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Adriana Ponsoni
Fabiana da Silva Zuttin
Patrícia Cristina Nóbrega Contarini
Débora Deliberato
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
RESUMO
Crianças com paralisia cerebral podem apresentar limitações motoras, cognitivas, sensoriais e
severos distúrbios da comunicação que dificulta a inclusão social e escolar. Deste modo a atuação
de diferentes profissionais auxilia no processo de ensino-aprendizagem da criança com paralisia
cerebral falante e não-falante por meio da utilização do recurso de comunicação suplementar e
alternativa. O objetivo do presente estudo foi utilizar o Recurso de Comunicação Suplementar e
Alternativa com crianças com paralisia cerebral por profissionais de diferentes áreas como:
fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional e pedagogia para auxiliar no processo de ensino
e aprendizagem acadêmica e, assim facilitar a inclusão social e escolar. Esse trabalho foi
desenvolvido com duas crianças com paralisia cerebral do tipo atetóide uma do gênero feminino
e a outra do masculino, com idades entre 8 e 6 anos respectivamente. Atividades foram realizadas
em um Centro de Atendimento nas áreas da saúde e educação de uma Universidade no interior de
São Paulo e em duas classes especiais, sendo uma pré-escola da rede municipal de ensino e a
outra de pertencente ao ensino fundamental estadual. Procedimentos: os profissionais realizaram
encontros quinzenais com os professores e as famílias das crianças participantes; identificaram o
planejamento escolar e o vocabulário necessário para as atividades pedagógicas; seleção e
adaptação de histórias; adaptação de recursos segundo as necessidades motoras e comunicativas.
O trabalho indicou que a atuação conjunta dos profissionais favoreceu as adequações dos
recursos de comunicação suplementar e alternativa às especificidades dos alunos do ponto de
vista motor, comunicativo e funcional.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos têm sido observados grandes debates e investigações nas áreas da educação e
educação especial, principalmente no que diz respeito à inclusão e a existência de classes de
educação especial no ensino regular. Essa temática também tem sido expandida para outras áreas
como fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, pedagogia, fisioterapia, educação física
dentre outras.
Essa discussão traz embasamentos teóricos sobre o contexto histórico da educação especial e
inclusiva; a criação de leis que asseguram o direito a educação de alunos com deficiência; as
mudanças necessárias para a implementação de estratégias para a inclusão escolar; as políticas
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oculares e visuais; convulsões; alterações das funções corticais superiores, dentre outras (GIANI,
2003).
Assim, a paralisia cerebral é definida como um grupo não progressivo, mas freqüentemente
mutável, de distúrbios motores (tônus e postura), secundários á lesão do cérebro em
desenvolvimento (KUBAN; LEVITON,1994).
A lesão do cérebro pode ocorrer em qualquer momento, desde a fase embrionária até os dois anos
de idade, sendo que as causas podem ter origem pré-natal, perinatal ou pós-natal. Além disso, a
paralisia cerebral pode ser classificada de acordo com as manifestações clínicas e o tipo do
distúrbio do comportamento em espástico, atetóide, atáxico e misto.
Segundo Gianni (2003), cerca de 75% dos casos de paralisia cerebral podem ser classificados
como espásticos. Caracteriza-se por lesão do córtex cerebral comprometendo o sistema piramidal,
com diminuição da força muscular e aumento do tônus muscular. Neste tipo de paralisia cerebral
é comum encontrar deformidades osteoarticulares; atraso nas aquisições motoras e permanência
de reflexos primitivos.
O segundo tipo de paralisa cerebral classificada como atetóide, caracteriza-se pelo acometimento
de 15 a 20% dos casos que apresentam lesões nos núcleos da base. As manifestações clínicas são
descritas por movimentos involuntários, o que pode dificultar a realização de tarefas funcionais
pela criança. No entanto, essas crianças demoram para adquirir etapas motoras convivem bem
com a persistência dos reflexos primitivos, utilizando- os funcionalmente.
O terceiro tipo de paralisa cerebral classificada como atáxica é considerada o tipo mais raro,
sendo que somente 2% das crianças são acometidas. Caracteriza-se por uma lesão no cerebelo,
ocasionando alterações de coordenação e do equilíbrio. A incidência de deficiência mental nestes
casos é alta.
A paralisia cerebral classificada como mista refere-se quando apenas 20% dos casos apresentam
sintomas associados de mais de um tipo clínico. Na grande maioria dos casos, há predomínio de
um dos quadros citados anteriormente.
Estudos demonstraram a importância do uso do recurso de comunicação suplementar e
alternativa por crianças com paralisia cerebral, falantes e não-falantes, em diferentes contextos
escolar, terapêutico, familiar e social (DELIBERATO, 2005, ALVES, 2006; SAMESHIMA,
2006).
O uso da comunicação suplementar e alternativa no âmbito escolar necessita a participação de
uma equipe com diferentes profissionais composta por fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional,
fisioterapeuta, pedagogo, entre outros para avaliar, selecionar, adaptar e implementar este
recurso.
Segundo Gray (1997), é importante que a equipe de profissionais que atua com alunos não-
falantes realize avaliações para que encontre as necessidades de comunicação do aluno e
desenvolvam estratégias para facilitar a comunicação em vários ambientes.
A literatura compilada demonstrou que pesquisadores têm se preocupado com a avaliação das
habilidades comunicativas em indivíduos não-falantes na educação especial (DELIBERATO;
MANZINI, 2000; MANZINI, 2002).
Durante a avaliação das habilidades comunicativas pode-se identificar o recurso que o indivíduo
não-falante utiliza para se comunicar com os outros. Segundo Deliberato e Manzini (2000),
durante a avaliação da linguagem é importante observar os meios comunicativos utilizados pela
criança além da linguagem oral.
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OBJETIVO
Implementação de recurso de comunicação suplementar e alternativa por equipe multidisciplinar
em alunos com deficiência.
METODOLOGIA
Participantes
Foram selecionadas duas crianças com paralisa cerebral, sendo uma do tipo atetóide do gênero
masculino, de seis anos e a outra com paralisia cerebral do tipo espástica, do gênero feminino,
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com idade de oito anos matriculados em classe especial da rede municipal e estadual de uma
cidade do interior de São Paulo.
Local e período
A pesquisa foi realizada em duas classes especiais, sendo uma pré-escola da rede municipal de
ensino e a outra pertencente ao ensino fundamental da rede estadual de ensino de uma cidade do
interior de São Paulo. Além das atividades programadas na escola, também foram realizados
procedimentos no setor de comunicação alternativa de um Centro de atendimento nas áreas da
saúde e da educação de uma Universidade do interior de São Paulo.
A coleta de dados foi realizada durante o primeiro semestre de 2007.
Material de pesquisa
Foi utilizado o software Boardmaker (Mayer-Jonhson, 2004) para confecção dos símbolos
gráficos do Picture Comunication Symbols (PCS), referentes ao conteúdo e a estrutura
pedagógica escolar. Também foram utilizados objetos concretos, histórias infantis e materiais
para a confecção e adaptação dos livros de histórias infantis.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da realização das visitas escolares e dos atendimentos terapêuticos com a utilização do
recurso de Comunicação Suplementar e Alternativa e a participação do trabalho colaborativo foi
possível observar que esse trabalho proporcionou o aumento das trocas e das habilidades
comunicativas das crianças por meio da utilização do recurso de CSA, sendo condizente com
estudos de Deliberato e Manzini (1997); Chiattone (2004) e Gray (1997).
Outro aspecto visualizado foi a importância da realização da avaliação, seleção, adaptação,
implementação e disponibilização do recurso de CSA para possibilitar o aumento da atenção
visual e auditiva durante a atividade de conto e reconto de histórias infantis, auxiliando o
processo de ensino-aprendizagem e ampliação de habilidades comunicativas como demonstrado
pela literatura (DELIBERATO; MANZINI, 2000; MANZINI, 2000; BRASIL, 2001).
Este estudo possibilitou observar que os livros adaptados foram utilizados nos diferentes
contextos social, familiar, escolar e terapêutico através da parceria realizada entre pais,
professores, alunos e profissionais da saúde, proporcionando assim, a ampliação da interação
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social e educacional dessas crianças. Esses dados se relacionam com as pesquisas de Ângelo
(1997); Von Tetzchener e Martinsen (2000); Manzano (2001).
Portanto, esta pesquisa demonstrou a importância do trabalho colaborativo para beneficiar as
necessidades do usuário de Comunicação Suplementar e Alternativa nos contextos
multidimensionais de cada indivíduo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANGELO, D. H. AAC in the family and home. In: GLENNEN, S. L.; DECOSTE, D. C. (Orgs).
Handbook of augmentative and alternative comunication. San Diego: Singular, 1997. p. 523-541.
DELIBERATO, D. Speech and language therapy in the school: resources and procedures for
augmentative and alternative communication. In: VON TETZCHNER, S.; GONÇALVES. M. J.
(Orgs). Theoretical and Methodological Issues in Research on Augmentative and Alternative
Communication. Canadá: International Society for Augmentative and Alternative
Communication, 2005b. p.116-125.
GRAY, S. L. Aumentative and alternative comunication assessment strategier. In: GlENNEN, S.;
DECOSTE, D. C. (Org). Handbook of augmentative and alternative communication. London:
Singular, 1997. p. 547-597.