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Resumo “A Obra Na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica"


Walter Benjamin
Teoria e Metodologia da História da Arte (Universidade Nova de Lisboa)

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BENJAMIN, Walter, “A Obra Na Era da Sua Reprodutibilidade


Técnica” in Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política, . Lisboa:
Relógio D’Água. 2013

Prólogo

Marxismo: materialismo histórico e dialético de Marx.


Relações principais de produção têm por base o interesse económico. Exploração
agravada pelo proletariado e criação de condição que tomaria possível a sua
abolição.
Transformação da superestrutura é mais lenta do que a transformação da
infraestrutura.
Arte do proletariado: sociedade sem classes, evolução de arte sob as condições de
produção actuais.
Dialética: nota-se na superestrutura e na economia.

A obra de arte sempre foi reproduzível. Que os homens tinham feito sempre pode ser
imitado por homens.
Grego: dois métodos de reprodução
-fundição
-cunhagem
Artes gráficas: reproduzidas pela 1ª fez com xilogravura só muito tempo depois
permitiu à escrita a sua reprodução.
Idade Média: junta-se à xilografia, a gravura em cobre e a água-forte. Inicio do século
XIX junta-se a litografia.
Contributo da litografia.
Fotografia nos anos 20 pela mão de Daguerre. Obrigações artísticas são postas de
parte.
“ olhos apreende mais depressa do que a mão desenha” pág. 76.

No inicio do século XX a reprodução técnica começou a conquista do seu lugar entre


os procedimentos artísticos.

Cinema
Reprodução técnica do som
Reprodução da obra de arte

II

Aqui e agora da obra de arte – existência no lugar em que se encontra. Falha da


reprodução técnica.
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A história da obra de arte abarca também o tipo e número de cópias que dela foram
feitas.
O aqui e agora do original constitui a sua autenticidade que a reprodutibilidade
técnica não pode tirar.
Autêntico mantém a sua autoridade total relativamente à sua reprodução manual.
Considerado falsificação.
Fotografia – pode salientar aspectos do original. Permite mudar o ponto de vista.
III

O modo em que a percepção se organiza altera-se ao longo da história, devido à


natureza e à história.
Formalistas: contentavam com a forma. Escola de Viena, Riegl ou Wickholf
A forma como limites específicos.

Arte Clássica: formalistas opõem-se ao seu peso. São os primeiros a tirar conclusões
relativamente à percepção na época em que ela vigorava (a arte clássica)
Actualmente\ (no contexto do autor): alterações da percepção do médium –
condutor/equipamento com que se realiza a obra. O médium é a decadência da aura
da obra.
As tais alterações da percepção do médium também mostram as condições sociais
dessa decadência.
Conceito da aura proposto para o estudo de objectos históricos com conceito de aura
para objectos naturais.

Decadência social da aura

“Aproximar” as coisas à sua imagem.

Superação de qualquer carácter único através do registo da sua reprodução


Reprodução: DIFERENCIA-SE DO QUADRO
Carácter único e durabilidade intimamente ligados.
Nos jornais é a fugacidade e repetibilidade.

Destruir a aura de um objecto é característica da percepção cujo sentido da


repetibilidade se desenvolver de forma que, a reprodução capta o único do objecto.

IV

A singularidade (ser único) é idêntica à forma de se instalar no contexto de tradição.


Tradição = algo vivo e mutável.

Estátua de Vénus
No contexto grego: objecto de culto

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No contexto clérigo medieva: ídolo nefasto.


Ambos enfrentam a singularidade. A aura.

Decisivo que a forma de existência da aura não se distingue da função.


Ler 8 sobre a reprodutibilidade e aura das obras cinematográficas.

O culto da beleza que surgiu na Renascença aquando os primeiros abalos fez


transparecer os seus fundamentos.
1ª Fotografia que coincide com o alvorecer do socialismo. É o primeiro processo
revolucionário de reprodução.
A reprodutibilidade técnica da obra emancipa-a na sua existência parasitária no
ritual.

A obra de arte reproduzida torna-se cada vez mais a reprodução de uma obra de arte
que assenta na reprodutibilidade. 9
 A partir da chapa fotográfica é possível fazer uma quantidade de cópias o que
retira o sentido à questão da obra autêntica.
A função social da arte altera-se do ritual para o político.

Recepção da arte

1. Valor culto
2. Valor de exposição da obra de arte

Produção artista – composição ao serviço do culto


“ Com a emancipação de cada uma das práticas da arte, do âmbito ritual, aumentam
oportunidades de exposição dos seus produtos”

Com os diversos métodos de reprodução técnica, a possibilidade de exposição


aumentou o que se traduz numa alteração quantitativa da sua cultura (?)

VI

Na fotografia, o valor de exposição começa a afastar, em todos os aspectos, o valor do


culto.
O valor de excepção é o rosto humano. O retrato ocupa um lugar privilegiado. É aqui
que assenta a última réstia do valor de culto = memória.

Registos fotográficos – provas do processo histórico. Reside o seu significado político


oculto.
Jornais ilustrados: a legenda torna-se obrigatória.
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VII

Controvérsia entra a pintura e a fotografia relativamente ao valor artístico dos seus


produtos. Expressão de transformação histórica.

Reflexões sobre se a fotografia seria arte. A sua invenção alterou o carácter global da
arte.
As mesmas questões repetiram-se quanto ao cinema.

As dificuldades que a fotografia teria levantando relativamente à estética tradicional,


foram de longe inferiores comparadas às provocadas pelo cinema.
“A linguagem das imagens ainda não atingiu a sua maturidade porque os nossos
olhos ainda não evoluíram o suficiente. Ainda não existe suficiente respeito, culto por
aquilo que elas exprimem.” Abel Gance, op. Cit. Pág. 100/101

VIII

O desempenho artístico do actor no cinema é apresentado ao público por um


equipamento, o que tem dois tipos de consequências:

1º Não se espera que o equipamento respeite essa acção (transmissão da acção) na


sua totalidade.
O equipamento toma posição da mesma actuação (sobre direcção do operador de
câmara).
Pelo trabalho de edição a representação do actor é submetida a uma série de testes
ópticos.

2º O actor não pode adaptar o seu desempenho à reação do público. Possibilidade


reservada ao actor de teatro.
O público não tem contacto com o actor. Assume assim uma atitude de apreciador
que não é perturbador.
A identificação do público com o actor só sucede na medida em que aquele se
identifica como equipamento.

IX

Pressões de testes de óptica. O cinema sonoro pouco alterou essa questão.


O homem vê-se na situação de actual com a sua totalidade de pessoa viva mas, sem
aura. A aura está ligada ao aqui e agora. Dela não existe cópia.

A especificidade do estúdio cinematográfico é colocar o equipamento no lugar do


público. A aura que envolve o actor desaparece, tal como a da personagem.
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O que envolve o trabalho do actor de cinema é resultado de várias intervenções que


se traduzem em funções e responsabilidades da produção. Ex.: estúdio, cenários,
contratantes, maquinaria. Acções como saltar de uma janela ou ser alvejado são
manipuladas e montadas em pós-produção.

Estranheza do actor é o mesmo que sente perante a própria imagem reflectida no


espelho. A imagem é separável e transportada.
O cinema reage aniquilando a aura com a construção da “personality” fora do
estúdio.
Estrala – promovido pelo capital cinematográfico; carácter mercantil.

Qualquer homem, actualmente, pode ter a pretensão de ser filmado. “Actualidades da


semana” a qualquer um possibilita passar de um simples transeunte a figurante de
cinema.

Com a expansão da imprensa uma parte cada vez maior dos leitores começou por
passar a escrever. A diferença entre o público e o leitor vai perdendo o seu carácter
fundamental. Com a crescente especialização todos os indivíduos tiveram de se tornar
especialistas numa área.
No cinema russo os actores tomam um sentido em que são pessoas que representam
um papel principalmente no seu processo de trabalho.

XI

Teatro conhece o ponto a partir do qual a acção é apreendida como ilusória. Para o
cinema, não existe tal ponto. A natureza ilusória resulta da montagem. “ no estúdio
cinematográfico, o equipamento penetrou de tal forma na sua realidade que o seu
aspecto puro, livre de corpos estranhos de equipamentos, é o resultado de um
processo particular, nomeadamente do registo de um aparelho fotográfico ajustado
expressamente e da sua montagem com outro registo do mesmo tipo”.

O carácter do cinema pode ser confrontado com o que se verifica na pintura. O pintor,
no seu trabalho, observa uma distância natural relativamente à realidade; o
operador de câmara, intervém profundamente na textura da realidade.
A imagem do pintor é total e a do operador de câmara consiste em fragmentos
múltiplos. “para o homem contemporâneo, a representação cinematográfica da
realidade, é a de maior significado porque o aspecto da realidade isento de
equipamento, que a obra de arte lhe dá direito de exigir, é garantido, exactamente
através de uma intervenção mais intensiva com aquele equipamento”.

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XII

A reprodutibilidade técnica da obra de arte altera a relação das massas com a arte.
O comportamento progressista é caracterizado pelo facto do prazer do espetáculo e
da vivência nele suscitar uma ligação intima e imediata com a atitude do observador
especializado. A tal ligação é um forte indício social.
Mais o significado social da arte diminui, mais se afastam no público as atitudes
críticas de fruição.
Cinema: coincidem atitudes críticas e de fruição do público.
A reação maciça do público é condicionada à partida pela audiência em massa.

XIII

O que caracteriza o filme é também a forma como com a ajuda do acto, reproduz o
seu meio ambiente.
O cinema enriqueceu o nosso horizonte de percepção com métodos que podem ser
ilustrados pela teoria freudiana. Teve como consequência um aprofundamento da
percepção. Por outro lado, o reverso da medalha reside em que os desempenhos num
filme (do actor) são assinaláveis e observado como os desempenhos apresentados
num quadro ou no palco.
 Pintura: é a informação mais exacta sobre as situações que o cinema faculta
 Teatro: a maior capacidade de análise do desempenho apresentado no filme.

Uma das funções revolucionárias do cinema será a de tornar reconhecíveis como


idêntico, os aproveitamentos artísticos e cientifico da fotografia, até agora
divergente, na maioria dos casos.
Através de grandes planos, do realce de pormenores escondidos em aspectos
familiares, ambientes banais com a direcção genial objectiva consegue assegurar um
campo de acção imenso e insuspeitoso.
A câmara leva-os ao inconsciente óptico, tal como a psicanalise ao inconsciente das
pulsões.

Das mais importantes tarefas da arte consiste em criar algo de novo.

Extravagancias e excessos da arte quase manifestam principalmente em períodos


ditos de decadência, surgem das energias históricas mais ricas.
O dadaismo cheio de barbarismos tentava criar – através da pintura ou literatura –
efeitos que o público procura no cinema. Os dadaístas atribuíram menor valor à
possibilidade de aproveitamento mercantil das suas obras de arte. Conseguiram uma
destruição irreverente da aura das criações. Os dadaístas asseguraram numa
distração intensa colocando a obra de arte no centro de um escândalo. Satisfazendo a
exigência de provocar um escândalo público.

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Afectava o espectador

Beneficiou a procura do cinema cujo elemento de distração é também táctil pois


baseia-se em mudanças de lugares e acção.
- a tela (pintura) convida o espectador à contemplação
- a tela (cinema) mal regista uma montanha com o olhar e já ela se alterou.
“as imagens em movimento tomam lugar dos pensamentos” Georges Duhamel.
O cinema resulta o efeito de choque. Através da técnica, o filme libertou o efeito
choque físico do invólucro moral em que o dadaismo ainda o mantinha, de certo
modo envolvido.

XV

Da massa surgem novas formas e novos comportamentos para com a obra de arte. “o
número muito mais elevado de participantes provocou uma participação de tipo
diferente”
Duhamel despreza o cinema considerando-o um divertimento para iletrados. Uma
actividade que não exige concentração ou reflexão.

Exemplo da arquitectura que acompanha a história da humanidade e que sempre foi


o protótipo de obra de arte. A pintura surgiu na Idade Média e nada garante a sua
existência eterna. Já a arquitectura sempre o será porque a humanidade sempre
precisará de abrigo. A construção de edifícios tem dois tipos de recepção:
 Uso e percepção; táctil e óptica.
Táctil: não há contraposto para aquilo que a contemplação proporciona ao domínio
visual. Na arquitectura é esta que determina a recepção visual. “as tarefas que são
apresentadas ao aparelho de percepção humana em épocas de mudança histórica,
não podem ser resolvidas por meios apenas visuais, ou seja, da contemplação. Elas só
são denunciadas gradualmente, pelo hábito, após a aproximação da recepção táctil.

Também a distração cria hábitos. A distração prova que a resolução se tornou um


hábito. Através da distração que a arte ofereça consegue mobilizar as massas.

O cinema actual concretiza-o. Recepção na diversão, perceptivel em quase todos os


domínios da arte é sintoma das alterações na apercepção tem no cinema o seu
verdadeiro instrumento de exercício. No seu efeito de choque o cinema vai a encontro
dessa recepção.
Rejeitar valor de culto pelo facto de a actividade crítica não englobar, no cinema, a
atenção. O público é um examinador, mas distraído.

Epílogo

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Todos os esforços para introduzir uma estética na política culminaram num ponto: a
guerra. Do ponto de vista técnico, formula-se da seguinte forma: só a guerra
possibilita a mobilização dos actuais meios políticos técnicos mantendo as relações
de propriedade.

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