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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – São Luís - MA – 30/05 a 01/06/2019

Memória Afetiva na era da Fotografia1

Bruno Vinelli Nunes de Oliveira ARAUJO2


Robson Xavier da COSTA3
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB

RESUMO

Um dos traços mais comoventes do retrato é achar a identidade dos antepassados por meio
do álbum de família. Ele tem uma relação com o tempo, a memória e a afetividade de
quem o pertence. O objetivo desta pesquisa é propor um estudo sobre a memória afetiva
no uso da fotografia, visando não os padrões estéticos e sim o lado afetivo do momento
fotografado. De modo que, partiremos dos autores que estudaram o mundo em que as
relações humanas passaram a ser intermediadas por imagens, como Roland Barthes,
Susan Sontag, John Berger, Vilém Flusser, Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado. E
pelo viés da afetividade, vamos descrever os textos que tratam das relações entre os
aspectos cognitivos e afetivos, permitindo um aprofundamento teórico, portanto
aprofundaremos nos textos do Jean Piaget, Henri Wallon e Yves de La Taille.

PALAVRAS-CHAVE: fotografia; memoria; afetiva; álbum; afetividade.

FOTOGRAFIA: UMA HISTÓRIA DO INSTANTE CERTO

O número de celulares com câmeras fotográficas aumentou, tão quanto os


aplicativos para editar e postar as fotos nas redes sociais como o Instagram (com
aproximadamente 700 milhões de usuários ). Neste aplicativo as pessoas postam fotos
para mostrar à “sociedade virtual” o que elas estão fazendo, sem nenhuma preocupação
na estética fotográfica, ou seja, se está nas regras de composição e exposição, o importante
é ostentar que aquele momento foi inesquecível. Já os fotógrafos profissionais tentam
exibir suas imagens com mais perfeições estéticas possíveis para comprovar sua
excelência em seu trabalho. Para isso, eles usam programas de computadores
especializados em imagens digitais, por exemplo, o Adobe Lightroom e o Adobe

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Trabalho apresentado na DT 4 – Comunicação Audiovisual do XXI Congresso de Ciências da Comunicação na
Região Nordeste, realizado de 30 de maio a 1 de junho de 2019.

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Mestrando do Curso de Comunicação, Computação e Artes do CI-UFPB, e-mail: brunovinelli@lavid.ufpb.br.

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Orientador do trabalho. Professor do Mestrando do Curso de Comunicação, Computação e Artes do CI-UFPB, e-
mail: robsonxavierufpb@gmail.com

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Photoshop. Porém, a busca desta perfeição termina deixando alguns momentos


mecânicos, engessados e perdendo a espontaneidade daquele instante.
O marco histórico da invenção da fotografia data-se entre 1826-1827 quando foi
tirada a foto chamada “Le Point de vue du Gras” (O ponto de vista de Gras), Figura 1,
fotografada pela janela do apartamento do francês Joseph Nicéphore Niépce. Durando
mais de 8 horas de exposição a luz para que a imagem se fixe por meio de uma câmera
escura, em uma placa de estanho.

Se o processo ótico de projeção da imagem no fundo da câmera escura era


conhecido séculos, Niépce foi um dos que experimentaram com inúmeras
possibilidades de fixação da imagem capturada pelo dispositivo ótico. O
processo físico-químico de inscrição do que veio a se chamar fotografia foi
sistematizado e alcançou viabilidade técnica efetiva apenas na primeira
metade do século XIX, e Niépce foi um dos responsáveis pelas primeiras
experiências bem sucedidas a esse respeito. (RIBEIRO, 2013)

Figura 1 - Le Point de vue du Gras

Fonte: Disponível em http://fr.wikipedia.org/wiki/Point_de_vue_du_Gras. Acesso em 11 abr. 2019

A origem da palavra fotografia significa “desenhar com a luz”, ou seja, é a junção


do elemento “photo” que significa luz e “graphein” que pode ser escrita ou desenho. De
acordo com o Flusser(2011), ele define como “imagem tipo-folheto produzida e
distribuída por aparelho”(p.12), portanto, é a máquina fotográfica que captura as imagens,

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que para o filósofo “são conceitos transcodificados em cena”(FLUSSER, 2011, p.46).


Enquanto o fotógrafo é a “pessoa que procura inserir na imagem informações imprevistas
pelo aparelho fotográfico” (FLUSSER, 2011, p.12). Imprevistas, pois o aparelho não sabe
o quanto de luz vai precisar para registrar o momento. Portanto, “as fotografias
“melhores” seriam aquelas que evidenciam a vitória da intenção do fotógrafo sobre o
aparelho: a vitória do homem sobre o aparelho” (FLUSSER, 2011, p.58).
Com a diminuição da “caixa preta”, as imagens eram feitas para momentos
“especiais” mais formais como festas de aniversários, casamentos, batizados e serviam
apenas para documentar aquele período e guardar para mostrar aos amigos e familiares
mais íntimos. Ao se fotografar, não via a imagem instantaneamente, era necessário revelar
o filme, ou melhor, tornar conhecido, algo que estava escondido. Pelo conceito
fotográfico, é o “conjunto das operações que têm por objetivo transformar uma imagem
fotográfica latente em imagem visível estável.”4. Estas operações ocorrem por causa das
reações físico-químicas que ao final do processo, é impresso a imagem em um papel
fotográfico. Este tempo passou de horas para minutos. E com a chegada do filme
fotográfico da Kodachrom que é um

filme diapositivo colorido inventado em 1933 por Leopold Mannes e Leopold


Godowsky Jr. lançado pela Eastman Kodak em 1935 nos formatos 35mm, de
folha e de película cinematográfica. Para muitos fotógrafos foi o padrão de
excelência pelo qual todos os demais filmes eram julgados. (HACKING,
2012, p.555)

“O próprio procedimento técnico levava o modelo a viver não ao sabor do


instante, mas dentro dele; durante a longa duração da pose, eles por assim dizer cresciam
dentro da imagem (...) tudo nessas primeiras imagens era organizado para durar”
(BENJAMIN, 1985, p.96).
No entanto, em 1948, uma empresa de fotografia ficou famosa por criar um
aparelho que fotografa e a foto apareceria 1 minutos depois que foi tirada, chamada de
Polaroid Corporation. A câmera realizava, dentro dela, todo o processo químico de
desenvolvimento da impressão de um negativo e uni-lo em uma mesma folha. O negativo
é do tamanho da imagem e se revelava quando o papel era retirado da câmera. Acabando

4
Disponível em: https://www.dicio.com.br/revelacao/. Acesso em 11 abr. 2019

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assim a espera para que o filme fosse revelado. Não podia editar, nem fazer correções
como são feitas no momento da revelação e assim, a empresa seguiu muito bem, mas foi
sucesso em determinados nichos.
Nesta pesquisa, que está em andamento, propomos um estudo sobre a importância
do instante decisivo, como mostrou Cartier-Bresson “Minha paixão nunca foi pela
fotografia “em si mesma”, mas pela possibilidade, ao esquecer de se mesmo, de registrar
numa fração de segundo a emoção propiciada pelo tema e a beleza da forma” (2016, p.33).
O mais importante é registrar aquele momento para ter uma lembrança afetiva em um
álbum ou nas pastas digitais. Portanto, é o que “acontece em uma fotografia quando
elementos visuais e emocionais se unem em perfeita harmonia e expressam a essência da
situação presenciada pelo fotógrafo.” (TÔRRES, 2017).
Para Dubois(2012), a foto é a prova que realmente o fato existiu. Possivelmente,
uma pessoa que não tem fotos com a família, pode parecer que ela ache que não viveu
aqueles momentos.
Uma das particularidades marcantes do retrato é encontrar a identidade dos
homens por meio do álbum de família. De acordo com o dicionário Aurélio, álbum
significa “caderno cartonado ou livro encadernado, destinado a receber desenhos,
fotografias etc.”5. Para SONTAG, “um álbum de fotos de família é, em geral, um álbum
sobre a família ampliada – e, muitas vezes, tudo que dela resta (2004, p.19). E sua grande
importância:

Por meio de fotos, cada família constrói uma crônica visual de si mesma —
um conjunto portátil de imagens que dá testemunho da sua coesão. Pouco
importam as atividades fotografadas, contanto que as fotos sejam tiradas e
estimadas. A fotografia se torna um rito da vida em família (SONTAG, 2004,
p.19)

Para muitas pessoas, "Colecionar fotos é colecionar o mundo.” (SONTAG, 2004,


p.13). E assim, criar uma conexão com o tempo, com a memória e a afetividade de quem
fez parte destes momentos. Era a prova inquestionável de que aquele momento aconteceu.
Em um relato de fotógrafo Sebastião Salgado quando estava na África e precisava
trabalhar, para ter paz, ele dizia:

5
Disponível em: https://www.dicio.com.br/album/. Acesso em 26 fev. 2019

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Pessoal, vou fazer uma foto de cada um de vocês e depois disso vocês se
comportem e me deixem trabalhar. No momento em que essas crianças saíam
do seu grupo para se sentar diante das lentes, elas se tornavam indivíduos.
Indivíduos. Elas eram inocentes, eram puras, mas em seus olhos se podia ver
o que tinham vivido, qual tinha sido sua vida. Eu existo. (BERGER, 2017,
p.214)

No álbum de família, cada folha, mesmo amarelada como tempo, a imagem, tem
sua história. Na segunda década do século XXI, estas imagens são digitais e não
envelhecem, fisicamente, com o tempo. No entanto, elas podem ser manipuladas por
programas de edição. Alguns amantes da fotografia modificam as imagens para
parecerem antigas. Um dos motivos, prováveis, é simular uma realidade ao qual o
fotografado (ou o fotógrafo) não viveu, por exemplo, deixar a foto preto e branco e se
comparar com seu avô quando ele era criança.

O papel da fotografia é conservar o traço do passado ou auxiliar as ciências


em seu esforço para uma melhor apreensão da realidade do mundo. Em outras
palavras, na ideologia estética de sua época, Baudelaire recoloca com clareza
a fotografia em seu lugar: ela é um auxiliar (um “servidor”) da memória, uma
simples testemunha do que foi. (DUBOIS, 2012, p.30)

MEMÓRIA AFETIVA
Em 1960, uma psicóloga americana chamada Magda B. Arnold descreveu em seu
livro “Emotion and personality” que as Memórias Afetivas são os arquivos da história da
vida emotiva de cada pessoa, não gravando apenas fatos, mas as emoções contidas a ele.
Para um bebê se desenvolver é necessário estimular seus sentidos e para que isto ocorra,
estes incentivos têm que ter uma resposta, sorrisos quando ele gosta e choro quando não
gosta. No primeiro caso nascerá um afeto, pois trará prazer e satisfação na criança. Cada
momento vai criando em seu cérebro seus gostos e suas reações, motivando sua
existência.
De acordo com Wallon (2008) colocou a afetividade como uma das características
centrais do desenvolvimento.

Quando uma mãe abre os braços para receber um bebê que dá seus primeiros
passos, expressa com gestos a intenção de acolhê-lo e ele reage caminhando

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em sua direção. Com esse movimento, a criança amplia seu conhecimento e é


estimulada a aprender a andar. Assim como ela, toda pessoa é afetada tanto
por elementos externos - o olhar do outro, um objeto que chama a atenção,
uma informação que recebe do meio - quanto por sensações internas - medo,
alegria, fome - e responde a eles. Essa condição humana recebe o nome de
afetividade e é crucial para o desenvolvimento. (SALLA, 2011)

Por um lado mais formal, DANTAS(2016, p.90):

A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das dimensões da pessoa:


ela é também uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi,
logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade
diferenciou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida,
afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com o predomínio
da primeira.

Os nossos pais e professores são um dos grandes influenciadores em nossas vidas,


seja na educação e na influência do trabalho. Uma criança que vê seus geradores com
ídolos vai querer crescer e ser igual a um deles.

Uma memória afetiva pode se desenvolver a partir de uma percepção sensorial


como um odor, um som, uma cor, desde que tal percepção esteja ligada a um
momento afetivo importante.
O resgate da memória afetiva é fundamental no nosso processo de
desenvolvimento psicológico, de autoconhecimento e desenvolvimento
pessoal. Quando resgatamos nossas memórias estamos trazendo com elas a
possibilidade de revisar, compreender e digerir determinadas situações que
podem estar bloqueando nosso ir em frente. Podemos estar paralisados, sem
perceber, em situações antigas que não foram bem resolvidas e entendidas.
(PORTILLO, 2006)

Quando olhamos uma foto da infância, somos levados pela memória a reviver
aquelas emoções, sem pensar no quesito estético da imagem, apenas somos controlados
pelas emoções, sentimento e a paixão, inserido naquele ambiente social. Quem vê e se
emociona, é belo, é arte.
Portanto, objetivamos contribuir para a pesquisa no campo da imagem e da
tecnologia, conceitual e metodologicamente, fortalecendo, a área, nos estudos dos campos
da arte, computação e afetividade.

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Motivação
O fotógrafo tem o objetivo de registrar os momentos, não importando quais: bons
ou ruins. Seu trabalho é paralisar aquela situação e colocar a imagem impressa em um
álbum ou reportagem. Essas fotos são guardadas para quando for mostrar a alguém, que
ele tenha a mesma emoção no instante que a câmera capturou e este sentimento não
voltará mais. “A Foto é como um teatro primitivo, como um Quadro Vivo, a figuração da
face imóvel e pintada sob a qual vemos os mortos”(BARTHES, 1984, p.54). Para o
filósofo, a imagem vista, está morta, ou seja, não se repetirá, já passou.
As fotos são feitas primeiramente para registro, depois vai observar como ela foi
composta. Por exemplo, as imagens fotografadas na primeira infância de uma pessoa,
para ela, quando estiver na idade adulta, terá um valor sentimental incalculável (se tudo
ocorreu bem durante sua vida). E este valor, não é por ser esteticamente perfeita e sim
relembrar aquele momento que faz parte de sua história.

A PESQUISA DA MEMÓRIA AFETIVA NA FOTOGRAFIA


Portanto, esta pesquisa tem o objetivo de estudar a memória afetiva na fotografia.
E para isso, focamos em um resultado subjetivo do corpus analisado, “o foco da pesquisa
qualitativa é compreender e aprofundar os fenômenos, que são explorados a partir da
perspectiva dos participantes em um ambiente natural e em relação ao contexto”
(SAMPIERRE et al, 2013, p.376).
Para chegar a uma resposta, abordaremos a fotografia em relação as pessoas,
tecnologia e memória, descrevendo os conceitos abordados por Roland Barthes, Susan
Sontag, John Berger, Vilém Flusser, Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado.
Pelo viés da memória afetiva, buscaremos os conceitos nos textos das relações
entre os aspectos cognitivos e afetivos, permitindo um aprofundamento teórico no livro
“Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão” (LA TAILLE, Y.;
OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H, 2016) que analisam o conceito de memória afetiva dos
três estudiosos da área.
Para pensar a fotografia como base no tempo e não do espaço, traçamos um
histórico desta arte até o século XXI e sua relação com o fotógrafo e o fotografado. Por
este ponto, o trabalho aprofunda o estudo da imagem como preservação da memória sem
se importar com a estética. No viés da tecnologia e temporalidade, vamos estudar os

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autores como Walter Benjamin e Giorgio Agamben que escrevem sobre a obra de arte na
era da sua reprodutibilidade técnica.
Com os conceitos em mente, investigaremos a despreocupação da estética
fotográfica em razão da memória afetiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A memória afetiva se inicia desde o momento que nascemos e sentimos as


primeiras sensações de respirar o ar e logo vem o choro, sendo pacificado com o cheiro
da mãe, o contato com a sua pele e dando suas primeiras mamadas. Após o segundo mês
de nascido, ele começa a ver e começam os estímulos visuais e sorrisos quando gosta de
alguma coisa e assim vai aprendendo sobre o mundo que o cerca. Se este mundo for
agradável, ele guardará em sua memória os momentos e sempre que quiser pensar em
algo bom, irá lembrar destes momentos. E alguns ruins também, como a ida a um hospital
e o medo da dor. E logo mais vai querer imitar os pais. Quando ele for mais velho, vai
olhar as fotos e se lembrará dos momentos que passou. Pode até querer voltar no tempo
para reviver aqueles fatos. “Essa foto antiga (1854) me toca: simplesmente porque tenho
vontade de viver aí”(BARTHES, 1984, p.63) como ilustra o filósofo. É a única maneira
de voltar no tempo, é ver as fotos.
Elas são mais importantes que os vídeos. “Fotos podem ser mais memoráveis do
que imagem em movimento porque são uma nítida fatia do tempo, e não um
fluxo”(SONTAG, 2004, p.28). A foto é também a busca da ausência das pessoas que se
foram, tanto fisicamente como psicologicamente.

Assim como o fascínio exercido pelas fotos é um lembrete da morte, é também


um convite ao sentimentalismo. As fotos transformam o passado no objeto de
um olhar afetuoso, embaralham as distinções morais e desarmam os juízos
históricos por meio do páthos generalizado de contemplar o tempo passado.
(SONTAG, 2004, p.86)

A continuação da pesquisa sobre a busca da memória afetiva por meio da


fotografia, iremos entrevistar três fotógrafos que residem no estado da Paraíba. Com a

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seguinte metodologia: eles vão escolher três fotos que mais gostam e explicar o porquê.
Por meio de suas falas, analisaremos os seus discursos

REFERÊNCIAS

BENJAMIN, Walter, Benjamin e a obra de arte - técnica, imagem percepção.


Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

BERGER, John. Para entender uma fotografia. Organização, introdução e notas Geoff Dyer;
tradução Paulo Geiger – 1ª ed – São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

DANTAS, Heloysa. A Afetividade e a Construção do Sujeito na Psicogenética de Wallon. In:


LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias
psicogenéticas em discussão. 27ª ed. – São Paulo: Summus, 2016

DUBOIS, Phillipe. O ato fotográfico e outros ensaios. 14ª Ed; Campinas: Papirus, 2012.

FLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas. São Paulo - SP, Annablume, 2008.

_________. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia.

PORTILLO, Vanilde Gerolim. O Resgate da Memória Afetiva.2006. Disponível em:


http://www.portaldapsique.com.br/Artigos/Resgate_da_memoria_afetiva.htm. Acesso em: 18
mar 2019.

LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias


psicogenéticas em discussão. 27ª ed. – São Paulo: Summus, 2016

SALLA, Fernanda. O conceito de afetividade de Henri Wallon. 2011. Disponível em:


https://novaescola.org.br/conteudo/264/0-conceito-de-afetividade-de-henri-wallon. Acesso em
27 fev. 2019

SAMPIERE et al. Metodologia de pesquisa. 5ª.Ed. Porto Alegre-RS : Penso:2013.

SILVA, Armando. Álbum de família: a imagem de nós mesmos. São Paulo: Editora Senac São
Paulo, 2008.

SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

TÔRRES, Ligia. O instante decisivo na fotografia. Disponível em


https://www.ocasaldafoto.com/cartier-bresson-instante-decisivo-fotografia. Acesso em 28 dez.
2018.

WALLON, Henri. Do ato ao pensamento: Ensaio de psicologia comparada. 2ª.Ed. – Editora


Vozes, 2015.

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