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F 229 - Física Experimental II

Relatório do Experimento 1

Pêndulos Físicos

28/08/2018

Ivan Matheus Rodrigues Macedo (218350),

Sofia Giaccone Thomaz (205826),

Tiago dos Santos Rocha (97096),

Vinícius Figueiredo Fernandes (157510)

Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Física “Gleb Wataghin”,

Campinas-SP, 13083-859, Brasil


1. Resumo
Este relatório tem como propósito demonstrar a avaliação da obtenção experimental de
constantes físicas em um sistema mecânico.Utilizando-se de técnicas básicas de medição e estatística,
é possível determinar, através de equações que descrevem ,teoricamente, o período e o movimento de
um pêndulo composto, o raio de giração e a aceleração da gravidade do sistema. Comparando os
valores experimentais e literários e julgando as condições experimentais, faz-se a análise dos erros.
Obteve-se por fim, g = 9, 7 ​± ​0,3 ​m/s² e o raio de giração k =0,45 m , resultados que revelaram êxito
na obtenção de g e k.

2. Introdução
O sistema físico abordado no experimento foi o pêndulo composto, nesse, um corpo rígido
sob a ação de um campo gravitacional oscila em torno de um eixo fixo. Esse sistema é de importância
para o estudo de sistemas de equações não-lineares, além de ser um bom exemplo de oscilação
harmônica simples. O período de oscilação T do pêndulo utilizado foi obtido igualando o torque
obtido pelo diagrama de corpo livre (Figura 1) e o da 2ª lei de Newton para rotação:

− M gDsenθ = I 0 α ​(1)
em que I 0 é o momento de inércia de um pêndulo em relação ao ponto de suspensão, M é massa de
um pêndulo, D é a distância entre o centro de massa do sistema e o ponto de suspensão e α é a
aceleração angular.
Fazendo ​α = dω dt , t tempo e ω velocidade angular e aproximando para pequenos ângulos, o
período é previsto pela equação a seguir:
T = 2π

I0
M Dg
​(2)
As duas grandezas que foram calculadas (g, k) no experimento são consideradas constantes, g
é a gravidade local em que o experimento foi realizado e k, raio de giração, é uma propriedade
intrínseca do pêndulo, segundo Smith (2010), o raio de giração é a distância até o eixo em que toda a
massa pode ser concentrada para ser obtido o mesmo momento de inércia. Sendo Is o momento de
inércia de área e S a área de seção transversal do pêndulo:

​ ​ k ​=​

Is
(3)
S
Para que os valores necessários sejam obtidos, a equação 3 deve ser novamente manipulada,
visando que futuramente uma linearização seja possível. Como o eixo de rotação dista do centro de
massa uma distância D, ​a equação 2 deve ser manipulada pelo teorema dos eixos paralelos (
I 0 = I D + I CM ). Para o movimento de rotação do centro de massa do pêndulo em torno do seu ponto
de fixação I D = M D2 e para I CM = M k 2 momento de inércia no centro de massa do pêndulo,
obtém-se:

(4)
​Figura 1. ​Configuração do experimento

3. Objetivos
O objetivo do experimento é determinar, através de recursos teóricos e práticos, o raio de
giração do pêndulo composto e a aceleração da gravidade local em que o experimento foi realizado.

4. Materiais e métodos

A fim de realizar o objetivo descrito anteriormente, foi utilizada uma barra rígida de alumínio
com furos presa a uma placa retangular de ferro. No final da barra há a presença de um peso, para que
o sistema como um todo forme um pêndulo composto.
Embaixo do conjunto, foi colocado um suporte com o photogate ligado a um cronômetro,
visando medir o período do pêndulo associado a cada distância D (distância entre o ponto de
suspensão e o centro de massa), através do “mode pendulum” do cronômetro que armazena vinte
valores por sessão.
Para a realização do experimento houve também a necessidade de medir com uma trena as
barras e as distâncias D utilizadas e de pesar os objetos com uma balança digital, com o objetivo de
empregar os valores necessários na fórmula do centro de massa e na do período do pêndulo composto
apresentada no expressão (4) acima, sendo linearizada através das substituições abaixo:

2
4π 2 k 2
​ ​= 4πg X
Sejam X = D2 e Y = T 2 D , temos: ​ Y + g ​(5)

​ ornando possível a obtenção das grandezas desejadas (gravidade e raio de giração) através de
T
substituições dos valores X e Y pelos dados experimentais coletados, tendo sempre como preocupação
a utilização de ângulos pequenos para o movimento do sistema, tornando a aproximação feita na
equação (2) verdadeira.
Ao todo foram feitas vinte medições de tempo em cada uma das seis alturas diferentes D
(sendo que alguns resultados apresentaram outliers, que foram desconsiderados nas contas), porém,
com a finalidade de diminuir as incertezas de algumas dessas medidas, foram feitas outras vinte nos
pontos D2 , D3 e D4, devido a algumas discrepâncias apresentadas nos dados obtidos pelo
cronômetro. Com todos os dados respeitando as coordenadas mostradas abaixo:

Figura 2. ​Definição do sistema de coordenadas utilizado

As incertezas dos dados obtidos presentes na tabela 1 e 2 foram feitas utilizando as fórmulas
presentes no anexo III, que também apresenta as incertezas referentes ao tempo, vale lembrar que a
incerteza-padrão combinada do tempo apresenta, aproximadamente, o mesmo valor das incertezas
repetidas de medição, devido ao pequeno valor da incerteza do cronômetro em relação às outra
incertezas.

Centro de massa Massa da placa Massa da barra Massa total (g) Tamanho da
(cm) de ferro (g) (g) barra (cm)

55,40 ​± ​0,04 368,40 ± 0,03 963,90 ±0,03 1351,80 ± 0,04 148,30 ± 0,05

Tabela 1. ​Especificações do pêndulo composto

D1(cm) D2(cm) D3(cm) D4(cm) D5(cm) D6(cm)

29,00 ​± 0​ ,03 38,90 ​± 0​ ,03 48,80 ​± 0​ ,03 58,80 ​± 0​ ,03 68,80 ​± 0​ ,03 78,80 ​± 0​ ,03

Tabela 2. ​Distâncias entre o centro de massa e o ponto de suspensão

5. Resultados

Fonte de incertezas Incerteza - padrão Densidade de Tipo de avaliação


probabilidade

Precisão da régua 0,02 cm triangular B

Efeito de paralaxe na 0,04 cm triangular B


leitura da régua

Incerteza - padrão combinada = ​0,05 cm

Tabela 3. ​Incertezas referentes às medidas de comprimento


Fonte de incertezas Incerteza - padrão Densidade de Tipo de avaliação
probabilidade

Leitura do 0,00003 s retangular B


cronômetro/photogate

Medições repetidas 0,5 s gaussiana A

Incerteza - padrão combinada = ​0,5 s

Tabela 4. ​Incertezas referentes ao tempo de D 1 (outras incertezas estão presentes no anexo III)

Gráfico 1. ​Regressão linear dos dados coletados em laboratório. X = D2 x Y = T 2 D .

Obtendo pelo gráfico 1 os valores A (coeficiente angular) = 4,06783639709034 +/-


0,143778481238641. Sendo 0,143778481238641, as incerteza do método utilizado para a regressão
linear no programa SciDavis. Através da substituição dos valores obtidos na regressão linear na
equação 5 e fazendo as devidas propagações:
2
g = 4π
A ⇒ ​g​ ​=​ 9, 7 ​±​ ​0,3 m/ s2

⇒ ​k = ​0,45 ​ m
2 2
4π 2 k 2
Substituindo g e um ponto qualquer na equação 5: T 2 D = 4πg D + g

6. Discussão

Alguns erros foram mensurados durante o experimento. No caso do sistema


cronômetro-photogate, foram registrados valores muito inferiores ao da mediana. Esse problema de
coletas de valores do período foi resolvido pelo princípio estatístico de determinação de outliers,
através do uso de boxplots. O gráfico abaixo (Gráfico 2), serve como exemplo para o método utilizado
em todos os períodos medidos, nesse, qualquer número menor que 1,9870 é um outlier e portanto, 0 e
0,2792 são outliers e puderam ser menosprezados nos cálculos.
Gráfico 2.​ Boxplot do período de tempo em D1. Campinas, SP, 2018. https://plot.ly.

O valor da gravidade deu próximo do valor estimado na literatura, tendo erro relativo
percentual de apenas ≅ 1% (equação 6), mais as incertezas das medidas. O número de
condicionamento em cada ponto foi encontrado próximo de 1, superiormente (bom condicionamento)
e o coeficiente de determinação (R²) foi também próximo de 1, inferiormente (bom índice de
regressão linear).
|9,7014−9,8| x 100
|9,8| ​ ​ (6)
Já em relação ao raio de giração, obtivemos um valor real muito parecido com alguns dados
encontrados experimentalmente.

7. Conclusão
O experimento realizado obteve êxito na determinação da aceleração da gravidade local em
que o experimento foi realizado, pois os valores obtidos de g estão próximos de valores estabelecidos
na literatura física e na obtenção do valor k do raio de giração, que resultou em um número real.O
modelo teórico adotado (equação 4) mostrou-se adequado pois foi responsável pela obtenção dos
objetivos desejados.
8. Anexos

Anexo I

Figura 3.​ Fotografia contendo os dados coletados no experimento


Anexo II

Figura 4.​ Períodos de tempo medidos pelo cronômetro e suas médias respectivas
Anexo III

Planilha de Incertezas
Fórmulas
Tipos de incertezas Fórmulas
a
Precisão da régua U​régua =
​ 2·√6

a
Paralaxe U​paralaxe = 2·√6

√u
2 + u22
Incerteza-padrão combinada U​combinada =

2 ∂f 2 ∂f 2 ∂f 2 ∂f 2
U cm = ∂x′1 · ux2′1 + ∂x′2 · ux2′2 + ∂m1
2 +
· um1 ∂m2
2 ,
· um2
Centro de massa
x1·m1 + x2·m2
onde f = m1+m2

a
Precisão da balança U​balança = 2·√3

2 2 2
Massa total U total = umassa1 + umassa2

a
Precisão do cronômetro U cronômetro = 2·√3

√ ∑ (t′ − ti ) 2
σ 1
Medições repetidas do tempo U medições = √n
, onde σ = n−1
i=1

2 ∂f 2 ∂f 2
U D = ∂L · u2l + ∂Xcm
2
· uXcm , onde f = L- X cm ,
Distância D
sendo L a distância até o ponto de suspensão

Incertezas do tempo ​( sendo U cronômetro = 3 · 10−5 )


Valores das incertezas com
Distância Média Medições
a U cronômetro
D1 1,995205556 18 0,470 = 0,5 s
D2 1,891763158 19 0,433 = 0,4s
D3 1,886205882 17 0,457 = 0,5 s
D4 1,912066667 18 0,450 = 0,5 s
D5 1,95841 20 0,437 = 0,4s
D6 2,014347368 19 0,462 = 0,5s
D’2 1,903765 20 0,425 = 0,4s
D’3 1,887445 20 0,422 = 0,4s
D’4 1,913105263 19 0,438 = 0,4 s
Bibliografia

TEDRAKE, R.Underactuated Robotics: Learning, Planning, and Control for Efficient and Agile
Machines. Massachusetts. 2009. Notas de aula para a disciplina MIT 6.832.

Smith, J.O. "Radius of Gyration", em ​Physical Audio Signal Processing,


https://ccrma.stanford.edu/~jos/pasp/Radius_Gyration.html, ebook,
2010, acessado em 27/08/2018.

The NIST Reference on Constants, Units, and Uncertainty​,


https://physics.nist.gov/cgi-bin/cuu/Value?gn|search_for=standard+acceleration+of+gravity, acessado
em 28/08/2018.

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