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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CCHLA – CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – RÁDIO E TV

ÍDEIAS FILOSÓFICAS CONTEMPORÂNEAS

PROFESSOR : EDUARDO PELLEJERO

A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA –


WALTER BENJAMIN

ALUNOS: Danielle Luna

Frank Fidel

Hélio Ronyvon

João Pinheiro

Natal/2009
Prólogo e Epílogo

No prólogo há uma discussão sobre alguns conceitos tradicionais como


a criatividade, a genialidade o valor eterno e o secreto que são deixados de
lado na produção artística comunista; onde há uma politização da arte.

Já no epílogo Benjamin fala sobre o fascismo,e como ele tenta organizar


as massas recém proletarizadas, para dar-lhe expressões mas conservando as
relações de poder. O fascismo acaba por produzir uma estetização política,
com uma valorização ao culto do ‘fuhrer’ e a guerra.

Histórico da reprodução técnica

A reprodução das obras de artes por parte de alunos para praticaram a


arte, por mestres para divulgação ou mesmo por terceiros ávidos por lucro não
é algo novo, o que já não podemos dizer da reprodução técnica das obras de
arte, que é algo bem mais recente.

A Reprodução técnica vem se firmando ao longo da história, mas é algo


bem recente e seus processos de reprodução vêm se multiplicando cada vez
mais. Os gregos conheciam apenas duas formas de reprodução técnica, a
fundição e a cunhagem, o que limitava suas possibilidades de reprodução;
apenas moedas, peças em bronze e terracotas podiam ser produzidas em
massa. A descoberta da Xilogravura possibilitou a reprodução das artes
gráficas, e depois de muito tempo a escrita pôde ser reproduzida devido à
invenção da impressão. Com a reprodução técnica da escrita os fatos
cotidianos passaram a ser relatos em periódicos, que por sua vez sofreram
alterações com o início da litografia que veio substituir a xilogravura e por ser
mais prática começou a ser usada para ilustrar em massa os periódicos,
retratando os acontecimentos do cotidiano. A litografia permitiu não só a
produção em grande escala das artes gráficas, mas também diversas formas
de uma mesma arte, possibilitando a comercialização.

As artes gráficas foram ultrapassadas pela fotografia, que libertou a mão das
obrigações no processo de reprodução das obras, as quais passaram a caber
ao olho e a uma objetiva. Esse processo de reprodução se deu de maneira tão
rápida que se pôs a par da fala, mostrando, dessa forma, que a reprodução
técnica procurava conquistar seu lugar entre os procedimentos artísticos.
A Aura da Obra de Arte

A Aura da obra de arte é definida no momento em que ela está sendo


feita. É tudo o que o artista queria colocar nela, as suas inspirações, suas
intenções, é o aqui e agora que formam um contexto, é o momento na história
no qual a obra de arte está submetida.
Esse aqui e agora é momentâneo, logo não pode ser reproduzido.
Mesmo com todo o avanço tecnológico da reprodutibilidade técnica não há
possibilidade de reproduzi-lo.
A reprodução técnica difere em dois aspectos da reprodução manual:
Ela tentar salientar detalhes que o olho humano não é capaz de enxergar (a
foto de um ovo estourando ou de um copo quebrando) e se ocupa de levar a
obra de arte ao maior número de lugares possíveis, fazendo-a assim muito
mais acessível a toda a população. Seu agente mais poderoso é o filme, já que
ele foi criado com o intuito de ser reproduzido (já que é uma obra muito cara) e
não faria sentido algum mantê-lo pra si.

Reprodução X Falsificação

É importante frisar que a reprodução técnica é diferente de falsificação.


A reprodução tem como objetivo a difusão da obra de arte. Multiplicar o
reproduzido, colocando-o no lugar de ocorrência única a ocorrência em massa.
Já a falsificação quer se apropriar da aura da obra, tomar isso pra si. Como é o
caso do plágio, que usa os mesmo artifícios e até os mesmos meios do artista
original para copiar a sua arte. Tentam até se apropriar da aura e dizer que é
sua.

Médium

Uma obra de arte vai ser interpretada de diferentes maneiras


dependendo da época e contexto social no qual o indivíduo que a observa está
inserido.

Uma estátua da deusa Vênus, por exemplo, que hoje pode ser vista
como um artefato histórico, ou de grande valor estético, seria visto por um
clérigo medieval como objeto de culto profano.

Para entender o valor real da obra, contudo, seria necessário enxergá-la


com os olhos de quem viveu na época em que ela foi feita. A compreensão
completa da aura de uma obra depende do fato do observador estar inserido
ou não no médium dela, sendo o médium todo o contexto da obra, incluindo
todo seu ritual de culto e motivos que levaram à sua execução.

Portanto, apenas os gregos, que entendiam e vivenciavam o culto à


deusa, conseguiriam apreciar completamente a obra.
Morte do Culto

A produção artística começa por composições ao serviço do culto. O


valor de culto requeria que as obras de arte permanecesse oculta: certas
estátuas de deuses só são acessíveis ao sacerdotes na sua cela por exemplo.
Com a emancipação de cada uma das práticas da arte aumentam as
oportunidades de exposições dos seus produtores.
A fotografia como principal forma de arte nos leva a todo tipo de
questionamento.
Na fotografia o valor de exposição começa a afastar em todos os
aspectos o valor do culto. Primeiramente a fotografia é usada como culto dos
entes queridos, ausentes ou mortos, e depois no culto da imagem tem seu
último refúgio. A fotografia também é usada como registros históricos e é nisso
que reside o seu significado político oculto.

Filme Apenas Como forma de Entretenimento

Como já foi falado, o cinema foi criado com a intenção de ser


reproduzido e por ter essa capacidade de propagação deveria fazer melhor uso
de suas propriedades. O filme ainda não apreendeu o seu verdadeiro sentido,
suas verdadeiras possibilidades. Poderiam estar sendo passadas mensagens,
criando visões críticas e diminuindo a alienação. Mas acontece exatamente o
contrário, a quantidade transformou-se em qualidade. Os filmes são feitos para
muitos espectadores, sem sentido algum, sustentados somente pelas estrelas
hollywoodianas.
As massas absorvem essa obra em si, sem análise crítica, mas com
certa contemplação, mesmo nos filmes sem cunho social. E isso deveria ser
totalmente aproveitado.

Ator de Cinema e Ator de Teatro

A representação do ator de cinema é transmitida ao público através de


equipamentos, o que não respeita a totalidade do seu desempenho artístico. As
cenas são gravadas fora de ordem e por muitas vezes sem muitos dos artifícios
que se farão presente depois de a cena ser editada e finalizada. O ator de
cinema está tão preocupado com a marcação da cena e dos equipamentos que
sua interpretação fica em segundo plano. Ele não interpreta para o público,
mas para um conjunto de máquinas, e depende de terceiros (iluminador,
sonoplasta, editor, maquiador, efeitos especiais...) para fazer valer sua
representação. O fato de o ator de cinema não representar perante o público, o
impossibilita de adaptar sua representação àquele determinado grupo de
pessoas, e tão logo isso acontece, o público passar a ser um mero apreciador
que não é perturbado pelo ator, já que não há qualquer contato pessoal entre
eles. Essa falta de interação entre o ator de cinema e o público, além da
representação do ator para o equipamento impossibilitam os valores de culto a
esse tipo de representação. No cinema é mais importante que o ator se mostre
como ele mesmo perante a câmera do que como outrem perante o público, já
que a participação de determinado ator em um filme levará um maior número
de pessoas ao cinema. O ator de cinema representa em sua totalidade, mas
sem sua aura, pois essa está ligada ao aqui e agora da obra, o que
impossibilita sua cópia. Não havendo contato entre ator e público, e não
havendo adaptação por parte do ator para com o público, não haverá aura.
Essa falta de aura do cinema reside no fato do equipamento ser posto no lugar
do público, fazendo com que desapareça a aura do ator, e em conseguinte,
também a do personagem representado. O ator de teatro se identifica com o
personagem que irá representar já ao ator de cinema essa possibilidade é
frequentemente recusada. A representação no cinema é resultado de várias
interações. A natureza ilusória do cinema está na montagem das cenas depois
de gravadas e na participação de terceiros em várias etapas até que o filme
seja finalizado.

O ator de teatro não se vale desses artifícios e equipamentos, sua


representação não é fruto de diversas intervenções e ele não interpreta para
equipamentos, e sim diretamente para o seu público. Esse contato pessoal
entre o ator e o público possibilita a adaptação do ator a reação daqueles
determinados espectadores, tornando cada apresentação única, o que faz
surgir a aura na sua representação, e ao contrário do ator de cinema, o ator de
palco geralmente se identifica com o personagem, apagando sua imagem e
encarnando outro ser.

Indústria Cinematográfica x Cinema Soviético

Como o cinema não tem a aura, visto que é uma reprodução, ele cria a
“Personality”, que é a estrela, aquela pela qual as pessoas vão assistir aos
filmes sem ao menos procurar saber sobre a estória. Esses filmes são
chamados de “Star system”. Neles nós vemos as grandes estrelas atuando e
nos sentimos distanciados disso. Essa é a diferença do cinema soviético, no
qual qualquer pessoa tem a pretensão de ser filmado, já que todos estão
inseridos no mesmo contexto. Além dele sempre ter um cunho social, visto que
sempre vai ilustra a vida socialista.
Dadaísmo

O dadaísmo foi uma expressão artística que tentou acompanhar o grau


de exposição do cinema. Como seu objetivo principal era chocar através da
arte, o dadaísmo era totalmente livre do culto.

Contudo, o dadaísmo ainda estava preso à contemplação, ou seja, para


apreciar uma obra dadaísta, era necessário observar bastante a imagem
formada na obra, o que era impossível de acontecer no cinema, já que as
imagens passam em um ritmo que impossibilita a contemplação das imagens.

Aproximação Humana e espacial

A reprodutibilidade técnica permitiu a aproximação tanto espacial quanto


humana da obra de arte.

Espacial pelo fato de não ser mais necessário se deslocar para conhecer
uma obra - para saber como é o teto da Capela Cistina, por exemplo, não é
mais necessário ir até o local, o indivíduo pode ver uma fotografia, ou a
reprodução dela.

Humana porque o conhecimento e acesso a obra de arte não está mais


restrito apenas a estudiosos da arte e a pessoas com alto poder aquisitivo,
através de fotos, por exemplo, um grande número de pessoas conhece
quadros como o da Monalisa.

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