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Libertação Negra no Século 21: Uma 

Reavaliação Revolucionária do 
nacionalismo negro (2010) 
“(...)os verdadeiros dirigentes revolucionários devem não só ser capazes de corrigir os erros existentes 
nas suas ideias, teorias, planos e projetos, como se disse anteriormente, mas ainda, por ocasião da 
passagem desse processo objetivo determinado de um grau a outro do seu desenvolvimento, tornar­se, 
a si próprios e a todos os demais participantes da revolução, capazes de seguir essa passagem no seu 
conhecimento subjetivo(...)” 
Mao tsé­tung­ Sobre a Prática 
 
 
Introdução 
 
Um tempo atrás, os camaradas do New African Maoist Party(NAMP) expressaram o desejo em 
reconciliar as contradições entre a linha deles e a nossa linha do New Afrikan Black Panther 
Party­Prison Chapter(NABPP­PC) sobre a questão da Libertação Nacional Negra no século 
XXI. Sobre isso, o NAMP juntamente com diversas outras organizações—incluindo a New 
Afrikan People’s Organization(NAPO), o Governo Provisório da República de Nova Afrika, o 
Maoist International Movement(MIM) e outros promoveram a tese do Black Belt(BBT­ Cinturão 
Negro) da forma que fora estabelecida pelo Comintern nos anos 20. 
Os camaradas do NAMP estão corretos em apontar que as nossas respectivas organizações 
têm uma grande contradição em termos da linha sobre esta questão. Nós, que ainda não 
concretizamos publicamente a nossa linha sobre este assunto, em contraste com a do NAMP e 
outros, então vemos que é tempo de o fazermos em uma tomada de posição formal. 
No desenvolvimento de nossa linha sobre a Questão Nacional Negra nos EUA, temos aplicado 
o método do materialismo histórico dialético e aprofundado a análise apresentada por Huey 
Newton do Partido dos Panteras Negras original. Isso significa que não nos prendemos 
dogmáticamente e idealísticamente a ideias ultrapassadas e formulações que não mais se 
encaixam na situação atual. Ao invés disso, baseamos nossa análise no estudo das condições 
concretas no contexto do seu desenvolvimento histórico real, percebendo que tudo está em um 
estado de movimento e desenvolvimento de um menor para um maior nível, e que as idéias 
corretas se desenvolvem na luta e contradição com as incorretas. 
 
A Tese do Black Belt e a nova configurações de classe da Nova Nação Afrikana 
 
 
A tese do Black Belt(BBT) foi desenvolvida nos Estados Unidos pelo “Bolchevique negro” 
americano, Harry Haywood, em sua “Resolução do Comintern sobre a questão negra”, em 
1928 e 1930, que foi adotada pelo Comintern e pelo CPUSA com apoio de V.I. Lenin. Sustenta 
a ideia que os negros na Amerika(Novo Afrikanos­New Afrikans) constituem uma nação dentro 
do território dos Estados Unidos, e que deveríamos estabelecer nossa própria soberania 
nacional territorial no Alabama, Mississipi, Georgia, Louisiana e Carolina do Sul(o “Black Belt”, 
também conhecido como o “Cinturão do Algodão”­cotton belt). Os Estados foram escolhidos 
porque nos escravizaram neles e nos desenvolvemos e evoluímos como um grupo nacional e 
“colônia interna” onde os negros formavam a maioria. Os principais fatores que sustentavam a 
BBT foram econômicos e demográficos que existiam na década de 1920, mas já não existem 
hoje. 
Ninguém, de forma sensata, pode negar que o povo negro foi moldado em uma “nação dentro 
de uma nação” por causa de sua perda da identidade nacional africana sob a escravidão e a 
exclusão da nação amerikana branca sob as condições da segregação das leis de “Jim Crow”. 
E nem se pode negar que esta nação está ligada à sua origem africana e definida pelo valor 
imposto  de que uma gota de sangue africano faz com que você seja deixado de lado do 
“caldeirão cultural” da sociedade branca dos Estados Unidos. 
Mas onde se quebra a tese do Black Belt é que a nossa situação atual não se encaixa na 
definição usada pelo Comintern nos anos 20. A realidade é mais complexa hoje. 
Na época que a BBT foi desenvolvido, os negros no "Black Belt" eram uma nação 
predominantemente camponesa (arrendatários) ligada à produção de algodão. Esta condição 
também foi compartilhada por muitos brancos pobres e alguns índios e mestiços. A BBT foi 
baseada na análise do Camarada Stalin sobre a Questão Nacional como sendo 
essencialmente uma questão camponesa. Diferente da análise apresentada por Lenin, e mais 
plenamente desenvolvida por Mao, a análise de Stalin limitava a questão nacional para, 
essencialmente, a luta de uma classe camponesa pela terra em que eles trabalhavam 
geograficamente, definido por terem uma língua comum, história, cultura e vida econômica 
juntos. Daí as bandeiras de “Por terra livre!”, “Terra para quem nela trabalha!”. 
De fato, TODAS as lutas de libertação nacional do século XX ocorreram em sociedades 
predominantemente camponesas em oposição à dominação colonial ou neocolonial e a 
opressão de classe feudal ou semifeudal. Hoje, no entanto, a população negra dentro dos EUA 
já não é um campesinato rural. É predominantemente uma nação proletária (escravos 
assalariados), dispersa  em todos os EUA e concentrando­se em torno de centros urbanos em 
comunidades oprimidas predominantemente negras ou multi­étnicas. 
A tendência desde a Segunda Guerra Mundial tem sido no sentido de migração para longe do 
"Black Belt"  do Sul e do rural para o cenário urbano (mesmo dentro do Sul). Confira esse 
excerto de “1001 facts on Black History”: 
 
“Afro­americanos continuaram a migrar para o norte e para as cidades após a Primeira Guerra Mundial, 
em 1918. Na verdade, a migração aumentou durante a década de 1920 quando mais um milhão de 
afro­americanos do sul pegaram suas malas e deixaram as condições de vida do sul. A migração 
aumentou nos anos 30 com a Administração para o ajuste agrícola(AAA) de 1933 forçando mais e mais 
a migrarem assim que a AAA pagou agricultores brancos do Sul a não produzirem cultivos e fosse 
lucrativo dispensar arrendatários negros. Avanços tecnológicos como tais como a máquina colhedora de 
algodão garantiu um grande número de trabalhadores rurais não especializados, se tornassem obsoletos 
na agricultura sulista. Então, quando a II Guerra Mundial começou, uma migração negra em massa 
explodiu e algo próximo a 5 milhões de afro­americanos deixaram o Sul para o Norte de 1940 a 
1960…[Essa] Segunda Migração  criou enormes guetos em todas as grandes cidades americanas. Ao 
passo que, em 1890, perto de 90% dos afro­americanos viviam no Sul, em 1960 apenas 50 por cento 
dos afro­americanos ainda residia lá. Além disso, o movimento para o Norte também foi um movimento 
para a vida urbana, em vez da rural. Por volta de 1990, cerca de 84% dos afro­americanos viviam em 
áreas urbanas, tornando “afro­americano” e “urbano” quase sinônimos na América moderna.” 
 
Portanto, sem necessidade de prosseguir uma luta para alcançar um estado­nação Novo 
Afrikano, conseguimos os resultados históricos da democracia burguesa, pelo menos na 
medida em que nos transformamos de um camponês a um grupo nacional predominantemente 
proletário através da "Grande Migração". 
É claro que a revolução democrática liberal Amerikana iniciada em 1776, que foi continuada 
pela Guerra Civil (1861­1865), permanece inacabada—em particular na medida que as 
pessoas negras são afetadas. As formas pré­capitalistas de exploração continuam existindo, 
como a "condição de escravo" de prisioneiros norte­amerikanos, a tortura institucionalizada, o 
"linchamento" legalizado como contido na pena de morte racista, e todas as manifestações de 
racismo, sexismo e discriminação que impedem que todos desfrutem da "vida, liberdade e 
busca da felicidade" prometidos pela democracia liberal. 
Para completar a revolução democrática liberal e avançar para a reconstrução socialista, o 
proletariado deve liderar a luta que é sufocada pela burguesia cada vez mais antidemocrática, 
fascista e reacionária. A burguesia não é mais capaz de desempenhar um papel progressista 
na história. 
 
As vantagens revolucionárias do nosso caráter nacional proletário 
O fato de nós, Novo Afrikanos, sermos agora predominantemente uma nação proletária—e 
uma sem possuir um território nacional—é uma vantagem à causa da contrução de uma 
América multi­étnica, multirracial e socialista. Na verdade isso nos joga o papel de 
desempenhar um papel de vanguarda em liderar toda a classe operária e as amplas massas 
em derrubar o sistema capitalista­imperialista e alcançar a justiça social para todos. 
Esta concepção do nosso papel histórico corresponde com as linhas de Lenin e Mao sobre a 
questão nacional que contrastam com Stalin e a continuação dogmática da BBT. Lenin e Mao 
viam a questão nacional primariamente como uma questão de construir as fileiras da revolução 
proletária para derrubar o sistema imperialista. De fato, em todos seus escritos sobre a 
Libertação Negra nos Estados Unidos, Mao fala constantemente sobre fundir a luta de 
libertação negra com a luta revolucionária do proletariado nos EUA Ele não menciona a 
questão da terra nenhuma vez. Em​  A New Storm Against Imperialism(​ 16 de Abril, 1968), ele 
afirmou: 
 
"A discriminação racial nos Estados Unidos é um produto do sistema colonialista e imperialista. A 
contradição entre as massas negras nos Estados Unidos e os círculos dirigentes dos EUA é uma 
contradição de classe. Só por derrubar o domínio reacionário da classe capitalista monopolista dos 
Estados Unidos e destruir o sistema colonialista e imperialista pode o povo negro nos Estados Unidos 
ganhar sua emancipação completa. As massas negras e as massas dos brancos trabalhadores nos 
Estados Unidos possuem interesses e objetivos comum a lutarem em conjunto. 
Portanto, a luta afro­americana está ganhando simpatia e apoio de um número crescente de 
trabalhadores e progressistas brancos nos Estados Unidos. A luta do povo negro nos Estados Unidos 
está fadada a fundir­se com o movimento dos trabalhadores americanos, e isso eventualmente irá 
acabar com o domínio criminoso da classe capitalista monopolista norte­americana." 
 
Em seu artigo de 8 de Agosto de 1963, ​ Oppose Racial Discrimination by US Imperialism,​  a 
ênfase de Mao é na discriminação racial, e não “Terra livre!”. Ele enxerga a Libertação Negra 
como forma de impulsionar a Frente Única Contra o Capitalismo­Imperialismo e puxando os 
trabalhadores brancos e outros estratos para a revolução socialista nos EUA. A questão não é 
a integração contra a separação, mas a revolução. 
Mesmo Malcolm X veio a abraçar esta posição. Na verdade, todo líder negro popular, 
independente que veio a sustentar essa posição e ativamente avançar,foi prontamente 
assassinado. Por quê? Porque nem separação, nem integração ameaça o sistema 
imperialista—a revolução socialista sim! 
 
Separação, Integração ou Revolução? 
Por exemplo o Irmão Malcolm; em seus estágios iniciais de desenvolvimento político, promoveu 
o separatismo negro. Com base em sua observação de lutas de independência em todo o 
Terceiro Mundo predominantemente camponês, dos anos 1950 e início dos anos 1960, ele 
adotou a visão de que a revolução era sobre a terra, e ele abraçou o slogan “terra livre!", que 
elaborou em seu discurso de “Message to the Grassroots” dado em 1963. No entanto, no dia 6 
de Abril de 1964, em um discurso dado no Harlem, ele expressivamente rejeitou tanto o 
separatismo negro quanto a integração, em prol de uma mudança revolucionária na América 
como um todo. Ele afirmou: 
 
"Nós temos que ter em mente em todas as vezes que ​nós não estamos lutando para a integração, nem 
estamos lutando pela separação. ​
Estamos lutando por reconhecimento ... para o direito de viver como 
seres humanos livres nesta sociedade "[grifo meu] 
 
Malcolm cada vez mais veio a identificar o capitalismo e o imperialismo como o principal 
inimigo— abraçando a necessidade do povo afrikano em todo o mundo a consolidar suas lutas 
em um movimento pan­africanista unido, e para os negros na Amerika em se unirem em uma 
luta comum com todos os “que não fossem”, independentemente da sua cor de pele, contra os 
exploradores comuns que tentam dividir todos e jogar­nos uns contra os outros. Foi nesta fase 
crucial do seu desenvolvimento como um revolucionário que ele foi silenciado com uma bala. 
Uns meses antes de seu assassinato, Malcolm X criticou suas visões antigas sobre o 
Nacionalismo Negro separatista, descobrindo que: 
 
"Eu estava alienando aqueles que eram verdadeiros revolucionários dedicados a derrubar o sistema de 
exploração que existe nesta terra por qualquer meio necessário .... Eu tive muito a pensar e reavaliar a 
minha definição de nacionalismo negro. Podemos resumir a solução para os problemas enfrentados pelo 
nosso povo como o nacionalismo negro? E se notar, eu não tenho usado essa expressão fazem vários 
meses. Mas eu ainda seria duramente pressionado para dar uma definição específica da filosofia geral 
que eu acho que é necessária para a libertação dos negros neste país.” 
 
No polo oposto, o Dr Martin Luther King— que inicialmente era pro­integração e 
pro­capitalista— também veio a identificar o capitalismo e o imperialismo como o inimigo 
principal, expressivamente rejeitando a integração e de maneira privada, promovendo uma 
revolução socialista na Amerika como o caminho a se avançar. Ele declarou em Novembro de 
1967: “Algo está errado no capitalismo tal como está aqui nos EUA Nós não estamos 
interessados em ser integrados nesta estrutura de valor." Durante o final de 1967 e 1968, 
pouco antes de seu assassinato, King repetidamente promoveu o socialismo dentro de seu 
círculo interno, mas ele se recusou a tomar essa posição publicamente por medo de ser 
assassinado pelo governo. Mas suas declarações particulares, a oposição pública à guerras 
imperialistas dos Estados Unidos, e apoio aos direitos dos pobres e às greves operárias foram 
suficientes para a classe dominante imperialista marcá­lo para a morte. 
George Jackson, visando o mesmo caminho e chegando às mesmas conclusões de forma mais 
desenvolvida, foi, da mesma forma, abatido por uma bala assassina. Ele observou: 
 
“Não é coincidência que Malcolm X e M.L. King morreram quando morreram. Malcolm X tinha acabado 
de reunir tudo… Você se lembra o que estava em seus lábios quando ele morreu, Vietnã e economia, 
economia política. Os assassinos profissionais, poderia term assassinado ele muito antes de quando 
fizeram. Eles permitiram Malcolm esbravejar sobre nacionalismo islâmico por muitos anos porque sabiam 
que era um ideal vazio, mas no segundo que ele colocou seus pés no chão, eles o assassinaram.” 
 
Apesar das posições declaradamente revolucionárias de Malcolm X e mesmo de King que a a 
libertação dos Novo Afrikanos não está nem na assimilação (acomodação), nem separação 
(fugir), mas em mudar fundamentalmente a sociedade Amerikana como um todo, para que 
possamos viver como um povo livre aqui, o Movimento Negro, e aqueles que supostamente 
visam liderá­lo, se mantiveram num impasse entre essas duas posições menos que 
revolucionárias. O Black Panthers Party original foi uma exceção notável. 
Os Panteras reconheceram que a Nova Nação Afrikana não poderia nem efetivamente se 
separar e nem se integrar à Amerika capitalista­imperialista e supremacista branca. O 
Neocolonialismo impossibilita a primeira e a opressão nacional racista impossibilita a segunda. 
Nosso caminho para a libertação—que mesmo os Panteras encontraram algumas dificuldades 
em articular de forma consistente— é derrubar o Imperialismo dos EUA e desempenhar um 
papel de liderança na revolução proletária mundial e reconstrução socialista. Nós devemos ser 
a ponta de lança e reunir todos os que tenham contradições com o Imperialismo, a se unirem 
conosco. 
Huey P. Newton e Bobby Seale, que eram fortemente influenciados por Malcolm X, estavam 
organizando nessa direção, ao implementar o Programa de 10 pontos do Black Panthers Partty 
e o Serve the People, programas de sobrevivência enquanto levavam a cabo agitação 
revolucionária, educação e a organização política para construir o poder popular baseado nas 
comunidades. Huey via que os negros eram uma nação oprimida dentro da Amerika, mas suas 
ideias sobre como traçar nosso caminho para a libertação tomou um salto qualitativo quando 
ele visitou e percorreu a China revolucionária de Mao. Lá ele descobriu que numerosas 
minorias raciais e étnicas tinham atingido verdadeira libertação dentro do Estado socialista da 
China, sem separar ou integrar no sentido clássico. 
O que Huey observou na China lhe deu um modelo para organizar o povo negro para se tornar 
autossuficiente nas comunidades urbanas muito onde estavam concentrados na preparação 
para a revolução nos EUA. A implementação do BPP dessas ideias rapidamente deu ao partido 
o rótulo de “Maior ameaça para a segurança do Imperialismo”, e o governo dos EUA 
concentrou suas forças em uma campanha total para destruir os Panteras. Aqui está o que 
Huey encontrou na China que inspirou os programas de sobreviência Serve the People dos 
Panteras e iluminou suas ideias sobre a Libertação Negra na Amerika: 
 
“Eu vi, com meus próprios olhos, como podemos começar a reduzir o tipo de conflitos que estamos 
tendo[na Amerika]. Eu vi um exemplo disso na China… o que eu vi foi o seguinte: quando eu fui para lá, 
eu estava muito não esclarecido e eu achava que sabia algo sobre a China. Eu pensava, como tanto já 
foi dito, que a China seria um tipo homogêneo de território étnico/racial. Então eu descobri que 50% do 
território chinês é ocupado por uma população de 54% de minorias nacionais, grandes minorias étnicas. 
Eles falam idiomas diferentes, eles parecem muito diferentes, e comem comidas diferentes. Ainda assim, 
não há nenhum conflito. Eu observei um dia que cada região—podemos chamá­las de cidades— é 
realmente controladas por essas minorias étnicas, mas elas ainda são chinesas… Estou falando de uma 
condição geral na China, onde as minorias étnicas que eu observei, controlam todas suas regiões. Elas 
possuem o direito de ter representação no Partido Comunista Chinês. Ao mesmo tempo, eles têm seus 
próprios princípios ... As cidades deste país poderiam ser organizadas desse modo, com o controle da 
comunidade. Ao mesmo tempo, não o controle negro de modo que brancos não pudessem entrar, 
nenhum chinês pode entrar. Eu estou dizendo que haveria democracia no interior da cidade. A 
administração deve refletir os povos que ali vivem ". 
 
Enquanto Huey provou ser menos do que apto a vincular, organizar e liderar uma frente única 
antiimperialista multirracial na Amerika, Fred Hampton, o líder do BPP em Chicago, com 
sucesso formou uma coalizão revolucionária de brancos pobres(Rising Up Angry e o Young 
Patriot Party), Portorriquenhos(Young Lords Organization), Mexicanos(Brown Berets) e 
diversos grupos estudantes conhecidos como a “Rainbow Coalition”. Ele estava sendo 
considerado a ser promovido para a liderança nacional quando ele foi assassinado em sua 
cama pelo FBI e pela Polícia de Chicaco em um assassinato planejado. 
Ao redor do país, os Panteras Negras inspiraram e forjaram alianças com diversos grupos 
étnicos incluindo o White Panther Party, I Wor Kuen(Chineses), Ang Katipunan(Filipinos), o 
American IndianMovement, e vários outros. Isso estava pavimentando o caminho para uma 
frente única revolucionária contra o Imperialismo enraizado nas comunidades oprimidas. 
O NABPP­PC também acha relevante o conceito teórico de “Intercomunalismo Revolucionário”, 
que reconhece que os Estados Unidos não mais se encaixam na definição clássica de um 
Estado­nação e nem os países sob seu domínio neocolonial. Usando a “diplomacia do Dólar”, 
juntamente com operações encobertas e invasões definitivas, os EUA se impôs com sucesso 
contra todas as ex­colônias européias e derrubando os governos de orientação socialista 
levado ao poder por lutas de libertação nacional no Terceiro Mundo. Isso pavimentou o 
caminho para que os Estados Unidos se tornassem a única superpotência Imperialista do 
mundo. A consolidação da Amerika como uma potência global desde o colapso da União 
Soviética e da interdependência econômica cada vez mais globalizada dá maior credibilidade à 
teoria da do camarada Newton do "Intercomunalismo," mas nós abraçamos esta teoria 
condicionalmente, reconhecendo que os Estados­nação ainda existem no sentido geopolítico 
sob várias instalações políticas e militares de “Intercomunalismo reacionário”, ainda que eles 
existam dentro de um sistema de posições relativamente dominantes e subservientes com os 
Estados Unidos na posição de “potência principal”. As correntes do nacionalismo burguês ainda 
ligam as forças produtivas das diferentes nações em algum grau, a partir dos quais a revolução 
socialista mundial proletária irá libertá­los, criando as condições para o "intercomunalismo 
revolucionário." 
 
Reavaliando a questão da Libertação Nacional 
 
Como todas as lutas de libertação nacional no século 20 demonstrou, genuína libertação 
nacional e autodeterminação têm sido inatingível. Em toda ocasião, os capitalistas­imperialistas 
criaram e apelaram para os aspirantes elementos burgueses e pequeno­burgueses nativos 
dentro dos grupos nacionais oprimidos e usaram esses fantoches para descarrilar a lutas de 
libertação de seu próprio povo. Eles usaram a "diplomacia do dólar" para forjar laços 
neo­coloniais sobre essas novas repúblicas. 
Através de seus traços neocoloniais, os blocos surgindo, socialistas e do terceiro mundo não 
alinhado, foram enfraquecidos e derrubados(varrendo os lavradores para fora de sua terra) e 
seus recursos naturais e forças produtivas trazidos para a dominação imperialista dos 
EUA(com outras potências imperialistas pegando uma parte). Nesse mundo da hegemonia do 
Imperialismo dos EUA, qualquer luta Nova Afrikana por independência—dentro das linhas da 
BBT— sofreria o mesmo destino. Mesmo se conseguíssemos nos reconstituir como uma nação 
territorial no "Black Belt",só iríamos nos juntar às fileiras das nações do Terceiro Mundo 
dominadas pelo Imperialismo; e com os Estados Unidos às nossas fronteiras. 
Em uma época onde poucos dentro das lutas de Libertação Nacional do Terceiro Mundo, 
previam o perigo do neocolonialismo americano, Amilcar Cabral fez uma advertência para 
outros líderes de movimentos de libertação nacional anti­coloniais no Terceiro Mundo. Ele 
questionou se os movimentos de libertação nacional todos nasceram da determinação dos 
povos coloniais para ser livres ou se eram também, em certa medida instigados pelo 
imperialismo para criar e "libertar" a burguesia do Terceiro Mundo e aspirantes forças 
pequeno­burguesas para servirem como agentes imperialistas e "testas de ferro" para impedir e 
combater o crescimento do socialismo mundial e criar uma hegemonia imperialista global dos 
EUA. Poucos deram ouvidos a suas palavras—na época e hoje. Aqui fala Cabral: 
 
"Em Guiné Bissau, como em outros países, a implementação do imperialismo pela força e pela presença 
do sistema colonial alterou consideravelmente as condições históricas e fez surgir uma resposta— a luta 
de libertação nacional— que é geralmente considerada uma tendência revolucionária; mas isso é uma 
coisa que eu acho que necessita um estudo maior. Eu gostaria de formular essa pergunta: o movimento 
de libertação nacional é algo que simplesmente surgiu de dentro do nosso país, é um resultado das 
contradições internas criadas pela presença do colonialismo, ou existem fatores externos que a 
determinaram? Na verdade eu mesmo iria tão longe a perguntar se, dado o avanço do socialismo no 
mundo, o movimento de libertação nacional não seria fruto de uma iniciativa imperialista. É a instituição 
jurídica que serve como referência para o direito de todos os povos que lutam para libertar­se de um 
produto dos povos que estão tentando libertar­se? Foi criada pelos países socialistas que são nossos 
associados históricos? Não nos esqueçamos que foram os países imperialistas que reconheceram o 
direito de todos os povos à independência nacional ". 
Cabral seguiu para apontar a contradição inerente nos imperialistas “promovendo” a 
independência nacional do Terceiro Mundo se de fato tais lutas eram uma ameaça ao 
Imperialismo: 
 
“É aí que pensamos que tem algo errado com a simples interpretação do movimento de libertação 
nacional como uma tendência revolucionária. O objetivo dos países imperialistas era de evitar a 
ampliação do campo socialista, para libertar as forças reacionárias em nossos países que foram 
reprimidas pelo colonialismo, e de permitir que essas forças se aliassem com a burguesia internacional. 
O objetivo fundamental foi criar uma burguesia onde ela não existia, especificamente para fortalecer o 
campo imperialista e capitalista.” 
 
Cabral desobriu que “o que realmente nos interessa aqui é o neocolonialismo”, onde ele 
observou que havia uma nova etapa do Imperialismo elaborado após a Segunda Guerra 
Mundial para substituir o antigo sistema colonial, ao “conceder independência aos países 
ocupados, mais ‘ajuda”. 
Testemunhando as falsas promessas de “libertação nacional”, Cabral reconheceu que para ser 
genuinamente revolucionária e “libertadora” as lutas por independência nacional teriam que ser 
vinculadas à luta do proletariado internacional. Ele concluiu: 
 
 
“... o Imperialismo é bastante preparado para mudar tanto seus homens quanto suas táticas a fim de se 
perpetuar no poder. Irá construir e destruir Estados, e como já vimos, assassinar seus próprios fantoches 
quando estes não mais servirem para seus propósitos. Se necessário, poderá até criar um tipo de 
socialismo, onde as pessoas em breve poderiam começar a chamar de ‘neosocialismo’. Se havia alguma 
dúvida sobre as relações próximas entre a nossa luta[por libertação nacional] e a luta do movimento 
operário internacional, o neocolonialismo provou que não são mais necessárias essas dúvidas” 
 
Mesmo os Imperialistas nos EUA admitiram usar tais “novas táticas” do neocolonialismo, da 
forma que Cabral observou ao apoiar os diversos movimentos de libertação nacional na Afrika 
e Ásia. Nas palavras do Vice Presidente Richard Nixon em seu retorno de uma viagem em 
1957 na Afrika: 
 
“Os interesses americanos no futuro são tão grandes quanto nos justifica em não hesitar mesmo a apoiar 
a saída das potências coloniais da África. Se podemos ganhar a opinião nativa nesse processo, o futuro 
da America na Áfrika será assegurado.” Citação de Dirty Works 2: The CIA in Africa 
 
De acordo com essa declaração do Conselho de Segurança Nacional dos EUA: 
 
“Devemos reconhecer, embora não possamos dizer isso publicamente, que precisamos dos homens 
mais fortes da África do nosso lado. É importante compreender que a maior parte da África em breve 
será independente… Já que devemos ter os homens mais fortes da África talvez devemos desenvolver 
em alguns casos um fortalecimento dos militares como uma compensação para o desenvolvimento 
comunista dos sindicatos." Citação de um relato da reunião do NSC de 14 de Janeiro de 1960. 
 
Então, evidentemente o governo dos EUA foi a favor em tirar seus rivais europeus e seus 
governos coloniais da Áfrika ao apoiar as lutas de libertação nacional afrikanas, ao apoiar ou 
colocar fantoches nativos na liderança desses movimentos anticoloniais. Ao fazê­lo: 
 
“O palco estava montado para a transição para o neocolonialismo: independência política formal dos 
países africanos, mas a continuação da dominação econômica do Imperialismo, com controle político do 
Imperialismo exercido indiretamente através dos governos burocráticos mais ou menos subservientes ao 
Imperialismo, e controle militar exercidos indiretamente através da conivência entre potências 
imperialistas e as hierarquias militares/policiais africanas” Daniel Fogel, Africa in Struggle: National 
Liberation and Proletarian Revolution​ , ​
(ISM Press: CA, 1982, p.116). 
 
A “Libertação” Nacional, portanto, se provou vazia de conteúdo para os povos oprimidos do 
Terceiro Mundo, na ausência de uma derrota do imperialismo, tal como seria em uma luta pela 
"libertação" New Afrikan nacional no território dos Estados Unidos do sul, na ausência da 
derrota do imperialismo. 
Ademais, qualquer luta quase que certamente se degeneraria em uma guerra étnica 
patrocinada pelo Imperialismo, similar ao que ocorreu no conflito de Kosovo(1998­1999) e 
atualmente no Sudão. Em qualquer dessas lutas, os negros estariam decididamente em 
desvantagem—veja nossa impotência em face da crise do furacão Katrina e na aplicação da 
Lei Marcial em Louisiana e Mississipi(ambos Estados do Black Belt). E nessa crise, nós não 
tivemos de lidar com brancos raivosos e desesperados lutando para manter suas terras e 
casas.Ou nossos defensores da BBT esperam que os brancos no "Black Belt" passivamente 
concedam o território e vão embora? Ou eles acham que nós simplesmente iremos pegar os 
imperialistas pela garganta e exigir que eles nos deem cinco Estados, façam todos os ajustes e 
em seguida nos deixem continuar o show sem nenhuma interferência? 
E quanto aos proletários brancos que vivem no Black Belt? Que arriscariam nisso? Ou nós 
iríamos querer levá­los para se armarem com os reacionários se opondo a nós? Tal plano 
apenas dividiria o proletariado em linhas raciais, os jogaria uns com os outros e daria aos 
imperialistas a chance de jogar o jogo de “Dividir e dominar” ao estilo de “Willie Lynch”. 
Mais além, nossa migração de volta para o Black Belt seria como pular da frigideira para o 
fogo. Como sobreviveríamos à economia já pobre do Sul rural? “Retornar para a terra” pode 
parecer romântico, mas tentar construir uma vida do solo empobrecido do Sul era um beco sem 
saída que causou a "Grande Migração" em primeiro lugar. 
E que perda que seria para o proletariado internacional, se nós desistíssemos de nossas 
posições estratégicas dentro dos centros urbanos pela Amerika. Claro que deve ser feito 
trabalho revolucionário entre os povos do Sul do Black Belt(incluindo os brancos pobres e 
outros) da mesma forma, como parte da construção do movimento revolucionário para derrubar 
o capitalismo­imperialismo. 
Os Panteras Negras não promoveram um êxodo em massa dos Novo Afrikanos de volta para o 
Black Belt, ao invés disso eles corretamente olharam para a autodeterminação dos Novo 
Afrikanos logo nos centros urbanos em que o povo negro estava concentrado. De fato não até 
o livro de Harry Haywood “Black Bolchevik” ser publicado em 1978, que a BBT foi revivida entre 
o Novo Movimento Comunista dos EUA. O nome “New Afrikan” foi adotado por uma convenção 
de 500 líderes nacionalistas negros em Detroit em Março de 1968 em uma conferência do 
governo Negro. 
Como proletários, nossa relações com a produção e a economia mundial nos tornam “novos” e 
diferente do campesinato do terceiro mundo e de nossos ancestrais do Sul. E mesmo se 
quiséssemos voltar, seria um passo regressivo—​ e duvidamos que seja isso que as massas 
negras querem. 
 
A questão nacional não está terminada 
 
Ao apontar que nossa mudança de campesinato para proletariado e de rural para urbano 
fundamentalmente mudou a questão nacional para os Novo Afrikanos, esperamos que algumas 
críticas nos acusem de termos “liquidado” com a questão nacional. Para aqueles que 
dogmaticamente aplicam a análise de Stalin, o problema é “Como podemos ser uma nação 
sem uma base agrária?” 
Reiteramos que a questão é um pouco maior e mais complexa do que isso. 
Se olharmos para a Nação New Afrikan como sendo parte de uma Nação Pan­africana maior, 
incluindo os povos da Afrika e da Diáspora Afrikana(como Malcolm X fez), e essa luta de 
libertação no contexto da revolução socialista proletária mundial, então devemos ver a questão 
de forma um pouco diferente. Então podemos também ver nossa luta dentro do contexto de 
uma futura Amerika socialista que seria multi­étnica e uma forte aliada dos povos oprimidos 
internacionalmente. 
O proletariado fundamentalmente não possuí pátria e visa criar um mundo sem fronteiras e 
estados­nações. Então para o proletariado, a luta de libertação nacional não é um fim em si 
mas uma etapa para seguir para o caminho do comunismo mundial. É um trampolim para uma 
maior unidade e o fim de toda a opressão. 
Existem muitos camaradas brancos(comunistas, socialistas, anarquistas, radicais e 
progressistas)  que estão comprometidos a apoiar a libertação negra porque serve à causa de 
libertar toda a humanidade do Imperialismo e exploração, e por fortalecer o movimento 
operário. A causa de unir a luta de libertação negra com a luta de classes do proletariado é um 
passo para a libertação total da humanidade e do mundo inteiro tornando­se um só povo. 
Assim como o Proletariado procura se abolir enquanto uma classe ao abolir todas as classes, 
devemos buscar nos abolir enquanto nação ao abolir todas as nações—todas as divisões 
nacionais e toda opressão nacional. Mas isso deve começar ao nos libertar enquanto nação 
das correntes do colonialismo, neocolonialismo e imperialismo. Da mesma forma que o 
proletariado deve se insurgir enquanto classe e “usar a arma para derrubar a arma”(o que é o 
Estado senão um corpo armado de homens e mulheres armados?), nós criamos estados­nação 
apenas para torná­los obsoletos e permitir­lhes a desaparecer quando eles não forem mais 
necessários. A natureza transitória dos Estados­nação sob o socialismo é clara. 
 
Comparando a opressão nacional com a racial 
Nós apenas podemos falar da libertação nacional Nova Afrikana porque sofremos de opressão 
nacional. Opressão nacional é vinculada mas não é a mesma que a opressão racial. O povo do 
Haiti sofre não apenas de opressão nacional como cidadãos do terceiro mundo mas também 
opressão racial porque são negros. A Islândia é uma pequena ilha­nação também, mas se uma 
família islandesa emigrar para os EUA, eles serão aceitos como brancos. Se uma família 
haitiana se mudar para cá, eles encararão a opressão racial. Todos os “povos de cor”, de uma 
forma ou outra sofrem opressão racista devido à institucionalização da Supremacia Branca. 

A familia haitiana sofrerá opressão e discriminação nos EUA porque são imigrantes, negros e 
porque não são brancos. Uma família coreana terá que enfrentar a primeira e a última mas não 
a opressão e discriminação específica apontada para os negros(New Afrikans na Amerika). 
Essa opressão é enraizada na história da escravidão(não apenas no Sul do Black Belt) e 
colonialismo que gerou a mentalidade branca racista. 

Ao passo que na Amerika, a opressão dos povos indígenas é um pouco diferente. Povos com 
características Indígenas sofrem de opressão nacional e também indianos com características 
de pele branca ou negra. Indios negros são também oprimidos como Novo Afrikanos. Índios de 
pele clara(se são identificados pelas suas vestimentas) a insultos raciais e discriminação, mas 
esta é realmente a opressão nacional. Há uma diferença entre "índios brancos" e "pessoas 
brancas" na Amerika, mas a diferença é nacional e não racial. 

Dentro das nações indígenas existem divisões entre “sangues” e aqueles que são percebidos 
como “Indíos negros” e “”Índios brancos(ou majoritariamente brancos)”. Essas 
contradições(que podem ser antagônicas) entre “vermelhos”, “branco” e “negro”, membros de 
uma mesma nação indígenas oprimida são reflexo da cultura do racismo que permeia a 
sociedade amerikana( um Estado colonial colonizador) e se projeta através do mundo. 

Nós não(como muitos nacionalistas negros fazem) confundimos raça com nacionalidade. 
Nacionalidade não se limita a raça. Alguém pode mudar sua nacionalidade. Pode também ter 
duas ou múltiplas nacionalidade. Alguém pode ser portorriquenho e um new afrikan(e também 
um índio Taino). Uma pessoa pode ser um palestino, um árabe e um New Yorker, tudo ao 
mesmo tempo. A identidade nacional é uma questão complexa. 

Alguns New Afrikans não se identificam primariamente como amerikanos? O que Obama está 
tentando vender a nós? Mas olhe para qualquer prisão e o que você verá? Vejam as 
estatísticas de pobreza, mortalidade infantil, fome, desemprego e mortes violentas. Essas 
coisas contam uma história diferente, uma história de opressão nacional e de classe 
continuada(e intensificada) contra as massas negras nos Estados Unidos. 

Anteriormente eu escrevi: 

“Como revolucionários nacionalistas Novo Afrikanos, percebemos que há uma contradição entre raça e 
nacionalismo, e, além disso, que não há nação composta de uma única raça. Todas as nações 
existentes, como as nações indígenas aqui na North Amerika, incluem brancos e mestiços, mesmo que 
não haja contradições. Foram as políticas do colonialismo branco criado pela classe dominante que 
produziu estas contradições, e de fato a  nação New Afrikan. Neste sentido, podemos dizer a todos os 
povos de herança afrikana, independentemente do tom de pele, são parte de uma única Nação Novo 
Afrikana, uma nação pan­afrikana. De fato, a maior parte dos negros na Amerika possuem ‘sangue 
misturado; misturado com linhagens brancas e/ou indígenas’. 

Portanto nós estamos indo além do dogmatismo branco e negro, e vemos que os Americanos Nativos 
sempre fizeram isso ao adotar qualquer pessoa de qualquer ‘raça’ em suas nações que abraçam e 
respeitam sua herança e cultura. Todas as nações não­chauvinistas fizeram isso. Também aceitamos 
que as nacionalidades podem sobrepor­se e não são apenas uma situação unilateral. Pessoas de todo o 
mundo abraçam várias nacionalidades, e da mesma forma podem os Novo Afrikanos. Uma pessoa pode 
ser um venezuelano e um Novo Afrikan, ou um Lenape e uma Nova Afrikan, etc. Esse conceito se torna 
internacionalismo revolucionário prático que todas as nacionalidades lutam tanto por autodeterminação e 
a união de uma cooperação multinacional e antiimperialista. 

Do nosso ponto de vista, a questão chave é construir alianças entre as nações oprimidas[e 
nacionalidade] dentro dos EUA e o proletariado multinacional”  Kevin “Rashid” Johnson, On the 
Questions of Race and Racism, Revolutionary National Liberation, and Building the United Front Against 
Imperialism, 2007  U.S. Revolution as an Advance Towards Global Communism 

O sucesso da revolução socialista nos EUA iria “quebrar a espinha dorsal” do imperialismo 
global e criar as condições para uma revolução bem­sucedida em todo outro país. Isso 
eventualmente irá criar as condições para uma ditadura do proletariado global e mover a luta 
para a renderização dos Estados­Nação obsoletos. Qual será então a necessidade de 
fronteiras nacionais ou militares? 

Não poderíamos, em seguida, avançar para a sociedade sem classes em um ritmo acelerado? 
Não poderíamos, por exemplo, criar uma única moeda internacional globalizado e 
planejamento da produção e distribuição de bens? Não seria possível ter uma Organização 
Mundial de Saúde que realmente fornecesse as necessidades de saúde das pessoas e uma 
comissão global com influência para abordar as questões de preservação ecológica e 
equilíbrio? Não poderíamos padronizar salários e preços e assegurar um nível de vida para 
todos no planeta—erradicar a pobreza? 

Conclusão 

A maior parte das teorias sobre a questão nacional não abordam a relação dialética entre os 
Novo Afrikanos na Diáspora e afrikanos na Áfrika, as contradições entre os afrikanos de todo o 
mundo e o imperialismo na época do neocolonialismo e a crise do Capitalismo­Imperialismo, e 
entre os novo afrikanos nos Estados Unidos e a classe dominante imperialista e supremacista 
branca dos Estados Unidos. Essas questões demandam uma reanálise da BBT e de nossa 
estratégia de Libertação Negra. 

O conceito de Kwame NKrumah de um partido revolucionário pan­africano(apoiado por um 
braço militar) é a resposta correta para o neocolonialismo. Podemos tirar lições sobre isso a 
partir das lutas que ocorrem no Sul da Ásia. A Índia possuí diversas nacionalidades com seus 
próprios idiomas e regiões, ainda assim estão sendo liderados por um unido Partido Comunista 
da Índia(maoista). Da mesma forma podemos olhar para o Nepal onde os maoistas ganharam 
o apoio de diversas minorias nacionais e criaram regiões autônomas. Na África, o 
neocolonialismo teve vantagem porque foi capaz de jogar os diversos Estados­Nações que 
estavam surgindo e grupos tribais uns contra os outros. A nossa força é baseada na unidade e 
objetivo comum. 

Nosso conceito de Afrika como uma nação Pan­Afrikana se afasta da definição da questão 
nacional que limita a nação com os limites já existentes (mesmo que estas só reflitam a partilha 
imperialista da Afrika) do Comintern. Nós não esperamos que a Nação New Afrikan vai 
constituir­se novamente no "Black Belt", mas podemos desempenhar um papel significativo na 
constituição de uma União Afrikana Socialista, e na criação de um EUA socialista. 

Acreditamos que é o destino histórico da nação dos Novo Afrikanos na Amerika desempenhar 
um papel de liderança entre os povos oprimidos do mundo em derrubar o sistema 
capitalista­imperialista e avançar a humanidade a um estágio superior de organização 
político­econômica baseado nos princípios da justiça social e igualdade. 

Nossa história e posição única dentro dos “Ventres da besta” nos dá oportunidade de dar o 
golpe de misericórdia contra o Imperialismo americano. Nosso longo sofrimento nas mãos da 
Amerika supremacista branca nos dá uma conexão com todos que sofreram opressão nacional 
e racista e nos permite ser verdadeiros internacionalistas em perspectiva.Como Mao previu: 

“A luta do povo negro nos Estados Unidos está fadada a fundir­se com o movimento dos trabalhadores 
americanos, e isso eventualmente irá acabar com o domínio criminoso da classe capitalista monopolista 
norte­americana." 
É essa a missão do New Afrikan Black Panther Party­Prison Chapter e a nossa posição sobre a 
questão nacional. 

Ousar lutar! Ousar vencer! Todo o poder para o povo! 

Texto de Kevin Rashid, do New Afrikan Black Panther Party­Prison Chapter; 

tradução de Gabriel Duccini 

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