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TEOLOGIA DE

UMBANDA
eBook Bônus
Aula 5
PRETO VELHO
NA SESSÃO
ESPÍRITA
C
enário: reunião mediúnica tava impregnado das fortes impressões
num Centro Espírita. A reu- deixadas pelas palavras do Mestre: “Por
nião na sua fase teórica desen- que vês tu o argueiro que está no olho do
rola-se sob a explanação do Evangelho teu irmão, e não vês a trave que está no
Segundo o Espiritismo. Os membros da teu?”. Findos os esclarecimentos, apa-
seleta assistência ouvem a lição atenta- garam-se as luzes principais, para que
mente. Sobre a mesa, a água a ser flui- se desse abertura à comunicação dos
dificada e o Evangelho aberto na lição Espíritos.
nona do capítulo dez: “O Argueiro e a
trave no olho”. Um dos presentes fez a prece e deu-
-se início às manifestações mediúnicas.
Dr. Anestor, o dirigente dos trabalhos, te- Pequenas mensagens, de consolo e
cia as últimas considerações a respeito de apoio, foram dadas aos presentes.
da lição daquela noite. O ambiente es- Quando se abriu o espaço destinado à
comunicação das entidades não habituais consciente, mas seus pensamentos man-
e para os Espíritos necessitados, ocorreu tinham-se sob o controle da entidade, que
o inesperado: a médium Letícia, moça de tinha completo domínio da sua psique.
educação esmerada, traços delicados, de
quase trinta anos de idade, dez dos quais O dirigente, como sempre fez nos seus vinte
dedicados à educação da mediunidade, e tantos anos de prática espírita, deu-lhe as
sentiu profundo arrepio percorrendo-lhe o boas vindas, em nome de Jesus:
corpo. Nunca, nas suas experiências de
intercâmbio, tinha sentido coisa parecida. - Seja bem-vindo, irmão, nesta Casa de
Tomada por uma sacudidela incontrolável, Caridade, disse-lhe Dr. Anestor. O Espírito
suspirou profundamente e, de forma ins- respondeu:
tantânea, foi “dominada” por um Espírito. “Zi-boa noite, zi-fio. Suncê me dá licen-
ça pra eu me aproximá de seus trabaios,
Letícia nunca tinha visto tal coisa: estava fio?”.
- Claro, meu companheiro, nosso Centro que traz de terreiros, o de beber bebidas al-
Espírita está aberto a todos os que dese- coólicas. O Espírito precisa evoluir, continuou
jam progredir, respondeu o diretor dos tra- o dirigente.
balhos. ”Vós mecê não tem aí um pito? Tô com
Os presentes perceberam que a entidade vontade de pitá um cigarrinho, Zi-fio”.
comunicante era um preto-velho, Espírito
que habitualmente comunica-se em terreiros - Ora, irmão, você deve deixar o hábito ad-
de Umbanda. quirido nas sessões de Umbanda, se que-
res progredir. Que benefícios traria isso a
A entidade comunicante continuou: “Vós você?
mecê não tem aí uma cachacinha pra eu O preto-velho respondeu: “Zi-preto véio
bebê, Zi-Fio?”. gostou muito de suas falas, mas suncê
- Não, não temos, disse-lhe Dr. Anestor. e mais alguns dos que aqui estão não
Você precisa se libertar destes costumes faz uso do cigarro lá fora, Zi-fio?
Suncê mesmo, não toma suas bebi- de Jesus.
dinhas nos fins de sumana? Vós mecê
pode me explicá a diferença que tem o O Espírito do preto-velho retrucou, agora já
seu Espírito que bebe whisky, no fim de não mais falando como caipira:
sumana, do meu Espírito que quer be- ”Caro dirigente, na Escola Espiritual da
ber aqui? Ou explicá prá mim, a diferen- qual faço parte, temos aprendido que o
ça do cigarrinho que suncê queima na verdadeiro templo não se constitui nas
rua, daquele que eu quero pitá aqui den- quatro paredes a que chamais Centro
tro?”. Espírita. Para nós, estudiosos da alma,
o verdadeiro templo é o templo do Espí-
O dirigente não pôde explicar, mas ainda rito, e é ele que não deve ser profanado
tentou arriscar: com o uso do álcool e fumo, como vem
- Ora, meu irmão, nós estamos num tem- sendo feito pelos senhores. O exemplo
plo espírita e é preciso respeitar o trabalho que tens dado à sociedade, perante es-
tranhos e mesmo seus familiares, não po que tomei do seu trabalho. Vou-me
tem sido dos melhores. O hábito, mes- embora para o lugar de onde vim, mas
mo social, de beber e fumar deve ser antes queria deixar a vocês um conse-
combatido por todos os que trabalham lho: que tomassem cuidado com suas
na Terra em nome do Cristo. A lição do obras, pois, como diria Nosso Senhor,
próprio comportamento é que é funda- tem gente ‘coando mosquito e engolin-
mental na vida de quem quer ensinar”. do camelo’.

Cuidado, irmãos, muito cuidado. Deixo


Houve profundo silêncio diante de argumen- a todos um pouco da paz que vem de
tos tão seguros. Pouco depois, o Espírito Deus, com meus sinceros votos de pro-
continuou: gresso a todos que militam nesta res-
“Desculpem a visita que fiz hoje e o tem- peitável Seara”.
Deu uma sacudida na médium, como
nas manifestações de Umbanda, e
afastou-se para o mundo invisível. O
dirigente ainda quis perguntar-lhe o
porquê de falar “daquela forma”. Não
houve resposta. No ar ficou um profun-
do silêncio, uma fina sensação de paz
e uma importante lição: lição para os
confrades meditarem.
Fragmentos de
UMBANDA
- ALEXANDRE CUMINO -
A Umbanda é mais ou menos mágica, afro, indíge-
na, europeia, oriental, espírita, xamânica, mediúnica,
popular, científica, ritualística, racional, afetiva, quen-
te, fria, intensa ou apaixonante, de acordo com o
campo de afinidade de cada um.

Nenhum Templo de Umbanda é igual ao outro, pois


o templo é um espelho de seus dirigentes e do cor-
po mediúnico.
Um Templo dirigido por um sacerdote filho de Ogum
nunca vai ter o mesmo perfil de outro dirigido por
uma filha de Oxum, de Iemanjá ou de Nanã. Assim
como as influências culturais e regionais.

Cada templo é único e especial, e assim vamos


aprendendo mais sobre a Umbanda e sobre a vida,
pois as pessoas também são únicas e diferentes.
#eusouumbanda

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