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Guerreiros Sombrios 04 – Beijo da Meia-Noite

Donna Grant
A Dra. Veronica Reid é uma arqueóloga de renome mundial cujas habilida-
des Druidesas a ajudam a desenterrar itens mágicos antigos. A chegada do muito
atraente e carismático Arran MacCarrick coloca-a na defensiva quando ele come-
ça a questionar como ela realmente encontra seus artefatos... até que um inimi-
go desconhecido ataca e Ronnie descobre que Arran tem um segredo tão grande
quanto o seu próprio. Juntos, eles desencadeiam uma paixão que tudo consome e
que não será negada...

Guerreiro Imortal Arran está em uma missão para encontrar o feitiço que
prende o deus dentro dele. Mas um olhar para a impossivelmente bela Ronnie e
ele sabe que há mais sobre ela do que aparenta. Com o perigo que espreita em
cada esquina e uma fome inegável que cresce com cada beijo, Arran deve revelar
quem é para proteger Ronnie de seu inimigo. Agora ele não tem mais escolha se-
não lutar - ou morrer - pela mulher que ama...

Revisão: Célia Carvalho

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CAPÍTULO UM

Castelo de MacLeod
Maio de 2013

As coisas tinham mudado.


E não exatamente para melhor.
Arran MacCarrick olhava fixamente para o tabuleiro de xadrez, sem
realmente ver. Ele tinha 646 anos de idade, e hoje ele sentia todos os
dias desses anos.
Uma grande tristeza pesava sobre ele. Não por ele mesmo, mas
pelos seus amigos. Isso guerreava com a inquietação que o incitava a
fazer alguma coisa.
A necessidade da batalha, trabalhava seu corpo em um frenesi
quando ele soltava os poderes de seu deus dentro dele, Memphaea. O
anseio por algo para fazer o mantinha acordado à noite, e no limite du-
rante o dia. Ele procurava por qualquer coisa, e tudo, para ocupar seus
pensamentos e seu corpo. Mesmo que fosse por um tempo.
Camdyn disse que ele precisava de uma mulher. Arran bufou interi-
ormente. A última coisa que precisava era de uma mulher que se inter-
pusesse em seu caminho e o fizesse se preocupar com sua mortalidade.
Uma mulher.
― Provavelmente não. ― murmurou.
Uma indesejada lembrança de sua irmã encheu seus pensamen-
tos. Ela tinha sido uma estrela luminosa e brilhante em seu mundo. Um
espírito livre que via apenas o bem. Seu futuro deveria ter sido preen-
chido com amor e risos.
Em vez disso, Deirdre o encontrou. Shelley, sua doce irmã, tentara
ajudá-lo. Em troca, ela foi despedaçada diante de seus próprios olhos.

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Ele não tinha se tornado um guerreiro então, não tinha o poder de
parar os wyrrans. Mas mesmo agora com esse poder correndo sob sua
pele, ele sabia que estava melhor sem quaisquer obstáculos.
Estava realmente?
Levantou os olhos do tabuleiro de xadrez para ver Lucan e Cara
andando de mãos dadas pelas escadas, sussurrando palavras de aman-
tes passando entre eles.
Espontaneamente, as noites solitárias o assaltaram. Enquanto os
outros riam e conversavam com suas mulheres, ele se sentava sozinho
em seu quarto, olhando para a televisão sem prestar atenção ao filme
que alguém lhe tinha dado para assistir.
Arran sabia que ele estava melhor sozinho, mas admitia, só para si
mesmo, que invejava o que os outros guerreiros tinham com suas mu-
lheres. Os sorrisos, os toques, os olhares secretos.
Foram essas mulheres, todas formidáveis Druidesas, que ajudaram
a moldar cada Guerreiro no castelo. Os Druidesas eram fortes, indepen-
dentes e ferozes. A combinação perfeita para os guerreiros highlanders
imortais que tinham reivindicado.
Arran e os outros do Castelo MacLeod haviam matado os dois mais
malvados que já haviam andado pela Terra, e perderam amigos no pro-
cesso.
Levaram séculos para acabar com o reino do mal. Depois de derro-
tar tais ameaças, a felicidade deveria ter seguido.
Mas o destino nem sempre era tão gentil.
Arran lembrou-se de seu parceiro quando olhou para cima para
encontrar Aiden olhando para ele com impaciência. Arran estava mo-
vendo seu cavalo no tabuleiro de xadrez quando Larena irrompeu no
grande salão, seguida de perto por seu marido, Fallon MacLeod.
― Cheque! ― Arran disse enquanto cruzava os braços sobre a
mesa e tentava fingir que não ouvia Fallon e Larena quando a discussão
de um ano começou novamente.

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Aiden MacLeod bufou e tamborilou os dedos sobre a mesa. ― Tio
Fallon e tia Larena estão nessa de novo. ― ele murmurou, seus dedos
pousando em cima de sua rainha.
Arran olhou para Aiden, um, de apenas duas crianças trazidas para
um mundo de magia e Druidesas. Aiden era filho de Marcail, uma Drui-
da poderoso, e Quinn MacLeod, um dos três irmãos, tanto Highlanders
quanto Guerreiros.
Com uma cutucada de pé contra o de Aiden, Arran disse: ― Faça o
seu movimento, rapaz.
Os olhos verdes de Aiden brilharam confiantemente. ― Eu te venci
na semana vez. Posso fazer de novo.
― Não fique convencido. ― Arran advertiu, embora um sorriso ti-
vesse puxado para cima os cantos de seus lábios. Eles provocavam Ai-
den quando era apenas um rapaz, mas ele tinha chegado à idade adul-
ta tão teimoso, inteligente e obstinado como qualquer um dos MacLe-
ods.
― Estou cansada de esperar! ― Larena gritou. ― O tempo passou,
Fallon, e você sabe disso. Nós sacrificamos séculos! Quero uma família.
Eu quero segurar meus próprios filhos.
Arran não podia mais ignorar o casal. Seu olhar se deslocou para
seu líder e Larena. Todos os homens do castelo, exceto por Aiden, eram
Guerreiros-Highlanders com deuses primitivos presos dentro deles.
Eles tinham sentidos realçados, velocidade e força incríveis, bem
como poderes individuais dados a eles por seu deus. Cada um deles
mortal de seu próprio modo.
Larena era a única Guerreira mulher em um castelo cheio de mu-
lheres que eram Druidesas. As Druidesas costumavam dizer que as pe-
dras do castelo pareciam zumbir com magia. Não era de admirar, pen-
sou Arran, com guerreiros e Druidesas ocupando a estrutura maciça por
mais de sete séculos.
― Larena. ― disse Fallon, cansado, enquanto passava uma mão
pelo rosto.

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― Não. ― ela o interrompeu, a raiva fazendo sua voz tremer. ―
Não tente me dizer que tudo ficará bem, porque não está tudo bem.
Larena se afastou, deixando Fallon olhando para ela. Arran olhou
para a esquerda para uma sala ao lado que tinha sido convertida em
uma sala de mídia. De lá Hayden, Galen e Logan observavam Fallon si-
lenciosamente, esperando para ver o que aconteceria.
As pessoas que moravam no Castelo MacLeod eram uma família.
Eles não estavam ligados pelo sangue, estavam presos pelo destino. Ar-
ran respirou fundo e pensou como cada um deles tinha andado por
uma trilha que convergia para o castelo.
Mesmo durante as horas mais escuras, o amor entre eles, o riso e
a determinação uniram o grupo. No ano passado, as tensões aumenta-
ram. E a paciência estava se esgotando.
Tudo por causa de um feitiço que poderia prender os deuses den-
tro deles mais uma vez.
Aiden levantou-se silenciosamente da mesa e saiu do grande salão
enquanto os ombros de Fallon caíam. Arran sabia que seu líder precisa-
va de um grande copo de scotch, mas Fallon tinha se afastado de qual-
quer tipo de álcool há muito tempo.
Ao invés disso, Arran agarrou a caneca intocada de café de Aiden
e caminhou até Fallon. Fallon a pegou sem dizer uma palavra, o rosto
cheio de preocupação e medo.
― Você sabe que ela não vai a lugar nenhum. ― disse Arran.
O amor de Fallon e Larena era muito forte para que algo pudesse
arrancá-lo.
Fallon sorveu o café. ― Ela está ferida, e eu não posso tornar isso
melhor. Eu tentei. Eu lhe daria a lua e as estrelas se eu pudesse.
― Então, eu acho que isso significa que a condução que tivemos
sobre o feitiço foi outro beco sem saída?
Fallon assentiu.

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Arran fez uma careta. O feitiço para prender seus deuses não era
uma grande preocupação para ele, mas para os outros dez Guerreiros
que estavam casados, era tudo no que eles se concentravam.
Foi somente através da poderosa magia Druida de Isla de ocultar o
castelo MacLeod do mundo e manter as Druidesas dentro de seu escu-
do de envelhecimento, que os mortais tinham vivido enquanto estives-
sem ali.
Aiden, filho de Quinn, nascera quatrocentos anos antes, e com
magia especial permitiu envelhecer até seu vigésimo quinto ano. As
Druidesas também tinham tomado precauções ao longo dos séculos
com uma poção que iria impedi-las de engravidar. Ninguém queria tra-
zer crianças para a guerra que tinha acontecido.
Funcionou até o ano passado, quando Camdyn e sua esposa, Saf-
fron, tinham se surpreendido, pais grávidos.
― Larena viu Emma. ― Fallon disse para o silêncio. ― É sempre
pior para Larena depois.
Larena não foi a única afetada pelo nascimento da pequena
Emma. Camdyn e Saffron ainda estavam nas terras dos MacLeod, mas
estavam construindo sua casa fora do escudo de Isla. Com a ameaça
de Declan e Deirdre finda, todos se sentiam seguros o suficiente para
deixar o escudo.
Camdyn e Saffron tinham deixado o castelo, principalmente por
causa de sua filha. Aiden ficava mais fora mais do que no castelo, e
com a tensão tão alta, não era de admirar.
― Nós todos pensávamos ter encontrado o feitiço agora. ― Fallon
continuou.
― E ter seu próprio filho.
Fallon inspirou profundamente. ― Esperamos séculos até o mal ter
sido erradicado, e agora que ele foi, não podemos encontrar o feitiço.
O feitiço tinha sido escrito em um pergaminho e escondido no Cas-
telo de Edimburgo, mas ele, junto com três carregamentos de itens
mágicos, tinha sido levado de Edimburgo para Londres séculos atrás.

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Dois desses três embarques chegaram a Londres. O outro estava perdi-
do.
― Vimos Londres, e até mesmo o Palácio de Buckingham. Não
está lá. ― disse Arran.
―Não é um longo pergaminho, mas nada do que nos deparamos
exibe qualquer magia.
― Poderia ser encoberto de alguma forma?
Fallon levantou encolheu um ombro. ― Eu não tenho uma respos-
ta.
Arran podia não se importar se seu deus estava preso ou não no
momento, mas ele sabia que seus companheiros irmãos estavam so-
frendo tanto quanto Fallon. Ele era um dos quatro Guerreiros que não
estava acasalado, então se ele pudesse fazer algo, ele faria.
― Precisamos seguir o caminho.
Fallon franziu a testa enquanto olhava para Arran. ― O que?
― O livro que você encontrou no Castelo de Edimburgo, dizia que
havia três embarques. Um por água, dois por terra. Sabemos que um
por terra não chegou a Londres. Desde que nada foi encontrado em
Londres sobre o pergaminho...
― Então assumimos que estava no carregamento de outros itens
que foram perdidos. ― Fallon terminou. Um fantasma de um sorriso
aparecendo. ― Gosto do seu pensamento.
― Eu justo estava vindo para propor exatamente a mesma coisa.
― Ian disse enquanto descia as escadas para o grande salão. Seus ca-
belos castanhos claros estavam longos e soltos, roçando seus ombros.
Arran não se assustou ao ouvir que outra pessoa teve sua ideia.
Era apenas uma questão de tempo antes de um deles ter pensado em
alguma coisa. O fato de ser Ian era uma surpresa. Especialmente por-
que era a esposa de Logan, Gwynn, que podia fazer maravilhas em um
computador.
Arran sorriu, pensando no computador e como ele, Ian, Logan,
Camdyn e Ramsey tinham lutado para chegar a um acordo com o mun-

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do moderno depois de terem sido saltados para a frente no tempo, vin-
dos de 1603.
― Gwynn encontrou alguma coisa? ― perguntou Arran.
Havia um brilho nos olhos de Ian quando ele disse, ― Na verdade,
eu encontrei. Aprendi uma ou duas coisas com ela.
Ele e Ian compartilhavam um sorriso. Somente alguém que tinha
viajado no tempo podia entender as complexidades e diferenças do
mundo que conheciam e do moderno em que estavam há mais de um
ano.
―- Impressionante, ― disse Arran.
Ele e Ian não estavam unidos pelo seu salto no tempo. Eles havi-
am sido presos na montanha de Deirdre, Cairn Toul, durante anos, en-
quanto ela tentava quebrá-los à sua vontade para que servissem ape-
nas dela.
Ele e Ian não estavam apenas unidos pelo seu salto no tempo.
Eles haviam estado presos na montanha de Deirdre, Cairn Toul, durante
anos, enquanto ela tentava quebrá-los à sua vontade para que servis-
sem apenas a ela.
Foi o que aconteceu com a maioria dos guerreiros. Os deuses
eram muito insistentes, muito poderosos quando foram soltos pela pri-
meira vez. Era preciso um tipo especial de homem para poder voltar da-
quilo e aprender a controlar o próprio deus.
Arran considerava-se um dos poucos afortunados. Mas, novamen-
te, ele tinha encontrado uma maneira de tomar sua própria cabeça an-
tes que ele nunca caísse sobre a ordem do mal.
Ian e Arran escaparam ao lado de Quinn. Nunca passou pela men-
te de Arran não se juntar aos MacLeods na luta contra Deirdre.
― O que você achou, Ian? ― Fallon perguntou, sacudindo Arran
fora de seus pensamentos.
Ian enfiou as mãos no bolso dianteiro de seus jeans baixos, fazen-
do com que sua camiseta vermelha escura se esticasse sobre seus om-
bros musculosos. ― Nós não sabemos a rota exata que foi seguida de

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Edimburgo para Londres, mas fomos capazes de descobrir o curso da
outra expedição terrestre.
― E? ― Arran alertou quando Ian hesitou.
Ian arregalou os lábios. ― O outro carregamento foi pelo caminho
mais rápido.
― Maldito inferno, ― Fallon murmurou.
Arran cruzou os braços sobre o peito. ― O que significa que, o que
estamos procurando foi pelo caminho mais longo.
― Precisamente. ― Ian disse com um aceno de cabeça. ― Eu esti-
ve estudando mapas durante toda a manhã, e eu limitei isso para qua-
tro possíveis rotas.
― Espere, ― disse uma voz feminina do andar de cima.
Um momento depois, e a cabeça de Dani de cabelos loiros pratea-
dos apareceu quando ela desceu as escadas com um monte de papéis
na mão. Ela lançou um sorriso para eles e disse: ― Eu descobri algo in-
teressante numa notícia que estava muito perto de uma das rotas.
― O que é tão notável? ― Fallon perguntou.
Dani esperou até que estivesse ao lado de Ian antes que respon-
desse. ― Uma escavação. Uma escavação arqueológica, para ser exata.
Elas acontecem em todo o Reino Unido, e eles sempre fazem manche-
tes. Eu coloquei uma etiqueta neles, então quando algo é publicado, eu
recebo um alerta em meu e-mail. Quando recebi este, eu fiz um pouco
mais de pesquisa.
Ela fez uma pausa e lambeu os lábios. ― Eu tentei fazer algumas
ligações, mas eu era bloqueada o tempo todo. Mesmo com os talentos
de Gwynn no computador, não encontramos nada. Então... eu fiz o que
qualquer um que conhece uma megamilhonária faria.
― Você falou com Saffron, ― Arran disse com um sorriso. Não
apenas Saffron era uma vidente, mas ela também estava ligada a pes-
soas em todo o mundo através de seu trabalho de negócios e caridade.
Se alguém pudesse obter informações, era ela. Ou seu dinheiro.

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Dani assentiu. ― Graças a Saffron e suas conexões, acho que sei
onde podemos começar a procurar.
― Onde? ― Fallon perguntou, sua atenção focada pela primeira
vez desde que a conversa começou.
― Sudoeste de Glasgow. Estão no sítio há quase dois meses.
Antes que Fallon pudesse fazer um pedido para que alguém exa-
minasse isso, Arran disse. ― Eu vou.
Ian não pareceu perturbado por ele ter falado, mas Fallon enrugou
uma sobrancelha escura.
Arran balançou os calcanhares. Ele tinha que sair do castelo e fa-
zer alguma coisa antes de ficar louco. Além disso, nenhum dos outros
iria querer deixar suas mulheres. ―Todo mundo est ... ocupado além
de mim.
― Poderíamos pedir a Phelan ou Charon para verificar. ― disse
Dani.
Arran deu um grunhido. Ele poderia ter perdoado Charon por espi-
oná-los enquanto estava preso em Cairn Toul, mas isso não significava
que Arran queria que ele assumisse sua missão. ― Por que incomodar
Charon? E Phelan, quem diabos sabe onde ele está? Ele desaparece
como Malcolm.
Assim que as palavras saíram de sua boca, Arran lamentou-as.
Embora todos os homens fossem Guerreiros, Malcolm era diferente.
Quatrocentos anos atrás, ele tinha sido um mortal ajudando sua prima,
Larena, esconder-se de Deirdre.
Ele foi atacado sob comando de Deirdre e deixado para morrer.
Malcolm fora levado ao castelo, e Sonya, com sua magia de cura, fez
tudo o que pôde. Ele salvou sua vida, mas não tirou suas cicatrizes ou
consertou seu braço direito para que ele pudesse usá-lo.
Pouco depois, Deirdre encontrou Malcolm e liberou seu deus. Ela
usou Larena contra Malcolm, a fim de manter Malcolm obedecendo
suas ordens. Mas foi Malcolm quem traiu Deirdre no final, ajudando-os
a acabar com ela de uma vez por todas.

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Mas as cicatrizes de Malcolm eram muito mais profundas do que
as de sua pele. Eles eram em sua própria alma, e nada poderia curá-lo
agora. Só o tempo ajudaria a temperar o passado.
Arran pigarreou. ― Independentemente disso, eu irei. Eu posso
somente ser melhor que Aiden no xadrez tantas vezes. Sem um wyrran
para a batalha, e nenhum mal para matar, eu preciso de algo para fa-
zer.
― Nenhum mal para matar. ― Dani disse com um olhar para Ian.
― Isso soa maravilhoso.
Ian envolveu seu braço em torno dela e levou-a contra ele para
um beijo. ― É música para meus ouvidos. Nunca pensei que viria o dia
em que Deirdre não estivesse mais viva. E depois ter terminado tam-
bém com Declan. É quase bom demais para ser verdade.
Arran desviou o olhar. Era bom demais para ser verdade. Se havia
uma coisa que ele tinha aprendido, era que o mal que Deirdre e Declan
tinham sido não iria desistir tão facilmente.
Tiveram um adiamento. Mas quanto tempo mais duraria isso?
― Encontre-me o feitiço - disse Fallon a Arran. ― Por favor.
Arran olhou para Ian e Dani. Eles estavam juntos por pouco tem-
po, como Logan e Gwynn, e Ramsey e Tara, mas Arran sabia que todos
queriam vidas normais.
Ter filhos.
Envelhecer e morrer com suas esposas.
Camdyn tinha quase conseguido afastar Saffron para longe porque
já tinha sido casado antes. Ele assistiu a morte de sua primeira esposa,
o que tinha confirmado a Camdyn que ele estava melhor sozinho.
Mas, como Quinn era frequentemente ouvido dizendo, o amor en-
contra um caminho.
Arran tinha recebido um lar, e esperança, com os MacLeods. Ele
devia a cada homem e mulher ali, uma dívida, uma que uma única mis-
são não poderia chegar perto de pagar.

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― Vou encontrá-lo. ― jurou Fallon. ― Eu vou seguir todas as pis-
tas. Vou fazer o que for preciso.
― Até mesmo roubar? ― Ian perguntou.
Arran não hesitou em assentir. ― O que for preciso.
Dani estendeu um grande pacote pardo. ― Eu pensei que um de
vocês estaria indo, então eu fiz Saffron puxar algumas cordas. Você es-
tará trabalhando na escavação como um voluntário.
― Eu não vou ter que esgueirar-me? ― Ele perguntou, um pouco
irritado por não poder usar suas habilidades de Guerreiro.
― Não. ― Dani disse, sua voz baixa. ― Não há necessidade. Você
será capaz de olhar para tudo o que encontrar, bem como ajudar na es-
cavação. Se você encontrar algo, sendo um guerreiro, você deve ser ca-
paz de pegá-lo com bastante facilidade.
Arran estava ansioso para a tarefa.
― Mas, ― Dani disse apressadamente, ― lembre-se, você está
trabalhando na empresa de Saffron. Ela está ajudando a fornecer o fi-
nanciamento para esta escavação, que é como nós pudemos obter tan-
ta informação.
Ian revirou os olhos. ― Há algo em que Saffron não esteja envol-
vida?
― Na verdade, não. ― disse Dani. Depois voltou-se para Arran. ―
Em outras palavras, se algo acontecer, eles vão olhar para Saffron e sua
empresa, por isso precisamos ter certeza de que isso não aconteça.
― Se isso acontecer, garantirei que outra empresa seja culpada. ―
disse Arran.
― Bom. Você pode partir pela manhã. Eles estão esperando você
amanhã à tarde. ― disse Dani.
Arran apenas sorriu. ― Vou embora agora. Leva apenas algumas
horas para chegar a Glasgow. Posso estar lá às oito ou nove da noite.
Dessa forma eu posso dar uma olhada antes que todos comecem a tra-
balhar amanhã.

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― Uma boa ideia. ― Fallon caminhou até a cozinha, onde as cha-
ves dos veículos eram mantidas. Ele jogou um conjunto para Arran e
disse: ― Pegue o Range Rover. Será melhor onde você está indo do
que o Porsche.
Arran guardou as chaves e apressou-se a arrumar uma mochila.
Seu sangue bombeado com a necessidade de algo mais emocionante
do que ficar sentado em torno um tabuleiro de xadrez.
Havia somente bastante treinamento que um guerreiro pudesse
fazer antes que seu deus exigisse a batalha. E a morte.
Arran podia não ter o mal para matar, mas tinha um feitiço para
encontrar. Era exatamente o que ele precisava.

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CAPÍTULO DOIS

44 km ao sul de Muirkirk, Escócia

Arran estacionou o Range Rover e olhou através do para-brisa di-


ante do caos que havia diante dele. Um arrepio de magia correu sobre
ele. Ele estava definitivamente no lugar certo.
A magia era antiga e... potente. Isso o fez sorrir, mas aquele sorri-
so congelou quando uma sensação diferente de magia o invadiu. Isso o
deixou respirando com dificuldade, ela necessitava preenchê-lo até que
ele não pudesse ver mais nada, sentir nada além da magia requintada.
Uma Druidesa.
Havia uma Druidesa no sítio. E ele iria encontrar a Druidesa assim
que pudesse. A única coisa que o impediu de procurar imediatamente
foi que a magia não era má.
Saffron havia lhe dito que o sítio da escavação era dirigido pelo Dr.
Ronnie Reid, um arqueólogo de primeira linha e um dos melhores que
já havia saído em campo.
Arran também tinha sido avisado de que o Dr. Reid executava a
operação com mão firme, então ele teria que ter cuidado quando pro-
curasse por qualquer pista do feitiço perdido e pela Druidesa que ele ti-
nha acabado de sentir.
Não que Arran estivesse preocupado com esse Dr. Reid. Ele se co-
locaria nas boas graças do homem, e se asseguraria de que Reid visse
que Arran era um bom trabalhador. Uma vez que isso foi estabelecido,
então Reid o deixaria em paz. Dando a Arran o tempo necessário para
olhar ao redor.
Ele suspirou. Pensou que essa missão seria rápida, mas quando
observou dezenas de pessoas se movimentando de um lado para o ou-
tro dos diferentes locais de escavação, transportando sujeira enquanto
outros se debruçavam inclinados no chão, espanando achados com o
que pareciam pincéis, Arran percebeu que isso não seria nada simples

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Com toda a probabilidade, ele estaria aqui por várias semanas.
Mais ou menos meses
Não que ele ficasse chateado com isso. Não havendo mais o mal
para lutar, Arran andava entediado. Arran estava entediado. Não que
quisesse o mal ao redor, era apenas que o deus dentro dele ansiava por
batalha, ansiava por carnificina.
Exigia morte.
Que melhor maneira de apaziguar o seu deus do que combater o
mal?
Arran cerrou a mandíbula. Não haveria conflitos no sítio da escava-
ção, o que significava que o elemento que teria que encontrar uma ou-
tra maneira de trabalhar a energia reprimida que sentia palpitando atra-
vés de seu corpo.
Exercitar seus músculos com o trabalho físico era apenas uma coi-
sa.
Arran abriu a porta e saiu do Range Rover. O vento uivou sobre
terra, batendo nele justo como a magia tinha feito, e um olhar para o
céu noturno mostrava que a chuva estava a caminho.
Ele fechou a porta e rapidamente abriu a porta do passageiro atrás
para pegar sua mochila e a mala. Saffron garantiu a ele que alojamen-
tos seriam disponibilizados. De certa forma, Arran estava esperando
que não houvesse nada. Fazia muito tempo que não dormia debaixo
das estrelas como fez por quatrocentos anos.
Depois de ajustar os sacos nos ombros, fechou a porta e olhou
para o sítio mais uma vez. A magia estava acenando para ele, a sensual
sensação dela como acendendo um fogo.
Desejo bombeando, ardente e queimando, através dele enquanto
seu olhar escaneava a área. Com cada respiração, um desejo que ele
nunca sentirá antes o preenchia e crescia até isso o consumir, engo-
lindo-o.
Devorou-o.

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Onde estava a Druidesa? Havia uma fome como nunca tinha su-
portado. Cada osso de seu corpo o incitava a encontrar a Druidesa rapi-
damente. Tinha que ser a Druidesa que estava causando tal ... desejo.
A necessidade estava puxando-o, arrastando-o para baixo de um
abismo de desejo tão escuro e profundo, não haveria voltar de lá. Se
não fizesse algo logo, estaria perdido.
Ele procurou em sua mente por qualquer coisa para se segurar, e
foi quando ele pensou no Castelo MacLeod. Isso foi tudo o que precisou
para que ganhasse a vantagem sobre o desejo feroz dentro dele.
Arran rangeu os dentes. A Druidesa que esperasse. Agora, ele ti-
nha que encontrar o Dr. Reid e aprender tanto sobre o homem quanto
pudesse.
O céu de verão ainda brilhava apesar de passar das oito da noite.
Não ficaria bem escuro antes de meia-noite, mas as luzes ao redor da
escavação já tinham sido ligadas.
― Aqui vamos nós, ― Arran disse, e começou a seguir em direção
ao sítio, a sensação de magia crescendo a cada passo que ele dava.
Ele mal tinha dado dez passos antes de ter que esquivar-se das
pessoas que assumiam que ele tinha que se afastado caminho. Desde
que havia a possibilidade deles estarem carregando itens mágicos anti-
gos, eles estavam certos.
Mas ainda assim, um grunhido baixo soou profundamente em sua
garganta.
Ele era um guerreiro, um homem que costumava ser temido. Não
caiu bem que ele foi dispensado tão facilmente.
Arran aproximou-se de um homem de cabelos e óculos finos, ca-
belos loiros esbranquiçados, que mantinha empinado seu nariz de fal-
cão. O homem era esquelético, os ombros já encurvados para frente,
apesar de ser um jovem no meio dos trinta, se Arran adivinhou direito.
― Com licença. ― disse Arran quando o alcançou.
Por alguns instantes, Arran foi ignorado. O homem ergueu os
olhos da prancheta em sua mão enquanto rabiscava algo nos papéis

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com o lápis. Arran ergueu uma sobrancelha quando o homem pareceu
olhar através do dele.
Então, momento mais tarde, o homem deu um passo para trás,
seus olhos azuis largos quando empurrou seus óculos acima em seu na-
riz. ― Cara. Há quanto tempo você está ai? ― Perguntou ele, seu sota-
que americano acentuado, e sua voz mais profunda do que Arran ima-
ginara que saísse de alguém tão magro.
― Mais do que eu gostaria. ― Arran respondeu, dando apenas
uma flexão suficiente em sua voz para dizer ao homem que sua irrita-
ção estava aumentando.
― Eu sou Andy Simmons, o gerente do sitio arqueológico.
― Arran MacCarrick. ― disse ele, estendendo a mão.
Andy a sacudiu com um aperto que era muito mais forte do que
Arran teria adivinhado. ― Você chegou mais cedo do que o esperado.
Disseram há poucas horas que você estaria ajudando.
― Estava ansioso para começar. ― Arran disse com um sorriso.
― Estamos felizes em tê-lo. Qualquer pessoa ligada à Sra. Flet-
cher... hã... Sra. MacKenna, é nossa amiga. Desculpe. Ainda estou me
acostumando ao fato de que Saffron é casada.
― Aye. Com uma boa amiga minha. Saffron sabe como estou inte-
ressado na história da minha terra, e quando ela me contou sobre a es-
cavação, eu não estava pronto para deixar passar a oportunidade. ―
Arran se perguntou se ele tinha mergulhado a mentira um pouco dema-
siado, mas Andy apenas assentiu como se entendesse.
―Você também ama a arqueologia ou não. ― Andy empurrou
seus óculos mais altos em seu nariz e cravou o lápis atrás de sua ore-
lha. ― Todo mundo parece pensar que será como Indiana Jones.
Arran apenas riu com Andy, já que não tinha ideia do que Andy es-
tava se referindo. ― Você pode me encaminhar para o Dr. Ronnie Reid?
Eu gostaria de conhecer.

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Houve um barulho alto seguido de estática e a voz desincorporada
de alguém gritando o nome de Andy. Andy pulou e pegou o walkie-
talkie preso à cintura.
― Dr.1 Reid está lá. ― Andy apontou por cima do ombro dele an-
tes que ele clicasse no walkie-talkie e começasse uma conversa en-
quanto se afastava.
Sumariamente dispensado, Arran deixou seu olhar vagar pelo sítio.
Como não sabia como era o Dr. Reid, começou a procurar alguém que
parecesse estar no comando.
Seu olhar se deteve quando se viu olhando para a bunda mais lin-
da que ele tinha visto em um longo tempo. A mulher usava jeans aper-
tados e desbotados que pareciam bem velhos, como se fossem seus fa-
voritos. O denim abraçava seus quadris esguios e pernas longas.
O vento fez uma pausa, permitindo que a parte de trás de seu ca-
saco marrom caísse no lugar, instantaneamente escondendo seu trasei-
ro de sua visão. Arran franziu o cenho. Ele gostou do que tinha visto.
Muito. Com uma única olhada, seu sangue já estava queimando por
mais do que apenas um olhar para ela, agitando-se com um desejo
apenas refreado.
Que misturado com a magia Druida que estava empurrando os li-
mites de seu controle só aumentava sua fome. Ele conseguiu outra vi-
são da parte traseira da mulher e sorriu em aprovação. Ele sempre
apreciara um corpo atraente quando via um, e esta mulher tinha uma
figura particularmente esplêndida.
Pouco antes de desviar o olhar, o homem ao lado da mulher cha-
mou sua atenção. O homem branco mais velho tinha uma barba cheia
mais cinza do que preta. Um chapéu de aba larga, de cor verde-oliva,
repousava sobre sua cabeça para proteger seus olhos do sol. Ele estava
falando enquanto a mulher balançava a cabeça de cabelo cor de trigo
puxado para trás em um coque baixo e solto.
E com isso, Arran achou seus olhos travados sobre a mulher mais
uma vez. Seus dedos desejavam percorrer o comprimento de seu pes-
coço delgado antes de mergulhar nas mechas de seu cabelo, puxando-
1
Em inglês a palavra Doctor ( Dr.) não tem gênero, servindo para homens e mulheres.

19
a lentamente para ele até que seus lábios se separassem, implorando
por seu beijo.
Ele engoliu em seco e ajustou o jeans em torno de seu pau incha-
do. Com grande autocontrole, ele desviou o olhar da bela e voltou a se
concentrar no cavalheiro mais velho até que seu desejo estivesse sob
controle.
Arran sabia que ele encontrara o Dr. Reid. Sem hesitar, ele cami-
nhou até a dupla. Sua curiosidade sobre a aparência da mulher fez com
que ele mudasse de rumo para que surgisse do lado direito dela em vez
de atrás.
Seu olhar deslizou sobre ela para seu prazer. Seu rosto era um
bronze dourado de seu tempo ao ar livre. Suas botas estavam enlamea-
das e tão desgastadas quanto seus jeans, provando que não se impor-
tava de ficar suja.
A camisa xadrez de mangas compridas que ele vislumbrava debai-
xo do casaco estava enfiada no jeans e mostrava os seios fartos. Mas
era a corrente de ouro com o nó da trindade pendendo logo acima do
decote que o intrigou.
Não era qualquer peça de joia. Era antigo, e Arran apostaria sua
imortalidade que ela tinha desenterrado ela mesma em alguma escava-
ção.
Onde, ele gostaria de saber.
Houve outro crepitar de magia, e por um instante Arran pensou
que poderia ter vindo da mulher.
A magia era mie, ou boa magia. Os mies eram os que usavam a
magia que natureza que lhes deu para curar e ajudar as coisas a cres-
cerem. Eram eles que aconselharam os líderes dos clãs, os que tinham
educado os jovens.
Se ele tivesse sentido magia drough, magia negra, teria buscado
imediatamente a fonte e acabado com isso. Porque os droughs eram
maus. Eles deram suas almas a Satanás para usar a magia negra.
A sensação dessa magia era desagradável, repugnante, enquanto
a sensação de magia mie acalmava um guerreiro.

20
Até onde ele sabia, apenas Guerreiros podiam perceber ou sentir a
magia dos Druidas. Isso tinha salvado seus irmãos mais vezes do que
queria contar.
A mulher olhou para ele, seus olhos cor de avelã mal lhe dando
um segundo aviso enquanto ela voltou para a conversa dela. Mas com
aquele olhar rápido, a cor de seus olhos ficaria gravado em sua memó-
ria para sempre.
Arran abrandou os passos. Seu rosto em forma de coração estava
um pouco inclinado para a esquerda. As maçãs do rosto cheias e uma
pele lisa sem um toque de maquiagem lhe davam uma aparência natu-
ral e prática que ele achou atraente. A única coisa que marcava o rosto
dela era uma pequena cicatriz em seu queixo.
Seus lábios cheios eram rosa escuro que acelerou seu sangue
quando os imaginou abrindo para seus beijos e sussurrando seu nome.
Os claros e vibrantes olhos cor de avelã eram de longe o seu melhor
traço. Eram grandes, e cada emoção podia ser detectada em suas ricas
profundezas.
Arran sorriu. Era muito ruim que não tivesse tempo para perseguir
a mulher, porque ele amava um bom desafio, e isso era exatamente o
que ela seria.
Ele deu a bunda dela outro olhar, interiormente sorrindo como sua
mão coçava para acariciar curvas tão agradáveis. Qualquer uma que
mexesse tanto com ele quanto ela, merecia atenção. Horas e horas de
atenção. Talvez depois que ele encontrasse o feitiço, ele pudesse virar
seu tempo para ela.
Uma mecha de seu cabelo cor de trigo foi puxada para fora do seu
coque pelo vento sempre presente e enredou em seus longos cílios. De-
dos longos e finos se estenderam e pacientemente a tiraram de novo e
de novo. Arran apostaria sua garrafa de Dreagan Scotch, escondida em
seu quarto que era um movimento que ela fazia todos os dias e que
não notava mais.
Ele estava sobre eles agora, e odiou que sua leitura da mulher ti-
vesse chegado ao fim. Arran queria saber o nome dela. Ele queria vê-la
sorrir, ouvi-la rir, e ouvi-la gritar seu nome quando a levasse ao clímax.

21
Suas bolas apertaram quando imaginou soltar seu coque e deixan-
do seu cabelo cair livre quando removesse suas roupas, uma peça de
cada vez até que ela estivesse nua diante dele e ele poderia banquetear
seus olhos em sua beleza.
Estar tão perto dela fazia seu sangue correr como lava derretida
em suas veias. Ele ansiava por um toque dela, ansiava por segurá-la.
Desejava reivindicá-la.
Meses com apenas os dois. Tocando, beijando. Amando. Abrigados
e envoltos em seu desejo.
Ele estendeu a mão para ela, a necessidade de tocá-la esmagado-
ra, arrasadora. Pouco antes de fazer contato, Arran deixou cair a mão,
silenciosamente amaldiçoando-se por permitir que sua paixão o gover-
nasse. Mas, porra, se ele não queria ceder e ver onde o levava.
― Dr. Reid. ― disse Arran ao homem mais velho, quando perce-
beu que ele estava olhando a mulher por muito tempo.
Só que não foi o homem que respondeu: ― Sim?
Arran olhou para a mulher à sua esquerda e estreitou os olhos. Ele
empurrou seu olhar de volta para o homem. ― Ronnie Reid?
Houve um suspiro de longo amargura antes de ouvir, ― Bem aqui,
imbecil. ― à sua esquerda.
Os olhos de Arran lentamente se voltaram para a mulher. ― Você?
― Sim. ― ela disse com um rolar de seus olhos. ― Por que todo
mundo fica tão surpreso?
― Talvez porque você usa 'Ronnie' como seu nome, moça.
O homem mais velho riu, mas ficou calado quando Ronnie lhe en-
viou um olhar fulminante.
―Escute, eu não sei quem você é, mas vamos entender isso de
uma vez por todas. Sou a Dra. Veronica Reid, também conhecida como
Ronnie.
― Não há necessidade de ficar irritada, moça. ― Arran disse para
acalmá-la, mas ele amou o fogo que via dentro dela. Pelo jeito que

22
seus olhos castanhos brilharam, ele sabia que ele tinha dito a coisa er-
rada.
― Não precisa, hein? ― Ronnie perguntou, sua voz de acento
americano ficando mais alto, mais irritada ela se tornava. ― Como você
gostaria que todos questionassem quem você é?
― Ronnie. ― o homem mais velho disse enquanto tentava, e não
conseguia. esconder seu sorriso. ― Dê uma chance ao pobre rapaz. Ele
não pode saber que você teve um dia ruim.
Ronnie fechou os olhos e respirou fundo. Quando olhou de novo
para Arran, sua raiva havia evaporado. ― Me perdoe. Como Pete disse
com tanta sabedoria, você não pode saber sobre o dia que eu tive. Eu
não tinha o direito de me irritar, como você disse.
― Sem danos causados. Eu sou Arran MacCarrick.
Ela estremeceu quando ouviu o nome dele. ― Saffron disse que
você estava vindo. Sei que as primeiras impressões são importantes, Sr.
MacCarrick, mas espero que você se esqueça do meu.
Arran não tinha planos, mas não lhe disse isso. Além disso, gosta-
va do que tinha visto. Talvez demais. O fato de que ela era a Dra. Reid
definitivamente colocava freios em qualquer tipo flerte ele poderia ter
pensado em fazer, mesmo seu pau sendo condenado.
Flertar poderia estar fora, mas ele estava lá para saber tudo o que
havia sobre Ronnie e o que ela estava à beira de descobrir. Ele tinha
que se aproximar dela.
Aye. Muito perto.
Como iria fazer isso e não ceder à necessidade de puxá-la contra
ele e provar seus deliciosos lábios cor-de-rosa, não tinha ideia. Mas ele
teria que pensar, e rapidamente.
― Não se preocupe sobre isso, Dr. Reid.
― Por favor. ― ela disse enquanto estendia a mão. ― Me chame
de Ronnie. Qualquer amigo de Saffron é meu amigo.

23
Arran pegou sua mão pequena e fina na dele. Algo elétrico passou
entre eles com aquele toque simples. E assim mesmo, a paixão irrom-
peu fora de controle, e foi dirigida diretamente para Ronnie.
Seu corpo aqueceu, suas bolas apertaram novamente. Todo o de-
sejo que tinha estado empurrando de lado rugiu para a vida, instando-
o, levando-o para puxá-la em seus braços e provar seus lábios. Ela ti-
nha a aparência de uma pessoa calma, mas Arran podia ver a paixão
queimando logo abaixo da superfície, esperando para ser solta.
O ligeiro alargamento dos olhos dela permitiu que soubesse que
ela também sentira. Ele queria pressioná-la, para fazê-la reconhecer o
que havia entre eles.
Ele queria ver o desejo em seus olhos, sentir sua carne quente sob
suas mãos. Um tremor atravessou a mão dela, e Arran encontrou-se
puxando-a para ele. Por um momento, ela se inclinou para ele. Seu
olhar baixou até seus lábios. Nada importava, além de uma amostra de
seus beijos.
Ela apressadamente desviou o olhar. Mas não antes que ele visse a
luxúria escurecer seus olhos cor de avelã.
Arran recuou seu sorriso no último minuto. Assim que ele estivesse
sozinho, ele iria ligar para Saffron e deixá-la saber sua pequena brinca-
deira sobre manter a identidade secreta de Ronnie como mulher não ti-
nha sido engraçada.
Ele se perguntava por que ela tinha intencionalmente tinha deixa-
do de fora o que Ronnie parecia. A princípio, ele pensou que Saffron es-
tava apenas preocupada com o bebê, mas agora ele sabia a verdadeira
causa.
Contudo, por todas as razões que ele estava irritado com Saffron,
Arran ficou mais do que satisfeito com o que ele viu de Ronnie. Ele a
queria. Nay, querer era uma palavra muito fraca. Ele estava faminto por
Ronnie, doía sentir seu corpo suave contra o dele.
Seu cabelo cor de trigo e seus olhos avelã se destacavam contra o
bronze escuro de sua pele. Olhos amendoados, nariz atrevido, lábios in-
críveis... não havia nada sobre Ronnie que não fosse feminino e com-
pletamente sedutor.

24
Ela era o tipo de mulher que parecia bem vestida com um vestido
formal, ou como ela estava com jeans, camisa, e casaco empoeirado
com sujeira e lama.
Era o tipo de mulher que Arran gostava. O tipo que ele nunca foi
capaz de encontrar.
A ironia não passou despercebida.
― Me chame de Arran, por favor.
Por longos momentos, eles simplesmente se olharam nos olhos.
Ele sabia que ela sentiu o desejo, sabia pela forma como seu pulso ace-
lerou em sua garganta que ele a afetou.
― Eu sou Pete Thornton.
Arran relutantemente soltou a mão de Ronnie e abanou a de Pete.
Levou tudo o que pôde para não rosnar para Pete por interrompê-los.
Em vez disso, forçou um sorriso. ― Qual sua função nesta escavação?
Pete olhou para Ronnie e ambos riram, mas foi Pete quem respon-
deu. ― Eu fui professor de Ronnie em Stanford. Ela tinha um amor por
arqueologia que eu nunca tinha visto antes. E sua habilidade para en-
contrar coisas é incomparável.
―É mesmo? ― Arran ficava mais intrigado com Ronnie Reid quan-
to mais descobria sobre ela. Havia magia aqui. Poderia ser dos artefa-
tos mágicos perdidos há muito tempo, do pingente Ronnie usava, ou
Ronnie mesmo?
Arran não podia esperar para descobrir.
― Chega, Pete. ― disse Ronnie com um sorriso tímido. ― Você
sabe que às vezes temos sorte em nossas escavações, e às vezes não.
― Ah, mas você tem mais sorte do que a maioria.
― Venha, vou mostrar para sua barraca. ― disse Ronnie a Arran.
Ele não foi enganado. Ela tinha cortado Pete antes que ele pudes-
se dizer mais sobre como ela encontrava seus artefatos. ― Muito intri-
gante. ― murmurou para si mesmo.

25
Com um aceno para Pete, Arran a seguiu enquanto atravessavam
a área delimitada com cordas pelo governo. A limitação com cordas cor-
da lhes permitia cavar, mas também mantinha os outros de fora.
Milhares de conversas, gritos, o som de pás mergulhando no chão,
e até mesmo a batida de martelos golpeando pedras enchiam o ar.
Como se estivesse lendo sua mente, Ronnie sorriu. ― Ninguém
nunca percebe quão barulhento os sítios podem ser.
― Aye. Eu não estava esperando isso. O barulho, nem a quantida-
de de pessoas.
― Podemos usar cerca de uma dúzia mais. Então esta é a sua pri-
meira escavação arqueológica?
― É sim. Mas não serei um obstáculo.
Arran não perdeu o modo que ela o olhou de cima abaixo, uma
vez que chegaram ao conjunto de tendas que estavam em um semicír-
culo na frente de dezenas de traillers.
― Não, eu não espero que você seja. Por que a minha escavação,
embora?
― Esse é meu país. Quero ver o que o passado guarda.
Ela deu um pequeno aceno de aceitação. ― Esta é a sua tenda.
Você estará compartilhando com Pete por algumas noites antes que ele
volte para os Estados Unidos para negócios.
Arran mergulhou na tenda através da abertura com zíper. Ele viu
duas camas dobráveis, uma de cada lado da pequena tenda. Não era
ótimo, já que ele teria que compartilhar, mas poderia ter sido pior.
―Isso estará bem. ― disse ele por cima do ombro antes de jogar
as duas malas na cama que tinha sido acabada de ser arrumada.
***
Ronnie tentou não olhar para seu traseiro, ela realmente tentou.
Mas ela nunca tinha visto um homem preencher um par de jeans da
maneira Arran MacCarrick fazia.

26
E não era apenas seu jeans. De seus ombros largos e peito mus-
culoso à maneira que o torso estreitava às calças de jeans que descan-
sam baixo em seus quadris magros e que encerram as longas pernas,
fascinou-a. Ronnie apostaria que por baixo daquela camiseta preta es-
tava um abdômen tão definido, ela seria capaz de contar cada gomo
dele.
Em uma palavra, ele era delicioso.
Ele era a encarnação de alto, sombrio e bonito. Era seu sorriso,
aquele que dizia conhecer segredos da carne que ela só podia imaginar.
Um sorriso que a acenava para lançar a cautela ao vento e deixar seu
corpo comandar.
Mas ela já cometera esse erro uma vez. Um homem alto, sombrio
e bonito era suficiente para uma vida inteira. Não importava que Arran
transpirasse um magnetismo sexual ao qual ela se achava inexplicavel-
mente atraída. Ele tinha carisma e confiança de sobra.
Adicionar a isso a um corpo firme e musculoso uma mulher cega
poderia babar, e Ronnie sabia que ela estava em apuros com A maiús-
culo. Arran exibiu aquele sorriso e olhou para ela como se pudesse
olhar profundamente dentro de sua alma e descobrir seus mais selva-
gens sonhos e desejos.
Por um momento, ela quase o deixou.
Por um momento, ela pôde se ver com ele.
Nua. Membros entrelaçados, respirações ásperas e desiguais, pele
suja com suor e desejo dominando-a, levando-a.
Ronnie não podia desalojar a imagem agora que ela a conjurara. E
senti-la. Seu corpo pulsava, como se desejasse ser tocado. Por Arran.
Seu coração batia em seu peito enquanto lutava contra a atração
de seu corpo. Seria tão fácil ceder e deixar a paixão dela e a virilidade
dele ditar tudo.
O membro mais novo de sua equipe era amigável o suficiente,
mas ela não perdeu a forma como seu olhar se movia ao redor do sítio,
como se estivesse tentando estudar tudo sem ser visto.

27
Saffron tinha financiado muitas das escavações de Ronnie, então
ela não podia dizer-lhe não quando Saffron perguntou se um amigo po-
deria ajudar no sítio. No entanto, agora Ronnie tinha o desejo de cha-
mar Saffron e saber tudo que pudesse sobre Arran.
Não era apenas sua aparência robusta que a fazia perder o contro-
le. Era o brilho em seus olhos dourados, a maneira como ele portava,
como se estivesse pronto para a batalha.
O que era bobagem, porque não havia nada para lutar.
Ronnie riu para si mesma.
― O que foi? ― perguntou Arran quando se endireitou.
Ela balançou a cabeça e sorriu. ― Toda vez que venho à Escócia,
acho que vou ver homens com espadas amarradas a eles, prontos para
a batalha.
Ele não riu como ela esperava. Em vez disso, ele olhou para ela
com seus incríveis olhos dourados, uma intensidade sobre ele que fazia
com que fosse difícil para ela respirar.
As sobrancelhas escuras entre os olhos e uma testa alta. Uma ri-
queza de cabelos tão castanho-escuro que quase parecia negro era
mantido longo com um toque de uma onda e pendurava por seus om-
bros. Tinha cílios pesados e espessos, e a barba escura em suas boche-
chas cinzeladas e mandíbula quadrada só aumentava sua atração.
Depois, havia os seus lábios largos, mais cheios do que deveria ser
o de um homem. Eles a fizeram pensar em membros emaranhados, de
beijos longos e sensuais onde ela esqueceria tudo, exceto o homem
que a tocava.
Como um pacote total, Arran era o tipo de homem que virava as
cabeças onde quer que fosse. As mulheres o queriam, e os homens
queriam ser ele.
Ronnie sabia o que vinha com um homem como Arran. Todo ins-
tinto lhe dizia para mandá-lo embora, mas ela precisava de mãos ex-
tras. E não podia recusar o pedido de Saffron.

28
Sem mencionar que ela não podia ignorar o desejo de seu corpo,
não importa o quanto ela tentasse. Seu coração estava acelerado, seu
sangue ardendo em suas veias desde que ele tinha caminhado para ela.
Sua atitude fácil, descuidada e sedução extrema não poderia ser des-
considerada, não importa o quanto ela tentasse fazer exatamente isso.
Ela puxou seu casaco mais apertado num esforço para proteger
seus mamilos doloridos. Tinham-se endurecido na primeira inflexão de
sua voz profunda e aveludada. Seu sotaque escocês baixo e grosso.
Bastava ouvi-lo falar e arrepios corriam ao longo de seus braços.
É estranho que nenhum dos outros escoceses tenha causado a
mesma reação.
― Você não está muito enganada. ― ele finalmente disse, tirando-
a de seus pensamentos. ― Minha terra tem visto inúmeras batalhas
quando homens lutaram para nos governar.
― Você fala como se tivesse vivido aqui desde o início dos tempos.
Ele encolheu os ombros. ― Talvez eu tenha uma vida passada.
Ronnie normalmente rejeitava tais ditames absurdos, mas de algu-
ma forma, ela acreditou quando Arran disse isso. Talvez não que ele ti-
vesse vivido outra vida, mas que ele era muito mais do que parecia ser.
Ele era perigoso. Disso ela tinha certeza.
Perigoso para seu psicológico. Perigoso para sua capacidade de es-
quecê-lo como tinha feito com tantos outros homens.
Ele era cativante, carismático e inteiramente interessante demais.
― Por que eu sinto, garota, que você não me quer aqui? ― Arran
perguntou.
― Porque homens como você...
― Homens como eu? ― Ele interrompeu, uma sobrancelha escura
levantou como se ele não gostasse de ser comparado a outros homens.
E ela tinha que admitir, Arran MacCarrick realmente não podia ser
comparado a ninguém.

29
― Sim, homens bonitos que vêm às escavações distraem as mu-
lheres. Eles flertam e se envolvem em vez de se concentrar na escava-
ção. As pessoas podem ficar feridas, artefatos perdidos, quebrados ou
roubados, e um grande número de coisas quando as pessoas não estão
se concentrando em suas tarefas.
― Então, você acha que eu sou bonito, ― ele disse com um sorri-
so torto.
Ronnie suspirou e revirou os olhos, tentando não sentir seu estô-
mago flutuar com seu sorriso. Tinha a vontade de lhe devolver o sorri-
so, mas aprendera a lição há muito tempo com homens tão ousados e
lindos.
― O que eu acho que está fora da questão. Você está aqui porque
Saffron pediu. Eu a conheço. Se você é seu amigo, eu só quero pedir
que você se lembre disso quando as mulheres começarem a tomar co-
nhecimento de você.
Seu sorriso desapareceu e seu olhar se estreitou. -― Conheço meu
dever. Você não vai ter nenhum problema comigo cheirando em torno
de qualquer uma das mulheres. Eu não posso ajudar se eles vierem a
mim, mas eu te dou minha palavra, eu irei dissuadi-las.
Isso Ronnie não esperava. ― Uh... obrigada.
― Eu sou muitas coisas, Ronnie, mas eu não iria pensar em com-
prometer esta escavação ou você.
Ela trocou de pé a pé, sentindo-se como uma idiota por dizer to-
das essas coisas para ele. ― Eu só precisava que você entendesse.
― E eu entendi, garota. Não se preocupe com isso. Meu couro é
mais grosso do que a maioria, irá precisar mais do que suas palavras
honestas para me aborrecer.
― Eu quase gostaria de ver isso. ― ela disse com um sorriso. As-
sim que as palavras saíram, ela não tinha certeza de onde tinham vin-
do. Ronnie limpou a garganta. ― Por que você não leva o resto da noi-
te para olhar ao redor? Estamos cobrindo coisas para a noite, e Andy e
Pete estão por perto se precisar de qualquer coisa. A primeira coisa
pela manhã, vou lhe dar seus deveres.

30
― Parece bom. Somente, você poderia querer pensar em cobrir
isso ― disse Arran, apontando para a seção de 4x1,5 m de solo recen-
temente escavado. ― Acontece que haverá uma tempestade.
― Eles disseram que não até amanhã.
― O clima escocês é tão inconstante quanto eu tenho visto. Você
não pode confiar no que os meteorologistas dizem. Você deve aprender
a ler o tempo sozinha, garota.
Ronnie olhou para a seção. Eles tinham cavado apenas quatro po-
legadas, mas já tinham encontrado pedaços de cerâmica quebrada. De-
pois de três anos na Escócia, ela sabia como o tempo era variável. Se
chovesse, não havia como dizer o que seria lavado. E ela sabia que al-
guma coisa estava ali, esperando para ser descoberta.
No entanto, cobri-la agora os deixariam atrasados.
As outras seis seções que estavam cavando há mais de um mês já
estavam cobertas para proteger 90% da chuva.
Ronnie olhou para o céu antes de olhar para a nova seção. Havia
algo importante por baixo de toda essa sujeira. Ela sabia isso em sua
alma.
Ela sentia isso.
Não era algo que ela dissesse a alguém, mas esse mesmo senti-
mento era o que a levou a tantos achados em suas escavações passa-
das. Seu... dom ... era o que a fazia famosa, mas era um segredo que
ela teria que levar para o túmulo. Não havia uma alma com quem pu-
desse confiar tal conhecimento.
― Andy! ― chamou. ― Cubra a nova seção o mais rápido possível.
A chuva está chegando!
Andy deu um aceno de cabeça, e instantaneamente os escavado-
res se moveram enquanto outros se apressaram para cobrir a seção.
Ronnie ficou surpresa quando Arran apressou-se a ajudar.
Tão surpresa com isso, que lhe levou um momento antes dela se-
gui-lo. Enquanto todos eles lutavam com a lona azul brilhante, o vento

31
uivava em torno deles, tentando seu melhor para sacudir a lona fora de
suas mãos.
Não foi até a lona foi estacado firmemente no chão que Ronnie
olhou para cima. E encontrou olhos dourados observando-a, avaliando-
a. A atração que sentira antes a puxou para ele.
Ela manteve os pés enraizados no ponto de algum modo, mas não
havia como negar que queria Arran. Seus beijos, seu toque, seu... cor-
po.
Um batimento cardíaco mais tarde, a primeira gota de chuva gorda
pousou em sua bochecha. Antes que ela pudesse ficar em pé, os céus
desencadearam uma tempestade como nenhuma que ela alguma vez ti-
vesse visto.
Enquanto todo mundo se apressava para sair da chuva, Ronnie ve-
rificou as estacas mais uma vez antes de ir para a próxima seção e as
estruturas de tenda que tinham sido erguidas sobre os locais recém ca-
vados.
A chuva encharcava seus jeans, mas seu casaco, que era imper-
meável, ajudava a manter a parte superior do corpo seca. A maneira
como o vento chicoteava, a jaqueta não podia segurar tudo.
E as gotas correndo por seu rosto e cabeça, no pescoço de sua ca-
misa estavam rapidamente a ensopando.
Enquanto ela verificava uma das cordas das estruturas que cobri-
am uma escavação, Outra se desprendeu do seu nó e começou a sol-
tar-se violentamente ao vento.
Ronnie saltou para ela, mas parecia ir mais alto, como se estivesse
provocando-a. De repente, uma sombra surgiu atrás dela quando uma
grande mão agarrou a corda.
Ela se virou para encontrar Arran. Ele piscou a chuva para fora de
seus olhos, e com um aceno de cabeça, ajoelhou-se para prender a
corda. Ela não observou-o ou a forma como sua camiseta molhada se
agarrava a suas costas então seus músculos se moviam e se agrupava
enquanto trabalhava.
Pelo menos ela tentou não olhar.

32
Era difícil quando ele era tão grande. Ela não era uma pessoa mi-
núscula, mas ele a fazia se sentir assim.
Ela recuou para colocar alguma distância entre eles quando trope-
çou em uma das estacas. Seus braços se agitaram violentamente en-
quanto tentava manter seu equilíbrio.
De repente, ela foi puxada contra um peito duro como uma rocha,
olhando para os olhos nublados de Arran. Um de seus braços envolveu
firmemente ao redor dela enquanto sua outra mão foi esticada na parte
inferior das costas dela, segurando-a contra ele.
Ronnie instintivamente segurou-o, os músculos grossos debaixo de
sua camisa molhada eram quentes e sólidos, seu corpo imóvel, rígido.
Ela piscou através da chuva para encontrar seu rosto polegadas do
dela. Aquele puxão que ela sentiu antes a empurrou rapidamente,
prontamente.
Decisivamente.
O olhar dele caiu para sua boca, e seu estômago caiu nos pés
quando ela percebeu seus lábios separados, esperando ansiosamente
pelo beijo dele.
Seu coração acelerou quando ela sentiu o duro volume da excita-
ção dele contra seu estômago. O calor inundou-se entre suas pernas, e
seus joelhos ficaram fracos.
O braço dele apertou-a uma fração enquanto sua cabeça abaixava
aqueles últimos centímetros. Não havia como ela negar o beijo que sa-
bia que estava vindo. E ela não queria.
As pálpebras dele se ergueram para que os olhos dourados a fitas-
sem, o desejo ardendo para que todos pudessem ver. Ele se afastou um
pouco, como se estivesse se contendo. ― Você precisa ter mais cuida-
do, lass.
― Ele disse moça como um carinho, suave e como um aceno. De-
morou um momento antes que Ronnie pudesse soltá-lo porque ela não
confiava em suas pernas para segurá-la. Quando o fez, deu-lhe um li-
geiro aceno de cabeça e voltou a amarrar as lonas.

33
Ela não sabia o que ela estava mais decepcionada; não receber
seu beijo, ou ter que renunciar a segurá-lo. Ela tinha acabado de pen-
sar que seu corpo era incrível. Então ela o tocou, manipulou aqueles
músculos maravilhosos e sentiu seu calor.
Com ambos verificando o resto das estruturas, Ronnie terminou na
metade do tempo, o que era bom, já que sua mente estava cheia de
Arran e a necessidade ainda correndo por ela. Ela o sinalizou para se-
gui-la enquanto correu para a barraca, com as botas espirrando água a
cada passo.
Não foi até que ela estivesse dentro de seu abrigo e se virasse
para vê-lo mergulhar sua cabeça molhada e entrar para que se pergun-
tasse o que poderia ter feito ela convidá-lo para entrar? Especialmente
depois de quase o beijo deles.
Ela tinha cedido. Ele era o único que tinha mantido isso juntos.
Talvez fosse porque se sentia suficientemente segura com ele. Ele a
queria. A evidência estava lá para ela ver na forma como sua calça je-
ans molhada moldava sua grossa ereção, mas ele levaria isso adiante.
Não importava quanto era bonito, perigoso era perigoso. Apesar
do quanto ela argumentava consigo mesma, ela estava intrigada com
Arran.
Era um jogo precário e perigoso que ela jogava, mas estava confi-
ante de que não faria os mesmos erros de seu passado.
Isso foi até os olhos dourados de Arran fixaram nela, então caíram
para seus seios, que estavam delineados pelas extremamente molhadas
camisa e regata.

34
CAPÍTULO TRÊS

Ronnie poderia ter se coberto com seu casaco. Ela poderia ter se
afastado.
Em vez disso, ficou completamente imóvel, como se o desafiasse a
tocá-la, a beijá-la. Tomar tudo o que ela estava muito com muito medo
de se oferecer.
O desejo que ela viu nos olhos de Arran a manteve imóvel, cativa.
Uma fagulha de fome tão crua, tão visceral brilhou em suas profunde-
zas que o fôlego dela parou, trancado em seu peito.
Ela estava pega, presa. Capturada. Tudo pelo olhar de necessidade
em seus olhos dourados. Quando ela arrastou em uma respiração irre-
gular, Ronnie podia sentir seu corpo derretendo em direção a ele.
Arran era como um campo de força puxando-a, rebocando-a. Ela
sabia que deveria se afastar, ou pelo menos fingir que não tinha visto
sua reação. Mas não podia. Era como se o mundo parasse por alguns
segundos, e eram apenas os dois.
Ele foi o primeiro a desviar o olhar, e Ronnie não quis avaliar o
quanto ficou chateada com isso.
Com a coragem que a levara através da vida, ela tirou a jaqueta e
a colocou sobre a cadeira para secar. Ela então virou-se as costas para
Arran e retirou as mechas do cabelo molhado de seu rosto. Pelo menos
seu coque tinha segurado.
― Obrigada pela ajuda. ― disse ela, quando conseguiu encontrar
a voz.
― Eu fiz o que qualquer um faria.
― Se estivessem lá. ― ela disse, e olhou por cima do ombro para
ele.
Ele estava de lado, seu olhar em algo fora, através da abertura de
sua barraca que ele tinha levantado a aba alguns centímetros para
olhar através dela.

35
Ronnie pensou que tivesse avaliado Arran assim que o viu, mas
mesmo no pouco tempo que ela passou com ele, percebeu que estava
terrivelmente errada.
Com a atenção dele desviada, Ronnie tirou a camisa molhada e a
regata antes de puxar rapidamente um de seus velhos moletons de
Stanford.
***
Arran manteve seu olhar focado do lado de fora, mas dentro da
barraca ele estava ciente de cada movimento de Ronnie. Do som do
material molhado deixando seu corpo para sua inspiração rápida quan-
do o ar fresco bateu sua pele nua. De alguma forma, ele conseguiu
manter de olhar nela enquanto ela mudava de camisa, o que tinha sido
uma façanha em si.
Tinha conseguido um vislumbre de seus seios enquanto sua cami-
sa se agarrava a eles. Eles não eram pequenos ou grandes. Eles eram
uma porção perfeita.
E como ele ansiava vê-los desnudados, para observar enquanto
seus mamilos ficariam rígidos enquanto ele brincava e os sugava.
Arran sabia que ele estava atraído por Ronnie, ele simplesmente
não tinha percebido o quão grande era essa atração até que a tivesse
abraçado.
Sentindo-a.
Tocando-a.
Ele conhecia a sensação de seu corpo contra o dele agora. Ele a
abraçara, conhecia sua suavidade e ansiava por mais. Muito mais. Quão
perto ele ficou de beijá-la. Ela queria isso, teria aceitado.
De sua parte, não se lembrava de sentir tanta necessidade de bei-
jar uma mulher antes. Surpreendeu-o o suficiente para fazê-lo parar.
Agora ele lamentava essa hesitação.
Ronnie queria mantê-lo a uma distância segura, por causa de seus
próprios desejos que ela obviamente não confiava. Ele estava lá há me-

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nos de uma hora, e seu pau já estava doendo para ser enterrado den-
tro dela, sentir seu calor úmido e pegajoso enquanto a enchia.
Arran cerrou os dentes. Que diabos estava errado com ele? Desde
que ele chegou ao sítio de escavação e a magia o tocou, ele estava no
limite, uma estranha sensação o atravessava e que ele não sentira an-
tes.
Não era magia drough. Isso ele sabia.
Ele passara o último ano na constante companhia de Druidesas,
então por que a magia o afetaria agora? A única explicação era que isso
era magia antiga que estava sentindo.
O que quer que fosse, ele precisava se controlar. Precipitadamen-
te. Ronnie já havia lhe dito que não o queria brincando por ali, e como
tudo o que ele queria fazer era jogá-la na cama e cobrir seu corpo com
o dele, isso estava ficando malditamente problemático.
Agora ele desejava ter trazido outro Guerreiro com ele. Era supos-
to ser uma missão simples. Arran deveria ter sabido que seria tudo,
menos simples.
― Por que você não me diz por que está realmente aqui?
A voz de Ronnie, fria e direta ao ponto, puxou a cabeça para ela.
Qualquer desejo que tivesse tido em seus olhos cor de avelã antes es-
tava enterrado. ― Do que você está falando?
― Meu pai adotivo era um detetive no nosso departamento de po-
lícia local. Eu conheço esse o olhar alerta que você tem, aquele que diz
que você observa tudo e todos. Agora, pare de desperdiçar meu tempo
e me diga o que você realmente está fazendo aqui.
Arran gostou de sua atitude franca. Ele a estudou por um momen-
to, notando as letras desbotadas em seu moletom e a maneira como os
cabelos caíam do coque pendurados ao lado do rosto. Perguntou-se por
quanto longo seus cabelos eram, e se eram tão sedosos quanto pare-
cia.
Ele imaginou isso caindo em volta dele enquanto ela se inclinava
sobre ele, lentamente abaixando-se sobre ele. Sua mão apertou os pu-

37
nhos enquanto pensava em deslizar as mãos pelo cabelo e enrolá-lo em
torno de seus dedos.
― Eu estou aqui para ajudar com a escavação. Estou interessado
nisso, e essa é a verdade. Aye, eu observo coisas. É o que eu faço. É
parte de mim e não algo que eu possa mudar.
― Homens como você não aparecem sem motivo algum.
― Essa é a segunda vez que você disse 'homens como eu'. Eu a
assusto, lass?
Ela ergueu o queixo e enfiou os dedos nos bolsos dianteiros de
sua calça jeans.
―Não há muito nesta vida que eu não possa administrar.
― Isso eu acredito. ― Ele não pôde parar o sorriso que se seguiu.
Ronnie tinha coragem. Era óbvio pela maneira como ela se referia
aos homens que algo acontecera em seu passado. Tinha alguma coisa
a ver com o pai? Um amante do passado? Possivelmente um marido?
Arran não sabia, mas queria descobrir. Ele não gostava de ser
comparado a outros, especialmente quando ninguém mais podia se ri-
valizar com um guerreiro.
Ele olhou para a corrente de ouro que caía escondida debaixo de
seu moletom. ― Onde você conseguiu o pingente?
― Em uma escavação há três anos no norte da Escócia. ― Ela ti-
rou o pingente e correu os dedos ao longo do trabalho de nós. ― É re-
quintado, não é? Acho incrível que eles pudessem criar tais obras de
arte há tanto tempo que nossos artesãos hoje mal conseguem replicar.
― Os Celtas eram um povo incrível.
― Eu sempre fui fascinada com eles. ― disse ela com um pequeno
sorriso, Seu olhar ainda no pendente.
― O que seus estudos americanos lhe disseram sobre meus ante-
passados?

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Seus olhos levantaram para os dele então. ― Não tanto quanto eu
sei que está lá fora. Eu tenho feito minha quantidade de pesquisa, e eu
sempre saio sentindo como se um pedaço enorme da história dos Cel-
tas foi deixado de fora.
― Talvez porque eles não queriam que os outros soubessem?
Ela bufou. ― Eles eram um povo orgulhoso. Você sabe disso. Você
pode imaginá-los não querendo dizer ao mundo quem eles eram?
Arran deu de ombros e cruzou os braços sobre o peito. ― E se eu
dissesse que poderia responder a todas as suas perguntas sobre os Cel-
tas?
Ele não sabia por que ofereceu. Ele não podia dizer a ela. Seria
perigoso para qualquer um que não fosse um Druida ou um Guerreiro
saber da existência de um Guerreiro. E os celtas estavam ligados aos
Guerreiros.
― Claro. ― disse ela, e fez um som no fundo da garganta. ― Eu já
tive a mesma oferta antes e foi dito alguma bobagem sobre magia e
Roma e guerreiros.
Arran retesou, sua atenção total sobre a mulher diante dele. Seus
braços caíram de lado e deu um passo em direção a Ronnie. ― Quem
te disse isso?
― Um voluntário na escavação há três anos. Ele era um homem
idoso que fazia com que todos tivessem algo para beber e comer.
Quando eu encontrei o pingente, ele me perguntou se eu queria saber
a história dos Celtas. Não tendo ideia de que eu ia receber um monte
de mentiras, eu disse que sim.
Arran respirou fundo para manter a calma. ― Qual é o nome do
homem? Onde ele está?
― O que importa? ― ela perguntou, sua voz baixando com suspei-
ta. ― Era apenas uma história.
― Ronnie, eu preciso saber quem é este homem.

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Ela procurou seu olhar por um momento antes que dissesse. ― Ele
morreu um mês depois no sítio. Ele caiu e bateu a cabeça em uma pe-
dra. Ele estava morto instantaneamente.
A história dos Druidas, de Roma e da criação dos Guerreiros não
era uma que ninguém além de um Druida ou um Guerreiro soubesse.
Quem era esse homem que contara a história a Ronnie?
― Qual era o nome do homem?
Arran perguntou. A sobrancelha de Ronnie levantou-se. ― O que
isso importa? Ele está morto.
― Por favor, Ronnie.
― Diga-me porquê.
― Droga, você é uma teimosa, ― Arran disse exasperado enquan-
to olhava para longe e tentava encontrar uma razão plausível que ele
pudesse dar.
Ela simplesmente sorriu E encolheu os ombros. ― Como qualquer
um que me conhece atestará. Agora, me diga por que é tão importan-
te. Por que as divagações de um homem velho interessa... Sua voz
morreu quando a percepção caiu sobre seu rosto. ― A menos que sua
história fosse verdade. ― concluiu.
Arran tinha que pensar rapidamente. A mente de Ronnie era afia-
da, mas ele não sabia ao certo o quanto ela sabia, nem o quanto o ve-
lho tinha entendido direito.
― Nós, escoceses, somos protetores das histórias faladas. A magia
tem estado associada com esta terra. Alguns acreditam nela e procura-
rão fazer o que puderem para encontrá-la.
― Com que propósito? ― perguntou ela.
― Para destruí-la. Ou pior, para usá-la em sua vantagem.
A cabeça dela inclinou para o lado. ― Você acredita em magia?
― Se você tivesse visto as coisas que eu vi, Dra. Reid, você não
estaria me perguntando isso.

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Ela riu, o som tão musical e lindo que o fez sorrir em troca. ―
Essa foi uma boa resposta, mas não uma resposta.
― Foi certamente uma resposta. Você só precisa saber como deci-
frar as palavras de um escocês.
― Você gosta de brincar comigo, não gosta?
― Gosto desse bate-papo. ― respondeu ele honestamente. Ele
também gostou de ver as emoções passarem através de seus lindos
olhos cor de avelã. ― A maioria dos meus amigos são casados e, em-
bora discutimos verbalmente, às vezes, é bom poder fazer isso com al-
guém tão inteligente e atraente como você.
― Oh, e agora um elogio. ― disse ela quando olhou para o chão.
― Eu não recebo muito disso. Obrigada.
― Eu não digo coisas que eu não quero dizer. Lembre-se disso. O
nome do homem?
― Vou dar quando você me disser por que é tão importante.
― Eu disse, moça.
Ela revirou os olhos. ― Você me deu uma conversa fiada. Trato de
verdades, Arran.
A conversa foi interrompida quando o celular de Arran tocou, e
Andy entrou na tenda.
―Até amanhã. ― Arran disse, e esquivou-se na chuva antes que
ele mudasse de ideia e ignorasse a chamada de Fallon.
Ronnie encarou a abertura depois que Arran partiu. Andy estava
falando, mas ela não registrou nada do que ele estava dizendo.
Em sua mente, ela estava repassando sua conversa inteira com Ar-
ran. Ele era espirituoso e encantador. Um velhaco da primeira ordem. E
um que ela deveria manter afastado.
Mas ela sabia que ela não manteria. Havia tanto tempo desde que
seu corpo a tinha governado, e ele se sentiu bem, mesmo. Estar nos
braços de Arran fez com que ela se lembrasse do que era sentir a falta
de fôlego correndo por ela.

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Exceto que com Arran, aquela necessidade sem fôlego foi aumen-
tada dez vezes. Assustava-a, a necessidade que sentiu em seus braços,
de saber a promessa sexual que via em seu olhar.
Dar-se a um homem como ele.
Se fosse apenas atração ela poderia ser capaz de lutar contra isso,
Mas a atração era mais profunda, como se um laço invisível estivesse
arrastando-a para Arran.
Como se seus destinos estivessem entrelaçados.
O pensamento a deixou gelada.
Um futuro que envolvesse qualquer menos ela mesma só termina-
ria em tragédia. Ela tinha que manter-se distante se quisesse encontrar
a relíquia que procurava.
Era demasiado importante para esquecer. Demasiado importante
para ela ficar flertando, mesmo com um homem tão encantador e sexy
como Arran MacCarrick.

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CAPÍTULO QUATRO

Arran respondeu ao telefone com uma expressão sucinta, ― Aye?


― Eu acho que você já chegou ai? ― Fallon perguntou.
Arran suspirou e rapidamente entrou em sua barraca. Ele estava
encharcado, mas seu sangue estava em chamas por causa de uma mu-
lher. ― Ronnie Reid.
― Aye. ― ele respondeu.
― O que está acontecendo? Ouço algo em sua voz.
Arran limpou a água dos olhos enquanto permanecia em pé no
meio da tenda. ― Nada que eu não possa controlar, Fallon.
― Esta missão é importante. Se eu precisar envio outro Guerrei-
ro...
― É uma maldita mulher, está bem? ― ele respondeu firmemente.
― Isso é tudo que há errado comigo. Não precisa enviar ninguém.
Houve silêncio por um batimento cardíaco antes de Fallon rir. ―
Você me preocupou. Quem é esta mulher?
― Ronnie Reid.
― A arqueóloga que está executando a escavação?
― Ela mesma.
― Você está maluco, cara.
― E eu sei disso. ― Arran decidiu afastar o assunto dele. ― Há
magia aqui. Eu senti isso assim que eu cheguei aqui.
― Você acha que é o feitiço?
Arran olhou para fora da entrada da tenda. A chuva tinha manda-
do todos se afastarem. Seria um momento perfeito para ele dar uma
olhada. ― Poderia ser, ou poderia ser apenas o restante dos artefatos
mágicos enviados de Edimburgo. Ronnie tem um colar que é celta anti-
go. Isso pode ser parte da fonte.

43
― Há mais outra coisa .
― Provavelmente não é nada.
― Arran. ― disse Fallon, com a voz baixa. ― Eu posso estar ai em
um piscar de olhos. Não minta para mim.
Ele apertou os olhos fechados porque não queria compartilhar a
próxima parte ainda, pelo menos não até que soubesse com certeza. ―
Há um Druida aqui. E antes que você fique tudo animado, eu ainda não
encontrei. Toda essa área zumbe com magia. Estou tendo dificuldade
com a enorme quantidade dela.
― Mas você sentiu alguma coisa?
― Aye. E não foi magia drough.
Arran podia ouvir Fallon tamborilando seu dedo na mesa através
do telefone. Ele esperou enquanto Fallon pensava em tudo.
E mesmo que o olhar de Arran devesse estar no sítio da escava-
ção, ele se encontrou olhando para a tenda de Ronnie. A luz estava
acesa, e ele podia ver a silhuetas dela e de Pete
― Vá com cuidado. ― disse Fallon.
Arran sabia que ele estava falando sobre a missão, mas Arran es-
tava pensando em Ronnie. ― Isso foi decidido antes de eu ir sair daí.
― Aye, mas não sabíamos o que esperar. Eu acho que você vai
aprender mais aí por conta própria, mas eu não vou arriscar nada. Na
primeira sugestão de problemas, estou enviando Charon ou Malcolm.
― Não chegará a isso. ― disse Arran, e terminou a conversa.
Enfiou o telefone em sua mochila e entrou na chuva mais uma
vez. Era uma chuva forte, uma tempestade que duraria várias horas.
Embora Arran não tivesse chance de levantar qualquer das lonas
para perscrutar abaixo, ele poderia explorar a área para conhecer onde
estariam os melhores lugares para entrar ou sair.

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A área era maior do que Arran percebeu na primeira vez. Havia
muito que tinha sido seccionado fora do que aparentemente Ronnie
queria cavar, mas eles não tinham mesmo escavado o chão ali.
Olhou para a mais nova seção de terra que havia sido escavada.
Esse parecia ser o lugar que mais interessava à ela. Ainda assim, Arran
fez uma nota mental de onde estavam os outros.
As nuvens da tempestade tinham escurecido o céu, mas estava
claro o suficiente para que ele pudesse ser visto, então Arran caminhou
até seu SUV para fazer parecer que tinha esquecido algo.
Depois de mexer no porta-malas por um momento, fechou a porta
e então se apoiou contra o veículo. A chuva nunca o incomodara. Ele
sempre achou isso estranho que as pessoas neste mundo moderno,
corriam da chuva como se a chuva fosse prejudicá-los de alguma for-
ma.
Ao seu ver, a chuva lavava a sujeira que cobria o mundo. E o mun-
do precisava de mais chuva.
Ele deu duas voltas em todo o sítio da escavação, certificando-se
de que ninguém o vira. Com a tempestade, era fácil, já que todos fica-
vam em suas tendas ou trailers.
Com sua patrulha terminada, Arran lentamente voltou para sua
tenda. Ele não pôde deixar de olhar para Ronnie. Ela estava sozinha
agora, e por um segundo, Arran pensou em voltar até ela para ver se
conseguia o nome do velho.
Ou um beijo.
Mas Ronnie iria querer saber por que ele precisava do nome. Arran
não podia dizer-lhe a verdade, embora ela quase tivesse juntado todas
as peças.
Era necessário que ele ficasse na escavação, e se ela mergulhasse
na história do velho e descobrisse que Arran era um Guerreiro, duvida-
va que ela permitisse que ele permanecesse no sítio.
Arran continuou andando até chegar em sua própria tenda. Ele se
endireitou e balançou a cabeça vigorosamente para se livrar da água.

45
― Acho eu que deveria ter ficado lá fora. Estaria mais seco.
Arran ergueu o olhar para encontrar Pete sentado em sua cama e
coberto com gotas de água. ― Minhas desculpas. Eu não sabia que
você tinha voltado.
― Eu pensei em jantar com Ronnie, mas sua mente está em outro
lugar.
Arran tirou a camisa e cavou uma em sua mala e um novo jeans.
Uma vez que ele se trocou e colocou suas roupas e botas encharcadas
para secar, sentou-se em sua cama e dobrou um joelho para colocar
seu pé nu sobre a cama.
Deixou um braço descansar sobre o joelho enquanto estudava
Pete, que estava ocupado folheando um livro à luz do lampião sobre a
mesa entre eles. Sua vaidade masculina ficou feliz em ouvir que seu
quase beijo em Ronnie a tinha aturdido como ele também estava.
― Ronnie é uma mulher determinada. ― Pete disse através do si-
lêncio. Ele levantou os olhos de seu livro, seus olhos fixando em Arran.
― Eu percebi.
―Esta é a sua vida, e ela não deixa nada interferir com isso. Se
você tem alguma ideia de seduzi-la...
― Não é por isso que estou aqui. ― Arran interrompeu-o antes
que Pete pudesse continuar. ―Estou aqui pela escavação, não para en-
contrar uma mulher.
Pete grunhiu e virou algumas páginas mais. ― Apenas mantenha o
que eu disse em mente. Ronnie é capaz de cuidar de si mesma.
― Mas você sente a necessidade de protegê-la.
― Aye. Ronnie é ... especial . ― disse Pete. Ele fechou o livro e co-
locou-o ao lado dele enquanto se virava para sentar-se de lado na
cama. Então apoiou os antebraços nas pernas e juntou as mãos. ― Eu
gosto de você, Arran, e eu vi o jeito que você olhou para ela antes que
você soubesse quem ela era.
― Ela é uma linda mulher. Sou um homem que aprecia tal beleza.

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Pete sorriu e olhou para fora da tenda. ― Ela não tem ideia de sua
atratividade, o que é parte de seu fascínio. Os homens confundem seu
não interesse como timidez.
Arran não estava certo por que Pete estava contando tudo isso.
Para avisá-lo, sim, mas havia algo mais lá também.
― Você costuma ajudá-la em suas escavações?
Pete riu e olhou para ele. ― Não. Ronnie há muito que está sozi-
nha. Ela gosta de me deixar tropeçar por aqui, mas é apenas como um
amigo, não um professor. Ela é a única que me ensina agora.
― Mas você a ajuda. ― insistiu Arran.
― De certo modo. Ajudo a organizar as partes para manter as do-
ações para que ela possa continuar seu trabalho. Arqueologia é um ne-
gócio caro.
Arran assentiu. ― É por isso que Ronnie é amiga de Saffron.
― Ah, sim, Miss Fletcher, que se tornou Sra. MacKenna. A empresa
de Saffron tem sido uma doadora, começando com doações de seu pai.
Mesmo quando Saffron pareceu desaparecer, o dinheiro ainda era envi-
ado para Ronnie para continuar suas escavações.
― Com as doações de Saffron, por que você precisa de mais?
― Pete jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada. Ele cor-
reu uma mão pelo rosto antes que alcançasse debaixo da cama até um
saco e tirou um frasco. Ele desatarrachou a tampa e inclinou o frasco
para um grande gole.
― Não, obrigado. ― Arran disse quando Pete lhe ofereceu um
drinque.
Pete tomou outro gole e enroscou a tampa novamente. ― As doa-
ções do Saffron são altas, mas não cobrem tudo. No entanto, isso nos
permite não ter que pedir muito para os outros.
― Entendo. ― E Arran entendeu. Pete tinha passado da escavação
real para manter Ronnie escavando.

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― Eu acho que você vai se encaixar bem aqui. ― Pete se virou e
deitou de volta na cama. Ele jogou um braço sobre os olhos e grunhiu.
― Se apenas este maldito lugar ficasse escuro como era suposto.
― Onde Ronnie vai depois desta escavação?
Pete deu de ombros. ― Este é seu terceiro ano na Grã-Bretanha, e
parece que ela não tem intenções de sair. Eu continuo tentando levá-la
de volta ao Egito, mas ela está determinada a ficar aqui. Eu não tenho
ideia o que há nesta terra que a mantém encontrando coisas.
― O que há de errado com isso?
― Nada. ― Pete levantou seu braço e olhou para Arran por um
momento. ― Há mais história no Egito é tudo que estou dizendo.
Arran não respondeu quando o braço de Pete mais uma vez cobriu
seus olhos.
― Mas o National Trust da Grã-Bretanha está feliz por tê-la, no en-
tanto.
― O que quer dizer? ― Arran perguntou com cenho franzido.
― Isso significa que ela dá todos os seus achados para eles.
― Tudo?
― Oh, ela irá manter algo pequeno de vez em quando, como o co-
lar que ela usa.
― Pensei que parte de ser um arqueólogo seria dar os achados ao
governo.
― E é.
Mas havia algo na voz de Pete que fez Arran cauteloso. ― Eu sus-
peito que o governo exige as descobertas em troca de escavar em suas
terras.
― Sim. É a forma que sempre foi. Arqueólogos fazem todo o tra-
balho, e obtém um pouco do louvor. Muito tempo depois que os artefa-
tos são colocados em um museu, os que os encontraram são esqueci-
dos.

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Arran relaxou com suas palavras. Ele tinha pensado por um mo-
mento que Pete tinha sido motivado pelo dinheiro, mas agora Arran
compreendeu o tom que tinha em sua voz.
― Como Ronnie se sente sobre isso? ― Arran perguntou.
― Ela não parece se importar. Para ela, é apenas parte de quem
ela é.
Arran deixou o silêncio crescer depois que Pete terminou de falar.
Havia muito sobre Ronnie que Arran tinha aprendido, e ele ainda tinha
que encontrar qualquer coisa que ele não gostasse.
Uma imagem de seu corpo alto e esbelto em sua tenda com suas
camisas ensopadas e agarradas a sua pele brilhava na mente de Arran.
Seu maldito pau começou a endurecer quando ele se lembrou de se-
gurá-la.
Ele tentou empurrar isso de lado, mas era tarde demais. Seu corpo
aqueceu, instantaneamente pronto e necessitado. Se ele sentia uma
necessidade tão esmagadora por ela agora, como seria se a beijasse?
Isso não pode acontecer.
Mas ele queria. Desesperadamente.
Tudo o que fez para varrer esses pensamentos, foi Fallon e Larena,
e os outros casais no Castelo MacLeod que queriam prender os deuses
e ter uma vida normal.
Como se eles pudessem viver normalmente. Eles passaram cente-
nas de anos como imortais, como guerreiros que tinham poderes pró-
prios. Para Arran, era a capacidade de controlar o gelo e a neve.
Isso era sua segunda natureza. Ele queria viver onde não poderia
usar esse poder? Será que ele queria uma vida onde não pudesse ver
no escuro como um guerreiro fazia, ou ouvir como um guerreiro ouvia?
Ter a velocidade e a força de seu deus tirada dele?
Ele não queria, mas isso não era sobre ele. Era sobre seus amigos.

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Arran dizia a si mesmo que não precisava ter seu deus preso, mas
no fundo de sua mente estava preocupado que uma vez que aquele fei-
tiço estivesse lá fora, qualquer um poderia amarrar seu deus.
Qualquer um.
E se o mal voltasse? Porque seria. Eventualmente. O que aconte-
ceria ao mundo se os Guerreiros não estivessem lá para deter o mal?
Arran não queria descobrir.
Era um risco que ele queria correr?

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CAPÍTULO CINCO

Ronnie suspirou enquanto se sentava na cama e bocejava. Ela não


conseguiu dormir ontem à noite. Toda vez que ela fechava os olhos, viu
aqueles dourados olhando para ela.
Mesmo acordada, Arran assombrava sua mente. Ela não conseguia
parar de pensar em como ele estava à vontade, até que ela mencionou
a velha história celta.
O predador que sentia nele tinha acordado naquele momento. Era
uma parte dele que ele, provavelmente, sequer tinha percebido que e
tinha se inclinado para ela, seu corpo parecia se curvar como se esti-
vesse esperando por uma briga.
E por um instante, ela poderia ter jurado que seus olhos brilha-
ram... brancos.
Isso provou o quanto estava exausta e que sua mente brincava
com s ela.
― Olhos brilhando brancos. Sim. Como se isso realmente acontece
― Ronnie murmurou enquanto balançava as pernas para o lado da
cama e se levantava.
A tempestade tinha parado apenas algumas horas antes, mas isso
não iria parar a escavação. Ela jogou água em seu rosto e vestiu outro
par de jeans e uma camiseta mais grossa. Ela estava escovando seu ca-
belo quando ouviu a voz de Arran.
Aquela voz profunda e suave enviou arrepios correndo sobre sua
pele. Ele riu, e ela se perguntou com quem ele estava falando. E então,
sua voz desapareceu. Ela odiava estar decepcionada por não ter ouvido
mais dele.
― Se contenha. ― ela disse enquanto ela olhava para seu reflexo
no pequeno espelho. ― Ele é um cara. Não há tempo para isso.
Não que sempre houvesse tempo.
Ronnie puxou seus cabelos para trás em um rabo de cavalo, em
seguida, torceu os longos fios ao redor antes de embrulhar tudo em um

51
coque. Ela colocou três grampos em seu cabelo para segurá-lo e então
pegou seu casaco enquanto se levantava.
Assim que ela saiu de sua barraca, Andy estava esperando por ela.
― Ei, Ronnie. ― ele disse, e olhou para a prancheta dele. ― Fico
feliz em dizer que todas as lonas foram mantidas ontem à noite durante
a tempestade. Parece que tivemos muito pouco dano. Um pouco de
chuva entrou em alguns locais, mas não em todos.
― E o mais novo?
― Não. Tudo limpo. ― ele respondeu com um sorriso.
Ela assentiu e se dirigiu para a barraca que estava preparada com
comida. ― Exatamente o que eu queria ouvir. Que outras notícias?
― Enviei nosso mais novo voluntário para ajudar a cavar hoje.
Uma vez que ele é bastante forte, ele vai fazer algum trabalho pesado.
Ronnie parou em despejar seu café e olhou para Andy. ― Você o
colocou comigo?
― Você disse ontem que queria se concentrar nesta nova seção, e
isso significa ficar mais profundo do que os quatro centímetros que ti-
vemos ontem.
― Ele poderia destruir qualquer achado.
Andy balançou a cabeça. ― Acho que não. Ele parece ser capaz, e
eu tenho outros assistindo para ter certeza que ele não faça.
―Tudo bem. ― Ronnie disse com um suspiro. Ela pegou um crois-
sant e alguns morangos e saiu da tenda.
Andy estava bem em seu calcanhar. ― Eu pensei que você gostas-
se do Arran. Se for um problema, vou levá-lo para outro lugar.
― Não, está tudo bem. ― Não era, mas se ela fizesse Andy mover
Arran, então alertaria Pete e Arran que ela tinha um problema com ele.
Que ela queria evitar.

52
Quando ela chegou ao local, a lona tinha sido removida e Arran
estava em pé com uma pá, rindo de algo que um dos outros caras dis-
sera.
Ele tinha tirado a camiseta, revelando uma incrível quantidade de
músculos expostos até a cintura muito baixa de sua calça jeans escura.
Sujeira e suor já revestiam seu peito.
Era masculinidade crua, dominante e comandando. Atraente. Sem
sequer tentar, ele atraia todos os olhos para ele, incluindo o seu pró-
prio.
Sua respiração tornou-se errática, seu sangue se aquecendo até
que sua pele estava úmida devido ao desejo visceral e inato de estar
perto dele.
Mesmo seu sorriso, que ele dirigiu a outra pessoa, causou um flu-
tuar no seu estômago. Ela lambeu os lábios e deixou seu olhar deslizar
lentamente por seu peito largo, vendo o poder e força em cada múscu-
lo.
Seus olhos fizeram uma pausa quando ela alcançou a cintura de
seus jeans baixos, apenas dando-lhe um vislumbre do V sexy que desa-
parecia em suas calças.
Ela conhecia a sensação de sua excitação, a dureza, o comprimen-
to. Sua boca ficou seca enquanto pensava nela contra ela. Tinha as-
sombrado seus sonhos. Mas nesses sonhos, ela se mexia contra ele,
não ficou ali como uma idiota, esperando que ele fizesse alguma coisa.
Ronnie engoliu em seco e mentalmente se sacudiu. Ela tinha que
ficar longe de Arran. Ele era a tentação em sua forma mais pura.
― Eu pensei que ele tinha acabado de chegar aqui. O que ele fez,
cair na sujeira? ―Ela perguntou, não tentando esconder sua irritação.
Andy riu e enfiou o lápis atrás da orelha. ― Na verdade, ele está
trabalhando há duas horas.
Ela virou seu olhar surpreso de Arran para Andy. ― Você está fa-
lando sério?

53
― Sim. Ele estava acordado quando eu me levantei, e então ele
me ajudou a remover todas as lonas. Ele queria começar a trabalhar
imediatamente. A próxima coisa que eu soube, todo mundo estava se
levantando.
Ronnie olhou de volta para Arran para encontrar seu olhar nela.
Ele fez um ligeiro aceno de cabeça como se soubesse que ela estava fa-
lando sobre ele, e depois voltou sua atenção para seus novos amigos.
Maldição, mas ela não queria notá-lo.
Um olhar ao redor mostrou que ela não era a única. Todas as mu-
lheres estavam olhando para ele, o que não podia culpá-las. Um pedaço
de homem como Arran não poderia, não deveria, ser ignorado.
Justo quando ela pensou que teria que dizer a ele para colocar sua
camisa e ir para outro lugar, ele disse algo aos homens e começou a ca-
var novamente.
Um segundo depois, todo mundo voltou ao trabalho também. Mes-
mo as mulheres olhando para ele.
― Eu sempre ouvi dizer que havia pessoas que eram líderes natu-
rais. ― Andy se aproximou e sussurrou. ― Eu nunca tinha visto isso an-
tes hoje. Arran nem precisa dizer nada. Eles apenas o seguem.
― Eles estão trabalhando, isso é o que importa. Mas Ronnie esta-
va tão espantada, e respeitosa quanto Andy.
Ele nunca tinha visto alguém chamar a atenção da maneira que
Arran fazia. Não era só a sua boa aparência e os seus músculos, eram
as suas maneiras e comportamento.
Era como se todos o reconhecessem como um líder e lhe desse a
posição.
Ronnie caminhou ao redor da seção que eles estavam cavando,
inspecionando as coisas como ela fazia. Ela podia sentir os artefatos
abaixo da sujeira. Sua música era apenas uma que ela podia ouvir. Isso
a levava a eles a cada momento. Desta vez, a música era mais forte,
mais urgente. Ronnie nunca tinha sentido tanta urgência de um artefa-
to antes, e isso a fez imaginar o que poderia estar escondido sob todas
as toneladas de sujeira e rocha.

54
Ela estava tão profundamente pensativa, ouvindo a música do ar-
tefato que ela não percebeu que tinha parado atrás de Arran até que
ele se virou para ela.
― Eu fiz algo errado?
―Na verdade, não. ― ela disse, e tirou a doce canção de sua
mente. ― Eu ouvi que você está trabalhado por algumas horas.
Ele deu de ombros e apoiou uma mão na pá. ― Eu estava acorda-
do e ansioso para começar.
― Como você sabe, os dias são muito longos nesta época do ano.
Eu gosto de tirar proveito disso.
O sorriso dele foi lento enquanto se espalhava. ― Aye, moça. E
você aprenderá que nós, Highlanders, não nos preocupamos com tra-
balho duro. Ou longas horas. Temos a resistência natural e usamos to-
das as chances que temos.
Sua voz tinha um tom de provocação para ela, mas ela viu a serie-
dade em seus olhos dourados, bem como o tom sexual. E como ela
amava seu sotaque. Ela podia ouvir isso o dia todo.
― Parece que todos os seus músculos serão necessários por todo
o dia. Eu só não quero os desperdice muito cedo.
― Não se preocupe. Eu não me canso facilmente.
― Ela assentiu e se afastou antes que fizesse algo realmente es-
túpido como tocar seus músculos novamente. Ou beijá-lo. Quando tudo
que ela queria fazer era continuar falando com ele, para chegar perto e
sentir o calor irradiando dele. Ronnie também se odiou por isso.
A manhã logo se transformou em meio-dia, mas ela mal notou. Ela
bebeu quando uma garrafa de água foi colocada em sua mão, mas ela
raramente olhava para cima de seu trabalho.
A menos que ela ouvisse a voz de Arran.
Sua voz era a única coisa que poderia quebrar a música crescente
que ocupava sua mente. Havia artefatos em toda a terra, mas os que
estavam na área onde ela cavava eram importantes.

55
Esta era a única razão pela qual eles seriam tão altos e insistentes.
Pelo menos foi o que ela disse a si mesma. Havia relíquias antes que ti-
nham sido quase tão altas e extremamente importantes.
O que ela encontraria desta vez? Uma espada antiga? Talvez uma
câmara funerária escondida? Ela adorava adivinhar e ver se estava cer-
ta quando finalmente descobriu.
Ela só esperava que não fosse mais uma sepultura comum como
aquela que ela encontrara há dois anos, que remontava à invasão sa-
xônica. Havia mais de trinta corpos naquele túmulo, todos eles mulhe-
res e crianças. Era nessas horas que ela se lembrava que o Reino Unido
tinha visto muitas guerras sangrentas.
O som da voz de Arran puxou seu olhar para ele mais uma vez.
Duas vezes ele veio ao seu lado e a ajudara a mover uma grande pe-
dra, mas ele manteve distância. Ronnie estava grata e zangada com
tudo ao mesmo tempo.
Ela finalmente chamou para o almoço do meio-dia. Quando se le-
vantou, viu o quanto de progresso haviam feito.
― Uau. ― Andy disse enquanto se aproximava ao lado dela. Nós
nunca cavamos uma seção tão rápido.
― Não. ― disse ela, mas ela sabia que uma grande parte era devi-
da a Arran
― Nós fizemos cinco vezes mais esta manhã do que fizemos on-
tem sozinhos.
Ronnie olhou para as outras seções. ― E sobre a atualização na
seção três?
― Nós não encontramos nada até cerca de trinta minutos atrás, e
então encontramos um osso de braço.
― Humano?
Andy assentiu. Ele odiava encontrar restos mortais, mas era algo
que ocorria com frequência.
― Alguma outra parte do esqueleto? ― Ela perguntou.

56
― Possivelmente. Vou avisá-la assim que algo for encontrado. Na
seção dois, não achamos nada.
― Hmm. Continue cavando o resto do dia. Pode haver alguma coi-
sa debaixo de toda essa sujeira ainda.
― Uma tigela combinando o que remonta a Roma seria agradável,
― Andy disse enquanto se afastou.
Ronnie bebeu o resto de sua água. Quando se virou para ir até a
barraca de comida, foi para encontrar Arran bloqueando seu caminho.
― Eles fizeram um sanduíche para você. ― ele disse, e estendeu
um pacote embrulhado.
Ela pegou isso e um saco de batatas fritas. ― Obrigada. ― Embo-
ra soubesse que não deveria, ela se viu dizendo: ― Por que você não
come comigo?
Ele assentiu com a cabeça e seguiu-a para a sua tenda. Dentro,
Ronnie afundou em sua cama estreito e deixou Arran usara cadeira.
Eles comeram em silêncio por alguns minutos antes que ela não pudes-
se segurar mais.
― O que você acha de seu primeiro dia até agora? Quer voltar
para casa?
Arran riu, seu olhar fixo nela, e terminou de engolir sua comida. ―
Não. Estou gostando disso imensamente. Estou acostumado a muita
atividade, e ao longo dos últimos meses, não houve muito a fazer. Isso
é exatamente o que eu precisava.
― E você está fazendo todo mundo trabalhar, e trabalhar duro.
Como você fez isso?
Ele encolheu os ombros. ― Eu não fiz nada.
―Onde você mora na Escócia?
Ele pousou o sanduíche e disse em volta da sua comida, ― Nas
Highlands, é claro.
― Claro. ― ela disse. Mas ela viu o olhar de orgulho e satisfação
que se apoderou dele quando falou das Terras Altas.

57
―Você tem uma família?
―Qual é o súbito interesse em minha vida? ― Ele perguntou, em-
bora um sorriso brincava nas bordas de seus lábios
Foi a vez dela de dar de ombros. ― Estou apenas curiosa para co-
nhecer um dos amigos do Saffron. Conheço Saffron há algum tempo.
Ela fala muito de seu marido e de seu novo bebê, e de vez em quando
ela menciona algo sobre os amigos do marido. Você seria um deles,
certo?
― Aye.
― Eu sinto que todos vocês fazem algo importante. Em que que
você trabalha, MI5 ou MI6? Scotland Yard, talvez?
Arran balançou a cabeça, um sorriso meio puxando para cima um
lado de seus lábios. ― Não, nada como isso. Não sei por que ela acha
que somos importantes.
― Ela disse que foram vocês quem a encontraram.
Não passou despercebido como ainda Arran recebia suas palavras.
― Aye. ― ele finalmente disse. - O que ela te disse?
― Só isso. Os jornais noticiaram seu desaparecimento, mas eu vi
no rosto dela que houve muito mais que isso. Três anos é muito tempo
para sumir. Estou tão feliz que todos vocês a encontraram.
― Nós também.
Ronnie sorriu e quebrou uma batata em dois com o dedo. ― Eu
também acho que todos vocês são um grupo bastante unido.
― Você poderia dizer isso.
― Então você não pode me dizer, porque você trabalha para o go-
verno, certo?
Ele se inclinou para frente e olhou para ela. ― Por que isso impor-
ta?
― Não sei. ― mentiu ela. Ela não podia exatamente dizer que
queria saber tudo o que havia sobre ele, porque não conseguia parar

58
de pensar em arrastá-lo para a cama com ela. ― Eu só gosto de desco-
brir as pessoas, e há muito sobre você que não se encaixa bem como
todo mundo.
― Isso me deixa mais interessante.
Isso acontecia. ― Escute, eu sei que o Saffron conhece você,
mas ... Eu não.
― E você está desconfiada. ― ele terminou por ela. ― Eu só estou
aqui para trabalhar.
Era hora de chegar ao coração das coisas. ― Coisas foram rouba-
das de mim no passado. Gosto de conhecer as pessoas que trabalham
para mim, quer estejam sendo pagas ou não. Saffron me deu sua pala-
vra de que você era um bom homem. Posso confiar nisso? Devo confiar
nisso?
― Saffron não é uma mentirosa. Isso é a primeira coisa que você
deve saber, ― Arran disse suavemente. ― Em segundo lugar, eu não
pretendo ser um bom homem, mas se eu der minha palavra sobre algu-
ma coisa, essa é minha obrigação. Eu vou trabalhar tanto e tão duro
quanto você me pedir, e eu dou minha palavra que eu não irei roubar
qualquer coisa.
― Obrigada.
Era justo o que ela queria ouvir, mas não esperava acreditar nisso
com cada fibra de seu corpo. Quem quer que fosse Arran MacCarrick,
ele estava se tornando cada vez mais perigoso para sua sanidade. Pena
que ela precisava dele tão desesperadamente para a escavação.

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CAPÍTULO SEIS

Arran jogou de lado outra pá de terra e se perguntou por que dia-


bos prometeu a Ronnie que ele não roubaria quando jurou a Fallon que
faria achasse o pergaminho.
Que maldita bagunça em que ele se meteu.
Sua família vinha em primeiro lugar, e é isso que todos no Castelo
MacLeod eram. Mas não explicava sua necessidade de confortar Ron-
nie, ou jurar que não iria roubar.
Havia algo em voz quando falou de roubos. Uma vez que ouviu
isso, ele se viu dando uma promessa antes de perceber.
Não havia muito que pudesse fazer até que ele encontrasse o feiti-
ço, e então ele teria que fazer todo o possível para convencer Ronnie a
deixá-lo ter.
―Não vai acontecer. ― ele murmurou.
― O quê? ― Uma mulher ao lado dele perguntou.
Arran balançou a cabeça e enterrou a pá no chão. Memphaea, seu
deus, não estava exatamente satisfeito, mas tinha se acalmado tremen-
damente desde que Arran chegou ao sítio de escavação. Pelo menos
agora, Arran não precisava se preocupar com o fato de seu Deus em-
purrar sua necessidade de sangue e morte, não com a forma como Ar-
ran estava trabalhando seu corpo.
Seus músculos tensos, e ele se esforçava mais duro Foi bom estar
fazendo algo físico. Durante muito tempo ele se sentou ocioso no caste-
lo. Isso não aconteceria novamente.
A magia lavou-o, forte e vigorosa, tomando seu fôlego. Era tão po-
derosa, que o fez dar um passo para trás.
Ele olhou para o chão, tentando ver através da sujeira o que esta-
va abaixo. Havia algo no chão, algo que havia sido enterrado há muito
tempo.

60
Se fosse a carga de objetos mágicos perdidos quando viajava de
Edimburgo para Londres, então não havia como dizer o que eles iriam
descobrir.
Havia coisas que podiam potencialmente prejudicar alguém. Ou
algo que, nas mãos erradas, poderia causar a guerra. Nenhum dos
Guerreiros ou Druidesas sabia exatamente o que estava na expedição.
Qualquer coisa poderia estar sob a sujeira.
Qualquer coisa.
Arran olhou para cima e viu Ronnie olhando fixamente para o chão
atentamente. Ele estreitou o olhar para ela. Ela inclinou a cabeça para o
lado, como se estivesse ouvindo. Suas pálpebras começaram a baixar, e
de repente ela estava cavando mais rápido.
Naquele instante, Arran soube. Ronnie era a Druidesa que ele sen-
tira. Assim que percebeu, sentiu sua magia. Isso pulsava sobre ele mais
forte do que qualquer outra magia ao redor. Formigando-o, submer-
gindo-o na magia deliciosa que era só de Ronnie sozinho. Ele deu um
passo para trás da força disso, seu corpo se contraindo dos efeitos da
magia dela.
Ele a queria antes. Agora ... ele precisava dela.
Seu corpo estava em chamas, e só ela poderia apagar as chamas.
Seus olhares se chocaram quando ela subitamente olhou para cima. A
preocupação obscureceu seus olhos cor de avelã por um momento. En-
tão ela parecia aceitar... o quê? Que ele estava olhando para ela? Que
ele queria empurrá-la de costas e tomá-la bem ali na sujeira na frente
de todos, para reivindicá-la como sua?
Não havia nenhuma maneira que ela pudesse saber que ele tinha
adivinhado que ela era uma Druidesa ou que seu poder estava desen-
terrando artefatos. Ele apostaria que a maior parte do que ela desco-
briu eram relíquias mágicas também.
Todos achavam que ela era uma das melhores arqueólogas porque
tinha sorte onde escavava, mas Arran sabia a verdade agora. Não era
de admirar que ela não gostou quando Pete tentou se gabar.
― Esqueça. ― disse um homem a seu lado.

61
Arran virou a cabeça ao som do sotaque irlandês. ― Esquecer o
quê?
― Dela. Dr. Reid. Cada homem aqui tentou chamar sua atenção.
Acho que ela não gosta de homens.
Arran lembrou-se de como ela tinha olhado para ele, o foco de in-
teresse em seu olhar cor de avelã tinha sido inconfundível. ― Talvez ela
não tenha encontrado o homem certo para demonstrar interesse.
O irlandês bufou. ― Não é provável, companheiro. Ela é fria. Seu
único interesse é o que há no chão.
Arran voltou seu olhar para Ronnie para encontrá-la ajoelhada e
curvada, olhando para algo no chão. Fria? Ronnie não era nada fria. Ela
era paixão e fogo, e com o homem certo, ela brilharia com isso.
Ele gostaria de ver se poderia acentuar sua paixão, e talvez, uma
vez que encontrasse o feitiço, Arran iria assumir o desafio. Ele queria
encontrar o feitiço em breve, porque não tinha certeza de quanto tem-
po poderia manter o controle sobre a necessidade inflexível que o em-
purrava.
Com uma sacudida de cabeça, ele voltou a cavar para tirar a frus-
tração de seu corpo. A poeira cobriu sua calça jeans, e há muito tempo
tinha desistido de sua camisa. O suor escorria por suas costas. Os sons
de botas pisando em terra amassada junto com o raspar de pás esca-
vando e jogando pó enchia o ar.
Para quem olhasse, ele estava concentrado em seu trabalho. Na
verdade, Arran estava focado em Ronnie. Havia muitas conversas, mas
Arran bloqueou todas elas. Todas, exceto Ronnie. Com sua audição re-
alçada, ele era capaz de escolher a voz dela entre tantos.
Apenas por escutá-la, ele descobriu que ela era precisa em seu ge-
renciamento da escavação, e não tinha compaixão de ninguém. Ela tra-
balhava mais do que os pagos e os voluntários.
E sua excitação quando um artefato foi encontrado o fez sorrir. Ela
realmente amava o que fazia. Mesmo que ela usasse sua magia para
fazer isso.

62
As horas desapareceram enquanto Arran continuava a cavar E em-
purrar os outros para continuar trabalhando. No momento em que o
sino para a ceia foi tocado, estava claro o que eles tinham descoberto
era grande.
O que isso era. era outra questão inteiramente diferente. Todo
mundo especulava, mas ninguém tinha ideia. Mesmo o modo como
Ronnie olhava para as rochas que claramente formavam algum tipo de
telhado a deixava aturdida.
Arran queria continuar trabalhando, mas sua força e resistência
começavam a ficar visíveis. Ele enterrou a ponta da pá no chão e saiu
do sítio de escavação para dar o dia como encerrado.
Não importa quão duro ele tentasse, não podia manter os olhos
longe de Ronnie. Ele ouviu sua voz antes de encontrá-la inspecionando
outra seção. Seção dois, e um que todo mundo dizia que não encontra-
riam nada de valor.
No entanto, Ronnie continuava fazendo com que eles cavassem.
Enquanto todos iam para a tenda de comida, Arran foi lavar a su-
jeira e o suor. O balde de água que o esperava na tenda não era sufici-
ente. Ele preferia um longo e agradável mergulho em um lago. Havia
um perto. Perto o suficiente para visitar.
Por mais tentador que fosse, Arran empurrou de lado o mergulho
para outra hora. Ele tirou a calça jeans suja e pegou a água em suas
mãos e despejou sobre seu corpo. Quando ele tirou toda a sujeira e
suor, ele abaixou a cabeça no balde e esfregou os dedos ao longo de
seu couro cabeludo. Só então ele levantou a cabeça da água e se enxu-
gou
Ele tirou uma calça cargo e uma camiseta branca e se vestiu. De-
pois de passar as mãos pelo cabelo e coçar a mandíbula, que precisava
barbear, voltou a colocar as botas e se dirigiu para a comida.
― Você está atrasado. ― disse Andy quando viu Arran entrar na
tenda de comida
Arran encolheu os ombros. ― Aye, mas limpo.

63
Andy riu e pegou um pedaço do empadão de carne. ― A comida
não é tão boa, mas é comida. Amanhã alguns dos voluntários irão até a
cidade próxima para ficar num hotel com chuveiro quente e comida
quente.
― Você não experimentou verdadeiramente a Escócia, a menos
que durma sob as estrelas e cace sua própria comida.
―Ah ... sim. Acho que vou passar da verdadeira experiência na Es-
cócia, então, cara. Eu não saberia a primeira coisa sobre onde procurar
comida, e muito menos o que fazer depois que eu a pegasse.
― Se você a pegasse. ― Arran disse, tentando seu melhor para
manter o sorriso de.
Andy ficou pálido e empurrou os óculos para cima no nariz. ― Já
mencionei que odeio a visão de sangue? É por isso que a arqueologia
me convém. Tudo já está morto. Com ossos eu posso lidar. Sangue?
Nem tanto.
― Então, acho que eu não deveria ir até você se eu me cortar?
Andy revirou os olhos. ― Cara, você estava apenas brincando co-
migo! Eu deveria saber. Ronnie diz que eu levo tudo muito sério.
Ele se afastou, deixando Arran rindo atrás dele. Gostava de Andy.
Arran agarrou um pedaço do empadão, um pãozinho, duas maçãs e
uma cerveja. Havia um enorme barril cheio de gelo com garrafas de
cerveja, e todos haviam pegado pelo menos uma.
Arran sentou-se com outros voluntários. Mesmo que ele vivesse
neste mundo moderno há um ano e tivesse aprendido muito, ainda
achava as pessoas interessantes para ouvir. Especialmente quando eles
vinham de diferentes países.
Muitos no sítio eram britânicos, mas havia também um número
igual de americanos. Havia o estranho irlandês, o francês e até mesmo
um ou dois alemães.
Arran se contentava em ouvi-los falar de suas casas, suas vidas e
coisas mundanas. Ele tentava manter-se em segundo plano, mas eles
logo o notaram e o puxaram para as conversas.

64
Ele odiava ter que mentir, mas para manter em segredo quem ele
era e, sua família, mentir era essencial. Um bom mentiroso misturou
com a maior parte da verdade que pôde.
Logo se tornou conhecimento comum que ele era amigo de Saf-
fron, e todos queriam saber sobre ela e o que acontecera quando desa-
pareceu durante esses três anos.
Arran rapidamente desviou aquelas perguntas fazendo algumas
das suas. Ele sempre ficava espantado o modo como as pessoas queri-
am falar sobre si mesmas, dada a chance. E ele se certificou de que
eles tivessem essas chances muitas vezes.
Era bem passado das dez quando se levantou da mesa e foi para
sua tenda. No entanto, enquanto estava no ar noturno, descobriu que
não estava cansado.
Seu olhar foi para a tenda de Ronnie. A luz estava acesa, mas fra-
ca, e ele não viu nenhum movimento dentro. Arran começou a cami-
nhar em direção à sua tenda, mesmo sabendo que essa era uma má
ideia.
― Ronnie. ― ele chamou enquanto chegava à tenda. Quando não
houve resposta, ele enfiou a cabeça para dentro e a encontrou deitada
de bruços sobre sua cama, seus pés e um braço pendurado do lado.
Durante longos minutos, Arran simplesmente olhou-a dormindo.
Seu coque, como ela prendia seu cabelo todo dia estava pendurado sol-
to. Levaria o menor toque para soltá-lo para que ele pudesse ver seus
cabelos em toda a sua glória.
Mas ele não a tocou. A luz do lampião lançava sobre seu rosto um
brilho dourado, e foi então que ele viu os círculos escuros sob seus
olhos.
―Ela faz isso. ― Andy sussurrou quando ele chegou ao lado de
Arran.
Arran ergueu uma sobrancelha questionando.
Trabalha até a exaustão. Amanhã ela acordará refrescada e pron-
ta. Ela pode levar algumas noites sem dormir por causa de algo que en-
volve a escavação, e então ela desmaia.

65
― Você cuida ela. ― Arran disse.
Andy deu de ombros, seu cabelo fino fluindo na brisa. ― Ela me
tomou como assistente quando ninguém mais o faria. Ela me ensinou
muito.
― Você é leal. Todo mundo precisa de alguém assim.
― Ela é leal a mim também. ― disse Andy. ― Não importa o que,
ela continua trazendo-me para estas escavações como seu gerente de
sítio. Ela até me permitiu levar o crédito pelos meus achados.
Arran assentiu e voltou sua atenção para Ronnie. ― Ela não pode
dormir assim. Ela vai acordar com um torcicolo.
― O que você vai fazer? ― Andy perguntou rapidamente.
Arran sorriu para ele. ― Não se preocupe, rapaz. A virtude dela
está segura comigo.
― Sim, certo. Eu vejo como você olha para ela, ― Andy disse, e
deixou a prancheta na cadeira de Ronnie. ― Vou tirar suas botas. Basta
virá-la de costas quando eu terminar.
Arran esperou enquanto Andy fazia um rápido trabalho de remover
as botas de Ronnie, e então chegou a hora de tocá-la. Ele hesitou por
um minuto porque queria sentir sua pele novamente, mas ao mesmo
tempo, sabia que não era uma boa ideia.
―Arran?
Ele olhou para Andy. ― Não diga a ela que fui eu.
― Por quê?
―Eu não acho que ela gosta muito de mim.
Quando Andy não respondeu imediatamente, Arran olhou para ele.
― Okay. ― Andy disse, e levantou suas mãos em entrega. ― Eu
vou ter certeza de deixar seu nome de fora.
Arran respirou fundo e rolou Ronnie em seus braços. Ele a emba-
lou contra ele, o choque de seu calor e suavidade mexendo instantane-
amente com ele ainda. A pulsação bateu em seus ouvidos e suas bolas

66
apertaram quando todo o sangue se reuniu em seu pau. Justo vindo da
requintado e incrível sensação dela. Os dedos de Arran a apertaram
quando a repentina necessidade de mantê-la contra ele o encheu para
sempre. Ela suspirou e descansou a cabeça contra seu peito.
Esse simples movimento tocou algo profundo dentro dele. E provo-
cou seu desejo crescendo até que ele tremeu com a força disso.
Tomou tudo que Arran tinha para abaixar Ronnie de volta para a
cama. Ele nunca tinha sido tão grato por ter alguém observando naque-
le momento o que ele fazia.
Arran puxou o cobertor sobre Ronnie e se endireitou. Ele deu-lhe
um último olhar antes de apagar o lampião e sair da tenda.
―Arran? ― Andy chamou. Mas ele não podia responder. Ele preci-
sava de uma corrida. Nada para acalmar a necessidade que o consu-
mia.
Em vez de fugir como ele queria, Arran entrou em sua barraca e
fingiu dormir.

67
CAPÍTULO SETE

A caixa era pequena. A madeira era lisa e escura, sem defeitos e


sem costura, exceto pela linha em torno do topo onde a tampa curva
abria.
Verônica.
Seu nome era sussurrado nas notas musicais que soavam sempre
que suas habilidades eram usadas. Podia sentir a caixa embaixo do
chão, sentindo que a incitava a encontrá-la.
Se seu nome não tivesse sido sussurrado, teria sido como qual-
quer outro artefato que ela tivesse ido procurar. No entanto, sentia
medo agora.
Cada instinto que ela tinha a advertia, mas ela não podia ouvir. A
caixa a queria.
Ela foi guiada a encontrá-la. Ela soube quando chegou a Muirkirk
que havia algo especial esperando para ser encontrado. Logo ela afas-
taria a sujeira que a separava da relíquia. Ela seguraria a caixa em suas
mãos. E ela a abriria.
Ronnie sorriu. Ela colocou as mãos sobre o chão e sentiu a caixa
abaixo dela. Sua música era tão alta, havia momentos que era tudo que
ela podia ouvir. Implorava-lhe para liberá-lo, para deixar o sol brilhar
sobre ela mais uma vez.
Isso estava destinado a estar fora no mundo, não escondido e es-
quecido. Sua beleza era simples, sua arte merecia ser admirada. Ela,
junto com todos os outros, faria exatamente isso. Mas primeiro, ela se-
ria a única a segurá-la e beber em sua beleza.
Ronnie mal podia conter a excitação dela. Suas mãos coçavam
para abrir a tampa e ver o que havia dentro. A caixa, e o que estava
dentro, era dela. Não iria para um museu. Este que ela iria manter para
si mesma.
A excitação percorreu Ronnie. A música da caixa ficou mais alta,
seu nome mais insistente.

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― Logo. ― ela sussurrou. ― Eu estou indo para você em breve.
Ela começou a afastar a sujeira com suas mãos nuas quando algo
chamou sua atenção do canto do olho. Ronnie mudou de olhar e en-
controu Arran olhando fixamente. Ele estava sacudindo a cabeça, seus
olhos dourados cheios de apreensão.
E então seus olhos mudaram para branco.
***
Ronnie ofegou e sentou-se, sua respiração dura e alta. Ela olhou
em volta da tenda quando sua mente percebeu que não estava mais
sonhando.
Ela ergueu as mãos e viu que estavam cobertas de terra como se
estivesse cavando. Com suas mãos. Ronnie limpou a sujeira de baixo de
suas unhas e tentou acalmar seu coração acelerado.
Era verdade que a música da caixa era mais forte do que qualquer
outra que ela tivesse encontrado. E até aquele sonho, ela nem sabia
que era uma caixa que a chamava.
E então, ela nunca teve um sonho sobre um artefato que ela esti-
vesse cavando.
Passou a mão pelo cabelo e fechou os olhos. Seus lábios se sepa-
raram para poder respirar pela boca enquanto tentava lembrar que os
sonhos não eram reais.
Era uma surpresa que tivesse tido um sonho tão vívido da caixa e
da implacável necessidade que tinha de encontrá-la. Mas o que fez com
que seu estômago apertasse era que Arran estivera em seu sonho.
O desejo que ela tentava desesperadamente ignorar se transbor-
dava em seus sonhos? Tinha que ser. Seu corpo queria Arran com uma
intensidade que a sacudia até seu âmago. Essa tinha que ser a razão.
A única razão.
― Por favor, que seja a única razão. ― ela orou.

69
Ronnie jogou para trás as cobertas e levantou-se da cama. Ela
olhou para si mesma ainda completamente vestida e tentou se lembrar
da noite anterior.
Ela estava mais do que exausta. Ela se lembrou dessa parte. Pas-
sado que era tudo um borrão.
― Oh, ótimo. Você está acordada.
Ela se virou para a voz de Andy quando ele entrou em sua tenda.
Seu estômago soltou um grunhido alto com o cheiro de biscoitos, que
Andy prontamente entregou a ela.
― Eu imaginei que você estaria com fome já que você desmaiou
na noite passada. ― disse ele com um sorriso.
Ronnie suspirou e se afundou na cadeira para comer os biscoitos e
beber a grande caneca de café. ― De novo? Eu sabia que estava can-
sada, mas não achei que eu estivesse tão cansada. Normalmente tam-
bém não tiro as minhas botas.
Quando Andy desviou o olhar para que não tivesse que encontrar
seus olhos, ela pousou o café e inclinou a cabeça para o amigo. ―
Andy? O que aconteceu?
― Ele me pediu para não te contar.
Começou a sentir-se mal do estômago. ― Quem?
― Arran. Ele te encontrou dormindo. Eu tirei suas botas, e ele te
virou você e cobriu com o cobertor.
Ronnie olhou para a cama. Arran a tinha encontrado e ajudado.
Ele a abraçou. Ela tinha estado em seus braços, sentido seu corpo duro
e a força de seus músculos mais uma vez, e ela não tinha sequer acor-
dado para apreciar isto? Sentia-se enganada e zangada por não ter sido
capaz de tocá-lo novamente para seu prazer.
―Provavelmente foi melhor. ― ela murmurou.
― O quê? ― Andy perguntou.
Ela abanou a cabeça. ― Nada. Não vou dizer a ele que você me
contou.

70
― Bom. ― Andy disse com um suspiro. ― Ele é um sujeito sim-
pático, mas eu tenho a sensação de que ele não é alguém que você
queira chatear. Suspeito que ele seja um inimigo ruim.
Ronnie lembrou o quão fácil ele mudou de casual para “pronto
para a batalha”, como ela tinha pensado nisso. Era como se ele estives-
se preparado para o combate e apenas esperando a palavra ou o gesto
certo. Um guerreiro highlander de outrora, pensou interiormente.
Sim, ela podia ver isso. Arran, com seus longos cabelos, seu sorri-
so malicioso, e a velha alma que vislumbrava em seus olhos poderiam
muito bem ter ficado nas encostas das Highlands, há centenas de anos
atrás, com uma espada na mão, enquanto um exército estava às suas
costas, esperando que ele desse a palavra para entrar na batalha.
― Um verdadeiro escocês. ― sussurrou ela.
― O quê? ― Andy perguntou com uma pequena careta.
Ronnie encolheu os ombros e deu uma mordida no grande biscoito
amanteigado.
― Nada.
Não eram os biscoitos que ela estava acostumada a comer nos Es-
tados Unidos. Estes eram maiores e melhores. Diferente com certeza,
mas rapidamente se tornando um favorito.
― Ele... ah, ele começou cedo novamente.
De alguma forma as palavras de Andy não a surpreenderam. Tam-
pouco tinha que perguntar a quem estava se referindo. Arran. Desde
que ele chegou ao sítio, ele se tornou uma força a ser reconhecida. Ela
não podia olhar em qualquer lugar e não vê-lo nem ouvi-lo.
O corpo de Ronnie formigou apenas pensando em suas mãos so-
bre ela novamente. Se ela estivesse acordada, teria sido corajosa o su-
ficiente para beijá-lo, para testar as águas de paixão de que ela se es-
quivara tanto tempo?
Arran a impedia de se concentrar na escavação. Com ele estando
tão perto, seus pensamentos se voltaram para seus braços fortes, corpo

71
duro, mãos grandes e olhos dourados. Lembrou-se de seu corpo duro,
e da fome que tinha visto refletida em seu olhar.
Ela estremeceu só de pensar nisso. Ninguém a tinha olhado como
Arran a olhava. A oferta estava lá em seu olhar, na maneira como ele a
prendia. Tudo o que tinha que fazer era ceder.
Se ela se atrevesse a tal coisa, sabia que estar com ele seria glori-
oso, mas ele provavelmente a deixaria em tal confusão que ela nunca
poderia funcionar novamente. Arran era tão forte, tão atraente.
Tão fascinante.
Ele era o sexo e a necessidade, a tentação e o desejo, todos em-
brulhados em um único pacote. E ela o queria. A compulsão de se incli-
nar sobre ele, correr a mão ao longo dos músculos e abrir os lábios
para ele era tão forte, que ela tinha que lutar para não fazer exatamen-
te isso quando ele estava perto.
― Ronnie?
Ela piscou e olhou para Andy. Eles estavam falando de Arran. Mas
sobre o quê? Oh, sim, está trabalhando desde cedo. ― Desde que ele
não bagunce com nada, eu não me importo.
― Nenhuma chance disso. Ele me acordou e me fez ficar com ele
apenas para ter certeza de que estava fazendo tudo certo.
Por alguma razão, isso fez Ronnie sorrir. Então ela percebeu Arran
não estava fazendo isso porque sabia o quanto o sítio significava para
ela. Fazia isso porque era isso que ele deveria fazer.
O sorriso rapidamente morreu, mas não a excitação que ela não
conseguia dissipar ao vê-lo novamente. Deus, o que havia de errado
com ela? Ele era apenas um cara. Um cara que a desestruturava desde
que ele entrou em sua vida.
Como diabos ela ia sobreviver semanas com ele ao redor? A mor-
dida de biscoito desceu desajeitadamente e aterrissou pesadamente em
seu estômago.

72
Semanas. Com um quente escocês andando ao redor, olhando
para ela como se estivesse tirando suas roupas. Isso nunca vai funcio-
nar.
― Vou sair em breve. ― disse Ronnie quando ela se levantou.
Andy saiu da tenda e Ronnie fechou a abertura para impedir que
qualquer outra pessoa se aventurasse. Ela comeu o resto do seu café
da manhã, E depois bebeu seu café enquanto seus pensamentos se
voltavam para o sonho. Qualquer coisa para tirar sua mente do Arran e
o que gostaria que ele fizesse com ela.
Não havia dúvida de que ela estava perto da caixa. Ela sentiu arte-
fatos antigos antes, mas havia algo diferente nessa caixa. Por que isso
a queria? Era porque sabia que podia senti-la? Só podia ser isso.
Ela não podia esperar para descobrir o que havia dentro dela. Seri-
am joias? Ouro? Ou algo ainda mais precioso? Quando seu café estava
terminado, Ronnie se preparou para o dia. Ela tremeu contra a água
fria usada para se lavar e com o ar fresco do verão.
Ela ficou mais acostumada ao clima do que quando chegou pela
primeira vez na Escócia, mas houve ocasiões em que ela sentia falta do
calor tropical de Atlanta.
Os verões podiam ser opressivos, eram tão quentes e úmidos, mas
como ela tinha crescido nesse tipo de clima, ia demorar mais de alguns
anos para se acostumar com a umidade e o frio da Escócia.
Ronnie abriu a entrada da tenda e saiu. Só para encontrar seu
olhar fixo em Arran. Ele estava sem camisa de novo. Todos os seus ma-
ravilhosos músculos estavam completamente expostos enquanto ele se
inclinava para frente e jogava uma garrafa de água sobre a nuca.
Ele se endireitou, jogando para trás seu cabelo castanho escuro
que parecia quase preto quando molhado. Ele balançou a cabeça, envi-
ando gotas de água por toda parte.
Ela observou a água escorrer pelo rosto dele até o peito, e depois
ziguezaguear pelos vales de seus músculos para desaparecer na cintura
de sua calça.
Ronnie tentou engolir, mas sua boca estava muito seca.

73
Quando levantou o olhar, foi para descobrir Arran olhando para
ela. Seus olhos dourados pareciam penetrar diretamente em sua alma.
Havia um convite lá, assim como desejo. Ronnie afastou o olhar e en-
controu outras mulheres observando Arran.
Seu único consolo era que ele estava olhando para ela.
― Aí está você. ― disse Pete enquanto ele caminhava para cima.
― Eu estive procurando por você.
― O que foi? ― Qualquer coisa para afastar seus pensamentos de
Arran e seu irresistível corpo. E os olhos incríveis. Pete franziu a testa
um momento antes de dizer,
― O próximo evento de arrecadação de fundos será em poucos
dias.
― Droga. Eu tinha esquecido.
― Você sempre esquece. ― ele disse com uma risada.
Ronnie soltou uma respiração forte. Ela odiava esses eventos. Era
uma necessidade, mas perdia tempo de escavação.
― Onde será desta vez? ― Edimburgo. Tentei mudar para Glas-
gow, já que ficaria mais perto, mas sem sorte, garota.
Ela encolheu os ombros. ― Vai ficar bem.
― Você já pensou em um encontro neste dia?
― Não. ― E então ela parou. Depois do último, onde os homens
não a deixavam sozinha, ela jurou não voltar sozinha novamente.
― Pensando melhor, vou levar Andy.
― Pete riu e rapidamente tossiu para disfarçar. ― Desculpe, Ron-
nie, mas fale sério. Nenhum homem pensará que Andy é seu encontro.
Ele é muito parecido com um irmão para fazer isso com eficiência.
Ela realmente odiava quando Pete estava certo. ― Então você vem
como meu encontro.

74
― Você é mesmo um doce em pensar em mim, mas isso não fun-
cionara tampouco. Você vai precisar de um encontro real, garota, se
você não quiser gastar o tempo afastando os homens.
― Eu sei, mas onde no mundo eu iria encontrar um encontro em
tão curto prazo?
No momento em que as palavras saíram de sua boca, o riso de Ar-
ran soou. Ela se viu olhando para ele novamente. Seu olhar sempre era
atraído para ele, como se ele fosse a chama e ela a mariposa.
Suas mãos enrolaram quando ela lembrou sendo puxada contra
seu corpo duro enquanto suas mãos agarraram seus ombros largos. Foi
só então que ela percebeu que Arran deve ter se movido com a rapidez
do relâmpago para pegá-la antes que ela caísse quando ele estava
amarrando a lona.
― Ele iria. ― Pete disse.
― Não. ― Ronnie disse com um firme sacudir de cabeça. Era o
fato de que ela queria que Arran a tomasse, o que o deixava tão erra-
do. ― Alguém mais.
―Há muitos homens aqui que gostariam da honra de um encontro
com você. Basta escolher um.
― E então eu teria que voltar e trabalhar com eles. Além disso, eu
não quero liderar nenhum deles. Eles vão pensar que é mais do que o
que é.
Pete deu de ombros. ― Então eu suponho que você vá sozinha.
Ronnie mordeu o lábio e olhou para Arran novamente. Ela poderia
perguntar a ele. Ele era o único que ela até consideraria levar com ela.
E certamente manteria os outros longe dela. Ela se perguntou como ele
ficaria num smoking. Ele era provavelmente um daqueles homens que
ficariam bem em tudo.
E fora de tudo. Ela gemeu interiormente quando deu outro olhar
em seus músculos do braço e peito enquanto ele levantava uma grande
rocha. Seus músculos estomacais tensionados, fazendo seu abdômen
parecer uma tábua de lavar antes de jogar a pedra de lado.

75
A roupa esconderia todos aqueles maravilhosos músculos, ela dis-
se para si.
Mas ela sabia que Arran não poderia ir com ela. Ele poderia ser o
único a quem ela queria levar, mas ele também era o único que a fazia
lembrar o que era querer ser tocada por um homem, querer tê-lo bei-
jando-a.
Sentir o desejo correr por seu corpo. Desejar fortes braços a abra-
çando.
Era muito arriscado. Muito arriscado. Especialmente depois que
Max. Ronnie não permitiu que as memórias de Max surgissem. Em vez
disso, ela se jogou na escavação. Ela inspecionou o progresso da nova
seção, e ficou surpresa ao ver que Arran e os outros tinham feito um
bom trabalho. Isso nem sempre era o caso com os voluntários.
Ela ficou de barriga para baixo e pegou a grande escova que pare-
cia um pincel, e então cuidadosamente escovou os escombros em torno
de uma pedra mais próxima dela.
Quando mais da pedra ficou visível, ela começou a escavar mais
sujeira, indo mais fundo até que quatro pedras ficaram visíveis.
― Eles fazem um arco.
Ela se derreteu ao som da voz de Arran. Ele estava ao lado dela,
sua presença à sua volta. O ar à sua volta cresceu espesso e quente.
― Sim. ― ela conseguiu dizer, e rezou para que ele não soubesse
que o som ofegante de sua voz era por causa dele.
― Uma entrada. ― eles disseram em uníssono.
Ronnie olhou por cima do ombro para ele, e compartilharam um
sorriso.
― Uma entrada para o quê? ― perguntou ela.
― Conhecendo os celtas, é mais provável que seja um túmulo. Eu
sei que você já cruzou com eles antes, mas você quer ter cuidado com
este.

76
Sua cautela não a irritou como ela esperava. Em vez disso, ela le-
vou seu aviso para o coração. Talvez fosse a sinceridade e a preocupa-
ção em seus olhos. Talvez fosse apenas sua proximidade. Ou poderia
ser o sonho que ela teve naquela manhã, onde ele estava sacudindo a
cabeça para ela enquanto ela cavava.
― É apenas um túmulo. ― alguém disse.
A cabeça de Arran levantou-se lentamente, seu olhar se estreitou.
― Algumas câmaras não são destinadas a serem abertas. Nunca.
Um formigamento de presságio caiu nas costas de Ronnie. Por um
instante ficou estranhamente silencioso em todo o sítio, e então alguém
riu nervosamente.
― Os celtas colocavam maldições como os egípcios? ― Perguntou
um americano.
O corpo de Arran não moveu um músculo, mas ela sentiu a raiva
começar a subir nele Ela teve que desarmar a situação rapidamente.
― Maldições ou não, se é uma câmara funerária, tratamos com
respeito. Está tudo claro sobre isso? Ela perguntou enquanto se levan-
tava.
Ela olhou para baixo para encontrar Arran ainda em um joelho,
ambas as mãos no chão. Seu olhar estava sobre as pedras e seu corpo
tenso, preparado. Mas, por quê?
Ronnie agachou-se ao lado dele. ― O que foi?
― Sei que não vai acreditar em mim, mas acho que não deveria
cavar mais.
Ela riu. ― Se eu não fizer isso, alguém o fará. As pedras foram vis-
tas.
Os olhos dourados se voltaram para ela. Eles estavam cheios de
inquietação e agitação. ― Pise com cuidado aqui, moça. Eu não acho
que o que você encontrar lá dentro será bom.
Ela pensou em seus sentimentos quando ficava perto de uma relí-
quia. Arran era igual? Ele sentiu alguma coisa? ― Diga-me por quê.

77
― Nada que eu diga vai te impedir. ― disse, e se levantou. Ele
passou uma mão rapidamente pelos fios escuros de seu cabelo. ― Mas
se você entrar, prometa que me levará com você.
― Não tenho medo de encontrar ossos, Arran.
― Pode achar mais do que isso.

78
CAPÍTULO OITO

Mansão Wallace

Jason Wallace balançou os calcanhares, as mãos atrás das costas,


enquanto observava as novas cortinas que acabaram de pendurar em
seu escritório.
― O que você acha, senhor?
Jason olhou para o criado. Criado. Harry tinha sido o líder de uma
pequena gangue de bairro que tinha intimidado Jason desde que era
jovem. Até que Jason mudou tudo isso com seu dinheiro da herança.
― Eu acho que ficaram boas. ― disse Jason, e caminhou até sua
mesa.
Harry seguiu lentamente, um ligeiro coxear depois da surra que
ele levara. ―Senhor, seus ... convidados ... estão esperando por você.
― Por que não me disse antes? ― perguntou.
― Eu perguntei. Você não queria ser incomodada.
― Da próxima vez me incomode. Agora. ― Jason disse quando ele
começou a sair de seu escritório. ― eles estão esperando por mim lá
embaixo?
― Sim, senhor.
Jason percorreu sua casa, uma casa que ele havia recriado dos
fragmentos queimados deixados por seu primo Declan Wallace. Declan
tinha sido criado com o dinheiro da família, enquanto Jason tinha se
preocupado de onde cada refeição viria. Teve muitas refeições que ele
perdeu porque não havia dinheiro.
Declan nunca tinha tido que trabalhar para nada na vida, mas Ja-
son teve seu primeiro fôlego. É o que fazia a reconstrução da proprie-
dade familiar tão doce.

79
Tinha ficado um pouco confuso nos aposentos no subsolo, especi-
almente na parte que parecia suspeitamente como uma masmorra. Mas
Jason tinha mesmo reconstruído aqueles precisamente como eles ti-
nham sido.
Incluindo a porta escondida sob as escadas que levavam ao porão.
Jason abriu a porta e fechou-a silenciosamente atrás dele antes de des-
cer a estreita escada.
Mesmo agora ele lembrou como ele tinha usado um martelo para
derrubar uma parede semi-queimada e encontrar um cofre dentro. Ti-
nha tomado todas as habilidades de Jason como um arrombador para
abrir o cofre, mas ele tinha sido devidamente recompensado quando
conseguiu. Tinha havido dinheiro, mas era o diário de couro vermelho
que tinha sido o verdadeiro tesouro.
Jason sorriu ao encontrar seus convidados esperando por ele. A
masmorra tinha sido uma surpresa a primeira vez que ele tinha visto,
mas também o segundo escritório que ele encontrou.
Se ao menos soubesse mais cedo que a magia corria na família.
Mas era melhor tarde do que nunca, ele sempre dizia.
― Bem-vindos. ― Jason disse quando parou diante dos seis ho-
mens e mulheres esperando por ele. - Que notícias vocês têm para
mim?
A mulher mais próxima dele levantou-se e sorriu quando chegou
ao lado dele. Seus lábios vermelhos rubi chamativos, como seus olhos
pintados com kajal. Ela pôs uma longa unha vermelho contra ele e dei-
xou que lentamente passasse os ombros pelo blazer enquanto ela cami-
nhava atrás dele até que ela estava do lado esquerdo.
― Oh, temos notícias. ― ela sussurrou em um tom rouco que
sempre o deixava duro e pronto.
Havia algo sobre uma mulher com magia negra que nunca falhava
em excitar Jason. Mindy, com seus cabelos e olhos pretos, tinha sido
sua favorita desde que ele a viu pela primeira vez há quase um ano.
― Diga-me. ― ele insistiu.
― Um dos Guerreiros do Castelo MacLeod partiu.

80
A excitação de Jason diminuiu. ― Então? Eles vêm e vão muitas
vezes.
― É verdade, mas nenhum partiu para ser parte de uma escava-
ção arqueológica.
Aquilo prendeu sua atenção. Ele deslocou seu olhar de Mindy para
os dois homens ao lado. ― O que vocês sabem sobre Charon, Phelan e
Malcolm?
― Malcolm está se escondendo. ― disse o mais alto deles, Dale.
Ele era um grande e brutal homem com a cabeça raspada e uma barbi-
cha que o fazia parecer ainda mais sinistro.
Jason se encostou na parede e olhou furioso. ― Vocês são guerrei-
ros. Você deve ser capaz de encontrá-lo.
― Charon ainda acha que sua pequena aldeia está segura. ― dis-
se o guerreiro ruivo com um sorriso frio.
― Isso vai mudar em breve. ― disse Jason. Ele estava ansioso
para que seus planos começassem, e estava quase na hora. Planejou
tudo com cuidado. Todas as informações de que ele precisava sobre os
Guerreiros e Druidesas tinham sido encontradas naquele livro de couro
vermelho.
E ele tinha usado para a perfeição.
Muita coisa acontecera desde que ele herdou a fortuna de Wallace.
Ele poderia ter tomado seu tempo reconstruindo a propriedade, mas ele
não tinha desperdiçado nenhum em aprender sobre a magia negra que
corria pelas veias de sua família.
Ele mergulhou de cabeça naquele mundo e agarrou tudo o que era
dele. Tinha levado algum trabalho para criar os Guerreiros, e ainda
mais em ajudá-los a controlar seu deus. Jason queria que eles matas-
sem, mas ele queria ser o único que os governasse.
Se criar e controlar os Guerreiros tinha sido um problema, não era
nada comparado a encontrar droughs. Classificar as verdadeiras Druide-
sas das falsas tinha sido fácil o suficiente.

81
Mas agora tudo o que Declan tinha planejado e escrito nas páginas
do livro vermelho, Jason tinha posto em movimento. Declan falhou e foi
derrotado pelos MacLeods.
Oh, não havia nenhuma prova de que fossem os MacLeods, mas
se não eles, então quem mais poderia ter matado seu primo?
Era hora da vingança. Era hora da... desforra.
― Aisley. ― Jason chamou sua prima. Uma beleza com uma tez
impecável e longas pernas, seus cabelos de meia-noite puxados para
trás em um rabo de cavalo, e seus olhos escuros permaneciam em
qualquer lugar, exceto sobre ele. ― Que notícias você tem?
Ela manteve a cabeça afastada e os braços cruzados sobre o peito
enquanto ela inclinava os quadris contra a mesa dele. ― Não mais mies
foram para o MacLeods, nem qualquer uma foi localizada.
― Estão lá fora, exatamente como estávamos. Precisamos ter cer-
teza de acabar com elas antes que cheguem ao MacLeods. ― Jason ad-
vertiu.
Ele sorriu quando ouviu um rugido vindo da masmorra. ― Não vai
demorar muito mais para que meus próximos Guerreiros possam se
juntar a nós. Temos a vantagem agora. Os MacLeods não têm ideia de
que estamos aqui ou de que estou reunindo um exército.
― Quando é que vamos atacar? ― perguntou Mindy, excitamento
queimando em seus olhos negros. Seus lábios vermelhos erguidos em
um sorriso astuto.
Jason tomou sua mão e beijou o topo dela. ― Logo, minha queri-
da. Muito em breve. Quero saber sobre esta escavação arqueológica e
por que um guerreiro está lá. Se o MacLeods o enviaram, há uma ra-
zão.
― Talvez eles estejam entediados.
Jason virou a cabeça para Aisley e estreitou os olhos. ― Você está
entediada, prima? Talvez eu deva dar-lhe mais para fazer.
Aisley se endireitou, suas mãos apertando dos lados. ― Já tenho o
suficiente. primo.

82
― Eu não tenho tanta certeza.
Ela desviou o olhar. ― Tudo o que estou dizendo é que talvez esse
Guerreiro só queria fugir do castelo por um tempo. A família pode
ser ... sufocante.
Jason sorriu enquanto caminhava até ela. A história de Aisley era
complicada, ou pelo menos era o que ela chamava. Jason o chamava
perfeito para seus usos.
Aisley tinha muitos usos, embora não soubesse deles. Havia coisas
sobre ela que Jason guardava para si mesmo, coisas que seriam usadas
em seu benefício no futuro. Mas ela tinha que ficar com ele. Ele pensou
que tinha deixado claro aquele ponto, mas talvez precisasse ser feito de
novo.
Ele pegou a mão de sua prima e deu um tapinha nela. Ele se apro-
ximou e sussurrou em seu ouvido: ― Você não está sufocada, Aisley.
Ainda não. Eu posso te dar isso.
― Entendo. ― Seus grandes olhos castanhos olhavam para um lu-
gar na parede.
― Eu pensei que você poderia. ― Jason deixou cair a mão e se vi-
rou para Mindy. ― Pegue Aisley e vá para o sítio de escavação. Eu que-
ro tudo o que você sabe sobre este Guerreiro.
― Mindy sorriu e esfregou as mãos juntas.
Mas Aisley disse. ― É uma má ideia.
― Eu não repassei isso com você? ―Jason fundido com raiva.
Aisley rolou os olhos. ― Pense. Você é o cérebro. Os guerreiros
podem sentir magia Druida. Ele será capaz de dizer a diferença entre
um mie e um drough. Você realmente quer que esse Guerreiro saiba
que há duas droughs lá?
― Ugh. Tanto quanto eu odeio dizer isso, ela tem um ponto, ―
Mindy disse com um beicinho de lábios vermelhos.
Jason odiava quando cometia um erro. Ele o odiava ainda mais
quando lhe era apontado. Apesar disso, Aisley o tinha ajudado sobre
alertar os MacLeods.

83
― Tudo bem. ― Ele se virou para os dois Guerreiros. ― Vão. Ve-
jam o Guerreiro, mas não o deixe saber que vocês estão lá. Fiquem es-
condidos e fora da visão.
Com um aceno brusco da cabeça, ele mandou todos para fora.
Quando Aisley começou a passar por ele, agarrou-lhe o braço: - Oh,
não. Não você.
Quando a porta se fechou atrás da última Druidesa, Aisley puxou o
braço de sua mão, seus lábios abrindo em um sorriso sarcástico. ―
Aye, eu sei. Eu falei fora da vez.
― Você queria isso, lembra? Você queria controlar sua vida. Eu dei
isso a você!
― Oh, sim, você me deu uma bela vida! ― Seu peito arqueou e
seus olhos lançaram adagas.
Jason sorriu enquanto sua raiva evaporava. ― Tudo tem um preço.
Você sabe disso melhor do que a maioria.
― Eu não preciso ser lembrada do que eu fiz, Jason. Estou aqui.
Eu faço o que você pede, e eu salvei seu traseiro mais vezes do que
posso me lembrar. Eu não preciso de você respirando no meu pescoço e
tentando me colocar no meu lugar.
― Mas isso é exatamente o que você precisa. ― Ele deu um passo
em direção a ela, apoiando-a contra a parede. ― Você nunca conheceu
seu lugar, não antes. Você conhecerá até o momento em que eu termi-
nar com você.
Aisley observou-o sair do porão. Como ela o odiava. Se conseguis-
se fugir, ela mergulharia uma faca no coração. Fechou os olhos e agar-
rou a parede. A cicatriz no seu lado esquerdo tinha seis meses, mas
ainda doía. Assim como ela ainda podia sentir a lâmina cortando em
sua pele lentamente, implacavelmente.
Aquela tinha sido a resposta de Jason quando ela tentou sair. Ele
lhe dissera que era apenas uma amostra do que ele faria se ela pensas-
se em deixá-lo de novo.

84
Aisley estendeu a mão na frente dela. A magia negra dentro dela
era como outra entidade. Ela podia senti-la fluir através dela e gradual-
mente tomar sua alma.
Esta era a sua vida. Era o que ela escolhera. Para melhor ou pior,
ela precisava aproveitar ao máximo. ― Antes que o inferno me reivindi-
que.

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CAPÍTULO NOVE

Dois dias depois, Arran trocou sua pá e usou a força. A escavação


agora consistia em pequenas pás e outras ferramentas que ele não po-
dia se importar menos.
Ele e alguns outros transportavam a sujeira extra longe do local.
Não era exatamente um trabalho divertido, mas continuava a manter
sua atividade, bem como mantê-lo perto de Ronnie.
O que em si era tortura.
Ela não tinha ideia de seu encanto. O jeito que suas calças de brim
moldavam a sua bunda, a maneira que sua camisa se estirava através
de seus seios quando ela alcançava algo. Ou a maneira que ela sorria
em abandono e felicidade enquanto cavava a terra.
Tudo isso era puro, requintado, incrível agonia. Ele não conseguia
parar de olhar para ela. E à noite, quando tentava dormir, tudo o que
via era ela. Seu sorriso, seus olhos castanhos, seu cabelo cor de trigo
que o provocava com seu comprimento.
Ele sonhava com as diferentes formas que faria amor com ela,
provocando seu corpo até que ela gritasse seu nome quando ela che-
gasse ao pico, suas mãos agarrando-o, incitando-o sobre ela.
O pior era que ele não tinha nenhum efeito sobre ela. Teria ajuda-
do seu ego que a pegasse olhando para ele algumas vezes, mas como
já tinha sido avisado, ela tinha um único amor, e esse era a arqueolo-
gia.
Felizmente, Pete tinha saído no dia anterior para finalizar algo em
Edimburgo. Ele estava contando a Arran sobre isso, mas Arran não o
estava ouvindo. Ele havia captado Ronnie através da aba da barraca e
tinha estado observando-a.
Ele estava sempre a observando.
Observando e querendo. Ele nunca sentiu tal sofrimento antes.
Seu corpo incendiava com a necessidade, e a única maneira que ele po-

86
deria se segurar de encontrar Ronnie e reivindicar seus lábios era traba-
lhar tão duro quanto ele poderia. E mesmo isso nunca era o suficiente.
Não depois de tocá-la, segurá-la ... sentindo suas curvas femininas
e suavidade acenando.
Memorizou cada movimento pequeno, riso, e sorriso que ela teve.
Toda vez que ela arrumava uma mecha de cabelo atrás da orelha, cada
vez que se dobrava para olhar a prancheta de Andy, cada vez que ela
pesquisava o sítio, ansiosamente esperando encontrar algo. Ela era
uma mulher espantosa.
O que Deirdre lhe tinha feito quando desatou o deus dele tinha
sido horrível. Mas o que Ronnie estava fazendo com ele, por mais invo-
luntário que fosse, cortava-o ainda mais.
Arran não queria desejá-la. Ele não queria sentir a fome inextin-
guível quando ela estava perto.
Mas maldito se ele soubesse como parar isso.
Havia outras mulheres dispostas, mas havia dado sua palavra a
Ronnie para não distrair as outras. Se ao menos soubesse o que estaria
passando agora, ele teria reconsiderado aquela promessa.
Arran permaneceu em sua barraca depois de um longo dia e ge-
meu quando ouviu a doce voz de Ronnie. Seu controle estava segurado
por um fio, um fio muito fino que estava prestes a romper-se.
Agarrou uma troca de roupa e saiu da tenda. Ele mal chegara aos
veículos estacionados quando Andy correu até ele.
― Arran? Cara, você não está saindo ou algo assim? Você está?
Nós precisamos de você.
― Não.
O corpo alto de Andy tropeçou e correu para se recuperar com os
longos passos de Arran. Arran sabia que estava sendo rude, mas tinha
que fugir, para conseguir uma rédea melhor sobre o desejo e a fome
que o perseguia.
Ele nunca tinha experimentado nada tão claro ou intenso antes. O
anseio, a necessidade continuava a crescer, nunca diminuindo. Isso o

87
estava deixando louco. Se não fugisse agora, encontraria Ronnie e a
beijaria.
E então Deus os ajudasse. Um gosto, e ele sabia que ele estaria
acabado.
― Onde você está indo? ― Andy perguntou sem fôlego enquanto
corria para o acompanhar.
― Para nadar.
― Nadar? O lago mais próximo está a uma milha de distância.
― Estarei aqui de manhã.
Felizmente, Andy parou e deixou Arran continuar sozinho. Quando
ele estava longe o suficiente do acampamento para que os outros não o
vissem, ele partiu em uma corrida.
Se quisesse, poderia usar a velocidade que seu deus lhe dava e
estar no lago em questão de segundos, mas Arran estava contente de
continuar a exercitar seu corpo.
Ele desacelerou para uma caminhada quando o lago apareceu. Ar-
ran respirou fundo e simplesmente olhou para a visão diante dele.
Quando chegou ao lago, agachou-se à beira da água. Muitos tinham
construído casas ao redor da água. Parecia que somente ontem este
lago era solitário. Não haviam docas ou barcos amarrados, balançando
languidamente.
Não havia restaurantes e lares na margem séculos atrás. Ou estra-
das onde o som dos carros poderia ser ouvido mesmo através da linha
de árvores. Não era que ele odiasse esse tempo moderno, apenas que
sentia saudade de como as coisas foram uma vez.
Arran tirou as botas e jogou as calças antes de mergulhar na
água. A enseada era isolada, proporcionando-lhe a privacidade que ele
precisava desesperadamente no momento.
Qualquer coisa era susceptível de fazê-lo explodir, ele estava nesse
estado. Um olhar errado, uma palavra errada, e seu desejo poderia se
transformar em raiva. Ele estava tão perto da borda.

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Arran não se lembrava de estar tão despedaçado desde que seu
deus fora liberado pela primeira vez. A fúria e a raiva fervilhavam, mais
a paixão continuava inalterada.
Ele subiu à tona e balançou a cabeça. A água estava fresca e es-
cura no céu do anoitecer. O céu ainda estava claro, dando uma tonali-
dade dourada sobre as nuvens.
Poderia ser uma noite mágica. Ele podia imaginar Ronnie na água
com ele. Ele podia até imaginá-la sorrindo antes de puxá-la em seus
braços para um beijo.
― Merda. ― ele resmungou com sua fantasia.
Arran mergulhou de novo e nadou sob a superfície, esperando que
sua necessidade se aliviasse mesmo um pouco.
***
Ronnie desligou o carro e saiu. Ela se encostou na porta e olhou
através da água clara e lisa do lago. Quando Andy disse a ela onde Ar-
ran tinha partido, ela não tinha acreditado.
Ela ainda não acreditava, mas pelo menos o Range Rover de Arran
ainda estava estacionado no sítio.
Um nativo lhe contara sobre esta enseada isolada no lago e Ron-
nie pensou que era onde Arran poderia ter ido. Mas parecia que ela ti-
nha imaginado errado.
Ela estava voltando para seu carro quando notou as botas descar-
tadas e jeans em uma pilha junto à praia. Ronnie fechou suavemente a
porta do carro e caminhou até as roupas.
Definitivamente eram de Arran. Tinha tentado ignorar aquela calça
jeans que se moldava em seu traseiro o dia inteiro. E tinha falhado. Mi-
seravelmente.
Ignorar Arran provou ser impossível. Ele estava em toda parte.
Sempre disposto a ajudar, sempre lá quando ela precisava de alguém. E
todo mundo gostava dele. As mulheres, é claro, mas mesmo os homens
queriam ser seus amigos.

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As pessoas estavam continuamente gritando seu nome. Ela podia
ouvir sua voz, não importa onde ela estivesse no sítio, e chegara a um
ponto em que, quando ela não o ouvia, ela procurava por ele.
Agora, ela tinha vindo para o lago. Por quê? Sabia que era melhor
não ficar sozinha com ele. Ela tendia a esquecer tudo quando ele esta-
va perto, e ela estava definitivamente tentando-se esta noite.
Particularmente quando ele a colocava tão fora de linha. Ele a fa-
zia pensar em longas noites quentes, de prazer, e de paixão tão inten-
sa, que nunca esqueceria um momento em seus braços.
Seu olhar examinou a água. O único movimento era a própria
água. Ela não pôde evitar sua decepção. Embora soubesse que precisa-
va manter distância, queria vê-lo.
Ronnie colocou as mãos nos quadris e suspirou. ― Momento certo,
como eles dizem, é tudo. Talvez seja para melhor. Eu só poderia ceder a
ele.
Ela estava prestes a voltar para o carro quando uma cabeça que-
brou a superfície. Seus pulmões se agarraram quando ela reconheceu
os longos cabelos escuros de Arran.
Ele riu, o som carregando sobre a água e batendo contra ela.
Os pés de Ronnie ficaram colados ao chão enquanto ela o obser-
vava andar pela água. Seus braços longos e musculosos espalharam a
água quando ele se virou e começou a nadar em direção a ela.
Ela soube o momento em que ele a viu porque seu semblante
tranquilo titubeou. Ele mergulhou debaixo da água novamente, e ela
olhou ao redor com o coração martelando em seu peito. Ela ia embora?
Ou ela tenta si mesma e ficaria?
Fique.
Ela deixou cair as mãos de seus quadris e mordeu o lábio com in-
decisão conflitante. Antes que ela pudesse fazer uma escolha, Arran
quebrou a água novamente, desta vez perto o suficiente para ela poder
ver seus olhos dourados.
― Como você me encontrou?

90
Ronnie deu de ombros, odiando o nervosismo que corria desenfre-
ado através dela. ― Eu perguntei para um nativo se havia um ponto
próximo no lago que fosse privado. Ele me enviou aqui.
― Por que você veio?
Ela engoliu em seco e desviou o olhar. Havia uma borda dura na
sua voz dele que ela não estava acostumada. Isso deveria ter dado a
ela uma parada, mas tudo o que podia pensar era que a única coisa
que a impedia de vê-lo em toda a sua maravilhosa glória era a água. ―
Andy pensou que você poderia estar partindo.
― Eu disse a ele que eu não partiria.
― Sim. Olha, eu só queria ter certeza que você estava bem. Você
obviamente quer ficar sozinho. Eu o verei de volta no sítio.
Ela se virou e tinha dado dois passos para o carro quando ele dis-
se, ― Ronnie.
Ela se manteve de costas para ele e lambeu seus lábios. Sua voz
tinha sido áspera, seca. Era um lado de Arran que ela não tinha visto
antes. O que mais ele mantinha escondido?
― Eu não quero soar tão ... áspero. Eu só... é só que... eu precisa-
va de um banho frio.
― Como eu disse, está tudo bem. ― Ela queria virar e olhar para
ele, queria olhar para seus olhos dourados. Queria ver todos os múscu-
los maravilhosos. ― Eu não quis interromper.
― Você não interrompeu. ― Ela sabia que era mentira, mas ela
estava feliz que ele tinha dito isso de qualquer maneira.
― Eu estou contente que você esteja bem. Você se tornou bastan-
te ativo no sítio. Eu não quero te perder.
― A água está boa. Junte-se a mim.
Ronnie ficou tão surpresa com a mudança de tópico que ela se vi-
rou. O cabelo dele estava afastado do rosto. Ele estava imóvel como
uma estátua, mas ela podia sentir o calor de seu olhar enquanto ela fi-
xava os dela.

91
― A última coisa que pensei trazer comigo para a Escócia foi um
maiô
― Quem disse alguma coisa sobre vestir um maiô?
― A profunda ressonância de sua voz enviou um tremor através
dela, queimando seu sangue até que ela teve que apertar as pernas
juntas. E assim, o fogo a pegou. Um fogo que só ele parecia capaz de
inflamar.
Ele estava oferecendo a ela a mesma coisa que só imaginou em
suas fantasias. Nenhuma mulher sensata desviaria de um homem como
Arran.
― A água vai acalmá-la. ― ele insistiu.
Ela trocou de peso de um pé para o outro enquanto seu olhar pe-
gou as gotas de água pontilhando seus ombros e abdômen. Suas mãos
coçavam para percorrer todos os seus músculos, descendo pelo peito
dele e por cima do abdômen.
Suas pernas ficaram fracas só de pensar nisso. Ela se moveu para
que ela estivesse recostada contra o capô de seu carro. Não era sábio
para ela ser tão levada por um cara. Ela tinha que manter a cabeça,
para ficar no comando. De tudo.
Assustava-a o quanto ela queria sentir seus braços ao redor dela,
queria saber a sensação de seus lábios se movendo sobre os dela. É
como se Max nunca tivesse acontecido, que ela não tinha aprendido
uma lição valiosa.
Arran apagou a dor do passado. Ele prometia novas lembranças,
prazer e êxtase durante o tempo que ela os quisesse. E ela sempre os
queria.
Ele estava bem ali diante dela, esperando.
― O que você está fazendo aqui? Realmente.
A testa dele franziu com a pergunta, mas seu olhar nunca deixou o
dela. ― Não tenho certeza de que você gostaria da verdade.
― Quero a verdade.

92
― Você.
O estômago revirou. Quando conseguiu respirar fundo, estava irre-
gular e seu peito estava pesado. Seus seios incharam, seus mamilos
doíam. Uma fome, profunda e insistente, surgiu dentro dela. A fome de
Arran MacCarrick que ela sabia nunca iria acabar.
Tudo o que ela queria era Arran. Suas mãos, sua boca, seu corpo.
Não havia uma parte dele que ela não quisesse tocar e beijar e colocar
na memória.
― Eu precisava da coisa mais próxima de um banho frio que eu
poderia conseguir.
Ronnie ficou feliz que o carro a estava segurando, porque tinha
certeza que suas pernas teriam se derretido de outro modo. Nenhuma
palavra viria, não que ela soubesse o que dizer em resposta à sua ad-
missão.
― Vejo que você não estava esperando que eu dissesse isso.
― Não. ― ela disse com uma sacudida de cabeça. ― Eu não tinha
ideia.
― Mentirosa. ― Ele riu e se baixou na água de modo que apenas
sua cabeça aparecia. ― Junte-se a mim, Ronnie.
Deus como ela queria entrar naquela água e ir até ele e beijá-lo.
Ela queria enfiar os dedos em seus cabelos escuros e fitar profunda-
mente dentro de seus olhos.
Mas o passado a mantinha em terra, impedindo-a de arriscar-se.
Maldito Max por arruinar isso.
― Eu acho que não posso.
Ele acenou com a cabeça e então se levantou tão rapidamente, a
água espirrou em torno dele. Não foi até que ele começou a caminhar
em sua direção que Ronnie encontrou seu corpo tremendo de necessi-
dade, necessitada dele.
A água ficava cada vez mais baixa em seu corpo a cada passo que
ele tomava. isso revelou o abdômen esculpido que ela já conhecia. Isso

93
também revelava a boa forma de seus quadris e a linha de pelos escu-
ros que viajava de seu umbigo para baixo.
Com seus olhos dourados fixos nela e inconfundivelmente cheios
de uma fome profunda e sombria, ele parecia um lendário escocês de-
terminado a reivindicá-la.
E Deus a ajudasse mas seu coração bateu mais rápido por causa
disso.
Seus lábios se separaram quando a água baixou para mostrar sua
ereção grossa, dura, e suas pernas cheia de músculos. Ele continuou
caminhando direto para ela.
Ronnie odiou que ele parasse justo perto de tocá-la. Ele inclinou
as mãos contra o capô de cada lado dela de modo que seus lábios pe-
gavam a respiração dela, água pingando de seu corpo sobre o dela.
― Eu imaginei você para um tipo de aventura. ― ele disse en-
quanto seu olhar varria seu rosto. ― Que pena.
E então ele se foi.
Ronnie piscou, irritada que, mais uma vez, ela tinha sido muito tí-
mida para ver o que aconteceria se cedesse a Arran MacCarrick.
Tudo o que ela tinha que fazer era se inclinar e colocar seus lábios
nos dele. Ele estava esperando por isso. Ele até disse que viria para um
banho frio por causa de seu desejo por ela.
Mas ela amarelou como sempre fazia.
Ela esperava vê-lo na estrada ou em algum lugar perto, vestindo
suas roupas, mas ele tinha partido. Como foram suas roupas. Foi como
se elas simplesmente desaparecessem.
Ronnie se endireitou e olhou ao redor da área. ― Arran. Arran!
Não importa quantas vezes ela chamou, ele não respondeu e ela
não o encontrou. Depois de alguns minutos, ela desistiu e entrou no
carro.

94
― Droga. ― ela disse, e bateu as mãos no volante. ― Eu sou tão
covarde. Eu o quero e ele está oferecendo. Por que não posso pegar
isso? O que há de errado comigo?
Ela colocou a cabeça no volante e simplesmente se sentou lá, odi-
ando a si mesma por permitir que o passado a governasse. Tudo era
por causa de Max, tudo porque ela tinha sido ingênua e tola.
Pete havia avisado que o que Max fizera comprometeria qualquer
futura felicidade. Ela riu de Pete, mas parecia que ele estava certo.
Ronnie tentou se lembrar da última vez em que teve um encontro, um
encontro real. A última vez que alguém a convidara para sair tinha sido
apenas alguns meses depois que ela se separou de Max.
Ela tinha recusado o encontro, e os próximos vários seguidos des-
se. Então, mergulhou no trabalho de modo que não tinha percebido
que havia passado mais de dois anos desde que teve um encontro de
qualquer tipo.
Com um suspiro ela levantou a cabeça e olhou para a água. Como
seria nadar com Arran? O que teria sentido se esquecer do passado e
ceder à atração?
Como teria sido beijá-lo? Ronnie enraivecida enxugou uma lágrima
que ousou cair. Então ela fez o que sempre tinha feito. Ela se entregou
naquele minuto para chafurdar em culpa e arrependimento, depois ela
empurrou isso de lado e olhou para frente. Era o único curso que ela ti-
nha. Olhar para frente. Olhar sempre adiante.
Prendeu o cinto de segurança e ligou o carro. Enquanto se afasta-
va, ela estava determinada a nunca pensar no lago e Arran caminhando
da água novamente. Nunca pensar no modo como seu corpo reagia à
sua mera presença ou ao que poderia ter sido.

95
CAPÍTULO DEZ

Arran observou Ronnie se afastar. Só então ele soltou a respiração


que estava segurando. Não tinha certeza de como não a tinha arrasta-
do contra ele e saqueado sua boca como ele queria fazer desde o pri-
meiro momento em que a tinha visto. Várias vezes quase saiu de seu
esconderijo quando ela chamou seu nome.
Ela queria entrar na água. Tinha estado lá em seu rosto. Mas algo
a tinha parado. O que foi aquilo?
E por que ele malditamente se importava tanto?
Vestiu-se quando o chiado da magia dela começou a desvanecer
enquanto seu carro se afastava. Ele sentiu sua magia enquanto estava
debaixo d'água, mas quebrar a superfície e vê-la em pé havia trazido
num estante, todo o ardor que ele tinha trabalhado tão duro para res-
friar.
Se ele pudesse esquecer a necessidade ardente o suficiente para
falar com ela sobre Druidesas, ele poderia aprender mais sobre ela.
Mas, porra, se ele conseguisse controlar seu corpo. No entanto, ele ia
ter que controlar... e logo. Tinha visto a maneira como ela olhara para
os arcos. Se era uma tumba ou algo mais que ela estava descobrindo,
ele não gostou da sensação dele.
E isso parecia estar levando-a. Era o modo que ela olhava para
isso o que mais o incomodava. A última coisa que queria era enfrentá-la
sendo ela uma Druidesa, mas como não ficava sozinho com ela, estava
perdendo tempo.
Ele tinha tido essa oportunidade há alguns minutos, e tinha explo-
dido isso. Tudo por causa de seu maldito pau.
Seu telefone tocou naquele momento. ― Merda. ― ele murmurou,
e tirou o telefone do bolso traseiro. Então soltou uma outra série de
maldições quando viu o nome de Saffron.
― Você tem alguma explicação a fazer. ― ele disse como forma de
responder, já que ela se recusava a atender suas ligações.

96
―Olá para você também. ― Saffron disse, um sorriso em sua voz.
― Eu pensei que você poderia gostar do meu pequeno trote. Muitas
pessoas pensam que Ronnie é um homem baseado em seu nome.
― Essa é uma dedução natural. E você poderia ter respondido mi-
nhas chamadas antes sobre isso. Por que você está realmente ligando?
Quando ela não respondeu imediatamente, ele ficou instantanea-
mente alerta. Saffron era uma Vidente. Elas eram raras no mundo Drui-
da, tão rara que tinha sido sequestrada por Declan Wallace, a fim de
usar sua magia.
Tinha sido Camdyn, seu marido, que a libertou da prisão. Esses fo-
ram três anos de que Saffron nunca falava.
― Saffron. ― Arran disse suavemente. - Você teve algum tipo de
visão?
Houve um longo suspiro pelo telefone. ― Sim.
Arran apertou os olhos porque sabia sobre quem era a visão. ―
Ronnie.
― Sim. ― Saffron disse novamente.
― O que você viu?
― Não o suficiente. Eu sinto muito. Tudo o que sei é que ela esta-
va assustada. Realmente com medo, Arran. O tipo de medo como eu
estava quando Camdyn me encontrou na masmorra de Declan.
O intestino de Arran apertou dolorosamente. Golpeou uma árvore
com o punho.
― Porra.
― Eu queria ligar para você primeiro. Camdyn foi ao castelo dizer
aos outros. Fallon vai querer enviar outro guerreiro, e talvez isso seja
sábio.
― Não. ― disse Arran com força. Ele não queria compartilhar Ron-
nie com ninguém. ― Eu posso fazer isso.

97
― Eu não sei o que vai acontecer com ela. Poderia ser um aciden-
te no sítio, ou poderia ser um assalto na cidade, um acidente enquanto
ela está dirigindo. Poderia ser qualquer coisa.
― Um acidente. ― ele repetiu, e empurrou a cabeça para onde as
luzes traseiras do carro de Ronnie tinham desaparecido. ― Eu ligo para
você.
Arran estava correndo antes que a última palavra saísse da boca.
Ele não se conteve desta vez. Memphaea queria ser solto, e com o pa-
vor batendo nele, ele mal conseguia manter seu deus abaixado.
Usando toda a sua velocidade, Arran atravessou carros estaciona-
dos e rochedos. Ele não seguiu a estrada, em vez disso tomou um ca-
minho reto até que ele viu as luzes traseiras de Ronnie.
Ele começou a diminuiu até que viu um carro virar a curva em di-
reção a ela. O pneu derrapou naquele momento, fazendo com que o
carro desviasse na pista de Ronnie.
― Ronnie! ― Arran gritou enquanto ele bombeava suas pernas
mais duro para alcançá-la.
Ia ser uma colisão frontal. Os carros estavam muito próximos uns
dos outros, e estava acontecendo muito rápido.
― Vire a maldita roda, Ronnie! ― Arran gritou, sabendo que não
faria nada de bom, já que ela não podia ouvi-lo.
Mas de alguma forma, ela fez virar a roda no último segundo. O
carro bateu no lado do passageiro. O guincho de pneus e o cheiro de
borracha queimada junto com o som de metal permaneceriam em sua
memória para sempre.
Os carros ainda estavam balançando de sua colisão quando ele a
alcançou. Ele abriu a porta, parando sua verdadeira força para que ele
não a arrancasse, para encontrá-la segurando o volante com tanta for-
ça, seus dedos brancos.
― Ronnie? ― Ele perguntou suavemente, hesitante. ― Ronnie,
moça. Preciso que olhe para mim. Olhe para mim. ―ele disse mais alto
quando ela não se moveu.

98
Seus olhos castanhos assustados e cheios de medo viraram-se
para ele. ― Arran?
― Aye. Você está machucada?
― Eu ... eu não sei.
Ele deu uma olhada rápida, mas não viu nenhum sangue além de
um corte em sua mão da janela do passageiro quebrado. ― Fique aqui.
Eu volto já.
Arran correu para o outro carro, e depois de determinar que eles
também estavam bem, correu de volta para Ronnie. Ela não tinha se
movido. Sangue corria do corte entre seus dois nós dos dedos, onde
um pequeno pedaço de vidro tinha se embutido na mão dela.
Ele tomou seu rosto em suas mãos e a fez olhar para ele nova-
mente. ― Ronnie, você bateu a cabeça?
― Seus olhos estavam um pouco aturdidos quando ela tentou ba-
lançar a cabeça, não, um estremecimento rápido a parou.
― Droga. ― Arran murmurou.
Ele arrancou uma das mãos dela do volante e sentiu como estava
gelada. Choque. Ele esfregou a mão dela para ajudar a aquecê-la antes
que gentilmente tomasse sua outra mão.
Arran cuidadosamente segurou sua mão ferida na dele. ― Tenho
que tirar o vidro.
― Vidro. ―repetiu Ronnie. Então ela olhou para a mão e assentiu.
― Sim. Por favor, tire-o.
― Vire a cabeça.
Ele esperou até que ela desviasse o olhar antes dele olhar para o
vidro. Seus dedos eram grandes demais para tentar agarrá-lo sem ma-
chucá-la. A única opção que tinha era usar suas garras.
― Mantenha os olhos fechados. ― alertou. Um fantasma de um
sorriso puxou seus lábios. ― O sangue não me incomoda.

99
―Bem, você está olhando me deixa nervoso, e eu não quero te
machucar.
―Ok.
Ele observou como garras brancas se estendiam de seus dedos.
Arran estava apenas pegando o vidro quando ela inalou.
― Estou feliz que você esteja aqui, Arran. Ele usou aquele segun-
do para puxar o vidro e jogá-lo fora.
― Eu também. Está tudo acabado.
― Meu carro está morto?
― Não. ― ele disse com uma risada, suas garras se foram. ― Você
precisará de uma nova janela e de alguma coisa na carroceria, mas o
carro deve continuar a andar.
Demorou mais do que Arran gostou, obter informações trocadas
em relação ao acidente. Uma vez que isso foi feito, ele limpou o assen-
to do passageiro dos vidros e mudou Ronnie de lugar.
Ele estava no processo de dirigir de volta ao sítio quando seu tele-
fone tocou novamente. De alguma forma, ele não se surpreendeu ao
ver que era Saffron.
― Acabou. ― disse ele
― O que quer dizer? ― Saffron perguntou.
Arran olhou para Ronnie para encontrar seus olhos fechados. ―
Houve um acidente. Ronnie está bem.
― Estou feliz em ouvir isso. ― disse Saffron depois de uma breve
pausa. ― Mas não acho que isso é o que minha visão se trata. Terror,
Arran. Verdadeiro, coração-batendo o terror.
Ele apertou a mandíbula. A única coisa que faria Ronnie sentir
qualquer coisa assim era o mal que estiveram lutando por séculos. Um
mal que tinha desaparecido agora.
― Isso acabou. ― ele soltou.
Saffron fez um som na parte de trás de sua garganta. ― Acabou?

100
― Já faz um ano.
― Eu sei. Deixe-me falar com Ronnie.
Arran segurou o telefone para Ronnie. ― É Saffron. ― ele disse
quando ela olhou para o telefone.
Ele dirigiu pelas estradas estreitas e sinuosas, fingindo que não
podia ouvir a voz de Saffron através do telefone perguntando como
Ronnie estava. Arran manteve seu olhar para frente enquanto fingia
não ouvir o tremor na voz de Ronnie enquanto respondia.
A conversa terminou rapidamente, e quando Ronnie lhe passou o
telefone, ele sentiu sua mão tremer. Ele jogou o telefone no suporte de
copo e envolveu seus dedos em volta dos dela.
Ele lhe deu um sorriso reconfortante, e para seu alívio, ela não se
afastou.
― Eu já estive em outro acidente. ― ela disse. ― Foi durante a fa-
culdade, e eu estava dirigindo para casa. Eu tinha um amigo no carro
comigo, e estávamos falando enquanto eu dirigia pelo estacionamento
da universidade. Um carro repentinamente recuou em mim. Muito pou-
co dano, mas me assustou.
― O inesperado sempre assusta. Isso não é nada para se envergo-
nhar.
Ela olhou para as mãos entrelaçadas. ― Eu suponho.
Muito cedo eles chegaram de volta ao sítio de escavação. Arran
saiu do carro e correu para o outro lado para ajudar Ronnie. Ela já tinha
aberto a porta e estava saindo pelo tempo que ele chegou até ela.
A maioria já tinha ido para suas tendas para a noite, então não ha-
via ninguém para vê-los chegar. Arran esperou até que ela estivesse
fora antes de fechar a porta.
Ele a levou de volta para a sua tenda, e embora não quisesse
deixá-la, não havia desculpa para ficar. Suas mãos coçavam para se-
gurá-la novamente e certificar-se de que ela estava realmente bem. A
vida mortal poderia ser extinguida tão rapidamente, muito rapidamente.
Isso o gelou só de pensar.

101
― Obrigada. Por estar lá.
Arran encolheu os ombros. ― Você não estaria lá se eu não tives-
se ido ao lago.
― Isso não foi culpa sua.
― Nem foi sua. Acidentes acontecem.
Ela sorriu e sentou em seu catre. ― Eu nem consigo ver onde o vi-
dro estava na minha mão.
―Era pequeno. ― Ele engoliu em seco e olhou ao redor. Estavam
sozinhos. Ele poderia perguntar a ela agora sobre ser uma Druidesa,
mas o olhar aturdido em seus olhos lhe dizia que ele não iria obter
qualquer informação dela. Ele teria que esperar novamente. ― Descan-
se um pouco. Vejo você pela manhã.
Arran saiu antes que ele fizesse algo louco como tomá-la em seus
braços e beijá-la até que ambos ficassem sem sentido. O medo que ti-
nha corrido através dele quando testemunhou o acidente deixou-o gela-
do.
Mesmo depois de saber Ronnie estava segura, ele não poderia
afastar o conhecimento de que a qualquer momento ela poderia ser to-
mada. Poderia ter acontecido naquela noite, se não tivesse girado a
roda.
Agora ele percebia como cada um dos Guerreiros se sentia sobre
suas esposas mortais. E por que todos haviam escolhido ficar debaixo
do escudo mágico no castelo.
Arran deitou-se em seu catre e olhou para o topo de sua tenda. O
acidente repetido em sua mente de novo e de novo. O som do casca-
lho, o guincho dos pneus.
Apesar de saber que o acidente de Ronnie o assombraria por al-
gum tempo, foram as palavras de Saffron que o mantiveram acordado.
O mal acabou. Arran assistiu primeiro a Deirdre e depois Declan
serem destruídos. Eles haviam morrido, apagados da face da terra.
Mas eles tinham matado Deirdre uma vez antes e ela tinha sobre-
vivido. Foi isso que aconteceu com Declan?

102
Arran esfregou as palmas de suas mãos contra os olhos. Ele se
sentou e pegou o telefone. Por vários minutos, ele pensou em chamar
um dos Guerreiros.
Antes de decidir qual deles, seu telefone tocou. Ele viu o nome de
Ramsey aparecer. O Guerreiro também era meio Druida. Ele tinha sido
aquele a acabar com Declan.
― Ramsey. ―, Arran respondeu ao telefone.
― Saffron e Camdyn acabaram de sair. Ela nos contou o que acon-
teceu.
― É tudo o que ela disse? ― Ramsey fez uma pausa.
― Ela disse que o mal pode não estar morto como pensávamos.
― Você foi o único dentro da mansão de Declan. Ele morreu?
Ramsey riu, o som cheio de humor e satisfação. ― Oh, aye. De-
clan morreu.
― Nós pensamos isso de Deirdre também.
― É verdade. ― Ramsey suspirou. ― Vivemos um ano pensando
que tudo se foi. Que é um ano em que alguém poderia ter colocado as
coisas em movimento.
― Nós teríamos sabido. Não?
― Eu gostaria de pensar assim. Saffron não teve visões a respeito
de Declan.
Arran esfregou o queixo enquanto pensava. ― Aye, mas também
não estávamos procurando nada, não é? Assumimos que o mal foi bem
e verdadeiramente varrido.
― Como minha linda esposa continua me lembrando, não pode
existir o bem sem o mal. Tara deve saber, já que toda a sua família é
drough. Alguma coisa fora do comum aconteceu ai?
― Além do acidente? Não. Nada. Há magia em todos os lugares.
Eu não tenho dúvida de que os itens mágicos que estamos procurando
estão aqui.

103
Ramsey grunhiu. ― Que tipo de magia? Drough? Mie? Fallon disse
que você não disse.
― Porque é difícil, eu não sinto magia drough.
Mas. ― perguntou Ramsey
― Mas ... Sinto muita magia antiga. E magia mie.
― Isso envolve alguma pessoa?
― Aye.
― Ronnie. ― Ramsey respondeu. ― Você passou mais tempo com
ela desde que Fallon falou com você pela última vez. Você já falou com
ela sobre isso?
― Não ainda. As coisas ... continuam ficando no caminho.
― Ah. Você a quer.
Arran apoiou os cotovelos nas pernas. ―Eu mal posso pensar com
a necessidade, Ramsey. Sua magia é...
― Especial. ― Ele terminou.
― Aye. É mie, mas é diferente de qualquer uma das mies que eu
já senti antes.
― Você não deveria estar ai sozinho.
Ele sorriu com a declaração de Ramsey. ― Eu sou um Guerreiro,
meu amigo. Eu posso cuidar de mim mesmo.
― Não há dúvida sobre isso. Mas como eu aprendi enquanto eu
estava mantendo Tara segura, é sempre melhor ter alguém observando
suas costas enquanto você está focado em outra pessoa.
― Talvez.
Ramsey riu suavemente. ― Ouvi dizer que a Dra. Reid é muito bo-
nita.
― Ela é malditamente bonita. E intocável.
― Por que você não a seduziu?

104
Arran fechou os olhos. ― É... complicado.
― Interessante. Muito interessante.
― O que significa? ― Arran perguntou.
― Não importa. Nós vamos olhar para Declan, mas eu juro que ele
está morto.
― Isso é o que todos nós dissemos sobre Deirdre. ― Arran disse
antes de terminar a chamada.
Ele jogou o telefone de lado e deitou de volta em seu travesseiro,
um braço debaixo dele De certa forma, ele tinha que conseguir Ronnie
sozinha amanhã de manhã e conversar com ela. Não ia ser fácil com
Andy pairando ou o sítio chamando por ela, mas Arran tinha que saber
o quanto ela sabia sobre Druidesas.
Ele não estava preocupado que ela pudesse estar trabalhando com
o mal. Não havia um indício disso em sua magia, mas o que estava pre-
ocupando era a sua absorção em sua escavação atual. Se o que ele
procurava estivesse lá, tinha que saber antes que Ronnie visse. Ou ele
realmente iria ter um problema em suas mãos.

105
CAPÍTULO ONZE

Ronnie levantou os olhos de seu lugar no chão para encontrar Ar-


ran à sua esquerda. Ele nunca estava longe. Isso deveria ter incomodá-
la. Isso já a teria incomodado antes.
Mas depois do acidente de carro, ela gostava de tê-lo perto. Ela
gostava demais.
Onde antes do acidente, ele a mantinha afastado e desejava arder
sob sua pele, agora ele acrescentava um novo elemento: a segurança.
Havia apenas dois outros homens que sempre haviam inspirado
essa sensação de conforto nela, Pete e Andy. Nunca teria pensado que
Arran seria colocado na mesma categoria que Pete e Andy, mas não ha-
via como negar.
Quando ela acordou naquela manhã depois de outra noite cheia
de sonhos envolvendo a caixa e que envolviam Arran fazendo amor
com ela, ela descobriu o quanto ruim foi o dano em seu carro. Como
ele rodava ainda, ela não sabia. Ela mandou Andy chamar alguém para
rebocá-lo para consertá-lo.
Ela tinha acordado às cinco, e tinha trabalhado desde então. Vá-
rias vezes, Arran pediu para falar com ela sozinha, mas sempre havia
algo que surgia e que precisava de sua atenção urgente.
Ela não queria continuar afastando-o, mas não podia evitar. O que
fosse que ele quisesse, ela se asseguraria de ter algum tempo sozinha
para ouvir o que ele tinha a dizer. Desde que ele não lhe dissesse que
estava partindo.
O pensamento fez seu estômago azedar. Ronnie olhou para o
chão. Precisava concentrar-se em seu trabalho, não no cara todo-muito-
bonitão que, por acaso, salvava sua vida e produzia o desejo que ela
pensava não ter.
Ela sorriu. Bem, dizer que ele salvou a vida dela era um pouco dra-
mática, mas era assim que se sentia. Ele estava calmo e controlado en-
quanto cuidava de tudo. Ronnie não tinha sido capaz de pensar no pas-
sado a não ser que tinha estado em um acidente.

106
Arran não só a olhado, mas também ao outro motorista também.
Ele a tinha levado de volta ao sítio e à sua tenda.
Ronnie não conseguia se lembrar da última vez em que alguém a
ajudara de tal forma. Ela estava acostumada a fazer tudo sozinha. Ti-
nha se tornado um hábito, desde que foi criada em um lar adotivo com
cinco outras crianças.
Não que seus pais adotivos tivessem sido pessoas más. Eles ti-
nham sido normais, e a trataram gentilmente. Mas ambos trabalhavam
e tiveram outras crianças para cuidar.
Ronnie tinha aprendido que se ela quisesse fazer alguma coisa, te-
ria que ser a única a fazê-lo. Ter alguém como Arran a ajudando e não
esperando nada em troca era refrescante. Também não ajudou a atra-
ção que ela sentia.
Outro olhar mostrou que, como de costume, Arran estava cercado.
Deve ser seu sorriso contagiante ou sua natureza descontraída. Mas ela
tinha visto uma outra parte dele, que ele guardava com cuidado quan-
do estava com os outros.
Ela tinha visto o lado predatório, a parte dele que estava pronta
para a vida que o jogasse. Um lado que não iria cair sem uma luta.
Seus olhos dourados encontraram os dela, e por um momento ela
manteve seu olhar fixo antes que ela desviasse o olhar. Por que ele es-
condia essa outra parte dele? Ela gostava daquela parte, que ela não
entendia.
Ela franziu o cenho enquanto continuava a cavar em volta da pe-
dra. Ela nunca tinha sido uma que apreciava os caras alfa muscular. Até
Arran. Não havia dúvida de que ele era um alfa. Todos os outros pareci-
am reconhecê-lo também, e foi por isso que se reuniam com ele.
Mas por que ela?
Era a atração. Pelo menos era o que ela dizia a si mesma.
― Precisa de alguma ajuda?

107
As palavras foram ditas em um tom baixo, sedutor, que enviou ar-
repios correndo sobre sua pele e seu coração bater em tempo duplo.
Arran.
― Eu pensei que você já tivesse um trabalho para fazer. ― Ronnie
disse enquanto ela continuava a cavar.
― Eu fiz isso. Parece que você poderia usar uma mão.
Ela fez a coisa errada e olhou para ele. Seus olhos dourados a en-
laçaram, a tranquilizaram. Enfeitiçaram. Tudo sobre Arran a puxava, in-
citando-a a se aproximar dele.
Ronnie engoliu e esfregou alguma sujeira da bochecha dele som-
breada pela barba.
― Eu não me barbeei. ― disse ele com uma careta. Ele esfregou a
mandíbula por um momento. ― Eu esqueci.
―Isso parece bem em você. Não que você precise de ajuda.
Ela estava flertando? Flertando! Que diabos estava errado com
ela?
Um sorriso desordenado roubou os lábios de Arran. ― É mesmo?
―Você sabe que é. Olhe a sua volta. Toda mulher aqui não pode
tirar os olhos de você.
― Toda mulher, menos uma.
O sorriso desaparecera de seus lábios, e havia um fio sério em
suas palavras. Ele se referia a ela, ela sabia, e pela vida dela, ela não
sabia como responder.
― Como está sua mão? ― perguntou ele.
Ronnie estava grata pela mudança de assunto. ― Está um pouco
dolorido onde o vidro penetrou a pele. Além do meu pescoço estar
frágil do impacto, estou bem.
― Bom.
Ele não se afastou, e seu olhar não se moveu. Ele estava tão perto
que ela podia ver o anel escuro de ouro ao redor de seus olhos e uma

108
gota de suor enquanto corria pelo lado de sua bochecha. Seu olhar caiu
para sua boca.
Seus lábios eram largos e firmes. Nenhum sorriso torcia os lados
agora, nenhuma doce palavra fazia seu coração correr. No entanto, não
amorteceu o fogo que ele inflamava.
Foram apenas os sons do sítio que a impediram de fazer uma tola
de si mesma se inclinando para beijá-lo. Mas oh, como ela queria. Seus
lábios pareciam muito bons para não beijar. Ela levantou os olhos a
tempo de ver o olhar dele cair em sua boca, e ela mal suprimiu um ge-
mido.
Seus mamilos se endureceram dolorosamente. Seu corpo inteiro
doía para estar mais perto dele, para que ele a tocasse. Ronnie não sa-
bia como, mas tinha certeza de que ele seria um amante excepcional.
Ter um homem cuidando dela, mesmo que fosse por algumas ho-
ras, parecia bom demais para ser verdade. Tudo dependia dela permi-
tindo que ele se aproximasse.
Alguém gritou seu nome. Duas vezes. Já não podia ignorar aque-
les ao seu redor.
Ronnie limpou a garganta e desviou o olhar. ― Obrigada novamen-
te por me ajudar na noite passada.
― Alguma coisa estranha aconteceu recentemente? Qualquer pes-
soa pendurada em volta de você não reconheça?
Ela empurrou sua cabeça para ele. ― Por quê?
― Só de curiosidade. ― encolheu os ombros enquanto seu olhar
varria a cena ao redor.
― Não houve nada.
― Me avise se houver.
― Assim que você me disser por quê.
Suas narinas dilataram em agitação. ― Saffron disse que pode ha-
ver pessoas pensando em prejudicá-la.

109
Ronnie riu e balançou a cabeça. ― Há sempre aqueles lá fora que
pensam que a história deve permanecer no chão. Não importa em que
país eu esteja, há pessoas que querem me prejudicar por cavar em seu
passado. Eu costumo pensar que é porque eles temem o que eu vou
encontrar.
― Ou querem o que você está encontrando. ― Ele inclinou-se per-
to. ― É uma ameaça Saffron sentiu que eu precisava saber, o que signi-
fica que você precisa levá-la a sério, Ronnie. Mantenha os olhos aber-
tos.
― É isso que você queria falar comigo? Ele deu um rápido movi-
mento de cabeça. - Não. Isso realmente precisa ser privado. Mas eu
gostaria de fazer essa conversa acontecer logo.
Pela forma como ele falou, ela soube que essa “conversa” não se-
ria sobre a atração entre eles. Seu coração bateu forte quando ela per-
cebeu quantas vezes ele a observava. Ele sabia seu segredo? Teria des-
coberto que usava suas habilidades para encontrar as relíquias?
― Não há necessidade de ter medo de mim. ― Arran disse às
pressas. ― Eu sou seu amigo, Ronnie. Eu quero te ajudar, te proteger.
Há... coisas... sobre mim que poderiam ajudar. Se você me deixar.
Ele se levantou e se afastou antes que ela pudesse responder. Por
longos momentos ela olhou para ele, suas palavras reverberando em
sua cabeça. Ele sabia. Ele sabia seu segredo.
Mas o que ele poderia ter que poderia ajudá-la? Era uma pergunta
que só ele poderia responder, e uma que ela exigiria assim que soubes-
se exatamente o que ele pensava que sabia sobre ela.
O resto da tarde Ronnie olharia para cima de vez em quando en-
quanto trabalhava. Arran estava sempre perto, mas ela também olhava
ao redor dela como ele tinha perguntado. Ela não sabia o que estava
procurando. Apesar de seu foco mudar constantemente, eles foram ca-
pazes de fazer um bom pequeno progresso ao redor do arco.
Parecia que Arran tinha razão, e era uma porta de algum tipo. Ha-
via ainda muita sujeira bloqueando o seu caminho, e cada vez que se
moviam alguns, mais, de repente, caíam e preenchiam o lugar.

110
Barreiras de madeira que se assemelhava a cercas pequenas fo-
ram feitas e colocadas no lugar. Ainda assim, a sujeira caia através das
fendas das barreiras e diminuía consideravelmente o seu progresso.
Ronnie não estava pronta para parar de trabalhar quando o sino
do jantar tocou, mas ela era a única. Ela se sentou enquanto os outros
rapidamente guardavam suas ferramentas e caminhavam para a tenda
de comida.
Linhas de exaustão estavam claras em seus rostos. Ela tinha em-
purrado todos eles duro, mesmo que não tivesse conseguido o que
queria. Que era todo o arco visível para ela para que pudesse ver o que
era.
Ela planejava continuar trabalhando quando Andy estava de re-
pente ao seu lado, puxando-a pelo braço para se levantar. Arrastou-a
para a tenda de comida enquanto ele a atualizava sobre as outras se-
ções ao redor do acampamento.
Só foi justo antes de entrar na tenda que ela viu Arran andando
pelo perímetro do sítio.
***
Arran fez uma terceira rodada no sítio, olhando para cada carro es-
tacionado e trailler. Nada parecia fora do comum, mas as visões de Saf-
fron nunca estavam erradas.
Os acontecimentos poderiam mudar e, assim, tornar suas visões
mudas, mas se ela tivesse razão e Ronnie estivesse apavorada, então
Arran duvidava que os eventos pudessem mudar o suficiente para evi-
tar isso.
Uma ligeira agitação no ar e ele se virou para encontrar Fallon
atrás dele. ― Que diabo! ― Qualquer um poderia ter visto você.
Fallon sorriu. ― Ah, mas eles não viram. Como vão as coisas?
― O de sempre. Ainda não encontrei nada.
― Nós também. As mesmas pessoas más que parecem povoar o
mundo com assassinatos, estupros e outros, mas nada que sugira
doughs.

111
Arran cruzou os braços sobre o peito. ― Eles estão lá fora. Assim
como os mies estão.
― Aye, mas onde? Se alguém estava tomando o lugar de Declan,
acho que teríamos ouvido alguma coisa agora.
― Eu não tenho tanta certeza. Pode ser que eles estejam esperan-
do alguma coisa.
― Como o quê?
Arran olhou para o lugar que Ronnie estava cavando. Quase meta-
de do arco podia ser visto agora. ― Talvez eles estejam esperando para
ver o que Ronnie encontre.
― Merda. ― Fallon disse, e passou a mão pelos cabelos escuros.
Seus olhos verdes brilhavam de raiva. ― Pensei que tivéssemos termi-
nado com tal mal. Quero dar a Larena o bebê que ela deseja tão deses-
peradamente.
Arran derrubou seus braços para os lados. Ele não odiava a posi-
ção onde Fallon e os outros estavam. Ele não queria prender seu deus
como eles, mas ele entendia a necessidade de fazer suas companheiras
felizes.
― Fale-me de Ronnie.
Arran levantou uma sobrancelha para Fallon. ― Tenho certeza de
que Saffron lhe disse tudo o que há para saber. E conhecendo Gwynn
com suas habilidades de computador, ela foi capaz de puxar todo o pas-
sado de Ronnie.
― Aye. ― Fallon disse com um aceno de cabeça. ― Mas eu quero
sua opinião sobre ela.
― Ela é teimosa. Talentosa. Linda. Há um pouquinho de orgulho
nela também, mas é compreensível, sendo tão boa quanto ela é em seu
campo. Embora ela seja tão boa, porque é a sua magia levando-a para
os artefatos. Ela é boa para o seu pessoal, tanto pagos como voluntá-
rios. Ela também é muito privada e mantém os homens em comprimen-
to do braço. Eu acho que tem a ver com o seu passado.
― Aye.

112
Arran olhou para a barraca de comida, onde ele a tinha visto pela
última vez. Queria conhecer seu passado. Isso o ajudaria a se aproxi-
mar dela, a saber que caminhos tomar e quais afastar.
― Seus pais morreram quando ela tinha apenas quatro anos. ―
disse Fallon. ― Não havia parentes para levá-la, então ela entrou no
sistema de adoção no Arizona. Um casal com cinco outros filhos adoti-
vos tomou-a e criou-a.
Arran assentiu enquanto escutava Fallon. ― Houve um homem
com quem ela esteve envolvida, não houve?
― Aye. Um homem chamado Max Drummond.
― Ele quebrou o coração dela. ― Arran voltou o olhar para Fallon.
Não era um palpite selvagem. Explicaria sua hesitação em ceder aos
seus desejos. ― O que ele fez com ela?
Ele mentiu para se aproximar para poder roubar as relíquias que
ela estava encontrando e vendê-las no mercado negro.
Arran fechou os olhos ao perceber que havia paralelos entre ele e
Max. Ambos se aproximaram de Ronnie por algo que ela estava cavan-
do.
Mas, enquanto Max tinha feito isso por puro dinheiro, Arran estava
fazendo isso por seus amigos. Embora não gostasse de mentir para ela.
Ele planejava contar tudo a ela quando falasse com ela sobre sua ma-
gia.
Ele esperava que ela não ficasse muito zangada com ele, mas com
toda a probabilidade, ela o expulsaria do sítio. Como ele desejava que
Max estivesse na frente dele para que pudesse colocar o punho em seu
rosto pelo que tinha feito com Ronnie.
Agora, Arran entendeu por que ela estava tão hesitante em ceder
à atração entre eles. Ele teria que trabalhar mais para ganhar sua confi-
ança. Ele não esperava ou queria, mas ele se preocupava com Ronnie.
Assim que o pensamento passou por sua mente, sentiu como se
tivesse sido chutado no estômago por um cavalo. Ele se importava com
Ronnie.

113
Merda.
Quando ele abriu os olhos, foi para encontrar Fallon olhando para
ele com curiosidade. ― O que? Ronnie é uma boa pessoa que não me-
recia tal tratamento.
― Hmm.
― O que aconteceu com esse Max Drummond?
Fallon deu de ombros. ― Ele desapareceu antes que as autorida-
des pudessem encontrá-lo.
―Gwynn encontrou alguma coisa sobre ele através do computa-
dor?
―Nada.
―E a Safron? Alguma visão? Cara, Dani, Marcail ou qualquer uma
das outras Druidesas foram capazes de usar sua magia para encontrá-
lo?
― É como se ele nunca existisse.
Arran fechou as mãos. ― Eu não gosto do som disso.
― Eu também não, e é por isso que eu liguei para Charon. Ele
está usando sua rede de homens para ver o que eles podem descobrir.
Arran odiava que eles ainda dependessem de Charon. Ele perdoou
o Guerreiro por espionar todas aquelas décadas, mas isso não significa-
va que Arran tinha que gostar do cara.
Falon mexeu os ombros e Arran sorriu. ― Você sente a magia des-
te lugar. ― Ele não estava apresentando uma pergunta, e Fallon con-
cordou com a cabeça em resposta.
― Você não estava mentindo quando disse que era irresistível.
Este é definitivamente o lugar para os itens enviados de Edimburgo, en-
tão.
― Pelo menos nós esperamos. ― acrescentou Arran. ― Ronnie
está perto de encontrar algo, eu acho. Ela desenterrou um arco de pe-
dra no chão.

114
― É dali que a magia está vindo?
Arran deu de ombros. ― É difícil pontuar a localização. Eu sinto a
magia onde quer que eu ande ao redor do sítio. O arco me dá uma pa-
rada, entretanto.
― É um túmulo?
― Eu penso assim.
― Os lábios de Fallon achataram. ― Seja cuidadoso. Vou telefonar
quando eu tiver notícias de Charon.
E, assim, Fallon se foi. Arran poderia ter obtido o poder de contro-
lar o gelo e a neve, mas Fallon se teletransportava. Isso era útil fre-
quentemente. Ele respirou fundo e se virou para a tenda de comida.
Queria ver Ronnie, não porque tivesse algo para lhe dizer, mas só por-
que precisava ver seus olhos cor de avelã, cabelos cor de trigo e sorri-
so.
Ele precisava dela ao lado dele.

115
CAPÍTULO DOZE

Ronnie se jogou e se virou a cama. Normalmente, nunca a inco-


modava que a maldita coisa fosse tão estreita, mas esta noite ela não
conseguia desligar o cérebro o suficiente para dormir.
Era Arran. E era o sítio.
Ela se sentou e balançou as pernas sobre o lado da cama. Seus
dedos coçavam para estar de volta na terra, raspando-a longe das pe-
dras do arco.
A música era tão alta, ela não podia desligá-la. Continuava cha-
mando-a, convocando-a. O problema era que não podia mais esperar. A
manhã parecia uma eternidade. Ela tinha que chegar à caixa agora.
Poucas vezes, desde que se tornara arqueóloga, a necessidade a
havia levado. Uma vez foi quando ela encontrou o pingente de nó trin-
dade.
O que estaria no chão desta vez? Que relíquia inestimável estava
na caixa escondida por centenas de anos, esquecida até que ela a loca-
lizasse?
Ronnie suspirou e desistiu de esquecer o sitio. A única maneira
para ela encontrar algum tipo de paz era ir cavar.
Ela enrolou o cabelo em um coque e voltou a colocar as botas. As
noites de verão na Escócia só a ajudavam. Era quase meia-noite e ain-
da havia luz lá fora.
Como ela não sabia quanto tempo ela estaria trabalhando, ela en-
controu uma luz e manteve-a ao lado dela para que pudesse ligá-la
quando escurecesse.
Teria sido melhor manter a luz em seu posto, mas poderia desper-
tar os outros, e ela preferia ficar sozinha.
Assim que seus dedos tocaram a sujeira, ela sorriu. Isso a acalma-
va de maneiras que nada mais poderia. Exceto talvez Arran.

116
― Chega. ― ela sussurrou para si mesma enquanto pensava em
seus olhos dourados e sorriso-para-coração.
A primeira vez que ela tinha feito uma aula de geologia e o profes-
sor os fez cavar em busca de pedras, ela sabia o que queria fazer com
sua vida.
Enquanto ela cavava em torno das pedras, ela pensou no próximo
evento de arrecadação. Não podia ir sozinha. Era exaustivo, tentando
afastar os homens. Não que ela fosse uma grande beleza, mas eles pa-
reciam intrigados com o que ela fazia. Interessada o bastante para con-
tinuar perseguindo-a muito depois que a festa terminava.
Tinha se tornado um problema. De qualquer forma, ela odiava as
coisas. A ideia de implorar por dinheiro para continuar seu trabalho irri-
tava-a. Ela ganhou um pouco de dinheiro com as coisas que encontrou,
mas não era o suficiente para sustentar suas escavações.
Desde que Pete tinha se auto excluído e Andy também, não havia
mais ninguém para ela escolher.
Arran.
― Não. ― murmurou ela.
Ela não podia perguntar a ele. Ela não perguntaria a ele.
Primeiro, porque ela sabia que ele provavelmente diria sim. Segun-
do, porque ela estava inexplicavelmente atraída por ele e não podia di-
zer não por muito mais tempo. Se ela fosse colocada em estreita proxi-
midade com Arran por qualquer quantidade de tempo, não havia o que
dizer o que ela faria.
Ela se viu sorrindo. Não era como se ela fosse a única que tivesse
assumido o controle em um relacionamento. No entanto, com Arran, ela
não queria esperar que ele a beijasse. Queria beijá-lo.
Tão diferente dela. Mas, novamente, ela não era ela mesma desde
que ele chegara.
Ronnie balançou a cabeça e continuou a cavar em torno das pe-
dras do arco. Ela estava inclinada no chão, esticada até onde seus bra-
ços a permitissem. Ela continuou assim, trabalhando lenta e metodica-

117
mente em torno das pedras até que ela tinha removido outros quatro
centímetros de sujeira os quatro metros inteiros através do arco.
Ela se sentou sobre os calcanhares e examinou o arco. A fim de
fazer mais trabalho, ela teria que descer até onde as barreiras estavam
impedindo os lados da terra de desmoronar em cima do arco novamen-
te.
― Droga. ― ela disse, e olhou ao redor do sítio.
Todos estavam em suas tendas e traillers, adormecidos. As poucas
horas em que a escuridão se arrastava pelo céu haviam chegado sem
que ela soubesse.
Ainda assim, Ronnie não estava cansada. Ela queria continuar tra-
balhando. Mesmo que apenas por mais uma hora.
Ela ajustou seu relógio para a contagem regressiva de uma hora e
saltou para onde as barreiras estavam. Ronnie ficou imóvel por alguns
segundos para ver se as barreiras se prenderiam.
De joelhos, ela podia apenas ver sobre o topo do chão, por isso,
mesmo se as barreiras falhassem, ela tinha muito tempo para sair antes
que ela ficasse ferida.
Com isso resolvido, Ronnie voltou ao trabalho.
***
Arran estava sobre seu estômago, um braço pendurado sobre o
lado do catre quando ele sacudiu despertando. Ele ficou instantanea-
mente alerta. Seu deus gritou, dando boas-vindas a uma batalha, mas
nada moveu.
Ele tinha se acostumado a dormir de calça no caso de haver uma
emergência. Arran sentou-se e pôs os pés no chão.
Arran sentou-se com os olhos fechados e permitiu que os sentidos
aumentados de seu deus determinassem o que o tinha arrancado do
seu sono. Ele não sabia ao certo quanto tempo estava ali sentado antes
de ouvir o som inconfundível de alguém cavando.
Era pequeno e suave, mas estava lá.

118
Arran saiu de sua barraca e encontrou uma luz brilhando sobre a
seção com o arco. Ele mal teve tempo de registrar que era a cabeça de
trigo de Ronnie que ele viu quando ouviu o movimento do solo.
Não havia tempo para gritar, nada a fazer senão chegar até ela.
Arran usou sua velocidade para atravessar a distância das barracas para
a seção justo quando houve um estrondo alto que o alcançou.
Ele deslizou pelo chão, as garras de sua mão direita estendida e
cavando no chão, enquanto se segurava de lado, justo quando a terra
caia sobre Ronnie.
Arran agarrou seu braço quando o grito dela o alcançou. Ele enter-
rou suas garras para segurá-lo no lugar enquanto a outra mão de Ron-
nie se aproximava para segurar sua mão.
― Não me deixe cair, ― ela disse suavemente.
Não havia histeria, nenhum grito com sua Ronnie. Mas ele viu o
medo refletido na sua profundeza avelã. ― Nunca. ― ele disse.
Ele poderia facilmente levá-los para o lado, mas então ela gostaria
de saber como ele fizera isso. Arran não estava pronto para explicar sua
imortalidade, seus poderes, ou o fato de que ele era um Guerreiro.
Nem poderia continuar permitindo que ela se pendurasse suspen-
sa sobre um buraco na terra.
― Eu vou balançar você para cima. ― Ele disse.
Ela balançou a cabeça bruscamente. Arran não perdeu tempo de-
pois disso. Ele rapidamente balançou-a de lado ao lado com força sufici-
ente para voltar em solo sólido.
Uma vez que ele a soltou, ele ouviu seu ofego antes dela aterris-
sar. Arran colocou seus pés descalços contra a terra e usou suas pernas
e braços para pular sobre a terra...
Ele pousou com os joelhos dobrados e as mãos no chão. Quando
ele levantou a cabeça, foi para encontrar Ronnie olhando para ele en-
quanto ela estava deitada ao seu lado e apoiada no cotovelo.
― Você está ferida? ― Ele perguntou, se apressado para ela. Ele
ajoelhou ao seu lado e alisou para trás o cabelo do rosto dela. De algu-

119
ma forma o maldito coque ainda estava preso e ele quis arrancar os
grampos para que pudesse sentir as mechas correndo por seus dedos.
Arran inclinou a cabeça dela primeiro de um lado e depois do ou-
tro, procurando arranhões ou contusões. Ele inspecionou suas mãos an-
tes dele empurrar as mangas de sua camisa e olhou seus braços.
― Eu estou bem. ― ela disse trêmula. Suas palavras o pararam.
Esta não era a mulher que ele conhecera. Mesmo depois do acidente na
noite anterior, quando ela estava em choque, sua voz tinha sido forte.
Ele segurou seu rosto e fez com que ela o olhasse nos olhos. ―
Você está segura agora.
Ela piscou lentamente, suas pupilas dilatadas assim ele mal podia
ver a cor avelã de seus olhos. ― Arran.
Ele se viu inclinado em direção a seus tentadores lábios, seu corpo
exortando-o a prová-la, saboreá-la.
Chamando por ela.
De alguma forma as mãos dela se moveram de modo que ela
agarrou seus braços como se ele fosse a única coisa que a ancorava
neste mundo.
Arran se moveu lentamente, a necessidade urgente e consumindo.
Ele viu suas pálpebras se fecharem e seus lábios se formarem em um
suspiro.
Nunca tinha desejado uma mulher tanto.
Mas a fome o pegou desprevenido. Ele não colocou os lábios nos
dela enquanto fechava a distância. Ele roçou seu nariz contra o dela, o
lábio dela não respirava.
Arran não pôde mais suportar a tortura. Ele fechou os olhos e,
com um gemido, beijou-a.
Seus lábios eram macios, flexíveis e mais doces do que qualquer
vinho. Ele tentou manter as coisas lentas, mas aquele gosto inflamou
seu desejo de novas e inigualáveis alturas.
Tudo que ele podia sentir, ouvir e provar era Ronnie.

120
Na primeira separação de seus lábios, ele deslizou sua língua para
dentro e encontrou a dela. Ele gemeu novamente quando ela não ape-
nas o aceitou, mas beijou-o de volta.
Ele podia sentir o desejo dela, e isso queimou, chamuscou... ar-
deu.
Arran envolveu seus braços em volta dela, puxando-a apertada
contra ele enquanto aprofundava o beijo. As unhas dela cravaram em
suas costas, um suave gemido alcançando-o.
Ele estava contemplando tomá-la bem ali, em plena visão de qual-
quer um que pudesse estar olhando. Foi quando ele soube que ele ti-
nha que recuar.
Isso foi contra tudo dentro dele, mas de alguma forma ele termi-
nou o beijo e colocou sua testa sobre a dela. Ela estava respirando tão
duro quanto ele. Ele não estava pronto para soltá-la, e pelo jeito que
ela se agarrava a ele, tampouco era ela.
Tudo que Arran sabia era que com um gosto, nada e ninguém ha-
veria depois de Ronnie. De alguma forma, de alguma maneira ele tinha
que tê-la.
Com um beijo que ela tinha conseguido entrar em seu sangue.
Com um beijo ela tinha encontrado a alma dele.

121
CAPÍTULO TREZE

Ronnie tocou seus lábios. Havia várias horas desde que Arran a
salvara, a beijara... e a deixara. Bem, ele realmente não tinha ido em-
bora. Ele estava em sua tenda, mas não era onde ela o queria.
Ela o queria com ela. Abraçando. Acariciando-a.
Seu beijo tinha sido tudo o que esperava e temia. Ele tinha rouba-
do seu fôlego e agitado as chamas de desejo que agora queimavam
dentro dela, ferozmente e calorosamente.
Depois de um beijo tão ardente que despertou algo dentro dela,
não estava pronta para isso terminar. Tinha levado mais tempo do que
queria admitir que emergiu de seu atordoamento do beijo para perce-
ber que Arran a tinha levado para sua tenda.
Mesmo assim, ela não conseguia pensar, além da necessidade que
a percorria, até compreender que ele se fora antes que ela tivesse se-
quer pronunciado uma palavra.
Ronnie se levantou e correu para a entrada para se certificar de
que Arran não tinha saído do sítio Ela suspirou, e então voltou para seu
catre quando o viu entrar em sua barraca.
― Oh Deus.
Ela estava com tantos problemas. Ela sabia, instintivamente, que
Arran não ia ser bom para ela. Ele era o tipo de homem que a faria
uma tola fora de si. O tipo que ela teria deixado tudo de lado, até mes-
mo seu próprio trabalho, apenas para estar com ele.
Certa vez, ela acreditou que Max fosse aquele homem, mas sem-
pre seu trabalho tinha vindo antes dele. Sempre. Não era o caso com
Arran, e isso aconteceu depois de apenas um maldito beijo!
Ronnie caiu de costas no catre e soltou um longo suspiro. Um bei-
jo. Um beijo arrebatador, excitante, mexido e surpreendente beijo. Um
beijo que ela esperou toda a sua vida para receber.
Um beijo que ela pensou que nunca conseguiria.

122
Um beijo que ela nunca esqueceria.
Ela deveria estar na escavação, olhando o porquê o chão tinha ce-
dido abaixo dela, mas tudo que Ronnie conseguia pensar era o beijo.
Seus olhos se fecharam quando se lembrou de como as mãos dele
a seguraram suavemente, mas firmemente. Como ele tinha se assegu-
rado de que ela não estava ferida antes que seu olhar dourado se escu-
recesse e sua cabeça baixasse para a dela.
Aqueles lábios maravilhosos dele tinham sido macios e insistentes,
ternos e implacáveis. Ele reclamou seus lábios com a habilidade e talen-
to de um homem que sabia não apenas como beijar, mas como trans-
formar uma mulher de dentro para fora.
Esquecera-se do seu próprio nome. ― Como isso acontece? ―
Perguntou-se.
― Ronnie! ― Andy gritou quando ele irrompeu em sua barraca. ―
Há uma parte desmoronada da escavação na seção quatro.
― Eu sei. ― Ronnie disse e se levantou sobre os cotovelos. ― Eu
estava lá quando aconteceu.
Andy franziu o cenho. ― Você está machucada?
― Não. Arran me pegou antes de eu cair.
― É uma coisa boa, também. Deve ser uma queda de 6 metros
até o fundo.
Ronnie se sentou, sua mente pensando em quando Arran a pegou.
Ela tinha estado tão envolvida no beijo, ela esqueceu tudo sobre sua
experiência de morte próxima.
― 6 metros. ― murmurou ela.
Ela mentalmente colocou-se de volta no sítio. Ela estava cavando,
perguntando-se o que estava debaixo de seus pés quando o chão tinha
desabado. Um grito havia se alojado em sua garganta, mas não houve
tempo para fazer nenhum som.
E então alguém pegou seu braço.

123
Arran.
― O quê? ― Andy perguntou.
Ronnie o ignorou enquanto ela pensou em quando olhou para
cima para encontrar Arran segurando-a. O que ele estava segurando
para mantê-lo ancorado? Ela nunca estivera tão assustada antes, mas
ele estava calmo.
Quase calmo demais.
Ele não pedira ajuda para levantá-la. Na verdade, ele a tinha le-
vantado sozinho. Ela sabia o quão forte ele era ao ver seus músculos,
mas quantos homens poderiam pegá-la e depois balançá-la sem ajuda?
Quantos homens poderiam fazê-lo parecer fácil e sem suar?
Nenhum.
Tinha sido tão grata por estar de volta em terreno sólido que leva-
ra um minuto para levantar a vista, mas quando ela o fez, Arran estava
lá. Como ele tinha se levantado tão rapidamente?
Ronnie levantou-se e passou por Andy enquanto caminhava para a
seção. Uma lembrança que estava embaçada, agitada. Ela não tinha
certeza se o que ela lembrava estava correto, já que estava tão assus-
tada, e então despertou até o ponto de esquecer tudo o que estava ao
seu redor.
Com o coração batendo forte, ela manteve os olhos no chão até
encontrá-las. Cinco marcas rasgavam o chão a cerca de 90 cm de onde
ela tinha caído.
As marcas terminaram na borda e se aprofundaram, como se al-
guém tivesse se segurado ali.
Ronnie estendeu os dedos e os colocou onde estavam as marcas.
As barras eram finas e afundavam pelo menos 5 cm no chão.
O que poderia fazer aquele tipo de marca?
― Algo errado?

124
Ela congelou com a voz profunda de Arran. Lentamente, levantou
a cabeça para encontrá-lo em pé na frente dela. ― Como você me sal-
vou?
―Sorte.
Ele sempre tinha uma resposta para tudo, Ronnie percebeu. Ela se
levantou e olhou para a porção de terra que tinha desaparecido. Uns
bons 1,2 m do arco tinha caído.
― E essas marcas? ― Ela perguntou, e apontou para aquelas que
estava olhando.
― Meus dedos quando eu os cavei no chão para agarrar em algo.
Havia uma parte de verdade em suas palavras, mas não toda a
verdade. Ela assentiu, permitindo que ele assumisse que ela acreditava
nele. Havia uma conexão entre as marcas, Arran, e a facilidade com
que ele a tinha salvo.
Ela simplesmente não conseguia saber exatamente o que era.
― Ronnie, olha, ― Andy disse enquanto olhava para onde a terra
tinha desabado.
Ela se agachou ao lado dele e olhou para onde ele apontou. ―
Não acredito nisso. A porta para o arco foi revelada.
― E está bloqueada. ― Arran apontou do outro lado.
As tábuas de madeira sobre a porta não desanimaram Ronnie. ―
A madeira tem estado submersa só Deus sabe quanto tempo. Eles se-
rão fáceis de quebrar.
― Aye, mas você deve quebrá-las?
Ela se virou para olhar para Arran e notou a forma como sua man-
díbula estava apertada e um músculo com um tique. ― O que você não
está me dizendo?
― Você sabe tanto quanto eu. Estou simplesmente afirmando o
óbvio. Quantos tumbas você encontrou com a porta bloqueada?
Ela engoliu em seco e encolheu os ombros. ― Nenhuma.

125
― Meu ponto. ― Ele olhou para a porta novamente e franziu a
testa. ― A porta é maior do que a maioria dos que já vi. E é bloqueada.
Pedir-lhe para não entrar seria como pedir que o sol não brilhasse.
Ronnie sorriu firmemente. ― Está certo. Então não se preocupe.
― Então deixe-me pedir-lhe que não vá para dentro sem mim.
Seu sorriso estancou quando ela olhou para ele. ― Por quê?
Por alguns segundos, ele pareceu tentar encontrar as palavras cer-
tas. Então ele disse: ― Porque eu posso ser o único que pode ajudar se
algo... mal acontecer.
― Quem é você? ― Ela exigiu, sua paciência esgotando-se. ―
Você queria me dizer, então me diga agora.
Ele olhou para longe e lambeu os lábios. ― Estou aqui para ajudar.
Eu tenho experiência com coisas desagradáveis acontecendo dentro de
tumbas. Se isto for uma tumba. ― murmurou enquanto olhava para a
porta de novo
― O que mais poderia ser? Foi você que sugeriu que era isso.
― Porque eu pensei que fosse. Agora, eu não tenho tanta certeza.
Assim como você sabe, há algo lá dentro. Você está procurando por
isso.
Ela se acalmou, seu sangue tornando-se frio com suas palavras.
― O que você quer dizer? ― Sua voz era baixa, suas palavras mal
sussurraram.
― Você sabe o que quero dizer. ― Não havia raiva ou desgosto em
suas palavras, apenas a simples verdade. ― Eu sei que você usa magia,
Ronnie. Posso sentir a sua magia. Você não precisa se esconder sendo
uma Druidesa comigo.
― Druidesa? ―Ela franziu o cenho. De onde ele saiu pensando
que ela era uma Druidesa? Mas o mais importante, como ele sabia que
ela usava suas habilidades?
A maneira como ele olhava para ela, como se ele a entendesse,
parecia liberar a marca que estava incubada em seu peito por anos.

126
― Aye, moça. Uma Druidesa. Pensei que você soubesse.
Ronnie olhou para a estrutura que acabara de escavar. Era magia
que ela usava? Era isso o que realmente eram suas habilidades? E isso
fazia dela uma Druidesa, como Arran sugeria.
― Hum, Ronnie. ― Andy interrompeu a conversa. ― Sobre a se-
ção dois. Estão cavando há semanas. Não há nada lá.
― Dê mais um dia, Andy. Eu vou reavaliar a situação amanhã.
― Não se esqueça que você parte no dia seguinte para Edimbur-
go.
― Merda. ― Ela tinha esquecido a festa. Outra vez.
― Já está em sua programação por seis meses agora. Você me fez
adicionar um dia extra na cidade para que você pudesse encontrar um
vestido e fazer o seu cabelo.
Como se ela precisasse ser lembrada como horrível era seu cabelo.
Ela cortou os olhos para Andy e o encarou.
― Desculpe. ― Ele murmurou, empurrando os óculos para cima
no nariz.
― Não. Está bem. É a falta de sono que me faz desabar.
Ronnie olhou para descobrir Arran a encarando.
Ele esperou até que Andy se afastar antes de perguntar. ― Você
sabe que não há nada na seção dois. Por que continuar cavando lá?
Ela exalou e deu o maior salto de fé que ela já tinha feito em toda
a sua vida. Ela lhe disse a verdade. ― Tenho que fazer. Se eu sempre
encontrar algo onde eu escavar, as pessoas começam a me questionar.
― Então, você se certifica de cavar em lugares onde não há nada.
― Sim. ― Suas mãos tremiam de divulgar esse pedaço de infor-
mação.
Para sua surpresa, Arran colocou uma mão sobre a dela. ― Eu
nunca vou repetir o seu segredo.

127
― E seu segredo? ― Ela perguntou.
― O que faz você pensar que eu tenho um?
Ela deu de ombros, gostando da sensação dele tocando nela. Ago-
ra, se somente ele a beijasse de novo. ― Você disse que podia sentir
minha magia. Acho que há mais que você não está me contando.
― Você sabia que era uma Druidesa?
― Não.
― Então, uma vez que eu lhe contar tudo o que você precisa sa-
ber sobre as Druidesas, compartilharei meu segredo.
― Sua mão apertou a dela antes de se levantar e se afastar, dei-
xando a mente de Ronnie tão cheia de perguntas que atenuou a música
dos artefatos.
***
Arran segurava a corda que abaixava lentamente Ronnie para den-
tro da terra. Ele não queria que ela fosse. Ele teria implorado se isso ti-
vesse ajudado, mas ele tinha visto aquele endurecer teimoso de seu
queixo e sabia que era inútil. Pelo menos ela tinha levado Andy para
baixo com ela.
Ele permitiu o alongamento da corda uma vez que ela chegou no
fundo, para que ela pudesse andar por ali. Ela e Andy levaram cerca de
trinta minutos antes de gritaram que outros poderiam descer.
Arran manteve-se segurando a corda de Ronnie, para que pudesse
puxá-la para fora o mais rapidamente possível se algo acontecesse. Ti-
nha um mau pressentimento cada vez que olhava para o arco. Havia
algo dentro da estrutura que precisava permanecer lá dentro. A magia
que sentia não estava manchada pelo mal, pelo menos, nada que pu-
desse sentir. Mas isso não significava que alguma coisa deveria sair da
construção.
Quem quer que tenha construído o edifício arqueado tinha se as-
segurado de selá-lo com as placas cruzando sobre a porta. Se estes
eram os itens tomados de Edimburgo em seu caminho para Londres,

128
então, algo deve ter acontecido aqui que parou a expedição e levou ou-
tros a construir a estrutura em torno dos itens.
E não foi apenas construído em torno dos itens, mas cavado na
terra E então enterrado. Por quê?
― Para mantê-los afastados do mundo.
― O quê? ― perguntou o homem a seu lado.
Arran balançou a cabeça e flexionou a mão. Ele precisava de Ron-
nie longe do arco imediatamente. Mas com dez outros estudantes ar-
queológicos descendo até ela, isso não ia acontecer em breve.
O melhor Arran poderia fazer era manter um olho nela. Isso foi
exatamente o que ele fez. Cada hora que ela ficava lá embaixo era
como uma eternidade. Ele não tinha dado a ela uma escolha sobre pu-
lar almoço também. Ela tinha conseguido engolir o sanduíche em tem-
po recorde e voltar para baixo.
Quanto mais ela ficava lá embaixo, e quanto mais Arran olhava
para o arco e a porta, mais ele sabia que aquilo não deveria ser aberto.
Ele tinha mais um dia provavelmente para convencê-la a não abri-lo,
antes de limpar a sujeira e os restos fora do caminho para Ronnie po-
deria chegar à porta.
No final do dia, Arran se certificou que Ronnie estivesse em segu-
rança longe da seção, antes de começar a ligar para o Castelo MacLeod
para informá-los sobre o que estava acontecendo, quando sentiu a
mágica de Ronnie.
― Eu pensei que você estivesse descansando. ― ele disse sem
olhar acima de suas mãos.
Houve um suspiro antes que ela veio ficar ao lado dele. ― Eu não
conseguia dormir. Estou muito excitada com o achado. Além disso, você
tem algumas informações sobre Druidesas que eu quero.
― Eu não tenho certeza de que este é a hora para essa conversa.
Suas sobrancelhas levantaram quando ela o encarou. ― Vamos fa-
zer a hora. Você não pode me dizer que eu sou uma Druidesa e apenas
deixar nisso. Eu preciso de respostas, Arran.

129
Ele olhou fixamente em suas profundidades cor de avelã e assen-
tiu. ― Aye, moça, você é. Não é algo que você queira que as pessoas
ouçam, no entanto.
― Eles estão exaustos e ficando longe de mim por medo de que
eu os coloque de volta ao trabalho. É o momento perfeito.
― Tudo bem. ― disse ele, e guardou o telefone.
― Há muito tempo ...
― Ronnie! ― Andy gritou. ― Ronnie! Pete está no seu telefone.
Ele diz que é importante!
Arran observou-a debater se devia atender ou não.
― A história pode esperar. Vá ver o que Pete precisa.
― Eu voltarei. ― ela prometeu antes de se afastar.
Arran observou o balanço de seus quadris, lembrando-se muito
bem do sabor dela. O beijo o tinha mantido afastado, o desejo fazendo-
o doer.
Ele não poderia ter parado de beijá-la, mesmo se o destino do
mundo dependesse dele. Ficou surpreso com o fato de se segurar por
tanto tempo, mas ela quase tinha morrido. Isso, aparentemente, foi o
catalisador que o enviou para a borda.
Depois de ter se assegurado que ela não estava ferida, seu corpo
simplesmente se recusou a fazer outra coisa senão tomá-la em seus
braços. Mesmo agora, era difícil manter suas mãos longe dela.
Naquele momento seu telefone tocou e o nome de Broc apareceu
na tela. ― Broc.
― Arran. Estou ligando por causa de Sonya.
Arran apertou os olhos. A magia de Sonya como Druidesa não era
apenas a habilidade de curar. Ela também era capaz de se comunicar
com as árvores. Aquela magia lhe tinha salvado a vida. ― As árvores.
Broc suspirou. ― Aye. Eles dizem de algo terrível está vindo.
― Elas disseram o quê? É outro mal?

130
― Esse é o problem. ― Broc disse com raiva. ― Elas não especifi-
caram. Sonya não é a única a ouvir isso. Gwynn também está ouvindo.
― Merda. ― disse Arran.
Gwynn, outra Druidesa e esposa de Logan, tinha magia que a dei-
xava ouvir e falar com o vento. –
― O vento está dizendo a Gwynn a mesma coisa.
― Não exatamente. ― A voz de Gwynn pôde ser ouvida no fundo.
Broc grunhiu. ― Espere, Gwynn.
― Não. ― disse ela.
Depois de um momento de luta, onde Arran podia ouvir Logan e
Sonya dizendo a Broc para entregar o telefone a Gwynn, o silêncio en-
cheu a outra extremidade do telefone.
― Arran? ― Gwynn disse.
― Estou aqui. ―
― Desculpe, mas o que Broc disse não é exatamente verdade. Vo-
cês nem sempre ouvem o que estamos dizendo. Vocês guerreiros
acham que sabem tudo. ― disse ela, exasperada
― Agora, Gwynn. ― disse Logan ao fundo.
Arran sorriu com o sotaque texano de Gwynn e com incitação ur-
gente de Logan
― É verdade. ― disse ela. ― Mesmo assim, o que Broc lhe contou
sobre Sonya é fato. O que eu ouvi foi um pouco diferente. Você sabe
que o vento e as árvores nem sempre nos dizem o que precisamos sa-
ber. O vento é incontrolável...
Sua voz desvaneceu-se em nada. Arran socou a perna com frustra-
ção, mas manteve a voz tranquila quando disse. ― Gwynn? Diga-me.
― Eu acho que é sobre o sítio de escavação. O vento está falando
tão rápido, eu mal posso entendê-lo, mas eu ouvi o seu nome. E o de
Ronnie.

131
― Isso não é bom.
― Não. Escute, acho que vocês precisam sair daí.
Arran riu quando viu Ronnie sair da barraca de comida e correr
para o trailler de Andy com o telefone ainda em sua orelha.
― Tanto quanto eu concordo com você, eu não acho que isso vá
acontecer. Ronnie é ... bem, ela é obstinada. Ela não vai embora sem
ver o que está dentro da maldita porta.
― Que porta?
― Eu estava prestes a chamar Ian para ver se ele e Dani tinham
encontrado algo mais sobre os itens mágicos tirados de Edinburgh.
Gwynn suspirou alto. ― Eu estive no computador constantemente
procurando por isso, com os outros ajudando, mas isso foi há tanto
tempo, Arran. Não sei se eles teriam acrescentado algo assim a todo
material.
― Sei que é um tiro longo, mas fique atenta.
― Espere. ― disse Gwynn. Arran podia ouvir o telefone passar de
novo, e dessa vez, era Logan do outro lado. ― O que está acontecendo
aí?
Arran correu uma mão por seu rosto.
― Não tenho certeza. Eu não quero assustar ninguém desnecessa-
riamente...
― O que é? ― interrompeu Logan. ― Seus instintos como Guerrei-
ro são bons. Confie neles.
― Tenho um mau pressentimento, Logan. Um sentimento muito
ruim sobre o que Ronnie está escavando.
― Qual é?
― Tudo o que podemos ver agora são pedras que fazem um arco
sobre uma porta. Fallon sentiu a magia que cercava este lugar exata-
mente como eu. É mágica antiga.

132
― Então, um túmulo? É melhor conversar com Broc e Sonya sobre
isso, já que exploraram muitos deles.
― Pensei que fosse um túmulo, mas não tenho tanta certeza.
Logan soltou um grunhido. ― O que você acha que é?
― Algo ruim. O problema é que parece que quem construiu este,
não só o fez enterrado e o cobriu, mas também fecharam a porta com
várias tábuas entrecruzadas.
― Eles queriam que as pessoas fossem mantidas de fora.
― Ou o que quer que esteja dentro, seja mantido lá.
― Merda.
Arran apertou os lábios. ― Exatamente.
― Você não deveria estar aí sozinho. Se há algo nessa constru-
ção... Espere. Quão grande é?
― Eu não tenho ideia. Apenas o arco, e cerca de meio metro do
teto foram revelados.
Logan ficou em silêncio por um momento. ― Eu não concordei
com Fallon enviando você sozinho. Perdemos Duncan. Eu não quero
perder outro de nós.
Arran detestava pensar em Duncan. Ele era irmão de Ian e aliado
íntimo quando Arran esteve preso na montanha de Deirdre.
Quando Deirdre matara Duncan, quase perderam Ian no processo.
Nada tinha sido o mesmo desde a morte de Duncan. Como Guerreiros,
eles podiam ser imortais, mas tirando suas cabeças e você tirava a vida
deles.
― Eu sei que Ronnie vai para Edimburgo por alguns dias em bre-
ve. Talvez Saffron pudesse encontrá-la lá e mantê-la distraída para que
eu possa ver o que está por trás da porta.
― Não. ― Logan disse. ― Então nós podemos ver o que está por
trás dessa porta. Você não está fazendo isso sozinho.

133
Arran desligou o telefone e sorriu. Ele queria fugir do castelo, mas
agora que tinha ido embora, sentia falta dos outros. O riso, as lutas, as
noites de cinema, as discussões e as refeições.
As refeições eram sempre tão altas e caóticas. Mas era especial.
Arran não tinha apreciado até então o quanto significava para ele. Se
houvesse perigo, ele não queria que nenhum de seus amigos fosse pos-
sivelmente ferido. Ele cuidaria de tudo.
Ou morreria tentando.

134
CAPÍTULO QUATORZE

Ronnie estava deitada em sua tenda e pensando em Arran. As noi-


tes eram as mais difíceis. Ele assombrava seus sonhos. Seu beijo a fez
desejar coisas que ela pensava que nunca iria querer. E de alguma for-
ma Arran, e seus sonhos da caixa do mistério, se entrelaçavam até que
ela não podia pensar em um sem o outro.
A única coisa que ela podia contar para ajudá-la a esquecer Arran,
e coisas que nunca poderia ser, era a escavação. Tinha tirado as tábuas
das portas depois do jantar. Arran, claro, tinha sido um dos homens que
fizeram o trabalho.
O músculo apertando em sua mandíbula lhe disse em termos ine-
quívocos que ele não estava feliz com isso. Ela ficou ao seu lado en-
quanto tirava uma tábua de cada vez.
Não foi até que terminou que ela percebeu como Arran tinha esta-
do tenso. Quase como se esperasse que algo acontecesse.
― Não vá para dentro. ― ele implorou suavemente para que nin-
guém mais pudesse ouvir.
Ronnie planejava fazer exatamente isso, mas algo nos olhos de Ar-
ran deu-lhe uma parada. O que era mais um dia? Pareceu bastante sim-
ples no momento, mas agora, no meio da noite, ela não conseguia pa-
rar de pensar nisso.
A caixa queria sair. Queria que ela a encontrasse, para abri-la. E
não podia esperar mais um dia.
Ela caiu de costas em seu catre e soltou um suspiro. Ela já tinha
saído para a escavação sozinha e quase morreu. Ela realmente queria
se arriscar de novo?
E se a caixa estivesse lá e ela encontrasse com todos os outros,
ela teria que dar ao governo. A única maneira de saber com certeza era
ir sozinha. Dessa forma, se a caixa estivesse lá, ela poderia esconder.
Ninguém precisaria saber o que ela encontrou.

135
Ronnie levantou-se de sua cama e se apressou a vestir-se enquan-
to a canção sempre presente a chamava. Mesmo enquanto ela se ves-
tia, ela sabia que estava fazendo a coisa errada, mas a caixa era impor-
tante. Ela sentia isso em seus ossos, no fundo de sua alma. De alguma
forma aquela caixa pertencia a ela. Não havia jeito de entregar a nin-
guém.
Ninguém.
Sabendo disso, ela tinha apenas uma escolha. Ela tinha que entrar
na câmara.
Ronnie agarrou uma lanterna e saiu de sua tenda para olhar ao re-
dor. Não havia uma alma à vista. Era quase 1 da manhã, e o céu estava
apenas começando a escurecer. Tudo tinha sido deixado na escavação,
assim, ela facilmente pegou a corda e abaixou-se no buraco.
Estava escuro e assustador, agora que ela estava no chão sozinha.
Engolindo um pedaço de inquietação, ela ligou a lanterna. Ela tirou o
arnês da corda e encarou a porta de madeira que Arran tinha estado
olhando.
A porta em si era desinteressante. A única coisa que o fazia se
destacar era que tinha bem mais de 3,60 m de altura, e esculpida para
se encaixar perfeitamente no arco de pedras.
Ronnie caminhou até a porta e girou o feixe de luz para uma pedra
que ela viu Arran inspecionar mais cedo. Ela não podia ver nada, mas
isso não significava que nada estava ali. Tinha aprendido que não podia
esquecer nada.
Pegou um punhado de terra e esfregou-o sobre a rocha. Para seu
espanto, ela viu um nó de trindade esculpido no arenito.
Por que não tinha aparecido antes, ela não tinha certeza, nem im-
portava. Ronnie rapidamente começou a esfregar a terra em outras pe-
dras ao redor da porta e encontrou ainda mais símbolos celtas. Cada
um diferente, e todos invisíveis a olho nu.
Ela deu um passo para trás e olhou para a porta novamente. ― O
que há sobre isso que faz com que Arran desconfie?
E me faz querer entrar tão desesperadamente?

136
Depois de uma respiração profunda e calmante, ela colocou a mão
na porta. Não havia puxador, nada que sugerisse como ela poderia abrir
a porta. Antes que pudesse tentar, algo chiou através de seus dedos e
correu todo seu corpo.
E então a porta começou a se abrir sozinha.
― Ah Merda!
Ronnie saltou para trás e tropeçou na corda. Ela caiu duro de bun-
da, apoiando-se com a mão que não segurava a lanterna.
Uma rajada de ar viciado saiu soprando da câmara e à sua direita,
fazendo-a engasgar e tossir repetidamente. Ronnie teve que girar sua
cabeça se afastado e cobrir sua boca até que a poeira misturada com o
ar tivesse baixado bastante que pudesse ver dentro a câmara.
A música aumentou e depois ficou em silêncio. Ela lambeu os lá-
bios e olhou para dentro da câmara, inclinando a cabeça primeiro de
um jeito, depois o outro. Os raios da lanterna mostravam que a câmara
tinha o dobro do tamanho que ela imaginara.
O silêncio encheu a área e, quando ela ficou a seus pés, o silêncio
parecia mais alto do que o normal. Ela deu uma tentativa de passo em
direção à entrada e acendeu a luz em volta da porta, procurando arma-
dilhas de qualquer tipo.
Só quando estava segura de que estava a salvo, entrou na câma-
ra. Era um retângulo com lados mais compridos do que na frente e
atrás.
Ronnie estremeceu quando a umidade da câmara se instalou sobre
ela. Ela quase pensou que sentiu um fio de... mal. Mas certamente era
apenas sua imaginação e todos aqueles filmes de terror que ela adora-
va ver sozinha.
Era quase como se ela estivesse se intrometendo em algum lugar
que ela não tinha nenhum direito de estar. Sua pele formigava desagra-
davelmente, e a sensação a fez mexer os ombros para tentar fazê-la
desaparecer.
Em todos os seus anos como arqueóloga, e todos os lugares que
ela tinha escavado, nunca nada a tinha desconcertado como este lugar.

137
Ronnie esquadrou os ombros depois de uma breve pausa onde ela
considerou chamar Arran. Ela avançou para a câmara. E as palavras de
advertência de Arran ecoaram em sua mente.
Ela esperava encontrar um corpo, como em qualquer câmara fune-
rária, exceto que não havia nenhum. Em vez disso, havia mesas que se
alinham nas paredes e iam para o meio da câmara, onde os artefatos
estavam espalhados.
Ronnie foi para cada um, olhando-os. Alguns não eram nada mais
do que um pedaço de rocha ou pedra com uma inscrição ou desenho
celta. Uma peça era um anel. Outra um punhal.
Ela queria tocar cada uma, mas ela se conteve. Enquanto andava
cada mesa, brilhando sua lanterna em cada parte, ela mentalmente es-
tava catalogando tudo.
Sua mente, no entanto, ficou em branco quando encontrou uma
tabuleta de pedra do tamanho de um laptop que estava meio quebrado
na diagonal. As peças foram colocadas uma ao lado da outra, as bordas
rachadas não totalmente se tocando.
A escrita era gaélica, o nó gravado com precisão meticulosa. Incli-
nou-se para baixo sobre a mesa e tentou juntar um pouco do seu co-
nhecimento disperso do gaélico para ler o que dizia.
― A que não usou... - Sacudiu a cabeça. ― Não. Não usado -,
inexplorado, talvez. É isso aí. ― Aquele com magia inexplorada irá... ―
Ela franziu os lábios e sacudiu o cérebro para distinguir as próximas li-
nhas. ― Liberará aqueles aprisionados por... Por que? ― Ela disse com
raiva.
Ronnie lambeu os lábios e olhou para a escrita novamente. ― Li-
berará aqueles ... presos pelos que vieram antes.
Ela parou e olhou para a tabuleta novamente. As linhas estavam
escritas não como uma carta, mas como uma profecia.
― Merda. ― ela murmurou. Ela olhou para a tabuleta com novos
olhos. ― Aquele com magia inexplorada libertará aqueles que foram
presos por aqueles que vieram antes.

138
― Ela. ― disse ela com um tremor que não conseguiu manter fora
de sua voz - ― Sem saber, trará destruição e ... morte.
Um arrepio de pressentimento correu por sua espinha. Essa profe-
cia provavelmente tinha sido trancada por milhares de anos. Isso não
significada nada.
Ronnie obrigou-se a se afastar, ainda as palavras que havia lido e,
voz alta repetidamente e de novo em sua mente,
Até que ela chegou à caixa. ― Eu encontrei você. ― ela sussurrou
animadamente enquanto a música começava mais uma vez. Era doce,
suave agora, ninando até. Acalmou-a e apagou todas as suas preocupa-
ções.
Ronnie não pôde acreditar nos seus olhos. Era a mesma caixa que
ela viu em seus sonhos. Curiosamente pequena. Tinha a tampa arquea-
da também.
Ela colocou a lanterna ao lado da caixa para que a luz brilhasse
nela e ela pudesse ter ambas as mãos para segurá-la. Cuidadosamente
ela levantou a caixa em suas mãos e sorriu.
Ela correu suas mãos amorosamente sobre a caixa de madeira pla-
na. Depois de ter ficado tão curiosa para saber o que estava dentro
dela, agora descobriu que estava um pouco hesitante para abri-la.
O que poderia ser tão importante que tinha em uma caixa tão pe-
quena? E por que isso importava que ela o tivesse.
Ronnie caiu de joelhos no chão de terra e colocou a caixa de volta
sobre a mesa como mais do formigamento desagradável picando sua
pele. Arran a tinha advertido para não vir aqui sozinha. Ele não tinha
tido seu riso alegre desde que ela tinha caído pelo buraco.
A maneira como ele olhava para a porta tinha sido quase como se
estivesse avaliando isto, como se estivesse tentando determinar o que
estava dentro.
Ela não tinha dúvida que ele ficaria chateado se soubesse que ela
estava aqui sozinha. Ronnie sabia que era melhor abrir tal descoberta
sozinha. Era imprudente e estúpida, mas ela tinha encontrado a caixa.
Isso era o importante.

139
E isso não significava que ela tinha que abrir a caixa agora. Podia
levá-lo à sua tenda para que pudesse abri-la sempre que quisesse.
Parecia a coisa certa a fazer, e a tiraria da câmara escura e misteri-
osa. Ronnie pegou a caixa, mas antes que ela pudesse se levantar, uma
sensação estranha a alcançou.
Era opressiva, opressiva. Inseguro.
De repente, ela precisava saber o que estava na caixa. Se sentia
como se fosse vida ou morte se ela não abrisse e olhasse dentro. Na-
quele minuto.
Com as mãos trêmulas, ela virou a pequena trava metálica e abriu
a tampa.

140
CAPÍTULO QUINZE

Arran acordou e pulou em pé com um grunhido baixo e estridente.


Seu deus estava berrando dentro dele, e foi então que ele sentiu a anti-
ga e poderosa explosão da magia da seção que estavam escavando.
Ele saiu de sua tenda e correu para a seção. Sem hesitar um se-
gundo, ele saltou sobre o lado a terra em frente à porta e arco.
Apenas para encontrar a porta aberta.
Seu deus estava exigindo que ele o soltasse, insistindo que para
lutar. Mas Arran se conteve. Ele caminhou até a porta e parou enquanto
olhava para dentro. Levou apenas um momento para que ele visse a luz
de uma lanterna.
E então ele viu Ronnie.
A estranha pálida poeira rodopiando em volta dela estava vindo de
uma caixa que ela segurava, e a magia que emergia da poeira
parecia ... errada. Muito errada.
Arran entrou na câmara quando a poeira se materializou em uma
massa de criaturas diferentes de tudo o que ele já tinha visto. Não ha-
via nada em seu tempo como um Guerreiro que o fizesse parar. Até
aquele momento.
Os seres eram altos e esqueléticos, como se alguém tivesse estica-
do a pele firmemente sobre os ossos, de modo que pareciam que os
ossos perfurariam a qualquer momento. Longos cabelos brancos caiam
em seus rostos alongados. Seus olhos eram negros sólidos e sua pele
da cor de cinzas.
Pareciam como a morte. E Arran compreendeu que era o que eles
trariam.
A criatura mais próxima a ele rosnou, mostrando presas ainda
mais longas do que as que Arran tinha em sua forma de Guerreiro. A
magia que ele sentira antes só se intensificou, e não havia dúvida sobre
o mal agora.

141
Ele não tinha escolha a não ser liberar seu Guerreiro. Em um ins-
tante, garras brotaram de seus dedos, presas encheram sua boca, e
sua pele virou o branco de seu deus.
Então eles correram para ele.
Arran usou suas longas garras para cortar as criaturas. Conside-
rando que tal corte teria matado outros, não fez nada além de enraive-
cer esses novos monstros.
Sua regeneração era quase instantânea. Arran sabia que estava
em apuros, mas não ia cair sem lutar. Na verdadeira moda escocesa.
Ele soltou um forte rugido do fundo de seu peito. Com velocidade
e habilidade, ele começou a se mover rapidamente, cortando e cortan-
do cada criatura que o cercava. Algo começou a picar sua pele. Quei-
mou-se como um fogo ácido, e logo o teve de joelhos.
As criaturas estavam sorrindo enquanto se fechavam ao redor
dele. Arran não estava pronto para morrer. Quem protegeria Ronnie
quando ele fosse embora? Mais uma vez ele atacou com suas garras,
mas não era o esforço que ele queria.
A criatura mais próxima agarrou seu braço, seu sorriso se alargan-
do. O alarme varreu Arran. Mas era tarde demais para desejar ter outro
Guerreiro com ele.
Em vez de cortá-lo, a maldita coisa o mordeu. Arran jogou a cabe-
ça para trás e gritou com a sensação de presas em sua pele. Mas isso
não foi de bom. Os outros logo começaram a se alimentar dele tam-
bém.
Ele podia sentir o sangue drenando de seu corpo, enfraquecendo-
o mais eficazmente do que o que estava queimando sua pele. Através
da massa de corpos ósseos cinzentos, ele espiou Ronnie. Ela estava
apoiada contra uma parede enquanto uma das criaturas se erguia sobre
ela.
― Não! ― Arran trovejou. Ele se voltou para seu deus e procurou
a força de Memphaea, seu poder. Sua raiva.
Quando ele se reuniu dentro dele como uma grande bola de ener-
gia, ele jogou as criaturas fora dele.

142
Os monstros eram imortais, e se havia uma coisa que ele sabia,
era como matar um imortal. Decapitação. Ele parou de cortar seus pei-
tos e foi para o pescoço deles.
Ele matou dois antes de perceberem o que estava acontecendo.
Então mais três caíram. Eles começaram a lutar para detê-lo, e em sua
condição enfraquecida, eles deveriam ter sido capazes de detê-lo.
Mas havia Ronnie. Ela era tudo no que ele podia pensar, ela era
tudo o que o mantinha de pé e lutando. Ele tinha que alcançá-la, para
levá-la a salvo antes que os bestas a prejudicassem.
Lágrimas percorriam seu rosto enquanto ela olhava para o mons-
tro com medo. Arran alcançou o ser na frente de Ronnie e passou suas
garras pelo pescoço do bastardo.
Vagamente, ouviu Ronnie gritar quando a cabeça da criatura caiu
de seu corpo e rolou no chão. Arran agarrou o monstro mais próximo
dele e envolveu suas mãos em torno de sua cabeça. Com um empurrão
e um puxão, ele puxou a cabeça da criatura.
Quando ele se voltou para continuar lutando, ele encontrou os ou-
tros desaparecidos. Arran sentiu-se começar a cair e moveu um pé para
a frente para manter o equilíbrio. Ele olhou para o seu corpo para vê-lo
cheio de mordidas e o sangue dos monstros. Foi então que ele com-
preendeu que era o sangue deles que queimava sua pele.
A câmara começou a girar, e não importa o quão duro ele tentasse
se manter em pé, as pernas dele falharam. Arran caiu de joelhos com
força, seu corpo trabalhando em dobro para continuar respirando.
Um som atrás dele, meio chorando, meio gemendo, o pegou bem
antes de cair de bruços.
Ronnie.
Arran sabia que sua pele ainda era branca, e não importa o quanto
ele tentasse esmagar seu deus, não funcionava. Ele estava com muita
dor e muito fraco para ter muito comando. A única coisa boa era que
seu deus também estava fraco, então não havia chance para ele tomar
o controle de Arran também.

143
Arran tentou se empurrar sobre suas mãos e joelhos, mas só con-
seguiu avançar para frente. Se aquelas criaturas voltassem, não havia
como proteger Ronnie. Esse pensamento o manteve movendo-se.
De alguma forma, ele ficou de joelhos e virou a cabeça para ela.
Ela olhou com os olhos arregalados para ele. Como ele odiava o medo
que via em seu rosto. Ela não percebeu que ele não iria machucá-la?
Ela não sabia que ele faria qualquer coisa para mantê-la segura?
― Não. Vou. Machucar. Você.
Cada palavra era mais difícil de dizer. As bordas de sua visão esta-
vam escurecendo, e ele não sabia quanto tempo ele poderia ficar cons-
ciente. Ele tinha que levá-la para fora da câmara e para a segurança, e
de preferência chamar Fallon para ajudar.
Tudo o que ele foi capaz falar foi. ― Saia. Agora.
― Não. ― De repente, ela estava ao lado dele. Ele a viu alcan-
çando-o. Arran se afastou bruscamente, o que o fez cair de lado. A ter-
ra caiu nas marcas da mordida e esfregou contra o sangue das criatu-
ras, queimando-o pela segunda vez.
― Não. Ronnie. Vá.
***
Ronnie lambeu os lábios e olhou para o homem que tinha lutado
tão valentemente para salvar os dois. Ele tinha sido superado em nú-
mero e ferido. Mas ele não desistiu. Ele tinha impedido o monstro de
tocá-la.
Marcas de mordidas ardidas salpicavam o torso nu de Arran, bra-
ços, pescoço e até mesmo seu rosto. Ela tinha que ajudá-lo de alguma
forma, e deixá-lo não era uma opção.
― O que eu faço, Arran? Diga-me. - ela insistiu.
Ela estava com medo de tocá-lo, não porque sua pele fosse tão
branca como neve recém caída, mas porque ele estava com tanta dor.
Quando ele abriu os olhos e ela viu que eles eram brancos sólidos de
canto a canto, ela só podia olhar.

144
Eles eram os mesmos olhos que ela tinha visto em seu sonho. O
homem que feria seu corpo tão apertado de desejo realmente tinha um
segredo tão grande quanto o dela.
Seus olhos fecharam e suas mãos fechou. Ela engoliu em seco
quando viu as longas garras brancas. Ronnie olhou em volta, tentando
encontrar uma maneira de ajudá-lo. Ela poderia pedir ajuda, mas o que
eles fariam quando vissem Arran?
Ela não faria isso com ele. O que quer que fosse, ele manteve seu
segredo... e agora, ela manteria o dele, também. Ronnie saiu correndo
da câmara e viu uma grande garrafa de água que tinha sido deixada
por alguém. Ela agarrou e correu de volta para Arran.
Todas as mordidas tinham que ser limpas antes que uma infecção
começasse. Hesitantemente jogou água em uma ferida perto de seu
ombro. A água correu para baixo e manchou de sangue em seu bíceps.
Um suspiro o deixou.
― Melhor? ― Ela perguntou.
Ele deu um único assentimento. Ronnie começou a limpar as mor-
didas, mas não demorou muito para perceber que não eram as mordi-
das que o feriam, era o sangue.
Ela então trabalhou diligentemente para remover o sangue das cri-
aturas do peito, dos braços e rosto. Só então ela o virou para que sua
cabeça descansasse em suas pernas e ela tivesse acesso às costas
dele.
― O que você é? ― Ela perguntou, agora que sua respiração tinha
estabilizado.
― Um guerreiro.
― Claro que você é um guerreiro.
― Não, Ronnie. Um Guerreiro. Lembra-se da história que o velho
lhe contou sobre os Celtas?
Ela parou, segurando a garrafa sobre suas costas, pronta para der-
ramar.

145
― Sim.
― Diga-me o que ele lhe disse.
― Acho que prefiro que você me diga.
Ele estremeceu quando ela tocou um lugar com o sangue seco.
― Desculpe.
Ele apertou-lhe a perna com a mão, uma mão que a abraçara com
tanta ternura horas atrás, enquanto se beijavam. Uma mão que foi per-
furada com marcas de mordida e que tinha garras que ele cuidadosa-
mente afastou dela.
― Não se aborreça. Eu resisti a piores tipos de dor.
― É difícil acreditar depois de te ver assim.
― É verdade. Ronnie, eu sou imortal.
― Ok. ― Ela não tinha certeza do que uma pessoa deveria dizer
quando recebesse uma declaração como essa. Ela continuou a lavar o
sangue de suas costas. Suas mãos eram macias enquanto ela mal toca-
va sua pele. Mas ela tinha certeza de que tinha havido mais marcas de
mordida em suas costas da última vez que ela olhou.
― Não, eu realmente sou. A história que o velho disse a você é
verdadeira. Há muito tempo, quando Roma chegou à Bretanha, eles
não podiam conquistar os celtas. Mas não importa o quão duro os cel-
tas lutassem, eles não poderiam fazer os romanos sair.
― O que aconteceu? ― Ela perguntou, e começou a trabalhar em
limpar as mãos dele.
― Há magia nesta terra que eu amo. Está na água, no ar que res-
piramos.
― E o chão?
― Aye. ― ele disse. ― A magia está aqui por causa dos Druidas.
Como em qualquer coisa, havia os bons Druidas, mies, e os maus, os
droughs.
― Qual é a diferença entre eles? As escolhas que fazem?

146
Ela se sentiu bem ao ver seu sorriso. ― Um pouco. A magia dos
mies é a forma pura com que eles nasceram. Eles usam para o bem,
para ensinar, ou para ajudar. Os droughs, entretanto, dão sua alma a
Satã para ter a magia negra. Um simples drough contra um simples
mie, vencerá contra o mie toda vez. Mas reunir um grupo de mies jun-
tos, e os droughs não têm uma chance.
Ronnie estava encantada com sua história e como facilmente ele
falava de magia e Druidas. Suas mãos tinham ido de acariciar os om-
bros dele para brincar com seu cabelo. Ela se repreendeu e derramou
mais água sobre as mordidas.
Só para descobrir que não havia tantas quanto antes.
― Então os celtas foram para os Druidas em busca de ajuda. ―
ela disse.
Arran assentiu. ― Os mies não iriam ajudá-los, mas os droughs o
fariam. As secas chamaram deuses há muito esquecidos e trancado no
inferno. Os guerreiros mais fortes de cada família se adiantaram para
hospedar um deus.
― Isso não soa como uma boa ideia.
― Eles estavam desesperados para livrar sua terra dos romanos.
Assim, os guerreiros aceitaram os deuses, e no processo tornaram-se
imbatíveis na batalha. Eles atacaram Roma uma e outra vez. Não de-
morou muito para que Roma deixasse a Bretanha por completo.
Ronnie torceu os lábios. ― Isso não é o que Roma diz que aconte-
ceu, mas, novamente, eu sei tudo sobre como os países no poder deci-
dem o que será escrito na história.
― Aye. Com a partida dos romanos, os guerreiros começaram a se
ligar uns aos outros e a qualquer outra pessoa que encontrassem. Os
droughs esperavam ser capazes de tirar os deuses dos homens, uma
vez que sua missão estava terminada, mas não foi como planejado.
Nada que os droughs fizeram pararam os deuses. Então eles foram pe-
dir ajuda aos mies.
― Isso exigiu coragem.

147
Arran moveu suas costas, os músculos movendo-se tão fluidos
como água.
― Foi. Também levou os droughs e os mies trabalhando juntos
para prender os deuses dentro desses guerreiros. Foi a primeira e a úl-
tima vez que as duas seitas trabalharam juntas.
― Então os deuses foram presos. O que aconteceu com os ho-
mens?
Eles não lembraram de nada do que tinham feito desde que os
deuses entraram em seus corpos. Os deuses foram presos, passando
através da linhagem e indo para o guerreiro mais forte cada vez. Os
deuses nunca mais deveriam ser desvinculados. Mas houve uma drough
que queria governar o mundo. Ela encontrou uma maneira de desatar
os deuses.
Ronnie olhou através da câmara para a parede vazia e pensou na
história do velho. ― Os MacLeods. O velho mencionou os MacLeods.
― Foi aí que Deirdre começou a correr para o poder. Ela usou sua
magia negra para se tornar imortal e passou séculos procurando o Ma-
cLeod que era a chave. Ela descobriu que não era apenas um MacLeod,
mas irmãos. Três irmãos, de fato.
― Essa Deirdre não matou realmente todo o clã MacLeod?
― Ela matou. ― disse Arran, sentando-se sobre os calcanhares.
Sua pele ainda era branca, e suas garras ainda eram visíveis também.
Garras ...
Elas justificavam as marcas que ela encontrou na terra depois que
Arran a salvou, quando o solo cedeu. Ele usou suas garras para se se-
gurar. Agora tudo estava começando a fazer sentido.
Ronnie pegou uma em sua mão e inspecionou a longa e curva gar-
ra branca. ― Deirdre encontrou os MacLeods de que ela precisava?
― Aye, e ela soltou o deus deles. Os três irmãos compartilhavam
um deus porque eram iguais em batalha. Eles foram os primeiros de
nós, e os que tiveram a sorte de escapar de Deirdre. No entanto, isso
não a deteve. Ela partiu, encontrando mais de nós e desvinculando nos-
sos deuses.

148
― Esta pele branca, as garras, e seus ... seus olhos, ― ela disse, e
parou para engolir. ― Eles são o que faz de você um guerreiro?
― Não se esqueça disso. ― ele disse, e abriu seus lábios para ela
ver suas presas.
― Você está tentando me assustar? ―
―Eu quero que você me conheça. ― Ele olhou para longe. ― Ron-
nie, a forma em que você me vê agora é o que acontece quando eu
permito que meu deus se levante. Eu tenho controle sobre ele, mas
nem todo guerreiro tem. Os deuses são fortes. Eles querem a batalha e
o sangue e a morte.
― Tão forte quanto vocês Guerreiros são, vocês não foram atrás
de Deirdre?
Ele sorriu e olhou para o teto. ― Essa é uma longa história, mas
nós fizemos. E nós a derrotamos assim como seu sucessor, Declan Wal-
lace.
― Declan. ― ela disse em temor. ― Interessante. Saffron sabe o
que você é?
― Claro. ― Ele disse isso com tanta naturalidade, e foi nesse mo-
mento que ela percebeu o porquê. ― Porque seu marido, Camdyn,
também é um Guerreiro.
― Precisamente.
Ela olhou para o peito dele a tempo de ver uma das mordidas se
curar. Um rápido olhar lhe mostrou que todas as mordidas tinham desa-
parecido.
― Você realmente é imortal. Você não pode ser morto?
― Aye. Pegue nossas cabeças, ou coloque sangue drough em nos-
sas feridas.
― Encantador. ― ela murmurou, e se levantou. E
Ela enxugou as mãos e olhou ao redor da câmara. ― Essas criatu-
ras. O que eles eram?

149
― Eu não tenho ideia. Eu nunca vi algo parecido em todos os
meus anos.
― E justo quantos anos estamos falando?
Ele sorriu e se levantou. ― Seiscentos e quarenta e seis.
―Seis ... ―, ela disse, e então perdeu sua capacidade de conver-
sar.
Arran deu de ombros. ― Há uma história sobre como nós fomos
saltados através do tempo, mas isso vai ter que esperar. Você não sabia
que você era uma Druidesa. Como então você sabia como usar sua ma-
gia?
― Eu não usei, ― ela disse com um encolher de ombros. ― Pelo
menos, eu não fiz isso de propósito no começo. Só pensei que tinha
sorte. Então eu percebi que eu podia ouvir os artefatos cantando para
mim. E só eu podia ouvir sua música.
― Pete não sabe?
― Não. Ninguém além de você. Adoro o que faço, Arran. Eu sei
que é errado como eu descubro sobre as relíquias, mas eu tenho que
encontrá-las.
― Não há nada de errado com o que você faz, Ronnie. Cada Drui-
da tem um dom especial de magia para usar. Você escolheu usar o seu
em seu trabalho, e você não faz mal a ninguém no processo.
― Até hoje. ―ela sussurrou.
― Por que você abriu a caixa?
Ronnie deu de ombros. ― É o que eu vim fazer aqui, mas depois
mudei de ideia. Eu ia levar a caixa para a minha tenda e abri-la mais
tarde. Mas o desejo irresistível de abri-la levou-me. Eu não pude parar.
A propósito, eu acho que você precisa adicionar o sangue dessas criatu-
ras à sua lista de coisas que podem te machucar.
Ela podia sentir seus olhos nela, seus olhos brancos. Foi-se o olhar
dourado que ela tinha vindo a desfrutar tanto. Como se estivesse lendo
sua mente, sua pele branca desapareceu. Suas garras desapareceram,
as presas desapareceram e seus olhos dourados voltaram.

150
― Precisamos olhar para tudo nesta câmara. Ele caminhou até o
item mais próximo e o inspecionou. Foi quando ela se deu conta de que
ele estava procurando por alguma coisa:
― Você veio a essa escavação por um motivo.
A cabeça de Arran levantou-se lentamente e ele a olhou.
―Aye. Há um feitiço que estou procurando. Este feitiço vai pren-
der nossos deuses mais uma vez e permitir que os guerreiros que estão
casados possam viver vidas normais, como mortais. Eles não desejam
trazer crianças para este mundo enquanto elas são imortais.
― Saffron e Camdyn fizeram.
― E isso foi um acidente. As Druidesas no castelo têm impedido a
gravidez, mas de alguma forma com Saffron e Camdyn, o feitiço não
funcionou.
― Druidesas? No castelo? ― ela repetiu.
Ele se contraiu. ― Ah ... aye. Há Druidesas.
― E você acha que eu sou uma?
― Sei que você é uma. Como um guerreiro, eu sinto magia. A sua,
Ronnie, é magia mie ― disse ele, virando-se para encará-la.
― Ajude-nos. Ajude-me a encontrar o feitiço. Foi tomado em um
de três envios de Edimburgo centenas de anos atrás. Dois dos carrega-
mentos, um por terra e um por mar, chegaram a Londres. O terceiro
carregamento foi por terra na rota mais difícil. Acreditamos que esta es-
cavação é parte do carregamento.
― Carregamento de quê?
― Itens mágicos. ― Depois dos monstros que ela acabara de ver e
aprender sobre Arran, ela não hesitou em acreditar nele. E depois do
que ela acabara de lançar no mundo, ela precisava fazer algo para fazer
as coisas direito.
― O que estou procurando?

151
CAPÍTULO DEZESSEIS

Arran encolheu os ombros. ― Não faço ideia. Poderia ser qualquer


coisa. Ao mesmo tempo era um pergaminho, mas isso pode ter sido
mudado.
―Isso não é muito para começar.
― Eu sei. ― ele disse, e pegou uma adaga. ― É tudo que temos.
― Você não precisa de luz? ― Ronnie perguntou, e pegou sua lan-
terna.
Ele inspecionou o punho quando encontrou nó celta. ― Não. Eu
posso ver também no escuro como na luz. Qualquer coisa que pareça
suspeita, me avise. Isso envolve magia, então poderia ser qualquer coi-
sa.
― Não qualquer coisa, certamente. Quero dizer, é um feitiço que
estava em um pergaminho. Não é como se pudesse magicamente se
transformar em poeira ou algo assim.
Arran deixou de lado o punhal, uma vez que tinha certeza de que
o nó no cabo e lâmina não eram o pergaminho. ― Larena, que é nossa
única guerreira, tem um anel. Dentro do anel está uma lista de todas as
famílias que tiveram um guerreiro que se voluntariou há muito tempo
atrás... Com apenas algumas palavras, essa lista desaparece na pedra
no anel de Larena.
― Bem. Agora que eu sei, ― Ronnie disse, e voltou a olhar.
Arran sorriu e se moveu para o próximo objeto. Era um pergami-
nho. Ele cautelosamente tocou as bordas para ver como ele mal tinha
começado a ser afetado pelo tempo. Não poderia ser tão fácil, encon-
trar o feitiço em um pergaminho.
Poderia?
Ele gentilmente tomou isto em suas mãos e o desenrolou. Com um
suspiro, ele fechou os olhos. Era um feitiço, mas não o que ele precisa-
va.

152
Depois de cuidadosamente enrolar o pergaminho, Arran o devol-
veu ao lugar e ficou ali. O feitiço no pergaminho poderia ser inofensivo.
Ou poderia mudar tudo.
― Nenhum desses artefatos pode ver a luz do dia.
―Por quê? ― Ronnie perguntou enquanto pegava em uma peque-
na pedra e a colocava no feixe de sua lanterna.
― Cada um deles é mágico de alguma forma. Alguns mantêm ma-
gia, como a caixa, e alguns são mágicos, como o pergaminho que eu
encontrei que tem um feitiço. Ainda há Druidas lá fora, bons e ruins, e
seria melhor para todos se ninguém soubesse desses itens.
Ronnie caminhou até ele e tocou seu braço. - E as peças que che-
garam a Londres? Onde eles estão?
― Cuidadosamente guardado.
― Como você sabe? ― Ela perguntou com uma risada.
Arran passou a mão pelo queixo. ― O poder de Larena como
Guerreira é tornar-se invisível. Ela viu por si mesma o que estava sob
chaves no palácio real de Londres.
― Merda.
― O poder de Larena tem sido útil em muitas ocasiões. Ela nos
ajudou a derrotar Declan e libertar outra Druidesa, ela encontrou Saf-
fron inicialmente e...
― Espere. Encontrou Saffron? ― Ronnie perguntou. ― O que você
quer dizer?
― Não é a minha história para contar, mas eu vou dizer que De-
clan sequestrou Saffron e manteve ela trancada em uma masmorra
abaixo de sua casa.
Ronnie sacudiu a cabeça, surpresa. ― Querido Deus. Por que ele
iria querer Saffron?
Ele hesitou, inseguro de quanto lhe contar, já que era a história de
Saffron.

153
― Ou ela é uma Druidesa que você falou? ― Ronnie perguntou.
Seus olhos se arregalaram quando ele não negou. ―Saffron é uma
Druidesa? O que tinha sobre ela que Declan queria?
― Declan era um drough, Ronnie. Saffron é uma mie, mas ela
também é uma Vidente.
Ronnie deu de ombros e perguntou: ― O que isso significa exata-
mente?
― Os videntes são aqueles que veem pedaços do futuro. Saffron
terá vislumbres do futuro das pessoas. Às vezes os eventos mudam
aquelas visões, e às vezes não. Houve alguns casos em que pudemos
ajudar os envolvidos se os conhecêssemos.
Ronnie esfregou sua bochecha manchada de sujeira. ― Eu não
posso acreditar que há Guerreiros lá fora, e que eu sou uma Druidesa.
Um Druidesa! O que mais há lá?
― Essas novas criaturas agora, e para ser honesto, provavelmente
há mais.
― Não sei se vou ficar excitada ou assustada.
― Provavelmente um pouco de ambos. ― Ele se moveu para o
próximo item e viu Ronnie olhando para a caixa que ela abriu.
Arran a rodeou e agarrou a caixa. Ela era completamente lisa, sem
marcas em qualquer lugar.
― Não há nada. ― disse Ronnie.
― Aye, há. Eu posso sentir a magia. Eu soube assim que eu che-
guei em sua escavação que a magia estava aqui. O problema é que eu
não posso fazer magia, então isso vai levar um Druida que sabe o que
procurar para olhar para ele e me dizer o que está sendo escondido.
Ronnie se virou e colocou a luz no objeto atrás dela. ― É outro
pergaminho.
Arran deixou de lado a caixa e pegou o pergaminho. Ele desenro-
lou-a para encontrar um manifesto de itens tirados de Edimburgo. Ele
soltou um grito e sorriu para ela.

154
― Você encontrou o manifesto. Agora tudo o que precisamos fazer
é localizar cada item aqui.
― Como você pode ler isso? ― Ela perguntou com uma carranca
quando ela se levantou em suas pontas dos pés para ver.
Ele encolheu os ombros. ― É gaélico. Eu posso lê-lo. Agora, vamos
começar.
― Gaélico. Eu leio um pouco, mas mal. Encontrei uma pedra antes
de abrir a caixa. Parecia ter uma profecia.
Um músculo ticou em sua mandíbula. ― Mostre-me.
Ronnie levou-o para a tabuleta quebrada e observou-o estudá-la.
Por longos momentos, o silêncio reinou e ela ficou desconfortável. Ar-
ran, como de costume, estava calmo e direto ao ponto, mas ela sabia
exatamente o que tinha feito.
Ela quase tinha matado os dois, liberando as criaturas da caixa.
Sua magia, que sempre fora usada para desenterrar relíquias inofensi-
vas, fora usada para o mal. Por aquelas bestas que eram más. Ela não
precisava ser uma Guerreira para saber disso.
Isso escorria deles, sufocando-a com a sua impureza. E agora eles
estavam no mundo. Eles tinham que ser parados.
― Esta é uma profecia. ― disse Arran enquanto deslizava um dedo
por um lado quebrado da tabuleta de pedra. ― Uma que foi escrita há
muito, muito tempo.
― O que diz? ― Ele a olhou.
― Por que você quer saber?
Ela estava prestes a dizer-lhe que não sabia quando fez uma pau-
sa e soube que lhe devia a verdade. ― Eu não posso explicar isto, mas
eu penso que é sobre mim.
― Diz, “Aquele com magia inexplorada / libertará aqueles presos
pela magia-mor / ela sem intenção causará a destruição e a morte.”
― Eu decifrei quase tudo. O que isso significa?

155
― Seria difícil saber sem o resto.
Ronnie agarrou a mesa para manter-se firme. ― Há mais?
― Aye. É ao longo dos lados.
― O que ele diz?
― “Uma druidesa será a portadora da desgraça
Só para ser morta por um homem-deus.
A nova escuridão unirá forças com a Druidesa
E será o fim de tudo. “
― Me diga que não é sobre mim, ― ela perguntou.
Arran pegou sua mão. ― Poderia ser sobre qualquer um.
―Vamos ver. Eu sou uma Druidesa que tinha magia inexplorada, e
eu liberei aquelas criaturas que tinham sido presas. Se isso não lhe diz
que é sobre mim, então eu não sei o que diz.
― Calma, Ronnie, ― ele disse suavemente.
E para seu espanto, o medo que tinha seu aperto de ferro sobre
ela diminuiu. Ela sabia que com ele ao seu lado, ela seria capaz de en-
frentar qualquer coisa. Ele era um Guerreiro. Imortal e poderoso.
E ela, aparentemente, era uma Druidesa.
Arran a soltou o suficiente para tirar uma foto da tabuleta e enviá-
la a alguém através de seu telefone. Ele a puxou para longe da tabuleta
― Quem é a nova escuridão ―?
Os olhos ficaram duros com suas palavras. ― Tenho a sensação de
que vamos descobrir muito em breve. Nós tínhamos pensado os derro-
tamos, mas há muito tempo eu tinha a crença de que havia algo lá fora
esperando para fazer sua jogada.
― Como o quê?

156
― Alguém como Deirdre ou Declan. Um drough, Ronnie. Tem sido
minha opinião que esta nova “escuridão” estava se acumulando e espe-
rando o movimento certo. Não temos ideia de quem poderia ser.
― E eu apenas ajudei, não é?
Ele se virou para ela, detendo-a. ― Não. Se essa profecia é sobre
você, então vamos lidar com isso.
― Você não tem que soletrar para mim, Arran. Sei que será você,
ou outro Guerreiro, que terá que me matar antes que eu possa fazer
mais mal.
Ele agarrou seus braços e a puxou para ele. Instantaneamente seu
corpo ficou vivo. Ele respirou fundo e afastou o olhar de sua boca
― Então vamos descobrir quem é essa nova escuridão.
Ela assentiu e não se afastou quando ele puxou a cabeça para o
peito dele. Ronnie se inclinou sobre ele, não apenas com seu corpo,
mas também com seus problemas. Era como se ele tomasse o peso de
seus problemas em seus ombros muito largos, dando-lhe um apoio.
―Venha. Vamos ver o que mais podemos encontrar. ― ele encora-
jou.
Ronnie não queria deixar a segurança e conforto de seu abraço,
mas ela se estabilizou e encaixou seus ombros. Havia um feitiço para
encontrar, monstros para matar, e uma profecia para parar. O tempo
para chafurdar na piedade ou na culpa terminou.
Durante a hora seguinte, eles meticulosamente passaram e combi-
naram todos os itens da lista, exceto um. ― Por que apenas um se foi?
― Ronnie perguntou.
― Muito boa pergunta. Eu tenho um sentimento que é exatamente
o que eu estou procurando, também. Diz no manifesto que é um colar.
Há longas seções de nós conectado juntos e, em seguida, os elos do
colar. Parece haver mais, mas quem escreveu isso não terminou a frase.
Arran rolou o pergaminho e suspirou. ― Que diabos.
―O que fazemos?

157
―Eu não acho que podemos destruir esses itens, mas tampouco
eles podem ser autorizados a serem mostrados em um museu ou a
chance de serem roubados. Eu preciso tirá-los daqui.
― Ronnie bloqueou seu caminho quando ele começou a andar e
acendeu a lanterna em seu rosto. ― Como eu sei que você não está fa-
zendo tudo isso só para pegar as relíquias?
Ele sorriu e tirou seu iPhone do bolso de trás. A tela estava racha-
da, mas ainda funcionava. ― Chame Saffron.
Ronnie pegou seu telefone e olhou profundamente em seus olhos
dourados. Seria ela capaz de dizer uma mentira vindo da verdade? Es-
pecialmente quando ela queria Arran tão desesperadamente? E ela o
queria, mesmo depois de ver o que ele tinha se tornado.
Ela teve medo, mas esse medo não tinha durado. Ele tinha tido
muitas oportunidades de matá-la, se era isso que ele queria. Em vez
disso, ele a tinha salvado.
A confiança tinha sido um problema para ela desde Max, mas iria
ter um momento em sua vida quando ela confiaria mais uma vez. Ela
poderia fazer isso errado novamente, como ela fez com Max, ou ela po-
deria acertar.
Ela desbloqueou o telefone e encontrou número de Saffron. En-
quanto o telefone tocava, ela voltou a encarar Arran. Ao terceiro toque,
houve um olá feminino.
― Arran? ― perguntou Saffron pelo telefone quando Ronnie não
respondeu imediatamente. ― Não, é Ronnie.
― Aconteceu alguma coisa com Arran? ― perguntou Saffron rapi-
damente, sua voz baixa e urgente.
Ronnie limpou a garganta. ― Não, ele está aqui. Ele queria que eu
te ligasse para perguntar sobre... Bem, eu preciso saber se ele foi envi-
ado para pegar o que encontramos.
Houve um momento de silêncio e depois um clique enquanto o te-
lefone era colocado no viva-voz, e Ronnie pôde ouvir a voz de um ho-
mem. Ela nunca tinha conhecido Camdyn, mas ela tinha ouvido que ele
poderia ser um homem difícil de levar ás vezes.

158
― O que Arran te disse? ― Saffron perguntou.
Arran empurrou o queixo e pegou o telefone de Ronnie para que
ele pudesse colocá-lo no viva-voz também. Em seu olhar questionador,
ele sorriu e disse, ― Os sentidos ampliados são parte do pacote.
Ronnie deveria ter adivinhado.
― Saffron, ela sabe o que sou. Ela também sabe sobre você e as
outras Druidesas.
― Por quê? ― foi a única resposta de Saffron.
Arran lambeu os lábios e deu um ligeiro movimento de cabeça
para Ronnie. ― Houve um pequeno problema. Eu vou precisar falar
com Fallon, então Camdyn, leve seu traseiro para o castelo. Isso vai le-
var todos os Guerreiros.
― Merda! ― veio uma voz masculina. Um bebê chorou, o som se
aproximando pelo telefone. Ronnie pôde ouvir Saffron acalmando a cri-
ança enquanto Camdyn lhe dizia adeus.
― Tudo bem. ― Saffron disse um momento depois. ―Ronnie, tudo
o que Arran disse a você é a verdade. Tudo isso. Eu sei que pode pare-
cer... estranho, mas essa é a nossa vida.
― Dela também. ― Arran declarou.
Houve um leve suspiro pelo telefone. ― Então você é uma Druide-
sa. De alguma forma, Ronnie, não estou surpresa.
Ronnie ouviu a excitação e aceitação na voz de Saffron, o que a
fez sorrir. ― Encontramos o manifesto dos itens mágicos perdidos na
expedição de Edimburgo. Parece que há um colar faltando, e Arran
acha que poderia ser o feitiço.
Saffron soltou um suspiro. ― Graças a Deus.
―Eu disse a Ronnie que os objetos aqui não podem ser encontra-
dos por mais ninguém. Há magia em todos os lugares, Saffron. Encon-
trei mesmo um pergaminho com outro feitiço nele. ― disse Arran.
― Eu me pergunto o que esse outro feitiço faz. Independentemen-
te disso, ele está certo, Ronnie. ― disse Saffron. ― Se você lutasse

159
contra o mal que nós lutamos, você não pensaria duas vezes antes de
ter certeza de que esses itens nunca fossem encontrados novamente.
Ronnie olhou para a porta. ― Foi para isso que este lugar foi cons-
truído, não foi? - perguntou a Arran. ― É por isso que a porta foi blo-
queada? Ninguém deveria encontrar este lugar ou ser capaz de entrar
nisso.
Arran deu um único aceno de cabeça, seus olhos dourados segu-
rando uma pitada de preocupação.
― Eu quero saber mais, mas por enquanto, confie em nós. ― Saf-
fron disse. ― Por favor, Ronnie. Se não for para mim, então pelos ino-
centes como a minha bebê e todos os outros no mundo.
Ronnie lambeu os lábios, sua mente compensada. ― O que vamos
fazer com os objetos?
― Eu cuidarei disso. ― disse Arran.
Terminaram a ligação e Arran começou a juntar itens em seus bra-
ços.
― "Não há nenhuma maneira que você seja capaz de levantar a
corda com tudo isso.
Ele sorriu e disse, ― Observe.
Ronnie pegou o resto dos itens, incluindo o manifesto, antes de
pegar sua lanterna e seguir Arran. Assim que saíram, a porta fechou-se.
O barulho da porta foi alto e final.
Ela estremeceu quando algo sinistro serpenteou por sua espinha.
Quando ela olhou para trás, foi a tempo de ver Arran curvar as pernas
antes de saltar para o topo e para o lado da terra.
― Bem, inferno! ― ela murmurou. Foi apenas alguns segundos
depois que Arran saltou para baixo, do topo, seus braços agora vazios.
― Todos ainda dormem. Você está pronta?
― Eu acho. ― Ela disse.
As palavras mal haviam passado pelos lábios antes que o vento
zunisse em volta dela e ela estava olhando para a barraca de comida.

160
Ronnie olhou ao redor para se certificar de que eles não foram vistos e
entregou os itens para Arran.
― Não seja pego. Não poderei ajudá-lo se você for visto com isto.
― Não se preocupe. Eles vão embora dentro de uma hora. Ronnie
olhou para o arco e porta. Ela poderia ter morrido lá, e provavelmente
deveria ter morrido. Ela tinha desencadeado quem sabe o que fora no
mundo, mas Arran ainda estava ao lado dela, ainda a ajudando.
― O que agora? ― Ela perguntou.
― Vá para a sua tenda e tente descansar. Eu tenho que chamar
Fallon.
― Fallon?
― MacLeod. ― Ela piscou.
― Um dos MacLeods?
― Aye. Ele virá buscar os itens.
Ronnie riu. Não dentro de uma hora, dependendo de quanto longe
ele está
Arran começou a andar, e ela apressou-se a alcançá-lo ― Lembra-
se de quando lhe disse que cada Guerreiro tem um poder especial dado
a eles por seu deus?
― Ah, não, não realmente.
― Eu posso ter deixado essa parte para de fora. Bem, nós temos.
O poder de Fallon é teletransporte, como vocês chamam isso. Nós dize-
mos saltar.
Ela esfregou os olhos com o polegar e o indicador, enquanto ela
apreendia tudo. Havia um mundo inteiro lá fora, que ela não tinha co-
nhecimento. Agora que tinha conhecido um gosto dele, estava curiosa
para saber mais.
Embora pudesse estar assustada, sabia que o conhecimento era
poder. E ela precisava desse conhecimento.
― E qual é o seu poder?

161
― Eu tenho controle sobre gelo e neve.
Uma olhada mostrou que ele não estava brincando. ― Uau! E to-
dos vocês são brancos quando liberam seus deuses?
― Não. Cada um de nós tem uma cor diferente, a cor favorita de
nossos deuses.
Quando ele parou de andar, Ronnie descobriu que ela estava na
frente de sua tenda. Ela estava além de exausta, e sua mente estava
cheia de tudo o que tinha aprendido.
― Entre, Ronnie, ― Arran instou suavemente. ― Nada acontecerá
com você enquanto estou perto.
E estranhamente, ela acreditou nele.

162
CAPÍTULO DEZESSETE

Arran esperou até que Ronnie estivesse dentro de sua tenda antes
de continuar para a dele. Deixou cair os itens que levara de Ronnie para
o catre com os outros e chamou Fallon.
― Finalmente. ― Fallon disse enquanto atendia o telefone.
Arran esfregou a mandíbula. Seu corpo ainda estava drenado do
que tinha passado, mas estava se recuperando. ― Eu tinha que deixar
Ronnie a salvo.
― O que aconteceu?
― Ela abriu a porta, e como eu esperava, a câmara estava cheia
de itens mágicos. Convenci-a a permitir-nos dar.
― Há algo mais. Eu posso ouvir isso em sua voz. E você disse
Camdyn para chegar aqui.
Arran temia essa parte. Ele olhou para a caixa na cama e cerrou a
mandíbula. ― Ronnie abriu uma caixa. Havia ... criaturas que saíram
dela.
― Que tipo de criaturas?
― Eu não tenho ideia, Fallon. Eu nunca vi nada como isso. Eu não
cheguei a Ronnie a tempo de impedi-la de abrir a caixa, e assim que
essas coisas saíram, elas atacaram.
Houve uma ligeira pausa antes de Fallon perguntar. ― Você os ma-
tou?
― Eu matei alguns. Ou eu pensei que sim. Eles são imortais.
― Droga. Você ficou ferido?
Arran franziu o cenho e tentou pensar em como responder. Ele não
queria que Fallon se preocupasse, mas tampouco queria mentir para
seu amigo.
― Responda-me. ― Fallon perguntou quando apareceu na tenda
de Arran.

163
― Merda! ― Arran saltou para trás quando Fallon, junto com seu
irmão Lucan, se materializaram na frente dele. ― Não faça isso!
Fallon guardou seu telefone e olhou para Arran com olhos verdes
inteligentes. ― Você demorou muito para responder. Diga-me o que
aconteceu.
Lucan olhou ao redor da tenda antes de olhar para o catre. ―
Você encontrou o feitiço?
― Uma coisa de cada vez. ― disse Arran, passando uma mão pelo
cabelo enquanto se afastava dos irmãos.
Ele se voltou para eles com as mãos nos quadris. ― A primeira
coisa que vocês devem saber é que estas criaturas são muito altas e
ósseas. Eles têm fio de pegajosos cabelos brancos e presas maiores do
que as nossas. Sua pele é acinzentada, e seu sangue queima quando
entra em contato com a nossa pele. Pelo menos foi assim com a minha.
― Só com a nossa ou mais alguém? ― perguntou Lucan, franzindo
a testa.
Arran encolheu os ombros. ― Isso eu não sei. Eles também são
rápidos. Mas a pior parte é ... eles me morderam e beberam meu san-
gue.
― Como um maldito vampiro? ― Fallon perguntou surpreso.
― Eu acho, mas essas coisas eram mais, Fallon. Eles eram fortes,
muito fortes. Eu decapitei alguns, mas, ainda mais saíram antes que eu
pudesse detê-los.
Lucan puxou uma das tranças pequenas em sua têmpora que ele
usara desde antes de seu deus estar livre. ― Isso significa que eles es-
tão no mundo. Quem sabe que tipo de estrago podem causar.
― Arran sacudiu a cabeça, zangado consigo mesmo por não ob-
servar Ronnie mais de perto. ― Eu sabia que tinha algo ruim naquela
câmara, e eu deveria saber que Ronnie tentaria entrar sozinha.
Fallon apertou uma mão em seu ombro. ― Você não é culpado,
meu amigo. Você fez tudo o que pôde.
― Aye, você salvou Ronnie, ― Lucan disse.

164
Deveria ter sido o suficiente, mas não foi. Arran disse que poderia
lidar sozinho com esta missão. Ele tinha falhado e, ao fazê-lo, não con-
seguira impedir que um mal desconhecido saísse para o mundo.
― Eu sei que não sou o único guerreiro procurando algo para ma-
tar. ― disse Lucan com um sorriso. ― Hayden é um que ficará especial-
mente excitado por termos algo para caçar.
Fallon sacudiu a cabeça com um sorriso. Então ele se virou para
Arran. ― Eu acho que Ronnie agora sabe o que você é?
― Aye. ― respondeu Arran. ― Ela não tinha ideia de que era uma
Druidesa. Eu contei a ela a história, mas ela tem perguntas.
Fallon assentiu. ― Ela tem medo de você?
― Um pouco. Ela se culpa pelas criaturas que saíram. Eles a ataca-
ram, Fallon. Eles sabiam que ela iria abrir a caixa.
Os olhos verdes de Lucan se estreitaram. ― Por que você tem tan-
ta certeza disso?
― A profecia que ela encontrou. ― Arran puxou a foto com seu te-
lefone e mostrou para os irmãos.
Lucan rangeu os dentes enquanto Fallon soltava uma série de mal-
dições.
― Ronnie tem certeza de que é sobre ela. ― disse Arran. ― Con-
cordo, mas não queria preocupá-la.
― Aqui diz que ela vai causar a destruição do mundo e que um
Guerreiro deve detê-la. ― Lucan esfregou a parte de trás de seu pesco-
ço. ― Mas estou preocupado com a “nova escuridão” mencionada.
Fallon colocou as mãos nos quadris e olhou para o chão. ― Fomos
enganados por um ano. Pensávamos que o mal tinha desaparecido.
Tara estava certa o tempo todo. Não pode haver “bem sem mal”.
― Então, quem é essa nova escuridão? - perguntou Lucan.
Arran cruzou os braços sobre o peito. ― Ronnie e eu tentaremos
descobrir, assim como eu vou descobrir o que são essas criaturas.

165
― Como? ― perguntou Fallon. ― Você nem sabe o que procurar.
― Não, mas temos de começar por algum lado. Eu não sou mais
necessário aqui. O feitiço sumiu.
Lucan levantou uma sobrancelha escura. ― E Ronnie? Você está
disposto a deixá-la?
Arran encontrou o olhar verde do irmão MacLeod do meio. ― Não.
Eu não acredito que eu poderia mesmo se eu quisesse. Vou ter que
convencê-la a vir comigo. Embora isso possa ser difícil com a escavação
ainda em andamento.
Arran pegou a caixa odiada e examinou-a novamente. ― Ronnie
disse que era como se isso a força-se a abrir. Ela tinha planejado levá-la
de volta para sua tenda, mas antes que pudesse, ela disse que foi como
se não tivesse controle sobre si mesma. Ela viu a si mesma abrir, e en-
tão a poeira branca girou ao redor dela. A poeira transformou-se nessas
criaturas.
― Teremos uma missão dura em nossas mãos, se essas coisas pu-
derem se transformar em pó à vontade. ― disse Lucan, esfregando a
mão na mandíbula
― Há magia na caixa. Precisamos saber de que tipo. ― Arran dis-
se.
Falon pegou a caixa e reuniu alguns outros itens. ― Inspecionare-
mos todos e cada um desses objetos. Assim que eu souber sobre a ma-
gia da caixa, eu o chamarei.
Arran tinha percebido que Fallon manteve-se afastado de pergun-
tar sobre o feitiço. Saffron deve ter dito a ele. ― Aqui está o manifesto,
― ele disse, e entregou o pergaminho a Lucan. ― Tudo estava na sala,
exceto um item. Um colar. A descrição está escrita. Eu acredito que é
onde está o pergaminho.
― Por que levar apenas um objeto? ― Lucan perguntou.
Falon grunhiu. ― Por que esconder o resto debaixo do chão?
Lucan olhou para os artefatos antes de encher seus braços. ― Eu
não acho que devemos levá-los de volta para o castelo.

166
―Concordou. ― Fallon disse. ― Eu estava pensando em colocá-los
em um dos chalés na aldeia. Perto e ainda escondido sob o escudo de
Isla, mas não no castelo conosco.
― Uma boa ideia, ― disse Arran.
―Nós podemos sempre movê-los mais tarde, se necessário. ― Fal-
lon virou aqueles olhos verdes sobre Arran novamente. ― A propósito,
Charon tem algumas informações sobre Max. Parece que ele trabalhou
para um conglomerado.
― Sua verdadeira identidade é um segredo. ― disse Lucan.
Falon encolheu os ombros. ― Parece que Ronnie era apenas um
trabalho para Max.
Arran de repente sentiu a necessidade de encontrar Max e dar-lhe
uma surra que ele não esqueceria logo. ― Interessante. Eu esperava
que ele realmente gostasse de Ronnie, mas parece que eu estava erra-
do.
Ele teve que garantir aos dois irmãos que estava bem mais uma
vez, antes de dizerem adeus e os irmãos forem embora. O teletranspor-
te de Fallon definitivamente veio a calhar, mas a habilidade de Lucan de
chamar a escuridão e as sombras também.
Todos os poderes dos Guerreiros os ajudaram na batalha toda vez.
Arran se afundou em sua cama e baixou a cabeça nas mãos. Ele
sabia que tinha que encontrar as criaturas e pará-las. Era a única ma-
neira que poderia compensar seu erro e ajudar Ronnie a provar que a
profecia estava errada.
Significava que seu tempo com ela não tinha terminado, e isso o
deixou muito feliz. Ele apertou as mãos quando se lembrou de abraça-
la na câmara. Ela tinha tremido, e pela primeira vez, ela parecia frágil e
assustada.
Arran nunca queria vê-la dessa forma novamente, e não importa o
que ele tivesse que fazer, ele iria garantir que ela nunca ficaria.
Ele fez uma chamada rápida para Gwynn para ver se ela poderia
pesquisar na Internet para qualquer coisa sobre as criaturas. Deu-lhe

167
uma descrição completa, e ela prometeu chamar assim que qualquer de
seus alertas surgissem.
Arran terminou a chamada e olhou para fora da sua tenda para
descobrir que as pessoas estavam começando a se mexer. Como um
guerreiro, ele poderia ficar sem dormir por dias. O sono era bem-vindo,
mas ele podia passar sem.
Ronnie, no entanto, não podia. Ele iria ter que ficar de olho nela.
***
Jason Wallace ajustou a pintura no corredor pela terceira vez antes
de voltar para inspecioná-la. Houve um som atrás dele, e então Harry
limpou a garganta:
―Senhor, seu homem voltou.
Jason sorriu. Harry não fazia ideia de que os homens eram real-
mente Guerreiros. Ele sabia que eram diferentes, mas Harry nunca ti-
nha sido muito esperto.
―Isso é tudo, Harry. ― ele disse enquanto se virava em seus cal-
canhares e andava a passos largos até seu escritório particular abaixo
da casa.
Ele encontrou o Guerreiro sentado à mesa. ― Bem. Eu espero que
você tenha notícias?
― Aye, ― Dale disse, e apoiou seus antebraços em suas coxas. ―
Algo aconteceu no sítio de escavação ontem à noite. Parece que a Dr.
Reid abriu o que quer que fosse que ela estivesse cavando ali.
― Você não sabe o que é? ― Dale sacudiu a cabeça. ― Eu não
poderia chegar tão perto. Eles estão atentos a quem está ao redor.
― Vá em frente. ― disse Jason. Estava irritado que Dale não sou-
besse mais sobre a escavação, mas estava feliz por ter mandado um
guerreiro para assistir.
― Havia magia, muita magia ― disse o guerreiro. ― Parecia... an-
tiga. E não demorou muito para que esta nuvem de cinzas saísse do
chão onde Reid e o Guerreiro estavam.

168
― Então Arran estava com a Dr. Reid?
―- Não a princípio. Ele deve ter sentido a magia quando eu senti,
porque ele correu para ela. Eu pude ouvir o que soava como uma luta,
mas quando MacCarrick e Reid saíram, nem parecia ferido.
Jason recostou-se contra a parede e cruzou os braços sobre o pei-
to. ― O que mais você viu?
― Eles estavam segurando coisas diferentes quando saíram do lu-
gar que ela estava cavando.
― Que tipo de coisas?
― Pergaminhos, armas, uma caixa pequena. Coisas diferentes.
Jason franziu o cenho. ― Por que tirá-los? Reid é uma arqueóloga.
Ela quer seus achados documentado para poder obter crédito. A única
razão pela qual os levaram antes que alguém pudesse saber que ti-
nham sido encontrados era porque estavam tentando esconder alguma
coisa.
― Pode ser.
― Descubra o que eles levaram. ― Jason exigiu.
Dale levantou devagar. Ele ficou em pé, alto e ereto como um sol-
dado, mas então, era isso o que tinha sido antes que Jason o encon-
trasse. ― Eu corro o risco de ser pego.
― Você ouviu minha ordem. Descubra por que eles levaram os
itens.
― E se MacCarrick perceber o que eu sou? ―
Jason riu. ― Oh, eu imagino que ele estará muito absorvido com a
Dr. Reid para prestar atenção. A propósito, Reid é uma Druidesa?
― Há magia no lugar, mas há muito para saber se ela é parte dela.
― Vou investigar Reid. ― disse Jason. ― Eu tenho outros Guerrei-
ros quase prontos para serem introduzidos no mundo. Eu vou precisar
que você tenha certeza de que eles ficam na linha.
― Você sabe que pode contar comigo.

169
Jason sorriu. Dale tinha sido seu primeiro Guerreiro, e ele não ti-
nha o desapontado. Houve alguns fracassos, e os homens tiveram que
ser mortos porque estavam fora de controle.
Mas o feitiço que Jason descobriu no livro de Declan, que dava
apenas o controle suficiente ao deus para que os homens pudessem se
transformar em Guerreiros, era uma ideia brilhante. Ele adoraria agra-
decer ao Druida que trouxe isso, porque Declan não tinha sido tão es-
perto.
― Quanto tempo eu fico no local? ― Dale perguntou.
Jason empurrou a parede com o ombro e deixou cair os braços.
Ele enfiou a mão no bolso e tirou um telefone celular. Ele atirou para o
Guerreiro, que o pegou com uma mão:
― Me chame sobre isso quando descobrir o que eu quero saber.
Nós iremos até lá. Mas faça o que fizer, não deixe MacCarrick. Eu quero
que ele assista a todos os momentos. Onde quer que ele vá, você irá.
― Entendido.
― Bom. Mova-se.
Jason permaneceu em seu escritório muito tempo depois que Dale
saiu. Sua mente estava examinando por que Reid e MacCarrick tinham
tirado os itens do sítio de escavação.
O que eles tinham encontrado? Isso tinha que ser importante. E o
que o Guerreiro MacLeod tinha dito a Reid para convencê-la a ir contra
tudo o que ela era e esconder os objetos? Jason não desistiria até que
tivesse as respostas. E ele sabia que essas respostas iriam beneficiá-lo
muito.

170
CAPÍTULO DEZOITO

Ele nem a tinha beijado. Ronnie não conseguia parar de pensar


nisso. Arran a tinha depositado em sua tenda. E então apenas ... saiu.
Tentara dormir, mas a imagem desses monstros não a deixaria.
Como eram altos e grotescos. Como eles se moviam rapidamente.
Quão terrivelmente fácil tinham derrubado Arran.
Como sempre, sua atenção voltou-se para Arran. Ela deixou sua
mente rodar sobre tudo o que ele tinha dito a ela de Druidas e Guerrei-
ros. Ronnie tinha visto a prova do que Arran era. Não havia como negar
isso agora ou fingir que não tinha acontecido.
Ele era imortal. Imortal! Um guerreiro com um deus primitivo den-
tro dele. E poderes, se ela pudesse acreditar nisso. Por que não deve-
ria? Ela tinha visto a pele e os olhos mudarem. Ela tinha visto as garras
e os dentes.
Ela também tinha visto quão rápido ele se movia. Sem mencionar
sua força. Como ele tinha arremessado aqueles oito monstros ela não
sabia, mas tinha ficado impressionada, mesmo quando tinha ficado as-
sustada.
Era porque ele era um Guerreiro que a fez o querer? Seu corpo sa-
bia instintivamente que ele era algo mais que um mero homem?
Havia definitivamente uma conexão entre eles. A atração e o beijo
provaram isso. Mas era mais profundo. Ronnie não queria admiti-lo,
muito menos pensar nisso, mas não podia negá-lo agora.
Arran fazia parte de um mundo ao qual agora pertencia. Ela tinha
razão quando adivinhou que ele a entendia como nenhum outro, por-
que ele entendia. Ele podia sentir sua magia.
Ela esfregou o polegar sobre as almofadas de seus dedos. Era ma-
gia que corria através dela, ajudando-a a encontrar os itens que ela es-
cavara. Seria sua magia que trazia seu desejo a alturas tão frenéticas
quando se tratava de Arran?

171
Não importava. Nada importava, a não ser a necessidade, a paixão
que atirava a alma e o sentia sempre que ele estava perto.
E quando ela estava em seus braços, um suspiro a deixava. Em
seus braços o mundo caia. Tudo o que restava eram os dois. Agora
compreendeu por que a profundidade do desejo a assustava.
Ela nunca tinha experimentado algo parecido antes. Era novo e
glorioso e de tirar o fôlego. E isso estava esperando que ela desse o
salto, aceitasse o convite de Arran e todo o êxtase que prometia.
Ronnie olhou inexpressivamente para a tela do computador, onde
um e-mail de Pete lembrando-a sobre o levantamento de fundos estava
aberto por mais de uma hora.
Ela olhou para as roupas que tinha tirado que mostrava evidências
do ataque e sua presença na câmara. Com um clique, ela abriu uma
nova janela na tela e fez uma busca por “Highlanders imortais”.
Não havia nada além do que se encontrava nos filmes e na TV.
Então ela fez uma busca por “Guerreiros” e acrescentou “Escoce-
ses”. Mais uma vez, apenas filmes e programas de TV até que ela pas-
sou para a próxima página e encontrou um link que parecia interessan-
te.
Imagine sua surpresa quando a página abriu e havia um relato
muito semelhante ao que Arran lhe tinha contado. Até mesmo a história
da partida dos Romanos foi escrita. Claro, abaixo haviam comentários
de difamadores que diziam que o autor do blog não tinha ideia do que,
ele ou ela, estava falando.
Mas Ronnie soube que a pessoa sabia. Quem era? Como eles sabi-
am? E melhor ainda, Arran e os outros sabiam deste blog e seu autor?
Ronnie leu mais, olhando para ver se o autor sabia que os Guerrei-
ros ainda existiam. Uma entrada afirmou que o autor esperava que os
Guerreiros estivessem ao redor, mas mantendo um perfil secreto.
O autor então mencionou algo sobre wyrrans, e até mesmo postou
uma foto. Ronnie lembrou-se de quando aquelas criaturas foram desco-
bertas em torno da Grã-Bretanha, mas ela pensou que era uma farsa.
Agora ela não tinha tanta certeza.

172
Ela fez uma nota mental para perguntar a Arran sobre os wyrrans
da próxima vez que o visse. Incapaz de se afastar, Ronnie leu mais en-
tradas e olhou mais retratos.
Havia uma foto de Cairn Toul Mountain, onde o autor disse que
um malvado Druida tinha vivido. Ronnie se recostou e olhou para a
foto.
Arran havia dito algo sobre ficar preso na montanha de Deirdre.
Poderia ser isso? Que horrores ele tinha experimentado lá?
Era difícil não acreditar depois de ter visto os monstros e Arran
apenas algumas horas antes. No entanto, parecia tão rebuscada, como
uma história que alguém inventara.
Não havia como negar que a pele de Arran tinha sido branca. Não
era maquiagem também. Ela tinha o tocado, acariciado sua pele quen-
te. Tinha sido todo ele.
Cada polegada maravilhosa, surpreendente dele.
Ela até tinha visto o branco desaparecer para revelar sua pele nor-
mal bronzeada novamente. Não havia como fingir algo assim.
Ronnie bateu os dedos distraidamente no teclado antes de fazer
outra busca. Esta para Druidas. Após cerca de trinta minutos, seus
olhos haviam cruzado todas as referências que ela encontrara.
E cada referência dizia algo diferente. O que era verdade e o que
era real? Ela poderia perguntar a Arran, mas ela esperava encontrar
algo por si mesma.
Magia.
Ele disse que havia magia por toda a Grã-Bretanha. Foi isso que a
ajudou a encontrar os itens que ela desenterrou? Tinha que ser mais do
que isso, já que ela tinha tido sucesso em mais países além da Grã-Bre-
tanha.
Não havia um lugar onde ela tivesse ido cavar que ela não encon-
trasse algo. E cada vez, tinha sido esse sentimento dentro dela que a
levou para os itens. Ronnie se recostou na cadeira e suspirou. Seus

173
olhos ardiam pela falta de sono. Para piorar as coisas, uma dor de ca-
beça de estresse tinha começado na base do pescoço.
― Exatamente o que eu preciso. ― ela murmurou.
― O que? Comida?
Ronnie virou-se para encontrar Andy inclinado na cintura e metade
dentro de sua tenda. Ela devolveu seu sorriso. ― Não, eu estava con-
versando comigo mesmo.
― Dizem que esse é o primeiro sinal de que você está perdendo a
sanidade. ― ele disse quando entrou em sua tenda e colocou um prato
de papel cheio de biscoitos, salsichas e ovos mexidos na frente dela.
― Ovos. ― disse ela. ― Nós não temos isso faz um tempo.
Andy encolheu os ombros. ― Eu não vou reclamar. Era algo dife-
rente. Você parece uma merda, a propósito.
― Caramba, obrigado. ― O estômago de Ronnie rosnou, e ela co-
meçou a comer.
― Apenas sendo honesto, chefe. O que há de errado com Arran?
― Ronnie parou a mastigação para olhar para Andy. ― O que você quer
dizer?
― Ele está agindo estranho. Quero dizer, mais estranho do que o
normal ― corrigiu ele, e deslizou os óculos pelo nariz enquanto se sen-
tava na beira da cama. ― Ele parece tenso e continua olhando ao lon-
ge, bem como andando pelo sítio, como se estivesse verificando o perí-
metro ou algo assim.
Ela encolheu os ombros e engoliu sua mordida. ― Eu suspeito que
ele tem algum tipo de treinamento militar ou policial. Pelo menos é o
meu pensamento. Tenho certeza que ele está apenas checando as coi-
sas, e ele está fazendo isso todos os dias e você não percebeu.
― Ainda assim. Há algo diferente nele esta manhã. Sobre você
também, agora que eu penso nisso.
O apetite de Ronnie desapareceu. Ela empurrou o prato. ― O meu
problema é o levantamento de fundos. ― ela mentiu.

174
― Ah, sim. Falando nisso, eu tenho o hotel todo acertado.
― Onde é que está sendo reservado?
― O mesmo lugar que você esteve hospedada, uma vez. ― Andy
piscou e disse. ― É o Sheraton Grand Hotel e Spa. É realmente lindo. E
eu reservei uma suíte para você.
Ronnie revirou os olhos. ― Parece bom. Embora não haja tempo
para o spa. Além disso, é dinheiro que eu não preciso gastar. Eu já es-
tou gastando o suficiente em um vestido.
― Você vai usar seu preto típico? ―
Bem, eu ia. E o que você quer dizer típico?
― É tudo o que você usa quando se trata dessas coisas. É quase
como se você estivesse indo para um funeral.
Ela cruzou os braços sobre o peito e olhou. ― Eu estarei indo,
você sabe que o preto básico é o epítome de elegante quando se trata
de formal ou depois de cinco casos.
Andy levantou as mãos com um sorriso. ― Se você diz. Não sou
nenhuma garota, então eu não saberia.
― Vá se tornar útil. ― ela disse com um sorriso provocante.
Andy era mais como um irmão do que como um amigo. Era um re-
lacionamento que começara no instante em que se encontraram. Nem
tinha irmãos, e Ronnie nem sequer tinha certeza se era assim que os ir-
mãos verdadeiros agiam.
Os outros filhos adotivos com quem ela vivia tinham sido todos
trazidos tanto quanto ela, então todos eles tendiam a ser privados e
mantidos para si mesmos.
Ela olhou para a pesquisa “Druida” e fechou a guia. Se ela quises-
se saber mais, ela poderia perguntar a Saffron. Mas teria de esperar,
com tudo o mais que ela tinha em mente.
E ela ainda não tinha encontrado um acompanhante para o even-
to. Arran mencionou encontrar a nova escuridão, bem como mais infor-

175
mações sobre as criaturas. Eles não poderiam fazer isso no sítio da es-
cavação.
Como se soubesse que ela estava pensando nele, Arran enfiou a
cabeça em sua tenda. ― Tem um momento? ―
Ela acenou com a cabeça e levantou-se. ―- Sim.
Em todas as vezes em que estivera perto dele, mesmo depois do
beijo, ela nunca estivera tão nervosa. Ela limpou as mãos para cima e
para baixo de seu jeans e tentou não se mover.
― Você está com medo de mim agora?
―Não. ― ela se apressou a dizer. O desapontamento que ela ou-
viu na voz dele a fez estremecer. ― Eu ainda estou tentando absorver
tudo. Realmente, estou surpresa que você não esteja chateado comigo
por liberar essas coisas para o mundo.
― Você não poderia saber o que estava na caixa, Ronnie.
Ela olhou para longe, a necessidade de sentir seus braços ao redor
dela, protegendo-a era tão grande, ela começou a dar um passo em di-
reção a ele.
― Eu vim para te dizer que você não precisa se preocupar com as
coisas. ― ele disse enigmaticamente. ― Fallon e Lucan vieram busca-
los na noite passada.
Demorou um segundo para ela perceber que ele estava falando
sobre os itens que tinham tirado da câmara. ― Fallon, como aquele que
se teletransporta?
Apenas dizer isso era estranho e a fazia querer rir. Nunca em sua
vida tinha pensado que ela estaria dizendo algo assim e realmente que-
rendo dizer isso.
― Ele e seu irmão Lucan vieram aqui.
― Os MacLeods. Teria gostado de conhecê-los.
Os lábios de Arran se curvaram em um sorriso torto. ― Eu espero
que você os conheça logo. Você já tirou férias?

176
― Férias? Bem, claro, mas eu raramente saio.
― Saia na próxima vez. Venha para o castelo.
Ronnie abriu a boca para dizer sim antes que ele tivesse termina-
do. Foi apenas no último momento que ela parou. ― Eu não sei quando
isso será.
―Você precisa conhecer as outras Druidesas. Tenho certeza que
você tem perguntas que elas serão capazes de responder. Aprendendo
mais sobre nós Os guerreiros podem ajudá-la também.
― Posso aprender sobre Guerreiros de você.
Seus olhos dourados se escureceram quando ele deu um passo
mais perto dela. ― Não me tente, Ronnie.
―E se eu quiser tentá-lo?
Ele ergueu um braço e gentilmente moveu uma mecha de cabelo
atrás da orelha dela que tinha saído do coque. ― Eu deveria ter vergo-
nha de dizer que estou feliz por ter motivos para ficar com você, mas
não tenho.
O coração dela batia erraticamente em seu peito quando seu estô-
mago revirou. ― Mesmo que você tenha que ficar porque pode ter que
me matar?
Em uma etapa, ele fechou a distância entre eles. ― Você não é o
mal. ― ele disse, com a voz profunda e sem oferecer piedade.
― Não, eu não acho que poderia ser, não com você ao meu lado.
― Depois de suas experiências de morte, Ronnie estava cansada de
brincar com sua segurança. Ela queria Arran, precisava do que ele ofe-
recia.
A mão deslizou em volta de seu pescoço e a puxou contra ele. ―
Ah, moça, você não tem ideia do que você faz comigo, não é? Sua ma-
gia se sente como uma carícia, seu sorriso como se estivesse me acari-
ciando.
Ronnie espalmou as mãos em seu peito e olhou profundamente
em seus olhos. Ela não queria saber como era a vida sem Arran. Ele ti-

177
nha deixado a sua marca, e qualquer outra pessoa seria uma substitui-
ção pobre.
Seus lábios haviam apenas tocado nos dela quando Andy deu um
grito para alguém fora, bem perto de sua tenda. A boca de Arran cur-
vou-se em um sorriso, mas ele não a soltou.
― Estamos sempre interrompidos aqui. A privacidade é o que pre-
cisamos.
― Tenho um favor a pedir. ― ela disse quando lembrou-se do le-
vantamento de fundos. Não só os deixaria sozinhos, mas também lhes
proporcionaria tempo para investigar em Edimburgo.
― Basta dizer.
― Ronnie sorriu nervosamente. ― Não seja tão precipitado. Você
pode não querer fazê-lo.
― Eu faria qualquer coisa que você pedisse.
A honestidade brilhando em seus olhos dourados fez seu coração
perder uma batida. ― Eu tenho o levantamento de fundos chegando.
Parto amanhã para Edimburgo.
― Você precisa de mim para acompanhá-la até Edimburgo? ― Ele
perguntou.
― Na verdade, eu estava esperando que você fosse meu acompa-
nhante.
Seu sorriso foi lento, e muito masculino. O brilho em seus olhos
lhe disse que ele estava pensando na privacidade deles justo como ela
pensou.
Nunca ela tinha pedido a um homem para um encontro, e ela es-
tava ansiosa. Mas ela também sabia que o único que ela queria com ela
era Arran.
― Eu ficaria honrado. ― ele disse suavemente, profundamente, e
deixou seu polegar acariciar seu queixo.

178
E ela sentiu nisso todo o caminho para sua alma. Ela teve que lim-
par a garganta, suas emoções eram tão densas. ― Estou feliz. Muito fe-
liz. Você, ah, você tem um smoking?
― Eu vou conseguir o que preciso. Partiremos juntos amanhã en-
tão?
Tempo sozinho com Arran? Diabos, sim ela estava tomando essa
opção. ― Sim. Isso está bem para você?
― Oh, sim. ― ele disse com um sorriso mal intencionado. ― É me-
lhor deixar você em paz agora. Não tenho certeza de quanto tempo eu
posso manter minhas mãos fora de você. Ou resistir a roubar outro bei-
jo. ― murmurou.
E assim, ele se foi.
― Ele ainda não me beijou. ― ela murmurou.
***
Arran puxou o telefone do bolso enquanto saía da barraca de Ron-
nie e discava para Saffron. Se havia uma mulher no Castelo de MacLe-
od que pudesse ajudá-lo, era a bilionária.
― Preciso de sua ajuda. ― disse ele à Saffron assim que ela res-
pondeu.
― Como sempre, estou feliz em ajudar. O que você precisa?
― Um smoking.
Houve um som sufocante, e então Saffron começou a tossir.
― Saffron? Você está sufocando?
― Sim. ― ela grunhiu, e tossiu um pouco mais. Depois de um mo-
mento, ela disse: ― Você está falando sério? Arran, você era um dos
que não queriam aprender tantas coisas modernas como dançar e tal.
Por que você precisa de um smoking?
― Ronnie me pediu para ir com ela para seu evento de fundos. Eu
disse sim. Vai nos dar algum tempo para procurar as criaturas.
― Interessante.

179
Ele esfregou a nuca. ― Pode me ajudar? Ela perguntou se eu tinha
um smoking e eu disse sim, mas eu nem sei o que é isso.
Saffron bufou. ― Você vive em nosso tempo por mais de um ano e
você não sabe o que é um smoking? Você não se lembra do que
Camdyn usou há alguns meses atrás quando fomos para aquele jantar
em Londres?
Arran conteve um gemido enquanto se lembrou da jaqueta preta e
da camisa branca que Camdyn usara. A única benção salvadora era o
kilt que tinha usado com ele. ― Aye.
― Eu cuidarei de tudo. Em que hotel você está hospedado?
― Eu não sei.
― Não importa. ― ela disse apressadamente. ― Gwynn vai desco-
brir. Você está indo com Ronnie para Edimburgo?
Arran nivelou os lábios. ― É claro.
― Como um maldito Guerreiro.
―O que isso quer dizer? ― Saffron riu através do telefone.
― Oh, Arran, eu acho que você está numa expectativa. Uma ex-
pectativa agradável, mas uma expectativa no entanto.
O telefone ficou morto e ele puxou-o longe de seu rosto para olhar
para ele. Ele não gostara das palavras de despedida de Saffron. O que
ela queria dizer?
Ele se esqueceu de tudo quando alguém fez um gesto para que
ele ajudasse a mover outra pedra que encontraram no chão. Não im-
porta o quão duro ele empurrou seu corpo, sua mente estava cheia de
Ronnie.
De sua magia erótica, seu sorriso sedutor e seus belos olhos.

180
CAPÍTULO DEZENOVE

Em algum lugar profundo das Highlanders

Malcolm sentou-se com os olhos fechados e simplesmente ouviu o


som do vento enquanto assobiava pelas montanhas. Tinha levado al-
gum tempo, mas finalmente conseguira encontrar um lugar onde esta-
va completamente sozinho por milhas e milhas.
O ar estava mais frio e mais fino no topo da montanha onde ele se
sentava. Ele podia ver as montanhas ao redor dele, a grama balançan-
do no vento, algumas vezes mostrando verde, às vezes um belo roxo.
Os gritos dos falcões peregrinos trouxeram um sorriso ao seu ros-
to. O sol tinha se levantado e se abaixado numerosas vezes enquanto
se sentava. Através do sol e da chuva, noites cheias de nuvens que es-
condiam a lua, e dias em que o céu tinha sido o mais belo e vibrante
azul.
Estas foram as coisas que o fizeram feliz quando ele tinha sido
mortal. As coisas que ele esperava. Ele subira até o topo da montanha
para tentar ver se havia alguma parte desse homem deixado dentro
dele.
Ele não ficara surpreso ao descobrir que não havia.
Malcolm poderia facilmente culpar Deirdre por transformá-lo no
homem que era. Mas a verdade simples era que a culpa estava exclusi-
vamente com ele.
Seu telefone vibrou na rocha ao lado dele. Era a sexta chamada
em menos de quatro horas. Mesmo vendo o nome de Larena aparecer
na tela, Malcolm ainda não responderia.
Ele não estava preocupado que fosse algo importante, porque, se
fosse, Broc poderia facilmente encontrá-lo com seus poderes.
Não, era melhor se Malcolm permanecesse como estava. A única
companhia em que ele estava apto era a dele, e até isso era questioná-
vel.

181
Tecnicamente, ele não tinha sido um Guerreiro por muito tempo,
se ele não contasse ter viajado pelo tempo por quatro séculos. Apesar
disso, ele mal conseguia se lembrar da parte de sua vida antes de ser
um Guerreiro.
Lembrou-se vagamente de que poderia ter havido uma mulher em
que estava interessado, mas, aparentemente, ela não era tão especial
porque não conseguia se lembrar de seu rosto, muito menos de seu
nome.
Malcolm olhou para o braço direito e as cicatrizes que percorriam o
comprimento dele e desaparecia sob sua camisa. Mas ele não podia es-
conder as cicatrizes em seu rosto e pescoço tão facilmente. As pessoas
olhavam para ele onde quer que fosse. Ele tinha visto seu reflexo no
espelho e sabia o quão horrível ele parecia.
Pelo menos quando Deirdre estava viva, sua magia tinha escondi-
do sua feiura.
―É isso que a vida me reserva? ― Perguntou ele.
O silêncio cumprimentou suas palavras, mas foi o mesmo silêncio
que o deixava respirar mais fácil. Ele não era o tipo de homem que
queria estar com os outros.
Ele estava melhor sozinho.
Se ao menos a Larena percebesse isso. Mas sua prima poderia ser
muito teimosa.
***
Ronnie não sabia como tinha conseguido atravessar o dia anterior.
Tinha sido longo e excruciante. Não por causa da escavação ou do fato
de que ela teve que mentir para todos e dizer-lhes que não havia nada
na câmara, mas porque estava ciente de cada movimento de Arran,
cada sorriso.
Ela deve ter ficado muito chateada com o ataque para perceber
que Arran havia removido qualquer evidência de artefatos na câmara.
Confirmando sua mentira para todos.
Só mais uma coisa que ela precisava agradecer a ele.

182
Queria avisá-los de todas as criaturas, mas não tinha certeza se
acreditariam. Arran disse-lhe para esperar. Aparentemente, havia uma
Druidesa chamada Gwynn no Castelo MacLeod que era boa no compu-
tador, e até que ela ouvisse falar das criaturas aparecendo em outro lu-
gar, eles deveriam ficar calados sobre isso.
Tudo bem até que Ronnie estar na câmara e se lembrar da visão
dos monstros e do modo como quase tinham levado Arran. Mas Arran
viera em seu socorro, apesar da dor em que tinha.
Como poderia ter duvidado dele? Como poderia compará-lo com
Max? Ele não era nada como Max.
O amanhecer tinha chegado uma hora atrás, e de alguma forma
Ronnie conseguiu dar algumas mordidas de um biscoito e beber três xí-
caras de café. Seus nervos estavam completamente exaustos.
― Ele é apenas um homem. ― ela lembrou-se.
Então cobriu a boca enquanto ria. Bem, ele não era apenas um
homem. Ele era imortal. E tinha poderes. Muito mais do que apenas um
homem.
Deviam partir a qualquer momento. Ela estava ansiosa, e seus
nervos doloridos tão apertado, ela não conseguia ficar quieta.
Ela esfregou as mãos juntas e olhou para sua mala e bolsa que es-
peravam por ela. Arran estava dirigindo, já que seu carro ainda não es-
tava consertado.
Sozinha. Por algumas horas.
Com Arran.
Seu sorriso, a maneira ardente com que seus olhos a observavam.
Seu corpo que definia a tentação. Seus lábios que poderiam roubar sua
respiração com apenas um beijo.
Ele era tudo de mais sexy e ardente, tangível, que a fazia balbuci-
ar, incapaz de manter um pensamento coerente em sua cabeça. Apenas
estar perto dele fazia seu coração acelerar e a deixar sem fôlego. Seu
sangue se aqueceu quando pensou em beijá-la novamente.
Sem pressa. Sedutoramente.

183
Completamente.
Ela estremeceu quando se lembrou de estar contra o seu corpo
duro, de novo. Seus seios incharam e seus mamilos endureceram. Seus
braços haviam sido fortes quando ele a moldou contra o duro compri-
mento dele.
E, oh, como ela queria mais disso.
Tinha passado ... bem, anos desde que ela tinha sido íntima com
um homem. Com Arran por perto, o sexo era tudo que ela parecia ca-
paz de pensar. Talvez fosse a maneira como seus olhos a observavam
sempre com aquela intensidade escura que a fazia sentir como se mi-
lhares de borboletas levantassem voo em seu estômago.
Ronnie não conseguia se lembrar da última vez que tinha passado
algum tempo sozinha com um homem que não fosse Peter ou Andy. O
que ela diria? Como ela deveria agir? Melhor ainda, como ela poderia
deixá-lo saber que ela estava interessada?
― Pronta?
Ela pulou e virou-se para encontrar Arran de pé dentro de sua ten-
da. Suas mãos estavam tremendo, então ela as segurou atrás das cos-
tas. ― Ah. Sim.
Ele levantou uma sobrancelha e sorriu. ― Isso não me parece con-
vincente, moça.
― Odeio essas coisas. ― ela disse.
― Essa é apenas uma das razões pelas quais vou.
Ela reprimiu um sorriso. ― Apenas uma?
― Ah, aye. Andy me disse que eu deveria afastar sua horda de ad-
miradores.
Desta vez, ela riu. ― Não tenho uma horda.
― Não de acordo com Andy.
― Essa é a única outra razão?

184
Os olhos dele brilhavam de desejo, com uma fome escura que ela
sentia. ― Não. Eu preciso dizer isso, moça?
― Não. ― ela grunhiu. ― Agora não. Não aqui.
Ele pegou sua bolsa. ― Não tenha medo, Ronnie. Quem melhor
para protegê-la de seus admiradores ou ... qualquer outra coisa lá fora,
do que eu?
Havia um brilho de algo em seus olhos dourados que fez seu cora-
ção perder uma batida. Seus lábios se inclinaram ligeiramente nos can-
tos.
― Certo. Quem melhor?
Antes que ela pudesse dizer mais uma palavra, ele saiu. Ronnie al-
cançou sua bolsa e se endireitou para encontrar Arran segurando a aba
da tenda aberta para ela.
Ronnie saiu com Arran em seus saltos. Ela olhou ao redor do sítio
para ver que Andy, como de costume, tinha tudo funcionando sem pro-
blemas.
Ele estava esperando por eles pelo Range Rover de Arran. Andy
sorriu e segurou a porta de Ronnie, enquanto Arran colocava sua mala
atrás com a dele. Ronnie deslizou para o banco da frente e apertou o
cinto de segurança.
― Sei que odeia essas coisas. - disse Andy. ― Mas eles me man-
têm em um emprego. Pelo menos desta vez você tem um homem-mús-
culo lá, para manter longe os idiotas de colocar as mãos sobre você.
― Quem coloca as mãos sobre ela? ― Arran perguntou, sua voz
aprofundando com uma borda dura enquanto ele subiu atrás do volan-
te.
O sorriso Andy cresceu, Como se soubesse ao convencer Arran de
que Ronnie certamente ficaria longe de todos. ― Os idiotas que pen-
sam porque ela é um rosto bonito e eles têm dinheiro para dar que po-
dem tocá-la como quiserem.
―Não haverá qualquer toque, a menos que Ronnie queira. ― Ar-
ran declarou.

185
Ronnie inclinou a cabeça para trás e segurou um sorriso. Ela devia
estar chateada com os dois, mas isso mostrava o quanto Andy se preo-
cupava com o fato de que ele estava disposto a lidar a sua raiva dela se
isso a mantivesse a salvo dos homens maus no evento.
― Obrigada. ― ela sussurrou quando se Inclinou-se para abraçá-
lo. Ela se sentou e olhou através do para-brisa para o sítio. ― Cuide das
coisas como você sempre faz. Nós estaremos de volta no domingo.
― Tome seu tempo. Você precisa de uma pausa. ― disse Andy.
Ele deu um aceno de cabeça para Arran antes que ele fechasse a
porta. Ronnie olhou de um para o outro. Era como se alguma mensa-
gem tácita tivesse sido passada entre eles. E ela estava com medo que
envolvesse ela.
Arran ligou o SUV, e então eles estavam partindo. Ronnie inalou e
lentamente soltou a respiração.
― Você não precisa fiar nervosa perto de mim.
Ela sorriu e olhou para suas mãos. ― Eu não passo muito tempo
na companhia de homens.
― Andy e Pete não contam como homens?
Ronnie explodiu numa risada, o que ajudou a acalmar seus nervos.
― São homens, mas diferentes. Pete sempre foi como um pai, e Andy,
ele é o irmão que eu nunca tive.
― Você foi criada sozinha?
Ela cortou os olhos para ele. ― Eu sei o quão bem você conhece
Saffron, e Saffron fez sua própria investigação de mim antes de me dar
quaisquer fundos. O que significa, você conhece do meu passado.
Ele manteve seu olhar na estrada, mas deu de ombros. ― Eu não
queria aborrecer você.
― Eu aprecio isso, mas eu prefiro que você seja honesto. Quanto
você sabe?
Arran olhou para ela, seus olhos dourados macios, quentes. ― Eu
sei que você foi criada em uma casa adotiva.

186
― Sim. Meus pais adotivos eram pessoas decentes e trabalhado-
ras. Havia outros cinco além de mim. Duas meninas e três meninos. To-
dos nós meninas compartilhávamos um quarto, como faziam os meni-
nos. Mas mesmo assim, mantivemos a nossa privacidade.
― Por quê?
Ela se ajustou no assento de couro para ficar mais confortável e
observou a paisagem. ― Eu tinha sido movido em torno de alguns lu-
gares, mas os outros tinham sido mais famílias mais do que eu. Mesmo
naquele pequeno quarto com dois conjuntos de beliches, havia linhas
invisíveis desenhadas que ninguém cruzava. Nossas fronteiras, por as-
sim dizer, que cada um de nós sabia não violar.
― Eu não entendo.
― É difícil de explicar. Você não tem muito quando está no siste-
ma. Você só tem o que a sua família de acolhimento atual lhe dá. Rou-
pas que tínhamos para compartilhar, quando poderíamos usar os mes-
mos tamanhos. Os sapatos eram os mesmos. Mas nossos leitos, nossos
espaços eram nossos. Nós não compartilhávamos o que não precisáva-
mos.
― Eu imagino que os pais não tinham muito dinheiro? Por que ter
tantas crianças, então? ― Arran perguntou.
― O governo lhes dá dinheiro por cada criança. Esse dinheiro é
suposto ser usado para nos alimentar e vestir-nos. Meus pais adotivos
fizeram o melhor que puderam. Não eram cruéis, mas não eram o tipo
de família que alguns de meus outros amigos tinham com seus pais.
― Então você tinha todos aqueles irmãos, mas nenhum deles sen-
tia que eram seus irmãos ou irmãs?
Ela deu de ombros. ―É difícil. Sim, estávamos perto enquanto es-
távamos juntos. Nós levantamos um para o outro, mas assim que che-
gamos aos dezoito anos e saímos sozinhos, ninguém voltou.
― Você também?
― Eu não voltei, mas eu mantive contato com meus pais adotivos
Através de cartões e telefonemas enquanto estive na faculdade. Eles
não tiveram mais filhos depois de nós seis, e quando o último se foi,

187
eles queriam algum tempo sozinhos. Seis meses depois, minha mãe
adotiva morreu de um ataque cardíaco. Meu pai adotivo morreu um ano
depois.
― Sinto muito.
― Foi há muito tempo. ― ela disse, limpando a garganta. Ela não
tinha pensado em seus pais adotivos há anos. ― Eles foram a única fa-
mília que eu me lembro.
― Pelo menos você não esteve sozinha.
― Não. E você? Como era a sua família? Arran sorriu e riu.
― Como a maioria das famílias das Highlands. Meu pai era um ho-
mem duro. Vida dura, amor duro, e luta dura. Mas ele e eu nos amáva-
mos ferozmente.
― Você tinha irmãos ou irmãs?
Vários longos minutos se passaram onde Arran não disse nada.
Um músculo tremeu em sua mandíbula. ― Eu tinha uma irmã. ― ele fi-
nalmente disse.
―Mais nova?
―Aye. Ela era uma moça linda. Tão cheia de riso e inocência. Eu
era cinco anos mais velho do que Shelley, mas isso não nos impediu de
sermos unidos.
A maneira como ele falou, suavemente, quase como se estivesse
com medo até de discutir isso, causou uma pontada no peito dela.
― Eu sinto muito. Deve ter sido difícil para você sobreviver a to-
dos.
― Eu sobrevivi a eles, mas não da maneira que você pensa.
Ela não deveria bisbilhotar, mas estava curiosa sobre tudo na vida
de Arran. ― Isto é obviamente doloroso. Vamos mudar de assunto.
― Deirdre descobriu que minha família era um dos Guerreiros ori-
ginais, entende? ― disse Arran. ― O que ela fez foi enviar seus wyrrans

188
atrás de homens que ela pensava que poderiam ter um deus preso
dentro deles.
― Wyrrans? ― Ronnie virou em seu assento para enfrentá-lo. ―
Eu li sobre eles na internet ontem. O que eles eram?
― Leu sobre eles? ― Ele perguntou enquanto ele olhava para ela.
― Sim. Fiz uma pesquisa sobre Druidesas. Uma montanha de
Cairn Toul surgiu na busca, como surgiram os wyrrans.
― Cairn Toul é onde Deirdre viveu. Sua magia era a capacidade de
se comunicar com as rochas. Ela foi capaz de construir uma fortaleza
dentro da montanha. Era a casa dela, e as rochas obedeciam a ela.
Ronnie estremeceu só de pensar nisso. ― Foi onde ela te aprisio-
nou? Cairn Toul?
Ele deu um único aceno com a cabeça.
― Por quanto tempo?
― Perdi a noção do tempo. Décadas. Ela torturou e tentou me vi-
rar para o lado dela. Eu nunca desisti.
Ela estendeu a mão e colocou sua mão sobre a dele, que descan-
sava no console central. Como sempre, uma corrente passou por eles.
― Eu sinto muito, Arran.
― Eu sobrevivi. ― ele disse, nunca desviando os olhos da estrada.
― Isso me fez mais forte, me fez aprender a controlar meu deus muito
mais cedo.
― Como foi o fator wyrran para isso? De onde vieram?
― Deirdre. Ela os criou com sua magia negra. Eram pequenas cria-
turas amarelas, sem pelos, com gritos que estourariam os tímpanos.
― Vi fotos na internet. Um ano atrás, eles foram vistos na Escócia.
Pensei que fosse uma farsa.
― Não farsa. Eles estavam aqui porque Deirdre estava aqui. De-
clan a trouxe adiante no tempo para combinar sua magia. Mas Deirdre

189
não trabalhava com ninguém. Ela não queria que ninguém se interpu-
sesse no modo de governar o mundo.
Ronnie lambeu os lábios enquanto tentava colocar tudo em algum
tipo de linha do tempo em sua cabeça para mantê-la reta. ― Você ain-
da estava na montanha quando ela foi trazida para a frente? ―
―Não. Fallon e Lucan tinham montado um ataque com os outros
guerreiros para libertar Quinn, que Deirdre tinha capturado. Foi assim
que eu passei a me envolver com os MacLeods. Quinn e eu nos torna-
mos amigos naquela montanha amaldiçoada, então quando ele me pe-
diu para voltar com ele ao castelo, eu não pensei duas vezes sobre isso.
Eu teria um lugar para morar e lutar contra Deirdre.
― Uma situação ganha-ganha. ― Ronnie disse com um sorriso.
Arran riu. ― Alguma coisa assim.
― Acho que sua família já estava morta naquele momento?
Seu sorriso deslizou e uma sombra passou por seu rosto. ― Minha
família foi morta quando Deirdre mandou os wyrrans atrás de mim.
Shelley foi literalmente rasgada em pedaços diante de meus olhos. Eu
ainda posso ouvir seus gritos. E eu não pude fazer nada para ajudá-la,
já que os wyrrans me seguravam.
― Isso parece tão inadequado de dizer, mas ... Sinto muito, Arran.
Ela olhou para fora da janela, de repente percebendo o quão boa
sua vida tinha sido comparada a dele. Ele teve sua família tirada dele, e
ele tinha sido jogado no mal.
Mas ele tinha sobrevivido, assim como ela tinha. Eles tinham isso
em comum.
Bem como vindo de um mundo de magia, um mundo que poucos
conheciam.
CAPÍTULO VINTE

190
Arran deu as chaves do Range Rover ao valet quando chegaram
ao hotel. Suas malas foram tomadas por um atendente, e Arran não
teve escolha senão seguir Ronnie para dentro.
Com a mão na parte inferior das costas dela, entraram. Ele notou
a maneira como os homens olhavam para Ronnie. Ela estava de jeans,
botas e outra camisa xadrez com os cabelos em um coque e sem ma-
quiagem, e ainda os homens a cobiçavam.
Arran apanhou os olhos de vários dos homens observando-a e os
encarou até que desviassem o olhar. Talvez ele não tivesse uma reivin-
dicação oficial sobre ela, mas ela estava sob sua proteção.
E em seus olhos, ela era dele por enquanto.
Eles caminharam para o elevador, e ele manteve a mão em suas
costas quando ela apertou o número de seu andar. Ela olhou para ele.
A última hora da viagem tinha sido tranquila enquanto o desejo deles
aumentava a cada milha que passava sob os pneus.
Sabendo que ele a teria para si fez seu pau ficar duro com anteci-
pação.
Ele ainda não podia acreditar que tinha dito a ela sobre sua irmã.
Apenas Quinn sabia sobre ela. Mas mesmo Quinn não sabia toda a his-
tória.
― Pronto? ― Ronnie perguntou quando o sinal tocou e as portas
do elevador se abriram. Ela então entregou-lhe o que parecia um cartão
de crédito.
Havia ainda momentos em que Arran se espantava de como o
mundo havia mudado em quatrocentos anos. Ele pegou a chave do
quarto e a seguiu até o corredor.
― Parece que o hotel está bem cheio. Vamos ter que dividir um
quarto.
Arran engoliu um gemido enquanto pensava em compartilhar um
quarto com Ronnie, subir na mesma cama com ela e embrulhar seu
corpo em torno do dela.

191
De finalmente ver seu cabelo cor de trigo para baixo e sobre seus
ombros.
Ele fez uma careta quando sua vara dolorida se esticou contra sua
calça jeans.
― Desde que Andy reservou seu quarto ontem e o hotel bagunçou
tudo, eu consegui uma suíte de dois quartos.
Dois quartos. Droga. Mas isso não o dissuadiu de finalmente levá-
la em seus braços novamente. Ele sabia que ela sentia o mesmo dese-
jo, a mesma fome guiando que estava dentro dele.
Tinha sido puro inferno não beijá-la novamente. Ele não podia
olhar para ela sem se lembrar da sensação de suas curvas suaves con-
tra ele. Ou como ela gemeu quando suas línguas haviam tocado pela
primeira vez.
Ele queria isso e muito mais. Sua pele, descoberta de cada peça
de roupa. Ele queria puxar os grampos de seu cabelo e afundar os de-
dos em suas mechas. Ele estava fantasiando em espalhar os cabelos no
travesseiro depois que ele a despojasse de suas roupas.
Oh, aye, ele queria seus beijos, mas ele tinha planos para muito,
muito mais.
Arran pigarreou quando viu que ela olhava para ele. O que ela ha-
via dito? Levou um momento para se lembrar. ― Eu poderia ter pago
pela minha. Eu pagarei com prazer
― Não há necessidade.
Mas Arran ia se certificar disso.
Ele sorriu quando seu olhar fixou em seus quadris balançando lado
a lado. ― Jeans ou um vestido de baile. ― ele murmurou com um sorri-
so.
― O quê? ― Ela perguntou por cima do ombro.
O sorriso de Arran se alargou. ― Nada.

192
Ele observou quando ela parou em sua porta e deslizou o cartão
na fechadura. Quando a luz ficou verde, Arran a alcançou e abriu a por-
ta.
Ela olhou para ele, seus rostos separados por centímetros. O mun-
do parou enquanto olhava para a boca dela. Lembrou-se muito bem do
gosto dela, da suavidade de seus lábios e da suavidade de sua pele.
Ele se inclinou mais perto, fechando a lacuna entre eles. Ele arras-
tou seu olhar de seus lábios e olhou profundamente em seus olhos cor
de avelã. Suas bolas se apertaram, e ficou difícil respirar quando viu o
desejo lá.
Ela não estava tentando esconder isso. Na verdade, era como se
ela quisesse que ele soubesse. Ele agarrou a maçaneta da porta com
mais força enquanto lutava para não jogá-la sobre seu ombro e encon-
trar a primeira cama que aparecesse.
Ronnie merecia ser cortejado, o que significava que ele tinha que
se controlar. Ele poderia a querer, mas ele se recusava a ser um bruto
sobre isso.
Ela inalou, seu peito subindo enquanto seus seios empurravam
contra o material da camisa. Desejo saiu dela em ondas. Quase que-
brou o controle que Arran tinha sobre sua própria paixão.
Ele a desejava. Desesperadamente.
Sua paixão combinava com a dele, e ele sabia que ela também o
desejava. Não havia ninguém mais olhando para eles, ninguém para in-
terferir.
Ela foi quem moldou seu corpo contra o dele. Sua cabeça inclinada
para cima, o convite claro em seus olhos cor de avelã. Ele não estava
prestes a ignorar isso.
Com um gemido, inclinou a boca sobre a dela. Ela envolveu seus
braços ao redor dele e separou seus lábios. Suas línguas se tocaram
enquanto ele aprofundava o beijo até que ela estivesse dobrada sobre
seus braços, seus dedos enfiados em seu cabelo.

193
Manobrou-os dentro da suíte e se virou para que a apertasse con-
tra a porta. Seu corpo estava envolto em desejo, com necessidade ás-
pera e feroz.
Ronnie gemeu enquanto seu beijo se tornou ardente, o desejo não
continha mais. Qualquer restrição que ele tinha, desapareceu quando
ela veio até ele.
Ele estava pegando os grampos em seu cabelo, com a intenção de
ver quanto longo era, quando seu telefone tocou.
Ronnie riu ao terminar o beijo. Arran pôs as mãos na porta de
cada lado da cabeça dela e apertou os olhos. Ele queria jogar o celular
fora, para pegá-la em seus braços e encontrar a cama mais próxima.
Ele tinha fechado o mundo e todos nele por algumas horas particulares
com ela.
Seu telefone tocou novamente. Lembrando-lhe que não podia ex-
cluir o mundo, que havia perigos de que Ronnie precisava de proteção
e criaturas que tinham de ser paradas.
―O quê? ―, Ele respondeu bruscamente.
Houve uma risada antes que Ramsey dissesse: ― Eu não inter-
rompi nada, não é?
Um rosnado rugiu no peito de Arran. Ele não se importava que
suas palavras estivessem cortadas quando ele perguntou: ― O que
você quer?
― Para ver como as coisas estavam indo? Fallon me disse que
você está em Edimburgo com a bela Dr. Reid. Você é o guarda-costas
dela ou o encontro dela?
Arran observou Ronnie caminhar ao redor da suíte, inspecionando
as coisas, e ele percebeu seus lábios inchados do beijo. ― Ambos.
― Como eu imaginei. ― A voz de Ramsey se aprofundou quando
ele ficou mais sério. ― Escute, Arran, eu queria lhe avisar que Camdyn
e Saffron estarão ai esta noite.
― Saffron teve uma visão?
― Não. É mais uma precaução, com essas criaturas à solta.

194
― E a nova escuridão que foi falada na profecia. ― Aye. Isso tam-
bém. Gwynn tem procurado, e não há nada definitivo que diga que
Ronnie é o que se fala na profecia.
― Há muitas coincidências para que não seja ela. ― sussurrou.
― Infelizmente, meu amigo, concordo. Até que saibamos alguma
coisa, vamos errar no lado da cautela.
Arran passou a mão pelo cabelo e recostou-se na porta. ― Eu não
vou mentir e dizer que estou bravo de que Camdyn e Saffron estarão
aqui.
― Foi o que eu imaginei depois do que aconteceu com aqueles no-
vos monstros soltos. E não há nenhuma atualização sobre isso, de qual-
quer forma. Logan teve que remover fisicamente Gwynn do computa-
dor ontem porque ela gastou muito tempo procurando. O fato de nada
ter sido visto ou ouvido tem preocupado a todos.
― Isso me preocupa também. Algo não está certo.
― Aye.
― O que eles estão esperando?
Ramsey bufou. ― Eu gostaria de saber.
― Alguma outra notícia? ― perguntou Arran, esperando que eles
tivessem provado ou desmentido que outro drough tinha tomado o lu-
gar de Declan.
A longa pausa de Ramsey foi resposta suficiente.
― O que é? ― perguntou Arran.
― Declan tinha um herdeiro. Parece que um primo distante entrou
na herança dos Wallaces.
― Isso não significa nada.
― Nay. ― disse Ramsey. ― Levamos todos os livros de magia da
casa. Mesmo que este Jason Wallace tenha magia em seu sangue, ele
não saberá o que fazer sobre isso.

195
Arran afastou-se da porta e entrou na sala de estar para ver Ron-
nie indo para o quarto à esquerda. ― Um drough é um drough, Ram-
sey, ― ele sussurrou. ― Precisamos ter certeza.
― Já está sendo feito. Como a maioria dos homens ricos, ele vai
ter câmeras de segurança na propriedade. Ele reconstruiu a mansão
Wallace, e pelas especificações, é exatamente o igual. Gwynn vai inva-
dir as câmeras da propriedade para que possamos ver o que está acon-
tecendo.
― Ela não pode fazer tudo sozinha.
― Oh, ela não faz. Ela tem Tara, Logan e até Cara e Marcail aju-
dando-a.
Arran sorriu enquanto pensava na esposa de Lucan, Cara, e na es-
posa de Quinn, Marcail, ajudando a entrar em computadores. Cara ti-
nha sido a primeiro Druidesa no castelo de MacLeod, sete séculos an-
tes.
― Eu sei. ― Ramsey disse, embora Arran não tivesse falado. ―
Tudo que Lucan e Quinn podem fazer é assistir como suas esposas tor-
nam-se hackers especialistas.
Arran bufou. Ramsey era meio Druida, e embora isso desse a
seus poderes como um deus adicionando força, Arran sempre pensou
que Ramsey poderia fazer mais do que ele dizia, alguns dos quais tinha
sido provado quando Ramsey matou Declan. ― Admita isso, velho ami-
go, sua magia permite que você me veja, não é?
―Não. Eu só te conheço muito bem. Além disso, é o olhar todos
no castelo usam enquanto assistem Cara e Marcail. Agora Reaghan e
Sonya querem aprender, não que Galen ou Broc terão qualquer palavra.
Minha Tara está pegando as coisas um pouco fácil demais.
― Eu poderia ser necessária ―, veio a voz de Tara através do tele-
fone.
Ramsey riu. ― Você é sempre necessário, amor. Tanto quanto o
que Gwynn faz é ilegal às vezes, definitivamente é útil.
― Acho que posso querer aprender mais do que eu sei. ― admitiu
Arran.

196
― Eu acho que todos nós precisamos. Confiamos em Gwynn de-
mais e colocamos muito sobre ela. Já vi o quanto Logan está ansioso
pelo tempo que ela gasta no computador.
Depois de mais conversas, Arran terminou a ligação e caminhou
até a porta que levava ao quarto. Ele avistou a cama grande e não
pôde deixar de pensar em Ronnie nela com ele. Seus cabelos de trigo
se espalhando ao redor dela, e seu corpo nu para ele.
Ele podia imaginar tirando a camisa e tirando o sutiã dela. Ele de-
sabotoando o jeans dela, depois deslizando sobre seus quadris antes de
enganchar os dedos em suas calcinhas. Seria difícil, mas ele não corta-
ria a calcinha com as garras dele.
Não, ele tomaria seu tempo e tiraria sua calça e calcinha enquanto
ele beijava aquelas longas pernas dela. Depois beijava-as de volta, por
cima dos quadris e pelos seios.
― Tenho que sair.
Ele foi puxado de seu devaneio pela sonoridade, mas foi a ansie-
dade que ele ouviu nisso que o preocupou. Ele se virou quando ela vol-
tou para a sala de estar.
― Sair?
―Sim. Eu preciso encontrar um vestido, e espero que se houver
tempo, fazer alguma coisa de garotas.
Ele franziu a testa. Tanto por suas horas de fazer amor com ela. ―
O que é “coisa de garotas”?
― Cabelo. Unhas. Esse tipo de coisa. Eu posso não querer estar
aqui, mas não é porque eu não gosto de me vestir. Eu não consigo fa-
zer isso muitas vezes, então quando eu faço, eu tiro vantagem absoluta
disso. ― ela disse com um grande sorriso.
― Então você gosta de vestir-se em vestidos formais e tal?
― Bem. Eu odeio a meia-calça, e se eu posso remediar isso, eu
não a uso. O resto, sim, eu amo. Acho que é a garota em mim que ain-
da se lembra de vestir-se e fingir que sou uma princesa. ― Ela riu e en-
tão girou ao redor do quarto.

197
Arran sorriu enquanto ele a observava. Esta era um Ronnie dife-
rente, mas ele gostava tanto quanto o outra. Aqui ela estava mais des-
preocupada, mais aberta.
Ela parou de girar e o prendeu com um olhar que não funcionou
muito por causa de seu sorriso. ― E se você contar a alguém, eu vou
matar você. Ou esfaqueá-lo, já que você vai se curar. ― Ela disse com
uma risada.
Ela pegou sua bolsa e começou a ir para a porta quando Arran
compreendeu que ela estava saindo sozinha.
― Ronnie...
― Eu vou ficar bem. ― Ela disse enquanto se agarrou a maçaneta
da porta e se virou para olhar para ele. ― A boutique que eu uso para
comprar os meus vestidos é a três quarteirões de distância. O salão é
outro meio quarteirão. Mas vou avisá-lo, eu vou ficar fora a maior parte
do dia.
― Então, vejo você no jantar?
Ela abriu a porta e baixou o olhar. ― Ah ... não sozinha, me des-
culpe. Eu devo encontrar Pete e outro homem do museu de Edimburgo.
Você pode vir, no entanto.
Arran pensou em se juntar a eles, mas ele percebeu que poderia
fazer muita pesquisa em Edimburgo enquanto ele estava lá. Depois do
jantar, no entanto, ele planejou ter seu caminho com ela. Sem mais in-
terrupções. ― Eu vou ficar bem. Vá se divertir.
― Vejo você mais tarde, então. ― ela disse com um outro sorriso,
e partiu.
Arran olhou ao redor da suíte uma vez que ela foi embora. Ia ser
um dia longo. Ele saiu da suíte e recebeu instruções do Sheraton para a
loja de informática mais próxima. Lá, ele comprou um laptop, mas an-
tes de voltar para o hotel, ele tinha algumas coisas para ver e fazer so-
bre a cidade.
***

198
Ronnie olhou para seu reflexo, revestida em um corpo-apertando,
vestido preto tomara-que-caia. Era lindo, mas as palavras de Andy ain-
da a assombravam. Talvez ela devesse tentar algo além de preto.
― Tabitha, que tal outra cor? ― Ela chamou do provador.
A jovem dona da boutique enfiou a cabeça de cabelo loiro espeta-
do com pontas cor-de-rosa ao redor da porta, seus olhos escuros arre-
galados. ―Sério? Quer dizer, quer cor? Cor real?
― Sim. ― Ronnie disse com uma risada. ― Por que isso é tão es-
tranho?
― Você nunca quis isso antes. Posso perguntar o que mudou?
Muita coisa, mas não era como se Ronnie pudesse dizer a ela.
― Ah. ― disse Tabitha. ― Um homem.
Ronnie encolheu os ombros. ― É parte disso, além de ter sido tra-
zido à minha atenção que eu sempre uso preto.
― Todo mundo parece bem de preto, mas acho que uma cor seria
bom. Volto já.
Ronnie saiu do vestido preto e pendurou-o. A loja de Tabitha era
cara, mas ela tinha um olho para desenhos simples e elegantes que
Ronnie preferia.
Ela nunca tinha ido a outro designer desde que descobriu Tabitha
há cinco anos. Mesmo quando Ronnie estava em outro país, telefonava
para Tabitha e ela mandava um vestido. Tabitha nunca deixou de dar a
Ronnie algo que era perfeito.
― Que tal isso? ― Perguntou Tabitha quando entrou com um ves-
tido vermelho profundo que tinha uma saia godê.
― Eu gostei. Vamos ver.
Pela a próxima hora, Ronnie tentou vestido atrás de vestido. Havia
muitos que ela gostava, mas ela não tinha encontrado o que estava
procurando. O que era difícil, já que ela não sabia como esse vestido
poderia parecer. Só que ela saberia quando o visse.

199
Depois de um almoço leve, Tabitha trouxe Ronnie de volta para o
vestiário e disse: ― Eu tenho mais dois vestidos que eu coloquei na
parte de trás. Um não está completamente terminado. Eu realmente ti-
nha você em mente ao fazê-lo, mas nunca pensei que você gostaria.
― Deixe-me vê-los.
Excitação correu através dela principalmente por causa da maneira
que Tabitha tinha falado dos vestidos. De alguma forma, Ronnie soube
que um dos vestidos seria o escolhido.
― Aqui está o primeiro. ― disse Tabitha, e trouxe um vestido de
verde escuro com um V profundo na frente.
Ronnie foi rápida para entrar nele. Ela amou a sensação dele, mas
principalmente ela gostou de como ela mostrava seu corpo. Seus seios
não eram grandes, mas o vestido os fazia parecer maiores.
― Eu adorei esse. ― sussurrou Tabitha feliz. ― Mas não tanto
quanto eu acho que vou adorar esse em você.
Ronnie se virou e olhou para o vestido. ― É isso aí. Esse é o vesti-
do que eu quero.
Tabitha sorriu. ― Eu sabia. Vamos experimentá-lo para que eu
possa terminar de a bainha para amanhã à noite.
Uma vez que o vestido estava no corpo, Ronnie levou a mão ao
cabelo e o soltou.
― Meu Deus, garota. Você não tem ideia de como é bonita, não é?
― Perguntou Tabitha, sua voz cheia de reverência. ― Deixe esse glorio-
so cabelo solto. Não use nenhuma joia também.
Ronnie tocou seu nó de trindade. ― Nenhuma?
―Nenhuma. ― disse Tabitha, e olhou fixamente para o colar. ―
Especialmente não esse. Eu tenho alguns brincos que são apenas a coi-
sa certa para complementar o vestido. E os sapatos. Eu tenho esses
também. Estou tentada a ir a esse evento e dar-lhe todo o meu dinhei-
ro apenas para vê-la.
― Você já tem todo o meu dinheiro. É justo eu pegar o seu. ―
Ronnie disse com uma risada.

200
Mas ela olhou no espelho e viu alguém diferente. Com o cabelo
solto e com o vestido, Ronnie era a pessoa que ela queria que Arran
visse.
Aquela de quem ele não conseguiria tirar os olhos.
― Ele não será capaz. ― disse Tabitha de acordo. Ronnie não ti-
nha sequer percebido que ela tinha dito isso em voz alta.

201
CAPÍTULO VINTE E UM

Arran esfregou os olhos quando se deixou entrar na suíte. Ele ti-


nha conseguido descobrir algumas informações sobre os itens mágicos
que tinham sido tirados de Edimburgo. Determinar quanto da informa-
ção era verdade seria o problema.
Ele ouviu o silêncio da suíte e odiou que Ronnie não estivesse lá.
Não era como se pudesse invadir o jantar dela.
― Bem, eu poderia. ― disse para si mesmo com o início de um
sorriso.
Ele poderia, mas Ronnie não ficaria satisfeita. Ela estava com Pete,
e isso tinha que ser suficiente para Arran. Por mais que odiasse o pen-
samento, tinha de aceitá-lo.
Arran virou-se e caminhou até seu quarto, onde encontrou um lon-
go saco pendurado na porta de seu armário. Ele abriu o papel anexado
para encontrar a nota de Saffron que dizia. Espero que goste disso!
Ele desabotoou o saco e suspirou enquanto olhava para a jaqueta
preta e gravata que pendia do cabide. O casaco era curto e tinha um
colete preto para ir por baixo e em cima da camisa branca.
Não foi até que Arran tirou a jaqueta, colete e camisa que ele viu
o kilt. Pela primeira vez naquela noite, ele realmente sorriu.
― Não é um verdadeiro kilt como eu esperava, Saffron, mas isso
vai funcionar, moça. Isso vai funcionar.
Passou os dedos pelo xadrez MacCarrick e pensou em sua família,
em sua vida antes de se tornar um Guerreiro. Como ele simplesmente
tinha vivido e amado.
Nada tinha saído como ele esperava, mas de alguma forma o des-
tino lhe dera algo maior do que ele poderia ter imaginado. Tinha-lhe
dado uma família com os outros no Castelo MacLeod. Tinha-lhe dado ir-
mãos e irmãs, mesmo que não fossem de sangue.
Os laços que mantinham todos juntos eram mais fortes do que
qualquer outro. Eram laços que nunca poderiam ser quebrados.

202
Arran pegou seu telefone para chamar Saffron e agradecer a ela,
quando recebeu um texto de um revendedor especializado em antigui-
dades. O velho mal conseguira se levantar, porque era tão frágil, e ele
não queria falar com Arran a princípio.
Mas Arran conseguiu conquistar o sobrinho do velho com seu co-
nhecimento. Agora, o texto do sobrinho disse que o velho queria vê-lo.
Arran olhou para a porta de Ronnie. Ele queria estar aqui quando
ela voltasse. Durante todo o dia ele esperou para tomá-la em seus bra-
ços e beijá-la, e ele não iria deixar passar outra oportunidade. Não com
uma mulher como Ronnie.
No entanto, a ideia de descobrir algo sobre os itens que encontra-
ram e o que os monstros eram era muito importante para deixar passar.
― Droga. ― murmurou Arran, quando respondeu rapidamente ao
texto, prometendo estar lá em dez minutos.
Antes que ele partisse da suíte, deixou Ronnie uma nota rápida
deixando-a saber onde ele estava.
***
Ronnie estava tão cansada, que mal conseguia manter os olhos
abertos, mas quando as portas do elevador se abriram para o andar, a
excitação afastou sua exaustão. Ela saiu do elevador e alongou seus
passos para que estivesse quase correndo para a porta dela.
Arran a esperava. Não havia como permitir que passasse outra
noite sem beijá-lo novamente. E ... se algo mais acontecesse, ela não
iria parar.
Tudo o que tinha pensado toda a noite era sobre Arran. Pete ficou
irritado com ela, mas não pôde evitar. Ela deveria ter convidado Arran,
independentemente do que os outros pensassem.
Arran era ... Bem, ela não sabia o que Arran significava para ela,
só que ela o queria ao lado dela. Não era apenas porque se sentia se-
gura com ele perto. Era mais do que isso. Muito mais.
Palavras não podiam começar a descrever como ele a fazia sentir,
como ele a fazia sonhar. Sua mera presença a acalmava até mesmo

203
quando a chamuscava com desejo de dentro para fora. Um sorriso dele
poderia fazer seu coração saltar uma batida.
E seu toqu ... Bem, ela podia esquecer tudo quando ele a tocava.
Levou três tentativas colocando a chave na porta para destrancá-la
para que ela pudesse entrar. Ela estava sem fôlego, um sorriso em seu
rosto quando ela deixou a porta bater atrás dela e ela entrou na sala de
estar.
― Arran? ― chamou ela.
O sorriso escorregou quando viu o bilhete na mesa à sua frente.
Ela pousou sua bolsa ao lado da nota e engoliu seu desapontamento.
Depois foi tomar um longo banho quente. Ela abriu a água e chutou
seus sapatos antes de agarrar uma camiseta e um livro que ela trouxe
com ela da escavação.
Ela adorava ler, mas havia muitas noites que ela não conseguia
mergulhar entre as páginas de um bom romance. O fato de estar esta-
va sozinha em uma suíte tão bela sem o homem que ela tinha pensado
por toda a noite fez dele uma noite perfeita para ler um romance.
Ronnie removeu suas roupas e testou a água com seu dedo do pé.
Ela suspirou quando ela entrou na água e se recostou contra a grande
banheira. O vapor flutuava ao seu redor e, como esperava, seus múscu-
los começaram a relaxar.
Deixou-se relaxar por um momento com os olhos fechados e a
água calmante antes de alcançar o livro.
***
Dale se inclinou contra o poste e se escondeu olhando o Guerreiro,
Arran MacCarrick. Ele estava seguindo MacCarrick há mais de três ho-
ras.
A primeira coisa MacCarrick tinha feito foi comprar um laptop. Ele
então passara uma hora em um café no computador, mas Dale não
conseguia chegar perto o suficiente para descobrir o que MacCarrick es-
tava fazendo. Depois disso, MacCarrick começou a visitar lojas de anti-
guidades. Em algumas, ele mal passava pela porta antes de se virar e
partir. Outras ele ficava por vários minutos. Dale conseguiu ver através

204
da maioria das janelas das lojas, então ele viu MacCarrick conversando
com os proprietários. O que ele estava dizendo é o que Dale não sabia,
e isso não iria ganhar nenhum ponto com Jason.
―Maldito Wallace. ― ele murmurou enquanto pensava em Jason.
Ele deveria ter chamado Jason assim que percebeu o que MacCarrick
estava fazendo, mas Dale não era suicida. Ele gostava muito do poder e
da imortalidade que tinha.
Embora não tivesse visto MacCarrick lutar, ele sabia que o guerrei-
ro era séculos mais velho do que ele, o que significava que MacCarrick
provavelmente iria chutar o seu traseiro.
Jason queria Dale próximo de MacCarrick, o que alertaria o Guer-
reiro que estava sendo seguido. Então, por enquanto, Dale estava man-
tendo sua distância.
Ele apertou a mandíbula quando viu MacCarrick sair da loja de an-
tiguidades mais recente e virar para seu lado. Não havia lugar para
Dale ir, nada que ele pudesse fazer, mas ficar absolutamente quieto.
McCarrick passou tão perto, seus ombros rasparam. Dale manteve
a cabeça baixa enquanto MacCarrick murmurava um pedido de descul-
pas. Felizmente, um grupo de turistas estava vindo da direção oposta, o
que ajudaria Dale se esconder.
Já que eles estavam no topo de uma colina, era fácil para Dale
manter os olhos em MacCarrick. Até que MacCarrick virou uma esquina.
― Foda-se. ― murmurou Dale, e empurrou seu caminho através
dos turistas.
Ele manteve um ritmo constante em vez de correr atrás de sua
presa. Quanto mais perto ele chegasse de MacCarrick, melhor, mas ti-
nha de ser esperto.
Dale o avistou quatro quarteirões depois, quando MacCarrick en-
trava em outra loja. Desta vez, Dale instalou-se nas sombras de um
beco. Guerreiros tinha visão incrível que lhes permitia ver mesmo no
escuro, mas se MacCarrick não sabia o que olhar, as chances eram de
que ele não veria Dale.

205
Poucos minutos depois, MacCarrick saiu da loja. Ele ficou de pé na
calçada por um momento e olhou primeiro para um lado e depois para
o outro antes de virar à esquerda e continuar caminhando.
Dale estava cansado de segui-lo, mas não tinha escolha. Jason te-
ria a sua cabeça, literalmente, se não fizesse o que ordenara.
Ele seguiu MacCarrick por seis quarteirões antes de virar à esquer-
da e dirigir-se para o Castelo de Edimburgo. Várias vezes, MacCarrick
parou e olhou para as frentes das lojas, mas ele não entrou mais.
A subida foi íngreme enquanto se dirigiam para o castelo, e os tu-
ristas na área estavam de pé em multidões, várias dúzias quando de-
sembarcavam dos ônibus das turnês
Dale sentiu suas presas encherem sua boca quando um dos turis-
tas, um homem pesando pelo menos 130 quilos, correu para ele. O tu-
rista estava tentando em vão subir a colina.

Em toda a confusão, Dale perdeu de vista MacCarrick. Depois de


procurar por quase quinze minutos, Dale ainda não conseguia localizá-
lo.
Ele estava tirando o telefone para chamar Jason quando sentiu um
formigamento ao longo de sua pele. Magia.
Dale sorriu enquanto seguia a trilha da magia. Isso tinha que ser
onde MacCarrick estava, e mesmo se não fosse, Jason iria querer saber
sobre essa magia.
A trilha de magia era fraca, mas Dale ainda era capaz de rastreá-
la. E imagine sua surpresa quando isso o levou a mais uma loja de anti-
guidades.
Com ninguém mais do que Arran MacCarrick dentro. Dale rapida-
mente marcou o número de Jason.
― Espero que você está chamando porque você encontrou algo.
― disse Jason.
Dale achatou seus lábios, o impulso para resmungar sua irritação.
― É claro.

206
― O que é?
― Tenho estado acompanhando MacCarrick.
― MacCarrick. ― repetiu Jason. ― Ainda está no sítio da escava-
ção?
― Nay.
Através do telefone, Dale ouviu o que soava como Jason folheando
páginas.
― Meu primo maravilhoso, Declan, tem MacCarrick listado como
um dos Guerreiros do Castelo MacLeod, mas não tem muito sobre ele.
Espero que tenha mais, Dale.
― Estive observando-o entrar em lojas de antiguidades em Edim-
burgo. E eu encontrei um traço de magia.
Jason fez um som satisfeito. ―Eu imagino que é onde MacCarrick
está?
― Sim. Ele está lá há algum tempo.
― Eu quero saber o que ele está procurando. Encontre isso, ou
não se preocupe em voltar.
Dale segurou o telefone com tanta força que o ouviu rachar. ―
MacCarrick e Reid vão ficar em Edimburgo outra noite. Há algum tipo
de evento esta noite.
― Então, entre no evento, Dale. Tenho que pensar em tudo?
― Esses Guerreiros são inteligentes, Jason. Se eu chegar muito
perto, eu poderia comprometer seus planos.
Jason riu. ― Se você comprometer meus planos, então eu sugiro
que você permita a MacCarrick matá-lo, porque se ele não fizer, eu ga-
ranto que, o que eu tenho planejado para você é muito pior.
A chamada foi encerrada.
Dale enfiou o telefone de volta em seu bolso e fechou as mãos.
Como ele odiava Jason às vezes. O bastardo poderia ter lhe dado um

207
poder incalculável junto com a imortalidade, mas Jason também o go-
vernava.
Pelo menos os guerreiros no castelo de MacLeod eram livres. Livre
para fazer o que quisessem, sempre que quisessem.
A liberdade de Dale valia a imortalidade? Ele tinha pensado assim
no início, embora não fosse como se Jason tivesse lhe dado muita esco-
lha. A vida de Dale não tinha valido muito para começar.
Jason tinha lhe dado uma segunda chance, e com ela uma casa
agradável em que ele poderia viver enquanto Jason permitisse. E o di-
nheiro de Jason.
Dale se aplanou contra a parede de um prédio, no beco, quando
MacCarrick saiu da loja. Ele não parecia feliz quando começou a cami-
nhar de volta na direção de seu hotel.
Por um momento, Dale contemplou entrar na loja, mas ele poderia
fazer isso mais tarde. MacCarrick estava atrás de alguma coisa, e even-
tualmente Dale seria levado a isso. Até então, ele continuaria seguindo
MacCarrick.

208
CAPÍTULO VINTE E DOIS

Arran não podia esperar para contar a Ronnie o que ele tinha des-
coberto com o velho na loja de antiguidades. Arran sabia que o homem
sabia mais do que estava falando, e o velho não tinha desapontado.
Infelizmente, obter a informação significava que Arran ficaria fora
a noite inteira, ouvindo as histórias do velho, passando por livros na
loja e fazendo mais pesquisas.
Mas quando Arran entrou na suíte, foi mais uma vez encontrá-la
vazia.
Ele viu sua nota, escrita na parte de trás dela na noite anterior.
Arran,
Andy ligou tarde na noite passada para me informar que descobri-
ram mais artefatos na escavação. Não era da mesma seção que estáva-
mos cavando, mas outra. Eu não sei por quanto tempo eu estarei fora,
já que eu estou fazendo uma videoconferência com ele para que eu
possa ver o que foi encontrado.
Pete está voltando para o sítio para verificar tudo para mim, para
que eu possa permanecer aqui. Espero voltar para o levantamento de
fundos. Se não, eu te encontro na festa.
Ronnie
Arran bateu na mesa com os dedos por um momento. Ele ficou
surpreso por Ronnie não ter retornado imediatamente ao sítio de esca-
vação. Cada descoberta era importante para ela. Por que, então, per-
manecia em Edimburgo?
Será que ela precisava de tanto dinheiro para financiar suas esca-
vações? Se fosse esse o caso, talvez Arran pudesse falar Saffron em dar
um pouco mais.
Arran também não era completamente destituído também. Ele ti-
nha dinheiro em abundância, graças aos outros que criaram uma conta
quando ele tinha sido enviado para o futuro. Daria o dinheiro para Ron-
nie, se necessário.

209
Ela odiava esses eventos de arrecadação voluntária de fundos, e
se ela não precisasse ir, então poderia permanecer em suas escavações,
onde ela queria estar.
Ele passou a mão pelo rosto. A única coisa que o manteve durante
a noite era saber que Ronnie estaria aqui esperando por ele.
Eram horas até a festa. Ele tinha tempo para investigar mais sobre
as criaturas. Arran caminhou ao redor de um sofá e sentou-se. Então
chamou Fallon.
― Você não deveria estar com a adorável Ronnie? ― Fallon per-
guntou.
― Aye. Ela está fazendo algumas coisas. Ouça, acho que posso ter
encontrado alguma coisa sobre meus novos inimigos.
― Aaah! ― disse Fallon, prolongando a palavra. ― As novas cria-
turas.
― Já que estava em Edimburgo, pensei em fazer um pouquinho de
busca ao redor para ver o que poderia encontrar. Cerca de quatro qua-
dras do castelo de Edimburgo têm esta pequena loja de antiguidades.
Havia algo nela que me atraiu.
― Você descobriu o que era?
― Magia. ― respondeu Arran. ― Era fraca, mas estava vindo da
loja. Uma vez lá dentro, encontrei o que senti. Era um cálice.
― Um cálice?
― Um cálice bem antigo, e a magia não era tão forte como deve-
ria ser. Mas isso não é a parte interessante. O proprietário é um velho
que não têm muitos dias a viver. Seu sobrinho dirige o negócio, mas o
velho estava ali quando entrei. Fiz algumas perguntas para ver o quan-
to ele sabia.
― Isso foi sábio, Arran?
― Eu tive um palpite, como Gwynn muitas vezes diz. Tão perto
como a loja é do castelo, e tão antiga quanto é, Suspeito que já existia
quando os artefatos foram tirados do Castelo de Edimburgo...

210
― O homem sabia alguma coisa?
― Ele sabia, mas ele não iria me dizer no início. Mais tarde, eles
me pediram para voltar, e o velho admitiu que a loja tinha sido da famí-
lia por muitas gerações. É sempre transmitida através da família.
Fallon riu. ― Então sua coragem valeu a pena.
― Aye. Os monstros da caixa, Fallon, eles não foram criados como
Deirdre criou os wyrrans.
Houve uma pausa antes de Fallon dizer: ― Eu não acho que isso é
uma boa notícia.
― Fica pior. As criaturas são chamadas selmyr. O velho me mos-
trou um livro da antiga Mesopotâmia que fala desses seres. Eles foram
muito temidos por toda a terra.
― Merda!
Arran recostou-se no sofá e olhou para o teto. Odiava contar ao
resto, mas precisavam estar preparados. ― Eles gostam de caçar ou-
tros seres de magia. Eles se alimentam do nosso sangue. É o nosso
sangue que os sustenta.
― E os humanos? ― Fallon perguntou.
― Se eles ficarem no caminho, os selmyrs irão matá-los. Se for um
Druida, ele estará em tanto perigo quanto nós.
Fallon soltou uma longa série de maldições. ― Magia contra magia
novamente. Podemos ficar contra eles? Podem as Druidesas?
― Eu sei o que o sangue daquelas coisas me fez sentir na pele.
Também tive a infelicidade de ter sangue drough em mim também. O
sangue dos selmyrs é muito, muito pior, Fallon. E quando eles me mor-
diam, era como se estivessem drenando meu deus também. Meu poder
diminuiu, até o som de Memphaea enfraqueceu.
― E temos um enorme sinal de magia gritando por todo o mundo
sob a forma de escudo de Isla. Foda-se! ― Fallon berrou.

211
Arran conhecia a frustração que Fallon sentia, porque Arran tam-
bém a sentira. ― Ninguém vai ver os selmyrs chegando. Eles desapare-
cem como poeira no vento. Na verdade, é assim que eles viajam.
― Isso ajuda. ― disse Fallon suavemente. ― Mas não o suficiente.
Temos de descobrir algo que irá repelir o efeito do sangue deles. Espe-
cialmente se apenas exige contato com nossa pele. Pelo menos com
sangue drough, tinha que estar dentro de nós para doer.
― A história que me foi contado diz que os selmyrs foram contidos
por um grupo de mies. De alguma forma eles conseguiram prender os
selmyrs na caixa. Eu não sei como, nem o velho. Mas se pôde ser feito
uma vez, pode ser feito novamente.
Fallon soltou um longo suspiro. ― Pelo menos isso é uma boa notí-
cia. O velho disse de onde eram os Druidas? Talvez ainda haja alguns
por aí?
― Ele não sabia. Ele e seu sobrinho estavam indo fazer mais algu-
mas buscas através de seus arquivos depois que eu saí. Parece que
todo membro de sua família que possuiu a loja catalogou cada item que
foi trazido, e de onde veio, bem como quem comprou. Mas eles tam-
bém tomaram nota de acontecimentos estranhos da época.
― Você quer dizer, como os avistamentos dos wyrrans no ano pas-
sado.
― Aye. ― Arran riu. ― O velho teve a coragem de me perguntar o
que eu sabia sobre os wyrrans.
― O que você disse a ele?
― A verdade. Eles foram criados por uma drough que queria go-
vernar o mundo. Quando ele disse que os wyrrans foram mencionados
quatrocentos anos antes, ele perguntou se eram os mesmos.
― Eu acho que você lhe disse a verdade.
― Eu disse. Ele não tem medo de magia, nem seu sobrinho. Eu fiz
alguns amigos, Fallon. Se precisarmos deles, simplesmente precisamos
voltar aqui.

212
― Bom trabalho. Eu vou falar com Gwynn e os outros, e ver o que
eles podem descobrir on-line sobre estes selmyrs. Quando você e Ron-
nie voltarão para a escavação?
― Amanhã.
― E quando você vai voltar para casa? ― Arran olhou pela janela,
considerando suas opções. ―Isso não é tão simples.
―Nay, meu amigo, nunca é quando mulheres estão envolvidas.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Arran olhou ao redor do salão de baile e mal segurou sua exaspe-


ração. Ele pediu outro whisky do bar e olhou abaixo, para o verde escu-
ro, preto e amarelo de seu kilt. Não fazia muito tempo desde que ele
desistiu de seu kilt pelas roupas modernas, mas ele não tinha percebi-
do.
Sentia-se natural estar de novo em um kilt, mesmo que fosse ape-
nas meio kilt, quando pensava nisso.
― Você parece quase tão bem quanto eu. ― disse uma voz ao
lado de Arran.
Ele se virou para encontrar Camdyn vestido como ele e um sorriso
arrogante.
― O que você está fazendo aqui?
― Nós pensamos que você poderia usar um amigo ou dois. ― Saf-
fron disse quando ficou entre eles. Ela levantou-se na ponta dos pés e
beijou a bochecha de Arran. ― Além disso, eu não vejo Ronnie há al-
gum tempo, e eu a queria visitar.
― Isso é uma merda. ― disse Arran, sem esconder o sorriso. ―
Você queria me verificar.
Camdyn encolheu os ombros. ― Isso também.
Arran pediu um Martini francês para Saffron e um uísque para
Camdyn. ― Está lotado.

213
Saffron sorveu seu Martini enquanto olhava ao redor. ― Essas coi-
sas sempre estão quando a pessoa é alguém como Ronnie. Todo mun-
do sabe se investem seu dinheiro com ela, o retorno vale a pena. Ela
sempre encontra o que ela planeja.
― Claro que ela encontra. ― Camdyn disse com uma piscadela.
― Falando nesses fundos, ― disse Arran enquanto se voltava para
eles, apoiando o antebraço no bar. ― Ela odeia essas coisas. Ela está
perdendo a escavação porque ela tem que estar aqui. Vou dar-lhe al-
guns dos meus fundos.
― E você acha que Saffron deve dar mais, aye? ― Camdyn per-
guntou, sua sobrancelha levantada.
Arran levantou um ombro. ― Ronnie não é mais valioso no campo
do que nestas festas? ― Ele notou como Saffron estava olhando para
ele com um pequeno sorriso e uma expressão conhecida em seu rosto.
― O quê? ― perguntou Arran.
― Nada. ― disse Saffron, e se virou.
Eles se mudaram para um canto perto de uma das portas de vidro
abertas que levavam a uma varanda. A maioria dos homens estava se
vestindo semelhante a Arran e Camdyn, mas havia alguns que optaram
por um “smoking normal”, como Saffron disse.
As mulheres estavam vestidas com uma variedade de cores, em-
bora Saffron tivesse escolhido um vestido azul de meia-noite que
Camdyn não conseguia parar de olhar.
Arran sorriu enquanto os observava. Era óbvio que eles estavam
completamente dedicados um ao outro, mas então, era assim que
acontecia com todos os casais no Castelo MacLeod.
Ele nunca os invejara. Arran pensou que os seus amigos eram lou-
cos por terem mais preocupação em suas vidas ao encontrarem uma
mulher. Ele não tinha entendido antes, mas ele entendia agora.
Demasiado bem.

214
Casualmente, ele continuou olhando ao redor da sala por algum si-
nal de Ronnie. Já tinha passado bem o tempo em que ela deveria ter
chegado. Ninguém parecia preocupado, embora.
A comida estava sendo servida em bandejas de prata, e a bebida
fluía livremente. A música tinha enchido o grande salão desde que Ar-
ran chegara, e muitos convidados já estavam na pista de dança.
― Não se preocupe - disse Saffron. ― Ela estará aqui. E Pete está
com ela.
― Não, Pete voltou para a escavação para ajudar Andy com seus
novos achados.
― Ainda. Ela vai ficar bem, Arran.
Naquele momento, Arran sentiu algo mudar no ar, um golpe de
magia que o acariciou, envolveu-o. Cobriu-o. Isso fez seu sangue cantar
e seu pau se endurecer.
Ronnie.
Ele agarrou seu copo com tanta força que ouviu-o rachar. Quando
conseguiu, ele respirou fundo. Ele sabia exatamente onde ela estava
pelo fluir de sua magia. Ele não tinha percebido o quanto ele sentia fal-
ta dela até então.
Lentamente, seu olhar se moveu para as escadas que desciam
para o salão de baile. E o mundo caiu.
Ronnie estava deslumbrante em um vestido de ouro profundo que
abraçava seu corpo de seus ombros a seus quadris antes de fluir livre-
mente e sensualmente sobre suas pernas. Quando ela deu o primeiro
passo pelas escadas ele notou a fenda do vestido que terminava no alto
em sua coxa e dava-lhe uma visão de sua perna esquerda torneada.
Ele sorriu ao ver seu cabelo solto sofisticadamente por cima de um
ombro. Levou muito tempo, mas ele finalmente conseguiu ver todo
aquele cabelo incrível. Era mais longo do que ele esperava, parando
logo abaixo dos seios, roçando contra o volume em cada passo, até que
ele estava ainda mais duro, dolorido por ela.

215
O homem ao lado dela estava falando, mas os olhos dela estavam
examinando o salão de baile. Até que seus olhares colidiram.
Ela sorriu, seus olhos cor de avelã se iluminando, e Arran esque-
ceu tudo sobre Saffron e Camdyn. Ele se empurrou entre eles e cami-
nhou em direção às escadas enquanto Ronnie continuava em direção a
ele.
Ele parou, um pé no degrau inferior enquanto ele estendeu a mão
para ela. Ela estendeu a mão para ele, seu sorriso quente e acolhedor,
o desejo palpável e profundo. O ouro do vestido fazia seus olhos cor de
avelã parecerem mais brilhantes, e o delineador preto e a sombra de
olhos escura davam a seus olhos um tom de sedução que fazia seu
sangue arder.
― Meu Deus, você está linda. ― disse ele. Seus dedos coçavam
para arrastar o vestido de seu corpo, mas se manteve sob controle.
Havia um ligeiro rubor em suas bochechas enquanto olhava para
baixo. ― E eu nunca vi um homem mais bonito. Você foi feito para um
kilt, Arran MacCarrick. Eu sempre soube que você era aquele antigo
highlander que imaginei. Você provou isso hoje à noite.
Ele olhou para o material puro e brilhante de ouro que cobria seus
ombros e braços antes de mergulhar entre seus seios para mostrar um
decote substancial. O material transparente dava lugar a uma mistura
cintilante de seda que parecia ter sido feita especificamente para Ron-
nie. Tão tentador quanto o vestido era, ele achou quase impossível não
tocar seus cabelos. Era comprido e espesso, a cor ficava mais dourada
por seu vestido...
― Não acho que eu queira compartilhar você com todo mundo. ―
sussurrou Arran enquanto ele a puxava para o último degrau
― Não tente me deixar.
― Isso vai demorar muito?
― Não. ― ela admitiu com uma risada ofegante.
Ele adorava como seus olhos castanhos se enrugavam nos cantos
quando ela ria mas, mais do que isso, ele amava a sensação de sua
mão na dele.

216
― Saffron e Camdyn estão aqui.
Os olhos dela se arregalaram de surpresa. ― Onde?
Arran pôs a mão na parte inferior das costas para guiá-la e quase
engoliu a língua quando tocou a pele dela, morna e nua. Deixou-a ficar
um pouco à frente dele, para que pudesse olhar a parte de trás de seu
vestido.
Estava preso atrás do pescoço com o mesmo material transparen-
te, mas o resto de suas costas estava completamente nua até que o
material começava de novo em sua muito bem torneada bunda.
― Então? ― Ela perguntou enquanto olhava para ele por cima do
ombro.
Ele não tinha percebido que ela tinha parado, já que ele estava de-
vorando tudo dela. Ele limpou sua garganta, tentando esmagar seu
fora-de-controle desejo ardente. ― O vestido é lindo, como você bem
sabe. Mas você o faz um sucesso.
Ela não teve tempo para responder quando Saffron e Camdyn se
juntaram a eles. Arran ficou ao lado dela enquanto conversava com Saf-
fron. Seu olhar nunca deixou o rosto de Ronnie.
― Cuidado. Você pode achar você mesmo uma mulher, ― Camdyn
avisou.
Arran resmungou. Ele não se incomodou em dizer Camdyn que ele
já tinha. ― Não há nada de errado em admirar a beleza.
― Nay. Mas os olhares que você dá a outros homens quando ten-
tam se aproximar me faz pensar que você tem outra coisa em mente.
― Ela não gosta de ser tocada. Foi por isso que ela me trouxe.
Foi a vez de Camdyn grunhir. ― Isso foi uma desculpa. Ela quer
que você aqui tanto quanto você quer estar aqui. Negar o que está se
desenvolvendo é fútil. Confie em mim. Eu sei.
Arran ouviu os acordes de uma música nova, e viu como os olhos
de Ronnie se fecharam brevemente com prazer. Por uma vez, ficou feliz
com as mulheres no Castelo MacLeod por terem insistido em que ele
aprendesse a dançar.

217
― Vamos? ― Ele perguntou a Ronnie enquanto estendia a mão
mais uma vez.
―Sim, por favor. ― Ele a levou para a pista de dança e tomou-a
em seus braços.
Arran olhou para baixo em seu rosto deslumbrante, espantado que
tal mulher existisse. E estava com ele.
Ele estava acostumado a vê-la sem maquiagem, mas o que ela
usava agora só aumentava sua beleza em vez de distrair. Não havia ne-
nhuma joia além dos brincos de ouro pendurados para baixo de suas
orelhas com um único diamante na extremidade.
Eles se moviam facilmente com a música. Ele podia ver os outros
olhando para eles pelos cantos dos olhos, mas não se importava. Por
esta noite, Ronnie era dele.
Ele se lembrava muito bem da sensação dela contra ele, o gosto
de seus beijos. E ele queria mais dela. Tudo dela.
O pulso na garganta dela era errático, e seus olhos tinham escure-
cido como se ela soubesse o que ele estava pensando. Ficaram na pista
enquanto uma canção fluía para outra:
― Eu poderia ficar aqui a noite toda. ― ela murmurou.
Ele a moveu uma fração mais perto com um ligeiro puxão de sua
mão em suas costas. ―Aqui?
― Com você.
―Quanto tempo você tem que ficar?
Ela olhou para longe, pesar marcando o rosto. ― Eu tenho que me
misturar com essas pessoas se eu vou pegar seu dinheiro.
― E se eu te dissesse que você não teria que fazer mais isso? E se
eu lhe dissesse que os fundos estariam sempre lá?
― Seu olhar se lançou de volta para ele, surpresa e preocupação
em suas profundezas.
― De Saffron?

218
― Algo como isso.
― Você? ― Ela perguntou suavemente.
― Por que, Arran?
― Por que não? Você não quer estar aqui. Você quer estar no
campo.
― Pela primeira vez, eu quero estar aqui.
Tomou tudo o que ele não tinha para levantá-la em seus braços e
andar para quarto.
― Ronnie. ― ele sussurrou.
Os lábios dela se separaram. Como seria fácil se curvar e pegá-los.
Quão desesperadamente queria fazer exatamente isso. Mas isso era
uma festa, e ele não iria envergonhar Ronnie de tal maneira.
Mesmo se isso o deixasse dolorido também.
― Eu quis dizer por nós passarmos ontem e hoje juntos. ― ela
disse.
― Nós temos esta noite. ― Ele girou-a pela pista até que ela esta-
va rindo, seu sorriso largo. Arran não se importava que os homens esti-
vessem olhando para Ronnie com desejo.
Por esta noite ela era dele, e ele era dela.
Arran não queria pensar no amanhã ou nos dias posteriores. A
noite era sobre ela, sobre fazê-la sorrir e rir. De misturar seus corpos
até que ele não soubesse onde ele terminava e ela começava.
Depois de dançar, Arran escoltou-a de volta para Saffron e
Camdyn, mas ela logo foi bombardeada com pessoas que se aproxima-
vam dela, querendo que ela falasse sobre seu projeto e o que faria em
seguida.
Ele sabia que ela precisava andar pelo salão, mas ficou ao lado
dele e deixou que as pessoas viessem até ela. A maioria ofereceu di-
nheiro para ajudar a financiar seus projetos na esperança de que seus

219
nomes pudessem ser anexados aos próximos grandes achados dela.
Ronnie simplesmente sorria e agradecia-lhes.
Ocasionalmente, ele a levava de volta a pista para que pudessem
ter alguma privacidade. Quando um homem tentou interromper a dan-
ça, bastou uma encarada de Arran para enviá-lo para longe.
Isso pareceu deixar claro a todos outros que ela estava fora do li-
mite.
Mesmo enquanto Arran lutava contra levar Ronnie da festa, Ele viu
que o bom momento ela estava tendo. Seu copo de champanhe nunca
estava vazio, e quando ela não estava falando com financiadores em
potencial, ela estava rindo com Saffron ou sorrindo para ele enquanto
dançavam.
Ele queria que ela se lembrasse dessa noite para sempre. Mas não
era só para ela. Era para ele também. Ele não tinha admitido a nin-
guém, mas Arran tinha odiado este mundo moderno em que se encon-
trava.
Havia conveniências como água corrente quente e os banheiros in-
ternos, mas não era o mesmo. Ele perdeu seu tempo. Ele sentia falta
das coisas simples e fáceis. Agora as pessoas nem se olhavam na rua
quando passavam porque estavam ocupadas em seus celulares.
Mas hoje à noite ele estava mais do que feliz por conhecer a músi-
ca que eles dançavam e, mais importante como segurar Ronnie e girar
através da pista.
A última dança terminou, e por longos momentos Arran e Ronnie
ficaram exatamente como estavam. Seus olhares estavam trancados, o
desejo tangível, tornando-se uma coisa viva, respirando entre eles.
Cada vez que ele a abraçava, ele a queria mais. Sua fome estava
crescendo a cada minuto que passava. E ele sabia, no fundo de sua
alma, que uma vez que estivesse dentro dela, nunca teria o suficiente.
Ronnie era uma mulher extraordinária. Ela era única, distinta. In-
substituível

220
Ela foi feita para ele. Ele sabia disso no fundo de seu ser. Talvez
não quisesse encontrá-la, mas aqui estava ela. E agora que estava em
seus braços, ele nunca queria deixá-la ir.
Sua mão se moveu das costas dela para seu lado. Com os toques
mais suaves, ele correu o polegar sob seu seio. Ela respirou fundo
quando seu olhar escureceu. Até mesmo aquela leve sensação de seu
seio fez o corpo dele ficar fora de controle.
― Arran. ― Ela murmurou, e tocou sua bochecha.
O mundo caiu até que eram apenas os dois. Ele a puxou para mais
perto até que seus corpos estavam tocando de ombro a quadris. O pul-
so em sua garganta batia rapidamente, tão rapidamente quanto seu co-
ração.
Ele os deslocou até que ele tinha um braço em volta dela e seu
outro estava entre eles. Seus lábios se abriram em um suspiro quando
sua mão deslizou debaixo de seu seio e segurou o peso dele.
Em todos os seus anos, ele nunca tinha encontrado uma mulher
como Ronnie. Ela era linda, genuína, impulsionada e pura de coração.
Ela o tocou de maneiras que ele não tinha pensado possível. Com ape-
nas um olhar, ela o deixou fascinado, com apenas um sorriso, ele ficou
apaixonado.
A inconcebível fome, o indescritível desejo que ele tinha por ela
não poderia ser explicado. E ele não se importava. Era suficiente que
ela estivesse em seus braços.
O feitiço foi quebrado quando alguém disse seu nome dela e tocou
seu ombro. Arran deixou cair a mão e se moveu para o lado para per-
mitir que ela se despedisse dos convidados.
― Nós ficaremos no hotel,― Saffron disse enquanto ela caminhava
até ele.
Camdyn deu-lhe um tapinha no ombro. ― Fallon nos atualizou so-
bre o que você lhe disse mais cedo. Nós estamos no final do corredor
de você e Ronnie, no caso de algo acontecer.
― Nada vai acontecer. ― Arran disse. ― Se os selmyrs estivessem
aqui, teríamos sabido disso. De qualquer forma, é bom tê-los por perto.

221
Camdyn sorriu e puxou Saffron contra ele. ― Tudo que você preci-
sa fazer é dar um grito se você precisar de mim. Eu o ouvirei.
E ele o faria com seus sentidos de Guerreiro. Arran não achava
que ele precisaria deles. A noite não seria prejudicada por ninguém ou
qualquer coisa que pudesse perturbar Ronnie.
Sem selmyr, sem droughs, sem ataques de Guerreiros.
Talvez ele tivesse imaginado que havia um novo mal quando real-
mente não existia. Talvez a profecia não tivesse sido sobre Ronnie. Essa
parte de sua vida tinha acabado. Ele se voltaria para trancar os selmyrs
de volta.
E Ronnie.
Com ela, ele poderia quase desfrutar do mundo moderno. Porque
ela o fazia feliz.

222
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

― Pronta para sair? ― Arran perguntou.


Ronnie sorriu e assentiu. ― Muito. Eu não posso sentir meus de-
dos do pé nestes sapatos toda a noite. Isso é o que eu recebo de ir de
botas a salto alto.
Arran sorriu, mas quando ele a viu estremecer quando ela deu um
passo, ele envolveu um braço em volta dela para sustentá-la. Ele a con-
duzia até a escada quando viu um homem encostado na parede. Um
homem que tinha certeza de que reconhecia.
― O que foi? ― Ronnie perguntou quando ele os parou.
Um momento depois, Camdyn e Saffron se aproximaram.
― Arran? ― Camdyn disse, uma pequena ruga de preocupação
marcando sua testa.
Arran olhou para Ronnie. Ele queria levá-la para o quarto e fazer
amor lento, doce com ela, mas ele não podia fazer isso até que ele ti-
vesse certeza de que não havia ameaça. Ele tinha que mantê-la a salvo.
Saffron sorriu e passou o braço pelo Ronnie. ― Eu não sei sobre
você, garota, mas eu estou exausta. Desde que os meninos obviamente
precisam de um momento, por que não vamos até nossos quartos?
Quando Ronnie hesitou, Arran assentiu. Uma vez que as mulheres
subiram as escadas e no elevador, Camdyn entrou em sua linha de vi-
são.
― Diga-me. ― ele exigiu.
Arran acenou com a cabeça para as pessoas que passavam en-
quanto ele sussurrava. ― O homem encostado na parede atrás de
você. Eu o vi hoje.
Camdyn riu e deu um tapa no ombro como se Arran tivesse lhe
contado uma piada. Quando um garçom passou, Camdyn mudou de
posição e pegou uma taça de champanhe.

223
Ele inclinou o copo para seus lábios para agir como se estivesse
tomando um drinque e perguntou: ― Aquele com a cabeça raspada e a
barbicha?
― Esse mesmo.
― Onde? ― perguntou Camdyn.
― Nas ruas esta tarde. Eu encontrei com ele.
Camdyn baixou o copo e suspirou. ― Quais são as chances dele
estar aqui?
― Conosco, eu não acredito em coincidência. Pessoas com dinhei-
ro e muito dinheiro foram convidadas. Pela calça jeans e camisa que ele
tinha antes, ele tem algum dinheiro, mas não o tipo que iria fazê-lo ser
convidado aqui.
― Quer que eu o questione?
Arran flexionou a mão. ― Eu digo que nós dois o questionemos.
― Oh, eu gosto dessa ideia.
Uma vez que o salão de baile não tinha sido esvaziado de tudo,
eles tiverem que tecer seu caminho através das pessoas para chegar à
parede do fundo. E quando chegaram lá, o homem tinha ido embora.
― Droga - disse Arran.
― Podemos ir procurá-lo se você achar que ele represente uma
ameaça.
Arran pensou em Ronnie esperando por ele em sua suíte, da ne-
cessidade ainda percorrendo seu sangue.
Do desejo que ele tinha visto em seus olhos.
Ele podia passar a noite procurando Edimburgo pelo homem e ain-
da não encontrá-lo.
― Ou você poderia ir até Ronnie. ― Camdyn disse. ― Nós esta-
mos acostumados a ter algo para lutar, e nós temos os selmyrs. Mas
também precisamos nos acostumar com a ideia de não haver Deirdre
ou Declan com os quais lutar.

224
Arran esfregou a mão sobre o queixo. ― Você está certo. Vá para
a sua esposa.
― E você para Ronnie.
― Esse era o meu plano. ― disse com um sorriso.
― Há algo aí. Não negue isso. Todos viram isso hoje à noite.
Arran subiu os degraus ao lado de Camdyn. ― Eu sei que ela não
é nada como outras mulheres que eu conheci. Ela é ... diferente.
― Você está apaixonado. Acontece.
― Ela foi ferida, Camdyn, e ela é lenta para confiar. Não quero as-
sustá-la.
Eles chegaram ao elevador, e Camdyn apertou o botão para subir.
― A propósito, ela estava olhando para você esta noite, eu não acho
que você tem muito com que se preocupar, meu amigo.
― Eu espero que você esteja certo. ― disse enquanto eles pisa-
vam no elevador.
Porque Arran sabia que ele não poderia ter uma vida sem Ronnie.

225
CAPÍTULO VINTE E CINCO

Levou apenas dois toques para Jason atender o telefone. ― O


quê? ― perguntou ele.
Dale suspirou e observou MacCarrick deixar o a festa com outro
guerreiro. ― Encontrei uma Druidesa.
― Encontrou? ― perguntou Jason, com a voz cheia de curiosida-
de. ― Quem?
― Você não vai acreditar, mas é a Dra. Reid.
― Interessante.
― Ela é uma mie.
Jason riu. ― Brilhante. Traga-a para mim. Não 'só vamos descobrir
o que estava na câmara que ela abriu, mas podemos aprender mais so-
bre MacCarrick. E então, claro, vamos convertê-la para drough.
― MacCarrick chegou nela primeiro. Eu não sei se ela vai quebrar
tão facilmente.
― Oh, ela vai quebrar, Dale. Deixe isso para mim. Apenas me dê a
Druidesa. Oh, e eu tenho uma surpresa chegando para você.
A chamada terminou, e Dale desligou o telefone enquanto saia
rápido do hotel. Ele não sabia qual era a surpresa de Jason, mas espe-
rava que fosse algo contra MacCarrick.
Dale daria uma surpresa ele mesmo. Jason ficaria emocionado
quando ele chegasse com ninguém menos que Saffron.
***
Ronnie andou pelo quarto. Ela tirou os sapatos, mas não fez nada
mais. Esta noite tinha sido como um sonho. Arran tinha sido o homem
mais bonito lá, e ele nunca tinha deixado seu lado. Ele foi atento, aten-
cioso, e escutou interessado a qualquer coisa ela disse.
Ao todo, ele era magnificamente perfeito.

226
Ela nunca tinha conhecido um homem como Arran, e agora que
ela o encontrara, ela se perguntou se ela poderia deixá-lo ir. Pela pri-
meira vez em sua vida, sentira-se como a princesa que fingira ser uma
moça.
Tinha dançado com ela uma e outra vez, com a mão firme e segu-
ra. Ele a fizera sorrir e rir, e se fosse possível, ela o desejava mais do
que o dia anterior.
Havia tantos lados de Arran. Ela tinha visto seu lado protetor esta
noite quando ele manteve os homens longe dela. Algumas mulheres
podiam não gostar disso, mas ela gostou.
Ela foi capaz de se divertir como nunca antes. Foi capaz de falar
sobre suas escavações, e tudo o que ela tinha feito, bem como o que ti-
nha planejado em seguida, sem se preocupar com os homens que se
aproximavam dela.
Pela primeira vez desde que ela estava fazendo os eventos, ela fi-
cou à vontade. Deve ter mostrado, também, porque tinha levantado
mais dinheiro do que nunca.
O que havia mantido Arran e Camdyn lá abaixo? Saffron lhe asse-
gurou que tudo estava bem, mas Ronnie não estava tão certa. Os mús-
culos do braço de Arran se apertaram sob sua mão um segundo antes
que ele os parasse.
Ele tinha ficado em alerta, cada um de seus sentidos treinado em
alguém ou algo. Não deve ter sido muito perigoso ou ele não a teria
deixado fora de sua visão.
Ronnie sorriu. Engraçado que ela gostava de como ele era prote-
tor. Tinha estado sozinha por tanto tempo, não tinha percebido o que
estava perdendo. Até Arran.
Não havia dúvida de que ele poderia se deixar levar com isso, mas
ela poderia gostar tanto quanto o resto.
Sentou-se no banco na frente da cama e começou a deixar sua
mente vagar através da noite surpreendente. Tinha sido tão fácil estar
em seus braços, como se eles estivessem destinados a ser.

227
O som da porta da suíte abrindo e fechando filtrou através de sua
porta do quarto. Excitação correu através dela quando ela abriu os
olhos e sorriu. Ela se levantou e apertou sua orelha contra a porta en-
quanto tentava escutar o que Arran estava fazendo.
Ela poderia ficar em seu quarto e nunca dar o próximo passo.
Nunca saber se fazer amor com ele seria tão glorioso como ela pensava
que pudesse ser. Ela nunca saberia como as mãos dele seriam sobre
seu corpo ou a sensação de seus músculos sob suas mãos.
Isso deixava-a tonta de saudade. Houve mesmo um instante em
que pensou que ele poderia beijá-la na frente de todos.
E como ela gostaria que ele tivesse.
Ela lambeu os lábios e pegou a maçaneta. Silenciosamente, ela
abriu a porta e viu Arran parado na escuridão da sala.
Ele tinha as portas de vidro para a varanda aberta, uma mão en-
costada no batente da porta. As cortinas de ambos os lados da porta se
erguiam na brisa da noite.
Arran tinha tirado sua jaqueta, gravata, sporran e cinto. Eles esta-
vam colocados ordenadamente sobre a mesa ao lado do sofá. Ele esta-
va de pé contra o contorno da noite como se ele pertencesse a ela,
como se ele fosse algo de uma lenda das Highlands que veio à vida.
Lentamente, ele virou a cabeça e a viu. A metade de seu rosto es-
tava moldada em sombras, mas as luzes do exterior permitiam que ela
visse seu sorriso torto.
― Tudo bem? ― perguntou ela.
― Aye. Você?
Ela caminhou em direção a ele, seus dedos roçando as costas de
um sofá. Ele conhecera sua indecisão e lhe dera tempo. Sua voz dizia o
que suas palavras não diziam, -que ela teria que ir até ele.
― Eu diria que foi definitivamente um sim.
― Então você teve uma boa noite?

228
Ela engoliu em seco, a boca rapidamente seca ao pensar no modo
como ele a segurou, com firmeza, com confiança, enquanto dançavam.
― Eu tive uma noite fabulosa, como você bem sabe. Obrigada.
Ele se virou para encará-la, e ela viu que ele tinha desabotoado a
camisa para expor uma seção de sua garganta bronzeada. Ele também
segurava um copo na outra mão. Ela andou em volta da mesa lateral e
depois fechou a distância entre eles.
Agora que ela estava em pé, apenas uns 30 cm afastada dele em
frente às portas abertas, a brisa fresca da noite a fez estremecer. Até
que ela olhou nos olhos dourados de Arran.
― Não há necessidade de me agradecer. Eu tenho que admitir
que também me diverti muito. ― disse ele.
― Você não pensou que faria isso?
Ele deu de ombros. ― Nay, na verdade. As mulheres do castelo
MacLeod me ensinaram a dançar. Bem, eu e os outros que haviam via-
jado no tempo. Eu não queria aprender. Agora, estou muito feliz por ter
feito.
― Eu também. Eu normalmente não danço. Espere. Você acabou
de dizer “viajado no tempo”?
Ele sorriu. ― Aye. Estou neste tempo há pouco mais de um ano.
Quando Deirdre foi puxada para a frente no tempo, as Druidesas ajuda-
ram alguns de nós a fazer o mesmo para rastreá-la.
― Tantas histórias que eu quero ouvir. Você leva uma vida aventu-
reira.
― Uma perigosa. ― ele advertiu.
Ela apoiou um ombro contra a moldura da porta.
― Você está tentando me assustar?
― Pelo contrário, moça. Eu quero muito você na minha vida.
Seu estômago pulou em sua garganta com suas palavras, ditas no
sombrio e profundo sotaque irlandês. ― Você quer?

229
― Você finge não saber o que eu quero?
Sumiu qualquer medo que ela tinha do que aconteceria com ela e
Arran. Ela pedira honestidade, e era isso que ele estava lhe dando. Era
justo que ela desse o mesmo. ― Eu sei. Eu estava com medo antes.
― Não está agora?
Ela balançou a cabeça e sorriu. ― Agora não. Não mais.
Ele levantou o copo curto para seus lábios e tomou o líquido âm-
bar. ― É uísque escocês. Isto é da minha destilaria favorita, Dreagan.
Estão ao redor há muito tempo aqui na Escócia, e fazem o uísque mais
suave que você beberá.
― Eu não bebi uísque antes.
― Gostaria de experimentar?
― Sim, eu acredito que sim.
Ele estava se voltando para a pequena mesa cheia de bebida. E
então, antes que Ronnie perdesse a coragem, ela deu o passo que os
separava e beijou-o. Instantaneamente seu braço veio ao redor dela,
segurando-a forte contra seu corpo firme. Seu braço era como uma fai-
xa de aço, sua mão estendida sobre suas costas. Ronnie esqueceu-se
de respirar enquanto se encontrava encurralada contra o peito duro de
rocha que ela passara dias contemplando e horas sonhando.
Seus lábios se separaram e sua língua varreu em sua boca. O sa-
bor do uísque estava em sua língua, e só adicionado ao beijo de para-
coração. Ele gemeu e inclinou-a sobre seu braço. Assim como antes,
Ronnie sentiu o mundo desaparecendo. Ela estava flutuando, deslizan-
do.
Aparentemente.
Ela ouviu uma leve batida de vidro na madeira, e então o outro
braço de Arran se fechou sobre ela. Ele virou a cabeça e aprofundou o
beijo.
Ela poderia ter iniciado o beijo, mas Arran rapidamente assumiu.
Ninguém a tinha beijado como ele. Ele não era apenas habilidoso - ele

230
sabia exatamente o que fazer para abanar as chamas do desejo até que
estivessem em espiral fora de controle.
Sua mão grande calejada era quente enquanto ele estendeu os
dedos sobre a parte inferior das costas nuas dela. Um dos dedos dele
mergulhou na borda de seu vestido onde caiu em um V apenas milíme-
tros acima de sua bunda.
― Eu amo este vestido em você, ― ele disse entre beijos.
Ronnie deixou cair sua cabeça para trás enquanto boca dele mo-
veu para baixo para seu pescoço.
― Eu nunca fui tão ousada.
Sua cabeça levantou para que ele pudesse olhar para ela. ― No
design do vestido ou do nosso beijo?
― Ambos. ― respondeu ela. Seu sorriso era lento e sedutor.
― Exatamente o que eu queria ouvir. Eu tenho fome de você des-
de o nosso primeiro beijo.
Ela agarrou seus ombros, seu peito subindo e descendo rapida-
mente enquanto lutava para obter seu corpo sob controle. Mas, nova-
mente, nada estava sob controle para ela quando Arran estava por per-
to.
Era como se ele a nocauteasse, girando sua bússola interior em
círculos. A única coisa que a mantinha erguida e focada era ele.
― Eu não vou impedir você. ― ela disse quando percebeu que ele
estava dando a ela outro tempo. ― Eu quero isso. Eu quero você.
Sua boca tomou a dela em um beijo feroz e exigente. Isso roubou
sua respiração, roubou sua alma. E ela estava feliz em dar. Daria tudo
de si mesma por causa de quem ele era, o homem que a cortejara, a
atraíra.
Seduziu-a.
Ela mergulhou as mãos em suas longas e escuras mechas. Seus
cabelos eram frios e macios ao toque, e quando ela raspou as unhas

231
suavemente ao longo de seu pescoço, de seu peito, ele gemeu profun-
damente em seu seio.
Levou um momento para compreender que ele estava abraçando-
a enquanto eles se beijavam, guiando-a para o quarto dele. O coração
de Ronnie estava batendo com excitação e desejo.
Ela não afrouxou seu abraço, mesmo quando as costas de suas
pernas bateram contra a cama. Arran ergueu a cabeça e travou os
olhos com os dela.
Seu olhar dourado ardia de necessidade. A visão fez seu estômago
virar e seu sangue queimar enquanto corria através de seu corpo. Ela
tremeu, não pelo ar fresco, mas porque o desejava tão desesperada-
mente.
Ele afundou suas mãos em seus cabelos em ambos os lados da ca-
beça e lentamente puxou-os para fora, deixando os fios cair entre seus
dedos.
― Você não faz ideia Quanto tempo eu quis fazer isso. ― disse ―
Seu cabelo é glorioso.
― Ele fica no caminho quando estou trabalhando.
Ele girou uma mecha em torno de seus dedos. ― Aye, mas cabe-
los como este devem ficar soltos, me tentando quase tanto quanto seus
lábios.
― Meus lábios? ― Ela repetiu surpresa. O que poderia ser tenta-
dor em seus lábios?
― Oh, aye, seus lábios. ― Ele deixou cair seu cabelo e correu a
ponta de seu polegar ao longo de seu lábio inferior. ― Seus lábios pro-
vocam-me com sorrisos, repreendem-me com aquela língua afiada, e
despertam-me com seu gosto doce. Seus lábios, querida Ronnie, são
uma tentação que eu não posso ignorar.
― Então não ignore.
Com uma mão espalmada nas costas dela, ele se inclinou para
frente até que ela estava caindo na cama. Sua outra mão pegou-os an-
tes que ela pudesse bater, e ele lentamente a baixou para o colchão.

232
― Não é apenas seus lábios que mexe comigo. ― ele sussurrou
naquela voz profunda que a fez tremer, sua boca pairando sobre a dela.
― O que mais?
A voz dela era realmente tão sem fôlego, tão suave? Ela não devia
ter ficado surpresa. Arran produzia todos os tipos de sentimentos estra-
nhos e excitantes nela. Ela queria mais. Ela queria que isso nunca aca-
basse.
O que era impossível, uma vez que ela era mortal e ele imortal. Ele
beijou um ponto onde sua orelha se encontrava com sua mandíbula.
― Você não adivinhou?
― Não. ― Ela estava tendo problemas para se concentrar com seu
grande corpo cobrindo o dela e sua excitação pressionada contra seu
estômago.
― Toda você, querida moça. Toda você.
As palavras dele, sua verdade e simplicidade, a fizeram querer
chorar. ― Onde você esteve toda a minha vida?
― Acho que estive tentando te encontrar, ― ele sussurrou.
Essas palavras estilhaçaram qualquer pequena resistência que ela
tinha em seu coração para se proteger dele. Com seis palavras ele tinha
tomado seu coração, e ele nem mesmo sabia disso.
Desta vez quando ele a beijou, foi lento, estimulando. Sentia toda
a sua necessidade, seu anseio. Sua fome.
E correspondia a sua própria.
Ele pegou os braços dela e os moveu para cima sobre sua cabeça.
As maravilhosas mãos dele acariciaram seus braços até que ele entrela-
çou seus dedos com os dela, nunca quebrando o excitante e crescente
beijo.
Ronnie amou a sensação dele em cima dela. Ela correu o pé ao
longo de sua panturrilha nua, apenas agora percebendo que ele tinha
tirado suas meias e sapatos.

233
Ela ofegou quando ele esfregou seus quadris contra os dela. Seu
sexo se apertou em resposta. Fazia tanto tempo para ela, a necessida-
de a enchendo, seus beijos estimulando-a.
De repente, ele a montou e levantou-se de joelhos para arrancar
sua camisa. Ronnie sorriu enquanto passava as mãos em de cintura es-
treita ao nervo ondulado do abdômen e depois ao seu peito musculoso.
Ela queria fazer isso desde a primeira vez em que o viu sem cami-
sa. Tantas vezes ela olhou para aqueles músculos, sentiu-os contra ela.
Mas agora, eles eram dela para tocar, mesmo que fosse por uma noite.
Ele agarrou seu braço e a puxou para que ele pudesse beijá-la.
Mas Ronnie não tinha acabado de tocá-lo ainda. Ela empurrou, virando-
o, contra seu ombro até que ele caiu lateralmente de costas.
Ela ficou em cima dele, e ele tirou seu vestido de modo que era a
sua vez de escarranchá-lo. ― Eu pensei que os homens com músculos
como os seus eram apenas brutos e burros.
― Nós somos. ― ele disse com um sorriso.
― Não, você é muito mais. ― ela disse enquanto se inclinava e
beijava seu peito.
Ele segurou seu rosto em ambos os lados e tomou sua boca em
um selvagem, e faminto beijo. Os mamilos dela se agarraram ao vesti-
do enquanto esfregavam no peito dele. Seus inchados e cheios.
Ronnie se agarrou a ele quando ele se sentou e escorregou até o
final da cama, onde se levantou e se virou. Depois, colocou-a com ter-
nura na cama. Ele terminou o beijo para que ele pudesse se ajoelhar na
frente dela.
Ela estremeceu com o olhar possessivo e faminto em seus olhos
porque nenhum homem a tinha olhado com tanta necessidade. Ne-
nhum homem a tinha olhado nunca como se ela fosse o centro de seu
mundo.
Até Arran.
Ele gentilmente enganchou seu polegar no material transparente
em seus ombros e puxou-o abaixo num braço, antes de repetir o pro-

234
cesso em seu outro. Logo ela estava livre do vestido da cintura para
cima.
― Meu Deus. ― ele murmurou.
Os olhos de Ronnie viraram quando ele tomou seus seios e correu
os polegares sobre seus mamilos doloridos. O calor e o desejo corriam
através de seu corpo para se juntarem entre suas pernas.
E a noite estava apenas começando.

235
CAPÍTULO VINTE E SEIS

Arran não conseguia ter tudo de Ronnie, não podia tocá-la o sufici-
ente. Sua pele estava morna e suave. Os suaves suspiros que vinham
de seus lábios inchados só o faziam a desejar mais.
Ele massageou seus seios e observou seus mamilos rosa pálido
endurecer. Ele já tinha se empurrado ao limite a abraçando, ele não ti-
nha certeza quanto tempo mais esse controle iria continuar.
Sua cabeça rolou para o lado, concedendo-lhe acesso a seu pesco-
ço delgado. Arran não perdeu tempo em beijar ao longo da coluna de
sua garganta.
Com um movimento de sua mão, ele tirou seu kilt. Ele se levantou
e se inclinou sobre Ronnie para que ela estivesse deitada de volta na
cama.
― Quero te ver. ― sussurrou ela.
― Temos toda a noite. Agora, você é minha.
Arran deslizou a mão sob as costas dele quando a montou. Então
ele deu um puxão e trouxe para cima, e justo como ele esperava, seu
vestido deslizou fora de suas pernas.
Ele deixou seu olhar correr por seu corpo e espiou a pequena tira
de renda entre suas pernas.
― Eu acho, moça, você tem roupas demais.
Ela sorriu, seus olhos semicerrados e seus lábios inchados. ― Você
não gosta da minha tanga?
― Tanga? ― Ele repetiu lentamente antes de virá-la para seu lado
para que pudesse ver a tira de material desaparecer entre suas náde-
gas. Seu pau saltou com a visão.
― Eu acredito que você gosta? ― Ela perguntou com um sorriso.
― É isso que você normalmente usa?
― Sim. Ela rolou de costas e o observou.

236
Ele tentou engolir. Ele nunca seria capaz de olhar para ela nova-
mente sem saber sobre o fio dental. O que era sua intenção.
― Quanto você gosta desta... tanga? ― Ele perguntou.
Ela passou uma mão pelo peito dele, parando justo perto de tocar
sua vara dura e dolorida. ― É apenas uma calcinha.
― Bom.
Ele estendeu uma mão e deixou uma garra branca esticar de seu
dedo. Ela ofegou, mas não havia medo em seus olhos castanhos. Seu
olhar nunca vacilou enquanto seguia sua mão até seu quadril, onde Ar-
ran deslizou a longa garra embaixo do material e cortou. Com apenas
uma pausa, ele repetiu no outro quadril e observou a tanga cair.
Sua mão foi de repente sobre o dele enquanto um de seus dedos
correu ao longo da borda superior de sua garra.
― Cuidado. ― ele advertiu. Suas garras eram afiadas, e ele não
queria cortá-la.
Seus olhos encontraram os dele com determinação e necessidade,
e que apouca restrição Arran tinha quebrado. Ele a beijou com força e
com pressa, seu desejo montando-o inflexível. Obstinadamente.
Implacavelmente.
Ele se sustentou por um cotovelo enquanto sua outra mão percor-
ria seu corpo. Arran tinha dado uma olhada em sua forma esbelta no
vestido de ouro, mas não era nada como tocá-la.
Ele acariciou seu lado para o oco de sua cintura, e então sobre o
suave inchaço de seus quadris até suas pernas tonificadas.
Essas pernas deslumbrantes se separaram para que ela estivesse
aberta para ele, os cachos de ouro pálido escondendo seu sexo dele.
Ele a segurou, um grunhido soando fundo em sua garganta quando ele
a encontrou molhada e pronta para ele.
Os dedos dela cravaram em suas costas quando ela sugou em
uma respiração rápida. Ele observava seu rosto e cada emoção que
passava por dele. Ela não segurou nada, não guardou nada dele.

237
Pela primeira vez, Arran acreditava que uma mulher estava se dan-
do totalmente para ele. E algo estranho aconteceu em seu peito, quase
como se algo se movesse.
Ele não pensou mais nisso enquanto enfiava um dedo dentro dela.
Seus quadris balançaram contra sua mão. Quanto ele queria empurrar
dentro dela, sentir suas paredes segurá-lo.
Mas Arran não estava pronto para isso acabar logo.
Ele segurou-se no controle e se inclinou para envolver seus lábios
em torno de um mamilo inchado. Sua língua girou em torno do mamilo
antes de sugar.
Um grito saiu dos lábios de Ronnie, seu corpo se enrijeceu por um
instante antes de arquear as costas. Ele sorriu e se moveu para o outro
seio.
A forma como seu corpo reagia a cada toque fez Arran querer dar-
lhe mais. Ele a queria gritando seu nome, seu corpo corado e lânguido.
Ele beijou seu estômago e em torno de seu umbigo até que sua
boca pairou sobre seus cachos de cor de trigo. Ele acrescentou um se-
gundo dedo àquele dentro dela e manteve o ritmo lento de seus dedos
deslizando dentro e fora dela.
Com uma mudança de seus ombros, ele colocou-se entre suas co-
xas que se espalharam ainda mais. Ele a lambeu lentamente, sensual-
mente.
As mãos dela se agarraram na colcha e suas pernas enrijeceram
contra ele. Mas ele estava apenas começando. Ele colocou a boca con-
tra seu sexo e passou a língua de um lado para outro sobre o clitóris.
O som de seus gritos cresceu mais alto, mais longo, mais ele con-
tinuava a provocá-la. Ela disse seu nome, sua cabeça movendo-se de
um lado para o outro.
Ele sentiu seu corpo apertar, sabia que ela estava perto. E pouco
antes do clímax a levar, ele se afastou. Ela deu um grito frustrado que
trouxe um sorriso aos lábios dele.

238
Alguns segundos depois, ele retomou a provocação. Ele amava o
sabor dela em sua boca, amava a sensação de seu sexo se contrair em
torno de seus dedos quando ele uma vez mais a trouxe para a borda.
Não demorou muito para ter seu corpo tremendo de necessidade,
seu peito subindo e descendo rapidamente. Mas dessa vez ele não pa-
rou.
Não quando ele sentiu suas pernas apertá-lo. Não quando seu cor-
po se enrijeceu. Não quando suas costas arquearam fora da cama.
Um grito estrangulado rasgou de a garganta dela quando as pare-
des de seu sexo apertaram em torno de seus dedos. Ele bombeou sua
mão mais rapidamente enquanto sua língua continuava a lamber.
Ele prolongou seu clímax até que ela estava lânguida na cama, seu
peito arfando. Só então ele se levantou sobre ela, enganchando um
braço sob seu joelho como ele fez.
Seus olhos se abriram e olharam para ele. Ela passou as mãos pe-
los braços e sobre os ombros antes de puxá-lo para baixo para um bei-
jo.
Arran sacudiu quando ela envolveu seus dedos em torno de seu
pau e acariciou lentamente para cima e para baixo o comprimento. Ele
gemeu, balançando os quadris no tempo com seu ritmo.
Ele quebrou o beijo e apertou sua mandíbula para evitar gozar. Se-
ria tão fácil desistir, deixar que ela o levasse para lá. Mas ele se conte-
ve. De alguma forma.
Seu agarre apertou uma fração, fazendo com que ele gemesse de
prazer. ― Ronnie. ― ele alertou.
Só então ela o guiou até sua entrada. Seu peito apertou com a pri-
meira sensação de suas paredes quentes e lisas. Ela estava incrivel-
mente apertada, e ele abriu caminho dentro dela até ela finalmente o
tomar todo.
As pernas dela enrolaram em torno da cintura dele enquanto seus
braços envolveram o pescoço. Ele lentamente se afastou dela e se man-
teve imóvel por um momento. E então ele empurrou duro dentro dela.

239
Seus lábios se separaram com um gemido. Ele estabeleceu um rit-
mo constante, mergulhando mais e mais cada vez. Seus olhos se en-
contraram, seus corpos se movendo em harmonia.
Nenhuma palavra era necessária. Tudo estava sendo dito através
do toque, através da união deles.
De repente, a magia de Ronnie começou a cercá-los. Arran poderia
não ser capaz de ver isso, mas ele podia senti-la através de cada centí-
metro de seu corpo. Aumentando sua paixão, impelindo-o para a fren-
te.
Ronnie agarrou-se a ele enquanto a impulsionava cada vez mais
alto. O som da pele encontrando pele misturou com suas respirações
ásperas. Ela não podia desviar o olhar de Arran, e não queria.
No seu olhar dourado havia uma emoção profunda e primordial
que ela não conseguia identificar. Em cada um de seus movimentos, ele
a reivindicava, corpo e alma.
E ela ansiosamente, voluntariamente deu isso a ele.
O suor brilhava ao longo de seus corpos. Ela pode sentir o desejo
dela se esticar mais baixo em seu ventre mais uma vez, enrolando cada
vez mais apertado.
Os músculos de Arran se aglomeravam e deslocavam sob suas
mãos a cada movimento. A pele parecia muito apertada ao redor dela.
Seus nervos estavam tensos enquanto ela se elevava em direção ao clí-
max.
Como se Arran soubesse o que estava acontecendo, inclinou-se
para que sua ereção se aprofundasse mais em seu corpo. Ele era impla-
cável, cruel em seu caminho para trazer prazer a ela.
As unhas curtas dela cravaram na pele dele quando sentiu o or-
gasmo vindo. Não havia como segurar isso, sem parar.
Justo quando ela pensou que não pudesse suportar mais, foi varri-
da em uma onda de felicidade tão profunda, tão intensa, foi cegada por
isso.

240
Ela agarrou os braços de Arran numa tentativa de segurar-se en-
quanto o clímax mais poderoso de sua vida percorria seu corpo. Isso a
girou, arremessou-a.
Consumiu-a.
E o tempo todo, seu olhar estava trancado com o de Arran. Isso os
conectou mais profundamente do que antes. Como se o vínculo invisível
entre eles se fortalecesse, intensificasse.
E quando ele deu um empurrão final quando seu orgasmo o levou,
a respiração dela saiu de seu corpo pela emoção que ela viu nadando
em seus olhos dourados.
Sentimentos, fortes e poderosos fluíram através dela e em torno
deles. Eles foram selados em um casulo de sensação apaixonada que
os alteraria para sempre.
Como se suas almas tivessem sido marcadas de alguma forma.
Depois de alguns minutos, Arran rolou para seu lado e envolveu
seus braços ao redor dela. Tentou compreender o que acabara de acon-
tecer, mas não conseguiu encontrar as palavras. Permaneceram tranca-
das nos braços um do outro, satisfeitos na quietude do quarto e na paz
de seus corações.

241
CAPÍTULO VINTE E SETE

Arran olhou para o teto enquanto corria as mãos para cima e para
baixo nas costas de Ronnie. Eles ficaram deitados como estavam por
mais de uma hora, e ele ainda não estava pronto para se mover.
― Doeu quando Deirdre liberou seu deus? ― Ronnie perguntou
calmamente na escuridão.
Ele soltou um longo suspiro. ― Muito. Não é apenas a dor. É o
próprio deus. De repente, você tem outra voz em sua cabeça, e suas
exigências são difíceis de ignorar.
― Mas você conseguiu.
― Aye, e para cada Guerreiro que consegue, quatro não conse-
guem. Você tem que ser forte, não apenas fisicamente, mas mental-
mente, para assumir o controle do deus.
Ela esfregou sua bochecha contra seu peito. ― Parece arriscado.
― É, mas não é como se tivéssemos uma escolha. Deirdre não nos
deu uma. Um dia nós somos homens, e o seguinte, nós somos Guerrei-
ros.
― Tem certeza de que Larena é a única guerreira?
Arran sorriu. ― Nay. Mas ela tem uma deusa, não um deus.
― Estou surpresa por não haverem mais deusas.
― Hmm. Eu não ficaria surpreso ao saber que existem. ― Arran
enfiou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha dela. ― A deusa é a
única diferença com Larena. Nós todos viramos uma certa cor, como eu
lhe disse, mas com Larena, ela se torna quase iridescente.
― Eu quero conhecê-la.
― Eu quero que você conheça ela e os outros.
― Você não tem medo de contar a alguém sobre você? ― Ela per-
guntou enquanto dobrava as mãos em seu peito e descansava seu
queixo sobre elas.

242
― Nay.
―Muito confiante de você. ―, ela disse com um sorriso. ―O que
isso significa para mim, ser uma Druidesa?
― Significa que você é especial.
―Quero dizer, eu não sei a primeira coisa sobre ser uma Druidesa.
― Nada disso. Você já sabe qual é a sua magia.
Ronnie riu e passou a mão pela espinha dele enquanto ele a rolava
de costas. ― Isso eu sei. Então isso significa que você não vai partir
logo?
― Nay.
Como uma pequena palavra poderia fazê-la tão feliz, Ronnie não
sabia, nem se importava. Ela estava preparada, e com medo, que Arran
se afastasse de sua vida.
― Você pensou que eu estava indo embora?
Ela encolheu os ombros e levantou a cabeça para beijá-lo no om-
bro.
― Ainda não acabei com você, doutora Reid. ― ele disse com um
sorriso que parou o coração dela. - Não, tão cedo.
Ela gemeu em necessidade quando sentiu sua ardente e quente
excitação contra ela. Ele sorriu maliciosamente antes de beijá-la.
A mão dele deslizou por seu lado enquanto ele apoiava seus qua-
dris contra ela. Ela ofegou quando ele de repente a jogou sobre seu es-
tômago.
Os olhos de Ronnie se fecharam, seu sangue se aqueceu, de modo
que chiava enquanto fluía através dela. A respiração de Arran estava
quente em seu pescoço, um instante antes de colocar beijos quentes e
molhados ao longo de seu ombro.
Todo pensamento parou. Ela não conseguia pensar, não podia fa-
zer nada além de sentir as mãos e a boca de Arran em seu corpo. Sua

243
carícia incitou-a, arremessou-a para outro mundo, um mundo onde
apenas os dois existiam.
Ele sussurrou seu nome, o som como uma própria carícia quando
isso afundou em sua pele e através de seus ossos, em sua própria es-
sência. Nos braços de Arran, ela se tornou a mulher que ela só sonhara
que era.
Ronnie não impediu o desejo de se erguer dentro dela. Ela esten-
deu a mão para o desejo, abraçou-o.
Bem-vindo.
Seus seios doíam por seu toque quando ele se moveu e puxou-a
para cima em seus joelhos. Uma intensa necessidade ardente pulsou
dentro dela. Por Arran. Pela paixão que arrancou de dentro dela.
Do anseio que somente ele poderia saciar.
Arran nunca tinha conhecido alguém tão apaixonada, tão fervorosa
em fazer amor. A urgência dentro dele a levava mais uma vez, para
marcá-la como sua, queimando dentro dele.
Estava consumindo, esta selvagem e indomada necessidade de tê-
la. Era uma experiência nova para ele. Mas ele não podia voltar atrás.
Ele enterrou o rosto em seu pescoço e inalou o cheiro doce de seu
cabelo enquanto ela empurrou para trás contra ele.
Com as respirações chegando ofegantes, o corpo dela tremia de
necessidade. Ele mergulhou dentro dela, sua escaldante umidade segu-
rando-o, agarrando-o.
Era como se ele não tivesse a tomado apenas uma hora antes. Ele
percebeu que não importava quantas vezes estivesse com Ronnie, nun-
ca seria suficiente.
Sua magia parecia uma felicidade, mas era mais do que isso. Era
ela. Seu sorriso, seu riso, sua tenacidade e seu bom coração.
Ela tinha entrado em sua psique sem ele mesmo soubesse disso.
Ou talvez ele soubesse, e não se importava. Mas nada disso importava
agora. Não quando ela estava em seus braços.

244
Arran retirou-se e empurrou novamente. Ele dirigiu até ela mais
fundo, mais forte, mais rápido. Seus suaves gritos apenas o empurra-
ram para diante. Queria ouvi-la gritar seu clímax novamente.
Ele precisava sentir sua bainha apertando em torno dele.
Com as mãos nos quadris dela, ele segurou-a enquanto ele bateu
nela implacavelmente.
Ronnie não conseguia respirar, não conseguia se mover por causa
do desejo que a enrolava. Ela queria dizer-lhe para parar, esperar por-
que não estava pronta para o pico ainda, mas Arran não lhe deu uma
chance. Ele a levou mais alto, a paixão a consumindo.
Com o nome dele nos lábios, Ronnie se despedaçou.
Cada sentido tinha sido esmagado, cada pensamento estilhaçado.
Em uma cascata cega de êxtase.
***
Arran sorriu quando sentiu o clímax de Ronnie. Seu corpo se endu-
receu, e seu grito tinha sido glorioso para seus ouvidos. O rugido de
seu sangue cresceu até que a liberação o varreu. Mais uma vez encon-
trando satisfação nos braços de Ronnie.
Ele saiu dela e a tomou em seus braços quando ele caiu de costas.
Ela se aconchegou contra ele, com os olhos fechados. Arran ficou acor-
dado muito tempo depois dela dormir. Ele olhava para a parede, seus
pensamentos cheios de Ronnie. Ele não tinha certeza do que havia en-
tre eles, mas era poderoso.
Ele queria saber o que era? Porque uma vez que ele descesse
aquela estrada, não havia volta.
Ele pensou em Camdyn e Saffron e sua bebê. Pensou em Fallon e
Larena e em seu desejo por uma criança. Ele pensou em todos os seus
amigos que tinham encontrado o amor através de seus anos de bata-
lha.
Arran nunca esperava encontrar alguém que se adequasse a ele
como Ronnie fazia. A intensidade de sua necessidade por ela o assusta-
va.

245
Mas o pensamento de não tê-la em sua vida deixava-o doente. Se
ele fizesse o que queria, Ronnie nunca partiria. Eles estavam conecta-
dos, unidos.
Vinculados.
***
Ronnie sorriu ao acordar e sentir a mão de Arran no seio dela, ro-
lando lentamente o mamilo entre os dedos. ― Que maneira de ser
acordada.
― Devo deixá-la dormir.
― Eu posso dormir amanhã. ― sussurrou, e envolveu seus braços
ao redor do pescoço dele. Seus lábios haviam tocado os dela quando
ele saltou de repente da cama. Ronnie ergueu-se nos cotovelos para
encontrar Arran de pé ao lado da cama, com as pernas curvadas e o
olhar focado na sala de estar.
― Arran?
Ele ergueu a mão para detê-la. Vários minutos tensos se passaram
antes que Arran se voltasse e lhe fizesse sinal para ele. Ela foi ansiosa-
mente para ele, só para tê-lo empurrando-a atrás dele enquanto ele se
vestia apressadamente um par de jeans descartados em uma cadeira
próxima.
Nós temos companhia. ― ele murmurou quando ele olhou para
ela por cima de seu ombro.
Os olhos de Ronnie pularam para a porta enquanto seus ouvidos
se esforçavam para ouvir qualquer coisa. Ela olhou para baixo, para seu
vestido de ouro e calcinha rasgada quando uma camisa bateu no peito.
Ela apressadamente deslizou a camiseta de Arran sobre sua cabe-
ça. Um olhar para baixo mostrou que mal lhe cobria a bunda. Mas pelo
menos não estava nua.
Arran moveu-se de modo que sua boca estava perto de sua ore-
lha. ― Nós precisamos ir embora.

246
Ela franziu a testa, esperando que ele entendesse que ela precisa-
va saber por quê. ― Eles estão entrando pela janela. ― ele sussurrou.
― Não podemos ficar.
Em outras palavras, ele não poderia ficar e lutar por causa dela. Se
ao menos ela soubesse que era uma Druidesa antes, talvez pudesse fa-
zer algum tipo de magia para ajudá-lo.
Outra pergunta para Saffron.
― Fique atrás de mim. ― Arran avisou.
Ainda não ouvia nada quando, de repente, um guerreiro verde-cla-
ro encheu a porta. Ronnie ofegou enquanto Arran rosnava, sua pele fi-
cando instantaneamente branca enquanto suas garras brotavam.
O Guerreiro sorriu para Arran, mostrando suas presas. Arran sim-
plesmente rosnou mais alto antes de soltar um assobio alto.
Ronnie deu um passo para trás e correu para uma cadeira.
Com um olhar para a cadeira, ela se moveu ao redor dela e se
apoiou no canto, e então lentamente deslizou para baixo para suas an-
cas. Seu coração estava martelando de maneira repugnante, seu san-
gue como gelo em suas veias.
Quem era esse Guerreiro, e o que ele estava fazendo ali? Obvia-
mente ele não era um amigo, o que significava exatamente o quê?
Ronnie reprimiu um grito quando o Guerreiro atacou Arran. Ou
pelo menos ela pensou que ele estava atacando Arran. Ele apenas pas-
sou as garras pelo peito de Arran e tentou passar por ele.
Para ela.
Arran não o deixou dar um passo antes de envolver seus braços
em torno do Guerreiro e puxá-lo para uma parada. Arran soltou um ru-
gido alto e afundou suas garras no Guerreiro.
O Guerreiro soltou seu próprio grunhido e deu um abraço a Arran
no rosto. Ele tentou repetir o movimento, mas Arran se esquivou a tem-
po. Então, com as garras ainda afundadas no abdômen do Guerreiro,
Arran empurrou a mão para cima.

247
O berro do Guerreiro fez Ronnie tapar as orelhas. Arran continuou
movendo suas garras ao redor. Para um mortal, teria sido fatal, mas
para um Guerreiro, o dano era mínimo já que eles saravam tão rapida-
mente.
Ronnie olhou ao redor da sala por algum tipo de arma, mas não
havia nada. Sua única defesa era Arran.
Houve um forte estrondo quando o Guerreiro os empurrou para
trás e bateu Arran em uma pequena mesa. A madeira se estilhaçou e a
lâmpada caiu ao chão.
Os dois continuaram a lutar enquanto o Guerreiro tentava desalo-
jar Arran de suas costas. Finalmente, ele conseguiu e virou-se para en-
frentar Arran.
O Guerreiro verde-claro tinha sangue correndo por seu peito en-
quanto cobria as mãos e braços de Arran e salpicava seu corpo. E pela
aparência das coisas, a luta estava longe de acabar.
Ronnie só podia assistir com fascínio como os dois atacaram ao
mesmo tempo, seus corpos batendo um no outro. O som de garras
afundando na carne foi ofuscado pelos grunhidos.
Era difícil determinar quem estava ganhando. Várias vezes Arran
conseguiu a bom golpe e, em seguida, o guerreiro entrava com um mo-
vimento bom.
Ronnie se perguntou se ela conseguiria chegar à sala de estar para
que pudesse chegar até Camdyn quando um barulho estridente soou a
partir da entrada da suíte.
Um momento mais tarde e Camdyn encheu a entrada, sua pele
Guerreira tinha um marrom escuro da cor do solo. Demorou apenas um
momento para o guerreiro verde-claro perceber que estava em desvan-
tagem.
Arran tentou agarrá-lo. O desespero fez com que o Guerreiro tives-
se a vantagem por um breve segundo. Esse segundo foi tudo o que le-
vou para ele se livrar de Arran e correr para a janela.
Ronnie ouviu o grito de Arran e cobriu seu rosto um milissegundo
antes que o Guerreiro caísse na janela e vidro voando espalhado.

248
― Ronnie? Você está ferida? ― Arran perguntou, suas mãos gentis
quando a tocavam. Ela abaixou seus braços e olhou para a janela. ― O
que aconteceu?
― Eu o assustei ― Camdyn disse, seu tom sério.
Arran assentiu. ― Aye. Ele não tinha intenção de sair até que
Camdyn chegasse. Aparentemente, o bastardo não tinha ideia de que
eu não estava sozinho.
Ronnie olhou para Camdyn para encontrar sua forma de guerreiro
tinha desaparecido, assim como Arran. Felizmente, todas as feridas de
Arran foram curadas. Ela olhou ao redor da sala e viu a destruição e as
marcas de garra ao longo da parede e mesmo rasgando os lençóis na
cama que eles tinham acabado de estar.
― Precisamos ir. ― disse Arran enquanto a levantava em seus bra-
ços. Ele olhou para Camdyn. ― Ele estava atrás dela.
― Tire Ronnie daqui. Saffron e eu recolheremos seus pertences e
os levaremos. ― Camdyn disse enquanto seguia Arran.
Arran colocou Ronnie em seu quarto. ― Você pode estar pronta
para sair daqui a dois minutos?
Ela balançou a cabeça inúmeras vezes, e então se virou para pe-
gar algumas roupas. Enquanto se vestia, ela podia ouvir Camdyn e Ar-
ran discutindo algo em murmúrios, mas não conseguia entender o que
era.
― Vamos voltar para o sítio de escavação. ― disse Arran quando
voltou para seu quarto.
Ele vestiu uma camiseta e sapatos, bem como limpou o sangue de
si mesmo. Ela colocou os pés em suas botas e agarrou a bolsa dela.
― Estou pronta.
― Ainda acho que você deveria ir para o castelo. ― Camdyn disse.
Arran pegou a mão de Ronnie e a levou até a porta. ― Nós vamos,
mas primeiro precisamos ver se há algo mais na câmara sobre os
selmyrs.

249
Ela olhou para ele. ― O quê?
― Os monstros da caixa.
― Olha, eu nunca fui atacado assim, Arran. Eu nem sei o que ele
quer, mas...
― Eu sei, ― Arran a interrompeu. ― É o mesmo homem que eu vi
no evento e que eu vi no início do dia. Ele sentiu sua magia, Ronnie. É
por isso que ele quer você. E se ele está vindo para você, isso significa
que há alguém lá fora procurando Druidesas.
Camdyn suspirou. ― Ele não é um Guerreiro que nós conhecemos,
o que significa que você estava certo, Arran. O mal não se foi.
― E as Druidesas estão novamente em perigo. ― disse Arran com
um aceno.
Ronnie esfregou a têmpora sobre o olho direito. ― Você está fa-
zendo minha cabeça doer. Devo ter medo?
― Aye! ― eles disseram em uníssono. R
Ronnie revirou os olhos. ― Ótimo. Eu não estou pronta para mor-
rer.
― Eu não vou permitir que isso aconteça. ― Arran prometeu.
Camdyn cruzou seus braços sobre seu peito. ― Então me diga por
que o sítio de escavação versus um castelo que ninguém tem uma
chance de chegar.
Arran olhou de Camdyn para Ronnie. ― Porque não estaremos so-
zinhos. Camdyn, chame Fallon e os outros. Eu quero o local cercado por
Guerreiros quando chegarmos lá. Mantenha-os escondidos, no entanto.
― E Druidesas? ― Camdyn perguntou.
― Não. Quem estiver atrás de Ronnie sentirá a magia delas. É me-
lhor manter isso apenas para os Guerreiros.
Os lábios de Camdyn se torceram em uma carranca. ― Agora eu
tenho que contar para minha esposa.
― Me contar o quê? ― perguntou Saffron da porta.

250
― O que diabos você está fazendo aqui? ― Camdyn perguntou
quando foi até ela. Safron abriu a boca para responder quando Ronnie
viu seus olhos ficarem leitosos e começarem a girar. Camdyn amaldiço-
ou e pegou Saffron antes que ela caísse enquanto ela se inclinava late-
ralmente.
Alguns momentos depois, Saffron piscou os olhos, mais uma vez a
tonalidade rosada que Ronnie conhecia.
― O que você viu? ― Arran perguntou.
Safron olhou para Camdyn, seus olhos tristes, Antes de se virar
para Ronnie e Arran. ― Vi a mansão de Declan.

251
CAPÍTULO VINTE E OITO

Ronnie ainda estava enlouquecendo ao ver Saffron ter uma visão.


Ela não teve tempo para processar o que Saffron disse quando o som
do vidro quebrando a fez curvar-se e cobrir a cabeça com ambos os
braços.
Era como se o tempo estivesse lento. Ronnie virou a cabeça para
ver Arran e Camdyn soltarem seus deuses no mesmo instante. O rugido
de Arran foi longo e alto, seu olhar fixo em algo atrás dela.
E Ronnie teve a sensação de que sabia quem era.
O guerreiro verde pálido.
Arran pôs a mão em seu ombro, cuidando para suas garras nunca
tocá-la, e deu-lhe um ligeiro empurrão para colocá-la atrás dele. Aquele
empurrão a fez cair, mas ela não tirou os olhos dele.
Camdyn e Arran pareciam uma parede entre ela e Saffron e o
Guerreiro. Ronnie mal sentiu Saffron agarrar sua mão ela estava tão fo-
cada em Arran.
― Temos que sair! ― gritou Saffron.
Ronnie sabia que Arran poderia ser morto, e mesmo que o intruso
fosse superado em número, o fato de ter voltado não era bom.
No instante seguinte, mais dois Guerreiros se juntaram ao verde
pálido.
O estômago de Ronnie caiu aos pés como chumbo quando o jogo
virou contra Arran e Camdyn. Mas nenhum dos dois parecia afetado
pela troca de chances.
Arran respirou fundo, seu peito se expandiu enquanto seu olhar
estava cravado nos Guerreiros. Suas mãos flexionadas, e seus joelhos
dobrados ligeiramente.
Ronnie viu como o peso de Arran estava distribuído uniformemen-
te para que ele pudesse se mover em qualquer direção em uma fração
de segundo. A postura de Camdyn era a mesma.

252
Ao contrário dos outros três guerreiros, que estavam em pé, diver-
são em seus olhos. Mesmo Ronnie, recém-iniciada neste mundo de ma-
gia, poderia dizer que esses três Guerreiros não estavam amadurecidos
para a batalha.
Aquela era a diferença entre Arran e Camdyn, que lutaram por
centenas de anos, e Guerreiros recentemente feitos. Ainda assim, Ron-
nie não conseguia se ajudar a não temer que de alguma forma Arran
pudesse ser morto, apesar de sua proeza e superioridade.
Saffron ainda estava tentando tirá-la da suíte quando os Guerrei-
ros atacaram Arran e Camdyn. Ronnie não se surpreendeu quando Ar-
ran mudou para manter a luta o mais longe possível dela.
― Ronnie! Mova-se! ― gritou Saffron.
Ronnie se abaixou no tempo enquanto um vaso se aproximava
dela. Isso a tirou de seu transe. Ela se virou para Saffron e assentiu.
Ambas ficaram em pé e giraram para a porta para encontrar outro
guerreiro. Ele sorriu ameaçadoramente quando deu um passo em dire-
ção a elas.
Antes que o guerreiro tivesse terminado aquele passo, ele ofegou,
sangue borbulhando através de seus lábios. Os olhos de Ronnie se ar-
regalaram quando ela viu um punho de mão cor de cobre atravessando
o Guerreiro por trás, para emergir segurando um coração.
Ronnie observou o Guerreiro cair no chão. Seu olhar se moveu
para o homem que as salvara. Pelo cobre escuro de sua pele, ele era
obviamente um Guerreiro. No entanto, ele também tinha chifres gros-
sos cobre-coloridos salientes de sua cabeça perto das têmporas e cur-
vando em torno de sua testa.
Mas de que lado ele estava?
― Charon, graças a Deus. ― disse Saffron com um suspiro.
Charon jogou de lado o coração e pisou o guerreiro caído para cor-
tar a cabeça. Ele ficou de pé, os cabelos escuros retidos em uma tran-
ça, e olhou dentro da suíte.
―Ajude-os,― Ronnie o incitou.

253
Charon deu um passo dentro da suíte. Arran passou a virar em sua
direção. Ele trancou os olhos com Charon e gritou: ―Tire elas daqui,
agora!
Charon não precisou ouvir duas vezes. Saffron já estava correndo
em direção ao elevador quando Charon pegou o braço de Ronnie e a
puxou para trás.
Ronnie olhou por cima do ombro, a suíte ficando cada vez mais
distante a cada passo que ela dava.
― Ele ficará bem. ― disse Charon enquanto olhava para o eleva-
dor quando a porta se abriu e logo a empurrou para dentro.
Ronnie se moveu para trás enquanto Charon estava diante das
portas como uma sentinela. Ele tinha controlado seu deus, mas isso
não escondia seu comportamento ameaçador ou o aviso em seus olhos
escuros.
― Como você soube? ― Saffron perguntou.
Charon nem sequer olhou para ela quando disse. ― Camdyn pediu
que eu ficasse perto, por precaução. Não, muito depois de sua chama-
da, eu recebi uma de Arran.
― Arran te chamou? ― Saffron perguntou, incredulidade escrita
em seu rosto.
Charon deu um único aceno de cabeça.
― Nós não podemos deixá-los. ― Ronnie disse, não ligando, por
enquanto, por que Saffron parecia tão surpresa que Arran tivesse cha-
mado este novo Guerreiro. ― Eles precisam de ajuda. ―
Charon riu. ― Não, Druidesa, eles não precisam. Eles vão ficar
bem.
O elevador estremeceu, e a porta se abriu para o lobby do hotel. A
polícia estava pululando por dentro, enquanto todos os outros saíam
correndo do hotel. Ninguém notou os três quando Charon os conduziu
através de uma porta lateral do hotel e em um beco.

254
Ronnie andava como se estivesse com pernas-de paus. Lá fora ela
podia ouvir os rugidos dos Guerreiros. Era Arran? Ele tinha conseguido
a vantagem? Ela parou e olhou para o hotel.
― Ele vai ficar bem. ― Charon disse ternamente. ― Agora que ele
sabe que você está segura, ele será capaz de fazer o que ele deve.
Ronnie olhou nos olhos castanhos de Charon. A bondade e a inteli-
gência lhe davam uma certa segurança de que precisava continuar sem
Arran. ― E o que ele precisa fazer exatamente?
― Matar os bastardos. ― respondeu ele com um sorriso malicioso.
Ronnie assentiu, perfeitamente em sintonia com a avaliação de Charon.
Ela se virou para o elegante Mercedes CLS, preto, duas portas, para ver
que Charon já havia movido o assento do motorista e estava esperando
ela subir.
Não foi até que eles estavam todos no carro e Charon se afastou,
que suas mãos começaram a tremer. Adrenalina estava fazendo estra-
gos com seu corpo.
Ronnie inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos. O que foi um
erro terrível, uma vez que continuou vendo o Guerreiro verde pálido
atacar Arran.
― Para onde vamos? ― Ronnie perguntou pouco tempo depois,
quando seu coração parou de bater.
Charon olhou para ela através do espelho retrovisor. ― Eu tenho
instruções explícitas para levá-la ao sítio de escavação. Não há desvios
ou paradas permitidas.
― Ordens de Arran? ― perguntou Saffron.
― Oh, aye. ― disse Charon secamente
***
Arran se certificou de que Charon tivesse Ronnie e Saffron no ele-
vador, e então ele e Camdyn soltaram a fúria e a violência que eles es-
tavam segurando.

255
Eles queriam matar os três guerreiros, mas a coisa mais inteligen-
te a fazer seria manter pelo menos um vivo, para que pudessem obter
algumas respostas.
Arran estava lutando contra dois. Ele abaixou uma garra, apenas
para liberar um grito de dor quando o segundo Guerreiro afundou suas
garras nos lados de Arran.
Ele deu uma cotovelada no Guerreiro para tentar se liberar, en-
quanto o primeiro rosnou quando levantou a mão novamente, e se pre-
parou para tomar a cabeça de Arran.
― Não! ―gritou alguém.
Arran avistou Camdyn de pé sobre o corpo decapitado de seu opo-
nente. Ele e Camdyn compartilharam um sorriso
― Por que você está sorrindo? ― O Guerreiro que tinha suas gar-
ras em Arran perguntou.
Arran os empurrou para trás até que o Guerreiro caiu através da
parede que separava a sala, do quarto de Ronnie. Com o Guerreiro
atordoado, Arran levantou-se e encarou o adversário.
― Estou rindo porque você perdeu o momento em que tentou nos
atacar.
O Guerreiro tentou se erguer, mas Arran o empurrou contra a pa-
rede mais distante e colocou suas garras na sua garganta. ― Movimen-
to errado, e eu vou levar sua cabeça.
― Dale! ― o Guerreiro gritou para o guerreiro verde-claro. Só deu
uma olhada para ver que Camdyn estava ganhando vantagem com
Dale, mas assim que Dale viu que Arran tinha seu companheiro, ele pu-
lou pela janela
― Parece que Dale não vai ajudá-lo. ― disse Arran.
Camdyn chutou uma parte do sofá quebrado de seu caminho en-
quanto ele atacava o Guerreiro. ― A única maneira de salvar a si mes-
mo é nos dizer o que queremos saber.
O Guerreiro olhou de Arran para Camdyn e de volta para Arran. ―
Eu sou recém-criado.

256
― Aye, isso é óbvio. ― Arran disse sem rodeios.
O Guerreiro estremeceu com as garras de Arran em sua garganta
e engoliu. ― O que você quer saber? Pergunte, e eu lhe direi.
― Quem o enviou? ― Camdyn perguntou.
O Guerreiro sacudiu a cabeça. ― Pergunte qualquer coisa, menos
isso.
― É isso que queremos saber. ― disse Arran. ― Diga-nos, ou nós
matamos você.
―Eu digo a você, e eu morro. ― o Guerreiro disse.
Camdyn franziu a testa. ― Quão recentemente você é? ― Algu-
mas semanas.
Arran olhou para Camdyn e empurrou sua cabeça de volta para o
Guerreiro.
― Algumas semanas? E você tem controle de seu deus?
A testa do Guerreiro sulcou profundamente. ―Eu não sei o que
você quer dizer. O deus dentro de mim nunca tentou ganhar o controle.
― Foda-se, ― Camdyn grunhiu, e socou a parede, sua mão afun-
dando através do gesso.
Arran inclinou-se perto do Guerreiro. ― Eu não sei quem foi que li-
berou seu deus, mas vou descobrir. Faça isso fácil e diga-me.
― Eu não posso.
― Então diga-me por que você estava atrás de Ronnie.
O Guerreiro deu de ombros e inclinou sua cabeça contra a parede
para tentar afastar-se das garras de Arran. ― Dale é o nosso líder. Ele
sabe o porquê. Foi-me dito simplesmente para atacar e matar você.
Camdyn cruzou os braços sobre o peito. ― Por quê? Por que veio
atrás de nós?
― Ele. ― disse o Guerreiro, e empurrou o queixo para Arran. ― foi
seguido por algum tempo. Estão no sítio da escavação, observando.

257
― Então, você sabe da magia lá? ― perguntou Arran.
O guerreiro acenou com a cabeça. ― Nós sabemos.
― Então você quer o que está lá. Arran emitiu um som no fundo
de sua garganta e sacudiu a cabeça. ― Você pensou que poderia ape-
nas entrar lá e levar isso?
― Depois que Ronnie fosse nossa e você estivesse morto, aye.
― Você não contava comigo, não é? ― Perguntou Camdyn.
Os lábios do guerreiro achataram. ― Nay.
― Dale falhou em sua missão. ― disse Arran. ― Eu não acho que
seu líder ficará satisfeito. Diga-me, eles vão te matar se nós deixarmos
você ir? Depois que você nos deu todas essas informações?
O Guerreiro olhou para Camdyn mas não pronunciou uma palavra.
Arran não desistiu.
― Quanta dificuldade, este mestre de vocês teve encontrando e
criando Guerreiros? Muito, eu pensaria.
― Quantos novos Warriors foram criados? ― Camdyn perguntou.
― Nada disso deveria importar para você. ― disse o guerreiro com
um sorriso satisfeito.
Arran compartilhou um olhar com Camdyn justo quando viu o pon-
to de laser vermelho no peito de Camdyn. ― Abaixe-se! ― Arran gritou
quando as balas começaram a voar.
Ele pulou lateralmente, esticando-se horizontalmente enquanto
mergulhava para a porta. Uma bala roçou sua coxa e outra bateu na
madeira perto de sua cabeça.
Arran aterrissou duro de lado e rapidamente rolou atrás de uma
cadeira que mal estava em pé. Camdyn rastejou para fora da sala em
um braço enquanto o outro agarrava seu antebraço e sangue escorria
através de seus dedos.
― Merda. ― Arran murmurou.

258
As balas ainda tinham de parar, e a este ritmo era simplesmente
uma questão de tempo antes de ser atingido. E, pela palidez da pele de
Camdyn, aquelas balas eram as odiadas balas de X90s, cheias de san-
gue drough, que Declan usara contra eles.
Arran pegou o telefone no bolso traseiro para achá-lo estourado
pela luta. Ele mostrou o telefone para Camdyn, que conseguira encon-
trar abrigo atrás da parte do sofá que tinha chutado mais cedo.
Camdyn encolheu os ombros, deixando Arran saber que ele tam-
bém não tinha o telefone. Sem nenhuma maneira de pedir apoio, eles
estavam bem e verdadeiramente ferrados.
Arran pensou em Ronnie, em quão doce era seu sabor, quão mara-
vilhosa ela tinha se sentido em seus braços. Quão certo era estar com
ela.
Ele queria mais dela, precisava de mais dela. Ele não tinha perce-
bido o quanto ele ansiava por ela até que ela entrou em sua vida.
Não havia nenhuma maneira ele fosse morrer agora. Não depois
de encontrá-la.
― Tenho uma ideia! ― gritou para Camdyn sobre as balas ricoche-
teando pela sala, e olhou para a janela aberta. Camdyn sacudiu a cabe-
ça.
― Você será atingido antes de fazer isso.
Talvez, mas era uma chance que Arran teria que pegar. Pelo me-
nos Ronnie estava segura agora. Independentemente do que aconte-
cesse com ele, Ronnie sempre estaria segura. Seus irmãos se encarre-
gariam disso.
Arran se moveu para que ficasse agachado, suas mãos no chão
mantendo-o firme. Os homens no topo do prédio do outro lado da rua
pararam para recarregar.
Ele mediu a distância da janela para o telhado. Estava próximo,
mas tudo o que tinha a fazer era no tempo correto.
Arran esperou até a próxima rodada de balas parou quando os ho-
mens estavam recarregados novamente. E então ele se levantou. Usan-

259
do toda a velocidade e poder de seu deus, ele correu para a janela
aberta e pulou pela larga rua para pousar no topo do telhado onde os
homens estavam. Ele pousou e rolou antes de se levantar com um pe-
queno escorregão. Então ele se virou para os homens. ― Vocês perde-
ram.

260
CAPÍTULO VINTE E NOVE

Ronnie acordou quando Charon parou no sítio da escavação. Ela


esfregou os olhos, estremecendo com a sensação de lixa quando ela o
piscava.
― Você precisa descansar. ― disse Saffron.
Ronnie sentou inclinando-se entre os dois bancos da frente. ―
Que horas são?
― Seis horas da manhã. ― respondeu Charon.
Ela inclinou a testa no encosto do banco. ― Eu já perdi dois dias
de trabalho. Para não mencionar que alguns artefatos foram encontra-
dos ontem, então eu preciso entrar lá.
― Você não vai fazer nada a ninguém se você estiver dormindo
em pé. ― disse Saffron.
Ronnie sorriu enquanto olhava para Saffron. ― É o que eu sempre
amei sobre você. Você fala o que tem que falar.
― É uma característica que tem de crescer nas pessoas.
Eles riram enquanto Charon sentado, se inclinou com as mãos no
volante, olhando ao redor do sítio com o mesmo olhar meticuloso que a
lembrava de Arran.
― Há tanta mágica aqui que não posso dizer se é de Druida ou
qualquer outra coisa. ― disse ele.
― Arran disse a mesma coisa. ― disse Ronnie. Seu sorriso se des-
lizou ao pensar nele. ― Quando ele vai chegar aqui?
Saffron cobriu a mão de Ronnie com a dela. ― Assim que ele pu-
der. Ele foi separado de você apenas para sua segurança.
Charon abriu a porta e saiu do carro, desdobrando seu corpo alto
vestido de jeans e uma camiseta escura coberta de sangue. Ele ajudou
Ronnie a sair, mas não soltou a mão quando ela começou a se afastar.
― Você não vai nos ver, mas nós estaremos aqui. ― ele sussurrou.

261
― Obrigada. Por nos tirar de lá... e por isso.
Ele assentiu com a cabeça e voltou para o carro. Saffron acenou
para ela antes que Charon saísse com o carro.
Ronnie observou-os, sem saber o que fazer. Ela deveria voltar ao
trabalho, mas como poderia se concentrar em qualquer coisa se sua
mente estivesse cheia de preocupação por Arran?
Então havia o conhecimento de que alguém a queria. ― A nova
escuridão ― ela murmurou. Sem dúvida, sabia que era quem estava
atrás dela.
Será que essa nova escuridão sabia que ela havia soltado os
monstros? Ou havia outra razão pela qual o mal a queria?
Realmente importava? O mal era o mal, e não importa o motivo,
ela se recusaria estar ao lado disso. Arran tinha dito a ela que não acre-
ditava que ela traria a destruição de seu mundo.
Ela segurava isso em seu coração e o carregaria com ela nos tem-
pos sombrios. Pois ela sabia que tempos sombrios estavam chegando.
Eles já tinham chegado.
Justo na melhor noite de sua vida. Era cruel, mas o destino rara-
mente era amável.
Saffron acreditava que Arran e Camdyn conseguiriam sair vivos,
assim como Charon. Ronnie não tinha outro recurso senão acreditar o
mesmo. Se não o fizesse, se permitisse pensar que ele se fora, não se-
ria capaz de enfrentar o dia.
― Aí está você. ― Andy disse enquanto se aproximava e a abraça-
va. ― Nós sentimos saudades de você. Como foi a arrecadação de fun-
dos?
Ronnie forçou um sorriso trêmulo enquanto pensava no evento e
como o tinha passado nos braços de Arran. Tinha sido uma noite de
magia, uma noite a ser acarinhada. ― Maravilhoso.
― Maravilhoso? ― Andy repetiu enquanto a olhava suspeitosa-
mente. ― Isso não tem nada a ver com o Sr. Alto, Sombrio, e Perigoso,
não é?

262
Ronnie permitiu que ele a conduzisse a sua barraca. Ela sabia que
Andy percebeu que algo estava errado, mas ele a manteve falando,
manteve-a pensando em algo diferente do que estava errado. ― Deve
haver. Certo, definitivamente.
Andy deixou escapar um grito e pulou o punho no ar. ― Finalmen-
te. Você merece alguém bom, Ronnie.
Ela assentiu, porque ele estava certo. Ela merecia Arran. ― Rece-
bemos várias doações, também. Então parece que vamos cavar pelo
menos mais uns cinco anos.
Andy ergueu a aba da barraca e sorriu. ― Natal e meu aniversário
todos vindos cedo. É uma notícia incrível.
― É. Ela entrou em sua tenda e olhou ao redor. Parecia tão estéril
sem Arran. Todas as razões para sorrir saíram pela porta. Ela não podia
fingir que estava bem, não podia fingir felicidade quando tudo o que
podia fazer era se preocupar se Arran estava vivo.
― Então me diga por que você parece tão triste? E onde diabos
está Arran?
Como ela queria contar a Andy tudo, cada detalhe incrível e assus-
tador. Em vez disso, ela enfrentou seu amigo e disse: ― Ele vai estar
em breve. Ele tinha um negócio em Edimburgo que o manteve lá por
um tempo.
O olhar de Andy sondou o dela. ― Há mais nessa história que
você não está me contando.
Ronnie não negou nem concordou.
Depois de um momento Andy disse: ― Apenas me diga se ele re-
almente está voltando.
Ronnie piscou as lágrimas. ― Sim, ele está voltando.
― Bom. Eu estava pensando que poderia ter que descarregar uma
lata de Andy-Porrada sobre ele.
Ela riu junto com Andy, mas ela sabia que ele era moralmente sé-
rio. Isso é o que a família fazia um pelo outro. Ele era sua família, assim
como Pete.

263
Como ela odiava mentir para eles, mas a mentira era para segu-
rança deles.
Ela respirou fundo e percebeu que tinha duas opções. Podia sen-
tar-se em seu catre, catatônica até que ela ouvir falar de Arran, ou ela
poderia mergulhar no trabalho para ajudar a passar as horas terrivel-
mente longas que ela sabia que estariam à frente.
Ronnie puxou para trás seu cabelo e enrolou-o em um coque an-
tes de colocar um par de grampos para mantê-lo no lugar. Seu corpo
estava dolorido pelo amor incrível que tinha experimentado nas mãos
amorosas de Arran.
A dor muscular fazia com que ela sentisse sua falta ainda mais.
Havia uma dor em seu peito que só seria preenchida quando o visse
novamente.
― Mostre-me o que foi desenterrado ontem. Ver pela tela é outra
coisa. Eu preciso segurar.
Andy saiu de sua tenda e disse. ― Eu já comecei a registrar tudo e
categorizar, como você gosta.
― Bom.
Ela o seguiu para onde várias mesas longas tinham sido cobertas
com material branco e colocado sob uma tenda especializada com qua-
tro lados, o que poderia ser enrolado se necessário.
Ronnie estava impressionado com a forma como Andy tinha acer-
tado tudo. ― Ótimo trabalho, Andy. Você é um dos poucos em quem
posso confiar.
― Qualquer coisa para você. ― ele disse com uma piscadela.
Ela passou a mão sobre um pedaço de pedra do tamanho de uma
folha de papel que parecia ter sido quebrada de uma peça maior. Os
nós eram extraordinários porque entrelaçava-se em torno das bordas.
Recordou-lhe, assustadoramente, da tabuleta da profecia que tinha en-
contrado na câmara: “Uma druidesa será a portadora da desgraça. Só
para ser morta por um homem-deus.”

264
Esses monstros de cor cinza não eram apenas horríveis, eram le-
tais e rápidos.
― Lindo, não é? ― Andy perguntou sobre a pedra.
Ronnie se afastou de seus pensamentos. ― Eu adoraria ver o resto
disto.
― Todos nós gostaríamos. ― disse Andy. ― Eu esperava encontrá-
lo já, mas nós não achamos.
― Está tudo bem. ― ela disse, e se endireitou da mesa. ― Isso
me dá algo para fazer hoje.
Ronnie deixou seu olhar sobre as peças sobre a mesa mais uma
vez antes de sair para a escavação. Não podia ficar ociosa, não agora.
Não hoje.
***
Arran encontrou um telefone celular de um dos mortos a seus pés
e chamou Fallon. Fallon se teletransportou para o quarto do hotel e
conseguiu tirar Camdyn justo quando a polícia vinha invadindo o quarto
pela varanda oposta.
Arran manteve-se nas sombras no telhado e observou enquanto a
polícia olhava através da sala. As coisas de Ronnie ainda estavam lá, e
o quarto estava em seu nome, então eles estariam entrando em conta-
to com ela.
A menos que alguém falasse com eles primeiro.
Ele esperou até que a polícia estivesse de costas para ele, e então
Arran saltou toda a distância para o Hotel, desembarcou calmamente
na varanda. Ele se apressou a sentar, as costas contra a parede e os
olhos fechados.
Não demorou muito para a polícia encontrá-lo. Ele abriu os olhos,
certificando-se de que parecesse atordoado em seu benefício.
― O que aconteceu, senhor? ― Alguém perguntou.
― Fomos atacados. Diga-me que Ronnie saiu daqui bem?

265
Os policiais começaram a conversar entre eles e não foi senão um
momento depois que eles voltaram para ele.
― As únicas pessoas aqui são homens. Por que eles atacaram vo-
cês?
― Eles pensaram que ela tivesse o dinheiro com ela. ― ele men-
tiu. ― O levantamento de fundos, foi para Ronnie. Dra. Veronica Reid.
― Ah! ― disse um dos homens. ― Eu li sobre ela. É uma arqueó-
loga, e uma maldita boa arqueóloga.
― Então, os homens pensaram que vocês tinham o dinheiro que
ela levantou do evento? ― perguntou outro.
Arran acenou obedientemente com a cabeça. Deixou uma garra se
alongar para cortar o seu lado. Sangue derramado através de seus de-
dos. ― Estou ferido. Posso ir para o hospital, por favor?
― Temos alguém que precisa de cuidados médicos. ― gritou um
dos policiais.
A próxima coisa que Arran soube, Ramsey e Galen estava ao seu
lado.
― Está tudo bem―, disse Galen à polícia. - Levaremos nosso ami-
go para o hospital.
Arran apertou a mandíbula. ― Preciso do colar de Ronnie primeiro.
― Já o roubei. ― sussurrou Ramsey.
― Bom. Agora precisamos encontrar os bastardos que fizeram
isso.
Os três trocaram olhares, e assim que Arran estava a ponto de se
levantar, um homem deu um passo em direção a eles.
― Precisamos encontrar o Dr. Reid. ― disse um policial.
Galen bateu no ombro do policial e exerceu seu poder para contro-
lar mentes. ― Ela está conosco. Ela saiu e nos chamou para ajudar.
Arran foi puxado em pé e eles correram para fora da suíte.

266
― Você está realmente ferido? ― Ramsey sussurrou.
― Não. ― Arran respondeu. ― Isso foi para mostrar.
Assim que estavam no elevador, Galen jogou uma mochila para Ar-
ran. Arran pegou e rapidamente trocou suas roupas encharcadas de
sangue para as novas. Ele limpou o sangue de seu rosto, braços e ca-
belos com uma toalha úmida.
Quando o elevador abriu no andar térreo, todas as evidências de
um ataque foram apagadas de Arran e enfiadas na mochila que ele car-
regava.
― Ronnie está a salvo? ― Ele perguntou enquanto caminhavam
pelo vestíbulo
― Charon acabou de entregá-la no sítio. ― disse Ramsey
― E Camdyn? ― Galen abriu a porta do hotel com mais força do
que era necessário.
― Sonya ainda está curando ele, tanto quanto eu sei.
Arran não disse mais nada até que dobraram a esquina em um
beco e ele avistou Fallon.
― Camdyn?
― Vai ficar bem. A X90 não penetrou sua pele profundamente. ―
disse Fallon.
― O que aconteceu, Arran? ― Havia Guerreiros.
Ramsey passou a mão pelo rosto. ― Foi o que Camdyn disse. Três
deles?
― Quatro. - corrigiu Arran. ― O primeiro foi o mesmo homem que
vi ontem enquanto andava pela cidade, e então eu o vi novamente no
evento. Antes que eu pudesse questioná-lo, ele se foi. A próxima vez
que o vi foi quando ele entrou no suíte E tentou levar Ronnie.
― Camdyn chegou e ele saiu. Antes que pudéssemos tirar Ronnie
e Saffron, o Guerreiro voltou. Com mais dois. Outro veio para cima de
Ronnie e Saffron enquanto tentavam sair, mas Charon estava lá.

267
― Charon? ― Ramsey perguntou.
Arran assentiu. ― Eu o chamei.
― Eu pensei que você o odiasse. ― Galen disse.
Arran encolheu os ombros. ― Ele chegou a tempo de salvar as
meninas, e isso é tudo que importa.
―Diga-me que você tem alguma informação. ― disse Fallon. ―
Camdyn desmaiou antes que pudéssemos perguntar.
Arran olhou ao redor deles. ― Tire-me daqui, e eu vou lhe dizer.
Fallon colocou a mão no braço de Arran, e no momento seguinte
ele estava em pé dentro do grande salão do Castelo MacLeod. Ele pre-
feria estar no sítio de escavação com Ronnie, mas isso teria de esperar.
― Os outros estão vigiando Ronnie. ― Fallon disse como se ele
soubesse dos pensamentos de Arran.
Arran afundou em um banco na mesa, na mesma mesa que ele ti-
nha comido inúmeras refeições. A mesma mesa onde havia gargalhadas
e lágrimas, alegria e raiva. Por um ano eles tinham tido paz, mas isso
tinha desaparecido agora. Quanto mais raiva e lágrimas haveria antes
que a luta terminasse?
― Arran? ― exclamou Galen.
Ele limpou a garganta. ― O Guerreiro não me disse o nome de seu
mestre, mas eu descobri que todos eles foram feitos recentemente.
― Então seus deuses estavam no controle. ― disse Ramsey.
Arran balançou a cabeça. ― Apenas isso, eles não estavam. Apa-
rentemente, quem liberou seus deuses conseguiu refrear isso.
― Isso não é bom. ― disse Galen, a incerteza amarrando sua voz.
― Nada de bom.
Fallon bateu com um punho na mesa. Ele fechou os olhos por um
momento e sussurrou, ― Maldição.
― O líder destes novos Guerreiros é verde-claro. Procure por ele.
O nome dele é Dale. O outro guerreiro estava com muito medo de me

268
dizer o nome da pessoa que liberou seu deus. Temia mais a seu senhor
do que a mim.
― No entanto, foi seu mestre quem o matou com X90s. ― Fallon
apontou.
Ramsey grunhiu. ― Este novo mestre não deve se preocupar em
perder tantos Guerreiros em uma noite.
― Mais uma coisa. ― disse Arran. ― O Guerreiro me disse que eu
tinha sido seguido desde que eu cheguei à escavação.
― O que significa que eles estão observando o castelo. ― Fallon
se endireitou e cruzou seus braços sobre seu peito. ― Eu não gosto de
ser espionado.
― Eles sabem quando saímos de carro. ―, disse Galen.
― Mas não quando Fallon nos salta. ― Arran terminou com um
sorriso.
― Ei! ― Dani disse de cima das escadas, seu cabelo prateado em
um rabo de cavalo. ― Eu acho que vocês precisam ver isso. Gwynn in-
vadiu as câmeras da mansão Wallace.
― E? ― Arran perguntou.
Dani cortou os olhos para ele e sorriu. ― Suba aqui e descubra.
Com um resmungo de riso, Galen foi o primeiro a subir as escadas,
seguido pelos outros três. Arran queria saber o que estava acontecen-
do, mas não podia parar de pensar em Ronnie.
Se ele tivesse sido observado no sítio, isso significava que quem o
observasse também sabia todas as idas e vindas na escavação. Eles sa-
beriam quando atacar Ronnie e quando esperar.
Arran parou, lutando para manter a paciência e esperar antes de ir
para Ronnie. Falon parou ao lado dele. ― Se isso te faz sentir melhor,
há dez Guerreiros guardando Ronnie. E Larena está ficando ao seu
lado, embora Ronnie não saiba disso.

269
Arran soltou um longo suspiro. O fato de Larena permanecer invi-
sível e perto de Ronnie ajudava. ― Obrigado. Espere! Dez? Isso signifi-
ca que você entrou em contato com Phelan e Malcolm?
― Charon encontrou Phelan. Malcolm nunca respondeu às ligações
de seu celular, mas Larena enviou uma mensagem de texto e ele apare-
ceu no sítio.
Arran assentiu com a notícia.
― Agora venha, vamos ver o que Gwynn encontrou. ― Fallon dis-
se. Ele seguiu Fallon para câmara que Gwynn compartilhava com Lo-
gan. Gwynn estava sentada no meio do sofá de couro com Dani de lado
dela e Tara no outro.
― O que você descobriu? ― Fallon perguntou enquanto se movia
atrás do sofá para ver por cima do ombro de Gwynn.
Gwynn ergueu sua cabeça de cabelos pretos, seus olhos violeta
cheios de preocupação e raiva. Mas seu olhar não permaneceu em Fal-
lon por muito tempo. Se moveu para Ramsey.
Ramsey ergueu uma sobrancelha, mas antes que pudesse pergun-
tar alguma coisa, Tara levantou-se e foi para o marido.
― Tara, amor, você está me assustando.
Arran olhou para Gwynn para ver sua preocupação mordendo seu
lábio inferior.
Tara se inclinou para trás e passou os dedos pelos longos cabelos
pretos de Ramsey. ― Pensei que conseguimos tudo.
Os olhos cinzentos de Ramsey se dissiparam quando a compreen-
são se aproximou. Seu rosto ficou duro e um músculo ticou em sua
mandíbula. ― O quê? Me diga agora.
― Sabíamos que a fortuna de Declan iria para alguém. ― disse
Dani.
― E? ― Arran insistiu.

270
Gwynn bateu os dedos no teclado de seu laptop. ― Já disse a vo-
cês o nome dele, Jason Wallace. Quanto mais eu o observo, mais tenho
certeza que ele está fazendo magia.
― O que nós deixamos para trás? ― Fallon perguntou.
― É isso, eu não sei. ― Gwynn esfregou a parte de trás de seu
pescoço. ― Tivemos tanto cuidado em apanhar todos os livros de ma-
gia que encontramos de Declan.
― Não foi o suficiente. ― disse Ramsey com raiva.
Arran sabia como Ramsey se sentia. Todos tinham lutado contra
Deirdre, e depois contra Declan. Houve muitas vezes em que parecia
que tudo estava perdido, mas eles haviam vencido contra os dois Drui-
das.
― Faz sentido então. ― disse Arran. O que seja quer que deixa-
mos para trás lhe permitiu controlar a libertação dos deuses dentro dos
Guerreiros em seu benefício.
Galen assentiu. ― Como é que vamos pará-lo?
― Uma coisa de cada vez, precisamos saber por que ele quer Ron-
nie. ― Fallon disse.
Ramsey cortou a mão no ar. ― Essa é a parte mais fácil, Fallon.
Ele a quer porque ela é uma Druidesa.
Arran balançou os calcanhares. ― Talvez não, Ramsey. Isso pode
ser parte disso, mas a magia de Ronnie é que ela tem a habilidade de
encontrar itens mágicos na terra. Eles chamam por ela.
Gwynn cortou os olhos para ele. ― Não se esqueça da profecia en-
contrada na câmara, Arran. Nós todos vimos isso, e é perturbador.
― O que Jason Wallace está procurando que ele precisaria de Ron-
nie? ―Galen perguntou.
― Eu digo que nós perguntemos a ele. ― Arran queria uma briga,
e Jason parecia justo o bastardo para ter isso.
Fallon virou-se para Ramsey. ― Nós voltaremos logo.

271
Ramsey assentiu, e então olhou para Arran. ― Tenha cuidado,
meu amigo. É fácil deixar a emoção entrar no caminho. Que é quando
aqueles que nos preocupam se machucam.
Arran não teve a chance de responder quando Fallon o tocou e te-
letransportou para o sítio de escavação.
― Que diabos! ― Fallon murmurou.
Arran olhou para ver que Gwynn tinha agarrado Fallon, assim que
ele saltou, permitindo que ela viesse junto com eles.
Ela levantou o queixo e olhou Fallon nos olhos. ― Eu ouvi muitas
vezes quanta magia este lugar tem. Nenhum Guerreiro será capaz de
determinar se eu estou aqui. Além disso, você vai precisar de mim.
― Ela tem um ponto. ― Arran interveio antes Fallon poderia falar.
Galen deu de ombros. ― Sua comunicação com o vento pode nos
dar uma vantagem.
―Tudo bem. ― Fallon disse. ― Então vocês dois devem dizer a Lo-
gan por que sua esposa está aqui.
Arran escondeu seu sorriso e olhou ao redor. Eles não estavam
longe do sítio da escavação, mas não tão perto quanto ele gostaria.
― Não há cobertura. ― disse Logan enquanto caminhava. ― Algu-
mas árvores seriam bem... ― Sua voz se apagou quando ele avistou
Gwynn. ― Baby, o que você está fazendo aqui?
Ela sorriu e ergueu o rosto quando uma rajada de vento a cercou.
― Preciso dizer mais?
― Maldição, mulher, você vai ser a minha morte. ― Logan disse
enquanto a puxava contra ele para um beijo rápido e duro.
Arran ajoelhou-se na grama alta e olhou para o outro lado da terra
para o sítio de escavação. Som carregado bem no vento, e com isso
adicionado a sua audição realçada, decifrou muito. Ele ouviu o som de
metal batendo rocha, risos e conversas.

272
Quando ele avistou Ronnie soltou um suspiro. O aperto de torno
em volta de seu coração aliviou. Por enquanto, ela estava bem. O peri-
go estava chegando, mas seus amigos estavam ali, olhando por ela.
Logan apertou uma mão em seu ombro. ― Nós temos os olhos
nela desde que Charon a deixou aqui.
― O que está acontecendo no sítio? ― Fallon perguntou.
Logan apontou para a esquerda. ― Nada muito lá. Lá é onde a câ-
mara está, onde todos os itens mágicos estavam armazenados. Mas
para a direita é onde todo mundo está.
― Andy telefonou ontem para dizer a ela que tinham descoberto
alguns artefatos. ― disse Arran. ― Tenho certeza que ela começou a
trabalhar assim que ela chegou aqui.
Todos eles se viraram e se enfrentaram em um círculo apertado.
Logan começou pontuar para onde todos estavam instalados e, confor-
me Arran havia pedido, todo o sítio estava cercado por seus Guerreiros.
― Tem alguém mais por perto? ― perguntou Arran.
― Não que já tenhamos visto. Eles podem estar mais longe.
Arran esfregou uma mão pelo rosto, sua mente correndo com pos-
sibilidades. Primeiro, ele precisava chegar a Ronnie e tentar tirá-la sem
ninguém ver.
O problema era que ele não podia fazer isso. Ainda não.
Fallon captou seu olhar. ― Ronnie sabe que ela é isca?
― Não ainda. ― Gwynn fez tsc tsc e sacudiu a cabeça tristemente.
―Má jogada. Você deveria ter dito a ela.
― Não havia tempo.
― Então diga a ela agora. ― Arran olhou para o sítio e viu Ronnie.
Seu lindo cabelo estava mais uma vez puxado para trás em um coque.
Ela estava dirigindo as pessoas desse modo e daquele, seu foco inteira-
mente na escavação.

273
Ela ficaria zangada por ser uma isca, mas também era o tipo de
mulher para avaliar o melhor curso de ação. E era isso.
Eles precisavam saber por que Jason Wallace a queria. Assim que
o fizessem, Arran saberia como mantê-la segura. E impedir que ela se
tornasse a portadora da desgraça.

274
CAPÍTULO TRINTA

Aisley sentou-se no canto do escritório mal iluminado no porão da


mansão e viu o rosto de seu primo ficar vermelho e suas narinas se
acenderem quando a raiva o tomou. Ao mesmo tempo, Aisley riria. Ao
mesmo tempo, ela teria se deleitado com o tormento dele.
Mas ela tinha aprendido da maneira mais difícil o quão poderoso
Jason tinha se tornado.
Ela tocou a cicatriz em seu lado esquerdo através de sua camisa.
Essa tinha sido uma lição agonizante e sombria. Mas nada em compara-
ção com o que Jason tinha feito para sua mente com sua magia.
Ou a seus pais.
Aisley podia ser desafiadora, mas havia limites. Ela os alcançou ra-
pidamente com Jason. A mulher que tinha sido deixou de existir meses
atrás. Havia momentos em que sua vida passada parecia quase um so-
nho.
Ela não tinha certeza do que era pior. Seu passado. Ou seu pre-
sente. Ela tinha vivido no inferno por tanto tempo, ela não tinha perce-
bido que ela trocou um diabo por outro em Jason.
― Como você pôde? ― Jason gritou.
Os olhos de Dale brilharam de fúria, mas ele manteve seu olhar no
chão, como Jason esperava. ― Meus homens não eram páreo para os
outros.
― Eu dei-lhe tudo que você necessitava, o melhor dele, ― Jason
disse enquanto andava no comprimento do escritório confidencial que
usava abaixo da casa, os saltos de suas botas golpeavam o assoalho
duramente.
― Arran não estava sozinho! ― Dale fez uma pausa e disse em
uma voz mais calma: ― Dois mais estavam com ele.
Jason fez uma pausa e levantou seus olhos azuis para Dale. ―
Ninguém sabia que outros tinham deixado o Castelo MacLeod?

275
Aisley cruzou uma perna sobre a outra e bateu um prego quebra-
do no braço de sua cadeira com indiferença. ― Parece que não.
A cabeça de Jason virou-se para ela. Ele olhou furioso e apontou
um dedo em sua direção. ― Quando eu quiser sua opinião, eu pedirei
por ela. Agora, feche sua matraca!
Ela esperou até que ele voltasse as costas antes que revirasse os
olhos.
― Sabemos que Charon desapareceu da nossa vigilância. ― disse
Jason.
Dale acariciou sua barbicha. ― Ele é o guerreiro de cobre? Foi ele
quem entrou no último e levou as duas Druidesas.
― Você tinha duas Druidesas ao seu alcance. ― Jason apoiou suas
mãos em sua mesa e balançou a cabeça. ― E você não voltou com
elas. Como isso acontece?
― Você não lutou com os Guerreiros. ― disse Dale.
Jason se endireitou e olhou para Dale. ― Não ainda, mas eu vou.
Quem era a outra Druida?
― Saffron. Ela deveria ser uma surpresa.
― Você deveria ter me dito! Eu poderia ter estado lá e ter obtido
ambas as Druidesas. Você tem alguma ideia do que uma Vidente pode-
ria fazer por mim?
― Aye. ― disse Dale com firmeza. ―Declan a usou, lembra-se.
― Exatamente. Preciso de Ronnie, Dale. Eu preciso saber o que
estava na câmara, e eu suspeito que sua magia tem algo a ver com ela
ser capaz de encontrar tantos artefatos. Isso pode ser útil se precisar-
mos encontrar alguma coisa.
― Você acha que pode convertê-la em uma drough? ― Perguntou
Mindy enquanto acariciava a mão de Jason.
― Eu a converti, não foi?

276
Mindy riu e esfregou seus grandes seios contra ele. ― Você foi
muito convincente.
Aisley pensou que iria vomitar se ela tivesse que continuar a ob-
servá-los. Ela odiava Mindy com uma paixão que bordeava o extremo.
Um dia ela e Mindy iriam se acertar. O “quando” era a pergunta.
― Nem tudo está perdido. ― disse Jason depois de um longo beijo
com Mindy. ― Eu tenho mais três Guerreiros.
― Três? ― repetiu Dale. ― Como você os encontrou? Pensei que
era cada vez mais difícil localizar homens que tinham os deuses dentro
deles.
Jason respirou fundo e lentamente soltou. ― Minha magia é exce-
lente. É verdade que eu tive que ir para a Irlanda até um deles, e os
outros dois ... não foram fáceis de trazer para casa.
Não é fácil o meu rabo.
Aisley não sabia quanto tempo mais ela poderia se sentar e ouvir
Jason continuar sobre a sua magia. Ele poderia ter localizado os ho-
mens, mas foi ela quem os convenceu a vir para a Escócia.
Um, ela teve que o drogar apenas para levá-lo na balsa e fora da
Irlanda. Ele era um bastardo louco. Mas essa volatilidade não era nada
comparada a sua raiva quando acordou para encontrar-se trancado em
uma cela.
Ele tinha prometido a ela e Jason que eles iriam pagar pelo que ti-
nham feito.
Aisley ainda tremia quando pensava em sua advertência. Jason
não tinha se preocupado, nem mesmo quando liberou o deus dentro do
irlandês.
Mas Aisley tinha visto a promessa de retribuição nos olhos verdes
do irlandês.
― Você não, Aisley?
Ela empurrou seu olhar para Jason. ― O que?

277
― Eu disse que você fez um bom trabalho em conseguir trazer os
homens aqui.
Ele ainda sorria, mas ela viu a centelha de irritação nos olhos de
Jason. ― Sim. Obrigada.
Jason deu um tapa na bunda de Mindy e piscou para ela enquanto
caminhava lentamente ao redor de seu escritório. ― Desde que Mindy
relatou que Charon não retornou ao castelo de MacLeod com Ronnie e
a outra Druidesa, há somente dois lugares que ele as teria levado. Para
sua aldeia, ou o sítio de escavação.
― Vou dar uma olhada na aldeia. ― disse Dale.
Jason levantou um dedo. ― Já está sendo cuidado. Há aqueles
que sabem o que eu sou, aqueles que querem me ajudar em minha
busca. Eles podem não ter magia, mas eles são úteis. Um relatou que
Charon não voltou para sua aldeia.
― Então vamos para o sítio de escavação. ― disse Mindy com um
sorriso largo e ansioso.
Aisley franziu o cenho. ― Espere. Pensei que apenas Guerreiros iri-
am para o sítio
― Estamos um pouco lenta hoje, não estamos? ―Jason pergun-
tou, o sarcasmo escorrendo de sua voz.
― Aparentemente.
Jason afastou o olhar dela. ― Há bastante magia na área com
base no que Dale nos disse, se houver outros Guerreiros, eles não se-
rão capazes de detectar você.
Aisley teve uma sensação desconfortável sobre o novo plano de
Jason. Ele havia dito a ela que uma Druidesa com bastante magia po-
deria parar um Guerreiro, mas ela não tinha certeza de que tinha magia
suficiente para fazer isso.
E de tudo o que ela sabia dos Guerreiros MacLeod, eles não eram
homens a serem ridicularizados.
― Em outras palavras, Aisley, ― continuou Jason, sem se dar con-
ta de sua confusão. ― Eles não sabem que você está lá até que lhes

278
envie uma explosão de magia. Eu só preciso deles detidos tempo sufici-
ente para obter o Dra. Reid.
― E quando é que este plano será?
Jason cortou seus olhos para ela. ― Em questão de horas. Parti-
mos em cinco minutos. Esteja pronta.
Aisley lentamente ficou em pé enquanto ele e Mindy deixaram o
escritório. Ela colocou uma mão em seu estômago, que tinha ficado
azedo com as palavras de Jason.
― Aisley? ― Dale sussurrou.
Ela olhou em seus olhos escuros e tentou sorrir. Dale testemunhou
o que Jason tinha feito com ela, e foi Dale que lhe dera as ferramentas
para costurar seu lado, já que ela nunca tinha sido capaz de usar sua
magia para a cura. Ele tentou fazê-lo sozinho, mas Jason não permitiu.
― Eu estou bem.
― Você não é uma boa mentirosa.
Ela tocou seu lado, ainda sentindo a lâmina que tinha cortado
através de sua pele. ―Os MacLeod Guerreiros eram realmente tão
bons?
― Melhor. Eu não gostaria de lutar com eles novamente.
― Por que fazê-lo?
― Porque Jason exige isso.
― Você é um guerreiro. Você poderia lutar com ele.
Dale desviou o olhar dela. ― Há coisas que você não sabe, Aisley.
Eu tenho que fazer como ele ordena. E não pergunte mais. Deixe isso
como está.
Ela olhou para as escadas onde Jason tinha ido.
― Eu vou cuidar de você, ― Dale prometeu. ― Os Guerreiros Ma-
cLeod não vão te machucar.

279
Aisley pegou sua mão e apertou-a. Ela apreciava suas palavras,
mas sabia que na batalha elas seriam inúteis. ― Obrigada.
Ela sabia que tudo o que tinha que fazer era mostrar a Dale o me-
nor interesse e ele poderia ser dela. Pelo tempo que Jason permitisse.
Mas Aisley não queria dar nada para Jason usar contra ela.
Aisley soltou a mão de Dale e esquadrou seus ombros antes que
seguisse Jason pelas escadas.
***
Ronnie enxugou a parte de trás de seu braço em sua testa e se
sentou sobre os calcanhares. Sentiu-se bem em colocar as mãos no
chão novamente e cavar.
A atividade não tinha tirado Arran completamente de sua mente,
mas tinha ajudado. Suas emoções balançavam da ansiedade e do medo
sobre o ataque, ao calor e à proteção quando pensou de suas horas so-
zinhas.
Em um minuto ela sabia que tudo estaria certo, e no seguinte ela
era um pacote de nervos. Cada hora que passava sem nenhuma pala-
vra de Arran levou dez anos fora de sua vida. Ela teria sorte se sobrevi-
vesse ao dia.
Vários itens mais foram encontrados na seção que ela estava tra-
balhando. Ela até descobriu uma tigela com incrível nós celtas que de
alguma forma lembrou de Arran. A tigela tinha atravessado bem através
do tempo, com somente algumas microplaquetas ao longo da borda.
Ronnie ergueu a bacia e girou-a de um lado e então o outro. Pode-
ria ser um dos itens que ela pediria para guardar para si, se o governo
permitisse.
Ela entregou a Andy para ser catalogada e numerada junto com
todo o resto. Ronnie tinha começado o catálogo e sistema de numera-
ção depois que Max a roubou.
Pelo menos agora ela poderia dar conta de tudo.
Ronnie gastou mais três horas lentamente removendo sujeira na
esperança de encontrar outra coisa. Ela ainda podia sentir que havia

280
algo no chão, mas ela já não podia dizer exatamente onde, já que sua
mente não estava completamente nisso.
Finalmente, ela se levantou e olhou para o céu. Já passava do
meio-dia. Já esperava Arran. Onde ele estava? E por que ele não a con-
tatou?
Ela tirou as luvas e empurrou-as para o bolso traseiro de sua calça
jeans enquanto caminhava para as mesas onde tudo estava colocado.
Andy estava lá com a prancheta dele, controlando tudo. Ronnie
não conseguiu conter seu sorriso. Aquela prancheta nunca estava fora
da vista de Andy, nem mesmo quando ele comia. Ela costumava caçoar
dizendo que ele o levava para o chuveiro com ele.
―Ei! ― Andy disse quando a viu.
― Ei. Como está indo?
Ele sorriu infantilmente e empurrou seus óculos para cima em seu
nariz. ― Foi outro dia bom. Eu me pergunto o quanto mais tem naquela
seção?
― Mais, eu espero.
― Eu gostaria de saber como você escolhe os setores para esca-
var, Ronnie. É mágico, eu juro.
Ela se sorriu forçadamente e lentamente olhou para ele. Por lon-
gos momentos, ela não respirou até que ela percebeu que ele não tinha
dito magia real.
― O que é? ― Ele perguntou, sua testa franzida. ― Você ficou
branca.
― Nada. Desculpa. Tem sido um dia longo.
― Você parece abatida. Acho que você deve terminar mais cedo e
descansar um pouco.
― Talvez eu vá. Ronnie passou a mão pela tigela que acabara de
cavar.

281
Alguém gritou para Andy e ele se afastou. Ronnie não se importa-
va. Ela gostava de estar sozinha com os itens que tinha escavado, itens
que não tinham visto a luz do dia em séculos.
Ela muitas vezes se perguntava como tinham sido as pessoas que
tinham usado as peças que ela encontrava. Suas vidas eram boas? Ru-
ins? Eles tinham amado e sido amado? Tiveram uma família? Como eles
haviam morrido?
Seu olhar se moveu lentamente sobre os itens exibidos na mesa.
Não foi até seu segundo olhar que ela percebeu que o grande pedaço
de rocha esculpida com nós incrivelmente detalhados estava faltando.
Não havia lugar vazio na mesa, mas ela sabia que tinha estado lá.
E essa não era a única peça que faltava. Um sentimento doentio en-
cheu Ronnie.
―Não. ― ela disse suavemente, seu estômago curvando-se quan-
do ela percebeu o que tinha ocorrido. ― Isso não pode estar aconte-
cendo comigo de novo.
Ela girou em seu calcanhar e foi encontrar Andy. Ela não disse
uma palavra enquanto puxava a prancheta de sua mão e olhava por
cima de seu inventário.
Ronnie colocou um asterisco nas peças que ela sabia que estavam
faltando. Então ela voltou para a tenda e olhou, pedaço por pedaço.
― O que foi? ― Andy perguntou preocupado enquanto chegava
atrás dela, uma carranca marcando sua sobrancelha.
Ronnie se virou, mal capaz de respirar. ― Há seis peças perdidas.
― O quê? ― ele ofegou, e pegou a prancheta dela. Ela segurou
seu estômago enquanto tentava manter o pouco alimento que ela tinha
comido para o almoço para baixo.
― Eu não acredito nisso. ― Andy sussurrou.
Ronnie também não podia. Nem podia acreditar que Arran fizesse
algo assim com ela. Arran. O homem que tinha dançado com ela, bei-
jou-a. Fez amor com ela.

282
O homem a quem ela se entregara. O homem pelo qual começara
a se apaixonar.
Pestanejou apressadamente para deter a ameaça de lágrimas.
Agora ela sabia por que não tinha ouvido falar de Arran, porque ele não
tinha se incomodado em ligar. Ele estava ocupado roubando dela en-
quanto ela se preocupava com sua segurança.
Isso significava que Saffron também estava nisso? Ronnie espera-
va que não fosse o caso, mas nesse momento, ela não confiava em nin-
guém. Ela saiu da tenda. Apenas para fixar os olhos em Arran enquanto
ele caminhava casualmente em direção a ela.

283
CAPÍTULO TRINTA E UM

Arran não conseguiu segurar seu prazer quando olhou para Ron-
nie. Ele esperara horas para poder segurá-la de novo, para saber que
ela estava bem. Como ele sentira saudades dela.
Enquanto fechava a distância entre eles, tudo o que ele poderia
pensar era tê-la contra ele novamente. Segurando-a, tocando-a.
Amá-la.
Ele estava quase perto dela quando viu como ela estava pálida. O
sorriso caiu e a preocupação tomou conta. Antes que ele pudesse dizer
qualquer coisa a ela, Ronnie girou em seu calcanhar e foi embora.
Arran alargou os passos e seguiu-a. Ele olhou para Andy para vê-lo
balançando a cabeça enquanto olhava de sua prancheta para artefatos
dispostos em mesas. Não foi preciso que um detetive soubesse que ha-
via algo errado.
E Arran suspeitou que mais itens haviam sido roubados.
Não admira que sua Ronnie estava chateada. Depois da primeira
vez, ele suspeitava que Ronnie pensou em nunca mais isso iria aconte-
cer. Arran descobriria quem a tinha roubado e os faria pagar.
Ele esperava que fosse Max. Ele queria encontrar o bastardo e
fazê-lo sofrer como ele tinha ferido Ronnie.
Ronnie atravessou o sítio da escavação até chegarem ao local
onde estavam as barracas e as caravanas. De repente, ela parou atrás
de sua tenda e girou para encará-lo.
Arran estava bem em seus calcanhares, pronto para tomá-la em
seus braços e dar-lhe todo o conforto que pudesse. Seria de curta dura-
ção por causa do perigo que se aproximava, mas ele tomaria seu tem-
po.
Ele viu seu braço se levantar, viu a mão dela vir em seu rosto, mas
ele não fez nada para parar a bofetada. O som foi alto enquanto a mão
dela se ligava ao seu rosto.

284
Ele esfregou o ponto em sua bochecha e olhou para ela. Tanto
para oferecer conforto. ― Quer me dizer do que se trata?
― Pare com isso - ela disse. Seu corpo tremia. ― Mas de medo ou
raiva, ele não tinha certeza. Seus olhos brilhavam, como se estivesse
segurando as lágrimas. ― Apenas pare. Eu já tive o suficiente das men-
tiras e sua sedução. Por que você voltou? Para pegar mais?
Arran franziu o cenho enquanto lutava para compreender o que
ela estava dizendo. ― O que você quer dizer, por que eu voltei? Por que
você acha que eu voltei? Eu vim para você. Eu prometi que te manteria
a salvo.
Ela riu, o som cheio de dor e indignação. ― Oh, você é bom. Muito
melhor do que Max.
E então, Arran se deu conta de. ― Você acha que eu roubei você?
― Eu sei que você o fez! ― Ela fechou a boca e colocou as mãos
nos quadris enquanto olhava para o chão. ― Eu confiei em você.
― A única coisa que eu teria tentado tirar de você é o seu cora-
ção, moça.
Ela balançou a cabeça lentamente. ― Pare o ato. Eu contei seis
itens desaparecidos, não incluindo o que você me convenceu a dar-lhe
da câmara. Quantos você pegou?
Arran agarrou seus braços e deu-lhe um pequeno sacudida. ― Eu.
Não. Roubei. ― disse lentamente, enunciando cada palavra.
― Espero que eu acredite em você? Nada foi roubado até que
você chegou. Não acredito em coincidências, Arran.
Nem ele. Ele deixou cair os braços e deu um passo para trás.
Como isso aconteceu? Mais importante, por que ela não acreditou nele?
Eles tinham uma ligação, um vínculo. Não tinha sido uma invenção
de sua imaginação. Ele sentira aquele vínculo, sabia que tinha se forta-
lecido enquanto estava em Edimburgo. Arran desejou agora que nunca
a tivesse deixado fora de sua vista.
― Aye, espero que acredite em mim. Você viu o ataque. Lutei com
homens desde que Charon a levou para fora do hotel. Certifiquei-me de

285
que a polícia soubesse que você não estava envolvida, e recebi infor-
mações do Guerreiro que conseguimos manter vivo por um pouco. Eu
assisti Camdyn ser atingido por balas cheias de sangue drough e rezei
para que eu tirasse ele a tempo para Sonya pudesse salvá-lo.
― Fallon nos levou de volta ao Castelo MacLeod para que Camdyn
pudesse se curar e ele pudesse me dizer o que eles encontraram. Voltei
para você o mais rápido que pude. Diga-me o que preciso dizer para
que você acredite que eu não roubei de você.
― Foi tudo um arranjo? ― Ela perguntou como se ele não tivesse
falado. ― O ataque, a história sobre os Guerreiros e Druidesas? Foi al-
gum esquema elaborado para se aproximar de mim?
Arran cerrou a mandíbula quando sentiu que sua conexão com
Ronnie se desembrulhava sem nenhuma maneira de deter isso.
― Não. O que eu disse é a verdade. Você me viu e os outros. Você
sabe que eu não menti sobre ser um guerreiro, e você sabe que você é
uma Druidesa.
― Tudo o que eu realmente sei é que fui usada. ― Ela soltou um
suspiro trêmulo e colocou a mão dela em sua testa. ― Eu quero os
itens devolvidos imediatamente, e talvez então eu não vou denunciá-lo
às autoridades. Eu não sei se alguma coisa que você fez envolve Saf-
fron ou não, mas de qualquer maneira, eu não quero mais o financia-
mento dela.
― Ronnie, isso tem que esperar. ― Ele tinha debatido em dizer a
ela que ela era isca depois de tudo o que ela tinha dito, mas ela preci-
sava saber. ― Há um at...
― Um ataque ―, ela terminou, e deixou cair os braços em seus la-
dos. ― Sim, tenho certeza que sim. Agora, sai da minha vista, Arran.
Eu não quero ver ou ouvir de você ou alguém que você esteja associa-
do nunca mais. Espero estar claro sobre isso. Vá embora.
Arran a observou se afastar. Sentia-se como se tivesse sido esvazi-
ado. Ele estava esmagado, despedaçado.
Destruído.
Tudo por uma mulher.

286
Ele não podia pensar direito, não poderia sequer começar a enten-
der como isso tinha acontecido. Tudo o que ele ouvia em sua cabeça
eram suas palavras de despedida. Elas ecoavam em sua mente, ficando
cada vez mais alto até que ele estava ensurdecido por elas.
Alguém tocou seu braço, e Arran girou para encontrar Andy. Só
então Arran percebeu que tinha Andy pela garganta. Ele rapidamente o
soltou. ― Desculpe, companheiro.
Andy esfregou sua garganta e cautelosamente olhou para ele. ―
Eu não acho que você fez isso. ― ele disse depois de limpar a garganta
várias vezes.
― Eu não fiz.
― Ela não vai ouvir você, no entanto. ― Andy empurrou seus ócu-
los para cima em seu nariz e deu uma chacoalhada de cabeça. Parecia
de repente mais velho que seus vinte e poucos anos. ― Max realmente
a bagunçou. Não há nada que você possa fazer ou dizer para fazê-la
acreditar que não foi você.
Arran grunhiu repentinamente. ― Há uma maneira. Eu acho o ver-
dadeiro ladrão.
― Isso funcionaria. ― Andy disse com uma risada. ― Por onde co-
meçar, no entanto.
― Eu começo com você. ― Andy levantou suas mãos tão rapida-
mente, ele deixou cair a prancheta. ― Eu... eu não sonharia em fa... fa-
zer isso com Ronnie. Ela é como a minha ir... irmã, cara.
Não havia dúvida de que honestidade e angústia se refletiam nos
olhos de Andy. Arran deu-lhe um tapa nas costas. ― Eu acredito em
você.
Os ombros de Andy caíram em alívio. ― Cara, se eu tivesse a cora-
gem, eu te bateria pelo que você acabou de fazer.
― Bata-me de qualquer maneira. ― Arran disse com um sorriso
que mal conseguia controlar. ― Além disso, eu estou fazendo isso por
Ronnie.
― Verdade. ― Andy inclinou-se para pegar a prancheta.

287
― Quem mais poderia ter roubado? Você acha que Pete saberia?
― Andy franziu o cenho. ― Pete? Por que perguntar a ele?
― Porque ele está aqui.
― Ah ... isso seria um não.
O olhar de Arran se moveu ao redor dele. ― Pete não está aqui?
― Foi o que eu disse.
― Ele disse a Ronnie que tinha de perder o evento de fundos para
te ajudar.
Andy riu. ― Okay, certo. Pete diz um monte de coisas que nem
sempre faz.
― Será que Ronnie sabe?
― Não. ― Andy disse, e nivelou os lábios. ― Eu tento manter es-
sas coisas longe dela. Ela foi ferida muitas vezes, e ela pensa em Pete
como um pai.
Arran passou a mão pelo rosto. ― Andy, pense bem. Houve coisas
que desapareceram de outras escavações?
― Não... e eu saberia, já que eu acompanho tudo. Eu cometi um
erro ocasional, mas Ronnie me perdoou.
― Erros como?
― Eu dar um artefato o mesmo número na minha planilha, ou aci-
dentalmente colocar dois de alguma coisa.
Arran olhou para o céu quando ele começou a somar dois mais
dois. Ele baixou o olhar para Andy, a fúria ferindo seu sangue. ― Você
não estava cometendo erros. As coisas estavam sendo roubadas.
― Não é isso... ― Ele parou. ― Oh, merda!
― Quem está sempre nas escavações? Tem que haver sempre as
mesmas pessoas.
Andy coçou a cabeça. ― Os únicos em cada escavação que são os
mesmos são Ronnie, eu e Pete.

288
Justo como Arran pensara. Era Pete. Tudo o que tinha que fazer
era encontrar Pete, pegar os itens que faltavam e dizer a Ronnie o ho-
mem que ela pensava como um pai estava roubando dela.
― Oh, Deus, ― Andy disse, sua devastação ao descobrir isso mos-
trando em seus olhos. ― É o Pete. Isso vai destruir Ronnie.
Iria, e Arran não poderia ter isso. Ela já tinha passado por bastan-
te. ― Andy, eu preciso que você mantenha isso entre nós. Vou encon-
trar o Pete e pegar os artefatos. Vou me certificar de que ele não se
atreva a roubar de Ronnie novamente, mas preciso de um par de coisas
de você.
― Peça.
― Não conte a Ronnie tudo isso. E segundo ... se algo for suspeito
novamente, diga a ela imediatamente. E então me ligue.
Andy colocou o lápis atrás da orelha. ― Você é um bom homem,
Arran. Gostaria que você dissesse a Ronnie o que está fazendo para
que ela não deixasse você ir. Você seria bom para ela.
― Eu vou vigiá-la de longe. Ela precisa do homem que pensa ser
um pai mais do que ela precisa de mim.
― Eu acho que você está errado, mas vou fazer o que você pede.
Arran agarrou o braço de Andy quando ele começou a andar. ―
Mais uma coisa. Há alguns homens atrás de Ronnie. Eles tentaram
pegá-la ontem à noite em Edimburgo. É por isso que eu não estava
com ela quando ela voltou. Eu cuidei deles, mas poderia haver mais
voltando. De fato, tenho certeza disso.
― O que você quer que eu faça?
Arran gostava de Andy e sabia que podia contar com ele. ― Inde-
pendentemente do que Ronnie disse, eu não estou partindo. Ainda não.
Eu vou estar perto, mas preciso que fique ao lado dela o tempo todo
até que essa coisa acabe.
― Devemos contar a ela sobre os homens que virão?
― Eu tentei. Eu também não tenho certeza de quando eles irão
atacar, mas acho que será em breve.

289
― O que esses homens querem? ― Arran sabia que não poderia
contar a verdade Andy. Em vez disso, contou a Andy o que tinha dito à
polícia. ― Eles acham que Ronnie tem o dinheiro do evento de fundos.
Eles não entendem que as doações são transferidas para uma conta.
Ou talvez eles saibam e queiram acesso a essa conta. De qualquer ma-
neira, eles querem Ronnie, e eu não irei deixar chegarem perto dela.
Andy deu um aceno de cabeça firme. ― Eu vou ficar com ela.
Arran não se moveu quando Andy saiu. Tudo o que Arran podia
pensar era em Ronnie. Ele tinha visto a desolação em seu rosto quando
ela pensou que ele era aquele que a tinha roubado. Não podia imaginar
como reagiria se descobrisse que era Pete.
― Mas ela não vai saber. ― murmurou Arran.
Ele fechou os olhos e concentrou-se em Ronnie. Não demorou
para que ele discernisse sua magia facilmente entre o resto.
Era a mesma magia brilhante e emocionante que ele sentira quan-
do ele chegou, mas agora era mais forte, mais potente. Ainda sentia a
magia da câmara, e havia um traço de mais magia. Mas Ronnie era pro-
eminente em sua mente.
Quando ele localizou onde estava, Arran colocou-se no lado oposto
do sítio e começou a patrulhar. A maioria das pessoas o conhecia e fala-
va com ele. Dava a Arran a razão pela qual precisava parar e conversar
com os outros e determinar quanto tempo tinham passado no local.
Quase duas horas depois, todos haviam sido contabilizados. Não
havia Guerreiros esperando para surpreender entre os voluntários e os
trabalhadores.
Arran se certificou de que Ronnie estava bem longe de sua tenda
antes de entrar. Ele olhou para o catre que ela dormia. Seu corpo aque-
ceu quando ele lembrou o quanto maravilhoso ela tinha sentido em
seus braços, quão responsivo seu corpo tinha sido ao seu toque.
Quanto apropriado, quanto eles eram adequados um para o outro.
Ele puxou o colar dela do bolso dianteiro de sua calça jeans e se-
gurou na frente dele. O nó de trindade de ouro girou diante dele, sua
magia fez um zumbido maçante em sua mente.

290
Lentamente, ele baixou o colar até descansar sobre a mesa ao
lado de alguns papéis. Por mais que lhe fizesse mal, Arran se afastaria
dela como ela tinha pedido.
Isso é, a menos que os Guerreiros fossem por ela, como ele sabia
que iriam. Então ele estaria perto dela, e só para salvá-la.
Ele poderia lutar por ela. Ele poderia contar a ela sobre Pete e to-
dos os roubos, mas fazer isso a destruiria. Ronnie significava muito para
ele fazer isso.
Ela lembrava-lhe tanto a sua irmã. Shelley teria gostado de Ron-
nie. Assim como Shelley tinha sido bonita e boa e tão brilhante, doía
olhar para ela, Ronnie era o mesmo.
Ronnie merecia uma vida boa, uma vida que ele não tinha sido ca-
paz de dar a sua irmã. Ele era um Guerreiro agora. Ele poderia e garan-
tiria que Ronnie conseguiu o que lhe tinha sido negado a sua irmã.
Arran sacudiu quando sentiu a onda de magia de Ronnie se apro-
ximar. Ele se apressou para sair de sua tenda, e apenas conseguiu aga-
char-se atrás de um trailler quando ela veio em sua visão..
Ele queria vê-la encontrar o colar, ou pelo menos vê-la com ele
mais uma vez. Arran esperou que ela entrasse, mas alguém a chamou,
afastando-a da tenda.
O novo telefone celular no bolso traseiro de Arran vibrou. Ele o pu-
xou para fora e respondeu.
― Por que você não está com Ronnie? V Gwynn perguntou.
Arran apertou os olhos. ― Alguns artefatos foram roubados, e ela
acredita que fui eu.
― Não foi você. ― Sua indignação o fez sorrir.
― Eu sei.
Houve uma pausa antes de Gwynn dizer.
― Você sabe quem fez isso. ― Não era uma pergunta.

291
Arran caminhou da barraca de Ronnie para a área de estaciona-
mento. ―Eu sei. Nada disso importa agora. Nada mudou.
― Eu sei.
― Bom. Arran viu alguma coisa?
― Nada até agora. Arran olhou para o céu e para a paisagem di-
ante dele. ― Eles virão esta noite quando estiver o mais escuro. Fique
prontos.
Terminou a ligação e continuou a fazer as suas rondas, mantendo-
se sempre fora de vista de Ronnie. Mas ele sempre soube onde ela es-
tava. A tarde passou para a noitinha e depois dentro noite sem inciden-
tes. Quando todos encontravam-se em suas camas, Arran montou um
esquema para que ele pudesse observar a tenda de Ronnie e uma vasta
área do sítio.
E, como Andy prometeu, ele estava perto de Ronnie. Estava fora
da tenda de Ronnie em uma cadeira, cochilando.
Arran sorriu interiormente, impressionado com o quão longe Andy
estava levando sua promessa. Ronnie tinha feito bem colocar sua fé e
confiança em Andy.
Os sons da noite encheram o ar quando a meia-noite se aproxima-
va. O sol do verão abaixava-se atrás das montanhas, dando à Escócia
algumas poucas horas de escuridão no verão.
Às vezes, os faróis podiam ser vistos na estrada distante enquanto
os carros se entrelaçavam pelas curvas e subiam e desciam as colinas.
Mas nenhum se aproximou do sítio de escavação.
Era aproximadamente 2 horas da madrugada, quando algo no ar
fez Arran sentar-se mais reto. Não demorou muito para perceber que
era o perigo.
E ele estava se aproximando rápido.
Arran mudou de sentar para que ele estivesse agachado com as
mãos apoiadas no chão. Com sua visão aprimorada, ele podia ver algo
movendo-se na grama alta.

292
Seria fácil para um de seus irmãos pegar o Guerreiro vindo para
Ronnie, mas uma armadilha tinha sido montada. E uma armadilha eles
fechariam.
Arran se aproximou da tenda de Ronnie. Ele sabia a sensação de
sua magia, mas os Guerreiros atacando ficariam desorientados e não
saberiam com certeza. Levaria tempo para chegar até ela, e Arran usa-
ria isso em sua vantagem.
Andy dormia profundamente quando Arran o alcançou. Cobriu a
boca de Andy para não gritar ao acordar.
― Sou eu. ― sussurrou Arran. ― Existe uma maneira de alertar
todos?
Andy assentiu, e Arran removeu sua mão. Andy olhou em volta e
depois se virou na cadeira para Arran. Arran colocou o dedo em sua
boca para ficar quieto.
― Tenho um megafone. - Andy sussurrou de volta.
Arran viu as formas dos Guerreiros aproximarem-se. Estes não
eram seus amigos, eram inimigos que precisavam ser mortos.
― Quando você vir o sinal, use o megafone. Até então, mantenha-
se fora de visão, ― Arran disse, e puxou-o em pé.
Quando Andy estava fora e em sua própria barraca, Arran mergu-
lhou nas sombras. Esconder-se não era muito bem em torno de Guer-
reiros, mas esperava que eles não tivessem ideia de que ele os aguar-
dava.
Um, então dois entraram no centro do sítio. Eles tinham seus deu-
ses liberados, e Arran reconheceu o Guerreiro verde claro como Dale. O
outro era uma cor de ferrugem.
Os dois viraram por um caminho, depois para o outro, tentando
decifrar onde Ronnie estava.
Arran flexionou suas mãos enquanto liberava seu deus. Presas en-
cheram sua boca, e garras se estenderam de seus dedos. Memphaea
rugiu com a necessidade de uma batalha, de sangue.
Pela a morte.

293
E pela primeira vez em muito tempo, Arran estava de acordo.
Quando um terceiro guerreiro se juntou aos outros dois, Arran se
aprontou. Logo perceberiam a magia vindo da tenda de Ronnie.
E, como esperava, Dale virou na direção da tenda de Ronnie, a ca-
beça inclinada para o lado. Ele olhou para ela um momento antes de
verificar a área ao redor.
Arran esperou ser avistado, mas os Guerreiros estavam mais inte-
ressados na magia que sentiam do que em qualquer ataque que pudes-
se acontecer. Eles estavam super confiantes, o que funcionaria em seu
benefício.
Dale deu um passo, depois dois na direção da tenda de Ronnie.
Quando ele tomou meia dúzia mais, Arran saiu das sombras. Não havia
jeito de alguém se aproximar de Ronnie. Não enquanto ele a guardava.
Dale descobriu seus dentes e rosnou. Arran sorriu e fez sinal ao
guerreiro para ele.
A batalha estava prestes a começar.

294
CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Arran observou a aproximação de Dale, mas manteve os outros


três em sua mira também. Eles iriam atacar de uma vez. Era o único
caminho deles se quisessem se livrar dele. E poderia funcionar, exceto
por uma coisa.
Ele estava protegendo Ronnie.
Eles não tinham ideia de que ela era sua própria existência, seu
tudo. Ele desistiria de sua própria vida se isso significasse que Ronnie
estaria segura.
E um Guerreiro que amava era um Guerreiro em uma missão.
Dale rosnou longo e baixo, o que trouxe um sorriso ao rosto de Ar-
ran. O Guerreiro ainda estava zangado por ter sido derrotado em Edim-
burgo.
― Melhor se acostumar, rapaz. ― disse Arran. ― Você está prestes
a ser batido novamente.
― Nunca. ― disse Dale.
― Você não tem ideia de onde você entrou. Seja esperto. Saia.
― Vamos conversar a noite toda ou lutar? ― Dale perguntou, seu
lábio levantou-se em um sorriso sarcástico.
Arran tinha matado o suficiente para durar uma eternidade. Ele es-
tava cansado de matar, especialmente Guerreiros. Esses Guerreiros
eram diferentes daqueles que Deirdre tinha desatado. Estes guerreiros
tinham o controle de seus deuses, e se eles estivessem com os MacLe-
ods, eles estariam servindo do lado do bem.
Mas eles estavam servindo forças escuras. Nada e ninguém pode-
ria mudá-los desse curso. Estava lá em seus olhos, no modo como eles
olhavam para a tenda de Ronnie.
Se Arran ia impedir Ronnie de se machucar, ele teria que matar es-
ses Guerreiros. E tantos quanto continuassem vindo para ela.

295
Arran estendeu os braços largos enquanto arrastava ar em seus
pulmões. Memphaea gritou com prazer a ideia de uma batalha, bem
como proteger Ronnie. E em sua mente, Memphaea estava mostrando
formas de Arran para ferir seu inimigo.
Ele não era o deus da malícia por nada.
Dale inclinou a cabeça para trás e soltou um forte rugido. Logo os
outros três Guerreiros fizeram o mesmo, e Arran simplesmente esperou.
Seu inimigo pensou que viria sozinho. Eles pensaram que poderiam se
livrar dele e ter tudo o que eles tinham vindo para.
Quão errados eles estavam.
E então Arran sentiu um formigamento de magia, desagradável e
vil. Droughs.
Então, os guerreiros também não tinham vindo sozinhos. A ques-
tão era, Fallon e os outros sentiam os droughs? Poderiam detectar a
magia negra da outra magia da área? Arran rezou para que pudessem,
ou as coisas poderiam virar em favor de seus inimigos.
― Nunca. ― ele sussurrou ao ouvir Andy usar o megafone uma
vez, duas vezes pedindo a todos para correr.
Os braços de Arran baixaram lentamente para seu lado. Ele curvou
as pernas, pronto para o salto. Seu queixo inclinou-se mais baixo para
poder assistir aos quatro guerreiros com mais clareza.
De repente, o rugido de Dale cortou e ele saltou para a frente,
suas garras se estenderam quando ele veio para Arran. Arran girou
para o lado e estendeu suas garras de modo que elas varreram as cos-
tas de Dale quando ele pousou.
Dale rosnou e estalou suas presas. Arran apreciava a sensação de
sangue em suas garras. Ele queria mais, precisava de mais.
Desejava-o como nunca antes.
Alguma coisa rachou dentro de Arran, algo que ele tinha mantido
trancado no fundo. Mas Ronnie tinha encontrado de alguma forma. Não
importava o que ele tivesse que fazer, ou se tornar, Arran não hesitaria.
Por ela.

296
Dale o rodeou enquanto os outros três Guerreiros se aproxima-
vam. Arran não se moveu. Ele observava Dale com os olhos, seguindo-o
enquanto o Guerreiro se aproximava cada vez mais.
Arran não soltou um som quando as garras de Dale escorreram
por suas costas, do ombro até a cintura. Ele não se moveu quando Dale
afundou suas garras no lado de Arran.
Dale estava perto o suficiente para que Arran virasse a cabeça
para ele e vise sua sobrancelha sulcar com confusão.
― Não há nada que você possa fazer comigo que me impeça de
matar você. ― disse Arran.
― Nós podemos tomar a sua cabeça. ― disse um dos outros três.
Arran manteve seu olhar trancado com o de Dale. Mas ele sentiu
quando outro guerreiro decidiu atacar. Arran abaixou-se e girou em di-
reção ao Guerreiro que se aproximava.
Ele se endireitou, e ambas as garras mergulharam profundamente
no estômago do Guerreiro. Ele sacudiu suas garras, satisfação en-
chendo-o quando ouviu o Guerreiro chiar de dor.
― Eu poderia te matar agora. ―sussurrou Arran. ― Eu poderia pe-
gar sua cabeça com um golpe de minhas garras.
O guerreiro riu quando o sangue caiu de seus lábios. ― Não esta-
mos sozinhos, idiota.
Arran tirou suas garras, levantou a mão de volta, e sem esforço to-
mou a cabeça do Guerreiro. O corpo caiu a seus pés, e ele lentamente
voltou seu olhar para Dale.
Arran rezou para que os Guerreiros ficassem atentos ao que ele
acabara de fazer e não percebessem que Andy estava tirando todo
mundo do sítio de escavação.
Ele jurou silenciosamente quando um dos Guerreiros ergueu a ca-
beça e rosnou.
― As pessoas estão saindo! ― Ele gritou.

297
As narinas de Dale brilharam de raiva enquanto ele olhava para Ar-
ran. ― Uma boa diversão.
― Eu tive séculos de prática. ― disse Arran.
Outro guerreiro deu um passo em direção a Arran. ― Vamos dan-
çar, seu bastardo.
Arran tinha força muscular e anos de luta com espadas em seu
lado, mas este guerreiro era rápido e ágil. Moveu-se com a velocidade
do relâmpago e usou seus pés e pernas mais do que suas garras. Arran
tinha visto filmes suficientes para saber que o Guerreiro estava usando
artes marciais. Mas os movimentos não o salvariam.
Ele deixou o Guerreiro acreditar que estava fazendo progressos e
derrotando-o. Arran continuou a afastar-se dele, mas sempre se man-
tendo perto da tenda de Ronnie.
De repente, o Guerreiro soltou um grito e saltou para o ar. Arran
viu Dale começar a ir para a tenda de Ronnie e foi pará-lo, então ele
nunca viu as garras do Guerreiro atacante vir.
Arran resmungou enquanto as garras afundavam no topo de seu
ombro perto de seu pescoço. O Guerreiro então envolveu as pernas ao
redor de Arran e empurrou para trás, enviando os dois para o chão.
Ele deu uma cotovelada no Guerreiro duas vezes no rosto e ouviu
a trituração óssea. No entanto, ele nunca tirou o olhar de Dale. Pouco
antes de Dale chegar à tenda de Ronnie, Charon apareceu e sorriu.
― Minha vez. ― disse Charon.
Arran rugiu quando o guerreiro torceu as garras na ferida, envian-
do mais sangue escorrendo pelo corpo. A outra mão do Guerreiro se
enganchou no rosto de Arran, e suas garras rasgaram a bochecha de
Arran, quase alcançando seu olho.
O sítio da escavação se tornou um lugar de caos e pânico. As pes-
soas gritavam quando Andy tentava desesperadamente trazê-los para a
segurança, embora Andy não fosse o mais calmo do bando. Os Guerrei-
ros do Castelo MacLeod começaram a se mostrar, mas alguns permane-
ceram escondidos.

298
Arran ficou satisfeito por Dale não ter chegado a Ronnie, graças a
Charon. E quando Arran rolou até o estômago, o maldito Guerreiro fi-
cou de costas. Quando subiu em suas mãos e joelhos, viu que Phelan
tinha o terceiro Guerreiro trancado em batalha.
Tomou um grande esforço para Arran se levantar enquanto o
Guerreiro continuava a fatiar o rosto enquanto tentava chegar aos olhos
de Arran.
O grito de raiva de Arran ultrapassou o de Memphaea dentro dele.
Arran alcançou atrás dele e esfaqueou suas garras nos lados do Guer-
reiro. Ele continuou a cortar e furar uma e outra vez enquanto enfra-
quecia o Guerreiro. A loucura o levou. Ele não via nada e ninguém ex-
ceto o Guerreiro que ele lutava.
Gostou da sensação de batalha, queria o cheiro da morte. Foi além
do desejo de precisar.
Eles estavam atrás de Ronnie, sua Ronnie. Ele tinha que mantê-la
a salvo. Era o único pensamento que continuava correndo em sua men-
te.
Arran levou um momento para perceber que não só tinha jogado o
Guerreiro de suas costas, mas o tinha preso ao chão. Ele piscou quando
suas garras atingiram o osso. Só então ele viu que ele tinha esvaziado
completamente o Guerreiro, que mesmo agora estava deitado ofegante
para respirar.
Arran jogou para trás sua cabeça e rugiu seu prazer e raiva de
perder esse controle. Nunca em todos os seus anos tinha feito isso,
mas ele não se arrependia disso. Não quando era por sua Ronnie.
Ele olhou para o Guerreiro, e então se inclinou perto dele. ― Eu
disse que você nunca a pegaria.
O guerreiro zombou, e foi tudo o que levou para Arran cortar a ca-
beça de seu corpo.
Arran se levantou e rasgou sua camisa esfarrapada, que pendia de
seu corpo em pedaços. Ele piscou o sangue de seus olhos e olhou ao
redor para descobrir que Charon e Phelan haviam subjugado os outros
Guerreiros e estavam observando Arran cautelosamente.

299
Eles não eram os únicos. Fallon, Quinn, Hayden, Ian e Camdyn
olhavam para ele como se não o conhecessem. O único que pareceu
entender foi Malcolm, que simplesmente deu um aceno de cabeça.
Arran virou-se para ir embora, e então parou em seco quando seu
olhar travou em Ronnie. Seus olhos castanhos estavam arregalados, os
lábios entreabertos em consternação.
Ele deu um passo em direção a ela apenas porque ela dera um
passo para trás. Ele havia liberado algo terrível dentro dele para salvá-
la, mas a perdera para sempre no processo.
Qualquer chance que ele pudesse ter tido para conquistá-la desa-
pareceu quando ela o viu matar o Guerreiro. Tudo o que ele podia fazer
era vê-la ir embora.
― Larena está com ela. ― Fallon disse quando chegou ao lado de
Arran.
Arran inalou e caminhou até onde Charon segurava Dale. ― Por
que você veio para Ronnie?
― Eu não sei. Eu simplesmente sigo ordens.
― Minha bunda. ― Arran rosnou. ― Você pensou que quatro de
vocês poderiam vir e levá-la?
Foi quando Dale sorriu e então começou a rir. Enquanto o riso de
Dale ecoava ao redor do sítio, Arran olhou para Charon para vê-lo com
o cenho franzido.
E então todo o inferno se soltou.
Magia negra rasgou o sítio, cortando os traillers ao meio e desmo-
ronando tendas. Arran puxou o braço para trás para pegar a cabeça de
Dale quando uma explosão de magia drough o lançou a vários metros
de distância.
A magia bateu contra ele, fazendo seu deus gritar de dor e fúria.
Arran agarrou sua cabeça com ambas as mãos. Levou três tentativas
antes que ele pudesse ficar em pé.
Ele olhou para cima para encontrar seus amigos todos no mesmo
tipo de dor. Dale e o outro Guerreiro se foram.

300
Arran estremeceu quando seu deus ficou gritou alto, mas ele em-
purrou os gritos de lado enquanto procurava por Ronnie. Era um feito
em si mesmo que ele estava em pé a partir da magia drough através
dirigida a eles. Se eles estavam sofrendo, provavelmente afetaria Lare-
na também. O que significava que Ronnie estava em perigo.
Ele tentou caminhar, mas só caiu no chão novamente. Arran ran-
geu os dentes e empurrou-se para ficar de quatro. Ele pensou no sorri-
so de Ronnie, em seus olhos castanhos que olhavam para o mundo di-
ferente de qualquer pessoa que tivesse conhecido.
Pensou em seu toque suave, seus beijos, seu abraço acolhedor.
Ele pensou em seu riso, seu ... amor.
E ele ficou de pé com um rosnado. Arran deu um pequeno passo,
e depois outro. Ele continuou na direção em que tinha visto Ronnie par-
tir.
Ele não tinha ideia de quantos droughs estavam lá, e não importa-
va. Ele tinha que encontrá-los e matá-los, ou Ronnie estaria nas mãos
do mal.
A luz brilhava pelo céu, e por um momento, a magia cessou. Arran
olhou para encontrar Malcolm com o braço erguido para o céu e o re-
lâmpago se arrastando de seus dedos.
Nesses poucos segundos, Arran foi capaz de ver a maioria de to-
dos se afastando do sítio. Ele podia vê-los fugindo. Mas ele também
pôde ver cinco droughs enquanto estavam ao redor do sítio em um
grande círculo.
Malcolm enviou outra rodada de relâmpago, desta vez direcionada
para as droughs. Elas usaram sua magia para conter seu ataque, mas
ao fazê-lo, isso libertou Arran e os outros de sua magia.
Hayden jogou uma bola de fogo em uma, enquanto Lucan chamou
a escuridão em torno dele e desapareceu nas sombras. Um momento
depois, e ele havia matado uma das droughs.
Malcolm lhes dera a oportunidade de mudar a maré. As vítimas
agora tinham que se proteger para permanecerem vivas. Arran deixou
as droughs para seus irmãos e concentrou-se na magia de Ronnie. Ele

301
a encontrou quase que instantaneamente, mas o medo misturado em
sua magia o enviou para a raiva.
Ele usou sua velocidade e correu atrás dela. Dale estava longe de
ser visto, mas o Guerreiro que segurava Ronnie nunca viu Arran chegar.
Arran envolveu um braço em torno do pescoço do Guerreiro e o
arrancou de Ronnie, e para o chão. Justo quando Arran estava prestes
a tomar sua cabeça, uma mão trancou ao redor de seu pulso, parando-
o.
Ele olhou para cima para encontrar Phelan ao lado dele.
― Nós precisamos dele. ― Phelan disse.
Arran não conseguia tirar o Guerreiro segurando Ronnie fora de
sua cabeça, não poderia esquecer o medo em sua magia.
― Nós ganharemos mais por poupá-lo. Por agora, ― Phelan acres-
centou.
Arran mordeu os lábios e rosnou para o Guerreiro no chão. ― Eu
vou matar você por tocá-la.
O Guerreiro simplesmente riu em resposta. Então a cabeça dele se
sacudiu para o lado como se tivesse sido perfurado, e ele caiu inconsci-
ente.
― Eu estava cansado de ouvi-lo. ― voz desincorporada de Larena
disse do outro lado de Arran. ― Leve-o para Fallon. Vou vigiar Ronnie.
Phelan soltou Arran e levantou o Guerreiro para que o colocar so-
bre seu ombro. Com uma inclinação de cabeça, Phelan dirigiu-se a Fal-
lon.
Arran olhou para Ronnie, mas o olhar dela estava focado em seu
braço, onde ela segurou uma mão sobre um corte que sangrava vicio-
samente.
― Vá, Arran. ― Larena disse. ― Vou cuidar dela.
Arran não queria ir embora, mas não sabia o que dizer a Ronnie. O
que ele poderia dizer? Ele engoliu em seco e se virou para seguir Phe-

302
lan. Cada passo que ele se afastava de Ronnie era como um pequeno
pedaço dele morrendo.
O que tinha começado a crescer nele com o encontro com Ronnie
estava morrendo uma morte rápida. E ele queria seguir isso. O mundo
seria um lugar cinzento e solitário sem Ronnie ao seu lado.
Ele estava a meio caminho de volta ao local quando sentiu uma
onda de magia drough. Arran girou para encontrar a Druidesa, mas an-
tes que pudesse chegar a ela, uma rajada de vento girou em torno da
Druidesa e jogou-a no ar.
Gwynn soltou um riso enquanto se levantava na grama alta a cer-
ca de vinte passos dele. ―Droga. Isso foi bom... Mas não diga a Logan.
Ele é suficientemente protetor para que fique bravo sabendo que eu me
ameacei.
Arran assentiu com a cabeça em compreensão. ― Você não devia
estar tão longe de Logan. Qualquer coisa poderia acontecer com você
aqui fora.
― Arran, por favor. Vocês continuam esquecendo que eu posso
ouvir o vento. Alerta-me quando o perigo está próximo. Estou mais se-
gura do que qualquer um de vocês.
― Vamos lá. ― Ele disse, enquanto ele a segurava pelo braço. Ele
poderia ter perdido a mulher, mas Logan não perderia a dele. ― Vou
levá-la ao seu marido.
***
Aisley ficou imóvel como pedra, sobre o estômago, na grama, en-
quanto Arran passava por ela. Dale estava em cima dela, instando-a a
ficar quieta e imóvel.
Foi ele quem a encontrou depois do primeiro raio e a puxou para o
chão, efetivamente cortando seu feitiço para deter os outros Guerreiros.
Ela tentou perguntar o que ele estava fazendo, mas ele simples-
mente levou um dedo aos lábios dela. Aisley ficou quieta e escutou
quando Arran não só tinha encontrado Ronnie e o Guerreiro, mas foi
impedido de matá-lo por outra pessoa.

303
Alguém com uma voz que fez sua pele formigar com percepção. A
voz era suave e deliciosamente profunda. Ela queria ver o rosto que
acompanhava uma voz tão incrível, mas Dale não a deixava se mexer.
Então ouviu uma voz feminina que não era de Ronnie. Era alguém
vigiando Ronnie, mas Aisley não tinha visto uma mulher perto do alvo
deles.
E então havia a Druidesa que havia tirado uma de suas droughs.
Aisley não podia acreditar que a mie tivesse a habilidade de se comuni-
car com o vento, e se ela pudesse, por que a mie não sabia da presen-
ça dela e Dale?
Vários momentos se passaram depois que Arran se afastou antes
que Dale rolasse de cima dela. Aisley levantou-se nos cotovelos. ― E
agora?
― Eles pegaram Jordan. ― Dale disse.
― Ele vai falar?
Dale deu de ombros e ficou de costas com seu olhar para o céu.
―Eu sabia que haveria outros Guerreiros do Castelo MacLeod aqui, mas
eu não esperava tantos.
― Você e Jason continuam subestimando-os. Isso vai matar am-
bos.
Dale virou a cabeça para olhá-la. ― Você também quando eles
descobrirem quem você é. E você sabe que é apenas uma questão de
tempo antes que eles façam.
― Então por que me salvar?
― Porque eu gosto de você, ― ele disse com um encolher de om-
bros.
Ashley levantou-se para olhar hesitante sobre a grama. ― Eles
têm Jordan cercado. Parece que estão o questionando.
― Onde está Ronnie e a outra mulher?
― Eu também não vejo.

304
― Ela não está longe. ― disse Dale depois de um momento.
― Nós temos mais uma chance para pegá-la.
― Eu vi o que Arran fez a um de vocês esta noite. Você quer que
ele faça o mesmo com você? Porque ele irá. Ele fará isso com qualquer
pessoa que ameace Ronnie.
― O que há de tão especial nela? ― perguntou Dale, a confusão
em seu rosto.
Ashley pegou um pedaço de capim do cavanhaque de Dale. ― Ele
está apaixonado por ela.
― Você pode escondê-la dele.
Aisley olhou para suas mãos e sentiu a magia dentro dela. Sempre
foi poderosa, mas isso não era nada comparado ao que fluía dentro
dela agora.
Magia negra. Magia sombria.
De qualquer maneira, era o mal.
E assim era ela.
―Jason vai te matar se falharmos. Não temos escolha senão pegá-
la. ― disse ela.
Dale assentiu com a cabeça e levantou-se. ― Estamos longe o su-
ficiente da magia da escavação para que eu possa localizar Ronnie.
Aisley fechou os olhos enquanto Dale se afastava. Todos os dias
sua alma ficava cada vez mais negra. Ela não tinha certeza por que ela
continuava a lutar contra isso. Ela estava presa pelo inferno, de qual-
quer maneira, depois de realizar a cerimônia drough.
Mas ela odiava quem ela era, desprezava quem ela tinha se torna-
do. Tudo porque ela estava muito fraca para dizer não.

305
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

Ronnie estava em choque. Ela sabia, mas não conseguia sair disso.
Ela acordou de um sono perturbado com som de um rugido. Um
rugido de Guerreiro. Tinha sido acompanhado por outros, e ela instinti-
vamente sabia que não tinha sido Arran ou seus amigos.
Por longos momentos, ela se sentara em seu catre e escutara os
sons da batalha. Não foi até que ela ouviu o berro de Arran de dor que
ela tinha corrido para fora de sua barraca.
Ela tinha olhado fascinada, e um monte de medo, como o homem
que tinha feito um amor tão doce com ela, literalmente, rasgou em par-
tes outro Guerreiro.
Quando Arran cortou friamente a cabeça do Guerreiro, ela se ale-
grou por ele. Ela se alegrou interiormente, e isso a deixou doente. Que
tipo de pessoa ela era, que tinha se alegrado a morte de outro?
Não a pessoa que ela era, ou não? Era o que acontecia com al-
guém que teve sua vida ameaçada? Será que uma pessoa podia esque-
cer quem realmente era quando a mal rastreava?
Ou era que, essa nova pessoa que ela tinha se tornado, estivesse
sempre lá e ela não sabia disso?
Ronnie não conseguira olhar Arran nos olhos. Não por causa do
que ele tinha feito, mas por causa do que ela tinha feito. Ele a estava
protegendo, assim como tinha jurado fazer.
A alegria dentro dela com a morte de um homem, até mesmo um
homem mau, a fez perceber que ela não sabia quem ela era. E se ela
não soubesse quem era, como poderia Arran?
Então, ela se afastou dele.
Ronnie tinha visto Andy rapidamente tirando todo mundo do sítio,
e então ela o seguiu. Ela não tinha chegado muito longe, antes que um
Guerreiro a encontrasse.

306
Seu agarre tinha sido tão apertado e poderoso que nenhuma
quantidade de sacudidas ou empurrões o afetou. Arran tinha esse tipo
de poder, mas nunca o usou nela. Ele tinha sido amável e gentil, mes-
mo quando ela abriu a câmara e liberou algo mortal no mundo.
Ou quando ela lhe disse para partir.
Ele a tinha roubado, mas ela não estava zangada com os roubos.
Ela estava magoada por ele fazer isso com ela.
Não demorou muito para perceber que o Guerreiro que a segurava
não a deixaria ir. E já que ela se afastara de Arran, ninguém sabia o que
tinha acontecido com ela.
E então, de repente, Arran estava lá.
Ele girou o Guerreiro longe dela e jogou-o no chão como se ele
fosse nada mais do que um saco de folhas. A dor rasgou seu braço, e
Ronnie olhou para baixo para ver um corte que percorria o comprimen-
to de seu antebraço.
Ela apressadamente pressionou-o, vagamente consciente de que
outro guerreiro se juntara a Arran. Mãos suaves tocaram o ombro de
Ronnie, mas ela estava tão perto de desmaiar do alarme e da dor que
ela não conseguia focar os olhos.
Havia tanto que queria dizer a Arran. E ela queria sentir seus bra-
ços ao redor dela novamente. Ela queria seu conforto, suas mãos fir-
mes para acalmá-la e dizer-lhe que tudo ia ficar bem. Não importava
como ela tentasse tirar as palavras de seus lábios, nada funcionava.
― Sou Larena. ― disse uma mulher perto dela.
Ronnie balançou, mas os braços que ela não podia ver a apanha-
ram.
― Oh Deus! Talvez eu não devesse ter mandado os homens em-
bora. Ronnie, você precisa ouvir com atenção.
Ronnie engoliu e lutou para manter sua respiração uniforme. Ela já
não podia sentir os dedos, e mesmo que ela continuasse a pressionar a
ferida, o sangue ainda escorria pelo braço para escorrer de seus dedos.
― Sou Larena. ― repetiu a mulher. ― Eu sou uma guerreira.

307
A Guerreira invisível. Ronnie tentou dizer as palavras, mas era mui-
to difícil.
― Eu estou invisível agora por causa do meu poder. ― Larena sus-
surrou, e virou Ronnie para os veículos. ― Você pode chegar aos car-
ros? Algum carro?
Ronnie deu um passo hesitante, e depois outro. Ela conseguiu
mais dois antes que suas pernas desistissem.
― Eu tenho você. ― disse Larena, pegando-a antes de cair no
chão.
De repente, Ronnie foi levantada e levada. Ela fechou os olhos,
pois era muito difícil mantê-los abertos. Já não podia ouvir os sons da
batalha.
― Arran. ― sussurrou ela.
Terminou? Ela estava segura de novo?
Assim que esse pensamento passou por sua mente, Larena gritou.
E então Ronnie estava caindo.
Ela aterrissou duramente no chão com uma pedra golpeando ao
seu lado. Ronnie forçou os olhos a abrir e viu o Guerreiro verde-pálido
socava o que parecia ser o ar. Mas suas mãos pousaram contra algo
sólido.
Larena.
Ele estendeu suas garras e estava balançando-as para baixo quan-
do um tiro disparou. Algo caiu na grama ao lado de Ronnie. Um mo-
mento depois, viu o corpo nu de Larena deitado de lado com uma bala
nas costas.
― Por que você fez isso? ― Dale exigiu de alguém.
― O X90 vai matá-la tão certamente quanto você decapitá-la. ―
disse uma mulher.
Ronnie agarrou um punhado de grama e tentou se afastar. Eles
haviam matado Larena. Tudo porque Larena a estava ajudando.

308
Um par de botas pisou na frente do rosto de Ronnie.
― Finalmente conseguimos você. ― disse a mulher.
Ronnie levantou os olhos para ver uma mulher de olhos frios e ca-
belo preto puxado para trás em um rabo de cavalo antes de desmaiar.

309
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

A paciência de Arran o abandonou quando os Guerreiros pensaram


em vir para Ronnie novamente. O fato de que o Guerreiro que eles cap-
turaram se recusava a dizer-lhes qualquer coisa, fez apenas a frustra-
ção de Arran crescer.
― Calma. ― disse Fallon. ― Precisamos de informações dele.
Logan ficou ao lado com Gwynn atrás dele. Logan se certificou de
manter entre Gwynn e o Guerreiro indesejado. Não que Arran o culpas-
se. Logan estava protegendo sua mulher.
A única outra pessoa que tinha alguém com quem se preocupar
era Fallon, mas todos sabiam que Larena podia cuidar de si mesma.
Com seu poder de invisibilidade, ela era a menos provável ser ferida.
― Apenas nos diga o que queremos saber. ― Quinn disse ao guer-
reiro.
Arran ainda não tinha apaziguado seu deus. Malcolm e Phelan
também mantinham seus deuses livres, mas ninguém parecia surpreso.
Arran queria ser o único a segurar o Guerreiro junto com Ian, mas Fal-
lon mandou que Hayden fizesse as honras em seu lugar.
A conversa não era suficiente para Arran. Ele precisava de respos-
tas, respostas que o Guerreiro não estava fornecendo.
Lucan estreitou o olhar para Arran. Arran sabia que sua raiva esta-
va lá para todos verem. Era uma coisa viva, respirando dentro dele,
mas não havia nada que ele pudesse fazer para desligá-la.
Ele temia que nunca se desligasse novamente até que Ronnie esti-
vesse em seus braços mais uma vez.
― Não vou te dizer nada. ― disse o guerreiro a Quinn. ― Eu não
poderia mesmo se eu quisesse.
― O que quer dizer? ― perguntou Galen.
O guerreiro estalou ― Ficou claro que se eu dissesse a qualquer
um que desassociasse meu deus, algo terrível aconteceria.

310
Broc bufou. ― Você é um guerreiro. Você tem poder, força e velo-
cidade. Por que você está respondendo a ninguém, além de si mesmo?
― Você responde aos MacLeod.
Broc cruzou os braços sobre o peito e olhou para Fallon. ― Ele
pode ser nosso líder, mas no final, eu respondo a mim mesmo. Eu fico
com os MacLeods porque eles são minha família.
― Diga o que quiser. ― O guerreiro sorriu e virou o olhar para Ar-
ran. ― Não há nada que você possa fazer que nos impeça conseguir-
mos a Druidesa. Nada.
Arran tinha ouvido o suficiente. Ele se lançou para o Guerreiro,
apenas para ser interrompido por Lucan e Charon, que o seguraram.
― Isso não vai resolver nada. ― disse Lucan.
Arran rosnou, sua raiva envenenando mais enquanto seu inimigo
continuava a sorrir. ― Eu não vou permitir que eles cheguem perto
dela.
― Há outra maneira. ― sussurrou Charon.
Arran parou e olhou para o homem que ele tinha odiado por tanto
tempo. Havia um brilho calculista no olhar sombrio de Charon, um que
Arran reconheceu muito bem.
Ele relaxou, e eles o soltaram. Arran voltou sua atenção para o pri-
sioneiro.
― Quem quer que tenha feito você deve ter grande poder. ―disse
Charon ao Guerreiro.
O guerreiro deu de ombros o melhor que pôde, considerando que
Hayden e Ian o seguravam pelos braços. ― Oh, sim. Ele tem.
― Ele. ― Logan disse com um sorriso astuto.
O sorriso do Guerreiro desapareceu. ― E daí?
Charon caminhou na frente do guerreiro e girou então e perguntou
outra vez. ― Este Druida tem muitos Guerreiros?
― Alguns.

311
― Alguns. ― repetiu Charon, olhando para Arran. ― Este Druida
se considera muito poderoso, não é?
― Oh, sim. Muito. Ele é. Eu vi sua magia.
― Você sabe que existem dois tipos diferentes de Druidas?
Arran recuou seu desprezo quando percebeu que Charon estava
colocando o Guerreiro à vontade respondendo a perguntas mundanas.
O Guerreiro deu um rápido movimento de cabeça. ― Lembro-me
de algo sobre isso. Não, que isso importe.
― Deveria, mas voltaremos a isso mais tarde. Este Druida lhe con-
tou a história de como os primeiros Guerreiros foram criados?
― Eu não me importo com isso. Olhe para mim! Eu sou um deus!
Charon parou em seu ritmo e levantou uma sobrancelha escura.
Os fios de cabelo haviam se soltado da trança, e qualquer um que não
o conhecesse talvez não visse a raiva cozinhando logo abaixo da super-
fície enquanto sorria facilmente. ― Você tem um deus dentro de você.
São duas coisas diferentes.
― Não é à minha maneira de pensar.
― Este Druida que desatou seu deus, ele compartilhou seus pla-
nos com você?
O Guerreiro sacudiu a cabeça. ― Não. Ele nos conta alguns, mas
eu não faço muitas perguntas.
― Onde ele conduz sua magia e libera os deuses? Um armazém
em Glasgow talvez?
― Sua casa, é claro.
Arran teve que ficar quieto enquanto Charon recebia mais informa-
ção do que qualquer outro antes dele. Não havia como negar a habili-
dade de Charon. Fez Arran repensar como ele sempre pensou Charon
tolo por retornar à aldeia em que ele cresceu.
― Quantos Druidesas ou Druidas ele tem? ― Perguntou Charon.

312
O Guerreiro gargalhou. ― Mais do que nunca vindo ao redor da
casa. Há um par que eu gostaria de aquecer minha cama.
― Tenho certeza. ― disse Charon, com os lábios achatados. ― En-
tão, Jason Wallace tem um interesse específico em Ronnie? Ou ele a
quer apenas porque ela é uma Druidesa?
― Jason nos disse que ele precisa dela, porque há a possibilidade
de ela encontrar artefatos mágicos. ― Assim que as palavras saíram da
boca do Guerreiro, ele deu um grande rugido e tentou se soltar. ― Seu
desgraçado!
Charon sorriu friamente. ― Inteligência é claramente algo que
você precisa dominar.
Arran deu um passo em direção ao Guerreiro quando ele gritou de
dor. Arran parou e observou quando o peito do guerreiro de repente se
abriu e seu coração explodiu para que todos pudessem ver.
Hayden soltou o agora morto Guerreiro para vê-lo cair no chão. ―
Fascinante.
― Você poderia dizer isso. ― Fallon disse.
Arran olhou ao redor. ― Eu preciso ter certeza que Ronnie está
bem. ―
― Larena está com ela. ― Quinn disse.
Mas Arran o ignorou. ― Broc, você pode encontrar Larena e ter
certeza de que ela e Ronnie estão bem?
Com um aceno de cabeça, Broc fechou os olhos e usou o poder de
seu deus para localizar Ronnie. Levou apenas alguns segundos antes de
abrir os olhos. ― Ronnie está com uma drough e um Guerreiro.
Fallon empurrou seus irmãos e ficou diante de Broc, com pânico
em seus olhos verdes. ― Onde está Larena? Onde está minha esposa,
Broc?
Uma vez mais Broc procurou, e desta vez quando ele abriu os
olhos, havia tristeza ali. ― Ela está aqui, mas ferida. Siga-me.

313
Logan e Hayden ficaram para trás para vigiar Gwynn, enquanto o
resto deles correu atrás de Broc. Arran parou quando Fallon deixou es-
capar um berro e caiu de joelhos ao lado da forma imóvel de Larena.
Fallon não disse uma palavra a nenhum deles enquanto pegava
Larena em seus braços e os teleportava para o castelo.
Arran tinha visto o buraco de bala nas costas de Larena. Não havia
muito sangue, mas não precisava ter, se as balas usadas fossem X90.
Há quanto tempo Larena estava deitada aqui ferida? Quanto tem-
po Ronnie havia partido?
Arran virou-se para Lucan e Quinn. ― Seu irmão vai precisar de
você. Vá até ele.
― O que você vai fazer? - perguntou Lucan.
Arran olhou ao longe, um grande e voraz buraco se abrindo no
peito onde seu coração já estivera, sabendo que Ronnie estava em
mãos inimigas. ― Vou encontrar Ronnie.
― Não sem mim. ― disse Charon. –
Phelan assentiu com um cruel toque nos lábios. ― Faz muito tem-
po que não tive uma boa luta. Eu irei. Além disso, seus traseiros preci-
sarão, sem dúvida, do poder do meu deus.
― Eu também vou. ― disse Ian.
Malcolm fez um aceno de cabeça, e isso é tudo que Arran precisa-
va saber que podia contar com o Guerreiro.
― Precisamos de Ramsey. ― disse Ian. ― Se Jason é como De-
clan, Ramsey será uma grande bênção. ―
Arran queria Jason morto por qualquer meio necessário. E se signi-
ficasse permitir que um de seus amigos matasse o bastardo, Arran o fa-
ria.
― Chame Ramsey e veja se ele está dentro. ― Arran disse, e co-
meçou a ir para área de estacionamento.

314
Uma forma de repente bloqueou seu caminho. Ele olhou nos olhos
verdes de Quinn MacLeod.
― Você me protegeu nas entranhas da montanha de Deirdre, Ar-
ran. Eu não vou te abandonar agora.
Arran ficou honrado pelas palavras de Quinn. ― Eu sei que se eu
te perguntasse, você viria.
― Você não tem que perguntar.
― Seu irmão vai precisar de você. Larena não estava bem. Pode-
mos lidar com Jason.
Broc suspirou alto. ― Concordo com ele, Quinn. Você e Lucan pre-
cisam ir até Fallon. O resto de nós irá atrás de Jason.
Arran olhou para Broc, Galen e Camdyn. Antes que pudesse dizer
alguma coisa, Logan, Gwynn e Hayden se aproximaram.
― Conte comigo e Logan. ― disse Hayden.
Arran olhou para cada um dos homens que se tornaram irmãos
para ele. ― Obrigado.
― Somos família. Você pensou que nós não estaríamos aqui para
você? ― Ian disse, e socou-o no braço.
Os lábios de Broc apertaram por um momento antes dele dizer. ―
Ronnie está com Dale. Eles estão na estrada indo para o norte.
― Para a mansão de Wallace, sem dúvida. ― disse Logan com um
rosnado.
Arran viu como Gwynn pegou a mão de Logan. Tanto ela como Lo-
gan mal saíram vivos da mansão de Wallace. Isso foi antes de matarem
Declan.
Era hora de matar outro mal.
E Arran estava mais do que ansioso para isso. ― Espere, Ronnie.
Estou chegando. ― sussurrou Arran.

315
CAPÍTULO TRINTA E CINCO

Fallon se teletransportou para o quarto dele e Larena, berrando


por Sonya assim que chegou ao castelo. A forma imóvel de Larena lem-
brava-lhe muito vividamente carregando-a quatrocentos anos antes,
depois que ela tinha sido esfaqueada com sangue drough e quase mor-
reu.
Era uma quantidade muito maior de sangue drough nela então,
que era a única razão que ele não tinha perdido totalmente sua calma.
No entanto, ele não estava pronto para soltá-la quando Sonya
abriu a pesada porta de carvalho e ofegou.
― O que aconteceu? ― Sonya perguntou enquanto se apressava
em direção a eles.
Fallon notou brevemente que os outras Druidesas se aventuravam
em seu quarto. Ele engoliu em seco e olhou para o rosto pálido de La-
rena. ― Ela foi baleada nas costas.
Não havia necessidade de dizer a Sonya que a bala disparada era
um X90. O fato de Larena não se mover provava que a situação era
crítica.
― Deite-a, Fallon.
A voz de Sonya era suave, seus olhos âmbar eram pacientes en-
quanto esperava que ele fizesse o que ela pedia. Fallon podia sentir
quão lenta era a respiração de Larena. Ele estava com medo de soltá-
la.
― Não posso perdê-la.
Ramsey tocou seu braço. ― Então deixe Sonya fazer o que puder.
Fallon tinha assistido Sonya usar sua magia para curar muitos de-
les atingidos com sangue drough, incluindo Larena.
Ele gentilmente colocou sua esposa na cama antes de virá-la em
seu estômago para que Sonya pudesse chegar à ferida. Fallon afastou

316
uma mecha de cabelo dourado de Larena e notou o sangue que man-
chava as mãos.
― Aqui. ― disse Tara.
Fallon olhou para encontrar uma toalha úmida estendida para ele.
Ele distraidamente tomou-a, e rapidamente se virou para assistir Sonya.
Ela alisou seus cachos vermelhos e respirou fundo. Então suas mãos es-
tavam segurando a palma da mão sobre a ferida de Larena enquanto
sussurrava palavras tão antigas quanto os próprios Druidas.
O suor frisou a sobrancelha de Sonya e umedeceu seu cabelo en-
quanto continuava a derramar magia em Larena, ainda que a bala não
tivesse saído de seu corpo. Marcail, Cara, Isla e Reaghan logo se junta-
ram à sua magia com a de Sonya.
Embora não tivessem magia de cura, sua magia poderia aumentar
a de Sonya. Não demorou muito para que Dani, Saffron, Tara e Ramsey
também combinassem sua magia com a das outras.
E ainda a bala não seria removida.
― Está alojada na coluna. ― disse Sonya, embora não abrisse os
olhos.
Fallon caiu de joelhos e pegou a mão de Larena. ― Lute! ― ele
sussurrou perto de seu ouvido. ― Lute para viver, Larena. Você sobrevi-
veu a isso uma vez. Você pode novamente.
Seu coração batia como um tambor em seu peito. Seu sangue era
como gelo em suas veias. Sempre achava que tinha sorte porque nunca
tinha que se preocupar com Larena morrendo.
Ela era uma Guerreira, imortal e poderosa como ele era.
No entanto, ali estava ele, de joelhos, orando para que Deus o ou-
visse e poupasse sua esposa. Ele rezou para que a magia das Druidesas
fosse forte o bastante para ajudar, porque ele não poderia viver sem
ela.
― Esta bala é diferente. ―, disse Isla, seus olhos azuis cheios de
desconforto.

317
Fallon apertou a mão de Larena. ― Vamos, baby. Volte para mim.
Vamos começar uma família em breve, lembra-se. Eu te prometi. E eu
nunca volto atrás em minhas promessas.
Sonya suspirou e deixou cair os braços. Seus olhos se abriram e
uma lágrima caiu em seu rosto. ― A X90 tem que sair ou vai continuar
a vazar sangue drough dentro dela.
― Eu sei. ― Fallon disse bruscamente. ― O que você está espe-
rando?
― Minha magia não está afetando isso. Eu vou ter que entrar e ti-
rar isso eu mesma.
Fallon sacudiu a cabeça. - Não. Eu vou fazer isso.
Ele se levantou e afundou na cama ao lado de Larena. Sua ferida
começara a ficar negra nas bordas. Fallon alongou suas garras e cortou
suas costas para que a lesão fosse maior.
Então ele usou suas garras para separar ternamente sua pele até
que ele pudesse ver a bala. Estava alojada entre suas vértebras, como
disse Isla.
Se ele pudesse tirar a X90, então Larena teria uma chance para
sua deusa curá-la. Duas vezes ele raspou a bala com suas garras, mas
ele não conseguiu segurá-la.
― Use isto. ― Cara disse enquanto lhe entregava uma pinça.
Era pequena, e seus grandes dedos tinham dificuldade em con-
trolá-la. Mas ele tentaria. Uma vez que suas garras recuaram, ele con-
seguiu colocar as pinças em volta da bala.
Depois de quatro tentativas, ele estava prestes a desistir quando
Isla colocou uma mão em seu braço.
― Tente mais uma vez. ― disse ela.
Fallon olhou para ela antes de inalar profundamente. Ele se con-
centrou na bala e esperou até que ele tivesse a pinça firmemente em
torno dela antes que ele movesse sua mão lentamente, de um lado a
outro, desalojando o cartucho.

318
Ele piscou o suor que caiu em seus olhos. Mesmo quando a bala
começou a se mover, ele não sorriu de alegria. Ele não sorriria nova-
mente até que Larena abrisse seus olhos azuis esfumaçados e olhasse
para ele.
As pinças começaram a deslizar para fora da bala, então Fallon ali-
viou seu aperto e tentou novamente. Foi um processo cuidadoso, e
quanto mais demorava, mais perto de morrer Larena chegava.
― Ela não está respirando. ― disse Dani.
O coração de Fallon desabou. Ele rosnou e jogou a pinça de lado.
― Perdoe-me, meu amor. ― ele sussurrou antes de empurrar sua mão
na ferida de Larena e segurar a bala com os dedos.
Ele conseguiu um bom apoio, e com um rosnado, arrancou o obje-
to ofensivo. Fallon atirou-a ao chão, e com velocidade cegante esten-
deu uma garra preta e abriu o braço em fatias. Deixou o sangue escor-
rer da ferida para dentro do buraco deixado pela bala em Larena.
― Vamos precisar de mais. ― disse Sonya suavemente.
Ramsey não disse uma palavra enquanto cortava seu braço e dava
seu sangue. Fez um gesto com a cabeça para Fallon.
Fallon não queria tomar tempo para pegar seus irmãos, mesmo
que fossem apenas alguns segundos. Ele também não queria deixar La-
rena. Mas se não fizesse algo para salvar sua esposa, ela estaria fora
para sempre.
Ele apertou as mãos dele e esperou até que a última gota de seu
sangue caísse na ferida antes de seu corte curar. Sem uma palavra, ele
pulou para o sítio de escavação.
Quinn, Lucan e Gwynn estavam de pé num pequeno amontoado
enquanto a chuva os ensopava. Fallon não lhes deu tempo para fazer
perguntas enquanto os teleportava de volta para o castelo e para sua
câmara.
― Santo inferno. ― Quinn disse ao ver Larena.

319
Fallon voltou para seu lugar junto à cama e cortou seu braço mais
uma vez para sua esposa. Lucan se moveu ao lado dele e cortou seu
braço e deixou o sangue encher a ferida de Larena.
Quinn tomou o outro lado da cama perto de Marcail e Ramsey e
fez o mesmo. Uma e outra vez os quatro Guerreiros deram seu sangue
a Larena.
Cada segundo que marcava no relógio com Larena ainda não me-
xendo, fazia o intestino de Fallon apertar com terror.
Mesmo as Druidesas tinham tomado seus lugares ao redor da
cama, mais uma vez, suas magias enchendo a câmara até que ela zum-
bir razoavelmente.
E ainda nada.
A garganta de Fallon se fechou enquanto ele olhava para o corpo
sem vida de Larena. ― Não! ― gritou, e aproximou-a. Ele ignorou os
braços que o agarraram e a abraçou mais perto.
― Por favor. ― sussurrou. Larena, viva. Por favor, viva.
Ele embalou a parte de trás de sua cabeça em suas mãos e a ba-
lançou. As lembranças passaram por sua mente de seus quatrocentos
anos juntos. O riso, as lágrimas, as lutas, as brincadeiras e até mesmo
as batalhas que tinham lutado para salvar o mundo.
Em cada vez, Larena tinha estado lá com ele. Ela o encorajara, o
amara. Fez dele um homem melhor. O pensamento de não tê-la em sua
vida parecia... errado.
― Eu não posso te perder. ― ele disse através de suas lágrimas.
***
Quinn inclinou a cabeça para trás contra as pedras do corredor e
suspirou. Fallon estava sozinho em sua habitação com Larena por mais
de duas horas.
― Eu não entendo. ― disse Lucan.
Quinn olhou para seu irmão, que estava agachado no outro lado
do corredor, com a cabeça entre as mãos.

320
O que há de diferente nessa X90s que poderiam causar tal dano?
― Lucan ergueu a cabeça, seus olhos verdes incomodados.
Isla levantou a bala de metal esmagado. ― A quantidade de san-
gue drough que estava contida não parece ser diferente. Parece que é
a bala em si. Ou melhor, a magia que a rodeia.
Ramsey grunhiu. ― É a magia.
― O único que usou essas malditas balas foi Declan. Faz sentido
que Jason poderia as ter alterado. ― disse Quinn.
Lucan se levantou e puxou Cara em seus braços. Ele passou as
mãos pelos cabelos castanhos de Cara. ― Nós sempre fomos para a ba-
talha sabendo que o sangue drough poderia nos matar. Lutamos com
Declan e seus mercenários, e vencemos.
― Você não vai desistir, Lucan MacLeod. ― disse Cara enquanto
olhava para ele. Seus olhos de mogno, cheios de amor e preocupação,
estavam trancados nele. ― Você é um Guerreiro. Por alguma razão, o
Destino lhe deu um deus dentro de você. Se não fosse por você e pelos
outros Guerreiros, Deirdre teria governado o mundo há muito tempo.
Marcail assentiu com a cabeça e trançou os dedos com os de
Quinn. ― Cara está certa. Aye, eu temo cada vez que você sai para a
batalha que pode ser a última vez que eu vejo você. Tanto quanto eu
adoraria mantê-lo ao meu lado sempre, se não fosse por vocês Guerrei-
ros, eu não teria um mundo para viver.
Tara não disse nada enquanto descansava a cabeça no peito de
Ramsey. Eles tinham passado por tudo isso apenas no ano anterior.
― Depois de tudo o que aconteceu quando eu perdi a minha ma-
gia, ― Sonya disse com uma sacudidela de cabeça enquanto piscava
em seus olhos. ― Mesmo a magia combinada de todos nós não poderia
salvar Larena.
Isla apontou o dedo. ― Arran e os outros vão precisar de vocês
três irmãos MacLeod, bem como Ramsey.
Quinn olhou para a porta que levava ao quarto de Fallon. ― Fallon
não vai deixar Larena. Ele se afundou no desespero depois que Deirdre

321
desatou nosso deus, mas temo que desta vez o perderemos para sem-
pre.
― Eu me recuso mesmo a considerar isso. ― disse Lucan. ― Cada
um de nós aqui, Guerreiro ou Druida, precisa de Fallon. Nós somos uma
família e faremos o que uma família tem que fazer.
Quinn olhou para seu irmão enquanto lembrava que tinha sido Lu-
can que manteve os irmãos juntos durante suas horas mais escuras.
― Nós nos mantemos fortes.
― Nós nos mantemos fortes - repetiu Lucan através da tristeza
que tinha caído sobre o castelo.
Gwyn limpou a garganta, os braços cruzados sobre o peito. Seus
olhos violetas tocaram cada um deles. ― Fallon perdeu Larena. Se vo-
cês não o levarem para a mansão Wallace, ele não será o único Guer-
reiro a perder a mulher que ama.
― Ela está certa. ― concordou Saffron.
Ronnie e Arran estão destinados a estar juntos, mesmo que eles
ainda não saibam.
Quinn beijou o topo da cabeça de Marcail. ― Ele vai saber em bre-
ve. Às vezes é preciso quase perder nossas mulheres para nos fazer
perceber que precisamos delas.
― Se Fallon não sair, precisamos partir imediatamente para chegar
à mansão a tempo. ― disse Ramsey, passando a mão pelo longo cabelo
preto.
Quinn e Lucan entraram na câmara de Fallon e silenciosamente fe-
charam a porta atrás deles.
O mais velho MacLeod, que havia superado o fato de ser um bêba-
do, treinado para liderar um clã, que se tornara um grande homem,
sentado em sua cama segurando sua esposa morta.
Quinn piscou a umidade que enchia seus olhos. Larena tinha sido
especial, não porque ela era a única guerreira. Mas porque ela tinha
sido a única a deixar Fallon estável. Ela tinha sido a única que ficou ao
lado dele através de tudo isso.

322
― Maldição. ― Lucan murmurou e olhou para o chão.
Quinn respirou fundo e tentou encontrar as palavras para falar.
Eles poderiam ter vencido contra Deirdre e Declan, mas eles tinham
perdido pessoas.
Duncan, o irmão de Ian e um amigo Guerreiro, havia] sido morto
por Deirdre. Havia Fiona e Braden, dois Druidas que tinham vindo ao
castelo com Reaghan. Mas nenhum tinha perdido um esposo.
Até agora...
― Fallon. - começou Lucan. O mais velho MacLeod ergueu os
olhos verde-escuros, e o profundo pesar neles fez Quinn dar um passo
para trás.
― Arran e Ronnie precisam de nós.
Falou assentiu. ― Eu sei. Eu não quero que ninguém perca seu
companheiro. Demasiado sangue já foi derramado.
Quinn inclinou a cabeça para a estranha inflexão na voz de seu ir-
mão. Ao princípio, pensou que era apenas tristeza, mas quando Fallon
colocou Larena na cama e se levantou para encará-los, Quinn viu os
olhos de Fallon.
― Oh, porra, ― murmurou Lucan.

323
CAPÍTULO TRINTA E SEIS

Aisley entrou no caminho da mansão de Wallace. Quando criança,


as poucas ocasiões em que estivera na mansão tinham sido de grande
felicidade. Ela se perdia jogando no labirinto de sebes para voltar.
Lá ela tinha sido capaz de fingir que ela era uma maga, uma su-
per-heroína, e qualquer número de coisas que tinham cruzado sua
mente na época. Então, ela tinha sido capaz de fazer e ser qualquer
coisa que ela quisesse.
Engraçado como a vida nunca acabava do jeito que uma criança
sonhava.
Aisley colocou o carro no estacionamento e olhou no retrovisor
para ver Dale. - Ela ainda está desmaiada?
― Ela começou a voltar a cerca de uma hora atrás. Dei um tapi-
nha para mantê-la inconsciente.
Aisley deu uma sacudida no assento para olhá-lo. ― Você perdeu
a cabeça? Você não conhece sua própria força.
― Dê-me algum crédito, moça. Eu não a machuquei.
Aisley deu um bufar e se virou para pegar a maçaneta da porta, só
para abrir a porta para ela.
― Já não era sem tempo. ― disse Mindy, seu pé batendo nas pe-
quenas pedras que revestiam o caminho e seus lábios vermelhos enru-
gados em um beicinho.
Aisley empurrou Mindy de lado e saiu do carro. ― Sai da frente.
― Onde você esteve? ― Jason perguntou dos degraus da frente.
Aisley queria dizer-lhe para ir se ferrar. Em vez disso, ela abriu a
porta traseira do passageiro e olhou para a Druidesa inconsciente.
― Nós chegamos aqui, não é? ― Aisley disse.
Dale saiu do carro do outro lado e deu um aceno para Jason. ―
Ronnie e Arran não estavam sozinhos.

324
― Eu esperava que eles pudessem trazer alguns amigos,― Jason
disse com um sorriso.
Aisley mal manteve seus lábios levantando-se em um sorriso en-
quanto ela dizia: ― Oh, eles trouxeram alguns, ok. Eles trouxeram to-
dos eles. E uma Druidesa.
Justo como pensou, o sorriso de Jason desapareceu. Seu olhar se
virou para Dale. ― Onde estão minhas droughs?
― Você me mandou conseguir Ronnie aqui o mais rápido que pu-
desse. Isso é o que eu fiz. Não tenho certeza se algum de suas droughs
ainda estão vivas, não depois do que aqueles Guerreiros fizeram.
Jason desceu os degraus e ficou de frente de Aisley. ― Como?
Como os guerreiros ganharam vantagem? Eles deveriam ter sido impo-
tentes com a força de vocês Druidesas.
― Eles ficaram. Por um momento. Havia um lá, um guerreiro mar-
rom, que não parecia ser afetado. Ele usou seu poder de raio para nos
atingir.
― Você parece ter saído ilesa. ― Jason disse com desdém como
ele a olhou para cima e para baixo.
Aisley não ia dizer-lhe que foi Dale quem a tinha salvo. Isso só fa-
ria com que Dale recebesse uma dose da ira de Jason. ― Eu sou uma
Wallace, lembra, primo? Parece que temos uma habilidade para ficar vi-
vos.
Sua explicação bastou, porque Jason se afastou sem dizer mais
nada. Aisley deslocou o olhar para Mindy, que ainda a fitava com ódio
em seus olhos.
― Continue como um bom cachorrinho e siga seu mestre. ― disse
Aisley com uma falsa doçura escorrendo de suas palavras. ― Seja uma
boa cadela.
Mindy deu os dois passos que as separavam e apertou o dedo no
ombro de Aisley. Ela sentiu uma explosão de magia atingi-la, mas con-
seguiu manter a dor fora de seu rosto. Um truque que Aisley aprendeu
rapidamente sob o teto de Jason.

325
― Um dia desses, Jason vai me dar permissão para matar você.
Aisley virou os lábios em um sorriso zombador. ― Estou ansiosa
para o dia que você tentar.
Foi somente depois que Mindy entrou na casa que Aisley tocou o
lugar onde a magia tinha entrado nela. Ela deslocou a gola de sua ca-
miseta e viu a pele queimada.
― Dói?
Ela levantou a cabeça para olhar para Dale. Ela tinha esquecido
completamente que ele estava lá. Aisley deu de ombros e soltou o cola-
rinho. ― Não é nada que eu não possa segurar.
― Eu não perguntei isso. Perguntei se doía.
Dale a protegera dos relâmpagos do Guerreiro. Ele também tinha
feito pequenas coisas ao longo dos meses para manter a ira de Jason
longe dela. Dale gostava dela, ela sabia. Mas era o suficiente para que
ela pudesse confiar nele?
O homem grande franziu a testa e passou a mão pela cabeça ras-
pada. ― Você não confia em mim.
― Eu não confio em ninguém.
― Aye. Isso é provavelmente uma jogada sábia. Embora você não
possa acreditar, Aisley, você pode confiar em mim.
Dale se curvou dentro do carro, e quando ele se levantou, ele ti-
nha Ronnie em seus braços. Aisley fechou a porta e depois caminhou
para o outro lado do carro e fechou aquela também.
Seguiu Dale pelos degraus da frente, mas parou antes de entrar
na casa. Seu olhar se moveu para o alto portão que mantinha os hós-
pedes indesejados.
No entanto, nada impediria os Guerreiros do Castelo MacLeod. Ais-
ley não tinha dúvida de que viriam. Especialmente Arran. O Guerreiro
viria por Ronnie.

326
O problema era, ela queria que eles ganhassem? Eles a matariam
no local por seu envolvimento com Jason e o fato de que ela era uma
drough.
Porque ao contrário dos outros no pequeno clã de Jason, ela tinha
feito sua pesquisa sobre as Druidesas.
Também com o MacLeods vencedores ou Jason vencendo, Aisley
sabia que ela não tinha vida longa neste mundo. E isso não a incomo-
dava. A morte era mais aceitável do que a vida que ela levava.
Mesmo que aquela morte significasse que ela iria para o Inferno.
***
Ronnie acordou lentamente. A primeira coisa que sentia era a dor
na mandíbula, e então, a cru e excruciante dor do antebraço esquerdo.
Os acontecimentos de antes vieram correndo de volta a ela como uma
onda.
― Não! ― Ela gritou e sentou-se em um catre tão semelhante ao
da sua tenda que por um momento pensou que era onde estava.
Ela tentou se virar, Apenas para ser puxada parando-a, com algo
em seu braço direito. Confusa, Ronnie olhou para baixo na enorme al-
gema de ferro em torno de seu pulso, presa numa corrente grossa e
pesada que caia no chão e todo o caminho até a parede atrás dela,
onde a corrente estava trancada.
― Estou feliz por você, finalmente, acordar.
Fria, estranha voz masculina fez a pele de Ronnie formigar. Ela vi-
rou a cabeça para encontrar-se olhando através de uma fileira de bar-
ras de metal. Demorou um momento para perceber que estava tranca-
da numa prisão.
O homem bateu o punho contra o metal. Seu cabelo loiro era cor-
tado curto, fazendo seu rosto aquilino e longo pescoço parecer mais an-
gular.
― É forte. Esta masmorra sobreviveu mesmo ao fogo. Declan usou
magia para tornar as células fortes, e então eu adicionei minha magia
em cima dela.

327
Ronnie separou seus lábios para respirar através de sua boca en-
quanto seu estômago começava a ficar enjoado. Ela olhou para o braço
ferido para ver que estava envolto em gaze.
― Você parece confusa. ― disse o homem com um sorriso malicio-
so.
O olhar dela se virou para ele. A alegria em seu rosto pela sua si-
tuação só a fez mais doente.
― Eu acho que deveria me apresentar. Eu sou Jason Wallace. ―
Ronnie ergueu o queixo e olhou-o nos olhos.
― Eu deveria estar impressionada?
Jason bateu palmas uma vez e jogou a cabeça para trás e riu. ―
Brilhante. Simplesmente brilhante.
― Onde estou? Por que você me tirou do meu sitio de escavação?
― Ronnie pensou ao parecer ignorante da identidade de Jason e intri-
gas, ela pudesse ser libertada. Ela deveria ter sabido melhor.
― Oh, por favor. Isso é o melhor que você pode fazer? ― Ele per-
guntou com uma carranca. Ele revirou os olhos. ― Você pode parar
com o ato, Dra. Reid. Você sabe tudo sobre Druidas e Guerreiros e ma-
gia. É um mundo incrível em que as Druidesas vivem, não é?
― Seria, sem pessoas como você.
Um lado de seus lábios se ergueu em um sorriso. ―Há aquele es-
pírito que eu ouvi tanto sobre. Mas, moça, você sabe tão bem quanto
eu que o bem não pode existir sem o mal. Não existe tal coisa como
Utopia. A ideia de um lugar onde todos se dão bem e amam uns aos
outros me deixa nervoso, porque não é real.
― E o mundo onde você domina tudo não o faz ficar nervoso?
― Na verdade, isso me deixa todo quente e confuso por dentro.
Ronnie fez um som no fundo de sua garganta. ― Você não vê o
que está fazendo como errado?
― Errado? Claro que não. Estou fazendo um favor ao mundo, que-
rida. Agora, tudo está um completo caos lá fora. Ninguém pode confiar

328
em ninguém. A mídia em todos os países está mentindo para o público
para manter seus medos sob controle. Cada país está se armando com
armas nucleares e biológicas. As pessoas estão roubando, estuprando,
assassinando. Eu vou pôr fim a tudo.
― Enquanto você mente, rouba, estupra e assassina?
Ele deu de ombros. - Vou fazer o que for preciso para levar as coi-
sas onde precisam estar.
― Não é essa a utopia que você apenas difamou?
― Você é inteligente. ― disse Jason, apoiando um ombro contra o
metal. ― Eu não sou estúpido ou ingênuo o suficiente para acreditar
que todos serão felizes no mundo que eu criarei. Mas eles responderão
a mim. Não haverá uma ameaça de guerra nuclear.
― Não, só o medo de que você não vai gostar do que eles estão
vestindo, então você os derruba com sua magia?
― Oh, haverá medo, Ronnie. Eu nunca disse que não haveria. Ha-
verá ordem, embora. Ordem fora do caos.
Ela não queria admitir que o pensamento de não ter mais guerras
soou bem, mas para alcançar esse estado, todos perderiam seus direi-
tos humanos básicos.
Não havia dúvida em sua mente que Jason Wallace era a “nova es-
curidão” mencionada na profecia. Ela estava mais assustada do que em
qualquer outro momento de sua vida, mas ela se recusava a permitir
que ele visse.
― Você não pode mentir, nem pode apresentar a si próprio para
me dizer a verdade.
Jason fez tsk tsk. ― Está tudo bem. Eu não vou desistir de você
ainda.
― O que você quer comigo?
Ele afastou-se das barras com seu ombro. ― Originalmente eu
queria você por sua magia. Existem milhares de itens mágicos enterra-
dos em toda a Grã-Bretanha. Quero encontrá-los, e você vai me ajudar
a fazer isso.

329
Ela pensou sobre tudo o que tinha aprendido sobre os predecesso-
res de Jason, Declan e Deirdre. Arran tinha-os feito soar como mons-
tros, mas quando ela olhava para Jason, tudo que ela via era um ho-
mem. Um homem demente, mas apenas um homem. Ele poderia ter
magia, mas ela também. Isso a fazia má?
Inclusive, se ele fosse maligno, Ronnie não iria ajudá-lo em nada.
― Não.
Os olhos de Jason observaram-na com cuidado. ― Eu pensei que
você diria isso.
― Você disse originalmente. Você mudou de ideia?
― Não exatamente. O que nenhum de vocês percebe ainda é o
quanto poderosa é minha magia. Enquanto você dormia, doce Ronnie,
eu procurei em sua mente. A mente é um lugar incrível. Muitos corre-
dores e salas. Havia uma sala que estava bem na frente de seus pensa-
mentos.
― Ela fechou sua mão boa e pensou em Arran. Se Jason o machu-
casse... ela não sabia o que iria fazer, mas ela faria alguma coisa.
Jason repente sorriu como o gato de Alice no País das Maravilhas.
― Ah. Você acha que estou falando de seu Guerreiro. Vou pegá-lo na
hora certa, Dra. Reid. Não, eu falo de outra coisa.
A única outra coisa com que ela estava preocupada era a... profe-
cia.
“Aquele com magia inexplorada libertará aqueles presos pelos
mágicos. Ela, sem intenção, trará destruição e morte. Uma druidesa
será a portadora da desgraça, Só para ser morta por um homem-deus.
A nova escuridão unirá forças com a Druidesa, E será o fim de tudo”
Era tudo o que Ronnie podia fazer para não cobrir seus ouvidos e
cantar no topo de seus pulmões. Essas palavras estavam marcadas em
sua mente, uma companheira constante, enquanto ela se perguntava
se Arran teria que matá-la ou se, como Arran disse, ela seria forte o su-
ficiente para resistir ao mal.

330
― Eu vejo que essas palavras são familiares. ― disse Jason quan-
do colocou as mãos nos bolsos e olhou para ela. ― De todas as coisas
que imaginei encontrar dentro de sua mente, uma profecia não era
uma delas. E você pensa que é sobre você.
― Pode não ser.
― Você acredita que é, no entanto, ― ele disse com uma piscade-
la arrogante. ― É por isso que Arran fica tão perto de você? Ele é o en-
carregado de acabar com você se você fizer a destruição?
Ronnie se recusou a responder. Ela ergueu o queixo, deixando que
ele pensasse o que ele quisesse.
― Então, talvez você gostaria de me dizer o que você liberou na
câmara que você encontrou.
Ela engoliu em seco e desviou o olhar. ― Eu não liberei nada.
― Você é uma má mentirosa, Dra. Reid. Eu tentei isso da maneira
mais fácil, mas você quer fazer isso da maneira mais difícil. O que é
bom para mim. Entenda, trouxe um pouco de segurança para garantir
que você cumpra todas as minhas perguntas e demandas.
Os ombros dela caíram quando Andy foi empurrado à sua visão. O
sangue seco cobria o lado esquerdo do rosto da testa até o pescoço.
Seus óculos tinham desaparecido, e parecia que seu nariz estava que-
brado. Suas mãos estavam amarradas atrás dele, e ele inclinava pesa-
damente sobre seu ombro. Ela estremeceu quando a cabeça dele bateu
contra o concreto.
Com uma onda da mão de Jason, alguém nas sombras agarrou
Andy e levantou-o em pé.
― Isto. ― Jason disse quando apontou para Andy e deu um passo
para trás que o colocou nas sombras. ― é o que eu gosto de chamar
de incentivo. Você faz o que eu peço, e seu amigo vive. Eu sei o quanto
ele significa para você, com base no que a minha inteligência me disse.
Eu sei que ele não é seu amante, mas acho que ele será útil.
― Ronnie? ― Andy disse densamente, e os olhos apertados para
tentar vê-la.

331
Ronnie engoliu passando o nó em sua garganta. ― Estou aqui,
Andy. Tudo vai ficar bem.
― Quem são esses homens? ― Andy perguntou.
Ela não teve a chance de responder, quando ele foi rapidamente
levado dali. Ronnie queria gritar sua frustração com a captura de Andy,
sua prisão e a dor em seu corpo. Era culpa dela que ela estivesse aqui.
Ela tinha mandado Arran embora. Não só isso, mas ele tinha tentado
avisá-la de que viriam para ela novamente, e ela não tinha escutado.
Ela estava totalmente sozinha nisso.
Mesmo se ela tivesse seu telefone celular, a quem ela ligaria?
Pete? Nunca acreditaria num conto tão selvagem. Saffron? Depois de
tudo o que Ronnie fizera, Saffron acreditaria nela? Arran?
O coração de Ronnie doía apenas pensando nele. Ela ainda podia
ver seus incríveis olhos dourados se enchendo de dor quando ela o
mandou embora.
Arran viria, mas então o quê? Outra batalha? De qualquer forma,
era um ponto discutível, já que ela não tinha meios de entrar em conta-
to com ele.
Não, ela estava explicitamente, profundamente sozinha. A única
capaz de ajudar Andy era ela. Arran disse-lhe que podia usar sua magia
para se defender, mas não tinha a primeira pista de como fazer isso.
Jason sabia como controlar e usar sua magia, e ele tinha muitas
pessoas para vigiá-la. O que a deixava com apenas uma escolha, já que
a fuga estava fora de questão.
Ela teria que fazer como Jason queria.
Ronnie virou o olhar para ele. ― Eu tenho a sua palavra de que,
quando eu fizer como você diz, Andy será deixado ileso, por seres hu-
manos, Guerreiros e Druidas e semelhantes? Que nenhuma magia lhe
tocará nunca?
― Você tem minha palavra.

332
Ela apertou sua mandíbula, o sangue tamborilando em seus ouvi-
dos. ― Eu quero ver seu rosto claramente. Venha para a luz. Houve um
clique de calcanhares enquanto Jason entrava na luz.
― Melhor?
―Me dê sua palavra.
―Eu dou. Nenhuma magia vai prejudicar Andy.
Ainda assim ela não acreditou nele, mas que escolha ela tinha?
― Eu quero que você jure sobre sua mágica. Jure para mim que
Andy não só permanecerá ileso, mas você também tratará seus feri-
mentos, e uma vez que eu faço como você pede, você vai deixá-lo ir.
― Por que eu iria liberá-lo? Ele vai manter você fazendo o que eu
quero.
Ronnie balançou as pernas sobre o lado da cama e ficou de pé. Ela
testou a pesada corrente segurando-a e abriu caminho até a parede
que a separava de Jason. Ela olhou para ele através das barras.
― Dou-lhe minha palavra de que não vou tentar escapar. Basta
deixar Andy ir.
Por longos minutos, Jason simplesmente olhou para ela. ― Vou
manter Andy por algumas semanas, mas vou liberá-lo quando puder
confiar em você.
Então Jason estendeu a mão, palma para cima, e uma bola de luz
roxa escura se formou em sua mão. Seu olhar azul pegou o dela. ― Eu,
Jason Wallace, faço juramento de que nenhum Druida, Guerreiro ou hu-
mano prejudicará Andy enquanto ele estiver sob minha proteção.
A bola de luz cresceu e o roxo escureceu até que ele estava com-
pletamente preto antes da bola alongar e primeiro envolver em torno
da mão de Jason e, em seguida, a mão de Ronnie. Um momento de-
pois, desapareceu.
― Aí está, ― disse Jason. ― Eu lhe dei a minha promessa, e até
mesmo definida pela magia. Você está pronta para me dar o que eu
quero?

333
Ronnie pensou em Arran e como seus olhos a haviam olhado tão
amorosamente enquanto ele fazia amor com ela, como ela se sentia
amada, necessitada e protegida. Ele poderia encontrá-la, mas não havia
nenhuma maneira que ele ou qualquer dos Guerreiros pudessem ga-
nhar contra uma magia como o de Jason.
― Sim.
A porta de sua prisão destrancou e abriu no mesmo instante em
que a algema em torno de seu pulso caiu ao chão com uma forte bati-
da, o metal batendo em si mesmo. Jason sorriu quando ela saiu de sua
cela e parou ao lado dele.
― Isso foi muito mais fácil do que eu pensei que você faria isso.
Ela virou a cabeça. ― Você não me deu uma escolha.
― Agora você sabe que tipo de governante eu serei para a huma-
nidade. Eu sou o pai que todo mundo precisa, ou então as crianças do
mundo correrão mal, como fizeram durante séculos.
― Com toda a sua magia, você deve ser capaz de encontrar os
itens mágicos que você procura.
― É verdade, doce Ronnie. Mas eu quero você para muito mais.
― Como o quê?
― Você vai me dizer o que você e MacCarrick tiraram da câmara.
E, eventualmente, você vai se tornar uma drough. Porque, entenda, eu
vou ter certeza de que a profecia que você teme muito acontecerá.
Ele passou por ela, mas Ronnie não conseguia fazer suas pernas
se mexerem. Ela sabia que tinha feito a coisa certa para salvar Andy,
mas tudo o que conseguia pensar era Arran.
E o horrível futuro na frente dela.
―Venha, Dra. Reid. Temos trabalho a fazer ― disse a voz de Jason
da entrada onde esperava
― Perdoe-me, Arran. ― sussurrou.

334
335
CAPÍTULO TRINTA E SETE

Arran mais uma vez estava fora da mansão de Wallace. Foi há


mais de um ano que ele esteve lá com os outros para derrotar Declan.
Aquela noite tinha sido terrível. Não apenas da batalha, mas também
porque eles perderam dois Druidas, e Ramsey quase morreu.
Ramsey tinha arriscado sua vida para salvar Tara. Contudo, a ma-
gia desequilibrada de Tara salvou Ramsey depois dele ter matado De-
clan.
A mansão foi queimada até o chão. Arran tinha sido um dos que
olharam pela casa para recuperar algo remotamente mágico. E todos os
livros de Declan.
Olhou para a mansão e parecia que no ano anterior não passara
de um sonho. A casa parecia exatamente a mesma, até a roseira ama-
rela em cada um dos cantos da frente da casa.
― Eu pensei que tinha acabado. ― disse Camdyn cansadamente
enquanto eles estavam escondidos da estrada e da casa.
― Perdemos alguma coisa. ― disse Arran. ― Temos que aceitar
isso, mas isso não significa que desistamos.
Logan deu um tapa nas costas de Arran, seu sorriso apertado. ―
Exatamente meus pensamentos.
― Como devemos proceder? ― perguntou Charon.
Broc se agachou diante do portão de ferro de 3 metros e espiou
pelas espessas sebes. ― Jason ficou calado por um ano. Eu suspeito
que ele estava construindo sua magia.
― Além de desatar deuses para fazer Guerreiros, ― acrescentou
Hayden.
Broc assentiu e virou a cabeça para olhar para Arran. ― É a sua
mulher lá dentro.

336
Arran queria lhe dizer que Ronnie não era dele. Ela o havia man-
dado embora. Não lhe dissera nada além da verdade, mesmo quando
temia como reagiria. E ela não acreditou que ele não a roubaria.
― Arran? ― exclamou Galen.
Ele olhou para a imponente vista da mansão. ― Sim. Ronnie.
― Você tem um plano? ― Broc perguntou.
Arran sorriu ao soltar seu deus. ― Ah. Eu mato o bastardo.
― Parece bom para mim. ― disse Hayden enquanto sua pele mu-
dava para o vermelho de seu deus.
Phelan se moveu para ficar do outro lado de Arran. ― Cada um de
nós tem poderes que podem nos ajudar e nos dar uma vantagem.
― Preciso lembrar o que as Druidesas nos fizeram no sítio da es-
cavação? ― Perguntou Ian.
Galen soltou um longo suspiro. ― Isso seria mais fácil com os Ma-
cLeods. E Larena.
O silencio cresceu quando seus pensamentos se voltaram para La-
rena. Arran não sabia se ela vivia, mas ele tinha visto Sonya e as outros
Druidesas fazerem coisas incríveis com sua magia.
Logan tinha sido quase morto depois de ser crivado com o X90s,
mas Sonya tinha salvado ele. Certamente ela poderia salvar Larena, que
tinha apenas uma bala nela.
― Podemos fazer isso. ― disse Arran. Ele apertou sua mandíbula
enquanto seu olhar se movia pela parte externa da mansão. ― Conhe-
cemos o layout da casa. É óbvio que Jason não mudou nada.
Camdyn assentiu com a cabeça. ― Há apenas uma maneira de en-
trar e sair das masmorras. Isso é provavelmente onde Ronnie está sen-
do mantida.
― Então, subterrâneo. Arran virou a cabeça para Camdyn. ― Isso
não deveria ser um problema para você.

337
O sorriso de Camdyn cresceu quanto mais ele olhou para Arran. -
Estou gostando desse plano já.
― Enquanto Camdyn ataca de baixo, eu vou atacar de cima ― dis-
se Broc. Seus olhos escuros se chocaram com os de Arran quando ele
soltou seu deus. A pele índigo o cobria, e enormes e coriáceas asas
índigo brotavam de suas costas.
Galen clicou em suas garras verdes e escuras. ― Ataque de cima e
de baixo. Acho que estamos a bater nos lados?
― Hmm. Isso vai ser bom. ― disse Hayden, e esfregou as mãos, o
fogo em torno de seus dedos antes que ele extinguisse.
Arran olhou para Logan e Hayden. ― Vocês dois tomam o lado
oeste. Galen, você e Ian peguem os fundos. Charon e Malcolm podem
tomar o lado leste.
― E onde estou nessa? ― perguntou Phelan.
Arran olhou para a porta da mansão. ― Te quero comigo. Eu irei
pela frente.
― Soa como um plano adequado. ― disse uma voz atrás deles.
Todos giraram para encontrar Lucan. Ele sorriu, mas isso não al-
cançou seus olhos quando saiu das sombras. Quinn deu um aceno de
cabeça enquanto o seguia. E então eles avistaram Fallon.
Arran não podia acreditar no homem que estava diante dele. Fal-
lon era uma sombra, seus olhos verdes brilhando de ódio e a necessi-
dade de vingança.
Ramsey apareceu atrás, seu olhar fixo na mansão de Wallace. ―
Eu esperava nunca voltar
― Todos nós. ― disse Quinn.
Arran não conseguia parar de olhar para Fallon. Era óbvio pela ma-
neira rígida como ele se mantinha e o músculo trabalhando em sua
mandíbula que Larena não estava indo bem.
― Eu preciso matar alguma coisa. ― Fallon declarou sem rodeios.
― Diga-me onde você me quer, Arran.

338
A crua angústia na voz de Fallon fez Arran afastar o olhar de seu
líder. Larena não estava ferida. Estava morta. O conhecimento ondulava
através deles como relâmpagos.
― Nay. ― sussurrou Malcolm pelas costas.
Fallon virou-se e olhou para o primo de Larena. Uma lágrima soli-
tária rastreou lentamente a bochecha de Fallon. Não havia palavras en-
tre eles, mas os olhos de Fallon disseram tudo.
Pela primeira vez em meses, Malcolm mostrou emoção.
E era raiva.
Arran quase sentiu pena dos que estavam dentro da mansão. Qua-
se. Então ele se lembrou de Ronnie. Fallon tinha perdido Larena. Arran
sabia que ele tinha perdido Ronnie também, mas não seria a morte.
― Lucan, você pode chegar ao telhado e ajudar Broc? ― Arran
perguntou.
Um lado da boca de Lucan inclinou-se em um sorriso. ― Estou an-
sioso por isso.
― Eu vou com Camdyn. ― Quinn ofereceu.
Arran assentiu e olhou para Ramsey e Fallon. ― Ramsey, você
pode usar sua magia Druida novamente?
― Qual é o seu plano? ― Ramsey perguntou, interesse cintilando
em seus olhos prateados.
Arran olhou para a casa e depois para Fallon. ― Há feitiços que
protegem a casa. Se você puder baixá-los por tempo suficiente para
que Fallon se teletransporte para dentro e para fora, ele pode fazer
todo tipo de dano.
― Considere que foi feito. ― declarou Ramsey.
Arran havia formado o plano no caminho para a mansão. Ele tinha
os guerreiros emparelhados para usar seus poderes ao máximo. Mas
tudo dependia da passagem dos feitiços que protegiam a casa.

339
Declan usara camada por camada de feitiços. Será que Jason faria
o mesmo?
―Nós esperamos pela escuridão? ― Charon perguntou.
― Nay. ― Arran não estava pronto a demorar tanto tempo.
Fallon enfrentou a mansão mais uma vez. ― Concordo.
― Há câmeras em todos os lugares - disse Ian.
Arran encolheu os ombros. ― Fique fora da vista até que seja hora
de atacar.
― E o sinal para atacar? ― Quinn perguntou.
Arran olhou para Malcolm. ― Raios
Todo mundo dividiu-se então, indo em equipes enquanto cercavam
a casa. Camdyn encontrou o melhor lugar para usar seu poder de mo-
ver a terra para que pudesse atacar por baixo da casa, e esperava en-
contrar Ronnie nas masmorras.
Arran, Phelan, Malcolm, Fallon, Ramsey e Charon ficaram onde es-
tavam. Phelan tinha ido para ter certeza de que ninguém poderia entrar
ou sair pelo portão dos carros, e Charon estava procurando o lado les-
te.
Fallon afastou-se deles, deixando que todos soubessem que não
queria falar. Ramsey estava se concentrando nos feitiços para ver quan-
tos Jason tinha colocado.
Arran se alegrou silenciosamente. Ele sempre soubera que ter um
Guerreiro que fosse parte do Druida cairia como uma luva.
Malcolm estava quieto enquanto mantinha sua atenção na man-
são. Arran achava difícil esperar. Ele tinha que dar a todos tempo para
chegar a seus pontos, e para ter certeza de que Ramsey poderia passar
através dos feitiços.
― Como você fez isso? ― Arran perguntou Malcolm.
Malcolm piscou lentamente, mas não olhou para ele. ― Fiz o quê?

340
― Resistir à magia dos Druidesas no sítio da escavação. Eu não
pude me mover.
― Há muito que não afeta uma pessoa quando não há nenhum
sentimento dentro deles.
Arran bufou. ― Há um sentimento dentro de você, Malcolm. Eu vi
quando você soube de Larena.
A cabeça de Malcolm girou para ele, seus olhos azuis piscando de
fúria e as cicatrizes em seu rosto se destacando mais do que o habitual.
Em um instante, ele liberou seu deus, marrom colorindo sua pele e
olhos. ― Eu fiz tudo por Larena, para mantê-la segura. Tornei-me o que
Deirdre queria para que Larena pudesse ter uma vida feliz. Eu fiz... Eu
tive que desligar meus sentimentos ou eu nunca teria sobrevivido.
― Você traiu Deirdre e a matou. Isso devia ter te libertado.
Malcolm olhou de volta para a casa. ― Nem sempre igual ao que
deveria acontecer. Estou morto por dentro, Arran. A única coisa que me
manteve ligado ao MacLeods e todos vocês era Larena. Ela foi tomada.
― Então você vai exigir a sua vingança, depois desaparecer.
―O silêncio de Malcolm foi resposta suficiente.
Arran não podia ter rancor dele. O que tinha acontecido com Mal-
colm estava errado. Desde o início, quando os Guerreiros de Deirdre o
atacaram e o deixaram para morrer.
Sônia tinha salvado Malcolm, mas mesmo assim ele não tinha des-
pertado o mesmo homem. E então Deirdre o tinha capturado e liberado
seu deus, um deus que ele não sabia que tinha.
Era um segredo que Larena e Fallon haviam mantido de Malcolm
na esperança de que ele pudesse lidar com o conhecimento um dia.
Eles nunca tiveram a chance de dizer a ele.
E uma vez que Malcolm estava nas mãos de Deirdre, ele se torna-
ra o Guerreiro que fez o que ela exigira sem questionar. Afinal de con-
tas, era Malcolm que tomara a cabeça de Duncan sobre a ordem de
Deirdre.

341
Arran não tinha certeza se ele estava em dificuldade com Ian, que
ele pudesse perdoar alguém, mesmo um amigo como Malcolm, por ma-
tar seu irmão gêmeo.
Duncan, Ian, e Quinn tinha sido tudo o que manteve Arran são e
no controle de seu deus, enquanto preso no calabouço de Deirdre na
Montanha Cairn Toul.
Eles haviam lutado juntos, cuidavam das costas uns dos outros, e
escaparam juntos. Eram os primeiros Guerreiros que Arran tinha se
atrevido a confiar.
Aquela confiança o havia guiado pela estrada em que estava atual-
mente, e não se arrependeu nem um minuto. Seu olhar deslizou para
Charon enquanto ele caminhava para cima. Houve um tempo em que
Arran queria matar Charon pelas coisas que Deirdre o obrigara a fazer.
Demorou um pouco, mas Arran finalmente viu que um homem fazia o
que tinha que fazer para sobreviver.
― Você está bem? ― Perguntou Charon enquanto corria um dedo
ao longo de um de seus chifres.
Arran deu um pequeno aceno de cabeça. ― Você cuidou do por-
tão?
Charon deu uma risadinha e cutucou Ramsey nas costelas. ― Oh,
aye. Ninguém está entrando ou saindo, não importa quanta magia eles
usem.
Ramsey cortou Charon com um olhar desagradável. ― Parece que
Jason não usa metade dos feitiços que Declan usou.
― Você deveria parecer mais feliz com isso. ― disse Phelan en-
quanto se juntava a eles.
Ramsey sentou-se nos calcanhares. ― Ao contrário de Deirdre e
Declan, Jason tem a casa cheia de droughs. Isso é mais perigoso do
que todos os feitiços.
― Quantas droughs? ― Fallon perguntou.
― Conto sete, não incluindo Jason, mas pode haver mais. E então,
Ronnie.

342
Arran apertou as mãos. ― Sinto sua magia, mas não posso loca-
lizá-la, por causa dos feitiços.
― Ela poderia estar em qualquer lugar naquela casa sólida. ― dis-
se Charon
― Me leve para dentro, e eu a encontrarei. ― Arran jurou.
Fallon inclinou a cabeça para trás, e em um instante ele havia libe-
rado seu deus. O preto cobria sua pele, e garras de ônix se estendiam
de seus dedos. Seus olhos eram negros de canto a canto, e ele ergueu
o lábio superior para rosnar, revelando suas presas.
Arran já tinha chamado seu deus, mas ele sorriu enquanto os ou-
tros soltavam o deles.
― É hora de Jason Wallace morrer. ― Fallon Disse.
Arran girou seus ombros enquanto Charon e Malcolm tomavam
suas posições.
A única pessoa dentro da mansão de Wallace que ia sobreviver era
Ronnie.

343
CAPÍTULO TRINTA E OITO

Aisley se encostou no canto do escritório de Jason, o que ele mos-


trava aos visitantes. Mindy estava sentada na borda de sua escrivaninha
de cerejeira escura, passando os dedos pelos ombros de Jason enquan-
to ele se recostava na cadeira.
O escritório estava coberto de camadas painéis caros, e nas pare-
des pendia pinturas que ela sabia que custavam mais do que o carro
dela. Tapetes de vários tamanhos e cores estavam colocados ao acaso
no chão.
Havia dois sofás de Chesterfield de couro escuro de frente um
para o outro com uma mesa de centro entre eles. Perto de um conjunto
de grandes janelas havia duas cadeiras.
Atrás da escrivaninha de Jason havia estantes cheias de primeiras
edições, ela apostaria sua alma que nunca lera, muito menos abriu.
Ele já estava no celular há uns dez minutos. E com cada minuto
que passava, seu deleite aumentava. Aisley sabia que quem estava do
outro lado do telefone não podia ser bom para os MacLeods.
― Tem certeza? ― Jason perguntou ao celular.
O sorriso de Jason era o de um gato que acabara de entrar no cre-
me, e deixou Aisley gelada. Ela conhecia aquele sorriso. Foi o que ele
deu a ela quando ela começou a cerimônia. A mesma quando ela deu
seu sangue e alma ao Diabo.
― Perfeito. Ela está sozinha, então você deve entrar facilmente. ―
Jason continuou.
Aisley perguntou com quem Jason estava falando, mas mais im-
portante, de quem eles estavam falando? Não que Aisley pudesse fazer
nada a respeito.
Sabendo apenas que tornaria isso pior.
Era a verdade, e mesmo quando ela sabia que era melhor não sa-
ber, ela não podia deixar de descobrir. Apenas mais pecados se acumu-

344
laram em sua alma negra. Uma alma destinada aos poços mais ferozes
do Inferno.
― Então ele não está em sua aldeia agora?
Aisley olhou para as unhas lascadas quando Mindy olhou para ela.
Havia muita coisa que Jason estava falando e que Aisley não sabia. Ele
havia aludido a algo no dia anterior que surpreenderia a todos.
E conhecendo Jason, aquilo poderia ser qualquer coisa.
― Fique com ela. ― disse Jason. ― Faça o que for preciso. Ela
está perto dele, então vamos buscá-lo de uma maneira ou de outra.
Poucos momentos depois, Jason terminou o telefonema. Ninguém
se mexera em seu escritório desde que ele chegou lá. Dale e outro
guerreiro, que Aisley não tinha se preocupado em obter um nome de
quem ficava em ambos os lados da porta como sentinela.
Duas fêmeas droughs, irmãs que Aisley não podia tolerar estar
perto, sentaram-se nas cadeiras estofadas junto à janela.
E no sofá não havia outro senão o Dra. Ronnie Reid.
Aisley olhou para ela sob seus cílios. Ronnie estava pálida, e em-
bora tentasse esconder isso, suas mãos tremiam. De dor ou medo?
Embora Aisley desejasse que fosse de outra forma, Ronnie tinha
razão em ter medo de Jason. Aisley tinha sido tola por não perceber
quanta magia seu primo empunhava. Até que era tarde demais.
Ronnie estava sentada com as costas retas e uma perna cruzada
sobre a outra. Seu braço esquerdo estava fortemente enfaixado, e ela o
segurava perto de seu corpo.
Ela tinha uma riqueza de cabelo de cor de trigo que caia até sua
cintura, embora tivesse uma necessidade desesperada de uma boa es-
covação para tirar a grama e detritos de quando ela tinha caído.
Aisley pensou na Guerreira que tinha impedido Dale de matar. Por
que ela fez isso? Se Jason descobrisse o que ela tinha feito, ele a tortu-
raria, fazendo cada segundo parecer como uma eternidade.

345
Aisley achou incrível que o poder da mulher fosse a invisibilidade.
Havia algo sobre a Guerreira que Aisley não podia permitir ser morta.
Ela não sabia o que era, mas não queria a morte da mulher em sua
consciência.
Ela trouxe um sorriso para seu rosto, perguntando se Jason sabia
que ela tinha mantido uma Guerreira viva. Ele tinha um pequeno livro
vermelho que listava os Guerreiros do Castelo MacLeod e seus poderes,
mas a lista estava completa? Jason pensou que sim, mas ela não tinha
tanta certeza.
Aisley não tinha visto, mas se Jason soubesse que havia uma
guerreira e ela tinha o poder de se tornar invisível, ele teria alertado.
Ela odiava que a mulher tivesse sido baleada. Mas, pelo menos,
Aisley deu uma chance a Guerreiro, embora fosse remota. Ela teve uma
escolha uma vez e tomou a decisão errada.
Mas, como muitas coisas, essa decisão havia alterado o curso de
sua vida. Ela estava em um curso que ela não podia voltar, um que a
estava destruindo, um dia de cada vez.
Ela virou a cabeça e olhou para cima para encontrar Dale obser-
vando-a. O enorme guerreiro deu um aceno que mal moveu sua cabeça
raspada, mas foi suficiente para ela saber que ele estava cuidando dela.
Estranho, para alguém que sempre gostara de sua independência,
gostava de saber que Dale estava lá. Um amigo, de certa forma, no ni-
nho da víbora.
― Então, ― Jason disse enquanto se levantava de sua cadeira e
andava em volta da mesa para se encostar na frente dela. Ele cruzou os
tornozelos e olhou para Ronnie. ― Você está pronto para começar?
Ronnie levantou as sobrancelhas. ― Agora?
― Não há tempo como o presente, minha doce arqueóloga.
A expressão de desdém de Jason era fria e calculada, exatamente
como ele era. Isso fez um arrepio na espinha de Aisley.
― Você não parece entender como isso funciona. ― disse Ronnie.

346
Jason colocou as mãos sobre a mesa ao lado de seus quadris. ―
Me esclareça. ―
― Eu não ouço os artefatos até que eu esteja perto deles. Então
eu não posso simplesmente apontar para o oeste e dizer que há algo lá
enquanto estou sentada aqui. ― Aisley gostou do tom áspero de Ron-
nie, mas isso não serviria bem para ela. Algo que Ronnie aprenderia em
breve. Agora Jason estava sendo indulgente porque precisava de sua
cooperação. Se apenas Ronnie soubesse que Jason não tinha a vanta-
gem que ela pensava que tinha.
― Quão perto você precisa estar? ― Exigiu Mindy enquanto se
aproximava de Jason.
― Dentro de poucos quilômetros.
Mindy revirou os olhos. ― Você é um Druidesa, vadia. Use sua ma-
gia.
Aisley mordeu o interior de sua boca para evitar sorrir quando viu
Ronnie estreitar os olhos em Mindy.
― Se você acha que pode fazer melhor, por que você não vai en-
contrá-los? ― Ronnie retrucou friamente. ― Oh. Espere. Isso é porque
você não pode.
Aisley tossiu para esconder seu riso, mas Mindy ouviu. Mindy se
empurrou da escrivaninha, seus saltos altos clicando na madeira en-
quanto se inclinava sobre Ronnie.
― Eu aconselharia você a não mexer comigo. ― Mindy disse.
Ronnie lentamente ficou em pé, até que estivesse olho com olho
com Mindy. ― O que você vai fazer, contar ao seu namorado?
Mindy soltou um grito de raiva e empurrou sua mão para trás
quando se preparou para atacar. Aisley se endireitou o mesmo tempo
que Jason levantou a mão. Com esse movimento simples, ele efetiva-
mente parou qualquer coisa que Mindy tentasse fazer. A inimiga odiada
de Aisley ficou congelada, suas mãos agarraram em sua garganta en-
quanto Jason cortava seu fluxo de ar. ― É um bom visual de Mindy. Eu
voto para você deixa-la assim.

347
Jason suspirou dramaticamente, e Mindy de repente se curvou na
cintura, sufocando e ofegando por ar depois que Jason levantou sua
magia.
― Muito ruim. ― murmurou Aisley.
Quando olhou para Mindy, foi para encontrar Ronnie observando-
a. Aisley levantou um ombro num encolher de ombros, e voltou a en-
costar-se no canto.
Ronnie não tinha certeza do que fazer com a drough do canto. Ha-
via uma animosidade entre ela e Mindy que parecia ir fundo.
Mesmo se os olhos de Ronnie estivem fechados, ela conheceria o
som da voz da drough. Foi o que impediu Dale de tomar a cabeça de
Larena. Mas foi também a voz que pertencia à pessoa responsável pelo
tiro em Larena com a X90.
Larena estava morta? E se a doença matasse Larena de qualquer
maneira, por que Dale não levaria a cabeça dela?
― Peço desculpas. ― disse Jason.
Ronnie virou a cabeça para ele. Ele não tinha sequer alterado de
sua posição além de levantar a mão. Mindy agora olhava furiosa para
Ronnie, enquanto ela olhava a drough
― Eu acho que como líder você teria melhor controle de sua...
equipe. ― disse Ronnie.
Jason sorriu. ― Eles ficam um pouquinho quente às vezes, mas eu
os controlo.
―Então, eu vi. É assim que você vai controlar o mundo?
― Claro.
Ronnie teve o cuidado de não bater em seu braço ferido enquanto
ela se abaixava de volta para o sofá. ― Você é apenas um homem.
Como você imagina governar o mundo inteiro? Você não pode estar em
todos os lugares ao mesmo tempo.
― Meus fiéis companheiros, é claro.

348
― Claro. ― Ronnie sabia que ela estava empurrando sua sorte,
mas quanto mais ela adiava o que ele queria, melhor. ― Diga-me, o
quão bem você acha que sua amante fará manter todos em linha? Ela
gosta de machucar as pessoas. Posso ver isso em seus olhos.
― Ela não governará ninguém. ― disse Jason.
Mindy virou-se para ele. ― O que? Isso não é o que você me pro-
meteu!
― Eu prometi que você teria uma posição de poder, minha queri-
da. Eu nunca disse qual era essa posição. ― Jason disse calmamente.
― Tsk... tsk.. Deveria ter conseguido isso por escrito, Mindy.
Mindy olhou de Ronnie para Jason. ―Você sabe que eu sou leal,
Jason. Por que você está fazendo isso comigo?
Era um jogo perigoso que Ronnie levando, e pela raiva ardendo
nos olhos de Jason, ela tinha quase cruzado uma fronteira.
Jason afastou-se de sua mesa e caminhou lentamente para Mindy.
Ele segurou seu rosto em suas mãos e disse: ― Porque você, querida,
eu ia dar a posição de carrasca.
― O quê? ― Perguntou Mindy, seus olhos quase brilhando de exci-
tação. ― Sério?
― Eu disse “ia”. Continue.
Jason disse sem rodeios antes de soltá-la e virar-se. Ele olhou para
Ronnie. ― Feliz agora?
― Eu estou chegando lá.
― Qual é o seu ponto em fazer isso? ― Jason perguntou. ― Pro-
longar não fazendo como eu pedi? Esquece que eu e você fizemos um
pacto? Eu lhe dei uma promessa ligada em magia, mas para que essa
promessa seja eficaz, você tem que manter seu acordo do negócio.
Ronnie manteve seu olhar quando tudo o que ela queria fazer era
desviar o olhar. Ela estava com medo de desmoronar. A única razão
pela qual ela conseguiu se segurar era por causa de Andy. De alguma
forma, ela tinha que conseguir tirar ambos de Wallace.

349
― Entendido.
― Bom. Agora, onde você acha de começamos? Há mais alguma
coisa neste seu sitio de escavação?
― Você quer dizer aquele que você rasgou em pedaços? Nada
mágico. Isso já foi encontrado.
Jason retomou sua posição de encostar-se à frente de sua mesa e
bateu os dedos em sua madeira escura.
― E onde estão esses itens agora?
― Os MacLeods os levaram. Eu não tenho ideia de onde eles es-
tão.
E ela rezou para que Jason não a fizesse ir encontrá-los. Ela nunca
seria capaz de olhar Arran nos olhos, sabendo que ela estava traindo
tudo o que eles estavam lutando. Sem mencionar que ela não sabia
como ela não iria começar a chorar e implorar por sua ajuda.
Arran tinha uma inerente nobreza que iria fazê-lo ajudá-la, mas
seria suficiente antes de Wallace matasse Andy? Será que ela se atrevia
a tentar algo tão imprudente na possibilidade de Andy ser salvo com
ela?
Ela não queria morrer, nem queria ajudar Jason de forma alguma.
Mas Andy era um irmão que nunca teve. Como poderia deixá-lo para os
artifícios de Jason?
Ronnie gritou interiormente em derrota. Ela não tinha escolha. Ja-
son tinha certeza disso. Se ao menos ela não tivesse afastado Arran, se
ela não tivesse fugido dele.
Mas ela tinha, e ela estava realmente ferrada.
Jason olhou para ela por longos e silenciosos minutos. Seu coração
batia tão alto em seu peito, ela estava certa de que todos podiam ouvi-
lo. Durante todo o tempo ela rezou em silêncio para que ele não pedis-
se a ela para ir para o MacLeods.
― Eu vou pegar esses itens perdidos em breve. Tenho a sensação
de que há algo importante entre eles, e é por isso que MacCarrick foi

350
tão apressado para removê-los. Assim. Diga-me o que estava na câma-
ra.
Ronnie estendeu o cérebro para uma resposta que o levaria longe
dos MacLeods. Ela finalmente decidiu em tanta verdade quanto ela
pensou que ele iria aceitar.
― Havia uma adaga, várias tigelas, um pequeno baú de madeira e
outros itens assim.
― Não posso deixar de pensar que você está deixando algo de
fora. Quero conhecer todos os itens, Dra. Reid.
― Não é como se eu não estivesse correndo pela minha vida ou
qualquer outra coisa. ― ela respondeu antes que ela pudesse se conter.
― Você tenta fazer isso e me diga se você se lembra de cada pequeno
detalhe de uma noite, quase uma semana atrás.
Jason silenciosamente olhou para ela por vários minutos. ― Vamos
continuar por enquanto. Mas entenda, vou obter as informações. Agora,
por que você não me diz o que foi que você soltou?
― Eu não soltei nada.
― Isso não é o que a profecia diz.
Ronnie sabia que tudo contava em suas próximas palavras. Ela ti-
nha falhado na aula de teatro na escola, mas, novamente, sua vida não
tinha sido arriscada.
― Eu encontrei a profecia, que você sabe. Ainda não soltei nada.
― Ainda. ― Jason respirou fundo, seu sorriso persistente e pre-
sunçoso a estava irritando. ― Mas você irá. Eu vou me assegurar disso.
Onde é que você teria ido para escavar em seguida?
Ronnie quase desmoronou com alívio, mas ela tinha que se manter
sob controle. Ela tinha mentido, mas se ele voltasse em sua mente no-
vamente, ele descobriria isso? Ela esperava que não.
Aquilo não era tudo o que tinha medo dele encontrar. Se Jason
soubesse o quanto ela se importava com Arran, Saffron e o resto, ele
usaria isso contra ela.

351
― Ronnie. ― Jason pediu quando ela não respondeu imediata-
mente.
Ela engoliu e olhou para o chão. Havia dois lugares, mas um que
ela sabia tinha muitas lendas de magia em torno dele, Ilha de Skye.
E o outro lugar era uma pequena cidade ao noroeste de Inverness,
― Redcastle.
Jason olhou para Dale. ― Preparem os carros. Partimos em trinta
minutos.
Ronnie fechou os olhos, incapaz de acreditar no que estava pres-
tes a fazer. Ela estava pensando como poderia chegar a Andy e resgatá-
lo quando houve um barulho forte que abalou a mansão.
E então todo o inferno se abriu.

352
CAPÍTULO TRINTA E NOVE

Arran fechou os olhos e concentrou-se em Ronnie. Ele odiava que


os feitiços de Jason o impedissem de concentrar-se em sua magia como
ele normalmente poderia ter feito.
O fato de que podia discernir a magia de Ronnie de qualquer outra
Druidesa não era algo que Arran queria olhar mais profundo. Não era
um tolo. Ele tinha ouvido os outros guerreiros casados conversarem so-
bre como a magia de suas esposas era diferente do resto.
Arran inalou profundamente quando sentiu uma onda de magia de
Ronnie. Estava tingida de medo, e isso só o deixou mais furioso. Ape-
nas fez o seu Deus uivar mais alto pela o sangue e a morte.
― Haverá sangue. ― sussurrou Arran.
Muito sangue. A única imune a sua ira na mansão era Ronnie.
Todo mundo era um jogo justo.
Arran abriu os olhos. Ele olhou para Malcolm, que estava com Cha-
ron no lado esquerdo da casa. Eles já tinham saltado a cerca, graças a
Ramsey usando sua magia.
Tudo o que Arran estava fazendo era esperar Ramsey voltar para
ele. Havia uma bater de asas acima. Broc estava voando em volta da
mansão, testando para ver o quantos feitiços cercavam a casa.
―Todos estão no lugar. ― disse Ramsey enquanto se movia silen-
ciosamente para ficar entre Fallon e Arran.
― Vamos entrar. ― disse Arran. ― Quero fazer uma grande entra-
da.
Fallon rosnou baixo em sua garganta. ― Aye. Uma grande entra-
da.
Arran assistiu, espantado, enquanto Ramsey, com a pele de bronze
de seu deus aparente, usava a poderosa magia que ele possuía como o
único meio-Druida, meio Guerreiro. Era um segredo que ele manteve
longe de todos, inclusive de Deirdre, até recentemente.

353
Ramsey foi capaz de romper uma fenda na magia de Jason que
lhes permitiu superar o alto portão. A fenda era tão ligeira que Jason
jamais sentiria que sua magia tinha sido adulterada.
― Ele é arrogante demais. ― disse Phelan com um rosnado.
Arran resmungou de acordo. ― Eu conto apenas seis guardas pa-
trulhando a frente. O bastardo nos subestima.
― Melhor contar cinco guardas. ― disse Fallon, levantando o olhar
para o telhado.
Arran levantou os olhos a tempo de ver as sombras alcançarem
um guarda. Um momento depois, uma mulher caiu no chão. ― Lucan
ataca novamente.
― Era uma maldita drough. ― Phelan murmurou.
Fallon bufou em desgosto. ― Declan usava mercenários. Jason usa
Druidesas.
― Isso pode ser um problema para todos nós. ― disse Arran.
Phelan olhou para Fallon, depois para Arran. ― Cada um de nós
sabia o que estávamos atacando. Se era Deirdre, Declan, ou este novo
bundão, o mal é o mal. Não tenho medo de morrer.
Arran também não tinha, mas também não estava pronto para
morrer. Ele queria segurar Ronnie em seus braços uma última vez.
Ele se agachou e pôs a mão no chão. Com sua audição aguda,
pôde detectar Camdyn mover a terra e aproximar-se cada vez mais da
mansão.
Todo Guerreiro podia invocar seu poder à vontade. Todo mundo
menos Arran. Ele só era capaz de usar seu poder se houvesse neve ou
gelo ao seu redor. Seria apenas a sua sorte a batalha tivesse que ocor-
rer no verão.
― O que foi? ― perguntou Phelan.
Arran deu uma sacudida feroz de sua cabeça. Mesmo sem neve ou
gelo, Arran ainda era um Guerreiro. Ele tinha velocidade e força. Ele
usaria aquilo para derrotar Jason.

354
Com um olhar para Malcolm que estava esperando à direita, Arran
assentiu. Malcolm ergueu as mãos acima da cabeça e um relâmpago
salpicou-lhe os dedos.
Ao redor deles, um relâmpago irrompeu. Raias ziguezagueadas e
bifurcadas através do céu em uma tela majestosa, disparando, aparen-
temente, do nada para bater o chão um após o outro. Foi uma visão
impressionante.
E então Malcolm virou as mãos para a mansão. O raio começou a
atingi-la, explodindo janelas e portas com uma magnífica exibição de
poder.
Arran se levantou e caminhou até a porta da frente. Ele não preci-
sava olhar acima para saber que Broc e Lucan estavam entrando na
casa pelo telhado. Ele não precisava olhar para saber que Camdyn e
Quinn atacariam do calabouço para cima. Nem Arran precisava verificar
se os outros estavam atacando de cada lado.
Era o que acontecia quando os homens lutaram lado a lado duran-
te a batalha após a batalha.
― Cuidado. ― disse Phelan atrás de Arran.
Phelan e Fallon estavam escondidos por enquanto, mas não seria
por muito tempo.
Arran correu para os degraus da frente e saltou para o topo em
um pulo. Ele se deliciou com as duas portas quebradas que haviam par-
tido em um relâmpago.
Ele não se incomodou em pular enquanto Malcolm continuava a
bater na casa. Um raio machucaria, mas não mataria um Guerreiro. Era
eficaz, no entanto, em fazer com que os Druidesas estivessem mais in-
teressadas em evitar os raios do que ver quem atacava.
― Quem é? ― Jason gritou de algum lugar para a esquerda de Ar-
ran.
Arran pisou em cima de um Druidesa morta que tinha um longo
pedaço de madeira da porta presa em seu peito. Agora que ele estava
dentro da mansão, ele poderia localizar Ronnie com facilidade.

355
E de alguma forma ele não estava surpreso ao descobrir que Jason
a tinha com ele.
As garras de Arran coçavam para afundar na carne de Jason. Ansi-
ava ver o sangue de Jason escorrendo de seu corpo. Ele precisava ver a
vida escorrendo dos olhos de Jason.
E ele faria. Se isso fosse a última coisa que ele fizesse, ele veria
isso feito.
Arran avistou o conjunto de portas que estavam desmoronadas
para dentro, mas ainda em suas dobradiças. A voz de Jason, e a magia
de Ronnie, passaram pelas portas.
Ele tinha dado dois passos na direção a ela, quando as portas de
repente voaram para ele. Arran ergueu um braço e bateu numa delas
antes que pudesse atingi-lo.
A forma grande de Dale encheu a entrada. Um segundo depois,
outro Guerreiro se juntou a ele.
― Oh, ótimo. Outra pessoa com quem brincar. ― Arran disse com
um sorriso.
Houve um grito feminino dentro do quarto, e Arran só conseguia
imaginar que Fallon se teletransportaria e atacaria.
― Usem sua magia! ― Jason gritou as Druidesas acima dos gritos
Arran podia detectar várias droughs na sala, mas, como esperava,
havia muita desordem para que pudessem juntar sua magia negra e
usá-la.
― Você veio para ser morto? ― perguntou Dale. Arran riu. Maldi-
ção se ele não gostava da atitude do Guerreiro. ― Você deixou a última
batalha cedo. Na verdade, eu vim para terminar o que eu estava desti-
nado a fazer.
― Interessante. ― Dale chutou um pedaço de porta quebrada e
saiu do quarto.
― É só por isso que você veio?
― Nada mais do que você precise se preocupar.

356
― Você nunca chegará até ela. Jason vai se certificar disso.
Arran encolheu os ombros enquanto os gritos se agravavam quan-
do Fallon se teleportou de novo e matou uma drough. ― Vamos ver.
― Ela está trabalhando para nós agora. Ela e Jason fizeram um
pacto.
Por um momento Arran não pôde respirar, então ele percebeu que
Ronnie deveria ter estado sob algum tipo de coação. Não importa o que
a profecia tivesse dito, ele sabia que ela não era má.
― O que ele usou contra ela?
Era a vez de Dale sorrir. ― Nada. –
Não. Arran se recusou a acreditar. Conhecia Ronnie. Ele sentiu a
bondade de sua magia e seu coração. Ela sabia como Jason era perigo-
so, e ela nunca iria lado com ele. Nunca.
Arran flexionou os dedos. Dale abaixou a cabeça enquanto se pre-
parava para atacar. Antes que pudesse, o segundo Guerreiro rugiu e
veio para Arran.
***
Camdyn atravessou o chão para dentro da masmorra. Ele e Quinn,
ambos, saltaram para fora do chão e para o piso. Estava tranquilo.
Tranquilo demais.
― Camdyn. ― sussurrou Quinn, segurando suas garras enquanto
examinavam a escuridão
― Quinn! ― gritou Camdyn, enquanto detectava uma drough es-
condida nas sombras.
Ele mal conseguiu ouvir o aviso antes que uma explosão de magia
batesse nele.
***
Hayden agarrou a parte superior do peitoril da janela enquanto ele
se lançava dentro da janela do segundo andar. Seus pés plantados con-
tra um Guerreiro, que foi voando para trás até bater na parede oposta.

357
Hayden pousou suavemente no quarto e estendeu a mão como
uma bola de fogo formada.
― Minha esposa não queria ouvir isso, mas eu perdi Batalha. ―
ele disse.
O Guerreiro balançou a cabeça para clarear, enquanto lentamente
ficava em pé. Ele olhou para a bola de fogo de Hayden e mostrou as
presas
― Ah, como eu me esqueci de quão estúpidos são os Guerreiros
bebês.
O Guerreiro atacou Hayden, mas ele lançou quatro bolas de fogo
em rápida sucessão, incendiando seu atacante. Hayden então o cravou
no intestino para que o Guerreiro se inclinasse.
E com um fatiar limpo, ele arrancou a cabeça do Guerreiro.
Hayden sabia que Logan estava em outro quarto no corredor. Ele
entrou no corredor e se aproximou quando a magia drough bateu nele,
prendendo-o com força contra uma parede.
***
Ian e Galen invadiram a janela do primeiro andar apenas para en-
contrar o quarto vazio. Com um olhar silencioso, eles se arrastaram da
pequena sala para o hall. Tudo em torno deles, raios continuavam a
golpear e gritos podiam ser ouvidos em toda a casa. Mas nem baixaram
a guarda.
Uma mulher virou a esquina e começou a correr na direção deles,
seu olhar continuamente olhando por cima do ombro. Ian pegou a
drough pelos ombros e segurou-a quando Galen pôs a mão sobre a ca-
beça dela.
Ele olhou profundamente em seus olhos e disse, ― Você nunca vai
voltar aqui. Você nunca vai ver ou falar com Jason novamente. Se ele a
contatar, você vai correr.
Galen baixou a mão e Ian observou a drough correndo para sair
da casa.
―Será que vai funcionar?

358
Galen virou a cabeça para Ian. ―Aye. Eu não poderia levar isso
comigo, matar uma Druidesa, mesmo que que seja uma drough.
― Eu sei ― disse Ian. ― Nós provavelmente vamos nos arrepen-
der.
Eles se reagiram institivamente quando sentiram mais magia
drough. Ambos se voltaram para a fonte para encontrar três droughs,
que rapidamente lhes atacaram com magia.
Ian deu um grito de fúria quando foi colocado de joelhos pela dor
em sua cabeça. Ele olhou para cima para ver que elas haviam congela-
do Galen no lugar enquanto uma das droughs vinha até ele.
***
― Finalmente. ― Phelan disse enquanto caminhava em volta da
casa perto de onde Malcolm e os raios ferozes estavam.
Phelan atravessou uma janela quebrada, suas botas triturando vi-
dro. Todas as luzes cintilavam e depois saiam atravessando por toda a
casa.
Sem dúvida, graças a Malcolm.
Phelan caminhou pela sala de jantar, que abrigava uma mesa que
poderia facilmente acomodar vinte pessoas. A porta deslizante que ti-
nha seccionado fora do quarto tinha caído.
Ele saiu da sala de jantar e encontrou duas droughs no chão. ―
Fritas extra crocantes. ― disse ele sobre sua pele enegrecida esfumaça-
da.
Com apenas um pensamento, ele usou seu poder para manipular a
realidade para que ninguém o visse. Eles poderiam ter perdido Larena e
seu poder de invisibilidade, mas o seu era a seguinte melhor coisa.
Phelan ouviu um grunhido na direção da parte de trás da casa que
era inconfundivelmente de Guerreiro. Depois de um rápido olhar ao re-
dor de uma esquina, Phelan viu Arran travado na batalha contra dois
guerreiros, e Fallon estava fazendo o trabalho rápido das Druidesas
dentro do escritório.

359
Ele se virou e quase correu para Charon, que estava vindo em sua
direção. Phelan aliviou sua magia para que Charon o visse. Charon se
deteve, seus olhos bronzeados de Guerreiro se encheram da sede de
sangue que muitas vezes os tomava.
― Ouvi Guerreiros.
Phelan assentiu com a cabeça. ― Eu também. Eu estava indo para
verificar. Arran e Fallon estão fazendo tudo certo pelo momento.
― Então, o que estamos esperando?
Phelan levantou uma sobrancelha e voltou com seu poder. Charon
rapidamente desceu em direção às escadas e Phelan correu para a par-
te de trás da casa.
Quando viu as droughs torturarem Galen e Ian com sua magia,
lembranças de seu tempo na montanha de Deirdre o invadiram. Phelan
esqueceu tudo sobre seu poder de manipular a realidade. Seu único
pensamento era matar as droughs.

360
CAPÍTULO QUARENTA

Ronnie se lançou sobre o dorso do sofá e se agachou no chão per-


to dele, quando os raios começaram. Jason estava gritando, as pessoas
estavam gritando.
Ela não tinha se movido quando as janelas explodiram em volta
dela. Ela não tinha feito um som quando as portas foram batidas fora
de suas dobradiças e quebrados em pedaços.
Ronnie cobriu as orelhas, seus olhos apertados fechados enquanto
a força dos impactos sobre a casa voava em torno dela, enquanto a
mansão literalmente estremecia em sua fundação.
E então ouviu a voz de Arran.
Seu corpo inteiro tremeu, mas Ronnie levantou a cabeça para ter
certeza de que não estava sonhando. A voz de Arran, calma e profun-
da, com um toque de arrogância e uma mordida zombadora.
Ele era como um farol no escuro. Sua presença lhe deu coragem,
coragem que ela não sabia que tinha. Ela tinha que chegar a ele, para
lhe contar tudo o que Jason tinha planejado. Arran saberia como resga-
tar Andy.
Arran teria todas as respostas. Ela não tinha certeza quando tinha
vindo a confiar nele como ela confiava, ela só sabia que confiava.
Ronnie olhou ao redor dela para encontrar detritos em toda parte.
Ela se levantou com cuidado em seus joelhos e viu Jason parado no
meio do escritório e olhando para as portas detonadas com as mãos
para frente, na altura da cintura, como se ele estivesse segurando uma
bola invisível.
Os dois Guerreiros estavam na porta, ambos olhando para fora. A
voz de Arran a alcançou novamente, e ela sabia que era com quem os
Guerreiros conversavam.
Aisley não estava mais no canto. Ela estava deitada no chão, in-
consciente ou morta, Ronnie não sabia nem se importava.

361
Houve um flash de algo pelo canto dos olhos, e ela avistou um
Guerreiro por uma fração de segundo antes de ele desaparecer. Com
uma das droughs.
Ronnie levantou-se, agradecida de que não pudesse vir mais vidro
para ela, apesar dos raios continuarem atingindo a casa.
Houve um grande rugido, e um dos guerreiros atacou Arran. Ron-
nie não sabia o que fazer. Ela tentava sair, encontrava Andy, ou matava
Jason?
Suas mãos apertaram as costas do sofá enquanto sua mente luta-
va para tomar uma decisão. Ela olhou por uma das janelas e viu que
ela tinha um tiro claro.
Jason estava ocupado, como todos os outros. Era o momento per-
feito para escapar. Mas se o fizesse, Andy morreria.
Aconteceu de olhar para o lugar no sofá onde ela estivera sentada
para ver um pedaço grande de vidro do tamanho de um prato de jantar
preso na almofada do encosto.
Ronnie estremeceu. Ela queria desesperadamente chegar a Arran,
mas como poderia? Não havia apenas Jason a contender com, mas
também os dois Guerreiros que Arran lutava.
Talvez se pudesse sair dali houvesse outra maneira de entrar na
casa onde poderia encontrar Andy. Com a mente decidida, Ronnie se di-
rigiu para a janela aberta.
Seu coração bateu em seu peito, e a adrenalina bombeou através
dela, dando-lhe um pouco de velocidade extra. Assim que estava pres-
tes a atravessar o peitoril da janela, uma mão agarrou seu braço e gi-
rou-a ao redor.
― Jason.
Ele olhou maliciosamente, seus olhos azuis iluminados de raiva. ―
Esqueceu nosso pacto? Porque, se você sair, vou matar Andy com um
simples pensamento.
Ronnie não estava disposta a apostar a vida de Andy nas esperan-
ças de que Jason estivesse blefando. Arran tinha vindo buscá-la. Pro-

362
metera mantê-la a salvo. E ela sabia que ele continuaria a tentar liberá-
la.
Ela parou de tentar se afastar, sua decisão tomada.
―Isso é o que eu pensei. Agora, isso é o que vamos fazer. Você
vai marchar até a porta para que Arran possa vê-lo, e você vai dizer a
ele para parar.
Ronnie queria gritar que ela não faria isso, mas que escolha ela ti-
nha? Jason sabia melhor do que ameaçar Arran, ele era um Guerreiro.
E Jason deve ter percebido que a intimidação de Ronnie também não
faria nada de bom.
Ele conseguiu escolher uma das duas pessoas que ela teria feito
qualquer coisa. Pelo menos Pete estava longe o suficiente que estivesse
seguro.
― Arran não precisa me ver. ― disse ela.
O sorriso de Jason era mau e conivente. ― Oh, mas ele precisa,
querida. Agora, mova-se! ― ele gritou em seu ouvido.
Cada passo em direção a Arran era como uma faca em seu cora-
ção. Seus pés pareciam feitos de chumbo. Arran saberia que ela men-
tia? Será que ele percebia que ela fazia isso para salvar alguém? Depois
de tudo o que ela tinha dito a ele, ele acreditaria no pior sobre ela?
Ronnie sabia que provavelmente o faria. Em cada vez, Arran tinha
estado lá para ela, mesmo quando ela não queria que ele estivesse. En-
tão ele pegou alguns itens. Isso era tanto para se preocupar depois de
tudo o que ele tinha feito?
Ela mal conseguia respirar quando chegou à porta. Ronnie obser-
vou como Arran lutou contra Dale e o segundo Guerreiro sem esforço.
Era quase como se estivesse brincando com eles. Ele se movia ele-
gantemente, fluidamente. Suas garras e batidas mortais. Mesmo quan-
do ele sofria uma lesão, ele mal mostrava isso.
Ele era um lutador magnífico, um guerreiro majestoso. E por um
tempo, ele tinha sido dela.

363
Essas poucas horas preciosas fizeram toda a mágoa que ela já su-
portou valer a pena. E se ela tivesse que fazer tudo de novo, ela faria.
Num piscar de olhos.
Quando pensou nesses dias desperdiçados com Arran, ela quis gri-
tar. De alguma forma, de algum modo, ela iria ficar longe de Jason e
ela faria malditamente seu melhor, para compensar Arran.
Se ele matar você primeiro.
Ronnie interiormente se encolheu ante o lembrete da profecia. Ela
assistiu quando ele deu um soco em Dale antes que ele girasse e abai-
xasse das garras do segundo Guerreiro.
Ela poderia ficar observando-o dia todo. O leve sorriso em seu ros-
to quando ele conseguiu um bom golpe, a forma como seus olhos bran-
cos brilhavam com desafio. A maneira como seus músculos se moviam
com graça fluida sob a pele branca de sua forma de Guerreiro.
A inspeção de Ronnie parou quando ela encontrou o olhar de Ar-
ran preso nela. Por alguns momentos, ele aumentou seu ataque. Então
ele viu Jason parado ao lado dela.
Ela quis chorar quando viu o breve brilho de dor e traição que
queimou em seu olhar. Mas de alguma forma ela segurou as lágrimas.
Não era só a própria vida que ela estava jogando. Era a vida de
Andy e Arran e de todo mundo no mundo inteiro. Pois ela não seria a
portadora da desgraça. Ela não se alinharia com o mal. Nem agora,
nem sempre.
Mas primeiro, ela tinha que fazer com que Jason pensasse que ela
iria
― Diga a ele. ― Jason disse, seu tom quebrando qualquer argu-
mento.
Ronnie segurou suas mãos em seus lados, sua alma murchando
em seu peito. ― Arran. Pare.
***
Malcolm raramente se entregou a seu poder como ele fazia naque-
le momento. Sentia... certo... liberar os raios, para atirar contra o inimi-

364
go. Cada golpe liberava a dor que ele mantinha trancada, presa dentro
dele.
Por causa de suas cicatrizes. Por ser um guerreiro. Por matar Dun-
can.
Por perder Larena.
Ele espremeu seus olhos fechados com o pensamento de sua pri-
ma desaparecer de sua vida para sempre. Ela tinha sido a única que ele
deixou entrar depois de Deirdre e Declan tinham sido vencidos.
Larena tinha uma maneira de fazê-lo ouvir, mesmo quando ele não
queria. O que ele ia fazer agora que ela tinha ido embora?
Os olhos de Malcolm se abriram, seus relâmpagos cessando ins-
tantaneamente. Ele tentou soltar uma respiração, apenas para ter uma
raia de agonia através de seu corpo.
A dor era cegante, o sofrimento crescendo dez vezes a cada se-
gundo. Seu sangue ardeu como fogo e seus pulmões se agarraram en-
quanto lutavam pela respiração.
― Não é tão poderoso agora, não é, Warrior? ― perguntou uma
voz feminina atrás dele.
Malcolm olhou para baixo para encontrar a cabeça de uma lança
mostrando através de seu estômago. Mas o enfraquecimento de seu
corpo lhe disse que seu fim estava próximo.
Porque a lança estava coberta com sangue drough.
***
Phelan saiu correndo, com a intenção de empalar a primeira
drough que encontrasse com suas garras até que algo o atingiu de lado
e bateu-o em uma sala pequena.
Ele bateu a cabeça contra algo duro, e olhou para se encontrar um
banheiro. Phelan rosnou e afastou o sangue que começou a correr por
sua têmpora. Virou a cabeça para encontrar Charon na porta, de costas
para Phelan e espiando pelo canto
― O que você fez?

365
― Salvou seu maldito traseiro, seu idiota. ― sussurrou Charon por
cima do ombro dele.
Phelan levantou-se de um salto. ― Explique-se.
Charon fechou a porta suavemente e se recostou contra ela. ―
Encontrei Hayden e Logan. Ambos estavam sendo torturados por
droughs. Eu sabia que ia precisar de sua ajuda, então eu vim para en-
contrá-lo.
― O que você fez foi impedir-me de matar um drough.
― O que eu fiz, sua besta, foi manter você de ser descoberto.
Phelan franziu a testa. ― Eu estava usando meu poder. Eles não
teriam me visto.
― Então, como eu te vi?
― O que você quer dizer?
Charon deixou cair seu queixo para seu peito. ― O que quero dizer
é que você parou de usar seu poder. Elas teriam visto você antes que
você pudesse fazer qualquer coisa por Ian ou Galen.
― Foda-me. ― Phelan rondou o pequeno banheiro. ― Tem
droughs encurralando todos?
― Não Malcolm.
Assim que as palavras saíram da boca de Charon, os relâmpagos
cessaram. Os dois Guerreiros se entreolharam. Para que qualquer um
deles saísse vivo, agora cabia a Phelan e Charon.

366
― Eles vão tentar reunir todos nós. ― disse Charon. –
Phelan recostou-se na pia. ― Como você sabe?
― É o que eu faria. Além disso, isso dá a Jason o meio de matar
todos nós de uma só vez.
― Não é provável.
Charon sorriu. ― Como se eu permitisse isso. Agora. Aqui está o
plano.
***
O mundo de Arran estava girando fora de controle, e em seu cen-
tro, parecendo pálida e distante, estava Ronnie. Sua linda e brilhante
Ronnie.
Seu olhar de cor de avelã encontrou o dele, mas o calor, o riso e a
honestidade com que ele estava tão acostumado tinham desaparecido.
Como se eles nunca estivessem lá. Esta não era a mesma mulher com
quem fizera amor, a mulher com quem tinha passado a noite a dançar.
Esta mulher era... diferente.
Ela pediu para ele parar de lutar. Ela estava ao lado de Jason sem
ser mantida ou ameaçada. Será que ela realmente se juntara ao outro
lado?
Ele teria apostado sua vida que nada poderia fazer Ronnie juntar-
se mal. Seus instintos nunca estiveram errados antes. Como poderia ter
sido tão enganado com a única pessoa que tinha o seu coração?
Arran desejou conhecer Jason Wallace melhor para determinar
exatamente como ele tinha conseguido Ronnie. Porque Arran não tinha
certeza se ele poderia cumprir a profecia e matá-la.
Mesmo se isso significasse salvar o mundo. ― Eu acho que ele
está em estado de choque. ― Jason disse a Ronnie e se inclinou, um
sorriso no rosto.
Arran liberou o aperto que tinha sobre o Guerreiro, e nem sequer
se preocupou em olhar para Dale. A fúria, ao contrário de tudo o que
Arran tinha experimentado, o consumiu.

367
Dentro dele, Memphaea estava gritando Com indignação. E Arran
deixou-o, porque seu deus estava fazendo o que não podia. No entan-
to, à medida que o frenesi de Memphaea crescia, aumentava a necessi-
dade de sangue e morte.
Era tudo o que Arran podia fazer para se conter, para manter a
loucura, ou sede de sangue, de tomá-lo. Mas como ele queria ceder a
isso.
Ele aceitou a fúria e olhou furioso para Jason. ― Você não se pa-
rece com Declan. Declan deve ter obtido todos os bons olhares, talen-
tos e cérebro na família.
Os lábios de Arran levantaram-se ligeiramente quando o rosto de
Jason ficou vermelho. Então, ele atingiu um nervo. Bom.
― Declan era um bufão! ― Jason gritou. As sobrancelhas de Arran
levantaram-se no tom de Jason.
― Há alguma história aí, eu acho. Declan não foi tão legal com
você? Ele pegou as roupas finas e você não? Seria seu cabelo, ou talvez
a mandíbula forte de Declan? Essas coisas parecem ter ignorado você,
mas você conseguiu o queixo fraco.
Jason começou a dizer algo, mas de repente parou e olhou para
Ronnie. ― Não importa onde eu estava antes disso. Eu estou aqui ago-
ra. Tenho o poder e a posição para fazer tudo o que Declan imaginava.
Minha primeira ordem de negócios é matar todos os Guerreiros e Drui-
desas do Castelo MacLeod.
― Boa sorte com isso. ― disse Arran
― Oh, não estou preocupado. Afinal, tenho muitas pessoas à mi-
nha disposição ― disse Jason enquanto caminhava lentamente ao redor
de Ronnie. ― Você conhece a minha mais nova. Intimamente, disse-
ram-me.
Arran fechou suas mãos e deixou suas garras afundar em suas pal-
mas, qualquer coisa para manter sua calma e não atacar Jason. Ainda.
―Você nunca tocará em ninguém no castelo.

368
― É mesmo? Você realmente pensou que poderia atravessar meus
feitiços sem que eu soubesse?
― Aye, ― Arran respondeu com confiança. A maneira como os
olhos de Jason se estreitaram provaram que ele estava certo.
― Eu sabia que você viria para o Dra. Reid. ― Jason disse. ― Dale
me contou o quão perto vocês dois chegaram, como você a viu tão...
ternamente. Eu não tinha certeza quando você viria para ela, mas eu
sabia que você o faria. E eu me assegurei de que estivesse preparado.
Havia algo em suas palavras que fez com que Arran parasse. Não
era que Jason poderia tê-lo esperado, era a ideia de que eles poderiam
ter entrado em uma armadilha.
― Não lute. ― Dale sussurrou atrás dele. ― Não há nada que
você possa fazer.
Arran olhou por cima do ombro para o Guerreiro, e foi quando viu
seus amigos sendo levados para o amplo salão de festas. Eu estava
preparado. ― disse Jason, rindo de sua própria observação.
Arran olhou de volta para Ronnie, mas ela não encontrou seu
olhar. E foi quando ele soube que eles tinham perdido.

369
CAPÍTULO QUARENTA E UM

Fallon estava prestes a se teletransportar para o escritório de Ja-


son e matar o filho da puta quando a magia drough chiou ao longo de
sua pele. Ele virou a cabeça para a direita bem a tempo de ver a Drui-
desa espetar Malcolm.
― Não. ― disse Fallon.
Ele tinha perdido Larena. Ele não ia permitir que seu primo mor-
resse junto com ela.
Fallon se teletransportou diretamente atrás da drough e, com um
golpe feroz de sua garra, tomou sua cabeça. Ele nem sequer esperou
que seu corpo atingisse o chão antes de agarrar Malcolm e teletrans-
portá-lo para o castelo.
Assim que chegaram no meio do grande salão, Fallon gritou para
Sonya. Fallon olhou fixamente para a lança pegando nas costas de Mal-
colm, seu companheiro Guerreiro tentando desesperadamente tomar ar.
― Espere, meu amigo. A Sonya está chegando.
Malcolm agarrou o braço de Fallon, seus olhos azuis cheios de dor
e tristeza.
Fallon sabia que Malcolm iria querer falar sobre Larena, e ele não
estava preparado para fazer isso. Nem se fosse o sopro moribundo de
Malcolm.
Tirou a lança de Malcolm e atirou-a para o lado. Malcolm caiu de
lado, e Fallon o pegou facilmente. ― Você não vai morrer. Você me
ouve? Você não vai morrer.
― Fallon. ― disse Malcolm com voz rouca.
― Não. Guarde suas palavras. ― Fallon olhou para cima para en-
contrar Sonya correndo abaixo as escadas com sangue de Larena ainda
em seu jeans e camisa branca.
― Não outro. ― ela disse, e pulou pelas últimas escadas para cor-
rer para eles.

370
Fallon apertou a mão de Malcolm enquanto olhava para Sonya. ―
Salve-o. Tenho que voltar para os outros.
― Fallon, espere! ― chamou Sonya.
Mas Fallon colocou Malcolm em um dos longos bancos usados para
se sentar à mesa, e então saltou de volta para a mansão de Wallace.
***
Arran nunca tirou o olhar de Jason enquanto o bastardo andava
lentamente na frente deles. Tinha sido um pontapé nas bolas para Ar-
ran ver seus companheiros Guerreiros sendo levados para o hall de en-
trada por droughs. Sua magia era nauseante, pesada.
E nada disso o tocara até agora.
― Eu disse que eu estava preparado. ― disse Jason com um riso
satisfeito enquanto ele entrava no vestíbulo. Ele parou para alisar sua
camisa no espelho. ― Estou sempre preparado.
― Um dia, você não será capaz de dizer isso.
Wallace jogou a cabeça para trás e riu. ― Você não vai estar por
perto para ver isso. ― Ele parou na frente de Arran. ― Porque eu estou
tomando cada uma de suas cabeças esta noite. Não haverá mais Guer-
reiros no Castelo MacLeod.
― Sempre haverá Guerreiros no Castelo MacLeod. Arran ficou
pronto, suas garras coçando para empurrar o peito de Jason e arrancar
seu coração. Com sua velocidade, e com tão perto de Jason como ele
estava, seria uma coisa simples.
Justo quando Arran estava prestes a fazê-lo, Jason deu dois pas-
sos rápidos para trás.
― Nenhum de vocês se pergunta como eu fui capaz de me manter
escondido de você por um ano? ― Jason perguntou.
Uma vez que Arran era o único que podia falar porque não havia
nenhuma magia drough que o interrompesse, ele encolheu os ombros.
― Não suspeitamos de você nem de ninguém. Nós não procuramos.

371
― Exatamente! ― Jason colocou as mãos no bolso dianteiro de
suas calças e olhou para seus sapatos pretos e brilhantes. ― Passei o
ano não apenas restaurando esta linda casa, mas construindo meu
exército.
― Então você trabalhou rápido. Devo aplaudir?
Jason ignorou-o e continuou. ― É incrível o que pode ser realizado
com fundos ilimitados. Eu costumava nunca me preocupar com roupas
caras, e certamente nunca ternos e gravatas. Mas, ― ele disse, e parou
na frente de um espelho rachado pendurado na parede pela segunda
vez. ― Eu faço este terno parecer bom.
Arran cravou o olhar em Jason. O homem poderia ser alto e ma-
gro, ele poderia ter uma cabeça cheia de cabelos louros, mas isso era
tudo que Arran podia dizer. Ele era exatamente o oposto de Declan e
sua fina aparência.
Jason usava o terno caro, mas não melhorava sua aparência. Se
alguma coisa, ele só trouxe à atenção quão imprópria ele era para usá-
lo.
― Você não faz esse terno parecer bom mais do que você sabe o
que está fazendo com magia. Você não usa o terno porque era isso que
Declan fazia. Mas Declan sabia usá-lo. Mesmo para a magia. ―
Jason virou-se para Arran. Seus olhos azuis estavam frios de fúria
e malícia. ― Eu sei tudo sobre Declan e Deirdre. Tinha um livro que
guardava escondido entre as paredes. Ele contou sobre Deirdre e o que
ele tinha feito para conseguir sua magia.
Com um sorriso calculista, Jason mais uma vez ficou na frente de
Arran, mas fora de seu alcance. ― O livro também descreveu cada
Guerreiro vivendo no Castelo MacLeod, bem como alguns das Druide-
sas. Então você vê, MacCarrick, eu sei muito mais do que qualquer um
de vocês já imaginou.
Em ambos os lados e atrás de Arran estavam seus amigos, todos
silenciosamente ouvindo sua conversa. Ronnie tinha tomado um assen-
to tão longe dele quanto podia, seu olhar no chão. Ela não se moveu ou
emitiu um único som desde que se sentou.

372
Arran podia ser livre para se mover, mas não havia nenhuma ma-
neira que pudesse matar Jason, ou melhor, as droughs segurando seus
amigos e não ser morto ele mesmo.
Pela primeira vez desde que acordara preso nas entranhas profun-
das da montanha de Deirdre, sentiu-se abatido. Derrotado.
Conquistado.
E para um guerreiro era um sentimento que ele nunca quis experi-
mentar. Por todo seu poder e força, Arran estava impotente para fazer
qualquer coisa.
Tanto quanto ele tinha estado assistindo Shelley ser morta na fren-
te dele.
Ele jurou nunca estar nessa posição novamente. E, no entanto,
aqui estava ele. O destino era realmente uma cadela.
Arran manteve seu rosto desprovido de expressão enquanto ob-
servava Jason. ― E eu suponho que você é tão original como Declan e
quer governar o mundo como Deirdre tentou fazer?
― Eu quero. Mas enquanto Declan e Deirdre cometeram um erro
crucial, eu aprendi com eles.
― E qual poderia ser esse erro? ― Arran sabia que não iria viver
para usar a informação, mas talvez, apenas talvez, Ronnie percebesse
eu erro e tomasse as informações para si mesma.
Ele tinha fé em Ronnie, a fé que a bondade dentro dela iria mantê-
la de virar para o mal e condenar o mundo.
― Deirdre matava as Druidesas, e Declan não confiava nelas. Nem
perceberam que ter os Druidesas como aliadas teria mudado o equilí-
brio a seu favor.
― Obviamente, você nunca teve um encontro com um wyrran. ―
Arran disse com um bufar.
Jason estremeceu com repulsa. ― Aquelas desagradáveis criaturas
amarelas de Deirdre feitas de magia? Eles poderiam ter sido muitos,
mas eles não tinham a habilidade de usar magia como o meu exército
faz.

373
Arran detestava admitir que Jason tinha feito uma boa jogada. Ha-
via poucas coisas que poderiam impedir um Guerreiro, mas um Druida
com magia bastante forte poderia fazê-lo.
― Antes de te matar, vou te dar uma chance. ― disse Jason. ―
Cada um de vocês tem a oportunidade de passar para o meu lado nesta
guerra. Vou poupar-lhes e, em troca, quero sua total e total lealdade.
Arran sabia sua resposta, mas não tinha esposa nem filhos como
os outros. Ele se virou para olhar para cada um de seus irmãos, suas
respostas escritas em seus rostos.
Foi então que Arran percebeu que dois Guerreiros estavam desa-
parecidos. Fallon e Malcolm. Ainda havia uma maneira deles se livrarem
disso, ou pelo menos alguns deles.
Arran virou-se para Jason. ― A resposta é não. Para todos nós.
Mesmo se cada um deles morresse, Fallon e Malcolm, junto com
as Druidesas, teriam uma chance contra Jason. Pelo menos então o
mundo não estaria à mercê de Jason Wallace.
― Uma pena. ― Jason disse. ― Pelo menos você teria estado com
a adorável Dra. Reid. Não tenho dúvidas de que haverá alguém que vai
aquecer sua cama logo.
Arran rosnou, baixo e longo, ao pensar em alguém tocando sua
mulher. Jason poderia ameaçá-lo o quanto quisesse, mas não Ronnie.
Um sorriso lento espalhou-se pelo rosto de Jason. ― Vejo que
atingi um nervo. É uma pena que eu precise de Ronnie, ou eu adoraria
torturá-la na sua frente. Talvez eu te mantenha vivo o suficiente para
ver isso feito.
― Eu aconselho você a tomar minha cabeça agora, porque a pri-
meira oportunidade que eu tiver, eu estarei matando você, ― Arran dis-
se entre os dentes cerrados.
Ele já não escondia sua raiva. Deixou que ela se erguesse dentro
dele, encher o ar enquanto seus rosnados cresciam. Ele soltou o mons-
tro dentro dele, deu-lhe as boas-vindas com os braços abertos.

374
Ele olhou para Ronnie para encontrá-la observando-o. Por apenas
um instante, um milissegundo de tempo, ele viu a velha Ronnie. Mas
isso é tudo que ele precisava.
Arran deu um passo em direção a Jason, apenas para ser colocado
de joelhos pela dor que cortava por ele. Arran jogou a cabeça para trás
e berrou de raiva enquanto a magia drough o envolvia, sufocando-o.
A agonia dobrou, depois triplicou à medida que mais magia o gol-
peava. Arran não se curvaria. Ele era um Guerreiro. Ele morreria defen-
dendo as pessoas que ele se importava. Demorou várias tentativas,
mas ele ficou de pé, seu olhar fixo em Jason. O lábio de Jason se cur-
varam em um sorriso sarcástico quando ele jogou mais magia em Ar-
ran.
Arran se concentrou, mas a magia era tão forte, tão penetrante
que teve que dar um passo atrás apenas para se manter em pé.
Houve um tumulto atrás dele, mas Arran se recusou a tirar os
olhos de Jason. Wallace era seu alvo, e ele não iria parar até que ele ti-
vesse as mãos em torno do pescoço do bastardo.
Arran inclinou-se para a frente e mostrou suas presas enquanto lu-
tava contra a inimaginável agonia em sua cabeça. Era quase impossível
pensar além da tortura, mas Arran manteve apenas um pensamento
em sua mente: Matar Jason.
Parecia que uma eternidade tinha passado quando ele deu mais
dois passos. A confiança de Jason começou a diminuir pela evidência de
seus olhos arregalados e de um passo hesitante para trás.
Arran continuou se movendo. Apenas um pé na frente do outro.
Houve um brilho do canto do olho de Arran, e ele ouviu o grito
agudo de uma mulher, mas mesmo assim ele não viu o que estava
acontecendo.
Jason, entretanto não estava tão focado. Ele olhou por cima do
ombro de Arran, e foi o tempo todo que Arran precisou para se lançar.
As garras de Arran afundaram no lado esquerdo da mandíbula de Jason
e passaram pelo pescoço dele. Arran ergueu a outra mão para repetir
seu ataque quando algo derrubou Jason.

375
A magia que cercava Arran desapareceu de repente. Ele se agar-
rou antes que pudesse cair, e olhou para encontrar Ronnie em cima de
Jason, socando-o no rosto com seu único punho bom.
Arran começou a ir para ela quando ouviu um Guerreiro grunhir
por trás. Ele se virou para descobrir que, de alguma forma, seus irmãos
haviam dominado as dificuldades sobre as droughs. Várias Druidesas já
haviam sido mortas, e Dale estava tirando as outras.
E então Fallon estava lá. Ele olhou para Arran antes de colocar a
mão em Ronnie e ambos desapareceram.
Arran aproximou-se de Jason com a intenção de acabar com tudo
naquele momento. Sangue revestia a frente do terno de Jason de que
ele estava tão orgulhoso, e pelo seu aspecto, Ronnie quebrou seu nariz.
― Um final adequado para um porco assim. ― disse Arran en-
quanto ele levantava a mão e, para sua surpresa, um longo pedaço de
gelo se formou. Isso nunca tinha acontecido antes, mas era o momento
perfeito. Arran sorriu e começou a atirar para Jason.
― Arran! ― gritou Charon atrás dele. Arran virou-se a tempo de
ver uma Druidesa vir com um punhal coberto de sangue drough. Ela jo-
gou a adaga, a lâmina veio virando e apontando direito para o coração
de Arran ao mesmo tempo que ele jogou o fragmento de gelo. O frag-
mento cravou no fundo de sua garganta, matando-a instantaneamente.
Antes que Arran pudesse esquivar da arma, Charon estava de re-
pente na frente dele. Arran só pôde olhar fixamente com horror en-
quanto a lâmina afundava no peito de Charon.
Charon aterrissou no chão. E não se moveu.
Arran virou-se para Jason, mas o bastardo se fora.
― Maldição! ― Arran murmurou.
Ele se agachou ao lado de Charon e tirou a adaga. Os olhos de
Charon estavam fechados, sua respiração trabalhada quando Arran jo-
gou para o lado a lâmina e levantou o Guerreiro por cima do ombro.
Quando ele se levantou, foi para descobrir que seus irmãos tinham
retomado o controle da mansão.

376
― Todos eles se foram; ― Lucan disse, respirando duro e sangue
o cobrindo.
Hayden resmungou. ― Cadê Fallon? Eu quero o inferno fora daqui.
Phelan moveu os corpos de várias droughs e balançou a cabeça
enquanto olhava para Fallon. ― Nós vamos ter que achar outro cami-
nho.
― Ele está...? ― Quinn não conseguiu sequer terminar a frase.
Phelan ajoelhou-se e tocou Fallon. Ele balançou sua cabeça. ―
Não. Eu vi uma Druidesa lutando contra ele. Ele a levou para baixo,
mas quando o fez, bateu a cabeça. Ele está apenas inconsciente.
― Precisamos nos apressar de volta para o castelo. ― disse Arran,
correndo para longe deles e saindo da mansão. ― Charon foi ferido
com sangue drough.
Segundos depois, eles estavam em três veículos e acelerando pelo
caminho da mansão Wallace.
Tudo o que Arran podia pensar era ter Charon curado. E abraçar
Ronnie.

377
CAPÍTULO QUARENTA E DOIS

Ronnie olhou horrorizada para o vazio de seu sítio de escavação.


Ela implorou a Fallon para levá-la de volta para encontrar Andy, mas ele
não tinha acreditado nela.
Ele tinha assumido o pior e acreditava que ela estava com Jason
agora. Não que pudesse culpá-lo depois do que tinha feito todo mundo
acreditar. Se ao menos pudesse falar com Arran.
Teria recebido a mensagem silenciosa que ela lhe enviara? Será
que ele entendeu que sua parte era tudo um estratagema? Ela rezou
que ele tivesse. Se não, ela estava preparada para fazer todos os tipos
de súplicas até que ele a ouvisse.
Ele tinha que saber que ela não era má.
Ela andou sem rumo ao redor do sítio. Havia algo diferente sobre
Fallon. No meio da batalha na mansão, seu foco estava em Arran e Ja-
son, mas não demorou muito para ver Fallon pelo que ele era.
Um homem possuído.
Ronnie não ficara perto dele porque a assustava. Sua pele muito
negra, suas garras cobertas de sangue, mas tinham sido seus olhos ob-
sidiana que cintilavam como morte que a fez tremer de ansiedade.
Aqueles olhos estavam agora sem vida e frio. Morto.
Ronnie não ousara perguntar sobre Larena, mas não precisava. A
resposta estava nos olhos de Fallon. Larena estava morta.
Ela limpou o cabelo que continuava voando em seu rosto por cau-
sa do vento. Se ao menos tivesse tido alguns minutos para convencê-lo
do que Jason lhe fizera, mas Fallon se teletransportara para longe.
Não havia nenhum lugar onde Ronnie pudesse correr, em nenhum
lugar ela poderia se esconder, que Jason ou os Guerreiros não pudes-
sem encontrá-la. Ela não sabia quem ganharia a batalha, mas ela sus-
peitava que seria Arran.

378
Tudo o que ela podia fazer agora era rezar para que Fallon acredi-
tasse o que ela prontamente explicou sobre Andy, e o encontrou. Caso
contrário, ela suspeitava, Fallon poderia apenas matá-la por seu supos-
to envolvimento com Jason Wallace.
Ela soltou uma respiração reprimida, e suas pernas dobraram sob
ela. Ela deixou cair a cabeça nas mãos e deixou as lágrimas chegarem.
Todo o medo, toda a preocupação. Toda a morte.
E ainda, ela estava sozinha.
A misteriosa quietude do sítio fez sua pele se arrepiar. O único som
era o vento assobiando através da grama alta e a carnificina de seu sí-
tio.
Ronnie enxugou os olhos e levantou a cabeça. Quebrou seu cora-
ção ver sua escavação, em tal desordem, mas, mais do que isso, sua
alma doía por todos aqueles que haviam morrido.
Ela lentamente se levantou, sem se importar com o fato de que
era o meio da noite e o sol estava se pondo no horizonte. Seu olhar va-
gou pela área, de carros que pareciam esmagados pela metade, para
os traillers que foram quebrados em pedaços.
Ronnie rodeou o sítio olhando a cerâmica quebrada que havia es-
cavado horas antes. Cerâmica que tinha estado quase completamente
intacta.
Em alguma época, ela teria gritado pela perda, e embora odiasse
que o artefato estivesse arruinado, ela, pelo menos, tinha sua vida.
― Andy. Por favor esteja bem. ― ela sussurrou quando chegou a
ficar em frente do trailer dele.
Ela sorriu quando recordou como ele se recusara a chamá-la de
trailler como faziam no Reino Unido. Tinha sido seu RV (recreational ve-
hicle), e ele estava especialmente orgulhoso dele.
Não restava muito além de uma porção da parede traseira e do
mapa do mundo, onde ele colocava alfinetes em todos os lugares em
que estiveram.

379
Seus pensamentos logo se voltaram para Arran. Antes que ela
soubesse, estava de pé na área onde ficava a tenda dele. Não sobrou
nada, nem mesmo seu catre.
Ela lembrou o dia em que se conheceram pela primeira vez e
como, mesmo assim, a atração tinha sido feroz e inegável. Seu medo a
impediu de ter Arran mais cedo. Sua apreensão quase lhe custou o ho-
mem mais incrível que já conhecera.
Uma risada borbulhou entre suas lágrimas quando se lembrou do
quanto ele se sentiu ofendido quando o comparava a outros homens.
Agora ela sabia o porquê. Ele estava em uma classe toda própria dele.
Arran era um verdadeiro Highlander, um antigo guerreiro de uma
época passada. Ele era orgulhoso, leal e honrado. Ele se colocou entre
ela e o perigo sem pensar duas vezes.
Ele a reconhecera pelo que era, um Druidesa, e a ajudara a aceitar
o novo mundo em que fora empurrada. Ele sorriu e encantou seu cami-
nho no coração dela.
E ele seduziu seu caminho na alma dela.
Por agora e sempre, ela o carregaria em seu coração. Não mais o
seu trabalho seria simplesmente desenterrar relíquias do passado. Ela
usaria sua magia para caçar as coisas que Jason Wallace poderia usar
contra os Guerreiros e Druidesas do Castelo MacLeod.
Ela provaria a eles por suas ações que não era má. Seria preciso
que ela aprendesse mais sobre sua magia, porque ela precisaria garan-
tir que estivesse protegida contra Wallace.
Teria de dizer a verdade a Pete. E a Andy. Ela suspirou. Se ela con-
seguisse Andy de volta, ele precisaria saber também. Eram os únicos
dois, fora Arran, que ela podia confiar plenamente. Todo mundo era um
inimigo potencial.
Ronnie olhou para a sua tenda, e embora ainda estivesse de pé,
era o último lugar que ela queria estar. Ela caminhou para a área onde
eles tinham cavado ao redor da câmara e se sentou, suas pernas pen-
durando sobre o corte lateral do chão.

380
As memórias de como Arran estivera ali ajudando-a a desenterrar
a câmara enchiam sua mente. Ela podia recordar em detalhes vívidos
seu sorriso e riso, seus músculos e sua pele beijada pelo sol enquanto
ele trabalhava sem sua camiseta.
Ela se lembrou de como ele tinha estado lá para salvá-la dos
selmyrs, e como ele quase morreu no processo. Depois, houve o a festa
de arrecadação de fundos. Ela se sentira como Cinderela, e embora o
vestido fosse espetacular, não era essa a razão.
Tinha sido Arran.
Seu sorriso, seu toque. O jeito que ele a abraçava. A maneira
como seus olhos dourados se encheram de anseio e desejo.
― Oh, Deus! ― ela disse enquanto novas lágrimas corriam pelo
seu rosto. ― Eu o amo. ―
***
Arran percorreu os cantos e passou incontável número de carros
enquanto corria para conseguir levar Charon para o Castelo MacLeod e
Sonya. Sobre voltar, Broc tinha deixado o SUV preto e voado para o
castelo em plena visão de quem ousasse olhar para cima.
A terrível situação apelando para tais medidas drásticas. Era uma
chance que todos tomavam, porque a vida de Charon dependia disso.
Arran olhou para trás, enquanto Ian olhava para Charon com uma
expressão sombria.
― Nós não vamos conseguir. ― disse Ian.
Arran virou rápido o volante para desviar de um cão que trotava
pela estrada e percebeu que sua pele ainda estava branca. Os outros já
tinham apaziguado seus deuses. Com um suspiro, Arran o fez também.
― Então use o seu sangue.
― Nós temos dado. –
Phelan cortou seu braço. ― Deixe-me. Meu sangue o curará ins-
tantaneamente.

381
Foi a primeira vez que qualquer um deles falou desde que saíram
da mansão. Arran olhou no espelho retrovisor para ver Phelan cortando
seu braço profundamente para deixar seu sangue fluir na ferida de Cha-
ron.
― O que aconteceu na mansão? ― perguntou Arran. ― Como to-
dos ficaram livres das droughs?
Phelan deu de ombros, seu rosto marcado de preocupação. ―
Charon e eu descobrimos que as Druidesas tinham conseguido o domí-
nio. Nos escondemos quando foram levados para o vestíbulo e depois
para o escritório de Jason.
― Ninguém notou vocês? ― perguntou Ian, surpreso.
― Nay. Incrível isso. Droughs demais para saber quem estava fa-
zendo o quê. Deslizamos no vestíbulo e observamos enquanto esperá-
vamos o momento apropriado para atacar.
Um frio correu pela coluna de Arran apenas pensando nisso.
― E então você e Jason estavam trocando palavras. ― disse Phe-
lan. ― Eu esperei até o momento oportuno para que você pudesse con-
seguir tanta informação quanto pudesse tirar dele. E então, usei meu
poder para alterar a realidade um pouquinho.
Ian emitiu um som no fundo de sua garganta. ― Ele fez as
droughs pensar que dúzias de mies tinham inundado a mansão.
― Muito Ruim que eu tenha perdido isso. ― Arran disse enquanto
tentava formar alguma aparência de um sorriso. Ele teria adorado ver
as droughs se transformarem em medo.
O rosto de Phelan era sombrio. ― Todas, com exceção de algumas
droughs, ficaram tão assustados que derrubaram sua magia e tentaram
fugir. Foi quando começamos a atacar.
― Quase matei Wallace. ― disse Arran, sacudindo a cabeça.
Phelan colocou a mão no ombro dele. ― Eu sei. Eu vi. Eu também
vi o que Charon fez.
Arran engoliu em seco passando o pedaço de emoção em sua gar-
ganta. ― Ele não pode morrer. Especialmente não por mim.

382
― O que aconteceu com Ronnie? ― perguntou Ian enquanto ob-
servava Phelan cortar o braço mais uma vez.
Arran não soltou o acelerador quando chegou a uma das numero-
sas pontes de pedra de uma via, embora tinha um carro vindo na dire-
ção dele. Ele não seria o único a desacelerar. Felizmente, o outro carro
bateu nos freios e se jogou na grama para desviar de Arran.
― Passou perto ―, disse Phelan severamente.
Arran agarrou o volante. ― Fallon levou Ronnie. Rezo para que ela
esteja no castelo com os outros.
― Onde mais ele a teria levado? ― perguntou Ian. ― O castelo é
onde sempre levamos as Druidesas que precisavam de proteção.
― Ela quebrou o nariz de Wallace. ― disse Arran. ― Ela fingiu
tudo. O problema é que eu preciso saber o porquê. Ele teve que usar
algo contra ela.
Ian assentiu com a aprovação. ― Bom para ela por bater nele.
Queria poder ter batido.
― Você não a ouviu me pedindo para parar enquanto ela estava
ao lado dele. Quero acreditar que ela mentiu, mas não tenho certeza.
Phelan pigarreou. ― Muito poderia ter acontecido na mansão an-
tes de chegarmos. Lembre-se disso.
― Deirdre era inventiva quando se tratava de levar as pessoas a
fazer o que ela queria. ― disse Ian. Declan também. O que faria Jason
diferente?
Arran deu um rápido olhar sobre seu ombro para Charon. ― Como
ele está?
― Meu sangue parece estar ajudando. Um pouco. Não está cu-
rando-o como deveria, mas está fazendo algo. Eu só não sei por quanto
tempo.
Phelan parou quando ele cortou seu braço novamente para usar
mais do seu sangue na ferida de Charon. Seus lábios estavam em uma
linha apertada e linhas de preocupação como colchetes ao redor de sua
boca. Isso por si só fez Arran empurrar o carro para limites maiores. O

383
sangue de Phelan sempre curou instantaneamente. O que estava acon-
tecendo com esse sangue drough?
Primeiro, Larena foi morta, e agora o sangue de Phelan não podia
parar isso. A ansiedade se agitou no estômago de Arran.
― Estive pensando. ― disse Phelan. ― Se os bastardos malvados
que continuamos lutando podem ter maneiras de nos machucar como
as X90s ou qualquer coisa com sangue drough, por que não podería-
mos ter algo também?
―Ou algo que poderia neutralizar os efeitos do sangue. ― disse
Ian pensativamente. ― Essa é uma boa pergunta.
Arran abriu seu caminho entre carros. Seus amigos estavam ten-
tando tirar suas mentes do fato de que o sangue de Phelan não estava
funcionando em Charon.
Ele suspirou e tentou manter a calma. Charon não podia morrer.
Mais nenhum dos Guerreiros poderiam ser perdidos, não importa o que
Arran pensasse dele. ― Aye, mas não é fácil responder. Nós não temos
ideia do que existe sobre o sangue drough que nos afete, nem por que
o sangue de outro Guerreiro ajuda a contra-atacar.
― Verdade. ― disse Ian. ― E o tipo de sangue não importa quan-
do se trata de nós. ― Phelan deu de ombros, sem tirar os olhos de
Charon.
Phelan encolheu os ombros, nunca tirando os olhos de Charon. ―
Nós somos guerreiros. Não há muito que refere-se a nós como existe
com os mortais.
Eles caíram em silêncio enquanto as milhas passavam. A noite ti-
nha finalmente caído, mas não duraria por muito tempo. A essa hora da
noite, as estradas estavam quase desertas, o que permitiu que, Arran e
os outros, viajassem tão rápido quanto queriam.
Várias vezes Phelan telefonou para Lucan e Quinn para ver se Fal-
lon tinha acordado. O fato de Fallon não ter começado a voltar a si pre-
ocupou a todos. Primeiro Duncan, e depois Larena. Arran ainda estava
envolvendo a cabeça em torno da morte de Larena. Perder Charon e,
possivelmente, Fallon também fez Arran querer rasgar Wallace ao meio.

384
Eles estavam a cerca de uma hora do castelo quando Broc telefo-
nou para dizer que ele tinha chegado ao castelo e ia trazer Sonya para
encontrá-los.
Arran estava determinando melhor lugar para parar, quando o tele-
fone de Ian tocou e ele fez um gesto para que Arran parasse.
― Fallon está acordado. ― disse Ian.
Arran parou o carro no acostamento quando ele parou. ―Fique aí.
― disse ele a Broc antes de desligar seu telefone.
Um segundo depois, Phelan abriu a porta do passageiro enquanto
Fallon se aproximava. Fallon não disse uma palavra a nenhum deles
quando colocou Charon sobre seu ombro e foi embora num piscar de
olhos.
Arran saiu do carro e caminhou para o capô onde ele colocou as
mãos no metal e pendurou a cabeça. Com Charon agora sendo cuidada
pelas Druidesas, havia uma chance de sua sobrevivência.
― Precisamos voltar ao castelo. ― disse Phelan.
Arran levantou a cabeça para olhar para ele do outro lado do carro
enquanto os outros se aproximavam. ― Tenho outro lugar para estar.
― Aye, você tem. ― Fallon disse por trás dele. Arran girou para
encontrar Fallon e Broc. ― O que você quer dizer?
― Ronnie me disse que ela concordou em ajudar Jason porque ele
tinha Andy.
Arran bateu a mão contra o capô do carro. ― Eu sabia que Jason
usou algo contra ela.
― Não havia ninguém na masmorra. ― Camdyn disse enquanto
caminhava. Ninguém além da drough esperando por nós.
Ian e Galen trocaram olhares antes que Ian dissesse, ― Nós não
conseguimos olhar em cada quarto, mas eu não vi ninguém além das
droughs.
― O mesmo aqui. ― disse Lucan.

385
Arran virou-se para Broc. ― Você consegue encontrar Andy para
mim?
Broc fechou os olhos, e alguns momentos depois os abriu. ― Andy
está em Glasgow. Ele está a salvo e está tentando encontrar Ronnie.
― Por que Ronnie pensou que era Andy? ― Arran perguntou, mais
para si mesmo do que para qualquer outra pessoa.
Quinn inclinou o quadril contra o carro. ― Nós subestimamos Wal-
lace. Nós pensamos que ele seria como Declan e Deirdre. Ele provou
que ele não é. O que significa que não temos ideia de que tipo de ma-
gia ele tem, ou do que essa magia é capaz.
― Se ele pode fazer alguém acreditar que eles estão olhando para
outra pessoa, estamos fodidos. ― disse Hayden.
Logan assentiu. ― Nós nunca saberemos o que é real e o não que
é.
― Malcolm foi ferido também. ― Fallon disse no silêncio. ― Sonya
ainda estava curando-o quando deixei o Charon. Ela disse que há algo
diferente neste sangue drough que está sendo usado agora.
Phelan cruzou os braços sobre o peito. ― Eu já tinha imaginado
isso.
― Se Jason não tiver Andy, pelo menos não teremos que nos pre-
ocupar. ― disse Ramsey.
Lucan disse ― E Ronnie está livre de Jason. Como ela está indo
com os outros no castelo, Fallon?
― Ela não está no castelo.
Arran ficou imóvel enquanto Fallon olhava para ele. ― O que você
quer dizer com ela não está no castelo. ― Fallon era seu líder, o homem
em quem ele confiava, mas quando se tratava de Ronnie, nada disso
importava.
― Eu tinha que saber que ela não estava trabalhando com Jason.
Até saber, eu não iria levá-la ao castelo para possivelmente machucar
qualquer uma das Druidesas.

386
Arran moveu-se para ficar nariz a nariz com Fallon. Ele sentiu os
outros tensos, prontos a separá-los.
― Onde. Ela. Está? ― Arran exigiu.
Falon não recuou. Seu olhar verde escuro manteve-se firme, ne-
nhuma emoção mostrando. ― Em seu sítio de escavação. Agora pode-
mos ir?
Arran fixou os olhos de Broc. ― Não, mas há algo mais que tenho
que fazer.
― De que você precisa? ― perguntou Broc.
Arran apertou um punho e disse. ― Preciso que você encontre
Pete Thornton.

387
CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS

Arran de alguma forma não se surpreendeu quando Broc localizou


Pete em Edimburgo. Fallon puxou-os para um beco isolado que eles
costumavam usar quando vinham para a cidade.
― Onde ele está? ― perguntou Arran a Broc.
A cabeça de Broc virou-se para a direita. ― Ele está em um arma-
zém não longe daqui.
Arran parou os outros quando começaram a segui-lo. ― Pete é
meu.
― Entendido. ― disse Phelan. Então ele sorriu, mas estava cheio
de crueldade e malícia. ― Mas se ele tentar escapar, é um alvo fácil.
Arran sacudiu a cabeça. ― Ele é um alvo fácil para ser preso. Mas
eu lido com ele.
Ele não disse mais nada quando começou a correr na direção que
Broc tinha indicado. Broc manteve-se um pouco a frente para liderar o
caminho. Poucos quarteirões depois, Broc apontou para o armazém, e o
grupo se dividiu em direções diferentes.
Arran e Broc continuaram direto para o armazém. Assim que che-
garam, Arran parou perto da entrada.
― Ele está sozinho. ― disse Broc antes que Arran pudesse per-
guntar quem mais estava no prédio.
Arran olhou para a porta. ― Qual andar?
― Térreo.
O deus de Arran queria ser libertado, e foi apenas por um fino fio
de contenção que Arran o reteve. Agarrou a maçaneta da porta e, com
uma torção, quebrou-a. Ele então empurrou seu ombro para a porta
para quebrar além da dobradiça morto.
― Essa é uma maneira de fazer isso. ― disse Broc atrás dele.

388
Ele provavelmente deveria ter ficado mais quieto em sua entrada,
mas Arran não queria perder o controle de Memphaea. Não quando ele
precisava confrontar Pete com a cabeça clara.
***
Ronnie tinha que entrar em contato com Arran de alguma forma
para que pudesse dizer que tinha que encontrar Andy. Certamente Ar-
ran a ajudaria nisso.
Ela passou quase duas horas vasculhando os escombros do sítio, à
procura de um telefone celular. Não foi até que ela fosse até os veículos
que ela teve sorte.
Invadir um carro parecia muito mais fácil na televisão do que real-
mente era. Ela finalmente encontrou uma pedra grande e esmagou-a
na janela para chegar ao telefone.
Ela estava socando os números de Arran quando fez uma pausa.
Algo lhe disse para tentar ligar para Andy. Ela discou o telefone e lam-
beu os lábios enquanto tocava.
Estava em seu sexto toque, e ela estava prestes a desligar quando
ouviu, ― Alô.
― Andy? ― Ela perguntou sem fôlego.
― Ronnie. Meu Deus. É realmente você? Você está bem?
Ronnie caiu contra o carro e deslizou para o chão. ― Você está
com Jason?
― Jason? Jason quem? Deixa pra lá. Estou em Glasgow em um
bar, me perguntando por que diabos Arran não atende o telefone dele.
Ela fechou os olhos e suspirou aliviada. ― Jason me disse que ti-
nha você. Eu vi você, Andy. Eu vi você espancado com todo o sangue
sobre seu rosto.
― Eu tenho alguns arranhões de fugir. E eu acho que poderia ter
quebrado minha mão enquanto estava ajudando essa garota realmente
linda fugir.

389
Ronnie riu e encostou a cabeça no carro. Só Andy pensaria em
mulheres em um momento como este. ― Espero que esta garota, pelo
menos, deu um beijo para uma exibição tão valente. ―
― Oh, ela deu. E muito mais.
― Eu não preciso saber mais. ― disse ela rapidamente, mas não
conseguiu conter seu riso. Quando seu sorriso desapareceu, a raiva
brotou dentro dela. Jason a tinha enganado.
Ela havia dado sua palavra e traído Arran por causa da magia. Foi
então que Ronnie soube que tinha que aprender tudo o que havia para
saber de magia rapidamente.
- Andy, preciso que fique em Glasgow. Vou entrar em contato com
você assim que puder. Tenho um monte de coisas que preciso te pôr a
par. Alguns não vai acreditar.
― Arran está com você?
― Não.
Andy suspirou. ― Ele me disse que o manteria a salvo. Ele fez
isso?
― Sem dúvida ― ela sussurrou.
***
Arran entrou no armazém para ver fileiras e fileiras de estantes lar-
gas empilhadas acima deles. Houve um som suave, e Arran viu o movi-
mento no topo.
Camdyn se agachou atrás de uma grande caixa de madeira e
olhou para ele e Broc.
― À direita. ― sussurrou Broc.
Arran correu silenciosamente para a direita. Ele tinha chegado a
meio do enorme armazém quando sua audição melhorada captou um
som. Arran alargou os passos enquanto avançava com rapidez e rodea-
va uma fileira de prateleiras para ver Pete entre as caixas empilhadas
ao acaso no chão.

390
A fúria rasgou Arran. Ele diminuiu a marcha, seus passos tão silen-
ciosos como os de um fantasma. Quando se aproximou, viu Pete com
uma caixa aberta e estava tirando pelo material de embalagem usado
para encher a caixa.
Arran ainda esperava que estivesse errado com Pete, mesmo
quando sabia que não estava. Mas quando Pete levantou uma vasilha
medieval rachada para a luz atrás dele, as suspeitas de Arran foram
confirmadas.
Ele ficou meio na sombra, meio na luz, e simplesmente observou
Pete verificar o conteúdo da caixa. Arran estava feliz por Ronnie não es-
tar lá para ver isso. Ela estaria devastada.
Não foi até que Pete começou a reembalar a caixa que Arran dis-
se. ― Indo a algum lugar?
A cabeça de Pete se ergueu, seus olhos procurando a escuridão na
direção em que Arran estava. ― Quem está aí?
― O que me espanta é que você realmente pensou que poderia
fugir com isso.
― Quem está aí? ― Pete gritou de novo.
Arran animou-se interiormente quando notou o suor molhando a
testa de Pete e o modo como seu nervosismo aumentava. Arran se
manteve em silêncio.
― Droga! Mostre-se! ― gritou Pete, e deu um passo para trás da
caixa para uma mesa atrás dele.
Arran moveu-se lentamente para a luz.
Os olhos de Pete se alargaram. ― Você. O que você está fazendo
aqui? Como você me encontrou?
― Eu tenho certos ... amigos. ― Arran disse. ― Eu vim para recu-
perar o que é de Ronnie.
― Ela nunca vai sentir falta dessas coisas. Eu tenho levado coisas
pequenas dela desde o começo. Se aquele tolo do Max não tivesse fica-
do ganancioso, Ronnie nunca teria sabido.

391
― Ela sempre soube. ― declarou Arran calmamente. ―Sempre.
Isso deu a Pete uma pausa, mas então sua apreensão dobrou. ―
Ronnie mandou você? ―
― Isso importa? Torne as coisas fáceis para você mesmo e devolva
os itens. Não me faça tomá-los de você, porque você vai se arrepender.
O braço de Pete girou ao redor, e Arran se viu olhando para o cano
de uma pistola. ― Eu não penso assim. ― Pete disse. ―Eu preciso des-
se dinheiro. Então eu peguei algumas coisas. Grande negócio. Ronnie
obtém a glória e se move para outra escavação.
― Então, o ciúme provocou isso?
― Não no início. Mas quando meu financiamento secou e fiquei
vendo o dinheiro indo para ela, o que eu deveria fazer? A arqueologia é
a minha vida.
A onda de raiva que Arran tinha estado segurando rompeu. ― E
você era como um pai para ela! ― Ele deu um passo em direção a Pete.
― Como você pode? Como você a olhou nos olhos?
― Um homem tem que fazer o que tem que fazer. ― disse Pete, a
arma nunca oscilando.
Arran empurrou o queixo para a arma. ― Continue. Atire. Eu ga-
ranto que você não vai sair daqui vivo.
― Você não está sozinho? ― Pete perguntou, franzindo a sobran-
celha.
Arran simplesmente sorriu. ― Oh, Pete. Há muito sobre mim que
você não sabe, mas está prestes a descobrir.
Ao redor dele, Arran podia ouvir os outros tomando posição. Eles
não se mostrariam a menos que Arran lhes pedisse. Arran deu outro
passo, rapidamente fechando a distância entre ele e Pete.
― Fique para trás. ― advertiu Pete. –
Ele zombou da arma. ― Não há muito neste mundo que eu tema,
e sua arma não é certamente uma delas. Abaixe isso e vá embora.

392
― Você me permitiria ir embora.
― Aye. Dê-me os itens que roubou e fique longe de Ronnie. Fique
longe de qualquer sítio arqueológico, e você nunca mais me verá.
Pete franziu o cenho. ― Você não está aqui para me prender?
― Eu posso se isso faria você se sentir melhor. Tome a sua deci-
são, mas rapidamente, porque a minha paciência está se esgotando.
― Quem é você? ― perguntou Pete.
Arran olhou para o chão. ― Não tenho importância. Infelizmente,
você magoa alguém que me preocupa, e eu não posso deixar você fugir
com isso.
Pete pareceu considerar suas palavras. Olhou para a caixa e de-
pois para Arran. ― Tenho dívidas. Tenho de vendê-los por dinheiro ou
estou morto.
Arran permitiu que seu deus penetrasse o suficiente para mudar
os olhos para completar o branco. ― Se você não fizer o que eu digo,
eu mesmo o matarei.
― Santa mãe de Deus. ― disse Pete, tropeçando para trás, seus
olhos se arregalaram de horror. ― O que você é?
― Seu pior pesadelo. Saia agora, Pete. É a última vez que te dou
esta oferta.
Pete começou a baixar a arma, mas, assim que Arran pensou que
ele iria se afastar, Pete levantou o braço e disparou a arma.
Arran inclinou-se para o lado e facilmente se esquivou da bala.
Ele virou a cabeça para Pete e grunhiu, o barulho soando dentro
dele e ecoando ao redor do armazém. Ele ainda estava cheio de raiva
da batalha na mansão de Wallace. Sabendo que Ronnie tinha sido en-
ganada apenas aumentando sua raiva por graus.
Houve um rangido suave quando alguém saltou do topo das prate-
leiras para o chão. A próxima coisa que Arran soube, Ian e Quinn esta-
vam de cada lado dele.

393
Pete deu um grito alarmado e deixou cair sua arma quando se vi-
rou e correu. Ele era lento e desajeitado por causa de seu tamanho e
idade, mas o fato de que estava saindo era bom o suficiente para Ar-
ran.
Arran viu uma sombra se mover enquanto seguia Pete. E ele sabia
que Lucan estava se certificando de que Pete não voltasse.
― E agora? ― perguntou Ian. Arran caminhou até a caixa e pôs as
mãos no lado. ― Agora, eu devolvo isso para Ronnie. E todos vocês vão
para casa.
― Você vai contar para Ronnie quem pegou os itens? ― Camdyn
perguntou.
Arran virou a cabeça para olhar para Fallon. ― Leve-os para casa,
e verifique Malcolm e Charon.
― Espere! ― Ian disse, mas Fallon já tinha posto sua mão sobre
ele.
Arran soltou um suspiro quando ficou sozinho. Ele baixou o queixo
para o peito e apertou os olhos. A primeira parte estava feita. Agora
tudo o que ele precisava fazer era levar os artefatos de volta para Ron-
nie sem ela vê-lo.
Ela tinha deixado claro seus desejos sobre ele, e embora uma par-
te dele queria lutar com ela e fazê-la ouvi-lo, ele sabia que só iria tornar
as coisas piores.
Ao se certificar de que Pete permanecesse longe, ele já estava ti-
rando a figura de seu pai. Pelo menos, tinha Andy. Arran lembrou-se do
modo como o corpo de Ronnie reagiu ao seu toque, como sua paixão
havia entrado em erupção quando eles se gozaram juntos. Depois de
tê-la, como ele conseguiria atravessar a eternidade sem ela?
― Você parece como eu me sinto. ― Arran levantou a cabeça para
encontrar Fallon em pé na frente dele no outro lado da caixa. ― O que
você está fazendo aqui?
― Não posso ficar no castelo. Há muitas lembranças de Larena. As
mulheres continuam tentando fazer com que eu fique, e eu sei que é
porque Larena tem que ser enterrada e elas querem que eu sofra.

394
― O que você vai fazer? ― Fallon deu de ombros. ― Não consigo
mais pensar no futuro. Vou passar hoje, e depois pensar no amanhã
quando chegar.
― Os homens precisam de você.
― Não. ― Fallon disse com um balançar a cabeça. ― Nenhum de
vocês precisa de mim para liderar.
Arran queria discutir com ele, mas compreendia exatamente como
Fallon se sentia.
― Você vai falar com ela? ― Fallon perguntou. Sacudiu a cabeça e
empurrou a caixa. ― É melhor se eu não falar. ―
― Eu acho que você está errado aí. Acho que deveria falar com
Ronnie, contar-lhe o que aconteceu. Faça-a ver que foi Pete quem rou-
bou, não você.
― Não. Eu não vou machucá-la dessa maneira.
― Então você vai permitir que ela pense o pior de você? Isso não
soa como o Arran que eu conhecia.
Arran sorriu ironicamente. ― Isso é porque eu não sou mais aque-
le homem. ―
― Você se importa profundamente com ela.
Não era uma pergunta. ― Profundamente.
― Você a ama?
Arran olhou para longe de Fallon enquanto encarava uma pergunta
que ele não tinha sido capaz de perguntar a si mesmo. Mas estava lá
fora, e agora ele tinha que enfrentar isso. No entanto, de repente, não
o assustou como ele esperava. ― Aye. Mais do que qualquer coisa.
― Você está permitindo que seu orgulho o mantenha afastado, en-
tão?
― Ela pediu que eu nunca fale com ela novamente. Eu estou con-
cedendo seu desejo.
― E tornando-se miserável no processo.

395
Arran deslizou seu olhar para encontrar Fallon. ― Você não viu seu
rosto. Você não viu a angústia em seus olhos, ou ouviu isso em sua
voz. Ela está ferida profundamente, Fallon, e não há nada que eu possa
dizer que irá alcançá-la. Mesmo que eu diga a ela que foi Pete quem
roubou, ela não vai acreditar em mim.
― Aye. ― Fallon inalou profundamente. ― Entendo seu ponto de
vista. Talvez você devesse ter trazido ela aqui para ver que era Pete.
― Isso a teria matado. Eu não faria isso com ela. Eu estou na po-
sição de salvá-la desta dor, e é o que eu fiarei. Eu não quero dizer nada
para ela. Deixe que ela me despreze, não o homem que ela pensa ser
como um pai.
Fallon andou em torno da caixa e bateu Arran no ombro. ― Você é
um bom homem. Mas acho que você está errado ao pensar que não
significa nada para ela. Você se esquece, meu amigo, eu também a ob-
servei na casa de Wallace. Ela só tinha olhos para você. Havia preocu-
pação, e orgulho, ao ver você brigar.
Arran não tinha palavras para responder. Ele não queria ser um
bom homem. Ele queria Ronnie, mas para tê-la, ele tinha que destruir
seu mundo. Que tipo de homem faria isso com a mulher que amava?
― Deixe-me levá-la até ela. ― disse Fallon.
Arran abriu a boca para responder, e no instante seguinte Fallon os
tirou do armazém para a tenda de Ronnie no sítio da escavação.
― Merda. ― murmurou Arran enquanto se afastava de Fallon. Ele
podia sentir a magia de Ronnie.
Isso o cercava como um cobertor, suave, reconfortante. Poderosa.
Sedutora e erótica. Seu pau inchou com necessidade e suas mãos aper-
taram, desejando que fosse ela.
Ele queria ir até ela, puxá-la em seus braços e beijá-la por horas.
Ele queria deitá-la e fazer amor com ela de mil maneiras diferentes.
Queria contar-lhe o seu amor, a forma como ele a desejava em sua
vida.

396
Ele queria tantas coisas, mas o tempo para eles tinha vindo e ido.
Depois de todos os muitos anos de sua vida, finalmente encontrou a
mulher para ele. E ele a perdeu.
― Leve-me para casa. ― ele implorou.
Fallon não disse uma palavra quando tocou seu braço e eles se te-
letransportaram para longe. Apenas segundos antes de Ronnie entrar
em sua barraca.
***
Ronnie correu para sua tenda porque ela tinha ouvido a voz de Ar-
ran. Seu estômago revirou quando encontrou sua barraca vazia, salvo a
caixa grande.
― Oh, Arran. ― ela sussurrou enquanto tirava um artefato.
Ele não tinha ficado porque ela tinha dito que nunca queria vê-lo
novamente. Mas ela queria vê-lo. Ela queria vê-lo, falar com ele.
Para abraçá-lo.
Deus, como ela sentia falta de seu toque. Pensou que poderia
atravessar a vida sem precisar de alguém, mas isso tinha sido provado
errado tão sem esforço.
Seus artefatos foram devolvidos, mas ela preferia ter seu Guerreiro
ao lado dela. Se ela tivesse chegado à tenda mais cedo. Se ao menos
ela nunca tivesse dito aquelas palavras cruéis para ele. Ela piscou
apressadamente para manter as lágrimas à distância.
Ronnie afastou a palha e viu algo entre o material de embalagem.
Ela estendeu a mão e puxou um telefone celular. Seu coração batia de
pavor ao reconhecer o velho telefone que tinha visto inúmeras vezes.
Ela abriu o telefone e viu o nome de Pete gravado cruelmente aci-
ma dos números. Seu mundo começou a girar quando a concretização
caiu sobre ela.
Não foi Arran quem a tinha roubado. Foi Pete. Arran sabia, mas ele
não tinha dito a ela. Não que tivesse lhe dado a chance, ou acreditou
quando ele jurou que não tinha roubado nada.

397
Ronnie jogou longe o telefone e agarrou as chaves da Range Ro-
ver Arran tinha dirigido. Ela correu para o SUV.
Ela podia não saber como encontrar o Castelo MacLeod, mas ela
sabia por onde começar a procurar as terras dos MacLeod.

398
CAPÍTULO QUARENTA E QUATRO

Arran estava no grande salão do castelo MacLeod e observou bre-


vemente as Druidesas ainda abraçando seus maridos depois de seu re-
torno.
Ele nunca se sentira mais fora do lugar do que naquele momento,
porque tudo o que ele podia pensar era o quão correto teria sido Ron-
nie estar entre as Druidesas.
Como seria direito caminhar para os braços dela após a batalha e
simplesmente envolvê-la.
O conhecimento de que isso nunca aconteceria foi o que o fez ir
para a porta. Até que todos vissem Fallon.
Foram todas as mulheres falando ao mesmo tempo que fizeram
Arran se virar e descobrir o que estava acontecendo. Fallon foi cercado
logo, mas mesmo com a audição aumentada, era difícil para Arran dis-
cernir o que as mulheres estavam tentando dizer.
Fallon fechou os olhos como se lhe doesse demais estar no caste-
lo. Arran compreendeu o desconforto de seu amigo. Ele poderia não ter
tido Ronnie por mais de quatrocentos anos, mas o pouco tempo que
estiveram juntos deixou uma marca que iria alterá-lo para sempre.
Arran estava se virando para sair quando algo se moveu na escada
pelo canto do olho. Ele se virou e viu Larena. Ela olhava para Fallon,
seus olhos azuis cheios de lágrimas.
Como um, as Druidesas ficaram quietos. Só então Fallon abriu os
olhos. E ele viu Larena. Ele lentamente empurrou seu caminho para
fora dos Druidesas enquanto Larena descia as escadas.
Durante vários minutos eles simplesmente olharam um para o ou-
tro, e então Fallon puxou-a contra ele, suas palavras abafadas quando
ele enterrou a cabeça em seus cabelos loiros.
Arran ficou feliz por seu amigo, mas isso fez seu coração doer ain-
da mais. Deixou o salão em silêncio e fechou a porta atrás dele. O sol

399
tinha mais uma vez reclamado o céu embora fosse apenas quatro da
manhã.
Ele desceu as escadas e atravessou a rua até o portão. Os portões
do Castelo MacLeod permaneciam abertos agora, mas houve um tempo
em que Arran e os outros os mandaram aparafusar e eles patrulharam
as ameias à espera de um ataque de Deirdre.
Embora não sentisse saudade dos ataques, sentia saudade quão
era simples a vida. Tinha sido fácil esconder quem eram. Também foi
fácil manter as pessoas longe do castelo.
Arran soltou um longo suspiro e caminhou para fora do portão
onde ele parou por um momento tentando decidir aonde iria. Para os
chalés que uma vez foram uma pequena aldeia próxima do castelo? Ou
para os penhascos?
Foi o chamado da água, o cheiro do mar que puxou para Arran.
Ele virou à direita e fez o seu caminho para os penhascos.
Ele tinha vindo aqui muitas vezes através de sua vida no castelo. A
primeira vez que ele vira o castelo sentado à beira dos penhascos, tinha
ficado admirado com a magnificência, a beleza, que o tinha prendido
antes mesmo de sentir o toque de magia.
As pedras tinham resistido ao vento e chuva, mas o castelo foi
construído para durar, e o castelo MacLeod mostrou ser o melhor de to-
dos. Tinha sobrevivido a muitas batalhas, e até mesmo sido queimado
por Deirdre. Tinha visto um número incontável de mortes, mas em vez
de ser um lugar para se ficar longe, oferecia esperança a quem o bus-
cava.
Ele ficou na beira do penhasco e olhou para a praia abaixo. Gran-
des rochas se erguiam da água como gigantes que alcançavam o sol.
Essas mesmas rochas haviam sido usadas por cada um deles para lan-
çar redes na água para pescar.
Durante o verão quase não havia um dia em que não estivessem
na praia, sentados ao sol ou nadando. Arran espiou por cima, do lado,
para olhar as seções ocultas dos penhascos. Vários deles eram caver-
nas, e uma tinha sido usada para esconder as Druidesas durante um
ataque de Deirdre.

400
Arran inalou, o sal espesso no ar. O mar estava em constante mo-
vimento, as ondas brancas até onde os olhos podiam ver.
Era fácil para ele permitir que seus pensamentos vagassem en-
quanto olhava para o fluxo e refluxo das marés. Eles fizeram fácil para
Arran parar de pensar no que fazer e ceder às memórias de séculos an-
teriores e dias passados.
O aperto de uma bota na grama quebrou seus pensamentos. Ele
virou a cabeça ligeiramente para encontrar Fallon andando em sua dire-
ção.
Era bom vê-lo feliz novamente. Arran se perguntou se iria encon-
trar a felicidade novamente. Como poderia ficar longe de Ronnie quan-
do ele a queria, de modo que seu peito doesse.
― Eu me preocupei que você tivesse partido, como Malcolm fez
naquele dia fatídico há muito tempo. ― disse Fallon.
Arran inclinou-se e pegou uma pequena pedra no pé. O dia em
que Fallon se referia era o dia em que Deirdre capturara Malcolm e sol-
tara seu deus. Malcolm havia deixado o castelo durante um ataque, e
ninguém soube disso até que fosse tarde demais.
― Eu diria adeus se eu estava partindo.
Fallon estendeu a mão para a pedra. ― Então você não vai embo-
ra?
― Eu não sei o que vou fazer. Só consigo pensar nela. Tudo que
eu quero é ela.
― Então vá buscá-la.
Arran desejou que fosse assim tão fácil. Entregou a pedra a Fallon
e cruzou os braços sobre o peito. ― Estou feliz por ver que Larena está
bem. O que aconteceu?
― Sonya não tem certeza. Talvez demore mais para que a magia
funcione contra este novo sangue drough que está sendo usado
― Isso não é um bom sinal. Como estão Malcolm e Charon?

401
Fallon jogou a pedra no ar e a pegou facilmente. ― Eles estão se
recuperando. Lentamente. Larena está com Malcolm desde que o trou-
xe. E foi uma boa tentativa de mudar de assunto.
― Foi uma tentativa. ― disse Arran com um suspiro. Ele não que-
ria falar sobre Ronnie, porque isso só o fazia sentir sua falta ainda mais.
Se isso fosse possível.
― Você não me conhecia antes de Larena, mas eu não era um ho-
mem que você gostaria de estar por perto.
Arran olhou para ele. ― Quinn me contou como você começou a
beber por causa do que Deirdre tinha feito.
― Não foi apenas a morte do nosso clã. Era o fato de eu me consi-
derar um monstro. Não foi até Larena que comecei a imaginar que po-
deríamos usar o que eu pensava ser uma maldição para ajudar a salvar
pessoas.
― Somos monstros. ― disse Arran suavemente. ― Nós esconde-
mos o castelo do mundo para que eles não nos encontrem. Você sabe o
que fariam conosco se eles soubessem o que somos?
― Eu não quero nem pensar nisso. Meu ponto, Arran, é que Lare-
na me fez um homem melhor. Ela me fez querer ser a pessoa que eu
sempre pensei que seria. Eu tive que lutar por ela, e houve momentos
em que me perguntava se deveria. Mas então, pensava na vida sem ela
e sabia que faria o que fosse necessário para tê-la como minha.
Arran virou a cabeça para ele. ― Mesmo se ela tivesse dito que
nunca queria te ver novamente.
― Mesmo assim. Eu sabia desde o primeiro momento que a toquei
que ela era a outra metade da minha alma. Eu teria caminhado para o
inferno e voltado, se isso significasse que eu poderia ter Larena.
Talvez Fallon estivesse certo. Talvez Arran precisasse lutar por
Ronnie. Ele não precisava dizer a ela que era Pete quem a tinha rouba-
do. Fallon levantou a mão e deixou a pedra voar sobre a água e viajar
muito para o horizonte antes que saltasse quatro vezes e afundasse sob
as ondas.

402
― Eu vejo pelo seu olhar que você está realmente pensando em
como recuperá-la.
― Eu não quero viver sem ela. Nem mesmo por um segundo. ― E
uma vez que as palavras foram ditas em voz alta, Arran compreendeu
até que ponto ele iria para trazê-la de volta.
― Você precisa que eu salte para você? ― Fallon ofereceu.
Arran se virou e começou a andar. ― Não. ― ele disse por cima do
ombro.
Ele usaria o tempo que levaria para chegar a Ronnie para imaginar
tudo o que ele queria dizer a ela.
***
Ronnie saiu da estrada e parou o SUV no acostamento enquanto e
olhava para as árvores. Ela estava oficialmente nas terras dos MacLeod,
e tinha estado por alguns quilômetros. Mas ela não tinha ideia para
onde ir. Ela não perguntara nada sobre o castelo ou sobre o lugar onde
ele estava localizado.
Certamente estava escondido por um escudo de magia, mas a ter-
ra dos MacLeods era enorme, com a única estrada passando por ela.
Será que ela seguia para o mar, ou seguia para o outro caminho?
Ronnie colocou o Range Rover em driver 2 e fez seu caminho ao
longo das árvores. Arran tinha dirigido para seu sítio, o que significava
que tinha que haver algum tipo de trilha ou estrada oculta. Se ela pu-
desse encontrar isso.
Ela olhou para ambos os lados da estrada e felizmente para ela,
havia poucas pessoas na estrada a esta hora da noite.
― Manhã. ― ela se corrigiu.
Era muito cedo de manhã, e exaustão estava começando a cair so-
bre ela. Precisava descansar, mas não queria parar de procurar. Não até
que ela foi forçada a isso.
Ronnie teve que parar e puxar completamente o SUV fora da es-
trada quando um carro veio para ela. Ela olhou no espelho retrovisor
2
Veículo automático (D) Driver

403
para certificar-se de que o carro passou com segurança, e foi quando
ela viu os sulcos inconfundíveis de um veículo.
Ela jogou o SUV em sentido contrário e voltou. Seu coração estava
trovejando em seu peito quando ela se afastou da estrada.
― Por favor, deixe que isso seja o certo. Por favor, deixe este ser o
lugar.
Ela continuou cantando isso mais e mais enquanto lentamente diri-
gia o veículo através das árvores densas, seguindo o caminho óbvio que
era usado como uma estrada. De repente, as árvores acabaram para
uma abertura que se estendia infinitamente diante dela.
A grama verde brilhante, em seguida, deu lugar às águas profun-
das do oceano que encontrava o céu no horizonte. ― Uau! ― ela sus-
surrou.
Ronnie continuou tendo a sensação perturbadora de que precisava
virar e sair, mas foi essa sensação que a manteve com o pé no acelera-
dor. A sensação cresceu intensamente até que ela atravessou o que pa-
recia ser uma parede invisível. E então ela viu o castelo.
― Oh, merda.
Ela parou o Range Rover e o desligou antes que, hesitantemente
saísse. O castelo se erguia como um gigante de pedra dos penhascos,
grande, bonito e imponente. Sete torres como grandes faróis se ergui-
am contra o céu, enquanto as pedras cinzentas pareciam dar boas-vin-
das à ela.
Ronnie olhou em volta para ver alguns chalés. Esses mesmos cha-
lés escondiam alguma visão do castelo. Ela olhou para o caminho que
levava ao redor dos chalés, mas decidiu prosseguir pela estreita estrada
através do que parecia ser uma aldeia.
Os chalés estavam desprovidos de pessoas que Ronnie podia ver,
mas ela avistou móveis através de persianas abertas.
Uma vez que ela passou através da aldeia, ela tinha uma boa visão
do castelo. E isso lhe tirou o fôlego. Parecia um castelo clássico, apenas
sem um fosso ou uma ponte levadiça.

404
Um portão enorme permanecia vigiado e ligava as ameias que cor-
ria ao redor do castelo. Ela podia imaginar a visão que as torres ofereci-
am.
Era onde Arran e os outros moravam. Agora compreendia por que
significava tanto para ele. Não era só porque o castelo era impressio-
nante no cenário do verde da relva e os diferentes azuis do mar e do
céu contra as pedras cinzentas.
O castelo projetou magia mesmo que ela podia sentir.
Ronnie enfiou as mãos nos bolsos de trás e tentou imaginar o que
a vida teria sido para Arran antes que ele tivesse sido jogado no futuro.
Agora que ela estava aqui, se perguntou se ele iria mesmo querer
vê-la. Fallon não tinha acreditado no início, e ela não tinha certeza se
ele acreditava agora. Ele não tinha voltado até ela. Talvez isso fosse
porque ainda estavam procurando por Andy.
Ronnie deixou uma mensagem no telefone de Saffron sobre Andy,
mas Saffron ainda não havia retornado a ligação.
Ela virou a cabeça para o lado e congelou quando viu Arran. Ele
estava a cerca de duzentos metros dela e apenas a olhando fixamente.
Minutos marcaram como se não tivessem passado. Ronnie sabia
que tinha que dar o primeiro passo. Afinal, ela tinha sido a única a
mandá-lo embora.
Ela se aproximou dele, mas ele ainda não se moveu. Quanto mais
se aproximava, mais se perguntava se ele a cumprimentaria. Ronnie pa-
rou quando estava a dez passos de distância. ― Jason nunca teve
Andy.
― Nós sabemos.
Ela esperava mais de duas palavras como resposta. ― Juro que foi
ele. Eu nunca teria concordado em ajudar Jason se eu soubesse que ti-
nha me enganado.
― Eu sei.
Mais duas palavras. Ela estava prestes a gritar, estava tão frustra-
da. ― Você encontrou os artefatos roubados.

405
Ele deu um único assentimento.
Ronnie piscou rapidamente para conter as lágrimas. Ela realmente
tinha arruinado as coisas. O único homem com quem ela poderia ter
sido feliz, e ela poderia ter arruinado tudo. ― Eu vim... eu vim lhe di-
zer...
― Aye? ― Ele insistiu, e deu um passo em direção a ela.
― Eu vim para dizer... eu te amo. ― Ele se moveu tão rápido que
ela não o viu até que ele estivesse justo diante dela, e puxando-a para
seus braços. ― O que você disse? ― Ele sussurrou.
Ronnie olhou profundamente em seus olhos dourados. Todas as
esperanças e sonhos que ela teve de sua vida juntos, ela deixou refletir
em seus olhos. ― Eu te amo.
― Diga isso outra vez.
Desta vez ela sorriu, seu coração batendo forte. ― Eu te amo.
Ele fechou seus olhos enquanto seus braços apertavam os dela. ―
Eu só podia esperar que você sentisse isso. ― Suas pálpebras levanta-
ram e o desejo escureceu seu olhar. ― Eu estava indo para você. Eu ia
fazer você me escutar, não importa quanto tempo demorasse.
― Por quê? ― Ela perguntou excitada.
Seu sorriso foi lento, sedutor. Faminto. ― Porque eu te amo.
― Nada mais existiu depois disso. Tudo o que Ronnie sentia era o
maravilhoso e sólido corpo musculoso de Arran contra ela, seus lábios
insistentes enquanto ele a beijava.
O beijo a roubou de todos os seus medos enquanto ele deslizava
sua língua por seus lábios e em sua boca. Ele gemeu e aprofundou o
beijo. Os braços dela se enrolaram ao redor de seu pescoço enquanto
seus dedos mergulharam na maciez fria das mechas escuras dele.
Dentro do abraço de Arran ela se sentia segura e protegida. Ama-
da. Era um sentimento que ela nunca tinha tido antes, e um que ela fa-
ria qualquer coisa para manter.

406
Ela terminou o beijo, apesar de seu rosnado de frustração. Ronnie
tentou controlar a respiração enquanto ele descansou a testa contra a
dela
― Desculpe por pensar que me roubou. Eu devia ter escutado
você.
Seu corpo ficou tenso sob suas mãos por um momento, e então
ele começou a relaxar. ― Como você sabe que não fui eu?
― Eu encontrei o celular de Pete na caixa. Por que você não me
disse que foi ele?
― Você pensou nele como um pai. Eu não queria te machucar.
― Então você me permitiu pensar que era você. ― Ela deu a ele
um soco suave no peito dele que resultou em seu grunhido. ― Não faça
isso de novo.
Ele sorriu infantilmente. ― Prometo.
― Onde está Pete?
― Ele não vai roubar de você novamente. Isso eu juro. ―Ronnie
descansou sua cabeça contra seu peito. ―E agora?―
― Agora eu levo você para minha cama.
Ela riu, mas rapidamente ficou séria. ― Eu quis dizer sobre Jason.
― Eu sabia o que você queria dizer. Eu esperava evitar isso por um
pouquinho. Nós o machucamos, mas está longe de acabar. Se nossas
batalhas com Deirdre e Declan fossem uma indicação, acho que Jason
vai nos atacar com força.
Ronnie se inclinou para olhar para ele. ― Ele queria que eu encon-
trasse objetos mágicos para ele. Ele estará procurando por eles. Talvez
seja nisso que devo me concentrar. Eu quero ajudar. Eu quero ser capaz
de usar minha magia para me defender, não apenas para encontrar ar-
tefatos no chão. Quero fazer parte dessa guerra.
― Você precisa aprender a usar sua magia, mas não tenho certeza
de que quero que você faça parte da guerra.

407
― Muito ruim. Eu sou uma parte dela. Eu estarei segura com você.
Ele deslizou uma mão ao redor do pescoço dela em seu cabelo. ―
Você sabe que eu sempre vou te proteger.
―Há uma coisa, no entanto. Jason e eu fizemos um pacto através
da magia. Ele jurou que não faria mal a Andy se eu fizesse como ele
pediu. Esse pacto ainda se aplica?
Arran deu de ombros e virou-a para o castelo. ― Eu duvido, por-
que ele usou magia para fazer você pensar que Andy estava lá. Mas
isso é uma preocupação para outro dia. Este dia é nosso.
― Só hoje? ― Ela perguntou com um sorriso provocante. Quando
ele olhou para ela, o amor brilhando em seus olhos trouxe lágrimas aos
dela. ― Não. Eu quero você ao meu lado para sempre.
― Eu não acho possa morar aqui, Arran. O pensamento me agra-
da porque a magia do escudo de Isla pararia meu envelhecimento. Mas
sou arqueóloga. Eu viajo.
Ele piscou para ela antes de varrer seu braço através da terra. ―
Isto está intocado por mais de setecentos anos. Havia um clã poderoso
aqui uma vez, e uma aldeia próspera. Eu me pergunto o que você po-
deria encontrar.
A ideia de olhar sobre a terra virgem a intrigou. ― Você acha que
os MacLeods o permitiriam?
―Estou certo de que eles farão uma concessão para minha espo-
sa.
Ela empurrou seu olhar para ele, seu coração na garganta. ― Sua
esposa?
― Aye. ― ele disse suavemente. ― Você se casaria comigo, Dra.
Reid?
Ela jogou seus braços ao redor de seu pescoço. Seu coração esta-
va prestes a estourar no peito, ela estava tão feliz. ―Sim. Ah sim!

408
CAPÍTULO QUARENTA E CINCO

Jason segurou os braços de sua cadeira, a madeira rachando sob


seu aperto. Suas roupas estavam encharcadas de sangue. Seu sangue.
O plano que havia formulado com tanto cuidado em sua mente ti-
nha ido para a merda com muita facilidade. Não havia nenhuma manei-
ra que os guerreiros deveriam ter sido capazes de quebrar o controle
de suas Druidesas. Sua magia negra era poderosa.
No entanto, isso é exatamente o que os Guerreiros tinham feito.
― Ai. ― Jason gemeu enquanto Aisley limpava sua ferida.
Seus olhos estavam dilatados e seu rosto pálido. Dale tinha dito
que ela teve uma concussão, mas Jason não se importava. Se ela esti-
vesse consciente e usando sua magia, os Guerreiros não teriam se li-
bertado.
― Fique quieto. ― disse Aisley. ― Se você continuar se mexendo,
vai continuar a doer.
― Deixe-me abrir o seu queixo e garganta com cinco cortes e me
diga se não dói respirar. ― ele disse entre os dentes cerrados.
Dale entrou na casa. ― A área é segura. As Druidesas que conse-
guimos salvar estão criando feitiços para manter todos fora.
Jason ficou contente por ter descoberto o pavilhão de caça que
pertencia aos Wallace. Não tinha sido usado em décadas, mas ele tinha
visto um lugar que ele poderia se esconder, se necessário, então ele
prontamente tinha preparado o lugar.
E uma coisa boa que ele tinha feito.
― Preciso encontrar uma Druidesa que seja uma curandeira como
a que os MacLeod têm. ― disse Jason enquanto observava Aisley enfiar
a agulha que ia usar para costurá-lo.
Dale se encostou na enorme lareira de pedra. ― Isso teria salvado
duas das droughs que morreram no caminho aqui. Tenho certeza de

409
que havia outras que deixamos para trás que estavam feridas e poderi-
am ter sido salvas.
― Então elas deveriam ter nos seguido. E onde está Mindy?
― Ela estará aqui em breve, tenho certeza. ― disse Aisley.
Jason estreitou o olhar em Aisley. ― E como você conseguiu sair,
já que você estava inconsciente?
― Eu a carreguei - respondeu Dale.
Jason olhou de Aisley para Dale e de volta para Aisley. ― Há algo
acontecendo entre vocês dois?
― Não. ― disse Dale. ― Ela é sua família. Eu a agarrei porque não
acho que você queria que a família fosse deixada para trás.
Jason estudou o Guerreiro. Dale poderia estar dizendo a verdade,
ou poderia muito bem ser algo acontecendo entre sua prima e Dale. ―
Então eu ofereço minha gratidão.
Dale deu um ligeiro aceno de cabeça. ― Duas das Druidesas saí-
ram para procurar comida e remédios para ajudar a aliviar sua dor. De-
vem voltar logo.
― Minha magia abafará minha dor. ― Jason esperou até que Dale
se fosse antes de dizer: ― Você lhe deve a vida, prima.
― Eu sei. ― Aisley respondeu suavemente, e derramou álcool na
agulha antes de colá-lo sobre a chama de uma vela.
Isso irritava seus nervos que, por maior que a magia dele fosse,
ele não poderia curar as feridas feitas por um Guerreiro. ― Você se im-
porta com o Dale?
Aisley encontrou seu olhar, seus olhos escuros sem emoção. ― Ele
fez o que deveria fazer. O que há para se preocupar?
― Essa é a minha garota. ― Jason disse com um meio sorriso que
terminou em uma contração.
Ele não queria que Aisley fosse devedora de ninguém a não ser
dele. Se ela fosse, então isso mudaria tudo.

410
― Pronto? ― Ela perguntou.
Jason respirou fundo e lentamente o soltou quando ele assentiu
com a cabeça. A primeira picada da agulha em sua pele não era nada
em comparação com o deslizamento da linha através da ferida.
Quando ele encontrasse Arran e o resto dos Guerreiros, ele iria co-
locá-los através da dor ao contrário de tudo o que tinham experimenta-
do antes. Mas ele teria algo especial para Arran e Ronnie.
Ele marcaria o corpo de Ronnie como Arran o tinha marcado. E en-
tão ele faria Arran assistir como seus Guerreiros tomariam Ronnie repe-
tidas vezes. Havia maneiras de estender a dor de Arran durante anos.
E isso é exatamente o que ele ia fazer.
― Qual é o nosso próximo passo? ― Aisley perguntou.
Jason riu alto. -― Oh, minha querida, foi posta em prática dias
atrás. Eles nunca vão ver isso acontecer.

411
CAPÍTULO QUARENTA E SEIS

Arran inclinou-se contra o Range Rover enquanto observava Ron-


nie ficar no meio do sítio de escavação. Isso Levou-o e às outras algu-
mas horas para limpar as coisas, graças à ajuda de Andy dirigindo-os.
Agora, Ronnie estava com os olhos fechados e a magia girando em
volta dela. Isso deixou seu pau duro por sentir sua magia correr sobre
sua pele como seda. Ela não tinha ideia de seu encanto ou sua beleza,
o que a tornava ainda mais linda e especial.
Eles estavam apenas a uma hora no castelo, e então só quinze mi-
nutos sozinhos. Mas eles haviam tirado o máximo daqueles quinze no
chalé que ele havia reivindicado como sua.
Não houve necessidade de uma cama. Não houve mãos lentas,
nem beijos suaves. Sua relação amorosa tinha sido necessitada. Fre-
nético.
Feroz.
Ele sorria cada vez que pensava em como a empurrou contra a pa-
rede e envolvido as pernas dela em torno de sua cintura. E então ele
afundou em seu calor úmido.
Sua necessidade tinha sido demasiada esmagadora e faminta para
ser negada. Tinha chegado a eles rapidamente, e não havia acabado
com o clímax deles.
― Você acha que Ronnie vai parar de corar de você ter que vir
para o castelo para obter mais roupas? ― Ian perguntou.
Arran esfregou o queixo enquanto pensava em Ronnie. Nenhuma
de suas roupas tinha sobrevivido as mãos dele quando ele tinha arran-
cado dela. Ronnie sentira-se mortificado por ter lhe trazido mais rou-
pas, mas perguntou a ele o quando poderiam voltar para o chalé.
― Onde ela vai procurar artefatos em seguida? ― Galen pergun-
tou.
Arran se empurrou o SUV quando sentiu uma mudança na magia
de Ronnie. ― Não perguntei.

412
― O que foi?
Arran encolheu os ombros. ― Algo está errado.
De repente, o olhar de Ronnie virou-se para ele. Ela articulou seu
nome e ele estava ao seu lado em um instante.
― O que está errado?
― Eu sinto algo. Aqui. ― ela disse, e apontou para o chão abaixo
de seus pés.
Arran acenou para Camdyn. ― Ronnie sente algo no chão. Você
pode trazer isso para nós?
Camdyn sorriu. ― Claro.
Ronnie deslizou sua mão para a de e Arran enquanto esperavam
Camdyn usar seu poder para mudar a terra, até que um pedaço de pe-
dra do tamanho da palma de Arran fosse revelado.
Ele olhou para ela enquanto Ronnie a pegava, virando-a de um
lado para o outro. A pedra parecia familiar, como se Arran tivesse visto
recentemente.
― Parece que é de um pedaço de alguma coisa.
Arran gritou para Fallon antes de virar-se para ela e Camdyn e dis-
se, ― Porque é.
Ronnie ficou nervoso quando Arran correu para Fallon e falou bai-
xinho antes de se apressar de volta para ela. ― O que é?
― Apenas espere. -― disse Arran.
― Não sou uma mulher paciente.
― Isso, moça, eu aprendi desde o início.
Eles compartilharam um olhar de conhecimento quando Fallon
apareceu de repente ao lado deles, a pedra que tinha a profecia cinze-
lada nele em suas mãos.
Ela deu um passo para trás, mas foi a mão de Arran em suas cos-
tas que a parou.

413
― Confie em mim. ― ele insistiu.
Ronnie não precisou repetir duas vezes. Ela se forçou a olhar para
a profecia que tinha mudado sua vida. ― Esta nova peça parece que se
ela pertencesse, mas não há lugar na pedra que mostra que tenha sido
quebrada.
Fallon estreitou o olhar. ― Eu concordo com Ronnie, mas há algo
sobre esta pedra.
― Aye. ― Camdyn disse calmamente.
Arran pegou os dois pedaços quebrados de Fallon e os segurou na
frente de Ronnie. ― Segure a parte quebrada uma sobre a outra. Eu
acho que de alguma forma você está envolvida com isso. Se esta profe-
cia é sobre você, então a peça que você tem pertence a ela.
Ronnie olhou para a nódoa na pequena peça em sua mão. ― Pre-
sumo, é a mesma obra, mas eu simplesmente não vejo ...
― Magia, moça. ― sussurrou Arran. ― Confie nisso.
Ronnie o tinha questionado antes e pagara um preço exorbitante.
Ela não iria questioná-lo novamente.
Ela lambeu os lábios e segurou a peça sobre a mesa de pedra.
Algo quente e elétrico chiou através do braço que segurava o pedaço
quebrado.
Seu olhar passou para o de Arran para ver que ele também sentira
a magia. Fallon deu um passo para trás enquanto Camdyn olhava mais
de perto.
― Arran ...
― Confia.
Fechou os olhos e entregou-se à magia que a estava chamando.
Algo forte e mágico surgiu da pedra em uma inundação de luz tão bri-
lhante quanto o sol e em um arco-íris de cores. Ele subiu diretamente
para as nuvens antes de dobrar de volta sobre si mesmo e bater em
Ronnie.

414
Ela respirou fundo ao som doce de canto e tambores que ouviu
como se estivesse de longe, muito longe. Tentou alcançá-los, mas não
conseguiu chegar perto o suficiente.
Tão repentinamente como tinha vindo, se foi.
Ronnie abriu os olhos para encontrar a pedra em sua mão. Ela
olhou para a tabuleta para vê-la juntando as duas partes juntas.
― Eu serei amaldiçoado. ― Camdyn murmurou.
Arran virou o pedaço agora sólido da tabuleta ao redor. ― Há mais
para a profecia agora.
― Bem? ― Ronnie insistiu.
― Diz, ― ele fez uma pausa para ler. Então seu olhar se fechou
com o dela.
― Arran! ― ela disse, outro sentimento enjoativo começando em
seu estômago. ― Eu fiz algo ruim de novo?
Camdyn pegou a tabuleta e leu. ― Nay, Ronnie. Parece que você
terminou a profecia. Diz aqui que a Druidesa, com o amor de um ho-
mem-deus, tem a força para se manter firme contra a nova escuridão.
Fallon levantou um ombro em um encolher de ombros. ― Parece,
Ronnie, que ao encontrar esta seção perdida, você realmente terminou
a profecia.
― Graças a Deus ― disse ela enquanto Arran a envolvia em seus
braços.
Ficaram assim por alguns minutos até que um pensamento se en-
raizou. Ronnie saiu de seus braços e perguntou, ― Será que isso diz
como Jason pode ser eliminado de uma vez por todas?
― Não. ― Camdyn disse. ― Isso não diz. Tenha fé, no entanto.
Matamos Deirdre e Declan. Com um sorriso, Fallon se afastou, Camdyn
em seus calcanhares, a tabuleta enfiada debaixo dos braços.
― Isso é uma carga de meus ombros. ― ela disse.

415
― Eu sabia que havia mais magia que eu sentia. Fico feliz nós vol-
tamos. Agora você pode se concentrar em se tornar minha esposa.
Ronnie esqueceu tudo sobre a tabuleta e profecia quando sua
mente se voltou para seu casamento próximo e estar nos braços do ho-
mem de seus sonhos.
― Fallon! ― Arran chamou. Ela mal teve tempo para olhar para o
sítio de escavação uma última vez antes dela estar dentro do Castelo
MacLeod.
― Arran, você recebeu um telefonema de um velho de Edimburgo.
Ele disse que você saberia sobre o que era! ― Reaghan gritou da cozi-
nha.
Arran beijou Ronnie rapidamente na testa e correu para a cozinha.
― Ele deixou alguma mensagem? ― Ele perguntou a Reaghan.
― Ele disse, ― ela disse, e afastou uma mecha de cabelo casta-
nho-avermelhado de seu rosto. ― Ele disse que os Druidas que você
precisa procurar estão na Ilha de Skye.
Galen deu-lhe um tapa nas costas. ― Você estava certo sobre o
velho. Ele vai ser um bom recurso, eu acho.
Ronnie passou por eles e começou a conversar com as mulheres
sobre o que tinha acontecido no sítio da escavação.
― Não houve nenhum avistamento que eu encontrasse dos
selmyrs, ― Gwynn disse enquanto ela veio para a cozinha do jardim de
ervas exterior.
― Isso é uma boa notícia, certo? ― Cara perguntou.
Arran trocou olhares com Hayden. ― Pode ser. ― respondeu ele
― Oh! ― disse Gwynn. ― Mas eu fiz algumas pesquisas no websi-
te que Ronnie encontrou sobre a história dos Celtas e Guerreiros. O
proprietário ocultou bem a sua informação pessoal, mas não suficiente-
mente bem. O nome dela é Evangeline Walker, e ela mora na Grã-Bre-
tanha em algum lugar.

416
As informações se fixaram na cabeça de Arran, mas antes que ele
pudesse falar mais sobre isso, as mulheres tomaram Ronnie e elas de-
sapareceram fora do castelo.
― Não tente ir atrás delas. ― Ian disse com uma risada. ― Dani
não falou nada além do casamento desde que você anunciou.
Um casamento. Seu casamento.
Arran sorriu e olhou para os homens que ele considerava seus ir-
mãos. ― Eu vou me casar!
― Não por mais dois dias. ― Lucan disse enquanto pegava os om-
bros de Arran. ― As mulheres têm suas coisas para fazer. E nós tam-
bém.
Houve gritos ao seu redor, e Arran teve tempo de olhar pela janela
da cozinha para encontrar Ronnie olhando para ele antes de Fallon pu-
lar as mulheres do castelo.

417
EPÍLOGO

Arran não conseguia parar de sorrir. Tinha sido uma semana glori-
osa. Não só as Druidesas haviam recebido Ronnie com os braços aber-
tos, como ele sabia que iriam, elas também haviam mostrado rapida-
mente a ela, como aproveitar sua magia.
Tão grande como tinha sido ter Ronnie com ele, não era nada
comparado a fazê-la sua esposa. O casamento tinha sido rapidamente
um passo juntos, e não importa quantas vezes Arran se oferecesse para
dar-lhe um casamento magnifico, Ronnie tinha insistido que ela queria
algo pequeno e privado.
Então eles haviam trocado votos na capela do castelo, com todos
do castelo e Andy. Felizmente, o ministro tinha saudado a doação à sua
paróquia em troca de ser vendado e trazido para o castelo. Ronnie nun-
ca tinha parecido tão linda como em seu vestido branco, que tinha
abraçado suas curvas. O vestido parecia ainda mais lindo, amontoado
no chão, junto à cama.
― O que você está sorrindo? ― Ronnie perguntou quando ela ro-
lou para se colocar sobre o peito dele.
― Ah, eu só estou me lembrando do quanto linda você estava em
seu vestido de casamento, mas eu preferia mais tirar ele de você.
Ela ligeiramente beliscou seu ombro. ― Justo como um homem.
Ele a pôs de costas e se inclinou sobre ela. ― Nay. Como o seu
marido.
―Bem, marido. ― ela disse suavemente, ― vamos conversar a
noite toda?
Arran se inclinou para beijar sua esposa, seu pau endurecendo ao
pensar em reivindicá-la novamente. Ronnie era dele. Agora e para sem-
pre, suas almas se uniram.
Mas sempre no fundo de sua mente estava Wallace. Eles só podi-
am se esconder muito tempo antes da próxima batalha começar.

418
― Sem pensamentos obscuros. ― ela murmurou entre seus bei-
jos.
― Não. Apenas pensamentos sobre você.
― De nós. ― corrigiu ela.
Arran reivindicou sua boca e deixou todas as preocupações e pen-
samentos escuros deixá-lo enquanto ele estava nos braços de Ronnie.
Haveria tempo suficiente para enfrentar o novo mal.
Até então, ele iria amar sua esposa mais e mais.
― Eu te amo. ― ele sussurrou quando ele empurrou dentro dela.
Seu beijo respondendo era tudo que ele precisava.
***

419

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