OAB ESTADO: PA DIÁRIO: DJPA EDIÇÃO DIÁRIO: 2255 PÁGINAS: 1205 à 1205 DATA PUBLICAÇÃO: 26/06/2017 Nº. PROCESSO: 0000975-65.2016.5.08.0017 COMARCA: CONSTA NA PUBLICAÇÃO ORGÃO: TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO - DEJT VARA: SEGUNDA TURMA
Acórdão Acórdão
Processo Nº AIAP-0000975-65.2016.5.08.0017 Relator VICENTE JOSE MALHEIROS DA FONSECA
AGRAVANTE RAIMUNDO CORDEIRO DE BRITO ADVOGADO DARIO RAMOS PEREIRA(OAB: 19024/PA) AGRAVADO SOSTENES DIAS SIQUEIRA ADVOGADO WILLIAM DIAS FERNANDES(OAB: 17841/PA) AGRAVADO ASSOCIACAO DE APOIO A ARTE E A CULTURA DO MARAJO-SAO JERONIMO ADVOGADO DARIO RAMOS PEREIRA(OAB: 19024/PA) AGRAVADO CAIO CEZAR BARROS SITONIO Intimado(s)/Citado(s): -ASSOCIACAO DE APOIO A ARTE E A CULTURA DO MARAJO -SAO JERONIMO - RAIMUNDO CORDEIRO DE BRITO PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO Identificação Ementa AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESERÇÃO. Não se conhece do Agravo de Instrumento, à falta do depósito recursal, a teor do § 7º do art. 899, da CLT, acrescentado pela Lei nº 12.275, 29 de junho de 2010. Relatório Vistos, relatados e discutidos estes autos de agravo de instrumento em recurso ordinário, oriundo da MM. 17ª Vara do Trabalho de Belém, em que são partes, como agravante, RAIMUNDO CORDEIRO DE BRITO, e, como agravados, SÓSTENES DIAS SIQUEIRA, ASSOCIAÇÃO DE APOIO A ARTE E A CULTURA DO MARAJÓ-SÃO JERONIMO e CAIO CEZAR BARROS SITONIO. O MM. Juízo de 1º Grau, na r. decisão de Id. 779ad72, negou seguimento ao agravo de petição interposto pelo executado, sob o Id. b5b3443, em virtude da execução não estar garantida. Inconformado, o executado recorre a este E. Tribunal, via agravo de instrumento, sob o Id. b58229b. Aduz em seu arrazoado recursal: Pois bem, se a intenção da lei ao criar o depósito recursal é a de garantir execução futura, o Agravado já possui sua execução garantida, tendo em vista que restam bloqueados valores da aposentadoria do Agravante, conforme se assevera do ID: "e6029f6" cujo valor de R$ 2.189,14 (Dois mil cento e oitenta e nove reais e quatorze centavos) oriundo da Conta Corrente de n°. 2.024-9 e Agência 1151-7 do Banco do Brasil segue nesse limiar. Neste passo, a execução encontra- se devidamente GARANTIDA, uma vez que verifica-se a disposição do Agravado tais valores mesmo que não na totalidade da atualização dos cálculos mensurados. O valor da ordem de execução seria o importe de R$ 4.145,25 (Quatro mil cento e quarenta e cinco reais e vinte e cinco centavos) (ID: "ff78b3") tendo sido penhorado o valor de R$ 2.189,14 (Dois mil cento e oitenta e nove reais e quatorze centavos) (este oriundo de beneficio previdenciário, conforme se reitera) restando o saldo de R$ 1.196,11 (Hum mil cento e noventa e seis reais e onze centavos) o que acometeu-se no indeferimento do seguimento dos recursos já interpostos. Sábios Julgadores, ao que pese parte da jurisprudência e da doutrina ter adotado o depósito recursal como simples garantia de futura execução, como não caracterizar o pagamento de R$ 1.196,11 (Hum mil cento e noventa e seis reais e onze centavos) como ululante IMPEDIMENTO de acesso ao duplo grau de jurisdição e de acesso à apreciação superior de injustiças ocorridas em sede de Juízo Preliminar, principalmente no que tange as verbas de natureza absolutamente impenhorável como assim perfaz a aposentadoria do Agravante. [...] Veja-se que manter a constrição dos ativos de aposentadoria do Agravante em detrimento de verbas trabalhistas do Reclamante/Agravado, apesar de ainda poder realizar a busca de outros bens das partes envolvidas será ferir o principio da dignidade da pessoa humana e ainda exigir que o Aposentado envolvido busque garantir a execução no saldo remanescente, mesmo com parte da sua aposentadoria bloqueada tornando a decisão, até mesmo desproporcional, posto que impulsiona o ferimento a outro principio constitucional, qual seja o do contraditório e ampla defesa além de por oportuno o do devido processo legal. (Id. b58229b-Pág. 7/8). Requer, pois, o provimento do presente agravo de instrumento, para que seja dado seguimento ao agravo de petição interposto. O reclamante apresentou contrarrazões, sob o Id. 82d6b15. Os presentes autos deixaram de ser remetidos ao Ministério Público do Trabalho para emissão de parecer, porque não evidenciada qualquer das hipóteses previstas no art. 103, parágrafo único, do Regimento Interno deste E. Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, com a redação conferida pela Resolução nº 03/2003. Fundamentação Admissibilidade Do conhecimento Trata-se de Reclamação Trabalhista ajuizada por Sóstenes Dias Siqueira contra Associação de Apoio a Arte e Cultura do Marajó- São Jerônimo e Caio Cezar Barros Sitônio. No termo de audiência de Id. 20e5c2e as partes acordaram nos seguintes termos: DO PAGAMENTO: Os reclamados pagarão ao(à) reclamante, a importância total de R$ 2.500,00, conforme abaixo discriminado, mediante depósito bancário no Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal PAB/TRT. 1ª parcela R$ 833,34 até 04/11/2016 2ª parcela R$ 833,33 até 05/12/2016 3ª parcela R$ 833,33 até 04/01/2017 DA MULTA: Em caso de mora, fica estipulada multa de 30%, nos termos do artigo 891 da CLT. DO INSS: Devem os reclamados, no prazo de 05 dias, após a data consignada para quitação da conciliação, comprovar, em Secretaria através de petição no sistema PJe, os recolhimentos previdenciários emergentes do presente acordo, à base de 31% sobre seu montante, no valor de R$775,00. Sob pena de penhora e bloqueio dos ativos de forma eletrônica, estando igualmente responsáveis pela quitação da dívida os sócios da empresa. O recolhimento deve ser efetuado através de GPS. Havendo recolhimento incorreto, o mesmo não será considerado, estando sujeito à execução, cabendo ao(à) reclamado(a) obter a restituição ou compensação junto ao INSS. DA EXECUÇÃO: Ficam desde já os reclamados intimados que em caso de inadimplemento do acordo, a importância apurada estará sujeita à penhora, inclusive online, estando igualmente responsáveis pela quitação da dívida os sócios da empresa, sem a necessidade de intimação, inclusive com a inscrição no BNDT e registro no SERASA, estando a Secretaria desde já autorizada a proceder a penhora e pagar ao credor, bem como reter e recolher os encargos previdenciários e fiscais. DA QUITAÇÃO: O(A) reclamante dá aos reclamados quitação da relação de trabalho, quitando todas as parcelas do contrato. A presente conciliação é feita por mera liberalidade, sem reconhecimento de relação de emprego. Este Juízo homologa o acordo, tendo força de decisão irrecorrível. Custas pelo(a) reclamante no importe de R$ 50,00, calculadas sobre R$ 2.500,00, das quais fica dispensado(a), nos termos do Art. 790, § 3º, da CLT. Em virtude do não cumprimento do acordo, foram elaborados os cálculos de liquidação de Id. ff78b3a, no importe de R$4.145,25 (quatro mil, cento e quarenta e cinco reais e vinte e cinco centavos), referente ao principal e multa. Desconsiderada a personalidade jurídica da Associação de Apoio a Arte e Cultura do Marajó-São Jerônimo, foi bloqueada a importância de R$2.189,19 (dois mil, cento e oitenta e nove reais e dezenove centavos), na conta corrente do sócio Raimundo Cordeiro de Brito, ora agravante. O executado Raimundo Cordeiro de Brito apresentou exceção de pré-executividade, sob o Id. eed40b8, em virtude da penhora de valores em sua conta corrente, que foi rejeitada pela r. sentença de Id. 3245285. O agravante opôs embargos à execução, sob o Id. d9eb799, que não foram admitidos, em virtude da execução não estar garantida, conforme r. sentença de Id. d568df3. Inconformado, o executado interpôs agravo de petição, sob o Id. b5b3443, o qual foi negado seguimento pela r. decisão de Id. 779ad72, posto que a execução não se encontra totalmente garantida. Irresignado, o executado interpõe agravo de instrumento, sob o Id. b58229b. Aduz o agravante: [...] Nesse passo, a execução encontra-se devidamente GARANTIDA, uma vez que verifica-se a disposição do Agravado tais valores mesmo que não na totalidade da atualização dos cálculos mensurados. O valor da ordem de execução seria o importe de R$ 4.145,25 (Quatro mil cento e quarenta e cinco reais e vinte e cinco centavos) (ID: "ff78b3") tendo sido penhorado o valor de R$ 2.189,14 (Dois mil cento e oitenta e nove reais e quatorze centavos) (este oriundo de beneficio previdenciário, conforme se reitera) restando o saldo de R$ 1.196,11 (Hum mil cento e noventa e seis reais e onze centavos) o que acometeu-se no indeferimento do seguimento dos recursos já interpostos. Sábios julgadores, ao que pese parte da jurisprudência e da doutrina ter adotado o depósito recursal como simples garantia de futura execução, como não caracterizar o pagamento de R$ 1.196,11 (Hum mil cento e noventa e seis reais e onze centavos) como ululante IMPEDIMENTO de acesso ao duplo grau de jurisdição e de acesso à apreciação superior de injustiças ocorridas em sede de Juízo Preliminar, principalmente no que tange as verbas de natureza absolutamente impenhorável como assim perfaz a aposentadoria do Agravante. [...] (Id. b58229b- Pág. 7) Examinemos a questão. O valor atualizado da execução importava, na época dos cálculos efetuados em 1º Grau, em R$4.145,25 (quatro mil, cento e quarenta e cinco reais e vinte e cinco centavos), conforme memorial de liquidação de Id. ff78b3a. Verifica-se que o valor penhorado no intuito de garantir a execução foi de R$2.189,14 (dois mil, cento e oitenta e nove reais e quatorze centavos), conforme Certidão de Id. 9035474, pelo que resta o valor de R$1.196,11 (hum mil, cento e noventa e seis reais e onze centavos). A execução não se encontra totalmente garantida, nem tampouco foi realizado o depósito previsto no art. 899, § 7º, necessária à admissibilidade do agravo de instrumento. Dispõem os artigos 884 e 899, § 7º, da CLT: Art. 884- Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação (grifo nosso). Art. 899-... § 7o No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar. E a Súmula nº 128, do C. TST: Súmula nº 128 do TST DEPÓSITO RECURSAL (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 139, 189 e 190 da SBDI-1)- Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I-É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso. (ex-Súmula nº 128- alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.03, que incorporou a OJ nº 139 da SBDI-1-inserida em 27.11.1998) II- Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do juízo. (ex-OJ nº 189 da SBDI-1-inserida em 08.11.2000) III-Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex-OJ nº 190 da SBDI-1-inserida em 08.11.2000) (grifos nossos). Portanto, o agravo de instrumento não merece ser conhecido, porque deserto. Preliminar de admissibilidade Conclusão da admissibilidade Portanto, o agravo de instrumento não merece ser conhecido, porque deserto. Mérito Recurso da parte Item de recurso Conclusão do recurso ANTE O EXPOSTO, não conheço do agravo de instrumento porque deserto, conforme os fundamentos. Acórdão ISTO POSTO, ACORDAM OS DESEMBARGADORES DO TRABALHO da Egrégia Segunda Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região, à unanimidade, em não conhecer do agravo de instrumento porque deserto, conforme os fundamentos. Sala de Sessões da Egrégia Segunda Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região. Belém, 14 de junho de 2017. Cabeçalho do acórdão Acórdão Assinatura VICENTE JOSÉ MALHEIROS DA FONSECA Desembargador do Trabalho-Relator Votos