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Reta Final Analista do Judiciário do TRT – Área Judiciária

Direito Administrativo
Barney Bichara
Data: 24/10/2013
Aulas 01 e 02

RESUMO

SUMÁRIO

1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2.1. Formas de prestação da atividade administrativa
2.2. Formas de descentralização
2.3. Desconcentração
2.4. Administração Pública Direta
2.5. Administração Pública Indireta

1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

a) Sentido subjetivo/formal/orgânico – a expressão Administração Pública, aqui, se refere aos sujeitos


que exercem a atividade administrativa, ou seja, quem, na função estatal, é encarregado da
administração pública. São esses sujeitos: a Administração Pública direta e a indireta.

b) Sentido objetivo/material/funcional – se refere à própria função do Estado, à atividade estatal de


administração (o Estado julga, legisla e administra).

Só o contexto em que esteja inserida a expressão Administração Pública é que dirá se deve ser interpretada
em sentido objetivo ou subjetivo.

2. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.1. Formas de prestação da atividade administrativa

O Estado é pessoa jurídica de direito público dotada de autonomia política. O Estado legisla, julga e administra.
As formas pelas quais o Estado exerce essa atividade são:

a) Forma centralizada: ocorre quando o Estado exerce por si próprio a função administrativa, através de
seus órgãos internos.

b) Forma descentralizada: ocorre quando o Estado, por opção política, transfere para outra pessoa o
encargo de desempenhar atividade administrativa.

2.2. Formas de descentralização

Na descentralização, o Estado transfere para outra pessoa o encargo de atuar. Pressupõe, portanto, a
pluralidade de pessoas.

Reta Final Analista do Judiciário do TRT - Área Judiciária


Anotador(a): Juliana Pereira
Complexo Educacional Damásio de Jesus
a) Técnica/por serviços/funcional/por outorga: ocorre quando o Estado cria uma pessoa jurídica de
direito público ou de direito privado, e a ela transfere a titularidade e a execução da atividade
administrativa, com capacidade administrativa específica (= princípio da especialidade: a pessoa
jurídica criada pelo Estado só poderá realizar a atividade a ela transferida).

Obs.: a criação das pessoas da Administração Pública indireta se encaixa nessa forma de
descentralização.

b) Por colaboração/delegação: ocorre quando o Estado transfere para pessoa já existente apenas a
execução da função administrativa.

Obs. 1: a transferência se dá por contrato administrativo ou por ato unilateral (concessão, permissão e
autorização de serviços públicos). Exemplo: art. 21, XII, CF.

Art. 21. Compete à União:

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou


permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento
energético dos cursos de água, em articulação com os Estados
onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura
aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos
brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites
de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e
internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

Obs. 2: Art. 2º, incisos II, III e IV, e art. 40 da Lei 8.987/95.

Art. 2o - Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:


(...)
II - concessão de serviço público: a delegação de sua
prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de
empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por
sua conta e risco e por prazo determinado;
III - concessão de serviço público precedida da execução de
obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, reforma,
ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse
público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de
empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por
sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária

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seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço
ou da obra por prazo determinado;
IV - permissão de serviço público: a delegação, a título
precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos,
feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco.

Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante


contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das
demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive
quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato
pelo poder concedente.
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta Lei.

2.3.Desconcentração

É a repartição de competências que ocorre no interior de uma pessoa, dentre os seus órgãos. Pressupõe a
existência de apenas uma pessoa jurídica.

2.4. Administração Pública Direta

a) Conceito de Administração Pública Direta

1º. Em sentido amplo, Administração Pública Direta são todos os órgãos do Estado no âmbito de
qualquer dos Poderes encarregados da função administrativa. Nesse sentido, o caput do art.
37 da CF:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

2º. Em sentido estrito, Administração Pública Direta são os órgãos do Poder Executivo (art. 4º, I,
Decreto-Lei 200, 1967):

Art. 4° A Administração Federal compreende:

I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços


integrados na estrutura administrativa da Presidência da
República e dos Ministérios.

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b) Teoria do Órgão (Importante)

Segundo essa teoria, o Estado exerce sua vontade por meio de órgãos internos cujas atribuições são fixadas
em lei, mas exteriorizadas por agentes públicos, de tal modo que o ato praticado pelo agente é imputado ao
órgão que integra o Estado.

c) Conceito de órgão

Órgão é um centro especializado de atribuições existente dentro de uma pessoa jurídica.

Obs.: art. 1º, §2º, I, Lei 9784/99 conceitua órgão:

Art. 1º, § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da


Administração direta e da estrutura da Administração indireta;

Os órgãos podem fazer parte tanto da Administração direta, como da indireta.

d) Principais características dos órgãos públicos

Órgão jamais tem personalidade jurídica. Quem tem personalidade jurídica é a pessoa jurídica da qual o
órgão faz parte.

Todo órgão gestor de orçamento tem que ter inscrição no CNPJ, o que não significa que o órgão tenha
personalidade jurídica.

Alguns órgãos tem quadro próprio de advogados, mas não é qualquer órgão que pode ter quadro próprio de
procuradores, apenas órgãos de nível constitucional.

e) Criação e extinção

Órgão se cria e se extingue por lei.

Obs.: Art. 84, VI, “a”, da CF:


Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos;

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2.5. Administração Pública Indireta

a) Conceito

É o conjunto de pessoa jurídicas (entidades) criado pelo Estado para exercer de forma descentralizada a
função administrativa ou para, em situações excepcionais, explorar atividade econômica.

b) Princípios

1º. Princípio da reserva legal (art. 37, XIX, CF) – A criação das pessoas da Administração Indireta
depende de lei específica (lei ordinária). Entrando em vigor a lei que cria a pessoa jurídica da
Administração Indireta, esta passa a existir:

XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e


autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação;

2º. Princípio da independência – As pessoas da Administração Indireta possuem autonomia


administrativa para exercer a atribuição definida em lei.

3º. Princípio do controle/tutela – É a supervisão que a Administração Direta exerce sobre a


Administração Indireta.

4º. Princípio da especialidade – Trata-se da capacidade administrativa específica. A entidade só


pode desempenhar a atividade prevista em lei.

c) Integrantes

Formam o conjunto de pessoas jurídicas chamado de Administração Pública Indireta (art. 4º, II, Decreto-Lei
200/67, que só vale para a União), os seguintes entes:

Art. 4º, II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes


categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica
própria:
a) Autarquias;
b) Emprêsas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987)
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração
Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência
estiver enquadrada sua principal atividade. (Renumerado pela Lei
nº 7.596, de 1987)

Cada uma dessas entidades possui personalidade jurídica própria.

O parágrafo único do art. 4º prevê a tutela do Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada a
pessoa jurídica. Ex.: Petrobrás – Ligada ao Ministério de Minas e Energia.

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O art. 5º do Decreto 200 conceitua cada uma das pessoas jurídicas:

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:

I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com


personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
executar atividades típicas da Administração Pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa
e financeira descentralizada.

II - Emprêsa Pública - a entidade dotada de personalidade


jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital
exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade
econômica que o Govêrno seja levado a exercer por fôrça de
contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-
se de qualquer das formas admitidas em direito.

III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de


personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a
exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.

IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade


jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude
de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades
que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito
público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido
pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado
por recursos da União e de outras fontes.

O Sistema S (SESC, SESI), serviços sociais autônomos, não integra a Administração Indireta. Não confundir o
conceito de serviço autônomo previsto no inciso I do art. 5º com o serviço social autônomo.

d) Observações

Toda pessoa jurídica de direito público de natureza administrativa é autarquia.


As pessoas jurídicas de direito público podem ter natureza política (União, estados, Distrito Federal e
município) ou administrativa (autarquias).

Têm natureza de autarquia: conselhos profissionais (ex.: CRO, CRM, CREA), fundações públicas de
direito público, agências reguladoras e associações públicas.

Segundo o STF, a OAB não é autarquia (ADI 3026). Apesar disso, toda a doutrina diz que a OAB é um
conselho profissional e, por isso, tem natureza de autarquia. Segue abaixo o teor da Ementa da ADI
3026:

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Ementa
Dados gerais:
Processo: ADI 3026 DF
Relator(a): EROS GRAU
Julgamento: 07/06/2006
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação:DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-03 PP-00478

Decisão
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ARTIGO 79 DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE.
"SERVIDORES" DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO QUE POSSIBILITA A OPÇÃO PELO
REGIME CELESTISTA. COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO MOMENTO DA
APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO DOS DITAMES INERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO (ART. 37, II DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE
CONCURSO PÚBLICO PARA A ADMISSÃO DOS CONTRATADOS PELA OAB. AUTARQUIAS ESPECIAIS E
AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA OAB. ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO
INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO ELENCO DAS PERSONALIDADES JURÍDICAS EXISTENTES NO
DIREITO BRASILEIRO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE. PRINCÍPIO DA MORALIDADE.
VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA.
1. A Lei n. 8.906, artigo 79, § 1º, possibilitou aos "servidores" da OAB, cujo regime outrora era
estatutário, a opção pelo regime celetista. Compensação pela escolha: indenização a ser paga à época
da aposentadoria. 2. Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à
Administração Pública Direta e Indireta. 3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da
União. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades
jurídicas existentes no direito brasileiro. 4. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem
essas que se tem referido como "autarquias especiais" para pretender-se afirmar equivocada
independência das hoje chamadas "agências". 5. Por não consubstanciar uma entidade da
Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas
partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de
atividades atinentes aos advogados, que exercem função constitucionalmente privilegiada, na medida
em que são indispensáveis à administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade
é afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação ou dependência
entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são
autonomia e independência, não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização
profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade
institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o regime estatutário imposto aos empregados
da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma e independente. 9. Improcede o pedido do
requerente no sentido de que se dê interpretação conforme o artigo 37, inciso II, da Constituição do
Brasil ao caput do artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a aplicação do regime trabalhista aos
servidores da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados sob o
regime trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da legalidade e moralidade.
Confinamento do princípio da moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que não pode ser
ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema. Desvio de poder ou de finalidade. 12. Julgo
improcedente o pedido.

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