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Dean Somerset
Mobilidade é um daqueles conceitos, espalhados no meio do fitness, que possuem uma variedade
de descrições, meios e métodos de serem implementados. Sem, no entanto, um entendimento se
isso é necessário ou se alguma melhora é mesmo possível.
Outra é:
A habilidade global de se mover através da amplitude de movimento.
Todas estas têm similaridades, mas são em si, muito diferentes uma da outra.
É a habilidade de uma articulação de se mover através de sua amplitude de movimento por meio de
diferentes planos. Isto é dependente das características das articulações individuais, assim como do
suporte dos músculos, ligamentos, da cápsula articular e da anatomia das superfícies que se
articulam.
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Teste de Elevação Passiva da Perna
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Em muitos casos, a amplitude passiva de
movimento alcançável em qualquer articulação
será maior do que a amplitude de movimento
ativa que pode ser obtida. Muito disso é devido à
habilidade contrátil limitada de qualquer
músculo em sua posição mais encurtada.
(N.T: A curva comprimento-tensão diz respeito ao máximo de tensão que um músculo é capaz de
gerar. Isso acontece quando o comprimento dos sarcômeros, a menor unidade contrátil, é a ideal.
Quando os sarcômeros estão encurtados, à esquerda do meio da curva, a quantidade de tensão
que pode ser gerada é menor. Assim como quando os sarcômeros estão alongados, à direita da
curva).
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Neste exemplo, se eu sou capaz
de tocar meu calcanhar no
glúteo (e sou) mas finalizo o
movimento "ativamente"
somente usando esta
amplitude de movimento, há
uma insuficiência de cerca de
30º (como mostrado nas
imagens ao lado). Se você
quiser tentar a sorte nesse
movimento, se prepare para
algumas cãibras nas primeiras
tentativas.
N.T: Neste exercício, mostrado nas 2 imagens acima, ele realiza uma “Flexão terminal do joelho em base ½
ajoelhada”.
A comparação que o autor faz é entre:
- Fazer a flexão de forma passiva: Puxando a perna que está apoiada na caixa de salto e encostando no glúteo
(e ele afirma que consegue fazê-lo).
- Fazer de forma ativa: Que é como está demonstrado, contrair a cadeia posterior para tentar tocar o
calcanhar no glúteo.
A diferença de amplitude entre as 2 maneiras, segundo ele, é de 30º. Ou seja, existe uma insuficiência de 30º.
Até agora temos debatido somente a potencial amplitude de movimento disponível, sem influência
de variáveis externas. Eu tenho falado sobre potenciais limitações estruturais para amplitude de
movimento (N.T: No artigo: Beyond Butt Wink: Hip Shape, Injuries, and Individual Ability - Part
1), então não entrarei em muitos detalhes aqui. Ao invés de analisar os aspectos de hardware (N.T:
Ou seja, aspectos estruturais) da mobilidade, vamos passar algum tempo analisando o software
(N.T: Ou seja, aspectos de controle motor). O cérebro e o sistema nervoso periférico são um dos
maiores determinantes da mobilidade existente, e entender isso e usar de maneira eficiente pode
fazer a diferença entre um programa de exercícios de mobilidade que funciona e um que não.
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Pacientes em coma, mesmo aqueles de idade bem avançada e bastante degeneração, podem
comumente exibir grandes amplitudes de movimento nos quadris e na coluna quando não existe
entrada de informações neurais ocorrendo. Paraplégicos podem sofrer com contraturas, que é um
encurtamento e rigidez fibrótica no tecido muscular, que vem com o desuso e as posturas sentadas,
mas ainda podem exibir contrações vindas de espasmos musculares em resposta a mudanças nos
ângulos e velocidades articulares. Ocasionalmente, estes espasmos são oscilações como ondas ou
contrações musculares que aumentam e diminuem em amplitude e frequência, e as vezes, são
apenas contrações consistentes por poucos segundos ou minutos, e em outras podem ser
contrações tetânicas que duram um bom tempo (N.T: Nesse caso o termo contrações tetânicas é
empregado para designar contrações sustentadas).
Podemos trabalhar fora destes circuitos de reflexos espinhais para criar um aumento ou decréscimo
de mobilidade no corpo inteiro.
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N.T: Nesse experimento, o autor do
artigo fez uma série de testes. Nenhum
deles com óbvias assimetrias ou
problemas, mesmo assim obteve
indícios de que havia algum problema
com o quadril/ núcleo* esquerdo. O
que mais se destacou nos testes foi a
falta de rotação interna do quadril
esquerdo (imagem ao lado), ao invés de
cerca de 45º nessa posição, ela chegava
a cerca de 10º.
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Este aumento no DRIVE NEURAL causou um relaxamento reflexo em seguida à atividade, o que
ajudou a aumentar a amplitude de movimento. Isso também ajuda a reduzir a proteção ao
aumentar a ativação muscular ao redor da coluna (N.T: Em palavras mais simples, isso significa
que ao reorganizar o lado esquerdo do quadril/núcleo, enviando estímulos para que funcionasse
corretamente, o tônus de proteção, que impedia a rotação interna do quadril, diminuiu bastante).
Este é um dos principais efeitos do sistema nervoso autônomo, o sistema de "luta ou fuga" que
causa um aumento na resposta neural, cardíaca e endócrina e ajuda o corpo a responder à um
estímulo estressor, ajudando o indivíduo a se defender ou fugir dos problemas. Se o corpo está em
um estado de baixa ansiedade, a amplitude passiva e ativa de movimento será maior do que se
estiver em um estado de estresse e ansiedade. Aqui vai uma demonstração simples do processo:
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N.T: Antes de um segundo reteste, mostrado
na imagem ao lado, foi aplicado um estímulo
de dar uma sólida “porrada”, um bom tabefe
mesmo, no ombro esquerdo do avaliado. O que
claramente diminuiu bastante a amplitude de
movimento da subida passiva da perna.
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Algumas pessoas podem estar em um estado quase que constante de estimulação simpática (N.T:
No estado chamado de "luta ou fuga"), sempre no limite ou demonstrando mais ansiedade em
comparação com outras. Pessoas que quando estão sentadas ficam constantemente batendo com a
mão no pé ou excessivamente agitadas (N.T: Ou que ficam constantemente mexendo as pernas
quando estão sentadas), relaxar é difícil para elas. Em uma revisão sistemática (The sympathetic
nervous system and tendinopathy: a systematic review. Sports Medicine, 2015), foi demonstrado
que aqueles que têm uma atividade do sistema nervoso simpático maior do que a média, também
reportaram um aumento na resposta de dor tendínea. Isto pode ser devido à constante tensão
sendo enviada ao tendão e, consequentemente, receber pouco tempo de recuperação como
resposta, ou talvez esses indivíduos sejam hipersensíveis ao seu ambiente. De uma forma ou outra
é uma conexão interessante.
Na minha experiência, as pessoas que são mais
"simpático-dominantes" ou "no limite" tendem
também a serem mais tensas e não respondem bem a
técnicas de mobilidade ativas e passivas. Eles tendem
a ter uma tensão de repouso que pode fazer com que
sejam mais elásticos, o que os faz serem razoavelmente
bons em corridas de longa distância e de certa forma a
não quebrar facilmente.
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Pense em:
A expiração é mais uma liberação do ar do que uma expulsão do ar (N.T: Ou seja, de maneira suave
e relaxada). Fazer esta respiração por 1 ou 2 minutos pode ter enorme efeito no drive neural (N.T:
Ou seja, diminuindo o fluxo de estímulos para os músculos hiperativos) através do corpo e também
na mobilidade.
Tente o seguinte:
- Levante e tente tocar os dedos dos pés (com os joelhos em extensão). Veja o quão próximo
consegue chegar. Se já consegue tocar o solo, deixe para os que não conseguem. A seguir, faça 5
respirações longas e lentas (como descrito acima) e depois refaça o teste e veja o que acontece.
Existem boas chances de que haja um aumento da amplitude de movimento que você está usando.
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