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RESUMO: o seguinte artigo tem como objetivo retratar um breve histórico dos curtas-
metragens na história do cinema, “objetificando” sua importância como meio artístico e
comunicativo. Retratando, em seguida, a evolução cinematográfica dessas obras em sua
produção por aparelhos celulares.O curta-metragem feito com celular retratado é dissecado
em sua linguagem e uso de técnicas de cinema, mostrando onde estão presentes e como se
enquadram, indo do roteiro até a produção.É mostrado que, apesar da facilidade que a nova
tecnologia traz, é importante buscar referências e estudar a linguagem cinematográfica, para
obter maior riqueza nas obras contemporâneas.
PALAVRA-CHAVE: Curta-metragem. Celular. Linguagem cinematográfica.
INTRODUÇÃO
Além disso, seria impossível localizá-la, quer num tipo definido de instituição, quer
num aparelho do Estado. Estes recorrem a ela; utilizam-na, valorizam-na ou impõem
algumas de suas maneiras de agir. Mas ela mesma, em seus mecanismos e efeitos,
se situa num nível completamente diferente. Trata-se de alguma maneira de uma
microfísica do poder posta em jogo pelos aparelhos e instituições, mas cujo campo de
validade se coloca de algum modo entre esses grandes funcionamentos e os próprios 323
corpos com sua materialidade e suas forças. (FOUCAULT, 1975. p. 29)
É a disciplina que faz quem somos. É a escola que guia nossa personalidade. E isso
acontece porque nos respeitamos e de certo veneramos aquele que nos ensina. Ou, pelo
menos, veneravamos.
Esse nosso século nos trouxe novos cenários. De um lado, alunos cada vez mais
informados e atualizados, mas também mais mimados. Isso graças à internet, ferramenta
que nos permite aprender o que queremos, quando queremos e aonde queremos.
Não é à toa que o século XXI é marcado como era do conhecimento. (GADOTTI,
Moacir. 2012).
Não é necessário mais uma universidade para se aprender o que se quer e como se
quer. Por exemplo, Mark Zuckerberg deixou Harvard por dois anos para fundar a maior
rede social do mundo, o Facebook. Steve Jobs frequentava apenas as aulas que queria com
1 FOTOGRAFIA
A fotografia de um filme acaba por definir qual é o tom em que o enredo será filmado. 324
Diferentes ângulos e enquadramentos produzem diferentes sensações no espectador:
“A experiência de ver o filme não é apenas lazer ou experiência estética, mas uma
dimensão compreensiva do mundo.”(CABRERA, 2006, p. 17).
Quando contamos algo acontecimento alegre para algum conhecido, fazemos isso
com sorriso no rosto, entusiasmo e energia. No entanto, como demonstrar esses sentimentos
através apenas de uma câmera? (E, no caso, uma câmera de celular). Como definir o tom de
um acontecimento através apenas da iconografia cinematográfica? Em entrevista à Globo
News, Slavoj Žižek elenca que “há mais verdade na forma do que na história”. Apresentaremos
a seguir a fotografia utilizada no curta e sua representação.
1.1 PLONGÉE
1.2 TRAVELLING
2. TEMPO
O debate sobre o que é cinema vem desde que os irmãos Lumière assustaram os
franceses com a chegada de um trem e perdura até a atual pós-modernidade. Para Jean-
Claude Bernadet (1980) o cinema é a arte do real, para Marshall McLuhan (1964) o cinema,
sendo uma mídia, é uma das extensões do homem. Já para Jacques Aumont (2004), o cinema
é uma esponja. É, à primeira, vista, a afirmação mais estranha, mas um olhar aprofundado
revela a real significação desta teoria.
“Pela primeira vez na história das artes, na história da cultura, o homem descobria
um modo de registrar uma impressão do tempo. Surgia, simultaneamente, a
possibilidade de reproduzir na tela esse tempo, e de fazê-lo quantas vezes se
desejasse, de repeti-lo e retornar a ele. ” (TARKOVSKI, 1998, p. 71).
DESENVOLVIMENTO DO ROTEIRO
Essa descrição de Syd Field é planejada para longas, por conta disso, muitos
elementos ali descritos não couberam num primeiro ato de curta-metragem, já que o roteiro
do mesmo “precisa-se buscar a concisão e a síntese narrativa” (WOLFGANG, 2014).
Ato 2: Começa com a trajetória do protagonista até a faculdade, chegando lá, procura
a sala aonde está sendo realizada a prova final, ao bater na porta do destinado local, ele entra
em conflito com a professora que o atende, exigindo o direito de realizar a prova, enquanto a
docente o impede e o condena por seu atraso. Nesse momento ocorre o segundo plot point,
o universitário não consegue realizar a prova e irá reprovar na disciplina, o espectador então
toma consciência da situação do aluno.
O segundo ato é o momento de desenrolar dos conflitos e embates da trama, como
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explica Syd:
Não temos então um final propriamente, a história ainda está em andamento, mas o
que está contido no roteiro daquela trama termina na última cena, quando acaba o roteiro.
Utilizamos então esse paradigma aqui apresentado, nas palavras de um de seus
entusiastas e propagador: “O paradigma funciona. Ele é o fundamento de um bom roteiro.”
(FIELD, 2001, p. 9)
SIMBOLISMO
A MAÇÃ
É notório que o tempo para a maçã é mais rápido que no restante da narrativa, seu
processo e decomposição ocorre num ritmo acelerado, mesclando a queda de vitalidade e
apelo estético agradável do alimento com a queda dramática sofrida pelo protagonista.
Mostra-se, então, através do tempo e do totem da maçã, que o personagem está
adaptando seu tempo para consumir algo, no caso, a prova, como destaca Vieira (2007):
Podemos então, definir que a professora retratada na obra não tinha opção, ela
deveria agir conforme normas sociais, que ordenam o docente a não permitir a realização da
prova por parte do estudante.
Em outro ponto de vista, nos perguntamos sobre o papel do educador no processo
de aprendizagem do aluno, temos um ponto interessante:
Não temos como saber se o professor dava essa base de interesse para o seu aprendiz,
como parte desse processo, o estudante não é o único responsável por sua vida acadêmica.
O professor é um modelo para o aluno, um espelho (RONCAGLIO, 2004), sendo assim, a
ação irresponsável do estudante não pode ser uma consequência? Causada pela imagem
idealizada pelo mesmo de professor, com base nas atitudes do mesmo? Seria uma falta de
afeto? (importante para a relação entre os dois personagens do processo de aprendizagem)
(ARAÚJO; FRANCISCO, 2014, p. 4).
Podemos pensar que o tutor não buscava realizar por completo seu papel no ensino:
O PRAZER
O que o psicanalista nos explica é que, quando ocorre essa troca de prazer pela
realidade, com nossos deveres, tarefas e normas assumindo o lugar da diversão, do gozo e
“Os fatos que nos levaram a crer que o princípio do prazer predomina na psique
também acham expressão na hipótese de que o aparelho psíquico se empenha em
conservar a quantidade de excitação nele existente o mais baixa possível, ou ao
menos constante.“ (FREUD, 2010, p. 122)
O indivíduo, em grande parte das vezes, irá escolher algo que lhe dê sensações
prazerosas, isso é, se houver a possibilidade de escolha.
O ETERNO RETORNO
E edição do audiovisual tinha a designação linear, isso sujeita que o editor tinha
acesso ao material bruto e com as imagens separadas na ordem de utilização (CANELAS,
2010). Cada corte de take leva a próxima sequência, dando a sensação de continuidade,
ritmo acelerado e de acompanhamento do personagem em sua trajetória.
Outro efeito da edição é a imagem, as cores estão bem vivas e saturadas no primeiro
e segundo atos, demonstrando energia e animação para o enredo, porém, após o segundo
ponto de virada, a tonalidade da imagem fica fria e cinzenta, essa empalidecida visa o estado
de espírito do protagonista, derrotado, nebuloso e com um grande sofrimento interno. As
cores retornam aos seus tons mais cativantes quando ele vai jogar pebolim, mostrando que
aquela tristeza foi posta de lado.
Para a trilha sonora, a música “Escolas”, do grupo de punk-rock paulista “Garotos
Podres”, gravada em álbum no ano de 1988, reflete a sufocante vida de estudante, com suas
obrigações e total falta de lazer, dando foco na alienação sofrida pelos jovens nos centros de
suposta “educação”, e enfatizando o professor no papel de alienador do indivíduo ainda em
sua idade pueril. 334
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Mercado brasileiro de televisão. 2.ed. 192p. São Cristóvão, SE: Universidade Federal
de Sergipe/ São Paulo: Editora da PUCSP, 2004.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Trad. Lígia M. Ponde Vassalo.
Petrópolis: Vozes, 1987.
VIEIRA, Erly Jr. Algumas considerações sobre cinema e tempo nas periferias do
capitalismo flexível. Ciberlegenda, Outubro/ 2007. Disponível em < http://www.uff.br/
ciberlegenda/artigorerlyfinal.pdf > Acessado em: 18/11/2017.