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Reuters
"Procurando Sugar Man" ganhou o Oscar de melhor documentário longa-metragem
neste domingo, durante a 85a cerimônia de entrega dos prêmios Oscar, no Teatro
Dolby, em Los Angeles.
O documentário narra a história de dois fãs sul-africanos do cantor e compositor norte-
americano Rodriguez que se aventuram numa saga para descobrir o que aconteceu com
o misterioso herói e encontram histórias e personagens surpreendentes.
Rodriguez nunca fez sucesso nos Estados Unidos. Ele morreu de overdose em meados
dos anos 1970, mas acabou estourando na África do Sul.
Os documentários "Cinco Câmeras Quebradas", "The Gatekeepers", "How To Survive A
Plague" e "The Invisible War" também disputavam o Oscar nesta categoria.
O Oscar de melhor documentário curta-metragem foi para "Inocente", que concorria
com "Kings Point", "Mondays at Racine", "Open Heart" e "Redemption".
Colado de <http://www.estadao.com.br/noticias/geral,oscar-de-melhor-documentario-longa-metragem-vai-para-procurando-sugar-
man,1001016,0.htm>
• CRÍTICA
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Crítica
No início dos anos 1970, numa noite fria em Detroit, dois produtores musicais descobriram Sixto
Rodriguez em um pequeno bar, no porto da cidade. Reconhecidos por trabalharem com nomes do
porte de Stevie Wonder e Marvin Gaye, eles se comoveram com o talento do músico e o
compararam imediatamente a Bob Dylan. Depois de dois álbuns com composições singulares
produzidos pela dupla e um fracasso retumbante, Rodriguez desapareceu. Procurando Sugar
Man(2012) apresenta a extraordinária busca a um dos mais injustiçados artistas de todos os
tempos.
Alguns pensavam que Rodriguez havia se tornado um andarilho drogado. Outros, um operário falido
que garimpava pequenos trabalhos para sobreviver. Existiam até mesmo suposições de que o
cantor havia se suicidado no palco após um show mal sucedido, atirando em sua cabeça ou, numa
versão mais drástica, ateando fogo em si próprio. Suas músicas retratavam a dura realidade da
classe operária, seus sonhos e saudosismos, e indicavam a personalidade do cantor, oculta atrás
dos impenetráveis e recorrentes óculos escuros que ele usava.
No documentário do sueco Malik Bendjelloul, a incrível trajetória de Rodriguez é esmiuçada
brilhantemente em narrativa que, caso fosse abordada numa ficção, facilmente seria acusada como
inverossímil. Numa estrutura inteligente, Bendjelloul constrói seu filme apoiado em muitos mistérios
que mitificaram a figura de Rodriguez. A cada música apresentada – muitas vezes apoiada por
sequências belíssimas e melancólicas – pode-se conhecer mais sobre o cantor, que possui um
repertório fascinante.
Os realizadores viajaram de Cape Town, na África do Sul, para Detroit e Los Angeles, reunindo
partes do quebra-cabeça da vida de Rodriguez. O grande mérito do filme, além de despertar o
interesse para a vida e obra do excelente músico, é demonstrar como um artista pode alterar,
influenciar e impactar a vida de seus espectadores. Feliz na escolha de seu tema e objeto de
estudo, Bendjelloul teve seu esforço reconhecido com inúmeros prêmios, entre eles os da audiência
e júri no Festival de Sundance e o Oscar de melhor documentário. Para alguém que no processo de
gravação ficou sem película em 8mm e teve que utilizar um aplicativo de iPhone para simular a
estética, eis um grande feito.
No clímax de Procurando Sugar Man, é um registro de arquivo que revela um fechamento redentor
para a curiosa história de Sixto Rodriguez. Ao subir dos créditos, pode-se constatar que sua vida
não foi das mais felizes ou fáceis, porém o músico finalmente ganha o reconhecimento merecido
por conta deste documentário e, ainda mais, pelas pessoas que não o deixaram desaparecer.
Nota da crítica
4/5
Nota do Leitor
• Sobre o Autor
• Conrado Heoli
Conrado Heoli é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio
Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo
de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e
Colado de <http://www.papodecinema.com.br/filmes/searching-for-sugar-man>
• NOTÍCIA
• VÍDEO
Carolina Braga - EM CulturaPublicação:19/03/2013 07:52Atualização:19/03/2013 10:14
A história que circulava pela África do Sul era mesmo digna de um mito do rock. Sixto Rodriguez, o cantor
do cultuado álbum 'Cold fact', que teria vendido mais discos do que Elvis Presley, morrera tragicamente no
palco durante um incêndio. A lenda indie se manteve por anos a fio e o caso só foi esclarecido graças à
persistência de fãs fervorosos. Os bastidores dessa cruzada serviram de matéria-prima – ou melhor, de
cereja do bolo – para 'Procurando Sugar Man', vencedor do Oscar 2013 na categoria melhor documentário.
Ainda sem data de estreia no circuito comercial brasileiro, o filme – assim como seu personagem – tem
construído carreira impulsionada pela internet. Lançado há menos de um ano, o longa do jovem cineasta
Malik Bendjelloul desperta curiosidade no mundo inteiro. Além do Oscar, o diretor ganhou 12 prêmios
internacionais, incluindo o conferido pelo Festival de Sundance e o britânico Bafta. O documentário foi
também brindado com os louros dos sindicatos de diretores e de roteiristas norte-americanos.
O diferencial de 'Procurando Sugar Man' não está no formato, na música e tampouco na maneira diferente
de tratar a saga de Rodriguez. O segredo é simples: Bendjelloul aborda um fato que beira o surreal. “É uma
história de Cinderela, que ressoa nas pessoas. Além de ser verdadeiro, diz também sobre como a
esperança deve prevalecer”, comenta o jornalista Craig Bartholomew Strydom, especializado em música.
A comparação com os contos de fadas pode parecer exagerada, mas é plausível. Afinal de contas,
esperança não faltou a nenhum dos envolvidos no documentário – inclusive ao repórter Craig Strydow,
diretamente envolvido com a pauta sobre o misterioso Sixto Rodriguez. Procurado pelo diretor Malik
Bendjelloul há cinco anos, o jornalista duvidou da eficácia de levar aquele caso para as telas.
'Procurando Sugar Man' não é um musical no formato documentário. Ainda que sutilmente, o filme revela a
mudança substancial da lógica de funcionamento da indústria fonográfica, sobretudo nesta era de
compartilhamentos na internet. “Durante décadas, as gravadoras fecharam contratos que não eram nem
justos nem equilibrados. Elas dominaram os artistas, roubaram dinheiro, praticaram uma espécie de crime
do colarinho branco. Com a internet, os músicos agora estão no comando”, acredita Craig Strydom. Sixto
Rodriguez é exemplo disso.
O cantor Sixto Rodriguez em cena do filme 'Procurando Sugar Man', que ganhou 13 prêmios
Namorada O documentário de Malik conta como o repórter Craig e o vendedor de discos Stephen “Sugar”
Segerman desvendaram o mistério. Ao estilo Bob Dylan, o folk de Rodriguez era cultuado na África do Sul
na década de 1970. Completamente desconhecido em seu país, os Estados Unidos, ele vendeu meio
milhão de discos a fãs africanos, depois de lançar os álbuns 'Cold fact' (1969) e 'Comming from reality'
(1972).
Diz a lenda que as canções cruzaram o Atlântico levadas por uma jovem americana para o namorado sul-
africano. Como pólvora, as mensagens libertárias de Rodriguez se espalharam no país do apartheid. O
cantor e compositor se converteu num símbolo de rebeldia. Jovens universitários gravaram fitas cassete
para os colegas, até que álbuns do artista chegaram informalmente à África do Sul. No entanto, Rodriguez
jamais apareceu por lá ou recebeu um centavo de direitos autorais.
Quando o álbum 'Cold fact' completou 40 anos, Craig e Stephen não se deram por satisfeitos com a lenda
sobre seu autor. “Achávamos que ele havia se matado, imolando-se no fogo diante do público. Era algo
inacreditável, não um simples suicídio. Ou, provavelmente, o suicídio mais grotesco da história do rock”,
comenta Stephen no filme. A dupla decidiu investigar que fim teve – mesmo – o cantor cultuado nos
arredores de Cape Town. Vem daí a grande surpresa do documentário.
Injustiça A estrutura de 'Procurando Sugar Man' é bastante corriqueira, baseada em depoimentos. Porém,
há certo suspense na forma de contar a história, que envolve o espectador na cruzada em busca de
Rodriguez. “O documentário prende pela história, fantástica por si. Fosse ficção, ela soaria inverossímil
demais. A grande proeza, sem dúvida, é revelar a pequena, mas rica, obra do compositor ao grande
público. Trata-se de um desses raros casos em que o tempo corrige a injustiça no mundo das artes
enquanto o autor ainda está vivo”, afirma o publicitário mineiro Ivan Pawlow, que assistiu recentemente a
'Procurando Sugar Man'.
O roteiro se inspira nas tramas de ficção. Há pelo menos três guinadas na história, devidamente embaladas
por canções de Rodriguez. As letras contribuem para dar ritmo ao filme, ainda que a música não seja a
protagonista. Quando o documentário acaba, fica a pergunta: quantos artistas não amargaram o mesmo
esquecimento experimentado por essa “ex-lenda”do pop?
Realmente, a história agora é outra. Está mais para salve-se quem puder.
Saiba mais
DE VOLTA AO PALCO
Nascido em 10 de julho de 1942, o americano Sixto Rodriguez é um músico de folk radicado em Detroit.
Filho de mexicanos, ele iniciou sua carreira na década de 1960. Lançou apenas dois discos até o início da
década de 1970, quando desistiu dos palcos. “A música de Rodriguez toca as pessoas porque ele canta
verdades universais”, afirma o jornalista Craig Strydom. O compositor voltou em 1997: fez turnês pela África
do Sul e tem-se apresentado em outros países. Em abril, embarca para a Ásia. “O filme o apresentou a
uma nova legião de fãs”, conclui o repórter.
Colado de <http://divirta-se.uai.com.br/app/noticia/cinema/2013/03/19/noticia_cinema,141146/cinderela-indie.shtml>
Colado de <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/58969-artista-fica-famoso-40-anos-depois-de-estrear.shtml>