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Universidade de Brasília

Instituto de Letras
Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas
Profa. Cíntia da Silva Pacheco
Laboratório: Resolução de Problemas de Leitura e de Redação
Alunas: Samara Souza da Silva Matrícula: 160072395

FICHAMENTO TEXTO 8

ROJO, R. Alfabetismo(s) - Desenvolvimento de competências de leitura e escrita. In:


__________. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola, 2009.

Na segunda metade do século XX, ler era visto como um processo perceptual e
associativo de decodificação de grafemas (escrita) em fonemas (fala), para acessar o
significado do texto, ou seja, aprender a ler encontrava-se altamente equacionado à
alfabetização.
De um modo geral, alfabetizar-se, conhecer o alfabeto, envolvia a discriminação
perceptual (visão) e memória dos grafemas (letras, símbolos, sinais), que devia ser associada,
também na memória a outras percepções (auditivas) dos sons da fala (fonemas). Uma vez
construídas essas associações, o indivíduo poderia chegar ao que denominamos fluência de
leitura. As capacidades focadas eram as de decodificação do texto. São capacidades de
decodificação do texto:

 compreender diferenças entre escrita e outras formas gráficas (outros sistemas de


representação);
 Dominar as convenções gráficas;
 Conhecer o alfabeto;
 Compreender a natureza alfabética do nosso sistema de escrita;
 Dominar as relações entre grafemas e fonemas;
 Saber decodificar palavras e textos escritos;
 Saber ler reconhecendo globalmente as palavras;
 Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto que meras palavras,
desenvolvendo assim fluência e rapidez de leitura.
Ao longo desses cinquenta anos, muitas outras capacidades foram sendo apontadas e
desveladas: capacidades de ativação, reconhecimento armazenado na memória, capacidades
de interação social etc. A leitura, primeiro, passa a ser enfocada não apenas como um ato de
decodificação, de transposição de um código (escrito) a outro (oral), mas como um ato de
cognição, de compreensão, que envolve conhecimento de mundo, conhecimento de práticas
sociais e conhecimentos linguísticos, muito além dos fonemas e grafemas.
Num primeiro momento, tratou-se da compreensão do texto, do que nele estava
posto, ou pressuposto. O foco estava no texto e no leitor, na extração de informações do texto,
que foram denominadas estratégias (cognitivas, metacognitivas) do leitor.
Posteriormente, passou-se a ver o ato de ler como uma interação entre o leitor e o
autor. O texto deixava pistas da intenção e dos significados do autor e era um mediador desta
parceria interacional.
São capacidades de compreensão:
 Ativação de conhecimentos de mundo;
 Antecipação de conteúdos ou de propriedades dos textos;
 Checagem de hipóteses;
 Localização e/ou retomada (cópia) de informações;
 Comparação de informações;
 Generalização;
 Produção de inferências locais;
 Produção de inferências globais.
A Lei de Diretrizes e Bases 5.692/71 estabelece a língua portuguesa como
“instrumento de comunicação e expressão da cultura brasileira”. A partir de então, a disciplina
língua portuguesa passa a ser comunicação e expressão na 1ª metade do 1º grau (1ª a 4ª série,
antigo primário); comunicação e expressão em língua portuguesa, na 2ª metade (5ª a 8ª série,
antigo ginásio) e só guarda denominação condizente com as práticas e currículos cristalizados
pela tradição - língua portuguesa e literatura brasileira - no que passou a se denominar 2º grau
(antigo colégio e atual ensino médio).
Podemos ressaltar que além das capacidades de codificação, correlatas às de
decodificação em leitura e já abordadas quando discutimos alfabetização e ortografização,
existem também outras capacidades ou habilidades procedimentais, cognitivas, linguísticas e
discursivas. Para escrever com significação e de maneira situada, não basta grafar ou
codificar, mas é preciso também:

 Normatizar o texto, usando os aspectos notacionais da escrita, que vão da ortografia


padrão à separação de palavras e à pontuação adequadas; aos mecanismos de
concordância nominal e verbal e de regência verbal etc;
 Comunicar, adequando o texto à situação de produção, a seus interlocutores-leitores, a
seu suporte e veículo, de maneira a atingir suas finalidades;
 Textualizar, organizando as informações e temas do texto de maneira progressiva
(progressão temática) e atribuindo-lhe coerência e coesão;
 Intertextualizar, levando em conta outros textos e discursos sobre os mesmos temas,
para com eles concordar, deles discordar, com eles dialogar.

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