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XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – São Luís - MA – 30/05 a 01/06/2019
RESUMO
Um dos traços mais comoventes do retrato é achar a identidade dos antepassados por meio
do álbum de família. Ele tem uma relação com o tempo, a memória e a afetividade de
quem o pertence. O objetivo desta pesquisa é propor um estudo sobre a memória afetiva
no uso da fotografia, visando não os padrões estéticos e sim o lado afetivo do momento
fotografado. De modo que, partiremos dos autores que estudaram o mundo em que as
relações humanas passaram a ser intermediadas por imagens, como Roland Barthes,
Susan Sontag, John Berger, Vilém Flusser, Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado. E
pelo viés da afetividade, vamos descrever os textos que tratam das relações entre os
aspectos cognitivos e afetivos, permitindo um aprofundamento teórico, portanto
aprofundaremos nos textos do Jean Piaget, Henri Wallon e Yves de La Taille.
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Trabalho apresentado na DT 4 – Comunicação Audiovisual do XXI Congresso de Ciências da Comunicação na
Região Nordeste, realizado de 30 de maio a 1 de junho de 2019.
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Mestrando do Curso de Comunicação, Computação e Artes do CI-UFPB, e-mail: brunovinelli@lavid.ufpb.br.
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Orientador do trabalho. Professor do Mestrando do Curso de Comunicação, Computação e Artes do CI-UFPB, e-
mail: robsonxavierufpb@gmail.com
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – São Luís - MA – 30/05 a 01/06/2019
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
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Disponível em: https://www.dicio.com.br/revelacao/. Acesso em 11 abr. 2019
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
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assim a espera para que o filme fosse revelado. Não podia editar, nem fazer correções
como são feitas no momento da revelação e assim, a empresa seguiu muito bem, mas foi
sucesso em determinados nichos.
Nesta pesquisa, que está em andamento, propomos um estudo sobre a importância
do instante decisivo, como mostrou Cartier-Bresson “Minha paixão nunca foi pela
fotografia “em si mesma”, mas pela possibilidade, ao esquecer de se mesmo, de registrar
numa fração de segundo a emoção propiciada pelo tema e a beleza da forma” (2016, p.33).
O mais importante é registrar aquele momento para ter uma lembrança afetiva em um
álbum ou nas pastas digitais. Portanto, é o que “acontece em uma fotografia quando
elementos visuais e emocionais se unem em perfeita harmonia e expressam a essência da
situação presenciada pelo fotógrafo.” (TÔRRES, 2017).
Para Dubois(2012), a foto é a prova que realmente o fato existiu. Possivelmente,
uma pessoa que não tem fotos com a família, pode parecer que ela ache que não viveu
aqueles momentos.
Uma das particularidades marcantes do retrato é encontrar a identidade dos
homens por meio do álbum de família. De acordo com o dicionário Aurélio, álbum
significa “caderno cartonado ou livro encadernado, destinado a receber desenhos,
fotografias etc.”5. Para SONTAG, “um álbum de fotos de família é, em geral, um álbum
sobre a família ampliada – e, muitas vezes, tudo que dela resta (2004, p.19). E sua grande
importância:
Por meio de fotos, cada família constrói uma crônica visual de si mesma —
um conjunto portátil de imagens que dá testemunho da sua coesão. Pouco
importam as atividades fotografadas, contanto que as fotos sejam tiradas e
estimadas. A fotografia se torna um rito da vida em família (SONTAG, 2004,
p.19)
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Disponível em: https://www.dicio.com.br/album/. Acesso em 26 fev. 2019
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Pessoal, vou fazer uma foto de cada um de vocês e depois disso vocês se
comportem e me deixem trabalhar. No momento em que essas crianças saíam
do seu grupo para se sentar diante das lentes, elas se tornavam indivíduos.
Indivíduos. Elas eram inocentes, eram puras, mas em seus olhos se podia ver
o que tinham vivido, qual tinha sido sua vida. Eu existo. (BERGER, 2017,
p.214)
No álbum de família, cada folha, mesmo amarelada como tempo, a imagem, tem
sua história. Na segunda década do século XXI, estas imagens são digitais e não
envelhecem, fisicamente, com o tempo. No entanto, elas podem ser manipuladas por
programas de edição. Alguns amantes da fotografia modificam as imagens para
parecerem antigas. Um dos motivos, prováveis, é simular uma realidade ao qual o
fotografado (ou o fotógrafo) não viveu, por exemplo, deixar a foto preto e branco e se
comparar com seu avô quando ele era criança.
MEMÓRIA AFETIVA
Em 1960, uma psicóloga americana chamada Magda B. Arnold descreveu em seu
livro “Emotion and personality” que as Memórias Afetivas são os arquivos da história da
vida emotiva de cada pessoa, não gravando apenas fatos, mas as emoções contidas a ele.
Para um bebê se desenvolver é necessário estimular seus sentidos e para que isto ocorra,
estes incentivos têm que ter uma resposta, sorrisos quando ele gosta e choro quando não
gosta. No primeiro caso nascerá um afeto, pois trará prazer e satisfação na criança. Cada
momento vai criando em seu cérebro seus gostos e suas reações, motivando sua
existência.
De acordo com Wallon (2008) colocou a afetividade como uma das características
centrais do desenvolvimento.
Quando uma mãe abre os braços para receber um bebê que dá seus primeiros
passos, expressa com gestos a intenção de acolhê-lo e ele reage caminhando
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Quando olhamos uma foto da infância, somos levados pela memória a reviver
aquelas emoções, sem pensar no quesito estético da imagem, apenas somos controlados
pelas emoções, sentimento e a paixão, inserido naquele ambiente social. Quem vê e se
emociona, é belo, é arte.
Portanto, objetivamos contribuir para a pesquisa no campo da imagem e da
tecnologia, conceitual e metodologicamente, fortalecendo, a área, nos estudos dos campos
da arte, computação e afetividade.
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Motivação
O fotógrafo tem o objetivo de registrar os momentos, não importando quais: bons
ou ruins. Seu trabalho é paralisar aquela situação e colocar a imagem impressa em um
álbum ou reportagem. Essas fotos são guardadas para quando for mostrar a alguém, que
ele tenha a mesma emoção no instante que a câmera capturou e este sentimento não
voltará mais. “A Foto é como um teatro primitivo, como um Quadro Vivo, a figuração da
face imóvel e pintada sob a qual vemos os mortos”(BARTHES, 1984, p.54). Para o
filósofo, a imagem vista, está morta, ou seja, não se repetirá, já passou.
As fotos são feitas primeiramente para registro, depois vai observar como ela foi
composta. Por exemplo, as imagens fotografadas na primeira infância de uma pessoa,
para ela, quando estiver na idade adulta, terá um valor sentimental incalculável (se tudo
ocorreu bem durante sua vida). E este valor, não é por ser esteticamente perfeita e sim
relembrar aquele momento que faz parte de sua história.
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autores como Walter Benjamin e Giorgio Agamben que escrevem sobre a obra de arte na
era da sua reprodutibilidade técnica.
Com os conceitos em mente, investigaremos a despreocupação da estética
fotográfica em razão da memória afetiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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seguinte metodologia: eles vão escolher três fotos que mais gostam e explicar o porquê.
Por meio de suas falas, analisaremos os seus discursos
REFERÊNCIAS
BERGER, John. Para entender uma fotografia. Organização, introdução e notas Geoff Dyer;
tradução Paulo Geiger – 1ª ed – São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
DUBOIS, Phillipe. O ato fotográfico e outros ensaios. 14ª Ed; Campinas: Papirus, 2012.
FLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas. São Paulo - SP, Annablume, 2008.
_________. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia.
SILVA, Armando. Álbum de família: a imagem de nós mesmos. São Paulo: Editora Senac São
Paulo, 2008.
SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.