f.a; 0/ W a 2 Rg;
é um corpo. A função
f W R ! C1 (1.1)
a 7! .a; 0/
aCx D b e ax D b; a 6D 0 ;
.a; b/ D a C bi; a; b 2 R ;
unidade imaginária.
.a; b/ D a C i b; a; b 2 R :
i 2 D .0; 1/2 D . 1; 0/ D 1
Não é possı́vel definir nos números complexos uma tal ordenação. Suponhamos,
por contradição, que tal é possı́vel. Uma vez que i ¤ 0; então por (P1 ), ou
i > 0 ou i > 0:
Mas, também temos 1 D . 1/2 > 0. Logo, 1 > 0 e 1 > 0; o que contraria (P1 ).
1 1 ´
(h) ´ D D 2 , com ´ 6D 0I
´ j´j
(i) j´j D j´j.
1.5 Desigualdades
Da definição de módulo de um número complexo resulta
j´j Re ´ j´j I
(1.2)
j´j Im ´ j´j :
A desigualdade triangular
ou seja,
j´ C wj2 D j´j2 C jwj2 C 2 Re.´w/ :
Por indução, a desigualdade (1.3) pode ser generalizada para somas com um
número arbitrário de parcelas
De (1.3), resulta
ou
j´j jwj j´ wj :
Analogamente,
jwj j´j j´ wj ;
podendo estas duas desigualdades ser combinadas na desigualdade
j´ wj jj´j jwjj :
ja C i bj jaj C jbj ;
ou seja,
ou abreviadamente,
ˇ ˇ2
ˇ n ˇ n n
ˇ X ˇ X X
ˇ ´ w ˇ j´ j 2
jwj j2 : (1.6)
ˇ j j ˇ j
ˇj D1 ˇ j D1 j D1
porque sendo o denominador zero nada há a provar. Substituindo em (1.7), após
algumas simplificações vem a desigualdade
ˇ ˇ2 ,
n ˇ n ˇ n
X ˇ X ˇ X
j´j j 2 ˇ ´ w ˇ jwj j2 0 ;
ˇ j j ˇ
j D1 ˇj D1 ˇ j D1
Como já foi mencionado anteriormente, uma das razões subjacentes à utiliza-
ção dos números complexos consiste em permitir o uso de raı́zes quadradas de
números reais negativos. Vejamos que tal é possı́vel para qualquer número com-
plexo.
x2 - y2 =a
2xy=b
Então, p
x2 C y 2 D a2 C b 2 0 :
1 p 1 p
x2 D .a C a2 C b 2 / ^ y2 D . a C a2 C b 2 / : (1.9)
2 2
b
sgn.b/ D ; b 6D 0 ;
jbj
Assim, se b ¤ 0; tem-se
0s p s p 1
p aC a2 C b 2 aC a2 C b 2 A
a C ib D ˙@ C i sgn.b/ : (1.10)
2 2
p p
Se b D 0; os valores da raiz quadrada são ˙ a, se a 0, e ˙i a, se a < 0:
18 CAPÍTULO 1: Números Complexos
p p !
p 2 2
i D ˙ i :
2 2
e
p p p p !
2 2 2C 2
˙ Ci :
2 2
z=Hx, yL=x+iy
y
0 x
Podemos, ainda, entender ´ como o vector que vai da origem das coorde-
nadas para o afixo (veja-se a figura 4). A adição de dois complexos ´ e w é pre-
cisamente a adição dos correspondentes vectores, ou seja, recorre-se como habi-
tualmente à regra do paralelogramo, conforme é ilustrado na figura 5. Veremos,
oportunamente, a significação geométrica da multiplicação de números complexos.
z1 +z2
z2
z1
r
r sin Θ
r cos Θ
Tem-se, portanto,
´ D j´j.cos C i sin / :
Esta é a forma trigonométrica ou polar de ´. É frequente usar-se a forma abreviada
´ D r cis ;
Observação 1.1 Também é usual utilizar-se o sı́mbolo ei , o qual é definido através
da Fórmula de Euler:
´ D r ei :
z2
z1
0 1
´1 D r1 cis 1 e ´2 D r2 cis 2 ;
então
´1 ´2 D r1 r2 cis.1 C 2 / : (1.13)
1 1 1
´ D .r cis / D cis. / :
r
De (1.12) e por indução, prova-se sem dificuldade que
vem n
n 1
´ D cis. / D r n cis.n / :
r
Sendo assim, (1.14) é válida para qualquer expoente inteiro. Esta é a chamada
Fórmula de De Moivre. A partir dela pode provar-se a seguinte generalização.
o que equivale a
1
C2k
s D rn I D n ; k 2 Z:
z w D w z:
Θ
z
ÈwÈcos Θ
ÈzÈ
z´ w
ÈzÈ ÈwÈsin Θ
w
ÈwÈsin Θ
Θ
z
ÈzÈ
Figura 9: Interpretação geométrica do produto vectorial (caso em que sin > 0).
z
z w
ÈwÈ Θ
Β ÈzÈ ÈwÈ z´ w
Α Θ
0 -Α z× w
ÈzÈ
z
Repare-se que
j´jjwj sin
tem o sinal do seno, tomando valores positivos e negativos. É claro que
zw D w z:
D j´jjwj cis.ˇ ˛/
D j´jjwj cis
D j´jjwj.cos C i sin / :
´w D z w C i.z w/ ;
z1
z2
0
z4
z3
Portanto,
1
A D Œ.z1 z2 / C .z2 z3 / C .z3 z4 / C .z4 z1 / ; (1.18)
2
ou seja,
1
A D Im.´1 ´2 C ´2 ´3 C ´3 ´4 C ´4 ´1 / :
2
No segundo caso (figura 12), A é claramente a soma das áreas dos triângulos
4Œ0´1´2 , 4Œ0´2´3 e 4Œ0´3´4 menos a área do triângulo 4Œ0´1´4 . Como o
ângulo de z1 para z4 é positivo, metade de z1 z4 é automaticamente a área preten-
dida, sendo A dada exactamente pela expressão anterior .
28 CAPÍTULO 1: Números Complexos
z1
z2
z4
z3
É simples provar que (1.18) é invariante mediante uma translação por k; isto
é, o seu valor não muda se ´1 for transformado em ´1 C k, ´2 em ´2 C k, ´3 em
´3 C k, ´4 em ´4 C k. Pode assim deduzir-se a validade de (1.18) para o cálculo
da área de qualquer quadrilátero (veja-se o exercı́cio 1.30).
d WCC ! R
.´1 ; ´2 / 7! d.´1 ; ´2 / D j´1 ´2 j
define uma métrica em C, uma vez que se verificam as seguintes propriedades, para
´1 ; ´2 ; ´3 2 C,
Diz-se que .C; d / é um espaço métrico e que o número real d.´1 ; ´2 / é a distância
entre ´1 e ´2 .
O conjunto
D.´0 ; r/ D f´ 2 C W j´ ´0 j < rg
1.9 O espaço métrico dos complexos 29
D.´; ı´ / Aj A :
Caso nada seja dito em contrário, consideraremos sempre a métrica que de-
finimos em C e a correspondente topologia induzida, designada muitas vezes por
topologia usual de C.
S \ D.´; ı´ / U :
Exemplo 1.4 Um aberto relativo pode não ser um aberto de C. Por exemplo, o
intervalo real 1; 1Œ obtém-se da intersecção de R com o disco aberto D.0; 1/.
Desta forma, 1; 1Œ é aberto em R. Contudo, 1; 1Œ não é um aberto de C.
Aliás, nenhum subconjunto de R é aberto em C, uma vez que nenhum subconjunto
de R pode conter discos abertos, pelo que não pode ser vizinhança de ponto algum
em C.
1.9 O espaço métrico dos complexos 31
ext A D int.CnA/ :
Exemplo 1.5 Consideremos o disco aberto D.0; 1/. O seu interior coincide com
o próprio disco, uma vez que, sendo um conjunto aberto, o disco é vizinhança de
todos os seus pontos. A fronteira consiste na circunferência C de centro 0 e raio 1.
De facto, qualquer disco aberto centrado num ponto de C contém pontos de D.0; 1/
e do seu complementar. O exterior é, então, constituı́do pelos restantes pontos do
plano.
A \ D.´0 ; r/ 6D ; ;
para cada r > 0. O conjunto dos pontos aderentes de A designa-se por aderência
ou fecho de A e representa-se por A. Tem-se então
A D int A [ @A :
A \ .D.´0 ; r/nf´0 g/ 6D ; ;
para cada r > 0. O conjunto dos pontos de acumulação de A designa-se por deri-
vado de A e representa-se por A0 .
S D.0; r/ :
Exemplos 1.8 Como já foi observado, o disco aberto D.´0 ; r/, com ´0 2 C e
r > 0, é um conjunto aberto e limitado de C. Por outro lado, a sua aderência,
D.´0 ; r/ D f´ 2 C W j´ ´0 j rg ;
S \ A 6D ;; S \ B 6D ; e S \ A \ B D ;:
U \ .S nU / D ; e U [ .S nU / D S :
1.10 O infinito
Desde sempre o infinito exerceu forte atracção sobre a mente humana. Mas,
afinal, o que é o infinito? O infinito é o que não é finito, o que não tem fim, o que se
recria a si próprio, o que é eterno e imortal. O infinito é um conceito fundamental
em matemática, um conceito omnipresente nas bibliotecas matemáticas em disci-
plinas tão diversas como o cálculo infinitesimal, a teoria dos conjuntos, a geometria
projectiva, etc. A Matemática é, para alguns, a ciência do infinito. Há quem creia
que, pelo simples facto de se acrescentar o infinito ao discurso matemático, daı́ re-
sulta matemática relevante.
No estudo das funções reais de variável real, o sistema dos números reais é
completado com dois elementos: 1 e C1. Supõe-se que para todo o a finito se
tem 1 < a < C1 e que são preservadas as propriedades fundamentais das desi-
gualdades neste campo alargado (vulgarmente designado por recta acabada). Ora,
na teoria das funções de variável complexa é necessário acrescentar ao sistema dos
números complexos apenas um infinito sem sinal, 1, obtendo-se o plano complexo
ampliado. Nos complexos não são consideradas desigualdades que envolvam 1 e
a questão de saber se 1 é maior ou menor do que um número finito não se coloca.
z`
z
0
z
z`
x1 C ix2
´ D
1 x3
´C´ ´ ´ j´j2 1
x1 D ; x2 D ; x3 D :
1 C j´j2 i.1 C j´j2 / j´j2 C 1
do plano ampliado b
C, também designado por sistema ampliado dos números com-
plexos. Observemos que a semi-esfera x3 < 0 corresponde ao disco
j´j < 1 ;
e a semi-esfera x3 > 0 a
j´j > 1 ;
´ C 1 D 1 C ´ D 1;
w 1 D 1 w D 1;
1
1 1; e 01
1
sem violar as leis da aritmética. São, tal como nos reais, as chamadas formas
indeterminadas. Por convenção, escreveremos
´
D 1;
0
para ´ ¤ 0, e
w
D 0;
1
para w ¤ 1.
Convencionamos, ainda, que toda a recta passa pelo ponto no infinito (veja-
-se a figura 14), mas em contraste nenhum semi-plano contém o ponto ideal.
1
D.1; r/ D ´ 2 C W j´j > :
r
x2 .3 C i /x C .2 C 2i / D 0 :
Exercı́cio 1.3 As raı́zes de uma cúbica geral podem ser vistas no plano OX Y como
a intersecção do eixo dos xx com o gráfico da cúbica
y D x 3 C ax 2 C bx C c ;
com a; b; c 2 R.
(a) Mostre que o ponto de inflexão do gráfico da cúbica ocorre para
x D a=3.
(b) Deduza geometricamente que a substituição x D X a=3 reduz a
equação à forma y D X 3 C BX C C .
(c) Verifique algebricamente o resultado da alı́nea anterior.
cos 3 D 4c 3 3c ;
onde c D cos .
1.11 Exercı́cios propostos (1.1–1.32) 39
p
(a) Substitua x D 2 pc na cúbica geral reduzida x 3 D 3px C 2q e ob-
q
tenha 4c 3 3c D pp p
.
.x; y; ´; t / C .x1 ; y1 ; ´1 ; t1 / D .x C x1 ; y C y1 ; ´ C ´1 ; t C t1 /
i 2 D j 2 D k 2 D ij k D 1;
sendo
Exercı́cio 1.7 Prove que se dois inteiros podem ser expressos como a soma de dois
quadrados (de inteiros), então o mesmo vale para o seu produto4.
Sugestão: Considere
j.a C bi /.c C d i /j2 ;
onde cada sı́mbolo diferente de i denota um inteiro.
1 ´nC1
1 C ´ C ´2 C C ´ n D ; ´ 6D 1:
1 ´
(a) Re ´2 ;
(b) Re.i´/;
(c) Im.i´/;
Exercı́cio 1.13
i
(a) ´ D ;
2 2i
p
(b) ´ D . 3 i /6 .
p
Exercı́cio 1.19 Determine as raı́zes cúbicas de 3 C i.
(a) jcis j D 1;
1 sinŒ.n C 12 /
1 C cos C cos 2 C C cos n D C ; 0 < < 2 :
2 2 sin.=2/
Exercı́cio 1.24 Mostre que, sendo ´ qualquer raiz ı́ndice n da unidade diferente de
1, se tem
1 C ´ C C ´n 1 D 0 :
Exercı́cio 1.25 Este exercı́cio fornece uma construção dos números complexos a
partir de uma classe especial de matrizes reais, construção essa alternativa da usual
a partir do plano real. Denotemos por M2 .R/ o conjunto das matrizes reais 2 2
munido das operações usuais de adição e multiplicação. Consideremos o conjunto
C das matrizes da forma
a b
;
b a
e tomemos a função M W C ! C que a cada complexo .a; b/ faz corresponder a
matriz M.a; b/ definida por
a b
M.a; b/ D :
b a
(a) M é injectiva;
(b) M é sobrejectiva;
(c) M é um homomorfismo de grupos aditivos;
(d) M é um homomorfismo de monóides multiplicativos (isto é, preserva
a multiplicação);
(e) M é um isomorfismo de corpos;
(f) Todas as propriedades anteriores também são válidas para a restrição
de M ao conjunto dos números reais
f.x; 0/ W x 2 Rg C
Exercı́cio 1.30
1
A D Œ.z1 z2 / C .z2 z3 / C .z3 z4 / C .z4 z1 / ;
2
para o cálculo da área de qualquer quadrilátero de vértices ´1 ; ´2 ; ´3
e ´4 (tomados no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio). Para
tal, mostre que (1.18) é invariante mediante uma translação por k.
Sugestão: Tenha em conta que ´ C ´ é um número real.
(b) Será (1.18) válida para polı́gonos com qualquer número de lados?
(a) Mostre que a ”estrela” de rectas, que passam por N e que intersectam
S , faz corresponder a cada ponto .x; y; 0/ do plano OX Y , um ponto
da esfera S , distinto de N , de coordenadas dadas por
2x 2y x2 C y 2 1
x1 D ; x2 D ; x3 D :
x2 C y 2 C 1 x2 C y 2 C 1 x2 C y 2 C 1
´C´ ´ ´ j´j2 1
x1 D ; x2 D ; x3 D :
1 C j´j2 i.1 C j´j2 / j´j2 C 1
44 CAPÍTULO 1: Números Complexos
Comandos básicos
Um problema frequente que surge aos novos utilizadores do Mathematica
decorre do uso dos mesmos sı́mbolos para representar variáveis em diferentes
notebooks. Por exemplo, se tivermos dois notebooks abertos onde surja a variável
x, o valor de x corresponde ao valor da mais recente execução. Esta situação
pode criar anomalias inesperadas. Por isso, é aconselhável a utilização do comando
Clear[] como forma de contornar o problema. No exemplo mencionado, acon-
selha-se a colocação de Clear[x] no inı́cio dos dois notebooks. Se desejarmos
limpar todas as variáveis globais de uma só vez, sem as listar, podemos escrever
Clear["Global‘*"].
Clear@"Global` *"D; z = 1 + I;
8Re@zD, Im@zD, Abs@zD, Arg@zD, Conjugate @zD<
In[1]:=
!!!! Π
Out[2]= 91, 1, 2 , , 1 - ä=
4
.x C iy/3 ;
Out[3]= x3 + 3 ä x2 y - 3 x y2 - ä y3
In[4]:= Re@expression D
In[5]:= Im@expression D
ou
In[12]:= Expand @Cos@5 ΘD, Trig ® TrueD
Out[14]= Cos@5 ΘD
In[16]:= Solve@w5 - 1 0, wD
!!!! !!!!
w = I-1 + 5 M + ä $%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
I5 + 5 M ;
1 1 1
0.5
-1 -0.5 0.5 1
-0.5
-1
Out[19]=
Graphics
1.12 Laboratório 1 49
showNthRoots @31D
0.5
-1 -0.5 0.5 1
-0.5
-1
Out[21]= Graphics
Resolução da cúbica
Partindo do polinómio x 3 C ax 2 C bx C c, efectuemos a mudança de variável
associada à translação:
Out[22]= a A 2 + A 3 + A b + c + H2 a A + 3 A 2 + bL X + Ha + 3 AL X2 + X3
!!!!
99- + =, 80<=
1 ä 3
Out[24]=
2 2
!!!!
x3 - Α3 + I1 + ä 3 M x Α Β - Β3
3
Out[28]=
2
II1 + ä 3 M ΑMEE
a3
Out[29]= -b -
- Α3
Α3
a3
Out[30]= -b - - Λ
Λ
1.12 Laboratório 1 51
Igualando esta expressão a zero, temos uma equação do segundo grau em facil-
mente resolúvel. Usemos a função Solve[] para obtermos as suas raı́zes .
In[31]:= Solve@expression2 0, ΛD
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
99Λ ® I-b - -4 a3 + b2 M=, 9Λ ® I-b + -4 a3 + b2 M==
1 1
Out[31]=
2 2
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 13
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 13 I-b - -4 a3 + b2 M
9-J- N I-b - -4 a3 + b2 M ,
1 13
Out[32]=
,
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 13
2 213
H-1L23 I-b - -4 a3 + b2 M 1 !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 13
, J- + -4 a3 + b2 N ,
b
!!!!
In[33]:= solΒ = MapA-2 a II1 + ä 3 M #M &, solΑE
2 H-1L23 213 a
9-
!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 13
I1 + ä 3 M I-b - -4 a3 + b2 M
Out[33]=
,
2 H-2L13 a
!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 13
2 213 a
I1 + ä 3 M I-b - -4 a3 + b2 M I1 + ä 3 M I-b - -4 a3 + b2 M
-
13
,
,
2 H-1L23 a
2 2
2 H-1L13 a
2 2
=
!!!! 1 !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ! 13
I1 + ä 3 M I- -4 a3 + b2 M
b
2
+ 2
52 CAPÍTULO 1: Números Complexos
Out[37]= p x2 + x4 -r - q x
Hp + x2 L
2
Out[40]=
Out[41]= p2 - r - q x + p x2
Seguidamente, somemos a cada um dos membros uma expressão tal que o segundo
membro seja um quadrado perfeito e de modo que o primeiro membro continue a
ser um quadrado perfeito.
lhs2 = lhs1 + 2 * z Hp + x2 L + z2 ;
rhs2 = rhs1 + 2 * z Hp + x2 L + z2 ;
In[42]:=
Factor @lhs2D
Hp + x2 + zL
2
Out[44]=
1.12 Laboratório 1 53
Out[45]= p+2z
Out[46]= -q
Out[47]= p2 - r + 2 p z + z2
Out[48]= -4 p3 + q2 + 4 p r + H-16 p2 + 8 rL z - 20 p z2 - 8 z3
Chegámos, assim, a uma equação cúbica em ´ que podemos resolver, por exemplo,
pelo Método de Tartaglia exposto anteriormente. Uma vez determinado ´, os dois
membros da equação são expressos como quadrados perfeitos. O passo seguinte
consiste em tomar a raiz quadrada de cada um dos membros e resolver as duas
equações quadráticas daı́ resultantes. Ilustremos com o seguinte exemplo:
In[49]:= lhs = x4 - 10 x2 ; rhs = -8 * x - 5;
lhs1 = lhs - 10 * x2 + 10 2 ; rhs1 = rhs - 10 * x2 + 10 2 ;
Factor @lhs1D
H-10 + x2 L
2
Out[51]=
Factor @lhs2D
H-10 + x2 + zL
2
Out[54]=
54 CAPÍTULO 1: Números Complexos
Segue-se
Out[55]= -10 + 2 z
Out[56]= -8
Out[57]= 95 - 20 z + z2
3328 320 Z
Out[59]= + - 8 Z3
27 3
!!!! !!!!
9- , I1 - 3 3 M, I1 + 3 3 M=
4 2 2
Out[60]=
3 3 3
Out[61]= 7
1.12 Laboratório 1 55
H-3 + x2 L
2
Out[62]=
Out[64]= -3 + x2 2 H-1 + xL
Out[65]= -3 + x2 -2 H-1 + xL
solutionx1 = x . Solve@quad1, xD
!!!! !!!!
In[66]:=
Out[66]= 91 - 2, 1+ 2=
solutionx2 = x . Solve@quad2, xD
!!!! !!!!
In[67]:=
Out[67]= 9-1 - 6 , -1 + 6 =
Em qualquer dos quatro casos a expressão lhs-rhs é zero. Como forma de confir-
mar o resultado, podemos simplesmente resolver lhs==rhs em ordem a x com o
comando Solve[].
Solve@lhs rhs, xD
!!!! !!!! !!!! !!!!
In[70]:=
Out[70]= 99x ® 1 - 2 =, 9x ® 1 + 2 =, 9x ® -1 - 6 =, 9x ® -1 + 6 ==
Out[75]= GraphicsArray
8z, -2 - 2 I, 1 2 + 2 I<,
Fills ® RGBColor @1, 0.5, 0.5D, ImageSize ® 72 2E
0.5
-2 -1.5 -1 -0.5
-0.5
-1
Out[76]=
Graphics
58 CAPÍTULO 1: Números Complexos
.x 2 C y 2 C ax/2 D a2 .x 2 C y 2 / ; a > 0:
ParametricPlot @
Evaluate @Table@8a H1 - Cos@ΘDL Cos@ΘD,
In[77]:=
a H1 - Cos@ΘDL Sin@ΘD<,
8a, 0.25, 1, 0.25<DD, 8Θ, 0, 2 Π<,
AspectRatio ® 1, PlotStyle ® 88Hue@0D<,
8Hue@0.3D<, 8Hue@0.6D<, 8Hue@0.9D<<D
0.5
-2 -1.5 -1 -0.5
-0.5
-1
Out[77]=
Graphics
Voltemos ao nosso ”puzzle histórico”. Por que foi o desen-
volvimento dos números complexos tão laborioso e hesitante,
enquanto que o da Análise Complexa foi tão explosivo?
Ian Stewart e David Tall
Capítulo
Funções Complexas
2
2.1 Introdução
Chama-se função complexa de variável complexa a toda a correspondência
f definida num subconjunto de C e tomando valores em C, f W D C ! C. O
conjunto D designa-se por domı́nio de definição da função f . O contradomı́nio de
f é constituı́do por todos os pontos de C que são imagem de algum ponto de D e
representa-se por f .D/.
Por exemplo, a função que a cada número complexo ´ 2 Cnf0g faz corres-
ponder o argumento de ´,
arg W Cnf0g ! R ;
é multı́voca, diferindo cada dois valores de arg ´ de um múltiplo de 2. Já o argu-
mento positivo mı́nimo, arg0 , e o argumento principal, Arg D arg , são funções
unı́vocas:
arg0 W Cnf0g !0; 2 e Arg W Cnf0g !; :
Como veremos, o facto da função argumento ser multı́voca implica que outras
funções também o sejam, como é o caso, por exemplo, da função logaritmo e da
função raiz ı́ndice n.
59
60 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
Exemplos 2.1
f .´/ D ´
p.´/ D a0 C a1 ´ C C an ´n ;
com ai 2 C, i D 0; 1; : : : ; n e n 2 N.
p.´/
f .´/ D ;
q.´/
5 No caso geral, o ”domı́nio de definição” de uma função pode não ser um ”domı́nio” (subconjunto
f W DC ! C
´ D x C iy 7! w D f .´/ D u.´/ C iv.´/
x2 C y 2 D c2 :
Então, tomando
q
u.x; y/ D x 2 C y 2 e v.x; y/ D y; x; y 2 R ;
f .C/ D f.u; v/ W u 0 ^ v u ^ v ug
y v
c
f
x ! u
0 c 0 c
u
0 c
u
0
2.2 Limites
Pelo facto de uma função complexa de variável complexa poder ser encarada
como uma função de R2 em R2 , são válidas para as funções complexas muitas das
noções já conhecidas da Análise Real, como, por exemplo, as de limite e continui-
dade.
D.´0 ; "/ D :
D D D.´0 ; ı/nf´0 g
2.2 Limites 65
significa que para todo o " > 0, existe ı > 0 tal que
1
jf .´/j > ;
"
para todo o ´ 2 D que verifique 0 < j´ ´0 j < ı.
jw0 w1 j
Tomando " D > 0 e ı D minfı0 ; ı1 g tem-se que
2
jw0 w1 j jf .´/ w0 j C jf .´/ w1 j < 2 " D jw0 w1 j ;
o que é um absurdo.
f WDC!C
0 < j.x x0 / C i.y y0 /j < ı ) ju.x; y/ C iv.x; y/ .u0 C iv0 /j < " :
então
(a) lim Œf .´/ C g.´/ D l C kI
´!´0
f .´/ l
(d) lim D , desde que k 6D 0.
´!´0 g.´/ k
2.3 Continuidade
Diz-se que a função f W D C ! C é contı́nua em ´0 2 D se para todo o
" > 0, existe ı > 0 tal que
Por exemplo, a função definida em (2.5) não é contı́nua na origem, uma vez que o
limite da função quando z tende para 0 é diferente da sua imagem em 0.
jf .´/ f .´0 /j D 0 :
Exemplos 2.4
(a) A função
f .´/ D j´j
é contı́nua em todo o plano complexo. Com efeito, dado " > 0, to-
memos ı D ". Então, para j´ ´0 j < ı;
j´ ´0 j D j´ ´0 j :
g.´/ D g.´/ ;
Então, f .´0 / 2 U , pelo que existe " > 0 tal que D.f .´0 /; "/ U . Da continuidade
de f no ponto ´0 , sabemos que existe ı > 0 tal que
donde
1
D \ D.´0 ; ı/ f .U /
e f 1 .U / é aberto em D, ou seja, é a intersecção de D com um aberto de C.
Como D é um domı́nio, D é um aberto de C. Sendo f 1 .U / a intersecção de dois
abertos de C, f 1 .U / também é um aberto de C.
Reciprocamente, suponhamos que para cada subconjunto aberto U de C,
f 1 .U / é um aberto de C. Mas, f 1 .U / D, pelo que D \ f 1 .U / D f 1 .U /
70 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
Assim,
f .D \ D.´0 ; ı// D.f .´0 /; "/
e f é contı́nua em ´0 .
é contı́nua em todo o plano complexo, porque as funções parte real e parte ima-
ginária, respectivamente,
f .´/ D c ´ ;
f n .´/ D an ´n ;
72 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
p.´/ D a0 C a1 ´ C C an ´n ;
M1 jf .´/j M2 ; ´2K;
ocorrendo, em cada uma das desigualdades, a igualdade para pelo menos um valor
de ´.
D EMONSTRAÇ ÃO : Com efeito, seja f contı́nua num compacto D e seja " > 0:
Pela continuidade de f , para cada ponto w em D, existe um número ı.w/ > 0 tal
que
"
jf .´/ f .w/j < ; (2.8)
2
sempre que ´ estiver em D e j´ wj < ı.w/. Os discos abertos
ı.w/
D w;
2
cobrem D. Sejam
ı.wk /
ık D ; k D 1; : : : ; m ;
2
e seja ı igual ao mı́nimo de ı1 ; : : : ; ım . Fixemos ´; w 2 D tais que j´ wj < ı.
Sabemos que w 2 Dk , para algum k, e assim jw wk j < ık : Logo, por (2.8),
"
jf .w/ f .wk /j < :
2
2.5 Caminhos em C 75
Temos ainda
j´ wk j D j´ wCw wk j
j´ wj C jw wk j
< ı C ık
ı k C ık
D ı.wk / :
2.5 Caminhos em C
O conceito de caminho é muito importante na Análise Complexa. Antes de
introduzirmos este conceito, estabeleceremos uma caracterização para a continui-
dade e outra para a diferenciabilidade de uma função complexa de variável real.
Como sabemos nenhum subconjunto de R é aberto. Sendo assim, estas funções
não estão definidas em domı́nios de C. Contudo, os conceitos de limite e conti-
nuidade, apresentados anteriormente, aplicam-se também a funções complexas de
variável real.
pelo que g pode ser encarada como uma função de Œa; b em R2 . O resultado apre-
sentado em (2.6) continua válido no contexto das funções complexas de variável
76 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
g.t C h/ g.t /
g 0 .t / D lim .t C h 2 Œa; b/ ;
h!0 h
caso este limite exista. Note-se que a derivada em a ou b, caso exista, corresponde
a uma derivada lateral, isto é,
g.a C h/ g.a/
g 0 .a/ D gC
0
.a/ D lim
h!0C h
e
g.b C h/ g.b/
g 0 .b/ D g 0 .b/ D lim :
h!0 h
Nos restantes pontos do intervalo onde a função admite derivada, as derivadas la-
terais (à esquerda e à direita) coincidem evidentemente com o valor da derivada no
ponto. Ora, g 0 .t / existe se e só se u0 .t / e v 0 .t / existem, tendo-se
g 0 .t / D u0.t / C iv 0.t / :
A equação
.t / D x.t / C iy.t / ; t 2 Œa; b ;
é uma equação paramétrica da curva associada a
e a variável t o parâmetro do
caminho
.
Dada uma função real definida num intervalo real, o leitor lembrará certa-
mente os conceitos de função de classe C r e de função seccionalmente de classe
C r . Vamos estender estes conceitos a funções complexas definidas num intervalo
real, mais concretamente ao nosso objecto de estudo: os caminhos.
Por ser uma função contı́nua,
diz-se de classe C 0 . O caminho
diz-se de classe
C r , com r 2 N, se as funções x e y forem contı́nuas em Œa; b, admitindo derivas
até à ordem r, também contı́nuas em Œa; b. Por sua vez, o caminho
diz-se de
classe C 1 se x e y admitirem derivadas de todas as ordens contı́nuas em Œa; b.
Por abuso de linguagem e desde que daı́ não resulte qualquer ambiguidade, é
frequente usar-se o termo ”curva” para referir tanto o caminho
(função) como o
subconjunto
.Œa; b/ C. Assim, por exemplo, faz sentido falar em curvas fecha-
das e curvas simples, em curvas de classe C r e curvas seccionalmente de classe
C r ou então em origem e extremidade de uma curva.
dá-nos informações sobre o modo como a curva é percorrida, segundo uma análise
dos valores crescentes do parâmetro t .
Exemplos 2.9
W Œ0; 1 ! C I
t 7! .1 t /´ C t w D ´ C t .w ´/
2.5 Caminhos em C 79
W Œ0; 2 ! C :
it
t 7! ´0 C r cis t D ´0 C r e
W Œc; d ! Œa; b ;
1 D ı :
Como 0 > 0, então é uma função crescente. Sendo assim, o caminho
1 descreve
no mesmo sentido a curva gerada por
.
1 D ı
é uma reparametrização de
1 .
80 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
Γ -Γ
W Œ0; 2 ! C ;
t 7! ´0 C r cis.2 t/
1 W Œa1 ; b1 ! C
e
2 W Œa2 ; b2 ! C
dois caminhos em C tais que
1 .b1 / D
2 .a2 /. Consideremos, então, o caminho
W Œa1 ; b1 C b2 a2 ! C ;
definido por
1 .t / se t 2 Œa1 ; b1
.t / D :
2 .t C a2 b1 / se t 2 Œb1 ; b1 C b2 a2
A soma
1 C C
n
define-se de modo análogo e assume a designação de cadeia. As cadeias desempe-
nharão um papel importante, nomeadamente no capı́tulo 9.
82 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
Γ2
Γ1
Γ1 +Γ2
Se um caminho W Œa; b ! C,
L
D L
1 C C L
n :
2.5 Caminhos em C 83
Exemplos 2.12
2 W Œ0; 4 ! C
t 7! ´0 C r cis t
é um caminho de classe C 1 e se
1 W Œc; d ! C
é uma reparametrização de ,
1 D ı ;
Z d
L
1 D j
10 .t /j dt
c
Z d
D j
0..t // 0.t /j dt
c
Z b
D j
0 .u/j du
a
D L
;
Z b
L
D j.
/0.t /j dt
a
Z b
D j
0.a C b t / . 1/j dt
a
Z b
D j
0.u/j du
a
D L
;
W Œa; b R ! C
tal que
Num espaço topológico arbitrário, prova-se que todo o conexo por arcos
também é conexo. Contudo, o recı́proco nem sempre é válido. Se considerarmos
Rn munido da topologia usual, sabe-se que todo o subconjunto aberto e conexo
é conexo por arcos. Para maior desenvolvimento deste assunto recomendamos a
leitura do capı́tulo 6 de [30].
É importante notar que os caminhos que ligam dois pontos num conjunto co-
nexo por arcos podem assumir particularidades interessantes. Se um subconjunto
conexo por arcos de C é aberto, então dois quaisquer pontos podem ser unidos por
uma linha poligonal, com a particularidade dos segmentos de recta que a formam
serem sempre paralelos ao eixo real ou ao eixo imaginário (consulte, por exemplo,
[29, p.42]).
W Œa; b R ! C
86 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
2
1 1
1
que satisfaça (2.10). Não é difı́cil provar que é uma relação de equivalência.
Como é de conhecimento geral, as classes de equivalência correspondentes são dis-
juntas duas a duas e a sua união coincide com S . Além disso, neste caso particular,
estas classes de equivalência são subconjuntos conexos por arcos, sendo designa-
das componentes conexas de S . De facto, consideremos a classe de equivalência
de ´ 2 S ,
C´ D fw 2 S W w ´g :
Ora, para w1 ; w2 2 C´ , tem-se w1 ´ e w2 ´. Sendo uma relação de equi-
valência, vem w1 w2 , ou seja, existe um caminho em C´ de w1 para w2 . Por ser
conexo por arcos, C´ também é conexo.
S D f´ 2 C W j´j ¤ 1g
são obviamente
Γ1
-Γ2
.t / D 0 ; t 2 Œ0; 1 ;
ou pode ter duas ou mais componentes conexas (veja-se a figura 20). Por outro
lado, o complementar de
D 1 C . 2 / D 1 2 ;
onde
1 .0/ D 0 I
1 .t / D t i t sin
; t 20; 1 I
t
2 .0/ D 0 ;
2 .t / D t C i t sin ; t 20; 1 ;
t
tem um número infinito de componentes, como ilustra a figura 21.
´ 2 C´ Cntr.
/
88 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
Mas, D.´; "/ é conexo por arcos, logo, para cada w 2 D.´; "/, existe um caminho
que liga w a ´, ou seja, w ´. Isto significa que w 2 C´ e, portanto,
D.´; "/ C´ :
A D f´ 2 C W j´j Kg ;
B D f´ 2 C W j´j > Kg ;
é claramente conexo, pelo que a única componente ilimitada de Cntr.
/ terá que
ser a que contém B. Todas as restantes componentes estão contidas em A e, por-
tanto, são limitadas.
Na secção 9.3, veremos uma caracterização sugestiva para uma região sim-
plesmente conexa: afirma que para um caminho fechado, ou seja, para uma função
contı́nua
W Œa; b R ! C ;
com
.a/ D
.b/, se a curva
.Œa; b/ está contida numa região simplesmente
conexa, então não pode circundar ponto algum que não pertença à região (Teo-
rema 9.8). Parece óbvio que esta condição se não cumpre no caso de uma região
com um ou mais ”buracos”.
90 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
Se A; B X e C; D Y , mostre que:
1 1 1
(f) f .A \ B/ D f .A/ \ f .B/;
1 1
(g) A B ) f .A/ f .B/;
(h) f 1 .;/ D ;;
1 1
(i) f .Y nC / D X nf .C /;
(j) A f 1 .f .A//, verificando-se a igualdade se f for injectiva;
1
(k) f .f .C // C , verificando-se a igualdade se f for sobrejectiva.
a 0 C a 1 ´ C C a n ´n
r.´/ D ; com an ; bm 6D 0 :
b0 C b 1 ´ C C b m ´m
Recorrendo a
1 a0 ´n C a 1 ´n 1 C C an
r1 .´/ D r D ´m n
´ b0 ´m C b 1 ´m 1 C C bm
r.´/ D b ; b 2 C;
f .´/ D j´j i Im ´ :
Exercı́cio 2.5 Seja f .´/ D j´j1=2 ei.Arg ´/=2 , com ´ 6D 0. Mostre que f é des-
contı́nua em todos os pontos do semi-eixo negativo dos xx.
Exercı́cio 2.8 Determine uma equação paramétrica da linha poligonal que une, no
sentido directo, os pontos
(a) 3; 3 C 3i; 3 C 3i e 3;
(b) i; 1; 1 i e i.
Exercı́cio 2.9 Determine uma equação paramétrica para cada uma das linhas poli-
gonais do exercı́cio anterior, mas agora orientadas no sentido inverso.
Exercı́cio 2.10 Para cada conjunto e para cada par de pontos, defina (se possı́vel)
a equação paramétrica de uma curva contida no conjunto unindo os dois pontos.
Indique em que casos essa curva pode ser uma linha poligonal.
2.8 Laboratório 2 93
u.r; / D r 1=n cos
n
Clear@"Global` *"D;
viewRootSurface @
In[1]:=
n_Integer , resolution_Integer D :=
ParametricPlot3D @8r * Cos@ΘD, r * Sin@ΘD,
r1n * Cos@Θ nD<, 8r, 0, 2<, 8Θ, 0, 2 * n * Π<,
PlotPoints ® 8resolution , resolution * n<,
Boxed ® False, Axes ® False,
AspectRatio ® 1, ViewPoint ® 8-4, -2, 0.5<D;
94 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
Out[3]= Graphics3D
viewRootSurface4 @n_Integer ,
resolution_Integer , Θmin_ , Θmax_ D :=
In[4]:=
2
1
-1
-2
0.5
0
0 1 2
-2 -1
Out[5]=
Graphics3D
2.8 Laboratório 2 95
2
1
0
-1
-2
-1
0 1 2
-2 -1
Out[6]= Graphics3D
2
1
0
-1
-2
-1
0 1 2
-2 -1
Out[7]= Graphics3D
p
Quando se calcula 2i, há duas possı́veis respostas: 1 C i e 1 i . Qual
p
das duas escolher? Não existe modo de escolher ´ de modo que a função seja
contı́nua para todos os valores de ´ complexos. Há que fazer um corte – ”branch
p
cut” – a semi-recta do plano ao longo da qual a função ´ é descontı́nua. O
Mathematica adopta a convenção usual de fazer o corte ao longo do eixo real ne-
96 CAPÍTULO 2: Funções Complexas
2
1 4
0
-1 2
-2
-4 0
-2
0 -2
2
4-4
Out[8]=
SurfaceGraphics
Out[9]=
Graphics3D
O espı́rito divino encontrou uma expressão sublime nessa mara-
vilha da análise, nesse portento do mundo ideal, nesse anfı́bio
entre o ser e o não-ser, a que chamamos a raiz imaginária da
unidade negativa.
Gottfried Leibniz
6 Na definição de função derivável, é usual exigir-se que D seja aberto, mas não necessariamente
97
98 CAPÍTULO 3: Diferenciação no Campo Complexo
No caso das funções reais de variável real, há uma infinidade de classes dis-
tintas de funções: as funções contı́nuas (de classe C 0 ), as funções diferenciáveis
(ou seja, as que admitem derivada finita), as funções com derivada contı́nua (de
classe C 1 ), as funções com segunda derivada finita, as funções com segunda deri-
vada contı́nua (de classe C 2 ), ... e finalmente as funções com derivadas contı́nuas
de todas as ordens (de classe C 1 ). Existem ainda as funções analı́ticas que se
podem desenvolver em série de Taylor. Como provaremos, na Análise Complexa,
apenas se distinguem duas classes de funções, a das funções contı́nuas e a das
funções diferenciáveis, uma vez que as últimas admitem derivadas contı́nuas de to-
das as ordens e admitem igualmente desenvolvimento em série de Taylor.
ˇ ˇ
ˇ f .´0 C ´/ f .´0 / ˇ
ˇ f .´0 /ˇˇ < ";
0
(3.3)
ˇ ´
f .´/ D j´j2 ; ´ 2 C:
D ´0 C ´ 0 I
D ´0 ´0 :
Como os limites são diferentes, não existe derivada quando ´0 6D 0.
Concluı́mos, desta forma, que a função f só tem derivada no ponto
´0 D 0. Esta conclusão não deixa de ser surpreendente. Observe-se
que a função real de variável real cuja expressão designatória é dada
por jxj2 tem derivada 2x, para todo o x real.
D 0;
isto é,
lim f .´/ D f .´0 / ;
´!´0
´0 D x0 C iy0 I
f 0 .´0 / D a C i b I
´ D x C i y I
Então,
f u C i v
lim D lim D a C ib
´!0 ´ ´!0 x C i y
e assim
u C i v
lim Re D aI
.x;y/!0 x C i y
u C i v
lim Im D b:
.x;y/!0 x C i y
@u @v
pelo que as derivadas parciais e existem no ponto .x0 ; y0 / e
@x @x
@u
.x0 ; y0 / D a I
@x
(3.5)
@v
.x0 ; y0 / D b :
@x
3.2 Condições de Cauchy-Riemann 103
@v
.x0 ; y0 / D a I
@y
(3.6)
@u
.x0 ; y0 / D b:
@y
@u @v @u @v
.x0 ; y0 / D .x0 ; y0 / e .x0 ; y0 / D .x0 ; y0 / ;
@x @y @y @x
Estas equações são conhecidas por Condições de Cauchy-Riemann. São assim de-
signadas em homenagem ao matemático francês A.-L. Cauchy (1789–1857) e ao
matemático alemão G. F. B. Riemann (1826–1866) a quem é devida a sua desco-
berta. A sua importância é fundamental na teoria das funções analı́ticas. Observa-
mos, desde já, que elas fornecem diferentes expressões para a derivada de f em
´0 , entre elas:
Quanto a jf 0 .´0 /j2 e de acordo com (3.7) e (3.8), temos, por exemplo,
2
jf 0 .´0 /j2 D Œux .x0 ; y0 /2 C uy .x0 ; y0 /
D Œux .x0 ; y0 /2 C Œvx .x0 ; y0 /2
D ux .x0 ; y0 / vy .x0 ; y0 / uy .x0 ; y0 / vx .x0 ; y0 / :
ux D 2x; uy D 2y; vx D 0 e vy D 0 :
g W A R2 ! R ;
g.a C x; b C y/ g.a; b/ D gx .a; b/x C gy .a; b/y C "1 x C "2 y ;
onde "1 e "2 são funções de x e y que têm por limite zero, quando .x; y/
tende para .0; 0/. O Lema que se segue traduz um resultado conhecido da Análise
Real.
Lema 3.6 Seja
g W A R2 ! R ;
com A aberto em R2 . Se as derivadas parciais de primeira ordem de g existem
numa vizinhança de .a; b/ 2 A e se uma delas é contı́nua em .a; b/, então g é
diferenciável em .a; b/.
3.2 Condições de Cauchy-Riemann 105
D x gx .; b C y/ ;
para algum 2a; a C xŒ. Da continuidade de gx em .a; b/ e porque tende para
a quando x tende para zero, vem
lim gx .; b C y/ D gx .a; b/ ;
.x;y/!.0;0/
pelo que
gx .; b C y/ gx .a; b/ D "1 .x; y/ ;
em que "1 .x; y/ tem por limite zero, quando .x; y/ tende para .0; 0/. Desta
forma,
g.a C x; b C y/ g.a; b C y/ D x Œgx .a; b/ C "1 .x; y/ : (3.9)
Ora, da definição de derivada parcial de g em ordem a y, vem
g.a; b C y/ g.a; b/
lim D gy .a; b/ :
y!0 y
Assim, considerando
g.a; b C y/ g.a; b/
"2 .x; y/ D gy .a; b/ ;
y
tem-se
g.a; b C y/ g.a; b/ D y gy .a; b/ C "2 .x; y/ ; (3.10)
em que "2 .x; y/ tem por limite zero, quando .x; y/ tende para .0; 0/7.
Obtém-se o pretendido, adicionando, membro a membro, (3.9) e (3.10).
7 Verdadeiramente, "2 depende apenas de y.
106 CAPÍTULO 3: Diferenciação no Campo Complexo
Note-se que o recı́proco do Lema anterior nem sempre é válido, isto é, g pode
ser diferenciável em .a; b/, sem que nenhuma das derivadas parciais seja contı́nua
em .a; b/.
Teorema 3.7 (Diferenciabilidade e Condições de Cauchy-Riemann II) Sejam u
e v funções reais, de domı́nio D, nas variáveis x e y. Suponhamos que as suas de-
rivadas parciais de primeira ordem existem numa vizinhança de .x0 ; y0 /, sendo
contı́nuas em .x0 ; y0 /. Se essas derivadas parciais satisfazem as Condições de
Cauchy-Riemann nesse ponto, então a derivada da função f W D C ! C,
f D u C iv, existe no ponto ´0 D x0 C iy0 e é dada por (3.8).
f @v @v ı1 x ı2 y
D .x0 ; y0 / C i .x0 ; y0 / C C
´ @y @x ´ ´
@v @v
D .x0 ; y0 / C i .x0 ; y0 / C ;
@y @x
f
f 0 .x0 C iy0 / D lim
´!0 ´
@v @v
D lim .x0 ; y0 / C i .x0 ; y0 / C
´!0 @y @x
@v @v
D .x0 ; y0 / C i .x0 ; y0 /
@y @x
@u @v
D .x0 ; y0 / C i .x0 ; y0 / ;
@x @x
conforme pretendido.
Tem-se
@u @u
D ex cos yI D ex sin yI
@x @y
@v @v
D ex sin yI D ex cos y :
@x @y
@u @v
f 0 .´/ D .x; y/ C i .x; y/ D ex cos y C i ex sin y D f .´/ ; ´2C:
@x @x
ˇ ˇ ˇ ˇ
ˇ x ˇ ˇ y ˇ
8 Note-se ˇ ˇ1 e ˇ ˇ
que ˇ
´ ˇ ˇ ´ ˇ 1.
108 CAPÍTULO 3: Diferenciação no Campo Complexo
f .´0 C h/ f .´0 /
lim D f 0 .´0 / :
h!0 h
Logo,
f .´0 C h/ f .´0 / D f 0 .´0 /h C O.h/;
O.h/
com h
! 0 quando h ! 0. Seja f 0 .´0 / D a C i b e h D s C i t . Então
ux .x0 ; y0 / D a D vy .x0 ; y0 /I
uy .x0 ; y0 / D b D vx .x0 ; y0 / :
rur D v e rvr D u :
da Análise Real, sabemos que se uma função tem derivada nula num intervalo
Œa; b, então é constante em Œa; b. Seja, então,
L D ft C iy0 W a t bg
.t / D u.t; y0 / :
Exemplos 3.5
(a) Toda a função polinomial da forma
p.´/ D a0 C a1 ´ C C an ´n ;
é inteira.
(c) Já a função
f .´/ D j´j2 ; ´ 2 C;
não é holomorfa em ponto algum do plano, visto que só admite deri-
vada na origem.
g.´/ D 1 C ´2 ; ´ 2 C;
a qual é analı́tica no seu domı́nio de definição9 (vide exercı́cio 2.5 e secção 5.7). Em
particular, f é analı́tica no semi-plano superior Im ´ > 0. Tomando ´ D x C iy,
Im g.´/ D 2xy. Como o contradomı́nio de g tem que estar restrito ao semi-plano
superior, torna-se necessário considerar
xy > 0 :
9 Note-se que se retirou do domı́nio de f o semi-eixo negativo dos xx, garantindo assim a conti-
1
f .g.´// D .1 C ´2 / 2 ;
´C´ ´ ´
x D e y D ;
2 2i
@f @f 1 @f 1 @f @f 1 @f 1
D C e D ;
@´ @x 2 @y 2i @´ @x 2 @y 2i
ou seja,
@f 1 @f @f @f 1 @f @f
D i e D Ci :
@´ 2 @x @y @´ 2 @x @y
ou seja,
@f @f @f @f @f
D i , Ci D 0 , D 0:
@x @y @x @y @´
Concluı́mos, assim, que as funções analı́ticas são caracterizadas pela con-
dição
@f
D 0:
@´
@ 2 u @2 u
C D 0 (3.13)
@x 2 @y 2
u.x; y/ D x 2 y2 :
@u @u
D 2x e D 2y: (3.14)
@x @y
Ora,
@2 u @2 u @ 2 u @2 u
D 2 ^ D 2 ) C D 0;
@x 2 @y 2 @x 2 @y 2
pelo que u é harmónica. De acordo com (3.14), a função conjugada harmónica
deve satisfazer as condições
@v
D 2y I
@x
@v
D 2x :
@y
Da primeira equação resulta
v.x; y/ D 2xy C k ;
Exercı́cio 3.3 Prove que a composta de funções analı́ticas é uma função analı́tica
e estabeleça a regra da cadeia (versão complexa).
1
Exercı́cio 3.4 Supondo f definida num domı́nio D onde é analı́tica, prove que
df 1 1
.w/ D 0 ;
dw f .´/
com ´ D f 1 .w/:
1
Sugestão: Aplique a regra da cadeia a f .f .´// D ´.
f .´/ f 0 .´/
lim D lim 0 ;
´!´0 g.´/ ´!´0 g .´/
´2 2´ C 2
lim :
´! 1Ci ´4 C4
1
f 0 .´/ D :
2f .´/
u.r; / D log r ;
Exercı́cio 3.11 Em cada uma das alı́neas que se seguem, mostre que u é harmónica
num certo domı́nio e determine uma sua conjugada harmónica v:
Exercı́cio 3.12
u.x; y/ D x 2 y2 2xy ‹
Se sim, quais?
Exercı́cio 3.13 Mostre que toda a função f , holomorfa numa região D e satisfa-
zendo uma das seguintes condições, é uma função constante:
Exercı́cio 3.14 Mostre que uma função inteira f na variável ´ cujos valores
dependem apenas de j´j é uma função constante.
Exercı́cio 3.15 Seja f uma função analı́tica num conjunto aberto A C. Seja
A D f´ W ´ 2 Ag :
Clear@"Global` *"D;
Plot3D @x * y Hx2 + y2 L, 8x, -1, 1<,
In[1]:=
0.5
0.25 1
0
-0.25 0.5
-0.5
-1 0
-0.5
0 -0.5
0.5
1-1
Out[2]=
SurfaceGraphics
In[3]:= ParametricPlot3D A
0.5
0.25
0 1
-0.25 0.5
-0.5
-1 0
-0.5
0 -0.5
0.5
1 -1
Out[3]=
Graphics3D
3.7 Laboratório 3 121
u.x; y/ D 4xy.y 2 x2 / :
Verifica-se, sem dificuldade, que esta função é harmónica, pois satisfaz a Equação
de Laplace. Usando o Mathematica, determinemos uma função holomorfa f que
tenha u como parte real. O programa que se segue foi desenvolvido por Shaw e
baseia-se na generalização de um resultado apresentado inicialmente por Ahlfors
em 1953. Para maior desenvolvimento, consulte [27, Cap.10].
Out[5]= ä Hz4 + ΒL
Para calcularmos a função conjugada harmónica de u.x; y/, uma vez verificado
que o laplaciano é zero, consideremos o programa que aplicaremos a u.x; y/.
Outro exemplo:
HarmonicConjugate @
Hx ^ 2 + y ^ 2L ^ H1 4L Cos@H1 2L ArcTan @x, yDD, 1, 8x, y<D
In[10]:=
Β + Hx2 + y2 L
14 1
Out[10]= SinA Arg@x + ä yDE
2
In[12]:= ?D
´ 1 ; ´2 ; : : : ; ´ n ; : : : (4.1)
lim ´n D ´
n!C1
para n n0 . Uma sucessão com limite finito diz-se convergente, e qualquer su-
cessão não convergente diz-se divergente.
10 No lugar de N, podemos também considerar N0 ou qualquer subconjunto infinito de N0 .
123
124 CAPÍTULO 4: Sucessões e Séries Complexas
z1
z2
z3
z5 z4
z6
z ¶
Escreve-se
lim ´n D 1 ;
n!C1
e diz-se que a sucessão diverge para infinito, se, para todo o " > 0, existe um
n0 2 N tal que
1
j´n j > ;
"
para n n0 . Este conceito também pode ser interpretado geometricamente, recor-
rendo agora aos discos D.1; "/ definidos na secção 1.10.
se e só se
lim xn D x ^ lim yn D y :
n!C1 n!C1
sempre que n n0 e m n0 .
Teorema 4.2 (Critério de Cauchy para sucessões complexas) Uma sucessão de
números complexos é convergente se e só se é fundamental.
sempre que m; n n0 .
126 CAPÍTULO 4: Sucessões e Séries Complexas
Reciprocamente, suponhamos que qualquer que seja " > 0, existe n0 2 N tal
que
Sejam xn D Re ´n e yn D Im ´n . Se m; n n0 , então
ˇ ˇ
ˇ 3 4i n 3 4i m ˇˇ
j´n ˇ
´m j D ˇ
6 6 ˇ
ˇ ˇ ˇ ˇ
ˇ 3 4i n ˇ ˇ 3 4i m ˇ
ˇ
ˇ ˇ ˇ ˇ
6 ˇCˇ 6 ˇ
n m
5 5
D C
6 6
r
5
2 ;
6
onde r D min fm; ng. Como 5=6 < 1, podemos fazer 2 .5=6/r tão pequeno quanto
desejarmos, tomando r suficientemente grande.
4.2 Séries de números complexos 127
´ 1 C ´2 C C ´ n C ;
C1
X
´n ; (4.3)
nD1
P
ou ´n , quando a não indicação de ı́ndices for inequı́voca. Os números comple-
xos ´1 ; ´2 ; : : : ; ´n ; : : : chamam-se termos da série, sendo ´n , com n 2 N, o termo
geral da série. Por vezes, utiliza-se ´0 como primeira parcela ou então um deter-
minado ´k , com k > 1, o que equivale a tomar os termos anteriores iguais a 0.
s n D ´1 C ´2 C C ´ n ; n 2 N: (4.4)
Diz-se que a série é convergente se a sucessão das somas parciais associada for
convergente e, neste caso, o limite da sucessão é a soma da série.
para todo o n n0 e p 0. Para p D 0 temos, em particular, que j´n j < ". Por
outras palavras, o termo geral de uma série convergente tende para zero.
P
Teorema 4.3 (Condição necessária de convergência) Se a série ´n é conver-
gente, então lim ´n D 0.
C1
X C1
X
ni e . i /n
nD1 nD1
não são convergentes, uma vez que lim.ni / D 1 e que não existe o lim. i /n .
128 CAPÍTULO 4: Sucessões e Séries Complexas
O limite do termo geral da série ser zero é uma condição necessária de con-
vergência, mas não suficiente. Veja-se o exemplo 4.5.
´n D xn C iyn e ´ D x C iy ;
com xn ; yn ; x; y 2 R e n 2 N. Então, a série
C1
X
´n
nD1
Exemplo 4.5 O recı́proco do Teorama 4.3 nem sempre é válido. Por exemplo,
i
lim D 0;
n!C1 n
mas a série
C1
X i
n
nD1
C1
X 1
n
nD1
e X X
.c´n / D c ´n :
A série
C1
X
´n
nD1
C1
X
j´nj
nD1
for convergente.
P
O Teorema que se segue é especialmente importante, porque, sendo j´n j
uma série real, os critérios de convergência conhecidos para séries reais podem ser
aplicados.
130 CAPÍTULO 4: Sucessões e Séries Complexas
são séries alternadas convergentes. Para chegarmos a esta conclusão basta aplicar-
mos o conhecido Critério de Leibniz para séries reais, segundo o qual toda a série
P
da forma . 1/nbn é convergente, desde que .bn / seja uma sucessão monótona
não-crescente com lim bn D 0. Contudo, a série harmónica
C1
X 1
n
nD1
não é convergente.
4.3 Convergência uniforme 131
(a) Seja
j´nC1 j
D lim :
n!C1 j´n j
fn W A ! C ; n 2 N:
A série de funções
C1
X
fk .´/
kD1
converge pontualmente (ou converge uniformemente) se a correspondente sucessão
das somas parciais,
X n
sn D fk .´/ ; n 2 N;
kD1
132 CAPÍTULO 4: Sucessões e Séries Complexas
fn .´/ D ´n ; n 2 N;
converge pontualmente para a função nula em D.0; 1/, mas a convergência não é
uniforme. Contudo, essa convergência é uniforme em qualquer sub-disco fechado
D.0; r/, com r < 1. Estes factos constatam-se facilmente recorrendo a raciocı́nios
" ı.
(b) A série
C1
X
fk .´/
kD1
¶ f
¶
fn
x
a b
jf .´/ f .´0 /j jf .´/ fn0 .´/j C jfn0 .´/ fn0 .´0 /j C jfn0 .´0 / f .´0 /j
" " "
< C C
3 3 3
D ";
conforme pretendido.
fn .´/ D ´n ; n 2 N;
mas a convergência não é uniforme, uma vez que a função f não é contı́nua em
D.0; 1/ [ f1g.
Teorema 4.9 (Teste-M de Weierstrass) Seja .fn /n2N uma sucessão de funções
em A. Suponhamos que existe uma sucessão numérica .Mn /n2N tal que:
C1
X
Mk
kD1
convergiria uniformemente em Œ0; 1Œ. Logo, para cada " > 0, existiria um n0 2 N
tal que n n0 implicaria
xn x nC1 x nCp
C C C < "; x 2 Œ0; 1Œ ; p D 0; 1; 2; : : :
n nC1 nCp
1 1
C C
n0 n0 C 1
diverge para infinito, isto é, a sucessão das somas parciais tende para infinito. As-
sim, podemos escolher p tal que
1 1
C C > 2" :
n0 n0 C p
A série geométrica
C1
X
´k D 1 C ´ C ´ 2 C
kD0
(a) converge absolutamente para todo o ´ tal que j´j < j´0 jI
(b) converge uniformemente em qualquer disco fechado
D.0; R/ D f´ 2 C W j´j Rg ;
diverge para ´ D ´1 , então diverge para todo o ´ tal que j´j > j´1 j.
P
D EMONSTRAÇ ÃO : Suponhamos que a série ak ´k0 converge. Segue-se que
Assim, existe K > 0 tal que jan ´n0j K, para todo o n 2 N. Logo,
ˇ ˇn ˇ ˇn
ˇ ˇ
n ˇ ´ ˇ
ˇ´ˇ
jan ´ j D jan ´0 j ˇ ˇ K ˇˇ ˇˇ :
n
´0 ´0
P
(a) Se ´ é tal que j´j < j´0 j, então a série real j´=´0jn (série geomé-
trica) converge e, pelo critério de comparação, também a série
P
jan ´n j converge.
138 CAPÍTULO 4: Sucessões e Séries Complexas
a que chamaremos ”anel duvidoso”, não sabemos o que se passa. Tomemos, então,
um ponto ´3 a meia distância de ´1 e ´2 e analisemos se existe, ou não, con-
vergência em ´3 (cfr. figura 24). De acordo com a resposta, obteremos novo ”anel
duvidoso” mais estreito que o anterior. Continuando este processo, chegaremos ao
maior disco centrado na origem, tal que a série converge em cada ponto do seu
interior e diverge em todos os pontos do seu exterior.
Formalmente, seja
( C1
)
X
k
R D sup r 0 W jak j r é convergente :
kD0
Série Divergente
Anel b ´1
Duvidoso
Série
Convergente b ´2
b
b
´3
jan j
lim
n!C1 janC1 j
Exemplos 4.10
(a) A série
C1
X
´k
kD0
tem raio de convergência 1, uma vez que, sendo ak D 1, k 2 N0 ,
tem-se
jan j
lim D 1:
n!C1 janC1 j
(b) A série
C1
X ´k
kŠ
kD0
tem raio de convergência R D C1, porque ak D 1=kŠ, k 2 N0 , e,
portanto,
jan j
lim D lim .n C 1/ D C1 :
n!C1 janC1 j n!C1
4.4 Séries de potências 141
(c) A série
C1
X
kŠ ´k
kD0
tem raio de convergência R D 0, porque ak D kŠ, k 2 N0 , pelo que
jan j 1
lim D D 0:
n!C1 janC1 j lim .n C 1/
n!C1
X 1 Xn ;
b1 bn :
lim sup cn
n!C1
Exemplos 4.11
o qual, como vimos anteriormente, está sempre definido (neste caso concreto, como
a sucessão é limitada inferiormente, o limite superior ou assume um valor finito
ou C1). Esta fórmula para o raio de convergência é conhecida por Fórmula de
Hadamard. Não existe refinamento análogo para o critério da razão.
C1
X . 1/n
sin x D x 2nC1 :
.2n C 1/Š
nD0
Outra alternativa possı́vel, consiste em definir o seno como sendo a única solução
f da equação diferencial f 00 C f D 0, satisfazendo f .0/ D 0 e f 0 .0/ D 1: Quanto
4.5 A função exponencial 143
A função exponencial, denotada por ex , pode ser definida como sendo a única
solução f da equação diferencial f 0 D f , sujeita à condição inicial f .0/ D 1,
provando-se sem dificuldade que a solução é única. A exponencial ex pode igual-
mente ser definida pela sua série de potências
C1
X 1 n
ex D x :
nŠ
nD0
está bem definida, é contı́nua e crescente para y > 0. Tende para 1 quando
y ! 0 e para C1 quando y ! C1. Assim, a equação
Z y
1
x D dt (4.7)
1 t
determina de modo único um valor positivo de y para cada x real. Denotamos por
ex esta solução. Obviamente e0 D 1 e a base e D e1 está definida por
Z e
1
1 D dt :
1 t
De (4.7) resulta que
dx 1 d x
D e .e / D ex :
dy y dx
12 Note-se que, ao contrário do que é frequente, não usaremos a notação ln y para o logaritmo na
eaCb D ea eb ; a; b 2 R : (4.8)
pelo que, como função de x, esta expressão é constantemente igual ao seu valor
para x D 0. Desta forma,
e x exCy D ey :
Tomando a D x, b D x C y, obtemos (4.8). Para a função inversa de ex , isto é,
para o logaritmo natural log y, tem-se
C1
X . 1/n 2n
cos ´ D ´ I (4.11)
.2n/Š
nD0
C1
X . 1/n
sin ´ D ´2nC1 : (4.12)
.2n C 1/Š
nD0
Estas séries são absolutamente convergentes para todo o ´ complexo. Ora, na alı́nea
(b) dos exemplos 4.10, provou-se que a série em (4.10) tem raio de convergência
R D C1. Recorrendo novamente ao Critério da Razão, facilmente se constata que
4.5 A função exponencial 145
onde 8
< . 1/r=2
rŠ
; se r par
cr D :
: i. 1/.r 1/=2
rŠ ; se r ı́mpar
Cálculos simples mostram que
8
< . 1/r=2 D i r ; se r par
rŠ rŠ
cr D ;
: i. 1/.r 1/=2 ir
rŠ D rŠ ; se r ı́mpar
pelo que
C1
X C1
X r r C1
X
r i ´ .i´/r
cr ´ D D D ei´ : (4.14)
rŠ rŠ
rD0 rD0 rD0
já anteriormente referida (observação 1.1 e exemplos 2.9), mas não justificada. As-
sim, podemos escrever um complexo em coordenadas polares na forma
´ D r ei :
Utilizemos a fórmula do produto de duas séries (veja-se o exercı́cio 4.6) para mos-
trar que a função exponencial satisfaz, de facto, a ”lei dos expoentes”:
e´ ew D e´Cw ; ´; w 2 C : (4.17)
146 CAPÍTULO 4: Sucessões e Séries Complexas
Ora,
C1
! C1
!
X ´n X wn
´ w
e e D
nŠ nŠ
nD0 nD0
C1 n
!
X X 1 1
D ´r w n r
rŠ .n r/Š
nD0 rD0
C1 n
!
X 1 X nŠ
D ´r w n r
:
nŠ rŠ.n r/Š
nD0 rD0
fr .x/ D rx.1 x/ ;
Teorema 4.12 Seja f uma função real de variável real diferenciável, p um ponto
fixo de f e K uma constante inferior a 1 tal que jf 0 .x/j < K num intervalo em
torno de p. Então, a órbita de qualquer valor inicial no intervalo converge para
p por iteração por f: Se jf 0 .x/j > K num intervalo em torno de p com K uma
constante maior que 1; então não existe valor algum no intervalo (excluindo o
próprio p) para o qual a função convirja para p por iteração por f .
Um tratamento mais completo deste tema cai fora do âmbito deste escrito. O
leitor interessado poderá consultar com proveito [27].
4.8 Exercı́cios propostos (4.1–4.18) 151
então
(c1) lim .´n ˙ wn / D ´ ˙ w;
n!C1
(c2) lim .´n wn / D ´ w;
n!C1
´n ´
(c3) lim D , se w 6D 0.
n!C1 wn w
Exercı́cio 4.2 Mostre, por dois métodos diferentes, que a sucessão de termo geral
. 1/n
´n D 3 C i ; n 2 N;
n2
converge para 3.
Exercı́cio 4.3 Sejam .rn / e .n / as sucessões, respectivamente, dos módulos e dos
argumentos principais dos números complexos ´n do exercı́cio anterior. Mostre
que a primeira sucessão converge, mas que a segunda não.
P P
Exercı́cio 4.4PProve que se P ´n e wn são séries convergentes e c é um com-
plexo, então .´n ˙ wn / e .c´n / convergem e as suas somas são dadas, respec-
tivamente, por X X X
.´n ˙ wn / D ´n ˙ wn
e X X
.c´n / D c ´n :
Exercı́cio 4.6
v n D ´ 0 wn C ´ 1 wn 1 C C ´ n w0 ;
C1
!2
X . 1/n
:
nC1
nD0
X
C1
3 4i
n
(a) ;
6
nD0
C1
X in
(b) ;
n2
nD1
X
C1
1
(c) C i sin ;
nŠ n
nD1
C1
X
(d) .2 . 1/n /n i .
nD0
4.8 Exercı́cios propostos (4.1–4.18) 153
converge uniformemente em R.
C1
X .´ i /n
(b) ;
2n
nD0
C1
X
(c) ´nŠ.
nD0
X
C1
n 3
n 2
´n
n
nD1
é igual a e3 .
154 CAPÍTULO 4: Sucessões e Séries Complexas
C1
X ´n
(b) :
n3n
nD1
Mostre que:
(a) Mostre que não só ´0 satisfaz j.f 2 /0 .´0 /j < 1, mas também
(c) Use as duas alı́neas anteriores para concluir que o cúspide do car-
dióide principal de M ocorre precisamente no ponto ´ D 1=4.
p
Exercı́cio
p 4.18 Mostre que os pontos c para os quais j1 C 1 4cj < 1 ou
j1 1 4cj < 1 descrevem um cardióide.
Sugestão: Escreva as desigualdades anteriores na forma
ˇ ˇ ˇ ˇ
ˇ1 r1 ˇ 1 ˇ1 r1 ˇ 1
ˇ ˇ ˇ ˇ
ˇ C cˇ < ou ˇ cˇ < :
ˇ2 4 ˇ 2 ˇ2 4 ˇ 2
fc .´/ D ´2 C c ;
Clear@"Global` *"D;
Quad @z_, c_D := z ^ 2 + c;
In[1]:=
!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!
9 I1 - 1 - 4 c M, I1 + 1 - 4 c M=
1 1
Out[3]=
2 2
Concluı́mos que Quad[] tem dois pontos fixos, ambos reais se c < 1=4. Analise-
mos, agora, a estabilidade. A derivada de Quad[] em ordem a ´ é 2´.
Ignoramos o segundo elemento pois tem módulo maior que um, restando o pri-
meiro elemento que é de considerar se c > 3=4. A função Quad[Quad[z,c],c]
(primeira iteração da função Quad[]) pode ser expressa no Mathematica do se-
guinte modo: Nest[Quad[#, c]&, z, 2]. Em geral, a composição da função n
vezes é obtida no Mathematica da seguinte forma Nest[Quad[#, c]&, z, n].
Assim, os pontos fixos da função Quad[] (iteração de ordem zero) são obtidos com
o comando:
In[5]:= fixeda = z . Solve@Nest@Quad @#, cD &, z, 1D == z, zD
!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!
9 I1 - 1 - 4 c M, I1 + 1 - 4 c M=
1 1
Out[5]=
2 2
!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!
9 I-1 - -3 - 4 c M, I-1 + -3 - 4 c M,
1 1
!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!
Out[6]=
I1 - 1 - 4 c M, I1 + 1 - 4 c M=
2 2
1 1
2 2
Out[7]= 2z
H2 Μ - Μ2 L
1
Out[9]=
4
stableregion = ParametricPlot @
Evaluate @
In[11]:=
0.6
0.4
0.2
-0.2
-0.4
-0.6
Out[11]= Graphics
!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!
9 I-1 - -3 - 4 c M, I-1 + -3 - 4 c M,
1 1
!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!
Out[12]=
I1 - 1 - 4 c M, I1 + 1 - 4 c M=
2 2
1 1
2 2
158 CAPÍTULO 4: Sucessões e Séries Complexas
Obtemos quatro pontos fixos, os quais incluem os dois pontos fixos da iteração de
ordem zero. Os novos pontos fixos são:
!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!
9 I-1 - -3 - 4 c M, I-1 + -3 - 4 c M=
1 1
Out[13]=
2 2
Out[14]= 4 z Hc + z2 L
Out[15]= 84 + 4 c, 4 + 4 c<
H-4 + ΜL
1
Out[16]=
4
stableregionb = ParametricPlot @
Evaluate @Table@8Re@cstableb @r Exp@I ΘDDD,
In[18]:=
0.2
0.1
-0.1
-0.2
Out[18]= Graphics
none = N@oneD
Out[21]= 80.<
Um dos pontos fixos agora obtidos também é ponto fixo da função (n D 1). Por-
tanto, o valor que apenas é ponto fixo da iteração (n D 2) é
Out[24]= 8-1.<
nthree = N@threeonly D;
four = fixed @4D;
fouronly = Complement @four, one, twoD;
nfour = N@fouronly D;
five = fixed @5D;
fiveonly = Complement @five, oneD;
nfive = N@fiveonly D;
six = fixed @6D;
sixonly = Complement @six, one, two, threeD;
nsix = N@sixonly D;
seven = fixed @7D;
sevenonly = Complement @seven, oneD;
nseven = N@sevenonly D;
eight = N@fixed @8DD;
eightonly = Complement @eight, N@fourD, N@twoD, N@oneDD;
neight = N@eightonly D;
data =
8none, ntwo, nthree , nfour, nfive, nsix, nseven , neight <;
In[43]:=
Map@Length , dataD
Out[48]= Graphics
nthreeoneonly = N@threeoneonly D;
fourone = fixed @4, 1D;
fouroneonly = Complement @fourone , one, threeoneonly D;
nfouroneonly = N@fouroneonly D;
fourtwo = fixed @4, 2D;
fourtwoonly =
Complement @fourtwo , one, two, threeoneonly D;
nfourtwoonly = N@fourtwoonly D;
fiveone = fixed @5, 1D;
fiveoneonly =
Complement @fiveone , one, threeoneonly , fouroneonly D;
nfiveoneonly = N@fiveoneonly D;
fivetwo = fixed @5, 2D;
fivetwoonly = Complement @fivetwo ,
two, threeoneonly , fouroneonly , fourtwoonly D;
nfivetwoonly = N@fivetwoonly D;
fivethree = fixed @5, 3D;
fivethreeonly =
Complement @fivethree , three, threeoneonly , fourtwoonly D;
nfivethreeonly = N@fivethreeonly D;
sixone = fixed @6, 1D;
sixoneonly = Complement @sixone ,
one, threeoneonly , fouroneonly , fiveoneonly D;
nsixoneonly = N@sixoneonly D;
4.9 Laboratório 4 163
Out[82]= Graphics
Em seguida, sobrepomos esse gráfico com o gráfico das órbitas periódicas contendo
a origem e ainda com os dois gráficos das regiões estáveis.
164 CAPÍTULO 4: Sucessões e Séries Complexas
Out[83]= Graphics
Capítulo
Funções Elementares
5
Neste capı́tulo, definimos funções complexas elementares e estudamos algu-
mas das suas propriedades básicas. A exponencial, o seno e o co-seno complexos
são reintroduzidos sem recorrer às séries de potências. Estas definições são equi-
valentes às apresentadas na secção 4.5.
e´ ew D e´Cw ; ´; w 2 C ; (5.2)
165
166 CAPÍTULO 5: Funções Elementares
Note-se que se ´ for real (isto é, se y D 0), a definição concorda com a de
função exponencial real:
e´ D ex ; ´ D x 2 R:
Antes de sumariarmos algumas propriedades importantes de e´ , recordemos
que uma função f W C ! C diz-se periódica se existir w 2 Cnf0g, que se designa
perı́odo da função, tal que
f .´ C w/ D f .´/; ´ 2 C:
Teorema 5.1 (Propriedades da exponencial complexa) Para ´; w 2 C, vale o se-
guinte:
(a) e´Cw D e´ ew I
(b) je´ j D eRe ´ I
(c) e´ nunca se anula I
(d) a função exponencial é periódica, sendo qualquer perı́odo da forma
2k i , com k 2 Znf0gI
(e) e´ D 1 , ´ D 2k i; k 2 ZI
d ´
(f) a função exponencial é uma função inteira e e D e´ .
d´
D EMONSTRAÇ ÃO :
(a) Recorrendo a (5.4), apresentamos uma demonstração alternativa da
”lei dos expoentes”, provada inicialmente na secção 4.5. Sejam
´ D x C iy, w D s C i t 2 C. Vem
e´Cw D exCs ei.yCt/
D exCs .cos.y C t / C i sin.y C t //
D Œex .cos y C i sin y/ Œes .cos t C i sin t /
D e ´ ew ;
tendo em conta as conhecidas fórmulas trigonométricas da soma do
seno e do co-seno nos reais.
(b) Para ´ D x C iy 2 C, tem-se
je´ j D jex eiy j D jex j jeiy j D ex D eRe ´ ;
uma vez que ex > 0 e jeiy j D 1.
5.2 As funções trigonométricas 167
Note-se que a função exponencial não pode ser definida no plano complexo
ampliado, uma vez que, por ser periódica, não existe o limite quando ´ tende para
1.
C1
X . 1/n 2n
cos ´ D ´ : (5.6)
.2n/Š
nD0
iΘ iΘ
e e
Θ Θ
2 cos Θ 2i sin Θ
0 -Θ 0 -Θ
-iΘ -iΘ
e e
pelo que
e ei i ei C e i
sin D e cos D ;
2i 2
conforme ilustra a figura 26.
ei´ e i´
ei´ C e i´
sin ´ D e cos ´ D ; (5.7)
2i 2
cuja validade se comprova mediante cálculos simples e recorrendo à propriedade
(4.15) da secção 4.5,
2k ; k 2 Znf0g ;
sin.x C iy/ D sin x cos iy C cos x sin iy D sin x cosh y C i cos x sinh y I
cos.x C iy/ D cos x cos iy sin x sin iy D cos x cosh y i sin x sinh y :
1 ei´ e i´
ei´ C e i´
tg ´ D e cotg ´ D i ; (5.9)
i ei´ C e i´ ei´ e i´
Estas funções são analı́ticas nos pontos onde o denominador se não anula.
Por exemplo, tg ´ é analı́tica no domı́nio S D f´ 2 C W ´ 6D 1=2.2n C 1/; n 2 Zg.
e´ C e ´
e´ e ´
cosh ´ D e sinh ´ D : (5.11)
2 2
Algumas das propriedades elementares do seno e co-seno hiperbólicos en-
contram-se estabelecidas no Teorema que se segue.
A D f´ D x C iy 2 C W x 2 R ^ < y C 2g :
x D log jwj ;
onde log jwj é o logaritmo usual real e arg w toma valores em ; C 2.
D EMONSTRAÇ ÃO :
(a) Tem-se
log.´1 ´2 / D log j´1 ´2 j C i arg .´1 ´2 / (módulo 2 i ) ;
onde se escolheu ; C 2 como intervalo de definição do argu-
mento. De
log j´1 ´2 j D log.j´1 jj´2 j/ D log j´1 j C log j´2 j
e arg .´1 ´2 / D arg ´1 C arg ´2 .módulo 2/, vem
log.´1 ´2 / D .log j´1 j C i arg ´1 / C
C.log j´2 j C i arg ´2 / .módulo 2 i /
D log ´1 C log ´2 .módulo 2 i / :
1
log.1 i/ D logŒ.1 C i /=2
p
D log . 2=2/ C i (módulo 2 i )
4
p
D log 2 C i (módulo 2 i )
4
D log.1 i / (módulo 2 i ) I
A D f´ D x C iy 2 C W x 2 R ^ < y g ;
Log W D D Cnf´ D x C iy 2 C W x 0 ^ y D 0g ! C ;
definida por Log ´ D log j´j C i Arg ´, com < Arg ´ < . A representação
geométrica do domı́nio D encontra-se na figura 27.
pelo que
u.r; / D log r e v.r; / D :
176 CAPÍTULO 5: Funções Elementares
1 i´ i´
cos ´ D .e C e / D w:
2
e2i´ 2w ei´ C 1 D 0 ;
Portanto,
p
´ D arc cos w D i log.w ˙ w2 1/ ;
p p
ou ainda, uma vez que .w C w2 1/.w w2 1/ D 1,
p
arc cos w D ˙i log.w C w2 1/ ; (5.15)
de acordo com o Teorema 5.5. Trata-se, portanto, de uma função multı́voca com
infinitos valores. Contudo, recorrendo a ramos particulares da raiz quadrada e do
logaritmo, a função em (5.15) é unı́voca e, além disso, analı́tica por ser a composta
de funções analı́ticas.
arc sin w D arc cos w :
2
Novamente,
ii
i i.
i. 2 C2k/
ii D e 2 C2k/ D ei log e D e 2 C2k :
´c D ec log ´ (5.17)
e
c ´ D e´ log c : (5.18)
5.7 A função n-ésima raiz 179
É de realçar que, para a segunda função, a constante c terá que ser obrigatoriamente
não nula. As funções assim definidas são multı́vocas, a menos que se fixe um ramo
especı́fico do logaritmo.
d c d c log ´ 1 ec log ´
´ D e D ec log ´ c D c log ´ D c e.c 1/ log ´
D c ´c 1
:
d´ d´ ´ e
Analogamente,
d ´ d ´ log c
c D e D e´ log c log c D c ´ log c :
d´ d´
p p
n
´ D e.log ´/=n D e.log r/=n ei =n D n
r ei =n : (5.20)
p 1
. n ´/0 D .´1=n /0 D ´1=n 1
: (5.21)
n
p p
´ D r ei =2 ; (5.22)
p 1 1
. ´/0 D ´1=2 1
D p ; ´2D: (5.23)
2 2 ´
y v
z # z2
x u
y v
z # z2
x u
!!!
z"z
y y
z # z2
x x
Πi
w # Log w
x
-Πi
(a) e´ D e ´
;
(b) e2´ 2e´ C 1 D 0 ;
(c) e´ D ei´ ;
(d) e´Ci D e´ ;
(e) e2´C1 D 2.
(a) f .´/ D e Ń ;
2
(b) g.´/ D e´ ;
p
(c) h.´/ D e´ C 1 .
Exercı́cio 5.5 Recorra a (5.8) para mostrar que, para cada ´ 2 C, se tem
Exercı́cio 5.7
S D f´ 2 C W ´ 6D 1=2.2n C 1/; n 2 Zg :
Exercı́cio 5.8 Suponha que lhe é fornecida uma listagem com o valor da função
co-seno em 100 pontos do disco aberto D D D.0; 1/.
´1 cos ´1
´2 cos ´2
:: ::
: :
´100 cos ´100
(b) sin ´ D 2 ;
p
(c) cos ´ D 2 ;
5i
(d) tg ´ D ;
3
2i C 1
(e) cosh ´ D :
2i C 2
5.9 Exercı́cios propostos (5.1–5.19) 185
(a) log 1 ;
(b) log. 1/ ;
(c) Log. 3i / ;
(d) Log.1 i/ .
f .´/ D Log.´ i/
x 0 ^ y D 1:
i
log ´ D :
2
(a) i i ;
p
(b) Œ e=2.1 C 3i /3i ;
(c) .1 i /4i .
5.10 Laboratório 5 187
In[3]:= ? CartesianMap
-6 -4 -2 2 4 6
-2
-4
-6
Out[4]= Graphics
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
-1.5 -1 -0.5 0.5 1 1.5
Out[5]=
Graphics
5.10 Laboratório 5 189
u2 v2
C D 1;
cosh2 y sinh2 y
que representa uma elipse, e para x constante a equação
u2 v2
D 1;
cos2 x sin2 x
que representa uma hipérbole. Assim, w D cos ´ transforma rectas horizontais do
plano ´ em elipses do plano w e rectas verticais em hipérboles.
viewLogSurface @n_Integer ,
resolution_Integer D :=
In[6]:=
ParametricPlot3D @
8r * Cos@thetaD,
r * Sin@thetaD, theta<,
8r, 0, 2<, 8theta,
0, 2 * n * Pi<,
PlotPoints -> 8resolution ,
resolution * n<,
Boxed -> False,
Axes -> False,
AspectRatio -> 1,
ViewPoint -> 80, 0.7, 2<,
ColorOutput ® RGBColor D
Para obter uma imagem em tons de cinza, pode substituir-se a opção RGBColor por
GrayLevel.
190 CAPÍTULO 5: Funções Elementares
Out[7]= Graphics3D
2
2
0
-2 1
-2 0
-1
0 -1
1
2-2
Out[8]=
SurfaceGraphics
5.10 Laboratório 5 191
As coordenadas naturais para lidar com certas transformações complexas são as co-
ordenadas polares. Tal é o caso da função logaritmo. Utilizemos, pois, o comando
PolarMap[].
In[9]:= ? PolarMap
f. The default for the phi range is 80, 2Pi<. The default
the image of the polar coordinate lines under the function
-4 -3 -2 -1
-1
-2
-3
Out[10]= Graphics
1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
Outras funções
Os comandos CartesianMap[] e PolarMap[] podem também ser utiliza-
dos para funções que não estão pré-definidas pelo Mathematica. Primeiramente,
temos que definir simbolicamente essas funções. Consideremos, por exemplo, a
função w D ´2 .
f@z_D := z2 ;
CartesianMap @f, 80, 2<, 80, 1<,
In[12]:=
-1 1 2 3 4
Out[13]=
Graphics
5.10 Laboratório 5 193
0.5
0.20.40.60.8 1
-0.5
-1
Out[14]= Graphics
Out[15]= 1.78319
-4
-2
0
2
4
2
-2
-4
-2
0
2
4
Out[17]=
SurfaceGraphics
0.8
0.6
0.4
0.2
0
-4 -4
-2 -2
0 0
2 2
44
2
0
-2
-4 -4
-2 -2
0 0
2 2
44
Out[19]= GraphicsArray
4
2
-2
1
0
-1 -4
-4
-2
0
2
4
4
2
-2
5
2.5
0
-2.5 -4
-5
-4
-2
0
2
4
Out[21]=
GraphicsArray
Podemos estabelecer uma correspondência um-a-um entre
raios de luz e números complexos... Mesmo entre fı́sicos pro-
fissionais, este ”milagre” não é tão conhecido como deveria
ser.
Tristan Needham
Transformações Conformes
Capítulo 6
Neste capı́tulo, estudaremos uma importante propriedade partilhada pelas
funções analı́ticas - a conformidade. As funções analı́ticas preservam os ângulos
entre curvas, denominando-se ”conformes” as funções com esta propriedade. Con-
sideraremos uma classe particular de transformações - as transformações de Möbius,
que gozam de notáveis propriedades, como transformarem ”circunferências”13 em
”circunferências”.
T WC ! C
a´ C b
´ 7! T .´/ D
c´ C d
13 O termo ”circunferência” abrange não só as circunferências propriamente ditas, como também
as rectas, que podem ser entendidas como circunferências de raio infinito.
14 Também conhecidas por transformações lineares, homográficas ou l.f.t., derivando a abreviatura
197
198 CAPÍTULO 6: Transformaç ões Conformes
em que T .1/ pode ser interpretado como o limite de T quando ´ ! 1, como já
se observou no exercı́cio 2.2, no âmbito das funções racionais.
Seja
a´ C b
T .´/ D
c´ C d
uma transformação de Möbius. Se k é qualquer complexo não nulo, então
ka´ C kb
T .´/ D ;
kc´ C kd
ou seja, os coeficientes a; b; c; d não são únicos.
a´ C b
T .´/ D ;
c´ C d
c´2 C .d a/´ b D 0:
A equação anterior tem uma infinidade de soluções (todo o plano complexo am-
pliado) quando c D 0, d D a e b D 0, isto é, quando T é a identidade. Contudo,
se considerarmos uma transformação de Möbius T diferente da identidade, T tem
apenas um ou dois pontos fixos, consoante a equação anterior tenha uma ou duas
soluções. A única situação em que, aparentemente, a equação não tem soluções é
quando c D 0, d D a e b 6D 0. Mas, nestas condições, temos uma translação da
forma
b
´ 7! ´ C ;
d
que tem um único ponto fixo (1).
a´ C b
T .´/ D ;
c´ C d
pode ser vantajoso utilizar a notação matricial:
a b
:
c d
A D a 1 a2 C b 1 c2 I
B D a 1 b2 C b 1 d2 I
C D c 1 a2 C d 1 c2 I
D D c 1 b2 C d 1 d2 ;
Tal matriz tem inversa, uma vez que o seu determinante ad bc é diferente de
zero. Por conseguinte, a sua inversa é dada por
T
1 d c
:
det M b a
Podemos supor ´2 ; ´3 ; ´4 2 b
C, tomando:
´ 3 ´4
1) se ´2 D 1, T .´/ D ;
´ ´4
´ ´2
2) se ´3 D 1, T .´/ D ;
´ ´4
´ ´2
3) se ´4 D 1, T .´/ D :
´3 ´ 2
6.3 Razão cruzada 203
Para cada ´ 2 b
C, denota-se T .´/ por
.´; ´2; ´3 ; ´4 / :
Para cada ´1 2 C,
.´1 ; ´2 ; ´3 ; ´4 /
é a chamada razão cruzada de complexos e é a imagem de ´1 pela única transfor-
mação de Möbius que aplica ´2 ; ´3 ; ´4 , respectivamente, em 0; 1; 1.
S.´/ D .´; ´2 ; ´3 ; ´4 / ;
1
que aplica ´2 ; ´3 ; ´4 , respectivamente, em 0; 1; 1. Ora, S T transforma T .´2 /,
T .´3 /, T .´4 /, respectivamente, em 0, 1, 1. Desta forma,
1
.T .´1 /; T .´2 /; T .´3 /; T .´4 // D S T .T .´1 // D S.´1 / D .´1 ; ´2 ; ´3 ; ´4 / ;
Resolvendo a equação
.w; w2 ; w3 ; w4 / D .´; ´2 ; ´3 ; ´4 /
.X; Y; Z/
.X 0 ; Y 0 ; Z 0 / :
X 2 C Y 2 C Z 2 D X 02 C Y 02 C Z 02 :
X 2 C Y 2 C Z2 :
6.4 Relação com a teoria da relatividade de Einstein 205
T 02 .X 02 C Y 02 C Z 02 / D T 2 .X 2 C Y 2 C Z 2 / :
.T 0 ; X 0 ; Y 0 ; Z 0 / :
T2 .X 2 C Y 2 C Z 2 /
15 Recorrendo à figura 31, recordemos que o ângulo refere-se ao ângulo formado pelo eixo dos
xx e pelo vector correspondente ao ponto ´0 , enquanto que o ângulo diz respeito ao ângulo formado
pelos vectores correspondentes a Ó e a N .
206 CAPÍTULO 6: Transformaç ões Conformes
N
`
z
1 Φ
0 z’ z
ÈzÈ
Φ 2
S
conforme é ilustrado na figura 31. Note-se que os triângulos 4ŒNS Ó e 4ŒN 0´
são semelhantes, uma vez que têm os três ângulos internos geometricamente iguais,
e que o ângulo †. ÓSN / D =2. Consequentemente,
j´j jS Ó j 2 cos.=2/
D D D cotg :
1 jN Ó j 2 sin.=2/ 2
C
r
1z
Θ
0 1
-Θ
1r 1z
q z L
~
z
a inversão troca entre si o seu interior e exterior, enquanto que cada ponto sobre a
circunferência permanece invariante.
Nesta secção, vamos adoptar a notação usual para a distância entre os com-
plexos ´ e w:
d.´; w/ D j´ wj :
Naturalmente, esta distância coincide com o comprimento do segmento de recta
cujos extremos são os afixos de ´ e w.
Propomos ao leitor a resolução dos exercı́cios 6.14 e 6.15, com vista ao maior
aprofundamento das propriedades da inversão geométrica. O exercı́cio 6.15 mostra
como definir a inversão geométrica numa circunferência de raio diferente da uni-
dade. No caso geral, a inversão geométrica numa circunferência K de raio R > 0
faz corresponder a cada ponto ´ um ponto Q́ alinhado com ´ e com o centro q da
circunferência e tal que
jq ´j jq Q́ j D R2 : (6.2)
Quer isto dizer que o ponto ´ e a sua reflexão L .´/ são simétricos em relação a L:
´ e Q́ D IK .´/
jq ´jjq Q́ j D R2 D jq wjjq Q :
wj
Portanto,
jq ´j jq wj
Q
D :
jq wj jq Q́ j
Q Q́ / (cfr. figura 34), fica
Notando que o ângulo †.wq´/ coincide com o ângulo †.wq
estabelecida a propriedade.
j Q́ wj
Q jq wj
Q R2
D D
j´ wj jq ´j jq ´jjq wj
210 CAPÍTULO 6: Transformaç ões Conformes
~
z
K
z
R
q
w
~
w
e assim
R2
j Q́ wj
Q D j´ wj : (6.3)
jq ´jjq wj
w
z
L
K ~
z~
w
D
Figura 35: A inversão na circunferência K de uma recta L que não passa pelo
centro q de K é Dnfqg, onde D é uma circunferência que passa por q.
q
w~
z~
z
K
z1
z2
z4
z3
Teorema 6.7 (Teorema de Ptolemeu) A soma dos produtos dos comprimentos dos
lados opostos do quadrilátero Œ´1 ´2 ´3 ´4 é igual ao produto dos comprimentos
das diagonais. Simbolicamente,
z1
z2 K
z4
~ z3
z2
~
z4
~
z3
j Q́ 2 Q́ 3 j C j Q́ 3 Q́ 4 j D j Q́ 2 Q́ 4 j :
conforme pretendido.
2Θ 1
B
1
2Φ
2Θ
Figura 40: Ptolemeu aplicou o seu Teorema a um quadrilátero como o acima repre-
sentado.
Examinemos a relação entre o ângulo formado por duas curvas que passam
num ponto ´0 16 e o ângulo entre as suas imagens por uma função w D f .´/,
analı́tica num domı́nio D e satisfazendo f 0 .´0 / 6D 0.
16 Dizer que uma curva passa num ponto ´0 é afirmar que ´0 2 .
6.7 Conformidade e holomorfia 215
Consideremos um caminho
Q .t / D f . .t // :
Note-se que aqui se utilizou a regra da cadeia (Teorema 3.2), concluindo-se que Q
também é de classe C 1 .
tendo-se
ˇ1 D ‰0 C ˛1 e ˇ 2 D ‰ 0 C ˛2 ;
em que ‰0 D arg f 0 .´0 /. Portanto,
˛2 ˛1 D ˇ2 ˇ1 :
Convém notar que a expressão (6.5) só tem significado se
0.t0 / 6D 0, uma
vez que já supusemos anteriormente f 0 .´0 / 6D 0. Sendo
0 .t0 / 6D 0 e f 0 .´0 / 6D 0,
vem automaticamente
Q 0.t0 / 6D 0, tendo em conta (6.4). Por isso, é importante
considerarmos curvas de classe C 1 cuja equação paramétrica satisfaça
0.t / 6D 0,
216 CAPÍTULO 6: Transformaç ões Conformes
y v
G1
~
G2 ~ G1
G2
z0 w0
x u
f .´/ D ´ ; ´ 2 C;
f .´/ D ´ ; ´ 2 C;
não é conforme, uma vez que não preserva o sentido dos ângulos.
onde w D f .´/.
De acordo com o Lema, a inversa local não só analı́tica, como também con-
forme, uma vez que a sua derivada se não anula nos pontos de V . Contudo, chama-
mos a atenção do leitor para o facto da bijectividade local não implicar a bijectivi-
dade global.
D D Cnf´ D x C iy 2 C W x 0 ^ y D 0g :
f 0 .´/ D 2´ 6D 0
S D f´ 2 C W Re ´ > 0g ;
F D f´ D x C iy 2 C W x 2 R ^ < y < g ;
a´ C b
T .´/ D ;
c´ C d
ad bc
T 0 .´/ D 6D 0 :
.c´ C d /2
Sendo assim, uma transformação de Möbius T não tem pontos crı́ticos, pelo que é
conforme no seu domı́nio de analiticidade, ou seja, é conforme para ´ 6D d=c (e
´ 6D 1 quando a definimos em b C).
D EMONSTRAÇ ÃO :
d 1 1
f .w/ D 0 .´/
;
dw f
1
onde w D f .´/. Logo, a derivada de f nunca se anula, pelo que
f 1 é conforme.
g 0 .f .´// f 0 .´/ 6D 0 :
Consequentemente, g ı f é conforme.
Im .´; ´1 ; ´2 ; ´3 / > 0 :
Há que mostrar que só existem duas orientações possı́veis, mais concretamente,
verifiquemos que a distinção entre esquerda e direita é a mesma que a distinção
entre o semi-plano superior e inferior. Como a razão cruzada é invariante e como
6.7 Conformidade e holomorfia 221
Im .´; ´1; ´2 ; ´3 / D 0 , Im ´ D 0 , ´ 2 C :
y v
i i
C
T
x u
-1 0 1 2 -13 i 0 1
-i
w
f 0 .´0 / D lim ;
´!0 ´
jwj jwj
jf 0 .´0 /j D lim ' ; (6.7)
´!0 j´j j´j
f .x C iy/ D u C iv
f .´/ D ´2 D x 2 y 2 C 2xyi ; ´ D x C iy 2 C :
u D 1 y 2 ^ v D 2y ; (6.9)
v 2 D 4x02 .x02 u/
e a de y D y0 por
v 2 D 4y02 .y02 C u/ :
Ambas as equações representam parábolas com foco na origem, cujos eixos estão
dirigidos nas direcções negativa e positiva, respectivamente, do eixo dos uu. Estas
curvas são também ortogonais (cfr. figura 45), uma vez que as rectas x D x0 e
y D y0 o são.
6.7 Conformidade e holomorfia 225
y v
Π4
2i
Π4
f
1+i
x u
1 1
jw wk j D 1=2 ;
f .´/ D ´ e´ ; ´ 2 C:
Então,
u.x; y/ D c e v.x; y/ D k ;
de corrente e das linhas equipotenciais pode ser trocado, ou seja, noutra situação as
linhas de corrente podem passar a linhas equipotenciais e vice-versa.
´ 1 y y
Im log D arc tg arc tg D k;
´C1 x 1 x C1
pelo que consistem na famı́lia de circunferências que passam pelos
pontos . 1; 0/ e .1; 0/. As linhas equipotenciais são dadas por
´ 1 1 .x 1/2 C y 2
Re log D log D c;
´C1 2 .x C 1/2 C y 2
1
-2 -1
1
J.´/ D ´ C (6.10)
´
1
J.´/ D ´ C D u C iv :
´
Tem-se
1 1
u.x; y/ D x 1 C e v.x; y/ D y 1 :
x C y2
2 x C y2
2
6.8 Teoria do potencial 231
y D0 ou x2 C y 2 D 1 :
f´ 2 C W j´j D rg ; r 6D 1 ;
S1 S3
S2
i; 1; i; 1
i; 0; i; 1 :
i; 0; i; 1
1; 0; 1; 1 :
0; 2; 0; 2:
f´ 2 C W j´ ´0 j D rg ;
˛ ´´ C c ´ C c ´ C ˇ D 0;
Exercı́cio 6.2
˛ ´ ´ C c ´ C c ´ C ˇ D 0 .˛ e ˇ reais/
C1 D f´ 2 C W j´ C 1j 1g e C2 D f´ 2 C W j´ i j 1g :
Determine a imagem de
C 1 \ C2
por meio da transformação de Möbius definida por
´C1
T .´/ D :
´ i
6.9 Exercı́cios propostos (6.1–6.21) 235
ou na forma
T .´/ D ´ C h ;
caso o ponto fixo seja 1.
Exercı́cio 6.6
(a) Represente no plano de Argand o conjunto
p
f´ 2 C W 4 2 < j´j 32 ^ 0 arg ´ < =4g :
w D ´2 :
Exercı́cio 6.8
(a) Considerando a relação
w2 D ´ ;
determine as figuras do plano ´ que dão lugar às rectas Re w D a e
Im w D b (a e b constantes).
(b) Qual o conjunto do plano ´ que se transforma na faixa plana
1 < Re w < 2?
Exercı́cio 6.9
(a) Estude a função definida por
2
w D p 1;
´
indicando, em particular, qual a figura em que se transforma a pará-
bola de equação y 2 D 4.1 x/ do plano ´.
6.9 Exercı́cios propostos (6.1–6.21) 237
Exercı́cio 6.11
(a) Mostre que a função
´ C 1=´
w D
2
transforma circunferências j´j D r em elipses homofocais e rectas
arg ´ D ˛ em hipérboles também com os mesmos focos.
(b) Qual a imagem de j´j D 1?
Sugestão: Escrevendo ´ na forma ´ D ei e w na forma w D u C iv, obtenha
1 1
2u D C cos e 2v D sin ;
deduzindo daqui o que se pretende.
Exercı́cio 6.12
(a) Mostre que a função
w D .4 C 2i /´ .3 C 3i /
w D a´ C b ;
com a; b 2 C, a 6D 0.
238 CAPÍTULO 6: Transformaç ões Conformes
~
z1
K R2 Ρ
z1
q Ρ
R
z2 =z~2
˛ w ´ C cw C c ´ C ˇ D 0 ;
ou seja, por
c´ ˇ
w D :
˛´Cc
Exercı́cio 6.16 Para cada uma das imagens da figura 49, mostre que ´ e Q́ são
inversos em relação à circunferência K de centro q e raio R. As construções repre-
sentadas em cada alı́nea sugerem o método de resolução a utilizar.
~
z ~
z
HaL HbL
z z
q q
K K
~
z
HcL
Θ
Θ
z
l
0 r
z
~
z
l r
K r
Exercı́cio 6.19
´ 7! cos ´ ;
transforma:
1
J.´/ D ´ C :
´
Transformações de Möbius
Determinemos a transformação de Möbius que aplica 0; 1 e 2, respectiva-
mente, em 1; i e 1. Como sabemos, a transformação de Möbius que aplica três
pontos distintos ´1 ; ´2 e ´3 do plano ´ nos pontos 0; 1 e 1 do plano w tem a
forma
In[3]:= Simplify @
Solve@LFT3@w, -1, -I, 1D == LFT3@z, 0, 1, 2D, wDD
ä HH-1 - äL + zL
99w ® ==
H-1 + äL + z
Out[3]=
In[4]:= wa = Simplify @
Solve@LFT3@w, -1, -I, aD == LFT3@z, 0, 1, 2D, wDD
a H2 - H2 - äL zL - ä H-2 + zL
99w ® ==
-2 ä + a H-2 + zL - H1 - 2 äL z
Out[4]=
In[5]:= w = w . wa@@1DD
a H2 - H2 - äL zL - ä H-2 + zL
-2 ä + a H-2 + zL - H1 - 2 äL z
Out[5]=
2 - H2 - äL z
Out[6]=
-2 + z
6.10 Laboratório 6 243
Temperaturas de equilı́brio
x : Im@xD = 0; y : Im@yD = 0;
v = Im@Log@Hz - 1L Hz + 1L . z ® x + I * yDD;
In[7]:=
u = Re@Log@Hz - 1L Hz + 1L . z ® x + I * yDD;
T = v Pi; ContourPlot @T, 8x, -3, 3<,
8y, 0.001, 3<, AspectRatio ® Automatic D
2.5
1.5
0.5
0
-3 -2 -1 0 1 2 3
Out[10]=
ContourGraphics
244 CAPÍTULO 6: Transformaç ões Conformes
.u; v/ D v D Im w D Im ´2 D 2xy :
.u; v/ D 2xy D k :
PlotHamiltonianField[];
Graphics`PlotField`PlotHamiltonianField @
In[11]:= Needs@"Graphics`PlotField` "D;
Out[12]= Graphics
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL .2,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL .4,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL .6,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL .8,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL 1.0,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL 1.2,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL -.2,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL -.4,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL -.6,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL -.8,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL -1.0,
y H1 - 1 Hx ^ 2 + y ^ 2LL -1.2<, 8x, -2, 2<,
Axes -> False, DisplayFunction ® Identity D;
fluid = Show@AA, DisplayFunction ®
$DisplayFunction D
Out[15]=
Graphics
R
Afirmo agora que o integral f .x/ dx tem um único valor
mesmo que tomados diferentes caminhos se f ... não se tornar
infinita no espaço compreendido entre os dois caminhos. Isto
é um Teorema maravilhoso cuja prova ... darei numa ocasião
conveniente.
7
Karl Gauss
Capítulo
Integração no Campo Complexo
Seja
g.t / D u.t / C iv.t / ; t 2 Œa; b ;
uma função contı́nua no intervalo Œa; b. Define-se o integral de g ao longo de Œa; b
como sendo o número complexo
Z b Z b Z b
g.t / dt D u.t / dt C i v.t / dt : (7.1)
a a a
247
248 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
Œa; b R :
Para tal, supomos que existe uma partição do intervalo Œa; b,
D Œsin t 2 2
0 C i Œ cos t 0
D 0:
Por outro lado, Z Z
2 2
jeit j dt D 1 dt D 2 :
0 0
Desta forma, ˇZ ˇ Z
ˇ 2 ˇ 2
ˇ ˇ
it
e dt ˇ D 0 2 D jeit j dt :
ˇ
0 0
250 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
tal que
jŒtn ;tnC1 , n D 0; 1; : : : ; k 1, coincide com uma função com derivada
contı́nua em Œtn ; tnC1 . Note-se que, nos pontos tn da partição,
0 pode não existir,
pelo que
0 é seccionalmente contı́nua em Œa; b.
Exemplos 7.3
(a) Consideremos o caminho
que descreve o segmento de recta orien-
tado de ´0 para ´1 ,
.t / D .1 t /´0 C t ´1 ; t 2 Œ0; 1 :
Tem-se
Z Z 1
d´ D
0.t / dt
0
Z 1
D ´1 ´0 dt
0
D ´1 ´0
e
Z Z 1
´ d´ D
.t /
0.t / dt
0
Z 1
D .´1 ´0 / Œ.1 t /´0 C t ´1 dt
0
´21 ´20
D :
2
252 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
(b) Calcule-se Z
1
d´ ;
´ ´0
f .´/ D j´j ;
1 .t / D .1 t /. 1/ C t1 D 2t 1; t 2 Œ0; 1 :
Tem-se
Z Z 1
j´j d´ D j2t 1j2 dt
1 0
Z 1 Z !
2 1
D 2 .1 2t / dt C .2t 1/ dt
1
0 2
12 1 !
2 2
D 2 t t C t t
1
0 2
1
D 2
2
D 1:
2 D ei. t/
; t 2 Œ0; ;
em que
M D max jf .t /j :
t2Œa;b
W Œa; b ! C
com M D sup jf .´/j. Por fim, sendo f contı́nua e tr.
/ compacto, segue-se que
´2tr.
/
sup jf .´/j D max jf .´/j.
´2tr.
/ ´2tr.
/
Com efeito, tomando f .´/ D u.x; y/ C iv.x; y/, as duas definições estão
relacionadas do seguinte modo:
Z Z Z
f .´/ d´ D .udx vdy/ C i .udy C vdx/ : (7.15)
D EMONSTRAÇ ÃO :
conforme pretendido.
ao longo de D 1 C 2 , sendo
1 .t / D 2t 1; t 2 Œ0; 1 ;
2 D eit ; t 2 Œ0; ;
y y
A. B.
i 1+ i
x x
-1 1 0
pelo que Z Z Z
j´j d´ D j´j d´ C j´j d´ D 1:
1
2
f .´/ D y x 3ix 2 ; ´ D x C iy 2 C :
ao longo de D 1 C 2 C 3 , sendo
1 .t / D t i ; t 2 Œ0; 1 ;
2 .t / D t C i ; t 2 Œ0; 1 ;
3 .t / D .1 t / C .1 t /i ; t 2 Œ0; 1 ;
pelo que
Z Z Z Z
1Ci
f .´/ d´ D f .´/ d´ C f .´/ d´ C f .´/ d´ D :
1
2
3 2
Z
f .´/ d´
j´ ´0 jDr
.t / D .1 t /´0 C t ´1 ; t 2 Œ0; 1 :
Evidentemente que, de acordo com o Teorema 7.2, muitos dos caminhos que ge-
ram uma determinada curva conduzem ao mesmo valor do integral ou ao valor
simétrico.
260 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
.F G/0 D F 0 G0 D 0
´nC1
F .´/ D Cc; ´ 2 C;
nC1
para alguma constante complexa c. Já a função
1 1
g.´/ D ´ D ; ´ 2 Cnf0g ;
´
admite apenas primitiva local, como veremos no exemplo 7.9. Se escolhermos um
valor de n inferior a 1, voltamos a obter uma função com primitiva (global).
f WDC!C
D EMONSTRAÇ ÃO : A prova de que (a) implica (b) é imediata. Pelo Teorema Fun-
damental do Cálculo Integral, tomando ´0 D ´1 , isto é, considerando
um cami-
nho fechado, vem Z
f .´/ d´ D 0 :
pelo que Z Z
f .´/ d´ D f .´/ d´ :
1
2
Resta provar que (c) implica (a). Suponhamos, então, que o valor de
Z
f .´/ d´
F .w/ F .´/
lim D f .´/ ;
w!´ w ´
Exemplo 7.10 Sabemos que cada ramo da função logaritmo tem domı́nio de ana-
liticidade CnN , com 2 R e
N D f´ D r ei 2 C W r 0g :
d 1
log ´ D ; ´ 2 CnN :
d´ ´
Assim, log ´ é uma primitiva local de 1=´ em CnN . De acordo com (7.16) e
fixando ´0 2 CnN , podemos escrever
Z ´
1
log ´ D d ; ´ 2 CnN : (7.19)
´0
Obtemos, desta forma, uma definição alternativa para a função logaritmo. Pode-
mos, então, com base no conhecimento das antiderivadas locais de 1=´, determinar
o valor do integral
Z
1
d´
j´jDr ´
onde
1 .t / D reit ; t
2 2
e
3
2 .t / D reit ; t :
2 2
7.4 O Teorema de Cauchy para triângulos 265
e
Z
1
d´ D log. ri / log.ri /
2 ´
3
D log r C i log r C i
2 2
D i ;
Teorema 7.5 (Teorema de Green) Sejam P .x; y/ e Q.x; y/ funções com deriva-
das parciais de primeira ordem contı́nuas numa região D e
um caminho em D,
simples e fechado. Designemos por A a componente limitada do complementar de
266 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
18 . Então
Z ZZ
@Q @P
P .x; y/dx C Q.x; y/dy D .x; y/ .x; y/ dxdy :
A @x @y
Para uma demonstração do Teorema de Green veja-se, por exemplo, [23, pp.
908–911].
Teorema 7.6 (Teorema de Cauchy: versão fraca) Seja f uma função holomorfa
num domı́nio D com derivada f 0 contı́nua em D. Então, para qualquer caminho
em D, simples e fechado, tem-se
Z
f .´/ d´ D 0 :
diam A D supfd.´; w/ W ´; w 2 Ag :
Teorema 7.7 (Teorema de Cantor) Seja .Fn /n2N uma sucessão de subconjuntos
não vazios e fechados de C, com
F 1 F2
Teorema 7.8 (Teorema de Cauchy para triângulos) Seja f uma função contı́nua
num domı́nio D e 4 D um triângulo de fronteira @4. Suponhamos f analı́tica
em D com possı́vel excepção de um ponto P . Então
Z
f .´/ d´ D 0 :
@4
411 ; : : : ; 441 ;
obtidos unindo dois a dois os pontos médios dos lados do triângulo original. Supo-
remos as fronteiras orientadas positivamente (veja-se a figura 52). Como os inte-
268 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
Portanto, pelo menos um dos triângulos 4k1 , k 2 f1; 2; 3; 4g, satisfaz a condição
ˇZ ˇ
ˇ ˇ J
ˇ ˇ
ˇ f .´/ d´ˇ :
ˇ @4k1 ˇ 4
Designemos por 41 o triângulo nestas condições (se outros triângulos satisfizerem
a condição, a escolha de um deve ser feita segundo uma regra definida). Con-
tinuemos a repetir indefinidamente este processo. No segundo passo, obtemos o
triângulo 42 , tal que 4 41 42 , valendo as desigualdades
ˇZ ˇ ˇZ ˇ ˇZ ˇ
ˇ ˇ ˇ ˇ ˇ ˇ
ˇ ˇ ˇ
f .´/ d´ˇ 4 ˇ ˇ
f .´/ d´ˇ 4 ˇ2ˇ
f .´/ d´ˇˇ :
ˇ
@4 @41 @42
Originamos, deste modo, uma sucessão de triângulos encaixados
4 D 4 0 41 42 4 n
que verificam:
ˇZ ˇ ˇZ ˇ ˇZ ˇ
ˇ ˇ ˇ ˇ ˇ ˇ
ˇ f .´/ d´ ˇ 4 ˇ ˇ nˇ
f .´/ d´ˇ 4 ˇ f .´/ d´ˇˇ (7.20)
ˇ ˇ ˇ
@4 @41 @4n
Relativamente aos perı́metros dos triângulos, vem
1
L@41 D L@4 I
2
1 1
L@42 D L@41 D 2 L@4 I
2 2
::
:
1
L@4n D L@4 I
2n
::
:
7.4 O Teorema de Cauchy para triângulos 269
ou ainda,
4n D.´0 ; ı/ :
Então Z Z
f .´/ d´ D Œf .´/ f .´0 / .´ ´0 /f 0.´0 / d´
@4n @4n
e, uma vez que max j´ ´0 j L@4n , vem
´2@4n
ˇZ ˇ
1 ˇ ˇ 1
ˇ
J n ˇ f .´/ d´ˇˇ " .L@4n /2 D n .L@4/2 " :
4 @4n 4
Daqui resulta
J ".L@4/2
e, portanto, como " é arbitrário, J D 0.
Suponhamos, em segundo lugar, que P é um vértice de 4. Escolhamos ´1 e
´2 próximos de P e dividamos o triângulo 4 em três sub-triângulos,
4 1 ; 42 ; 43 ;
z1
P
z2
Consideremos a função
f .´/ D y x 3ix 2 ; ´ D x C iy 2 C ;
e
o caminho que descreve no sentido directo o triângulo de vértices 0, 1 C i e i .
De acordo com o exemplo 7.6, tem-se
Z
1 i
f .´/ d´ D 6D 0 :
2
Note-se que não entrámos em contradição com o Teorema de Cauchy para triângu-
los, uma vez que f não é analı́tica em ponto algum de C. De facto, tomando
u.x; y/ D y x e v.x; y/ D 3x 2 ;
7.5 Versão do Teorema de Cauchy para convexos 271
P
P
Figura 54: O ponto P cai sobre um dos lados do triângulo 4 ou no seu interior.
vem
@u @v
.x; y/ D 1 6D 0 D .x; y/ ;
@x @y
pelo que não se verificam as Condições de Cauchy-Riemann em ponto algum do
plano.
D EMONSTRAÇ ÃO : Provemos que f tem uma primitiva em D, isto é, que
f D F 0 , para uma certa função F analı́tica em D. Fixemos, então, ´0 2 D. Defi-
namos Z
F .´/ D f ./ d ; ´2D;
Œ´0 ;´
de acordo com o Teorema de Cauchy para triângulos (Teorema 7.8). Segue-se que
Z
F .´ C h/ F .´/ f ./ f .´/
f .´/ D d :
h Œ´;´Ch h h
Então,
ˇ ˇ ˇZ ˇ
ˇ F .´ C h/ F .´/ ˇ 1 ˇˇ ˇ
ˇ f .´/ˇˇ D .f ./ f .´// d ˇˇ
ˇ h jhj ˇ Œ´;´Ch
1
jhj max jf ./ f .´/j
jhj 2Œ´;´Ch
Como f é contı́nua,
max jf ./ f .´/j
2Œ´;´Ch
onde
é o caminho fechado que descreve a curva representada na Figura 51-A. Tal
não contradiz o Teorema anterior, uma vez que a função j´j apenas é diferenciável
na origem, pelo que não é analı́tica em ponto algum do plano complexo.
n. ; ´0 / D n. ; ´0 / (7.22)
e
n.
1 C C
n ; ´0 / D n.
1 ; ´0 / C C n.
n ; ´0 / : (7.23)
D .t / ; a t b; .a/ D .b/ :
0.t /
ˆ0 .t / D ˆ.t / ;
.t / ´0
ou ainda,
ˆ0 .t /.
.t / ´0 / D ˆ.t /
0.t / ;
excepto possivelmente num número finito de pontos. Então, nos pontos em que a
derivada existe,
d ˆ.t / .
.t / ´0 /ˆ0 .t / ˆ.t /
0.t /
D D 0:
dt
.t / ´0 .
.t / ´ 0 /2
Logo, a função é seccionalmente constante em Œa; b. Mas, uma vez que é contı́nua,
é constante em Œa; b. Assim,
ˆ.t / ˆ.a/ 1
D D
.t / ´0
.a/ ´0
.a/ ´0
e
.t / ´0
ˆ.t / D :
.a/ ´0
Ora,
.b/ ´0
ˆ.b/ D D 1;
.a/ ´0
como querı́amos demonstrar.
D EMONSTRAÇ ÃO :
(a) É uma consequência imediata do Teorema de Cauchy para domı́nios
convexos (Teorema 7.9).
(b) Como conjunto de pontos, tr.
/ é compacto, logo fechado e limitado.
O seu complementar, Cntr.
/, é aberto e pode representar-se como
união de abertos disjuntos, justamente as suas componentes conexas.
Como sabemos essas componentes são conexas por arcos e apenas
uma delas é ilimitada. Qualquer par de pontos na mesma componente
determinada por tr.
/ pode ser unido por uma linha poligonal que
não corta tr.
/. Sejam ´0 e ´1 dois pontos pertencentes à mesma
componente. Observe-se que, fora do segmento de recta definido por
´0 e ´1 ,
´ ´0
´ ´1
nunca é real e menor ou igual a zero. Por esta razão, o ramo principal
da função logarı́tmo
´ ´0
Log
´ ´1
é uma função analı́tica no complementar do referido segmento. A
sua derivada é igual a .´ ´0 / 1 C .´ ´1 / 1 e, se tr.
/ não corta
o segmento, devemos ter
Z
1 1
d´ D 0 ;
´ ´0 ´ ´1
de acordo com o Teorema 7.4. Por conseguinte, n.
; ´0 / D n.
; ´1 /.
Em particular, se ´0 pertence à componente ilimitada de Cntr.
/ e
se j´0 j é suficientemente grande, então tr.
/ está contido num disco
j´j < < j´0 j e pela alı́nea (a)
n.
; ´0 / D 0 :
Isto implica que qualquer ponto da componente ilimitada tenha ı́ndice
nulo.
Teorema 7.12 (Fórmula Integral de Cauchy) Seja f analı́tica num domı́nio con-
vexo D e
um caminho fechado em D que não passa por ´0 . Então
Z
1 f .´/
n.
; ´0 /f .´0 / D d´ :
2 i
´ ´0
276 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
lim g.´/
´!´0
existe e é igual a f 0 .´0 /; uma vez que f é, por hipótese, diferenciável no ponto ´0 .
Então g satisfaz as hipóteses do Teorema de Cauchy para convexos (Teorema 7.9)
com ´0 D P e, portanto, Z
g.´/ d´ D 0 :
Segue-se, assim, que
Z
1 f .´/ f .´0 /
d´ D 0;
2 i
´ ´0
ou ainda,
Z Z
1 f .´/ 1 f .´0 /
d´ D d´ D f .´0 / n.
; ´0 / ;
2 i
´ ´0 2 i
´ ´0
conforme pretendido.
Observe-se que esta é uma fórmula notável. Os valores sobre tr.
/ determinam
completamente os valores da função no interior de tr.
/. É extremamente útil no
cálculo de integrais.
Exemplos 7.12
(a) Calcule-se: Z
e´
d´ :
j´jD1 ´
Por aplicação directa da Fórmula Integral de Cauchy, vem
Z Z
e´ e´
d´ D d´ D 2 i :
j´jD1 ´ j´jD1 ´ 0
(b) Calcule-se: Z
1
d´ :
j´ 1jD1 ´2 1
Por aplicação directa da Fórmula Integral de Cauchy, vem
Z Z 1
1 ´C1
d´ D d´ D i :
j´ 1jD1 ´2 1 j´ 1jD1 ´ 1
.t / D aeit C be it
; t 2 Œ0; 2 ;
Exercı́cio 7.4
Exercı́cio 7.12 O Teorema de Cauchy para convexos (Teorema 7.9) é válido sepa-
radamente para as partes real e imaginária de uma função complexa f ? Em caso
afirmativo, demonstre; caso contrário, apresente um contra-exemplo.
f W Cntr. / ! Z ;
.t / D cos t C 3i sin t ; 0 t 4 :
Mostre que n.
; 0/ D 2.
280 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
com k 2 N.
3) bissecção de triângulos.
Clear@"Global` *"D;
PolygonalLine @cnlist_ , options___ D :=
In[1]:=
Out[4]=
Graphics
282 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
Out[6]= Graphics
cnlist3 = 81 + I, -1 + I, -1 - I, 1 - I, 1 + I<;
PolygonalLine @cnlist3 , Axes ® TrueD
In[7]:=
0.5
-1 -0.5 0.5 1
-0.5
-1
Out[8]=
Graphics
7.8 Laboratório 7 283
Integral de caminho
Usemos o programa Mathematica para calcular o integral
Z
.cos2 ´ sin ´/ d´ ; (7.25)
HCos@1 + äD3 - Cosh@1 + äD3 L + H-Cos@1 + äD3 + Cosh@1 + äD3 L
2 2
Out[11]=
3 3
Out[12]= 0
9
Out[13]= - + 12 ä
2
284 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
Out[15]= 12 ä
Bissecção de um triângulo
Utilizemos o Mathematica para ilustrar o método usado na demonstração do
Teorema de Cauchy para triângulos (Teorema 7.8). Consideremos o triângulo de
vértices 1=2i , 2 e 5=4.1 C i /.
z1 = -1 2 I; z2 = 2; z3 = 5 4 + 5 4 I;
aa = 8z1, z2, z3<;
In[17]:=
Out[19]= Graphics
vem
bb = Subdivide @aaD;
showDivision @bbD
In[23]:=
Out[24]= Graphics
cc = Subdivide @bbD;
showDivision @ccD
In[25]:=
Out[26]=
Graphics
286 CAPÍTULO 7: Integração no Campo Complexo
dd = Subdivide @ccD;
showDivision @ddD
In[27]:=
Out[28]= Graphics
ee = Subdivide @ddD;
showDivision @eeD
In[29]:=
Out[30]=
Graphics
Os padrões dos matemáticos, tal como os dos pintores e os dos
poetas, têm de ser belos. As ideias, tal como as cores ou as
palavras, têm de se encaixar de forma harmoniosa. A beleza é o
primeiro teste. Não há um lugar permanente para a matemática
feia.
Godfrey Hardy
Capítulo
Séries de Taylor
8
Provaremos neste capı́tulo que qualquer série de potências é uma função ho-
lomorfa no seu disco de convergência, podendo aı́ ser diferenciada termo a termo.
Mostraremos ainda que uma função holomorfa num disco é aı́ representável por
uma série de Taylor convergente. Esta notável propriedade não é válida na Análise
Real.
287
288 CAPÍTULO 8: Séries de Taylor
XZ
C1 Z C1
X
fn .´/ d´ D fn .´/ d´ :
nD0
nD0
conforme pretendido.
8.1 Permutabilidade entre operações 289
C1
X
an ´n
nD0
C1
X
nan ´n 1
nD1
D EMONSTRAÇ ÃO : Como j´j < R, escolhamos r tal que j´j < r < R e suponha-
mos que ´ 6D 0 20 . Então,
C1
X
an r n
nD0
nq n K ;
nq n K
jnan ´n 1
j D jan r n j jan r n j :
j´j j´j
pode ser diferenciada termo a termo no seu disco de convergência j´j < R, tendo-
-se
C1
X
f 0 .´/ D nan ´n 1 :
nD1
nD1
8.1 Permutabilidade entre operações 291
é absolutamente convergente para j´j < R. Mostremos que para j´0 j < R se tem
f .´/ f .´0 /
f 0 .´0 / D lim D g.´0 /
´!´0 ´ ´0
ou, equivalentemente, que
f .´/ f .´0 /
lim g.´0 / D 0:
´!´0 ´ ´0
Considere-se, em primeiro lugar,
S D ´n 1
C ´ 0 ´n 2
C C ´0n 2
´ C ´0n 1
:
.´ ´0 /S D .´n C ´0 ´n 1
C C ´n0 2 2
´ C ´n0 1
´/
n 1
.´0 ´ C ´20 ´n 2 C C ´0n 1
´ C ´n0/
D ´n ´n0 ;
pelo que
´n ´n0
D S D ´n 1
C ´ 0 ´n 2
C C ´n0 2
´ C ´n0 1
: (8.1)
´ ´0
Tendo em conta as propriedades das séries de potências e (8.1), vem
f .´/ f .´0 / X
C1
´n ´n0
g.´0 / D an nan ´n0 1
´ ´0 ´ ´0
nD1
C1
X
D an .´n 1
C ´ 0 ´n 2
C C ´n0 1
n´n0 1
/
nD1
N
X
D an .´n 1
C ´ 0 ´n 2
C C ´n0 1
n´n0 1
/ C
nD1
C1
X
C an .´n 1
C ´ 0 ´n 2
C C ´0n 1
n´0n 1
/:
nDN C1
P
Escolhamos r tal que j´0 j < r < R: Então, nan r n 1 é convergente. Ora, pelo
Critério de Cauchy para séries convergentes, dado qualquer " > 0; existe N 2 N
tal que
.N C1/Cp
X "
jnan r n 1 j < ;
8
nDN C1
292 CAPÍTULO 8: Séries de Taylor
Como j´0 j < r; se ´ for suficientemente próximo de ´0 de modo que j´j < r; então
ˇ ˇ
ˇ C1 ˇ C1
ˇ X ˇ X
ˇ a .´ n 1
C ´ ´ n 2
C C ´ n 1
n´ n 1 ˇ
/ 2njan jr n 1
ˇ n 0 0 0 ˇ
ˇnDN C1 ˇ nDN C1
"
< : (8.2)
2
Visto que o polinómio em ´;
N
X
an .´n 1
C ´ 0 ´n 2
C C ´n0 1
n´n0 1
/;
nD1
tende para 0 quando ´ tende para ´0 ; é possı́vel encontrar ı > 0 tal que j´ ´0 j < ı
implica ˇN ˇ
ˇX ˇ "
ˇ ˇ
ˇ an .´n 1 ´0 ´n 2 C C ´0n 1 n´0n 1 /ˇ < : (8.3)
ˇ ˇ 2
nD1
Para ´ suficientemente próximo de ´0 de modo que (8.2) e (8.3) ocorram, vem
ˇ ˇ
ˇ f .´/ f .´0 / ˇ " "
ˇ g.´0 /ˇˇ < C D " ;
ˇ ´ ´0 2 2
e assim f 0 .´0 / D g.´0 /:
com k 2 N.
C1
X nŠ
f .k/ .´/ D an .´ ´ 0 /n k
; k 2 N0 ;
.n k/Š
nDk
f .k/.´0 / D kŠ ak ; k 2 N0 ;
o que equivale a
f .k/.´0 /
ak D ; k 2 N0 : (8.4)
kŠ
Podemos, assim, expressar f em série de Taylor
C1
X f .n/ .´0 /
f .´/ D .´ ´ 0 /n :
nŠ
nD0
e a série geométrica
C1
X
1 .´ ´0 /n
D
´ . ´0 /nC1
nD0
C1
X Z
1 f ./
D d .´ ´ 0 /n ;
2 i j ´0 jD2 . ´0 /nC1
nD0
com Z
1 f ./
an D d :
2 i j ´0 jD2 . ´0 /nC1
O Teorema fica, pois, demonstrado.
8.2 Teorema de Taylor 295
Exemplos 8.1
ˇ Z Z ˇ
ˇ 1 f ./ 1 f ./ ˇ
D ˇˇ d 2
d ˇˇ
2 i
. ´/. w/ 2 i
. ´/
ˇZ ˇ
1 ˇˇ f ./.w ´/ ˇ
ˇ
D d
2
. ´/2 . w/ ˇ
ˇ
4
max jf ./j L
jw ´j ;
ı 3 2tr.
/
representando L
o comprimento do caminho
. Tomando o limite quando w tende
para ´, concluı́mos que o segundo membro da desigualdade tende para 0, pelo que
Z
0 f .w/ f .´/ 1 f ./
f .´/ D lim D d :
w!´ w ´ 2 i
. ´/2
8.3 Fórmula Integral de Cauchy para derivadas 297
M
;
rn
8.4 Teorema de Liouville 299
conforme pretendido.
para cada ´ 2 C. Ora, jf .´/j Ar ˛ , desde que j´j D r. Tendo em conta (8.6)
segue-se que
Ar ˛
jan j n :
r
Se n Œ˛ C 1, então o lado direito da desigualdade acima tende para 0 quando
r ! C1, pelo que an D 0.
p.´/ D a0 C a1 ´ C C an ´n ; ´ 2 C;
1
f .´/ D
p.´/
an ´n D p.´/ a0 a1 ´ an 1´
n 1
1 1
:
jp.´/j M
Para ´ tal que j´j K;
1
p.´/
é uma função limitada em valor absoluto por um número positivo L, porque é
contı́nua e f´ 2 C W j´j Kg é compacto. Então, em C, temos
1 1
max ;L ;
jp.´/j M
pelo que f é limitada em C. Como observámos no começo da demonstração, este
facto conduz a uma contradição.
f .´/ D .´ ´0 /mg.´/ ;
302 CAPÍTULO 8: Séries de Taylor
com
C1
X
g.´/ D akCm .´ ´ 0 /k :
kD0
A série que define g tem raio de convergência superior ou igual a r. Pelos Teore-
mas 8.4 e 3.4, a função g é contı́nua no disco D.´0 ; r/. Como g.´0 / D am 6D 0 e
g é contı́nua em ´0 , existe " > 0 tal que g.´/ 6D 0 em D.´0 ; "/ (vide exercı́cio 2.6).
Consequentemente, f .´/ 6D 0 em D.´0 ; "/nf´0 g.
Zf D f´ 2 D W f .´/ D 0g ;
f´ 2 D W f .´/ D g.´/g ;
D EMONSTRAÇ ÃO : Basta notar que f´ 2 C W f .´/ D g.´/g é o conjunto dos zeros
de f g.
Como consequência deste Corolário, podemos afirmar que uma função analı́-
tica fica completamente caracterizada pelos seus valores em qualquer conjunto com
um ponto de acumulação na região de analiticidade.
Exemplo 8.4 Consideremos uma função f , analı́tica no plano complexo, tal que
p.´/ D a0 C a1 ´ C C an ´n ; ´ 2 C;
p.´/ D a0 ; ´ 2 C;
p.´/ D an .´ ´1 /n1 .´ ´ r /n r :
n1 C C nr D n;
Se, para todo o n 2 N, f .n/ .´0 / D 0; diz-se que ´0 é um zero de ordem infinita.
Teorema 8.18 (Os zeros da função nula) Sendo f analı́tica num domı́nio D; são
equivalentes:
Teorema 8.19 (Os zeros de uma função analı́tica não nula) Se f é analı́tica
num domı́nio D e não é identicamente nula, então o conjunto dos seus zeros, Zf ,
é vazio ou finito ou infinito numerável.
C1
[
Zf D .Zf \ Kn / ;
nD1
C1
X
f .´/ D an .´ ´ 0 /n :
nD0
Então,
Z 2 C1
X
jf .´0 C re i /j2 d D 2 jan j2 r 2n :
0 nD0
Z 2 Z 2 C1
X C1
X
i 2
jf .´0 C re /j d D an r n e i n an r n e i n d
0 0 nD0 nD0
Z 2 C1
X
D a m an r mCn e i.n m/
d
0 m;nD0
C1
X Z 2
mCn
D a m an r e i.n m/
d
m;nD0 0
C1
X
D 2 jan j2 r 2n ;
nD0
conforme pretendido.
Teorema 8.21 (Princı́pio do Módulo Máximo) Seja f uma função analı́tica num
domı́nio D tal que D.´0 ; r/ D: Então, para cada ´ 2 D.´0 ; r/,
Escolhamos s > 0 tal que D.´1 ; s/ D.´0 ; r/. Pela Identidade de Parseval (Teo-
rema 8.20),
Z 2 C1
X
jf .´1 C se i /j2 d D 2 jan j2 s 2n ;
0 nD0
P
onde f .w/ D an .w ´1 /n em D.´1 ; s/. Como
vem
Z 2
2 1
jf .´1 /j D jf .´1 /j2 d
2 0
Z 2
1
jf .´1 C se i /j2 d
2 0
C1
X
D jan j2 s 2n
nD0
D jf .´1 /j2 C ja1 j2 s 2 C ja2 j2 s 4 C
f .w/ D f .´1 / ; w 2 D;
ou seja,
jf .´/j max jf .´/j ;
´2@D
Exemplo 8.5 Determinemos o máximo de j sin ´j no quadrado Œ0; 2 Œ0; 2.
A função sin ´ é inteira e, pelo Corolário 8.22, o máximo do seu módulo ocorre na
fronteira do quadrado. Cálculos rotineiros mostram que
C1
X
1
(b) D . 1/n ´n ; j´j < 1 ;
1C´
nD0
8.8 Exercı́cios propostos (8.1–8.11) 309
C1
X
1
(c) D ´n ; j´j < 1 ;
1 ´
nD0
C1
X . 1/n´2nC1
(d) arc tg ´ D ; j´j < 1 ;
2n C 1
nD0
C1
X . 1/n 1 ´n
(e) Log.1 C ´/ D ; j´j < 1 ;
n
nD1
C1
X ´n
(f) Log.1 ´/ D ; j´j < 1 .
n
nD1
´6
(a) f .´/ D e ´0 D 0;
´ 3i
(b) f .´/ D e1=´ e ´0 D 1;
f .1=n/ D 0 ; n 2 N:
Exercı́cio 8.5
21 O Pequeno Teorema de Picard estabelece que o contradomı́nio de uma função inteira não-cons-
Exercı́cio 8.6
lim p.´/ D C1 :
´!C1
lim f .´/
´!C1
(b) Suponha que o máximo é atingido num ponto interior ´0 , ou seja, que
existe um disco D.´0 ; R/ D tal que jf .´/j jf .´0 /j; para todo o
´ 2 D.´0 ; R/: Tomando uma circunferência de equação
´ D ´0 C re i ; 0 2 (r < R), mostre que
Z 2
1
f .´0 / D f .´0 C re i / d
2 0
e assim Z 2
1
jf .´0 /j jf .´0 C re i /j d :
2 0
(c) Justifique que, como jf .´/j jf .´0 /j; para todo o ´ 2 D.´0 ; R/; se
tem Z 2
1
jf .´0 C re i /j d jf .´0 /j:
2 0
e assim
(e) Justifique que a conclusão anterior implica que f .´/ D f .´0 /, não só
em D.´0 ; R/, mas em todo o conjunto D, contrariamente à hipótese.
Exercı́cio 8.8 Seja f uma função contı́nua num compacto R. Suponhamos que
f é holomorfa, não-constante e que nunca se anula no interior de R. Considere
a função 1=f para provar que jf .´/j tem o valor mı́nimo N algures em @R e que
jf .´/j > N , para cada ponto no interior de R:
Exercı́cio 8.11 Seja f .´/ D u.x; y/ C iv.x; y/ uma função contı́nua num com-
pacto R e holomorfa, mas não-constante, no interior de R.
(a) Mostre que a função u.x; y/ atinge o seu valor máximo na fronteira
de R e nunca no interior, onde é harmónica.
Sugestão: Aplique o Corolário 8.22 à função ef .´/ .
4
3
2 1
1 0.5
0
-1 0
-0.5
-0.5
0
0.5
-1
1
Out[3]=
SurfaceGraphics
8.9 Laboratório 8 313
0.5
-0.5
-1
-1 -0.5 0 0.5 1
Out[4]= ContourGraphics
In[8]:= ? Series
-
-
-
+ O@z - 2D7
122880 294912
8.9 Laboratório 8 315
Se o leitor pretender valores numéricos para os termos, deve utilizar, como habi-
tualmente, a função N[]. Determinemos, agora, o raio de convergência da série de
Taylor utilizando a função TaylorRatioTest[] que passamos a definir.
lt = lastterm ;
g@0D = func@zD;
g@n_D := g@nD = D@g@n - 1D, zD;
k = 0;
h@n_D := h@nD = Module @ 8a<,
For@k ++; a = Hg@kD k !L . z ® z0,
a 0,
k = k + 1,
a = Hg@kD k !L . z ® z0D;
Return @aD;
D;
Table@Abs@N@h@iD h@i + 1DDD, 8i, 1, lt<D
D;
sinh.´/
f .´/ D
´2 4i
em torno da origem, bem como a determinação do respectivo raio de convergência.
De que irei ocupar-me no céu, durante toda a eternidade, se
não me derem uma infinidade de problemas de Matemática para
resolver?
Augustin-Louis Cauchy
lim .´ ´0 /f .´/ D 0 :
´!´0
317
318 CAPÍTULO 9: Teorema de Cauchy: Versão Homológica
D 1 C C n ;
Tomando
4
k D max jf ./j L
;
ı 2 2tr.
/
para cada " > 0, vem
"
j´ ´0 j < ) jF .´/ F .´0/j < " ;
k
o que mostra que F é contı́nua em ´0 .
(b) Provemos, agora, que F é derivável em ´0 . Considere-se
F .´/ F .´0 /
g.´/ D :
´ ´0
Tem-se
Z Z f ./
f ./ ´0
g.´/ D d D d :
. ´/. ´0 /
´
Mas, a função
f ./
´0
é contı́nua em tr.
/. Logo, de acordo com a alı́nea (a), g é contı́nua.
Sendo assim, existe o limite
é analı́tica em D.
f .´/ f .´0 /
F .´/ D :
´ ´0
f .´/ f .´0 /
G.´0/ D lim G.´/ D lim D f 0 .´0 / D F .´0/ :
´!´0 ´!´0 ´ ´0
R
(a)
f .´/ d´ D 0I
Z
1 f ./
(b) n.
; ´/f .´/ D d , para todo o ´ em D tal que
2 i
´
´ 62 tr.
/.
8
< f ./ f .´/ ; se 6D ´
g.; ´/ D ´ :
:
f 0 .´/ ; se D ´
f .´1 / f .´2 /
lim g.´1 ; ´2 / D lim D f 0 .´/ D g.´; ´/ :
.´1 ;´2 /!.´;´/ .´1 ;´2 /!.´;´/ ´1 ´2
Por outro lado, pelo Lema 9.4, tem-se que g .´/ D g.; ´/ é analı́tica em D, para
cada fixo. Adoptemos, em seguida, a notação
E D f´ 2 C W n. ; ´/ D 0g
e definamos h W C ! C por
8 R
<
g.; ´/ d ; se ´ 2 D
ˆ
h.´/ D Z :
f ./
:̂ d ; se ´ 2 E
´
lim h.´/ D 0 ;
j´j!C1
Logo, Z Z
f .´/ d´ D f .´/ d´ ;
1
2
conforme pretendido.
n. ; ´/ D 0
D EMONSTRAÇ ÃO : Sabemos que uma antiderivada, caso exista, é única a menos
da adição de uma constante. Para provarmos a existência, basta ter em conta o
Teorema anterior e o Teorema da independência do caminho de integração (Teo-
rema 7.4).
f 0 D ux C ivx D ux i uy :
.u Re F /x D .u Re F /y D 0
Consideremos o plano complexo, com a origem retirada, como uma fina fo-
lha de papel, com um corte ao longo do semi-eixo real negativo. Designemos por
328 CAPÍTULO 9: Teorema de Cauchy: Versão Homológica
Seja R 1 uma folha em tudo semelhante às precedentes, mas onde varia de
a 3. Coloquemo-la paralelamente, mas abaixo de R0 , sendo o corte desta
colado ao corte de R 1 . As folhas R 2 , R 3 , ... são construı́das de igual modo.
X
C1
1
´
.´/ D ;
n
nD1
para Re ´ > 1. Pode mostrar-se com relativa facilidade que a série é absolutamente
convergente no semi-plano Re ´ > 1 e uniformemente convergente em qualquer
semi-plano da forma Re ´ 1 C ı, com ı > 0.
Podemos gerar vários esboços geométricos para ilustrar a função zeta. Para
valores reais de ´, .´/ é real e podemos usar simplesmente o comando Plot[].
Clear@"Global` *"D;
Show@Block@8$DisplayFunction = Identity <,
In[1]:=
-1
-10 -5 0 5 10
Out[2]=
Graphics
0.04
0.02
0
-0.02
-0.04
-0.06
-0.08
-10 -8 -6 -4 -2 0
Out[3]= Graphics
4 -4
3 -2
2
1 0 x
0 2
0 10 20 30 4
y
Out[4]=
SurfaceGraphics
Plot3D A
, 8x, -4, 4<,
1
In[5]:=
Abs@Zeta@x + I yDD
8y, -10, 40<, PlotPoints ® 870, 110<,
ViewPoint ® 87, 2, 3<, Boxed ® False, Shading ® False,
BoxRatios ® 85, 10, 2<, AxesLabel ® 8"x", "y", None<,
AxesEdge ® 881, -1<, Automatic , Automatic <,
Ticks ® 8Automatic , Range@0, 30, 10D, Range@0, 4D<,
PlotRange ® 80, 5<E
4
3
2 -4
1 -2
0 0 x
0 10 2
20 30 4
y
Out[5]=
SurfaceGraphics
332 CAPÍTULO 9: Teorema de Cauchy: Versão Homológica
Capítulo
Séries de Laurent
10
10.1 Singularidades isoladas: definição e exemplos
Neste capı́tulo, lidamos com funções analı́ticas numa vizinhança omissa de
um ponto ´0 . Em particular, consideraremos discos abertos, privados do seu centro,
da forma
Diz-se que uma função f tem uma singularidade num ponto ´0 , quando f
não é analı́tica nesse ponto. Caso f seja analı́tica numa vizinhança omissa de ´0
ou, de forma equivalente, se f for analı́tica numa região D .´0 ; r/, para algum
r > 0, dizemos que o ponto ´0 é uma singularidade isolada de f . As singulari-
dades isoladas revestem-se de particular interesse, como veremos, por exemplo, no
Teorema dos Resı́duos (Teorema 11.1).
Exemplo 10.1 Uma transformação de Möbius,
a´ C b
´ 7! ;
c´ C d
d
tem uma singularidade isolada no ponto c
. Em particular, a inversão complexa,
1
´ 7! ;
´
tem uma singularidade isolada em ´ D 0.
333
334 CAPÍTULO 10: Séries de Laurent
lim .´ ´0 /f .´/ D 0 :
´!´0
´ 2 ´4 ´6
f .´/ D g.´/ D 1 C C ;
3Š 5Š 7Š
em j´j > 0; sendo g analı́tica na origem.
h.´/ h.´0 /
´ ´0
tende para 0 quando ´ ! ´0 . Visto que h é analı́tica em D.´0 ; r/, tem-se, nesta
vizinhança,
h.´/ D a0 C a1 .´ ´0 / C a2 .´ ´0 /2 C :
Claro que a0 D a1 D 0, pelo que
h.´/ D .´ ´0 /2 Œa2 C a3 .´ ´0 / C :
10.2 Teorema de Laurent 335
f .´/ D a2 C a3 .´ ´0 / C :
g.´/ D a2 C a3 .´ ´0 / C :
Diz-se que esta série é convergente se as partes consistindo nas potências negativas
de ´ ´0 e nas potências não-negativas de ´ ´0 convergirem.
A D f´ 2 C W r1 < j´ ´ 0 j < r2 g :
A série
C1
X
n
a n .´ ´0 /
nD1
A D f´ 2 C W r1 < j´ ´ 0 j < r2 g ;
n. s1 ; ´/ D n. s2 ; ´/ D 0 ;
0 < j´ ´0 j < r :
A D f´ 2 C W r1 < j´ ´ 0 j < r2 g ;
f´ 2 C W s1 < j´ ´ 0 j < s2 g ;
10.2 Teorema de Laurent 337
D EMONSTRAÇ ÃO : Sejam r1 < s1 < s2 < r2 e ´ 2 A: De acordo com (10.1), vem
Z Z
1 f ./ 1 f ./
f .´/ D d d :
2 i j ´0 jDs2 ´ 2 i j ´0 jDs1 ´
1 1 1
D D :
´ . ´0 / .´ ´0 / . ´0 /.1 .´ ´0 /=. ´0 //
e a série geométrica
C1
X
1 .´ ´0 /n
D
´ . ´0 /nC1
nD0
1 1 1
D D :
´ . ´0 / .´ ´0 / .´ ´0 /.1 . ´0 /=.´ ´0 //
e a série geométrica
C1
X
1 . ´0 /n
D
´ .´ ´0 /nC1
nD0
Z C1
X
1 .´ ´0 /n
f .´/ D f ./ d
2 i j ´0 jDs2 . ´0 /nC1
nD0
Z C1
!
1 X . ´0 /n
f ./ d
2 i j ´0 jDs1 .´ ´0 /nC1
nD0
C1
X Z
1 f ./
D nC1
d .´ ´0 /n C
2 i j ´0 jDs2 . ´ 0 /
nD0
X 1 Z
C1
f ./
.nC1/
C d .´ ´0 / :
2 i j ´0 jDs1 . ´0 / n
nD0
f .n/ .´0 /
an D ; n 2 N0 ;
nŠ
uma vez que f pode não ser diferenciável em ´0 . Por outro lado, calcular os coefi-
cientes an , com n < 0, do desenvolvimento em série de Laurent directamente pela
fórmula apresentada no enunciado do Teorema de Laurent pode revelar-se uma ta-
refa árdua, havendo que ultrapassar estas dificuldades recorrendo a procedimentos
alternativos e tirando partido da unicidade do desenvolvimento em série de Laurent.
Nos exemplos apresentam-se algumas técnicas frequentemente exploradas.
Exemplos 10.3
C1
X ´k 1
e´ 1 ´
D D C 1 C C ;
´ kŠ ´ 2
kD0
D2 D f´ 2 C W j´ 1j < 1g ;
a função
C1
X
g2 .´/ D .´ 1/k
kD0
é analı́tica e ali coincide com as anteriores. Por fim, no disco
p
D3 D f´ 2 C W j´ i j < j2 i j D 5g ;
340 CAPÍTULO 10: Séries de Laurent
x
0 1 2
a função
1 X
C1
´ i
k
g3 .´/ D
2 i 2 i
kD0
(ii) existe um inteiro positivo m tal que .´ ´0 /m f .´/ tem uma singula-
ridade removı́vel em ´0 ; isto é, podemos escrever f na forma
g.´/
f .´/ D ;
.´ ´0 /m
10.3 Caracterização das singularidades isoladas 341
D EMONSTRAÇ ÃO : Suponhamos que não se verifica (iii). Então, existe uma vizi-
nhança D .´0 ; r/ e um w 2 C tal que w … f .D .´0 ; r//: Logo, para algum ı
positivo e ´ qualquer em D .´0 ; r/, tem-se
jf .´/ wj ı :
Portanto, 1=.f .´/ w/ é analı́tica em D .´0 ; r/, pelo que tem uma singularidade
isolada em ´0 : Como
1 1
;
jf .´/ wj ı
1=.f .´/ w/ tem uma singularidade removı́vel em ´0 : Logo, para ´ 2 D .´0 ; r/,
podemos considerar
1
g.´/ D ;
f .´/ w
sendo g analı́tica em D.´0 ; r/.
Suponhamos que g.´0 / ¤ 0: Então 1=g.´/ é analı́tica em ´0 e
1
f .´/ w D ;
g.´/
pelo que
1
f .´/ D w C
g.´/
tem uma singularidade removı́vel em ´0 ; ou seja, ocorre (i).
Suponhamos, agora, que g.´0 / D 0: Como g não é identicamente nula, tem-
-se
g.´/ D .´ ´0 /m h.´/ ;
sendo h analı́tica e não nula em ´0 : Portanto,
1
D .´ ´0 /m h.´/ ;
f .´/ w
e ainda
1 1
f .´/ w D m
;
.´ ´0 / h.´/
342 CAPÍTULO 10: Séries de Laurent
1
g1 .´/ D w.´ ´ 0 /m C :
h.´/
Tem-se que g1 .´0 / D 1= h.´0 / ¤ 0 e g1 é analı́tica em ´0 . Logo, ocorre (ii). O
Teorema fica, assim, demonstrado.
Então, f tem:
(a) uma singularidade removı́vel em ´0 , se an D 0 para todo o n < 0I
(b) um pólo de ordem m em ´0 , se an D 0 para n < m e a m ¤ 0I
(c) uma singularidade essencial em ´0 , se an ¤ 0 para infinitos valores
negativos de n.
D EMONSTRAÇ ÃO :
(a) Imediata.
(b) Mostremos que .´ ´0/mf .´/ tem uma singularidade removı́vel em
´0 . A conclusão é imediata se observarmos o seguinte:
a m a mC1
.´ ´0 /mf .´/ D .´ ´0 /m C C
.´ ´0 /m .´ ´0 / mC1
D a m Ca mC1 .´ ´0 / :
10.3 Caracterização das singularidades isoladas 343
.´ ´0 /m f .´/
(c) Se nem (a) nem (b) ocorrem, então f tem uma singularidade essen-
cial.
Então
.´ ´0 /f .´/ D a 1 C .´ ´0 /a0 C
e
a 1 D lim .´ ´0 /f .´/ :
´!´0
344 CAPÍTULO 10: Séries de Laurent
f .´/.´ ´ 0 /m D a m C C a 1 .´ ´ 0 /m 1
C
ea 1 é o valor da derivada
1 dm 1
f .´/.´ ´ 0 /m ;
.m 1/Š d´m 1
no ponto ´ D ´0 :
lim f .´/ D A 6D 1 I
´!´0
lim f .´/ D 1 I
´!´0
lim .´ ´0 /m f .´/ D A 6D 1 I
´!´0
não é satisfeita no disco D .´0 ; r/; com r suficientemente pequeno para que f
seja analı́tica em D .´0 ; r/ (recorde que se trata de uma singularidade isolada).
10.4 Exercı́cios propostos (10.1–10.7) 345
1
Out[3]= - - 1 - z - z2 - z3 - z4 - z5 + O@zD6
z
3 Hz - 2L
+ Hz - 2L2 - Hz - 2L3 +
1 7 15
Out[4]= -
w2
g.w/ D ;
1 w
relativamente à qual se pode aplicar o desenvolvimento da série geométrica em
torno da origem, válido para jwj < 1.
In[7]:= s2 = w2 * s1
Out[7]= w2 + w3 + w4 + w5 + O@wD6
s2 . w ®
1
In[8]:=
z
Singularidades isoladas
O Mathematica permite compreender melhor o comportamento de uma fun-
ção na vizinhança das suas singularidades isoladas, através da visualização do
gráfico do módulo da função. Ilustremos as potencialidades do programa para o
caso de pólos e singularidades essenciais, sendo obviamente desnecessário tratar as
singularidades removı́veis.
348 CAPÍTULO 10: Séries de Laurent
viewAbsSurface @func_ ,
xrange_ , yrange_ , options___ D := Plot3D @
In[9]:=
Existe uma outra forma de definir funções no Mathematica por abstracção funcio-
nal, em que se recorre a uma notação sufixa, em vez da habitual notação prefixa.
Nos próximos exemplos utilizaremos a notação sufixa. A expressão que define a
função é colocada entre parênteses curvos e é seguida pelo sı́mbolo identificador
de função &. O parâmetro da função é referido recorrendo ao sı́mbolo #. No caso
de existir mais de um parâmetro, estes são representados por #1, #2, ...
30
20
-1
10
0
2 -0.5
1 0
0 0.5
-1 1
Out[10]=
SurfaceGraphics
Por outro lado, as funções h1 .´/ D f .´/=´ e h2 .´/ D f .´/=´2 têm agora na ori-
gem um pólo, respectivamente, duplo e triplo, explodindo mais acentuadamente
nessa singularidade. Existe uma variação de fase de, respectivamente, 4 e 6 à
medida que a contornamos.
10.5 Laboratório 10 349
30
20
-1
10
0
2 -0.5
1 0
0 0.5
-1 1
Out[11]=
SurfaceGraphics
30
20
-1
10
0
2 -0.5
1 0
0 0.5
-1 1
Out[12]=
SurfaceGraphics
350 CAPÍTULO 10: Séries de Laurent
2
A função e 1=´ apresenta variações de fase bruscas em torno da singularidade
essencial ´ D 0.
viewAbsSurface @HExp@-1 # ^ 2DL &, 8x, -1, 1<,
8y, -1, 1<, PlotRange -> 80, 50<, PlotPoints ® 50,
In[13]:=
-1
-0.5
0.5
50
1
40
30
20
10
0
-1 -0.5 0 0.5 1
Out[13]=
SurfaceGraphics
Não é paradoxo dizer que nos nossos momentos mais teóricos
podemos estar mais próximos das nossas aplicações mais
práticas.
Alfred Whitehead
Capítulo 11
Resı́duos
´1 ; ´2 ; : : : ;
351
352 CAPÍTULO 11: Resı́duos
Mas,
b k nk bk 1
Qk .´/ D C C :
.´ ´ k /n k ´ ´k
Portanto,
p Z p n Z
1 X 1 X Xk k 1
Qk .´/ d´ D b j d´
2 i
2 i
.´ ´ k /j
kD1 kD1 j D1
p
X
D b k 1 n.
; ´k /
kD1
Xp
D Res.f; ´k / n.
; ´k / :
kD1
desde que o limite em causa exista. É óbvio que se existe o integral impróprio da
função f em R, também existe o valor principal do integral dessa função em R e
têm o mesmo valor, uma vez que
Z r Z 0 Z r
f .x/ dx D f .x/ dx C f .x/ dx :
r r 0
Contudo, o recı́proco é, em geral, falso. Por exemplo, não existe o integral impró-
prio da função identidade em R, pois
Z 0 Z r2
.r2 /2 .r1 /2
x dx C x dx D
r1 0 2
f . x/ D f .x/ ; x 2 R:
pelo que o integral (11.1) converge para metade do seu valor principal (11.3),
quando esse valor existe. Além disso, como o integral (11.1) converge, e uma
vez que
Z 0 Z r1
f .x/ dx D f .x/ dx ;
r1 0
1 i=4 1 3i=4
e e e :
4 4
Seja r > 1. Consideremos o caminho fechado
r que gera a curva ilustrada na
figura 56. Pelo Teorema dos Resı́duos (Teorema 11.1),
11.2 Aplicações ao cálculo do integral real 355
Γr
z2 z1
x
-r -1 0 1 r
Z p
´2 1 i=4 1 3i=4 2
d´ D 2 i e C e D :
r 1 C ´4 4 4 2
Z Z Cr Z
´2 x2 ´2
d´ D dx C d´ ; (11.4)
r 1 C ´4 r 1 C x4 'r 1 C ´4
ˇZ ˇ
ˇ ´2 ˇ 2
ˇ d´ ˇ r r ; (11.5)
ˇ 1 C ´4 ˇ r4 1
'r
Z C1 Z Cr
p
x2 x2 2
dx D lim dx D :
1 1 C x4 r!C1 r 1Cx 4 2
O procedimento ilustrado neste exemplo pode ser usado num contexto mais geral,
como o próximo Teorema mostra.
356 CAPÍTULO 11: Resı́duos
denota a soma
Res.f; w1 / C C Res.f; wp / :
D EMONSTRAÇ ÃO : Escolhamos r > 0 de tal modo que o polinómio q tenha to-
dos os seus zeros do semi-plano superior SPS contidos no semi-disco de equação
j´j < r desse semi-plano. Seja 'r o caminho que gera, no sentido positivo, a fron-
teira desse semi-disco e
r o caminho que descreve a curva constituı́da pelo arco
de circunferência mencionado e pelo segmento de recta de r a r. Pelo Teorema
dos Resı́duos (Teorema 11.1), vem
Z X
1 p.´/
d´ D n.
r ; ´i / Res.p=q; ´i / ;
2 i
r q.´/
i
Observe-se que Z
p.´/
d´
'r q.´/
11.2 Aplicações ao cálculo do integral real 357
tende para zero, quando r tende para infinito. Com efeito, tendo em conta que
ˇ ˇ
ˇ p.´/ ˇ A
ˇ ˇ
ˇ q.´/ ˇ r 2 ;
Em primeiro lugar, escolhamos r > 0 de tal modo que q tenha todos os seus
zeros do semi-plano superior no semi-cı́rculo de equação j´j < r em SPS . Pelo
Teorema dos Resı́duos (Teorema 11.1), vem
Z Cr ix Z X
1 e p.x/ 1 ei´ p.´/ ei´ p.´/
dx C d´ D Res ;
2 i r q.x/ 2 i 'r q.´/ q.´/
´2SPS
tende para zero, quando r tende para infinito, uma vez que no semi-plano superior
jei´ j D e y é limitada e
ˇ ˇ
ˇ p.´/ ˇ A
ˇ ˇ
ˇ q.´/ ˇ r 2 ;
A função
ei´
1 C ´2
tem pólos simples em i e i . Contudo, só o primeiro destes se encontra em SPS .
O resı́duo da função no ponto i é dado por
.´ i / ei´ 1
lim D :
´!i .´ i /.´ C i / 2i e
Como a função
cos x
1 C x2
é par, vem
Z C1 Z C1
cos x cos x
dx D V:P: dx D :
1 1 C x2 1 1Cx 2 e
11.2 Aplicações ao cálculo do integral real 359
Os integrais da forma
Z 2
R.cos ; sin / d ; (11.7)
0
em que R.cos ; sin / representa uma função racional em cos e sin , podem ser
facilmente calculados por meio dos resı́duos. Efectuando a substituição ´ D ei ,
vem Z
1 1 1 1 1
R ´C ; ´ d´ ;
j´jD1 2 ´ 2i ´ i´
cuja determinação apenas requer o cálculo dos resı́duos correspondentes aos pólos
do integrando interiores ao cı́rculo unitário.
Consideremos
Z Z
1 1 2´ 1
d´ D d´
j´jD1 1 C a2 ´ C ´1 i´ j´jD1 a´2 C 2´ C a i´
X 2
D 2 Res :
a´2 C 2´ C a
j´j<1
cujo produto vale 1. Uma das raı́zes, ˛, está no interior do disco unitário e a outra,
ˇ, no exterior. O resı́duo de ˛ é
1
:
a.˛ ˇ/
q
, p
Y Y
g.´/ D f .´/ .´ bj / .´ ak / :
j D1 kD1
Daqui vem
Z X X
1 f 0 .´/
d´ D n.
; ak / n.
; bj / ;
2 i
f .´/
k j
conforme pretendido.
D.´0 ; r/ D
e 8
ˆ
< f .´/ 6D w0 D f .´0 /; se 0 < j´ ´0 j < r
:̂ f 0 .´/ 6D 0; se 0 < j´ ´0 j r
D.w0 ; ı/ \ tr.'/ D ; :
e f .D/ é aberto.
O Teorema anterior não afirma apenas que f é uma função aberta. Mostra
que se f assumir em ´0 o valor w0 com multiplicidade p, existe uma vizinhança
de w0 tal que todo o w1 nesta vizinhança é assumido em p pontos distintos numa
vizinhança de ´0 .
362 CAPÍTULO 11: Resı́duos
D EMONSTRAÇ ÃO : Seja ´0 2 D. Como a função cobre por completo uma vizi-
nhança de f .´0 /, uma vez que f .D/ é aberto, existe um ponto nesta vizinhança
com módulo superior a f .´0 /.
n. ; ak / D n. ; bj / D 0 ;
excepto para um número finito de k’s e j ’s. Observe-se também que g e f Cg não
têm zeros em tr.
/, uma vez que
f .´/
F .´/ D 1 C
g.´/
11.4 Teorema de Rouché 363
Pelo Princı́pio do Argumento (Teorema 11.3) e uma vez que f Cg e g não têm
pólos em D, X X
n.
; ak / D n.
; bj / ;
k j
conforme pretendido.
h.´/ D 2 C ´2 ei´
Exercı́cio 11.2
3´3 C 2
g.´/ D :
´3 ´2 C 9´ 9
Exercı́cio 11.3 Seja f uma função analı́tica num ponto ´0 . Mostre que:
f .´/
g.´/ D I
´ ´0
´2
(a) f .´/ D ;
1 ´
1
(b) f .´/ D ; com ´0 2 Cnf0g .
´.´0 ´2 /
´3
(a) f .´/ D ;
.´ C 1/
1
(b) f .´/ D .
´.´ C 1/3
Exercı́cio 11.7 Calcule os resı́duos das funções nos seus pontos singulares:
e´
(a) f .´/ D ;
´3
1
(b) f .´/ D ;
.´2 C 1/3
1
(c) f .´/ D ´ cos ;
´
2
(d) f .´/ D ´5 e1=´ .
366 CAPÍTULO 11: Resı́duos
Exercı́cio 11.12 Calcule os seguintes integrais reais pelo método dos resı́duos:
Z C1
1
(a) dx ;
0 .x C 1/2
2
Z C1
x2
(b) dx ;
0 .x 2 C 1/.x 2 C 4/
Z C1 4
x C1
(c) 6
dx ;
1 x C1
Z C1
x2
(d) 4 2
dx .
1 x C 6x C 25
Sugestão: Note que se pode considerar an D 1. Mostre que jf .´/j < jg.´/j sobre
a circunferência j´j D r, para um valor de r suficientemente grande, em particular,
superior a
1 C ja0 j C ja1 j C C jan 1 j :
Exercı́cio 11.17 (Teorema do Ponto Fixo de Brouwer) Seja f uma função ana-
lı́tica num domı́nio D que contém o disco unitário fechado D.0; 1/. Suponha que
f transforma o disco em si mesmo. Prove que f tem pelo menos um ponto fixo
naquele disco, ou seja, que existe ´ 2 D.0; 1/ tal que f .´/ D ´.
Sugestão:
(a) Considere as funções
1
fn .´/ D 1 f .´/ ; n 2 N: (11.8)
n
Usando o Teorema de Rouché, conclua que existe um e um só
´n 2 D.0; 1/ tal que fn .´n/ D ´n .
(b) Utilize o Teorema de Bolzano-Weierstrass para garantir a existência
de uma subsucessão .´nk / de .´n / que convirja para um ponto
´0 2 D.0; 1/.
(c) Considere em (11.8) esta subsucessão e tome limites.
Cálculo de resı́duos
O cálculo manual de resı́duos pode, por vezes, ser um processo muito labo-
rioso. O Mathematica possui a função Residue[] que simplifica grandemente esta
tarefa. Por exemplo, seja:
Out[3]= 1
Out[4]= -8
2+z
In[5]:= g@z_D :=
;
1 - Sin@zD
Residue @g@zD, 8z, Π 2<D
Out[6]= 2
Out[8]= 0
cosof@z_D := Hz + 1 zL 2;
integrand = Simplify @-I Hz * H8 * Hcosof@zDL2 + 1LLD
In[11]:=
äz
Out[12]= -
2 + 5 z2 + 2 z4
!!!! !!!!
9- !!!! , -ä 2 , ä 2 =
!!!! ,
ä ä
Out[14]=
2 2
In[15]:= res1 =
i
j I y z
Simplify ALimitAj
j z EE
!!!! z
jz + z integrand , z ® -
!!!!
I
k 2 { 2
ä
Out[15]= -
6
ä
Out[16]= -
6
11.6 Laboratório 11 371
2Π
Out[17]=
3
2Π
Out[18]=
3
Contornos de Mousehole
Calculemos o seguinte integral pelo método dos resı́duos:
Então, Z
lim f .´/ d´ D .ˇ ˛/i :
r!0 'r
372 CAPÍTULO 11: Resı́duos
Series A
, 8z, 0, 6<E
I z - ãI z
In[21]:=
z3
1 1 ä z ä z2
Out[21]= -
3
+ + - - +
z 2z 6 24 120
z3 ä z4 z5 ä z6
+ - - + O@zD7
720 5040 40320 362880
Series A
, 8z, 0, 3<E
I z - ãI z + 1
In[22]:=
z3
1 ä z ä z2 z3
Out[22]= + - - + + O@zD4
2z 6 24 120 720
11.6 Laboratório 11 373
A função f tem uma única singularidade, um pólo na origem com o resı́duo 1=2.
Usemos o caminho que descreve, no sentido directo, a curva a seguir representada
para calcular o integral.
C4
C2
C1 C3
Out[24]=
Graphics
374 CAPÍTULO 11: Resı́duos
Capítulo 12
Aplicações
12.1 A transformada-´
A transformada-´ é utilizada em áreas da Matemática Aplicada tais como o
processamento de sinal digital, a teoria do controlo, as ciências da população e a
economia. Aqui, os modelos discretos são analisados com equações às diferenças,
enquanto que nos modelos contı́nuos se utilizam equações diferenciais. O papel
desempenhado pela transformada-´ na solução das equações às diferenças é para-
lelo ao desempenhado pelas transformadas de Laplace na resolução de equações
diferenciais ordinárias.
C1
X
n x1 x 2
X.´/ D ZŒ.xn/ D xn ´ D x0 C C 2 C
´ ´
nD0
375
376 CAPÍTULO 12: Aplicações
C1
X
n
X.´/ D xn ´ D 1:
nD0
é
´
X.´/ D :
´ 1
Com efeito, da definição e recordando a expressão da soma da série geométrica,
vem
C1
X C1
X n 1
X.´/ D ´ n D ´ 1 D :
1 ´ 1
nD0 nD0
C1
X X a n
C1
e ´
an n
X.´/ D e ´ D D :
´ ´ ea
nD0 nD0
ou ainda
C1
X
n 1 kCn 1
X.´/´ D xk ´ :
kD0
Portanto,
n
X1 C1
X
n 1 kCn 1 xn kCn 1
X.´/´ D xk ´ C C xk ´ :
´
kD0 kDnC1
é dada por
C1 n
!
X X
n
X.´/Y .´/ D xr yn r ´ ;
nD0 rD0
conforme pretendido.
u.0; y/ D 0 I u.; y/ D 0 I
Como sabemos, a toda a função analı́tica está associado um par de funções harmó-
nicas. Consideremos a função f .´/ D i ei´ que é inteira, sendo as suas compo-
nentes,
u.x; y/ D e y sin x e v.x; y/ D e y cos x ;
Teorema 12.5 (Fórmula Integral de Poisson) Seja u.x; y/ uma função harmó-
nica em R2 . Suponhamos que u.x; y/ D .x; y/, para .x; y/ 2 @D.0; 1/. Então,
Z 2
1 1 r2
u.rei / D .ei / d ;
2 0 1 2r cos. / C r 2
D EMONSTRAÇ ÃO : Seja f uma função analı́tica cuja parte real coincide com a
função u. Pela Fórmula Integral de Cauchy,
Z
1 f ./
f .´/ D d ; ´ 2 D.0; 1/ :
2 i jjD1 ´
Seja f uma função real ou complexa definida no intervalo Œ0; C1Œ. Supo-
nhamos que f é seccionalmente contı́nua. À função complexa
Z C1
L.f /.´/ D f .t / e ´t dt
0
jf .t /j M e˛t ; t 0:
D EMONSTRAÇ ÃO : Sejam ˇ > ˛ e A; B tais que B > A. Então, para todo o ´ tal
que Re ´ ˇ, tem-se
ˇZ ˇ Z
ˇ B ˇ B
ˇ f .t / e ´t ˇ
dt ˇ Me .ˇ ˛/t
dt
ˇ
A A
M
.ˇ ˛/A .ˇ ˛/B
D e e :
ˇ ˛
vem
ˇ Z n ˇ
ˇ Fn .´ C h/ Fn.´/ ˇ
ˇ C f .t / t e ´t
dt ˇˇ
ˇ h 0
ˇZ ! ˇ
ˇ n e ht 1 ˇ
ˇ ˇ
D ˇ f .t / t e ´t C 1 dt ˇ
ˇ 0 ht ˇ
Z n
jf .t / t e ´t j jht j dt
0
Z n
jhj t 2M e .ˇ ˛/t
dt :
0
que converge para 0 quando n ! C1. Pelo Teorema 8.10, L.f /.´/ é analı́tica no
semi-plano Re ´ ˇ.
(a) linearidade de L:
ct
(b) se g.t / D e f .t /, então L.g/.´/ D L.f /.´ C c/I
384 CAPÍTULO 12: Aplicações
Tem-se
L.f g/ D L.f / L.g/ : (12.1)
O Teorema que se segue fornece uma fórmula que permite conhecer uma
função f dada a sua transformada L.f /.
Teorema 12.11 (Inversa da transformada de Laplace) Seja F uma função com
um número finito de singularidades em C, analı́tica no semi-plano Re ´ ˛, para
algum ˛ 2 R, e satisfazendo a condição
M
jF .´/j ;
j´jˇ
com M; ˇ > 0 e j´j suficientemente grande. Seja
X
f .t / D Res.e´t F .´// ; t 0:
´2C
Nestas condições, L.f /.´/ D F .´/, para todos os valores de ´ tais que Re ´ > ˛.
12.3 A transformada de Laplace 385
D.0; / \ f´ 2 C W Re ´ < ˛g
D.0; / \ f´ 2 C W Re ´ > ˛g :
para 2 tr.
1 / e Re ´ > ˛. Além disso, pela Fórmula Integral de Cauchy (Teo-
rema 9.5), tem-se Z
F ./
2 i F .´/ D d ;
2 ´
sempre que ´ está dentro da curva gerada por
2 . Para esses pontos ´, vem
Z N Z
´t t
2 i L.f /.´/ D lim e e F ./ d dt
N !C1 0
1
Z Z N
D lim e. ´/t
F ./ dt d
N !C1
1 0
Z
e. ´/N
1
D lim F ./ d
N !C1
1 ´
Z
F ./
D d
1 ´
Z Z
F ./ F ./
D d C 2 i F .´/ d
1 ´
2 ´
Z
F ./
D 2 i F .´/ d :
jjD ´
386 CAPÍTULO 12: Aplicações
Seja f uma função real ou complexa definida no intervalo Œ0; C1Œ. Supo-
nhamos que f é seccionalmente contı́nua. À função complexa
Z C1
f .t /
S.f /.´/ D dt
0 ´Ct
dá-se o nome de transformada de Stieltjes de f . A função está definida nos pontos
´ para os quais existe o integral impróprio. Tem-se
Z C1 Z C1
L.L.f //.´/ D e ´p e pt f .t / dt dp
0 0
Z C1 Z C1
.´Ct/p
D f .t / e dp dt
0 0
Z C1
f .t /
D dt
0 ´Ct
D S.f /.´/ :
D L.f /.´/ :
pelo que
Z C1 Z sCi1
1 1
f .t / D L.f /.´/ e´t dp D L.f /.´/ e´t d´ : (12.3)
2 1 2 i s i1
388 CAPÍTULO 12: Aplicações
Para maior desenvolvimento desta temática consulte-se, por exemplo, [14] ou [20].
obtemos
.´n C a1 ´n 1
C C an /L.x/.´/ D L.f /.´/
C x.0/.´n 1
C a 1 ´n 2
C C an 1/
C x 0 .0/.´n 2
C a 1 ´n 3
C C an 2/
C
C x .n 1/
.0/ ;
ou
.´/L.x/.´/ D L.f /.´/ C B.´/ ;
eit e it 1 it it
f .t / D D e e
2i 2i
e utilizando a linearidade da transformada de Laplace, vem
1 1 1 1
L.f /.´/ D D :
2i ´ i ´Ci ´2 C1
1
.´4 C 2´2 C 1/L.x/.´/ D :
´2 C1
Logo,
1
L.x/.´/ D :
.´2 C 1/3
Pelo Teorema da inversa da transformada de Laplace, tomando
vem
X e´t
x.t / D Res
.´2 C 1/3
´2C
1 d 2 g1 1 d 2 g2
D . i / C .i /
2Š d´2 2Š d´2
1 3
D .3 t 2 / sin t t cos t :
8 8
390 CAPÍTULO 12: Aplicações
(a) xn D b n ;
(b) xn D n;
(c) xn D n2 ;
(d) xn D nb n ;
(e) xn D sin.an/;
(f) xn D b n sin.an/;
(g) xn D cos.an/;
(h) xn D b n cos.an/.
Exercı́cio 12.3 Use o Teorema 12.4 para provar qua a transformada-´ da sucessão
de termo geral un D n C 1 é
´2
U.´/ D :
.´ 1/2
Exercı́cio 12.4 Seja .xn /n2N0 uma sucessão de números complexos. Utilizando a
notação usual para as transformadas-´, mostre que:
´2
(a) X.´/ D I
´2 4´ C 3
´2
(b) X.´/ D :
´2 4´ C 4
onde D D D.0; 1/ e:
(a) .ei / D c;
f .t / D H.t / t n ;
com n 2 N0 .
f .t / D H.t / t n e ct
;
nŠ
L.f /.´/ D :
.´ C c/nC1
392 CAPÍTULO 12: Aplicações
(c) f .t / D .1 t /e t ;
(d) f .t / D sin 5t ;
(e) f .t / D cos 5t ;
(f) f .t / D sinh 3t ;
(g) f .t / D cosh 3t ;
(h) f .t / D cos t e2t ;
(i) f .t / D .cos t C sin 3t /;
t
(j) f .t / D 5e C 7 sin 3t ;
(k) f .t / D cos2 t .
Clear@"Global` *"D;
ZTransform @b ^ n * Sin@a * nD, n, zD
In[1]:=
ä b H-1 + ã2 ä a L z
2 H-b2 ãä a + b H1 + ã2 ä a L z - ãä a z2 L
Out[2]=
3´
X.´/ D :
3´ 1
Out[3]= 3-n
b´
X.´/ D :
.´ b/2
In[4]:= InverseZTransform @b * z Hz - bL ^ 2, z, nD
Out[4]= bn n
394 CAPÍTULO 12: Aplicações
H-1 + zL2
z
Out[6]=
==
H-2 + zL H-1 + zL2
z + z y@0D - 2 z2 y@0D + z3 y@0D
InverseZTransform A
z + z y@0D - 2 z2 y@0D + z3 y@0D
H-2 + zL H-1 + zL2
In[8]:=
, z, nE
Out[8]= -1 + 2n - n + 2n y@0D
In[10]:= ZTransform @3 ^ n, n, zD
z
Out[10]=
-3 + z
InverseZTransform A
z - 3 z y@0D + z2 y@0D
H-3 + zL H-2 + zL
In[12]:=
, z, nE
Tomemos a inversa:
In[16]:= Simplify A
InverseZTransform A
b z - z y@0D + z2 y@0D
H-1 + zL H-a + zL
, z, nEE
a = 7 4; b = 1; y@0D = 0; ListPlot A
H-1 + an L b + H-1 + aL an y@0D
In[17]:=
350
300
250
200
150
100
50
2 4 6 8 10
Out[17]=
Graphics
25 + H7 + zL2
5
Out[18]=
12.5 Laboratório 12 397
24.1 C 5´2 . 2 C ´2 //
F .´/ D :
.1 C ´2 /5
24 H1 + 5 z2 H-2 + z2 LL
InverseLaplaceTransform A
H1 + z2 L5
In[19]:=
, z, tE
Out[19]= t4 Sin@tD
e 2´
F .´/ D :
´C1
0.8
0.6
0.4
0.2
1) ı.x a/ D 0, se x 6D a;
Z ˇ
2) g.x/ı.x a/ dx D g.a/ ;
˛
Plot@Evaluate @
Sqrt@n PiD Exp@-n x ^ 2D . n ® 81, 10, 100<D,
In[22]:=
-2 -1 1 2
Out[22]=
Graphics
0.8
0.6
0.4
0.2
5 10 15 20 25 30
Out[23]=
Graphics
400 CAPÍTULO 12: Aplicações
99LaplaceTransform @q@tD, t, zD ®
1 + 10 q@0D + z q@0D + q¢ @0D
Out[26]=
==
100 + 10 z + z2
InverseLaplaceTransform @
LaplaceTransform @q@tD, t, zD . %, z, tD
In[28]:=
!!!!
!!!!
ã-5 t SinA5 3 tE
Out[28]=
5 3
12.5 Laboratório 12 401
[9] J. Dixon, A brief proof of Cauchy’s Integral Theorem, Proc. Amer. Math.
Soc. 29 (1971), no3, 625–626.
403
404 BIBLIOGRAFIA
[10] J. Duncan, The Elements of Complex Analysis, John Wiley & Sons, 1968.
Press, 2006.
407
408 ÍNDICE DE RESULTADOS
Teorema 4.1 L IMITE DE SUCESS ÕES COMPLEXAS VS SUCESS ÕES REAIS . . . . . . . . 124
Teorema 4.2 C RIT ÉRIO DE C AUCHY PARA SUCESS ÕES COMPLEXAS . . . . . . . . . . . 125
Teorema 4.3 C ONDIÇ ÃO NECESS ÁRIA DE CONVERG ÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Teorema 4.4 C ONVERG ÊNCIA DE S ÉRIES COMPLEXAS VS S ÉRIES REAIS . . . . . . . . 128
Teorema 4.5 C ONDIÇ ÃO SUFICIENTE DE CONVERG ÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Teorema 4.6 C RIT ÉRIOS DA R AZ ÃO E DA R AIZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Teorema 4.7 C RIT ÉRIO DE C AUCHY PARA A CONVERG ÊNCIA UNIFORME . . . . . . . 132
Teorema 4.8 C ONVERG ÊNCIA UNIFORME E CONTINUIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
Teorema 4.9 T ESTE -M DE W EIERSTRASS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Lema 4.10 L EMA DE A BEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Teorema 4.11 C RIT ÉRIOS PARA S ÉRIES DE POT ÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Teorema 10.1 C ONDIÇ ÃO SUFICIENTE PARA SINGULARIDADES REMOV ÍVEIS . . . 334
Teorema 10.2 T EOREMA DE L AURENT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 336
Teorema 10.3 C ARACTERIZAÇ ÃO DAS SINGULARIDADES ISOLADAS I . . . . . . . . . 340
Teorema 10.4 C ARACTERIZAÇ ÃO DAS SINGULARIDADES ISOLADAS II . . . . . . . . . 342
411
412 ÍNDICE ALFABÉTICO
Mandelbrot aderente, 31
conjunto de Mandelbrot, 148 crı́tico, 217
Möbius de acumulação, 31
transformação de Möbius, 197 de multiplicidade n, 78
expansão, 198 exterior, 31
inversão, 198 fronteiro, 31
princı́pio da orientação, 220 interior, 31
princı́pio da simetria, 212 simples, 78
rotação, 198 ponto do infinito, 34
translação, 198 produto
classificação de uma transformação escalar, 24
de Möbius vectorial, 24, 26
elı́ptica, 235 projecção estereográfica, 35
hiperbólica, 235 prolongamento analı́tico, 317
loxodrómica, 235
parabólica, 235 razão cruzada, 203
região, 33
número complexo de analiticidade, 111
afixo, 19 multiplamente conexa, 89
argumento, 19 simplesmente conexa, 89
argumento lambda, 20 resı́duo, 343
argumento positivo mı́nimo, 20 Riemann
argumento principal, 20 esfera de Riemann, 36
conjugado, 13 função zeta de Riemann, 329
forma algébrica, 11 superfı́cie de Riemann, 327
forma trigonométrica, 21
módulo, 13 série, 127
parte imaginária, 13 série absolutamente convergente,
parte real, 13 129
série convergente, 127
plano série de funções
plano complexo, 19 convergência pontual, 131
eixo imaginário, 19 convergência uniforme, 131
eixo real, 19 série de potências, 136
plano complexo ampliado, 34 disco de convergência, 138
polinómio, 303 raio de convergência, 138
grau, 303 soma, 127
zero, 304 sucessão das somas parciais, 127
ordem do zero, 304 termo, 127
ponto termo geral, 127
414 ÍNDICE ALFABÉTICO
Taylor
série de Taylor, 295
teoria do potencial
linhas de corrente, 227
linhas equipotenciais, 227
topologia usual de C, 30
unidade imaginária, 12
´
transformada-´, 375