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O USO DA HISTÓRIA ORAL NO ENSINO DE HISTÓRIA: UMA

EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO DE APLICAÇÃO (CAP) DA UNIVERSIDADE


FEDERAL DO ACRE (UFAC)

Carlos José de Farias Pontes1

RESUMO

Esse relato de experiência tem como objetivo apresentar minhas


considerações sobre a aplicação do projeto “Conhecendo nossa História
através da oralidade: Memórias de ex-Soldados da Borracha no Acre” em duas
turmas do 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação (CAp) da
Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco, Acre, no ano de 2015.
Na busca de levar o aluno a compreender o processo histórico em que a
produção da borracha no Acre inseriu-se na trama da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945) e levou o Brasil a contribuir para vitória dos Aliados, propus um
projeto em que os alunos além de conhecerem o momento histórico, como o
funcionamento dos seringais, a relação seringalista-patrão/seringueiro-
empregado e os desdobramentos sociais daí decorrentes, pudessem
compreender a história e seu significado para a sociedade atual, através de
uma roda de conversa com ex-seringueiros, atualmente aposentados como
Soldados da Borracha. Os ricos e emocionantes relatos levaram os alunos a
compreenderem a importância da memória para a reconstrução e significação
da História, entendendo não apenas o fato em si, mas a forma como esses
sujeitos históricos vivenciaram e perceberam tais fatos.

Palavras-chaves: História Oral. Ensino de História. Soldados da Borracha.

INTRODUÇÃO:

Este trabalho tem por objetivo narrar minha experiência com História
Oral, ocorrida no Colégio de Aplicação (CAp) da Universidade Federal do Acre
(UFAC) no ano de 2015 com os alunos de duas turmas da 9ª série do Ensino
Fundamental na disciplina de história. Realizamos, a partir do tema “O
Segundo Ciclo da Borracha na Amazônia/Acre e os Soldados da Borracha”,

1
Professor de História do Colégio de Aplicação (CAp) da Universidade Federal do Acre (UFAC)
uma atividade de História Oral, resgatando a partir da memória dos sujeitos
que vivenciaram esse tempo histórico, aspectos peculiares da vida e do
cotidiano daqueles que enfrentaram todos os perigos da selva amazônica para
trabalhar nos seringais produzindo a borracha que foi utilizada pelos Aliados
durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os relatos contribuíram para
uma melhor compreensão dos fatos históricos que vão desde os motivos da
saída de seus lares no nordeste até a as alegrias e agruras do cotidiano da
vida nos seringais do Acre.
Buscaremos por meio deste relato de experiência esclarecer como
surgiu o projeto, quais foram seus objetivos, quantas e quais foram as fases do
seu andamento, como os alunos se envolveram e participaram do projeto e
como foi a experiência na culminância do trabalho quando entrevistamos os ex-
Soldados da Borracha.
O projeto “Conhecendo nossa História através da oralidade: Memórias
de ex-Soldados da Borracha no Acre” iniciou no primeiro bimestre do ano letivo
de 2015, quando trabalhamos o tema “O Segundo Ciclo da Borracha na
Amazônia/Acre e os Soldados da Borracha”, e percebemos a possibilidade real
de utilizar a história oral como metodologia de investigação histórica, bem
como fonte de conhecimento histórico, além de estabelecer uma estreita
relação entre a educação e o ensino de história.
Buscamos com o projeto alcançar alguns objetivos, entre eles: trazer a
história para perto dos alunos, fazê-lo perceber que a história não é algo “morto
e acabado” ou “coisa do passado que não serve para nada” como alguns
pensavam; levá-los a entender que a história não é feita somente por reis,
rainhas, príncipes etc; conduzi-los a uma percepção de que todos são sujeitos
históricos, que todos escrevem a história, e que conhecer e ouvir sujeitos da
história possibilitaria uma aproximação dos fatos históricos; conhecer as
diferentes fontes históricas, bem como processos metodológicos distintos,
como a história oral; conhecer aspectos da realidade local, entendendo que a
história atual é também resultado de acontecimentos do passado.
O projeto iniciou com as aulas acerca da temática do Segundo Ciclo da
Borracha e os Soldados da Borracha; em seguida assistimos ao filme:
Soldados da Borracha: A Brigada Esquecida; depois trabalhamos aspectos
relacionadas a história oral, explicando o que é, a importância desse proposta
de investigação, quais são seus objetivos, as questões mais importantes etc;
na sequência trabalhamos as perguntas que seriam utilizadas na entrevista;
depois a busca aos entrevistados, a entrevista e, por último, a análise das
entrevistas. Assim, no decorrer do texto, explicitaremos toda a estrutura do
projeto em todas as suas fases.

História oral e ensino de história

Uma das grandes preocupações encontradas por professores de história


reside no fato de que os alunos, muitas vezes, não entendem os motivos do
por que estudam história. Entendemos que, na maioria dos casos, isso se deve
ao fato de que os alunos não se veem inseridos no contexto histórico. A história
em sala de aula acaba sendo fatos narrados que não despertam o interesse da
maioria dos alunos, pois as narrativas são distantes, descontextualizadas e não
dizem nada acerca da vida dos alunos.
Dessa forma, torna-se desafio constante dos professores de história,
praticar métodos pedagógicos que propiciem aos alunos uma compreensão de
que a história é matéria elementar para compreensão da realidade em que eles
vivem, ou seja, a história é a ciência capaz de demonstrar, através das
características políticas, econômicas, culturais e sociais, as atuais condições
do seu bairro, cidade, estado, país e mundo.
É a história, através das representações e significações do passado que
nos permitirá compreender a sociedade que vivemos no presente.
O professor de história da educação básica, como mediador do saber
escolar, é responsável por dar (res)significação aos conhecimentos históricos,
reinventando a cada aula possibilidades de levar ao aluno conhecimento e
saberes escolares.
Uma das grandes tarefas do docente de história é levar ao aluno a
compreensão de que a história não é algo que está simplesmente no passado
e não se relaciona com o presente e terá efeitos no futuro. O professor de
história deve, antes de tudo, possibilitar aos alunos a compreensão de que a
história está presente e de que os sujeitos históricos somos todos nós:
professores, alunos, parentes, amigos, vizinhos. Pois, em conformidade com
SCHMIDT e CAINELLI (2004) a história oral em sala de aula pode contribuir
para a percepção de que o educando seria partícipe da história, tornando
assim, a história parte integrante de sua própria vida.
Foi pensando, a partir dessa perspectiva, que ao trabalhar o tema “O
Segundo Ciclo da Borracha na Amazônia/Acre e os Soldados da Borracha”,
elaborei um projeto de ensino, baseado em história oral, com um dos objetivos
de desenvolver a percepção dos meus alunos para identificar os sujeitos
históricos, percebendo-os como sujeitos comuns, muitas vezes, familiares,
parentes ou amigos, mas pessoas que guardam na memória aspectos de
determinado tempo histórico.
O projeto visa, dessa forma, aproximar o conteúdo trabalhado na sala de
aula com a realidade do aluno, da sua história, da história da sua família, da
sua cidade, do seu estado.
Optamos por trabalhar com historia oral por entendermos que é uma
opção metodológica que permitiria ao individuo a compreensão de uma relação
diferenciada entre o presente e o passado, contribuindo para o entendimento
do processo da construção do conhecimento histórico. A história oral
possibilitaria demonstrar ao aluno como o conhecimento histórico e construído
poderia contribuir para favorecer a rememoração destes sobre a sua própria
história. (MATOZZI, 2007) apud Guariza (2015, p. 3).
O projeto intitulado “Conhecendo nossa História através da oralidade:
Memórias de ex-Soldados da Borracha no Acre” baseia-se em trabalhos do
historiador Paul Thompson, que além de trazer rica explicação acerca de
aspectos teóricos da história oral, também demonstra exemplos de projetos
desenvolvidos em escolas com crianças, onde as próprias crianças
executavam as pesquisas e as entrevistas.
De acordo com Thompson (1992, p. 217):

(...) A história oral é um método de investigação do passado


que tem como natureza a criação, a cooperação, o diálogo e o
debate. O trabalho de campo em história oral propicia o
ingresso na vida de outras pessoas e com isso cria uma
experiência humanizada profunda e comovente. Ela estimula o
trabalho coletivo, fomenta e estreita as relações entre as
pessoas de uma comunidade, fazendo com que olhem para
dentro e percebam que a comunidade carrega uma história
multifacetada de trabalho, vida familiar e de relações sociais.

Em total consonância com os aspectos caracterizados por Thompson na


citação acima, levamos em consideração que a história oral é um método
capaz de trazer para nossa realidade, ou melhor dizendo, para o presente, uma
dimensão viva dos acontecimentos do passado, fazendo o historiador, tanto o
professor como o aluno, perceber a importância de novos documentos, além
dos escritos, pois como evidencia Thompson (1992, p. 218-219) as fontes orais
“vivenciam a história, em nível prático, como processo de recriação do
passado”.
Matos e Senna (2011, p. 96) explicam que:

(...) Podemos entender a memória como a presença do


passado, como uma construção psíquica e intelectual de
fragmentos representativos desse mesmo passado, nunca em
sua totalidade, mas parciais em decorrência dos estímulos para
a sua seleção. Não é somente a lembrança de um certo
indivíduo, mas de um indivíduo inserido em um contexto
familiar ou social, por exemplo, de tal forma que suas
lembranças são permeadas por inferências coletivas,
moralizantes ou não.

A história oral baseia-se nos fatos e lembranças que ficam na memória


humana; a fonte oral é a rememoração de aspectos do passado vividos e
testemunhados por algum(ns) sujeito(s).
Assim, fica evidente que as fontes orais nos servem para reconstrução
de um passado não muito distante, ou para reconstrução de fatos
contemporâneos, uma vez que se baseia na memória humana. E em
conformidade com Alberti (1989, p. 04) apud Matos e Senna (2011, p. 96):

(...) a história oral apenas pode ser empregada em pesquisas


sobre temas contemporâneos, ocorridos em um passado não
muito remoto, isto é, que a memória dos seres humanos
alcance, para que se possa entrevistar pessoas que dele
participaram, seja como atores, seja como testemunhas. É
claro que, com o passar do tempo, as entrevistas assim
produzidas poderão servir de fontes de consulta para
pesquisas sobre temas não contemporâneos.

Um aspecto relevante ao se trabalhar com a história oral é a


possibilidade que ela tem de demonstrar que os sujeitos históricos estão para
além dos grandes líderes, que os heróis não são necessariamente monarcas,
nobres ou mártires, mas sim, todos que com sua própria vida fazem a história
acontecer. Como diz Thompson (1992, p. 44) “a história oral (...) admite heróis
vindos não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo.
E quanto ao ensino de história, a história oral de acordo com Thompson
(1992, p. 44):

Estimula professores e alunos a se tornarem companheiros de


trabalho. Traz a história para dentro da comunidade e extrai a
história de dentro da comunidade. Ajuda os menos
privilegiados, e especialmente os idosos, a conquistar
dignidade e autoconfiança. Propicia o contato – e, pois, a
compreensão – entre classes sociais e entre gerações. E para
cada um dos historiadores e outros que partilhem das mesmas
intenções, ela pode dar um sentimento de pertencer a
determinado lugar e a determinada época. Em suma, contribui
para formar seres humanos mais completos. Paralelamente, a
história oral propõe um desafio aos mitos consagrados da
história, ao juízo autoritário inerente a sua tradição. E oferece
os meios para uma transformação radical no sentido social da
história.

O projeto

Como já esclarecido anteriormente, nosso projeto foi realizado no


Colégio de Aplicação (CAp) da Universidade Federal do Acre (UFAC), na
cidade de Rio Branco, estado do Acre, com duas turmas da 9ª série do Ensino
Fundamental, no ano de 2015. O projeto teve como objetivo trabalhar, a partir
de elementos da história oral, entrevistar ex-soldados da borracha, objetivando
conhecer suas vivências, seu cotidiano e seu trabalho, para melhor significação
da importância desses homens no processo de construção da sociedade
acreana.
Os alunos foram responsáveis por preparar o roteiro de entrevistas,
buscar os entrevistados, organizar o ambiente para realização das entrevistas,
entrevistar, filmar, fotografar e, por último, transcrever as entrevistas.
Entretanto, antes de iniciarem o trabalho de campo, eles foram preparados e
orientados, uma vez que o projeto teve sete etapas organizadas em um
cronograma de execução e dessa forma estruturado: 1ª etapa: Exposição do
tema Segundo Ciclo da Borracha e os Soldados da Borracha; 2ª etapa:
Apresentação e discussão do filme “Soldados da Borracha: A Brigada
Esquecida”; 3ª etapa: Exposição dos principais elementos teóricos da História
Oral; 4ª etapa: Participação na oficina de preparação das entrevistas; 5ª etapa:
Busca aos ex-Soldados da Borracha; 6ª etapa: a entrevista e 7ª etapa:
transcrição das entrevistas.
Na 1ª etapa foi abordado com os alunos o tema “O Segundo Ciclo da
Borracha e os Soldados da Borracha”, onde através de aula expositiva, foi
apresentado aos alunos os motivos da entrada do Brasil na Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), a relação do Segundo Ciclo da Borracha com a Segunda
Guerra Mundial, a necessidade da borracha para a Segunda Guerra Mundial os
Acordos de Washington realizado entre Estados Unidos e Brasil, a imigração
de 55 mil nordestinos para a Amazônia, as características físicas e sociais dos
seringais, o fim dos Acordos de Washington e a situação dos Soldados da
Borracha.
MARTINELLO (1985) ao afirmar que a borracha era o nervo da guerra,
explicava com clareza a importância da produção da borracha para guerra, pois
a goma elástica era utilizada na fabricação de pneus, de componentes de
aviões, tanques, armas, submarinos etc. Para se ter uma ideia, um tanque de
guerra, para se ter uma ideia mais precisa da importância da borracha no
cenário bélico, tinha meia tonelada de borracha. (PONTES; 2015).
Quanto aos Soldados da Borracha, sabe-se que o governo conclamava
todos os homens para auxiliarem na guerra, escolhendo entre ter que ir lutar na
Europa ou deslocar-se para a Amazônia onde produziria a borracha. FONTES
(2012, p. 3) explica que:

Entre ser soldado na guerra ou soldado na Amazônia, os


homens do Nordeste embarcaram na necessidade e na ilusão,
no rumo de cá. Nasceu a história séria, cresceu a paixão
constante, além do que num momento pode ser dito. Soldado
da borracha é valor e respeito, acima de bandeiras e de
guerras. Deixados à margem, quando queriam tão pouco, eles
venceram febres e saudades, enfurnaram sofrimentos, deram
vida ao isolamento. Bichos soltos e ilusões domadas. Do
sertão, da caatinga, para a floresta cheia de árvores e
emoldurada de águas. Muito regatão em cada porto-solidão,
sem notícias dos canhões ou da família, enquanto a conta da
borracha nunca fechava.

Na 2ª etapa reproduzimos o filme “Soldados da Borracha: A Brigada


Esquecida”. Assistimos ao filme com o objetivo de apresentar através da
película a dura realidade a qual foram submetidos os soldados da borracha. O
filme é um documentário onde os próprios ex-soldados da borracha narram
episódios da saga na floresta amazônica. Os alunos gostaram do filme, pois
trata de fatos reais e muitos chegaram a se emocionar com os relatos, pois,
depois do filme, abrimos espaço para uma roda de conversa e alguns narraram
que parentes seus contavam histórias muito parecidas com as que viram no
filme.
Na 3ª etapa abordamos o tema história oral. Levantamos e debatemos
com os alunos diversos aspectos da história oral: as questões teóricas, os
aspectos metodológicos, a importância da memória no processo de construção
da história, as críticas feitas à história oral, como a subjetividade dos
depoimentos orais, e a argumentação de Paul Thompson que explica que
nenhuma fonte está livre da subjetividade, seja ela escrita, oral ou visual, pois
todas podem ser insuficientes, ambíguas ou até mesmo passíveis de
manipulação, a importância que a memória das pessoas vivas pode revelar
sobre o passado, a nova visão do que são sujeitos históricos, contrariando a
importância que a história dava às elites, como explica Le Goff (1993, p. 261)
"os papéis representados pelas elites do poder, da fortuna ou da cultura como
sendo os únicos que contavam" etc.
Na 4ª etapa elaboramos uma oficina de preparação das entrevistas. Na
oficina os alunos aprenderam questões básicas relacionadas ao ato de
entrevistar, como elaborar a entrevista, utilizar o gravador, procurar um local
silencioso, gravar e catalogar vídeo e áudio, produzir documento de
autorização para publicação da entrevista, os tipos de entrevista, além de
aspectos comportamentais durante a entrevista.
A 5ª etapa foi uma das mais prazerosas, do ponto de vista dos alunos,
mas também uma das mais difíceis, pois era preciso nessa etapa encontrar os
ex-soldados da borracha. A dificuldade está no fato de que os mais jovens ex-
soldados da borracha vivos tem pelo menos 85 anos de idade; alguns estão
doentes ou não tem mais força para sair de casa ou falar e ainda tem alguns
que moram em zonas rurais, nas “colônias” como fala-se no Acre.
Em cada uma das turmas os alunos foram divididos em grupos e cada
grupo precisava encontrar um ex-soldado da borracha. Os alunos começaram
a busca primeiramente na família, depois entre parentes mais distantes, depois
entre os vizinhos, amigos e conhecidos e, por último, buscaram locais na
cidade de Rio Branco que hoje são pontos turísticos onde alguns ex-soldados
da borracha ainda frequentam, como o Senadinho, Mercado Velho e Casarão.
A alegria dos alunos quando encontravam com um desses senhores ou
senhoras era muito grande, era como encontrar um tesouro.
Uma vez encontrado cinco ex-soldados da borracha, sendo quatro ex-
soldados e uma ex-soldada, marcamos o dia para realização da entrevista,
iniciando assim, a 6ª etapa. Os alunos preparam o auditório da escola com
uma decoração típica dos seringais com folhas no chão, palhas, caçuás (cestos
de palha) e uma maquete de tapiri, a casa simples onde vivia o seringueiro. Um
grupo ficou responsável pela filmagem, outro pela fotografia e um outro pela
gravação de áudio. Os ex-soldados da borracha foram recebidos com palmas e
iniciou a entrevista, onde utilizamos a semidirigda e a aberta.
Os ex-soldados falaram livremente, mesmo em momentos que
dirigíamos uma pergunta, nem sempre eles as respondiam; falaram de sua
vinda para Amazônia, da infância geralmente sofrida, do trabalho nos seringais,
dos animais selvagens, a maioria foi ferrado por cobras, das doenças, dos
medos, das festas, dos “seres encantados” da floresta amazônica, como
mapinguari e caboclinho da mata.
A 7ª e última etapa foi marcada pela fase de transcrição. Cada grupo
ficou encarregado de transcrever uma entrevista. Ao término os alunos me
entregaram uma cópia do vídeo, do áudio, um CD com as fotografias e a
transcrição. Esse ano vamos entregar esse material ao novo ambiente de
ciências humanas do Colégio de Aplicação (CAp): o Laboratório de Estudos
Educacionais e Humanísticos Aplicados (LEHAP).

Enfim, observamos que o projeto conseguiu alcançar os objetivos


esperados, bem como conseguiu realizar uma interação entre o ensino de
história e a história oral, contribuindo para a experiência docente e para uma
formação discente em que os saberes escolares perpassam as paredes da
sala de aula.

REFERÊNCIAS

ALBERTI, Verena. Ouvir Contar: Textos em História Oral. Rio de Janeiro:


Editora FGV, 2004. APUD MATOS, Júlia Silveira; SENNA, Adriana Kivanski.
História oral como fonte: problemas e métodos.
FONTES, J.A. Soldados da borracha. Rio Branco. 2012.

LE GOFF, Jaques. A história nova. Tradução Eduardo Brandão. 2. ed. São


Paulo: Martins, 1993.

MATOS, Júlia Silveira; SENNA, Adriana Kivanski. História oral como fonte:
problemas e métodos. Historiæ, Rio Grande. 2011.

MATTOZZI, Ivo. Memoria y formacion historica: la memoria em la clase de


historia. Memória histórica y educacion. Didactica de las Ciências
Sociales, Geografia e História. Grao, 2007. APUD GUARIZA, Nadia Maria. A
história oral e o ensino de história: A discussão atual em revistas acadêmicas
brasileiras. Artigo apresentado para conclusão do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE). 2015.

PONTES, Carlos José de Farias Pontes. A guerra no Inferno Verde:


Segundo Ciclo da Borracha, o front da Amazônia e os Soldados da
Borracha. South American Journal of Basic Education, Technical and
Technological. V. 2. Nº 1. 2015.

SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar história. São


Paulo: Ed. Scipione, 2004.

THOMPSON, Paul. A voz do passado: História Oral. Paz e Terra, 1992.

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